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Caso prático de desenvolver conceitos (resolvido)

Direito Fiscal (Universidade de Lisboa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Catia Alves (sophsribeiro@gmail.com)
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Desenvolver: Os conceitos e elementos essenciais dos impostos, das taxas e das


contribuições financeiras;

TRIBUTOS

Receitas criadas e cobradas pelo Estado ou outras entidades públicas para a


satisfação de necessidades públicas e sem função sancionatória (pode ter objetivos
extra fiscais).

Não há definição de tributo na lei.

Prestação com natureza obrigacional entre um ente público e o sujeito passivo que
têm a obrigação do I. São sempre pecuniárias, especialmente no caso do I. Têm
como fonte a lei e têm como fonte coativa, pk é uma obrigação legal, ex. 31º LGT.

Quem pode exigir é o estado, as entidades publicas, art. 18º LGT

Art. 103º/1 CRP + art. 165º/1/Alínea i) CRP + art. 3º/1/ Alínea a) LGT.

Art. 3º/2 LGT: classificação dos tributos

O art. 165º/1/i CRP e o art. 3º/2 LGT contêm as 3 categorias de tributos


reconhecidos no ordenamento jurídico-constitucional português.

Tripartição dos tributos que consta também do art. 4º LGT.

o Impostos; Taxas, Contribuições Especiais.

IMPOSTOS

Tributos unilaterais, materializados por prestações pecuniárias cuja finalidade seja a


arrecadação de receitas a título principal ou secundário por parte de entidades
públicas (fim fiscal), ou até a prossecução de quaisquer outras finalidades públicas
(fins extrafiscais) que não tenham por base uma infração e correspondente sanção.

Características:

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 Carácter unilateral: não há uma contraprestação direta e imediata, não há uma


relação jurídica de sinalagma (TAXAS).
Vigora em regra o princípio da não consignação, na medida, em que pagamos
I, sabemos que eles vão cobrir despesas, mas não sabemos em concreto quais
despesas estão a ser cobertas.
Forma de garantir a boa afetação: publicidade do O.E. e a reserva de lei fiscal,
art. 165º/1 alínea i) CRP (só AR ou GOV com DL autorizado).
Sujeitos ao Princípio Orçamental da Universalidade: servem para financiar
todas as despesas.

• São receitas unilaterais para cobrir despesas orçamentais gerais.


• Não é imposto se os montantes cobrados forem afetos à compensação dos
prejuízos causados pela rigidez dos comportamentos que se pretendiam orientar
(consignação orçamental) – ex: imposto sobre o consumo de sacos de plástico
for especialmente afeto a atividades públicas de reciclagem e etc.

 Carácter coercivo: coercibilidades das normas ou dos outros tributos, quando o


pressuposto legal está preenchido.
 Quantificação ad valorem: são prestações em dinheiro calculadas e
quantificadas ad valorem, ou seja, através de uma percentagem.
Sendo que essa percentagem recai sobre o valor que está a ser tributado: bem,
rendimento ou consumo.
Resulta da manifestação da capacidade contributiva (que não é um princípio
nem das taxas nem das CF).

 Prosseguição de Finalidades Públicas não sancionatórias: finalidade principal


é a arrecadação de receitas, que é o principal objetivo do sistema fiscal.
Os I extrafiscais, orientadores de comportamentos, são ainda I, desde que se
verifiquem as restantes características do I.
APD: I parafiscais, ou extrafiscais tmb são I e estão sujeitos a todos os outros P
dos I.

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Sem carácter sancionatório1: cai fora do conceito de I, as coimas e multas, que


pertencem ao DP.
 Exigidos por entidades públicas: Em regra, são o Estado, Regiões Autónomas e
Municípios, pois as restantes entidades públicas são normalmente financiadas
através de taxas ou contribuições especiais. (art. 18ºLGT)

TAXAS

Não há sujeição ao princípio da Reserva de Lei e podem ser criadas pelos Municípios.

➢ Não precisam de ser criadas pela AR. Art. 165º/1/i CRP apenas exige uma lei com o
Regime Geral das Taxas.

I. Tributos sinalagmáticos ou bilaterais compreendendo 3 tipos de situações,


conforme o disposto no art. 4º/2 LGT:

1º. CONTRAPARTIDA pela utilização de Serviços Públicos

2º. CONTRAPARTIDA pela utilização de um Bem Público, Semipúblico ou Bem do


Domínio Público

3º. CONTRAPARTIDA pela Remoção de um Obstáculo Jurídico ao exercício de uma


atividade por parte dos particulares2.

1 Há situações de fronteira difíceis: ex. na política agrícola comum existem quotas limites máximas de
produção por ex. de leite. Se se exceder existe uma contribuição que tem de ser paga pelos produtores que
ultrapassaram esse limite. Questão se essa ultrapassagem tem finalidades fiscais, sancionatórias ou outras.
Finalidades fiscais: arrecadação de receitas.
Finalidade sancionatória, significa penalização de quem ultrapassa os limites legais.
Mas pode haver uma 3ª hipótese: finalidade de regulação da política agrícola comum, se a finalidade for
de regular a política agrícola comum fala-se de finalidades extra fiscais, não são sancionatórias, mas tem
se em conta os objetivos globais quanto ao mercado agrícola, neste caso na EU.
2 Até Acórdão 117/2010, o TC entendia que o conceito de taxa pressupunha sempre a utilização de um
bem ou serviço público ou semipúblico, o que inutilizava o conceito de taxa. Nesse Acórdão, o TC mudou
a sua posição pois entendeu que as taxas sobre a remoção de obstáculos não são inconstitucionais se os
referidos obstáculos tutelarem reais interesses públicos. Ex: anúncios que estejam na via pública, uma vez
que as licenças para autorizar a publicitação tutelam reais interesses públicos como a “configuração do
ambiente de vivência urbana das coletividades locais”.

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Não pode ser ad valorem ( não pode estar relacionado com o valor do bem,
rendimento, etc.) e tem de estar e tem de estar relacionado com o custo e o benefício
(Princípio da Cobertura dos Custos).

II. Bens ou serviços individualizáveis, que tenham uma existência presente, não
podendo ser futuro

Os bens/serviços são Divisíveis e cada um paga a sua utilização

Tributa-se pela utilização individual do bem.

III. Taxas têm de ser quantificadas de acordo com o Princípio da Cobertura de


Custos.

O custo do tributo não pode ultrapassar o benefício do mesmo – se o montante for em


excesso pode ser um imposto oculto.

Sinalagma económico: Só há bilateralidade se os custos pelo bem utilizado, serviço


prestado ou remoção do obstáculo não excederem o benefício recebido por parte do
particular – Princípio do custo benefício.

CONTRIBUIÇÕES FINANCEIRAS

Ana Paula Dourado: é uma 3ª categoria e tem características próprias.

As Contribuições Especiais é uma categoria residual que enquadra:

-Tributos que não apresentem as características dos impostos, em especial a


unilateralidade e a cobertura da generalidade das despesas;

Não podem apresentar uma quantificação ad valorem

-Tributos que não apresentem as características das taxas, em especial a bilateralidade


em sentido estrito;

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-Tributos a favor de entidades públicas de base não territorial com características de


sinalagma difuso.

As Contribuições que têm sido criadas podem ser agrupadas em algumas categorias,
tal como a doutrina as tem sistematizado:

1. Serviços de Interesses Difusos – beneficiam concretamente alguns grupos de


destinatários, mas com externalidades positivas. Ex: prevenção de riscos naturais

➢ Sinalagma Difuso: não é bilateral nem unilateral e provoca externalidades


positivas

2. Contribuições Especiais Parafiscais – financiam entidades públicas de base não


territorial cuja atividade beneficia um grupo homogéneo de destinatários. Ex: taxas de
financiamento das entidades reguladoras.

3. Tributos Extrafiscais – contribuições com finalidades extrafiscais puras,


destinadas a modelar ou orientar comportamentos, mas, ao contrário dos impostos, os
montantes cobrados são afetos à compensação dos prejuízos causados pela rigidez dos
comportamentos que se pretendia orientar (consignação orçamental).

➢ Tudo o que for cobrado vai ser canalizado para o objetivo extrafiscal.

Desenvolver: Os princípios constitucionais estruturantes das taxas e das contribuições


financeiras (diferenças face aos impostos);

Desenvolver: As classificações de impostos no sistema fiscal português;

I. I sobre Rendimento, Consumo e Património

Art. 104º CRP, classificação consoante o objeto do I.

o RENDIMENTO (art. 104º/1 e 2): organiza-se em IRS (sobre o rendimento


das pessoas singulares) e em IRC (sobre o rendimento das pessoas coletivas).

• No caso das pessoas singulares assenta no rendimento universal dos residentes.

• No caso das pessoas coletivas assenta em rendimentos obtidos no território


nacional.

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o CONSUMO (art. 104º/4): incidem sobre o consumo geral de bens e serviços


(IVA) e sobre o consumo específico de certos bens (imposto sobre o
consumo de álcool, tabaco, produtos petrolíferos e etc.).

o PATRIMÓNIO (art. 104º/3): impostos sobre a riqueza

o I Reais e Pessoais

Classificação consoante a função que o I desempenha.

REAIS: impostos que se centram na manifestação da riqueza, sem considerar outros


elementos diferenciadores ligados à capacidade económica do sujeito.

O que releva é o valor do objeto e não a capacidade contributiva.

Ex. IVA.

Hoje em dia está em crise: I reais têm elementos de pessoalidade e o legislador faz
valorações atinentes à capacidade contributiva, ex. do IVA e das 3 taxas (6%, 13% e
23%).

3 taxas são elementos pessoalizantes e interferem com o P da neutralidade (na medida,


em que a taxa deveria ser igual, de modo a que a qualidade do bem fosse o único fator a
ter em conta). As alíquotas diferentes dão incentivos a consumir certo produto em vez
de outro.

PESSOAIS: impostos que se centram na riqueza do sujeito, mas em que o foco de


atenção é a capacidade contributiva do mesmo. Prossegue justiça fiscal.

Devem ter em conta a riqueza global, a capacidade económica contributiva global do


sujeito e ainda aspetos pessoalizantes por ex., despesas de educação, despesas de saúde,
situação do agregado familiar. Todo o I é estruturado tendo em conta as características
do sujeito jurídico.

Ex. IRS.

Tem função redistributiva.

Está em crise pk os contribuintes mais ricos podem escolher o estado em que são
tributados.

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Logica de unicidade, embora tenhamos os escalões do IRS que assegura a aplicação do


p da capacidade contributiva, nós temos taxas que são proporcionais.

o I Proporcionais, Progressivo e Regressivo

Classifica consoante a função que o imposto desempenha no ordenamento jurídico-


constitucional.

PROPORCIONAIS: impostos cuja taxa/alíquota é fixa, sob a forma de uma


percentagem.

( I REAIS).

PROGRESSIVIDADE: implica existência de alíquotas variáveis – aumento da taxa


tendo em conta o aumento do rendimento (mais rigorosamente, da matéria tributável), e
concretiza-se pela existência de escalões.

(I PESSOAIS)

REGRESSIVOS: são INCONS. Aumenta a carga sobre contribuintes de rendimentos


mais baixos.

o IMPOSTOS DIRETOS E INDIRETOS

Classifica consoante o modo como o imposto atinge/incide sobre o objeto e o sujeito.

Classificação no art. 6º LGT e art. 112º e 113º TFUE – adoção de critério financeiro,
atendendo ao objeto do imposto

➢ Classificação Económica

DIRETOS: aqueles que atingem as manifestações diretas ou imediatas de riqueza e da


capacidade contributiva (impostos sobre o rendimento e o património).

INDIRETOS: aqueles que incidem sobre manifestações indiretas de riqueza e da


capacidade contributiva (impostos sobre o consumo e despesa).

Enquanto nos I há uma relação direita. Nos indiretos, embira o devedor do I seja o
comerciante quem tem o encargo do I é o cliente.

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o IMPOSTOS DE OBRIGAÇÃO ÚNICA E IMPOSTOS PERIÓDICOS

Categoria que classifica consoante o período temporal de nascimento e extinção do


imposto.

OBRIGAÇÃO ÚNICA: aqueles cujo facto tributário nasce e se extingue com um ato ou
negócio jurídico – consumo, importação, aquisição onerosa ou gratuita.

PERIÓDICOS: aqueles cujo facto tributário se renova por diferentes períodos fiscais,
dando origem a obrigações declarativas, enquanto não se informa a administração
tributária da extinção desse facto ou da atividade económica.

Desenvolver: Conceitos e princípios constitucionais estruturantes dos benefícios fiscais

Desagravamentos fiscais que introduzem exceções à incidência tributária, prosseguindo


finalidades extrafiscais.

Por serem excecionais violam o princípio da igualdade – têm de ser justificados por
princípios que se sobreponham à igualdade e, em regra, ter duração limitada.

Art. 2º/1 Estatuto Benefícios Fiscais define este conceito: “Consideram-se benefícios
fiscais as medidas de carácter excecional instituídas para tutela de interesses públicos
extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da própria tributação que impedem.”

“Interesses públicos extrafiscais relevantes” é concretizado através dos princípios


materiais legitimadores dos benefícios fiscais, que são cumulativos.

-Princípio do bem-estar social (controla o arbítrio);

-Princípio da proporcionalidade (atendendo à necessidade económica dos contribuintes


com repercussões positivas em toda a comunidade);

-Princípio do ganho ou do mérito (recompensa fiscal de um comportamento que serve o


interesse geral).

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Há benefícios fiscais com certas finalidades – têm objetivos extrafiscais:

• Finalidades Económicas – como violam o princípio da igualdade, tem de


verificar-se se essas finalidades são superiores à violação desse princípio; verificar se as
finalidades prosseguidas são suficientes para justificar o benefício.

• Finalidades Políticas – atendendo aos fins, tem de haver uma ideia de


reciprocidade.

• Finalidades Culturais – de forma a apoiar realidades consideradas essenciais na


sociedade.

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