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O n.º 5 do artigo 3º do CGT estabelece que os impostos são "os tributos com natureza
unilateral, em virtude da sua obrigação não constituir a contrapartida de qualquer
prestação individualizada do Estado e demais entes Públicos". Os impostos assentam na
capacidade contributiva (capacidade económica) revelada pelos sujeitos passivos através
do rendimento, do património e do consumo (art. 4º. n º. 3, do CGT).
Dos conceitos de imposto dados por vários autores resultara sempre de que, o imposto é
uma prestação pecuniária, coactiva, e unilateral e a título definitivo, sem caracter
1
Jose Casalta Nabais, Direito Fiscal, 6 edição,
2
Jónatas Eduardo M. Machado, Paulo Nogueira da Costa, Osvaldo Macaia, Direito Fiscal Angolano –
segunda reforma de 2014, Coimbra, p. 15.
sancionatório, estabelecido pela lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito Público
para a realização de fins públicos.
A) Objectivamente o imposto é:
1. O imposto é uma prestação. A relação jurídica de imposto tem um carácter
obrigacional ou creditício, com objecto de natureza patrimonial, sendo que geralmente
a respectiva prestação tem carácter pecuniário. Contudo, nem sempre o imposto tem
natureza pecuniária. Ainda hoje existe um imposto que não tem natureza pecuniária,
que é o imposto de selo.
2. O imposto é uma prestação coactiva. Trata – se de uma de uma característica que se
encontra traduzida na própria denominação do imposto. Visa – se com ela significar
que a obrigação de imposto e estabelecida na lei ou por forca da lei. Assim,
verificado o pressuposto de cuja ocorrência a lei faz depender o nascimento da
obrigação de imposto, passa ser exigida independentemente da vontade do
contribuinte.
3. O imposto tem carácter definitivo, ou seja, não dá ao sujeito passivo qualquer direito
a um reembolso, retribuição ou indemnização. Todas as importâncias que o sujeito
passivo transfere para o sujeito activo não são reembolsadas, a não ser que haja uma
tributação indevida. Por isso é que o imposto é diferente de empréstimo e de
requisição administrativa, dada a sua natureza definitiva.
4. A prestação do imposto é também unilateral. Sublinha-se, deste modo, que não
corresponde qualquer contraprestação por parte do credor da receita (Estado), em
termos directos. Assim se distingue o imposto do empréstimo forçado e da taxa.
Quando o particular satisfaz a obrigação de imposto nada recebe de troca, limita – se a
contribuir para o financiamento da actividade do ente que é dessa prestação.
5. O imposto não é uma sanção de um acto ilícito, ou seja, não é uma prestação sem
caracter sancionatória. O imposto não tem caracter sancionatório, o que permite
distinguir a respectiva prestação das sanções patrimoniais, como o confisco e a multa.
Já que estas tem origem num facto ilícito e visam um fim preventivo e regressivo o
que não acontece com o imposto ao contrário da multa ou da coima, apesar de estas
também serem definitivas.
Como entidades públicas activas da relação fiscal podemos ter o Estado e as autarquias
locais (e também as regiões autónomas, na opinião de Sá Gomes, enquanto Soares
Martinez acha que não). Segundo o prof. M. Vasconcelos, a posição de Sá Gomes foi
reforçada pela revisão constitucional de 1997.
Sujeito passivo da relação pode ser qualquer pessoa singular ou colectiva. Pode até ser
uma pessoa colectiva pública, como o Estado. Por vezes, o Estado paga impostos a si
mesmo (p. ex., quando o Estado arrenda um prédio como se fosse um particular).
Até há alguns anos atrás entendia-se que os impostos tinham como finalidade dotar os
entes públicos com meios para a realização de tarefas – tarefa meramente fiscal.
O imposto tem, pois, finalidades fiscais (receitas do estado) e Extra - Fiscais (intervenção
na economia). A própria CRA, no art. 101º, refere-se à afectação do imposto.
2.1 . Distinção entre imposto e outras categorias jurídicas
Corno vimos, os impostos constituem o mais importante sector dos tributos. Mas estes
integram outras figuras tributárias a que é importante aludir até para as não confundir
com os impostos, a única figura tributária que constitui o objecto do nosso curso.
a) O imposto e a Taxa:
No imposto, desde logo, não há contraprestação, na taxa já existe essa contraprestação,
dado que a taxa visa adquirir a prestação de um serviço.
As taxas são prestações estabelecidas por lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito
Público, como retribuição de um serviço individualmente prestado, como retribuição pela
utilização de determinados bens de domínio público, ou ainda como remoção de
determinado limite jurídico à actividade dos particulares.
O imposto tem carácter de prestação unilateral e definitiva, a que não corresponde, por
isso, qualquer contraprestação individualizada, nem dá direito a nenhuma retribuição ou
indemnização. Por sua vez, a requisição tem como elemento essencial o pagamento ao
requisitado do preço dos bens ou uma indemnização pelos danos sofridos.
Por fim, enquanto no imposto, na generalidade dos casos, temos uma prestação
pecuniária, a requisição traduz-se numa prestação de serviços, ou na cedência de certas
coisas, ou ainda na utilização temporária de determinados bens.
d) O imposto e as contribuições para a Segurança Social
As contribuições para a segurança social fazem parte do que se costuma designar por
tributos parafiscais ou parafiscalidade, para aludir a determinadas prestações coactivas
que tem a ver com a assunção por parte do estado moderno de novas funções económicas
e sociais. Trata-se de receitas que fogem, de algum modo, as regras que disciplinam os
impostos e que são consignadas as entidades publicas que prosseguem aquelas
finalidades em substituição da acção directa do Estado.
Tem havido algumas posições controvertidas na doutrina sobre a natureza jurídica das
contribuições para a segurança social, que, entre nos, inclui uma parte que incide
legalmente sobre a entidade patronal e outra parte que recai sobre os trabalhadores.
Assim:
i. Uns consideram que as contribuições devidas, quer pelos trabalhadores, quer pelas
entidades patronais, em ambos os casos, são verdadeiros impostos.
ii. Outros consideram que ambas as contribuições referidas na alínea anterior, são
taxas.
iii. Outros ainda entendem que ambas as contribuições em causa são prémios para
seguro de direito publico.
iv. Ainda, outros entendem, que se trata de tributos parafiscais que se configuram como
contribuições especiais fundadas numa qualidade social especifica.
Uma primeira classificação possível dos impostos é a que atende ao elemento revelador
de capacidade contributiva sobre o qual aqueles incidem. Nesta perspectiva, os impostos
podem ser sobre o rendimento, sobre o consumo e sobre o património.
Não existe unanimidade quanto ao critério mais adequado à distinção entre impostos
directos e impostos indirectos.
Ainda assim, e de acordo com o critério do objectivo, podemos dizer que os impostos
directos são aqueles que incidem sobre as manifestações imediatas (directas) de
capacidade contributiva (rendimento e património) enquanto os impostos indirectos
atingem as manifestações mediatas (indirectas) de capacidade contributiva (como
acontece nos impostos sobre o consumo).
Impostos reais são aqueles que não atendem à situação pessoal do contribuinte (é o caso
dos impostos sobre o consumo). Impostos pessoais são os que tomam em consideração a
situação pessoal do contribuinte {v. g., nível de rendimento, composição do agregado
familiar, despesas suportadas com habitação, saúde, educação, entre outras).
Vários são os critérios distintivos que se podem adoptar para fazer a classificação entre
impostos directos e indirectos.
São de quota fixa os impostos em que a lei estabelece uma importância fixa (taxa ad
valorem) a pagar pelo contribuinte. São de quota variável os impostos em que o montante
a pagar varia em função da matéria colectável (normalmente, através da aplicação de um
valor percentual - uma taxa específica - à matéria colectável).
Pela sua aparência de cientificidade, estes argumentos têm sido geralmente aceites, apesar
das dificuldades que rodearam a sua empírica e aplicação à política fiscal. A teoria do
bcnel1cio também tem servido para justificar a progressividade do imposto, assumindo-
se que os ricos retiram mais benefício do Estado do que os pobres.
A progressividade é contestada por ser um incentivo negativo ao trabalho - na medida em
que quem trabalha mais e melhor terá que pagar mais imposto - e. por restringir o direito
fundamenta! a colher os frutos do próprio trabalho - inerente aos direitos ao trabalh0, à
propriedade e à iniciativa economica-se cuja restrição carece de um fundamento
especialmente ponderoso.
São comutativos os impostos que visam corrigir determinadas falhas de mercado (v. g.
fornecimento de bens públicos, free rider problem, externalidades, assimetria
informativa) associados à conduta legítima dos agentes económicos. Estes obrigam ao
pagamento pelos benefícios obtidos e à internalização de externalidades.
São restitutivos os impostos que visam anular e confiscar os ganhos ilícitos obtidos pelos
particulares (v. g. impostos retroactivos extraordinários sobre bónus excessivos de
legitimidade duvidosa). Em ambos os casos o objectivo é restaurar a distribuição que
resultaria naturalmente de um mercado funcionando de acordo com a justiça
transaccional ou comutativa.