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FISCAL I
Aula suplementar 31 março 18h e 28 abril 18h
Direito Tributário
Direito Fiscal
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Beatriz Souto – UC 2022
IMPOSTOS
Noção de Imposto em termos objetivos
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“Só uma ideia subjetiva de Estado e uma ideia subjetiva de tributação são aptas a fornecer as bases aos
princípios éticos da tributação” – Stephen Weston
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TAXAS
Noção de Taxa
São (contra)prestações patrimoniais de carácter bilateral, ou seja, assentam numa
relação jurídica do tipo do ut des: à contraprestação tributária do particular a favor do
Estado e demais entes públicos corresponde uma anterior prestação específica, uma
atividade desses mesmos entes especialmente dirigida ao respetivo dirigido ao
respetivo obrigado, não visando comportar prestações difusas tal como impostos.
→ Prestação concreta de um serviço público; disponibilização de um bem do
domínio público e/ou remoção de um obstáculo jurídico a particulares (art.4º/2
LGT).
Art.165º CRP
Reserva relativa de competência legislativa
REGIME DIFERENCIADO
Quanto às taxas, existe uma diferença muito a relevante quanto ao seu regime
constitucional: o princípio da legalidade fiscal só vale para os impostos.
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O artigo 165.º, n.º 1, al. i) da CRP estabelece dois regimes de reserva relativa da AR:
• um para os impostos, sujeitando-os ao exigente princípio da legalidade fiscal;
• outro para as taxas e demais contribuições financeiras, traduzido na integração
do seu “regime geral” na reserva relativa da competência legislativa da AR.
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A. Princípio da Universalidade
Art.12º CRP
Princípio da Universalidade
1- Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na
Constituição.
2- As pessoas coletivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a
sua natureza.
• Os impostos devem ser pagos, prima facie, por todos os cidadãos e pessoas coletivas
nacionais
• No entanto, é preciso articular os critérios da residência e da fonte, que permite excluir
cidadãos nacionais não residentes que não aufiram rendimentos em território nacional.
Worldwide income principle e Source principle
Art.13º CRP
Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou
isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem,
religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual.
Imposição ao legislador
Dever de tipificação de todo o acto, facto, negócio jurídico que evidencie capacidade
económica;
Proibição de isenções ou benefícios sem fundamento objetivo;
Dever de combater as desigualdades entre os cidadãos.
Imposição à administração fiscal
Dever de interpretar e aplicar a lei de forma igual a todos os contribuintes.
Imposição aos tribunais
Dever de invalidar leis, regulamentos e atos administrativos violadores do princípio
da igualdade.
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Art.103º CRP
Sistema Fiscal (Direito de Resistência Fiscal)
(…)
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da
Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos
termos da lei.
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Quanto aos elementos não essenciais dos impostos, onde se inserem os elementos dos
impostos referentes à liquidação e à cobrança, dispõe o art.103.º/3 da CRP que os
mesmos têm de ser feitos nos termos da lei. Contudo, não se encontram sujeitos à
reserva de lei parlamentar (103.º/2 e 165.º/1/i) da CRP), mas a reserva de diploma
legislativo, isto é, aos atos legislativos previstos no art.112.º/1 da CRP.
A atividade da administração fiscal (gestão e administração do imposto, que
corresponde à liquidação em sentido amplo) rege-se pelo princípio da legalidade
administrativa o que significa que carece sempre de lei prévia (princípio da precedência,
preferência e prevalência da lei)
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TIPICIDADE
↓ ↓
Menos segurança para os contribuintes; Mais segurança para os contribuintes;
Mais eficiência no combate à fraude e Menos eficiência no combate à fraude e
evasão fiscais. evasão fiscais.
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G. Princípio da Proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade baseia-se em seguir obrigatoriamente os seguintes
fundamentos:
• Legitimidade dos fins;
• Legitimidade dos meios;
• Adequação dos meios à realização dos fins pretendidos;
• Necessidade ou exigibilidade dos meios;
• Proporcionalidade em sentido estrito, baseada numa análise de custos e
benefícios.
I. Princípio Anticorrupção
A corrupção anula o contrato social, corrói a estrutura institucional estadual, contamina
a cidadania, destrói a democracia e o Estado de Direito.
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↓
Liquidação (em sentido restrito) – operação matemática que consiste na aplicação
da taxa à matéria coletável (valor sujeito a tributação) para obter a coleta.
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Cobrança – pagamento do imposto (cobrança voluntária) ou execução fiscal
(cobrança coerciva)
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Os prazos de caducidade (4 anos) – Art. 45º LGT, e prescrição (8 anos) – art. 48.º LGT
-contam-se:
- Nos impostos periódicos, a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário;
- Nos impostos de obrigação única, a partir da data em que o facto tributário ocorreu;
EM SUMA:
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período fiscal (v.g., no IRS, o ano civil), já que o facto tributário é de formação
sucessiva.
• A utilidade prática da distinção decorre da configuração do elemento temporal
do facto tributário:
• os impostos duradouros (ou periódicos), por terem na base do facto
tributário um elemento temporal que tende a manter-se, colocam o problema do
fracionamento jurídico desse facto (diferença entre ato e facto tributário), ou seja,
o problema do período do imposto (que, em geral, coincide com o ano civil).
• Daí que, para os impostos de obrigação única, o termo a quo da contagem dos
prazos de caducidade da liquidação e prescrição da obrigação de imposto dá-se
na data em que o facto tributário foi praticado, à exceção do IVA; enquanto, para
os impostos periódicos, tal contagem inicia-se a partir do término do ano em que
se verificou o facto tributário (arts. 45º/4 e 48º/1 da LGT, respetivamente),
ressalvando-se os casos de retenção na fonte a título definitivo.
• Finalmente, a diferença reflete-se também na aferição da natureza e limites da
retroatividade das leis fiscais (se autêntica ou inautêntica, se proibida pelo
art.103º/3, da CRP ou apreciável com base em parâmetros mais flexíveis, à luz
de uma ponderação entre o princípio da segurança jurídica/confiança legítima e
o interesse público de arrecadação).
• Isto porque, nos casos em que o facto tributário que a lei nova pretende regular
já se tenha formado totalmente, então estará em causa a proibição constitucional
da retroatividade (autêntica) – o que, nos impostos de obrigação única, não
coloca maiores problemas;
• Já em casos que o facto tributário ainda esteja em formação (para os impostos
periódicos) e advenha uma nova lei, se configura uma retroatividade de natureza
inautêntica.
• Para este efeito, o Tribunal Constitucional português, analisando a
constitucionalidade de leis que modificaram a taxa do IRS ao longo do ano fiscal,
já decidiu (acórdãos 399/2010 e 18/2011) que “é possível, no que diz respeito
aos impostos periódicos, a aprovação de leis no decurso do período de
tributação que se destinem a produzir efeitos em relação a todo esse período,
ficando, no entanto, tais leis sujeitas ao teste resultante dos princípios do Estado
de Direito, como seja o teste da proteção da confiança [e não, assim, à expressa
vedação de retroatividade do art.103º/ 3 da CRP]”.
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Qual o sentido que deve ser atribuído a alguns conceitos próprios de outros ramos do
direito quando se trata de apurar o regime fiscal a que os mesmos devem ficar
subordinados?
Art.11º/ 2 da LGT - o termo deve ser interpretado no mesmo sentido que tem no ramo
de direito a que pertence, salvo se outro decorrer diretamente da lei.
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Contudo, sempre que exista uma regra especial constante de Convenção Internacional,
a mesma prevalece.
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Tributação do património
Importa reconhecer a residência do proprietário ou titular dos bens patrimoniais e lugar
da situação dos mesmos.
Cada código de imposto apresenta as suas regras próprias para a determinação dos
residentes (ex.: 16º CIRS; 2º CIRC).
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Art.18º da LGT
Sujeitos da relação jurídico-fiscal são os detentores de personalidade tributária
• Ou seja, aqueles que segundo a lei podem ser sujeitos de relações jurídicas
tributárias.
↓
Art.31º da LGT
Relações jurídicas tributárias
• Contemplam a obrigação principal de pagamento da divida tributária
• Obrigações acessórias – conjunto de obrigações que visam possibilitar o apuramento
da obrigação de imposto (art.31º/2 da LGT)
• Obrigações declarativas
• Obrigações contabilísticas
↓
CARÁCTER COMPLEXO DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL
• Possibilidade de encontrar, quer do lado ativo da relação jurídica, quer do lado
passivo, a presença de mais do que uma forma de titularidade.
SUJEITOS ATIVOS
Do lado ativo, a complexidade assenta nas diferentes figuras que poderão ser
consideradas sob o ponto de vista doutrinário:
▪ O titular do poder tributário (o legislador) - poder de criar impostos e definir os
elementos essenciais dos impostos. É um poder derivado quando exercido por
via regulamentar por entidades não soberanas (ex.: autarquias locais).
▪ A entidade titular da competência tributária (liquidação, lançamento e cobrança
dos impostos) - gestão do imposto (praticar os atos de lançamento, liquidação
e cobrança).
▪ O sujeito detentor de capacidade tributária ativa (que possui o direito de crédito
e, assim, o de exigir o pagamento do tributo) - titularidade de um direito subjetivo
ao crédito do imposto (credor tributário).
▪ E a entidade consignatária da receita dos tributos (quem irá, ao fim, receber o
resultado financeiro da tributação, como os municípios no imi) - poder da
entidade a quem determinada receita se encontra subjetivamente consignada de
exigir a sua efetiva atribuição – titularidade da receita fiscal.
SUJEITOS PASSIVOS
Por sua vez, como titulares do lado passivo podemos identificar:
▪ Contribuinte – é o titular da manifestação da capacidade contributiva e suporta
o desfalque patrimonial;
▪ Sujeito passivo – pessoa a quem a lei impõe o cumprimento de uma obrigação
fiscal (art.18º/3 LGT);
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Do ponto de vista do seu objeto, para além da obrigação principal, que é a de pagar o
imposto, apresentam-se ainda obrigações acessórias inúmeras (art.31º LGT), que se
revestem de naturezas múltiplas (apresentar declarações de rendimentos e de início de
atividade, pagar verbas acessórias como os juros, manter contabilidade organizada,
emitir fatura…), sendo certo que nem sempre o devedor da obrigação principal será a
mesma pessoa encarregada de cumprir ou auxiliar no cumprimento de obrigações
acessórias (ex. art.18º/3-b) da LGT), demonstrando a grande complexidade de que se
revestem as relações tributárias, as quais se desdobram, efetivamente, em diversas
relações.
EXEMPLO:
O Manuel é proprietário de um apartamento em Coimbra. Paga o IMI. Quem são os
titulares do lado ativo e passivo desta relação?
Titularidade Ativa
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Titularidade Passiva
Representante legal
• Nos casos em que o sujeito passivo não é residente e não dispõe de um
estabelecimento estável em Portugal (art.5º do CIRC)
• A lei impõe, naqueles casos, a designação de um representante legal com
residência em território nacional (art.19º/6 LGT, art.130º CIRS e art.126º CIRC)
• Caso não haja esta designação – art.124º RGIT e interdição das garantias de
reclamação, recurso e impugnação (art.19º/ 7 LGT)
• Para não residentes da, ou residentes que se ausentem para a UE, desde que
esse Estado esteja vinculado à cooperação administrativa, esta designação deixou de
ser obrigatória (19º/8 LGT)
Transparência fiscal
• Em certas situações o direito fiscal opta por não considerar sujeitos passivos
da relação jurídica fiscal algumas entidades dotadas de personalidade jurídica
• Art.6º CIRC - desconsidera a personalidade jurídica das sociedades aí
indicadas, não lhes reconhecendo personalidade tributária
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JUROS
4. Substituição Tributária
De acordo com o art.20º da LGT, a substituição tributária verifica-se quando, por
imposição da lei, a prestação tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte,
sendo a mesma efetivada através da retenção na fonte do imposto devido.
Isto significa que na fase da gestão do imposto ocorre a interposição de um terceiro
entre a Administração Fiscal e o sujeito passivo, terceiro esse que terá como tarefa a
obrigação de deduzir parcelas do rendimento pago ou posto à disposição do sujeito
passivo, para depois fazer a sua entrega à Administração Fiscal.
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!! Art.34º da LGT !!
EXEMPLOS:
- Rendimentos sujeitos a taxas liberatórias (ex. juros de depósito à ordem/ prazo.
A entidade bancária (substituto), ao reter na fonte a título definitivo, o montante do
imposto, elimina a obrigação de o contribuinte, querendo, no fim do ano, ter de incluir
este rendimento na sua declaração anual de rendimentos (art.71º/8 CIRS)
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5. Responsabilidade Tributária
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PELAS DÍVIDAS DE OUTREM
O segundo caso em que assistimos a uma modificação da relação jurídica tributária por
imposição legal ocorre quando a lei admite que um terceiro seja chamado a satisfazer
a dívida tributária do sujeito passivo através do instituto da responsabilidade tributária.
De acordo com o art.22º/4 da LGT, a responsabilidade tributária é, em regra, subsidiária,
o que significa que o responsável tributário só é chamado a satisfazer a dívida tributária
do sujeito passivo depois de comprovado no processo de execução fiscal que não
existem bens penhoráveis do devedor originário ou que há fundada insuficiência do
património do devedor para a satisfação da dívida exequenda (art.23º/2 LGT e 153º/2
CPPT).
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administradores que têm que provar que não lhes foi imputável a falta de
pagamento para não serem chamados à responsabilidade).
Meios de Reação
▪ Dedução de oposição à execução (art.203º, 204º CPPT e 23º/5 LGT): é o meio
processual adequado para o executado por reversão discutir o despacho
determinativo dessa reversão, nomeadamente, imputando-lhe vícios de forma
por ausência de fundamentação e preterição de formalidades legais, mais
devendo enquadrar-se este fundamento da oposição no artigo 204º/1-i) CPPT;
▪ Reclamação graciosa (art.68º e ss. CPPT);
▪ Impugnação Judicial (art.99º e 102º CPPT e 22º/5 LGT).
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A retenção na fonte, de acordo com o art.34º, é uma dedução realizada pelo substituto
nos rendimentos que paga ao substituído e que entrega posteriormente ao Estado. O
contribuinte nem sequer chega a ver aquele dinheiro. Qualquer valor que venha a lucrar
está sujeito a esta retenção na fonte a título definitivo.
Reconhece-se também o pagamento por conta de imposto efetuado por terceiro
que integra não só as entregas pecuniárias antecipadas efetuadas pelo próprio
contribuinte, mas também as entregas por terceiro.
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nesta lista não taxativa. É a Autoridade Tributária (AT) que vai provar se o sujeito passivo
cumpriu ou não as obrigações que permitem a determinação da matéria tributável.
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Conjugadamente com uma destas situações, tem de haver sempre uma das tais
manifestações de fortuna previstas no artigo 89.º-A/4.
Se estiverem verificados estes pressupostos, o sujeito passivo vai ter de apresentar
razões justificativas, ou seja, comprovar que os rendimentos que declarou são
verdadeiros. Sempre que ele apresentar estas razões, não se vai aplicar a avaliação
indireta.
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Vamos supor que o sujeito passivo justificou metade, mas que a Administração
Tributária não deu importância a essa justificação e determinou um rendimento de 20%
no valor de aquisição e o sujeito passivo pretende reagir. Como é que o pode fazer?
→ Impugnação dos atos que determinam a aplicação do regime jurídico das
Manifestações de fortuna
Este meio de reação está previsto no artigo 89.º-A/7: é um caso excecional em que
podemos ir para tribunal discutir de forma direta e imediata a avaliação indireta da
matéria tributária. Este meio traduz-se num recurso que deve ser entreposto no prazo
de 10 dias. É um recurso suspensivo e tramita como processo urgente.
Traduz-se numa exceção ao princípio da impugnação unitária (artigo 54.º CPPT): este
princípio diznos que apenas será impugnável o ato final que põe termo ao procedimento
e que afeta a esfera jurídica dos contribuintes. Isto vai dar-nos apenas um valor do
rendimento sujeito a tributação, não nos dá o valor do imposto a pagar. Há aplicação da
taxa e determinação do valor do imposto a pagar (liquidação). O ato que atinge o
contribuinte, que o obriga a pagar uma determinada quantia, é o ato de liquidação do
imposto.
Todavia, nos casos em que há lugar à aplicação do artigo 89.º-A/7, há uma exceção a
este princípio porque a aplicação destes métodos é imediatamente recorrível, ou seja,
o sujeito passivo, quando for notificado da aplicação de uma avaliação indireta apurada
nos termos do artigo 89.º-A, sabe logo que o meio de reação apropriado é este recurso
urgente.
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MEIOS ADMINISTRATIVOS
A. Reclamação Graciosa
Esta pode ser apresentada por escrito ou oralmente (em caso de manifesta
simplicidade) e reduzida a termo nos serviços da AT (art.70º/6 e 73º/1).
Há, aqui, uma limitação dos meios probatórios (art.50º CPPT e 58º LGT), pois apenas
se admitem provas documentais e elementos oficiais de que os serviços disponham,
sem prejuízo do art.69º/e); art.50º CPPT e 58ºLGT.
A dedução da reclamação não suspende os efeitos do ato tributário, salvo o previsto no
art.92º/8 LGT ou quando for prestada garantia adequada (199º e 169º CPPT).
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A garantia caduca se a reclamação não for decidida dentro do prazo estipulado (1 ano
a contar da data da sua interposição), o que constitui uma garantia importante para os
sujeitos passivos – 183º-A.
Pode ser deduzida com os fundamentos previstos para a impugnação judicial – 70º/1 e
99º CPPT.
É apresentada no prazo de 120 dias a contar a partir dos factos previstos no art.102º/1
CPPT – 70º/1 CPPT.
A reclamação graciosa é dirigida ao órgão periférico regional da AT e instruída, quando
necessário, pelo serviço periférico local da área do domicílio ou sede do contribuinte, da
situação dos bens ou da liquidação – art.73º CPPT. O órgão periférico local instaurará
o processo, dentro de um prazo não superior a 90 dias, com os elementos de que
disponha e elaborará proposta fundamentada da decisão.
Nos demais casos, a entidade competente para a decisão de reclamação graciosa é o
dirigente do órgão periférico regional da área de domicilio ou sede do contribuinte, da
situação de bens ou da liquidação – art.75º/1 CPPT.
Se a entidade competente para a decisão entender que a mesma deve ser indeferida,
cabe-lhe elaborar proposta de decisão e ouvir o reclamante (art.60º/1/b) da LGT),
podendo esta formalidade ser dispensada (art.60º/3 LGT).
A notificação da decisão deve ser acompanhada da proposta de decisão elaborada pelo
serviço periférico local (art.37º/1 CPPT).
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B. Recurso Hierárquico
É um meio administrativo para atacar decisões dos órgãos da AT.
Não pode interpor-se recursos hierárquicos de um ato de liquidação, mas apenas de
atos administrativos respeitantes a questões tributárias ou de decisões administrativas
que versem sobre a apreciação dos atos de liquidação;
O recurso hierárquico apenas pode ser usado no procedimento tributário quando a lei o
expressamente determinar;
Tem natureza meramente facultativa e efeito devolutivo, salvo disposição em contrário
da lei tributária (67.º/1 CPPT);
É dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do ato (66.º/2 CPPT);
É interposto no prazo de 30 dias a contar:
▪ Da notificação do ato respetivo perante o auto do ato recorrido;
▪ No caso de indeferimento tácito, a partir da data em que se formou o ato de
indeferimento (57.º/1/5 LGT).
O autor do ato dispõe de 15 dias para proceder à revogação total ou parcial do ato:
▪ Se o ato for totalmente revogado o recurso fica sem efeito por inutilidade
superveniente;
▪ Se houver mera revogação parcial ou se o autor de ato entender que o ato deve
ser mantido, deve fazer subir o recurso, acompanhado do processo a que
respeite o ato ou, quando o recurso tiver efeito meramente devolutivo, com um
extrato do mesmo.
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MODALIDADES
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MEIOS JUDICIAIS
A. Processo de Impugnação Judicial
IMPUGNAÇÃO DE ATOS TRIBUTÁRIOS (ATOS DE LIQUIDAÇÃO DE TRIBUTOS)
▪ Petição Inicial (108º CPPT)
- Prazo de 3 meses (102º CPPT)
- Quando o fundamento da impugnação é a nulidade, não se aplica este prazo (102º/3
CPPT)
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2. EXECUÇÃO FISCAL
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