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16 de março
Conteúdos:
A- TEORIA GERAL DO DIREITO FISCAL:
1. Introdução. Atividade financeira do Estado. Direito Financeiro, Tributário e Fiscal. Âmbito do Direito Fiscal,
relações com outros ramos do Direito. Objeto do Direito Fiscal: conceito de imposto, distinção de figuras afins.
2. Fontes do Direito Fiscal. A Constituição Fiscal. O Direito da União Europeia. O Direito Internacional. A Lei. O
Direito Circulatório e a vinculação da AT.
B- IMPOSTOS EM ESPECIAL
Bibliografia CASALTA NABAIS, José; Direito Fiscal, 11º Ed., Almedina, 2019, ISBN
9789724078755; (é um livro difícil de ler, então a doutora deu atenção aos sumários que
estão no moodle, que servem de mapa)
Não existe oral obrigatória – passamos com 10, chumbamos com 9.
Há 2 mini-testes, sendo o primeiro a meio do semestre e o segundo que é em época
normal. Nota mínima de 7 em ambos os elementos de avaliação.
Direito Fiscal
Estamos a falar de Direito público, financeiro.
A nossa forma de organização implica despesa publica, e para a haver é preciso que haja
receita publica. Essa receita tem diversas fontes, mas normalmente essas fontes são as
receitas publicas, e as mais significativas são:
Receitas patrimoniais do Estado
Sanções pecuniárias (que as entidades publicas aplicam aos seus cidadãos. Ex.
multas de transito são para o orçamento da policia de transito)
Empréstimos públicos (os países endividam-se contraindo empréstimos ou títulos de
divida publica)
Tributos
Dentro do direito financeiro temos direito da despesa, temos direito da receita e dentro
deste temos o direito fiscal. O direito fiscal é direito dirigido à cobrança do imposto. O
direito fiscal relaciona-se com todos os outros ramos de direito, nomeadamente com o
direito internacional, com o direito constitucional, etc. Ex. personalidade tributária sem
personalidade jurídica.
O direito fiscal está regulado por vários tipos de normas, nomeadamente constitucionais. É
também regulado na Lei geral tributária, no regulamento da inspeção tributária, etc.
Âmbito do direito fiscal:
Impostos
Taxas
Contribuições
O que os distingue? O direito fiscal é o direito dos impostos. O imposto é uma prestação
pecuniária, unilateral, definitiva, coativa, exigida pelo Estado ou outros entes públicos, sem
caráter de sanção, para a realização de fins públicos. É pecuniária porquê? Tem de ser
pago em dinheiro, não pode ser paga em espécie, em bens. Não quer isso dizer que numa
cobrança coerciva o estado não penhore os meus bens, mas usa o dinheiro da venda para
se pagar. Só há rubricas para euros – só dá a moeda com curso legal em Portugal. A única
exceção que há é eu no processo de execução fiscal poder oferecer em pagamento da
minha divida um determinado bem, mas esta dação em pagamento só é autorizada pelo
ministro das finanças e se houver interesse publico em ficar com o bem (o Estado). É uma
prestação unilateral porquê? Distingue isto o imposto da taxa. Eu pago impostos em troco
de nada. É evidente que o fim do imposto é o Estado ter receita para satisfazer
necessidades coletivas, mas são essas e não as minhas. Nota: quem pode mais contribui
mais, quem pode menos contribui menos. Como não há contraprestação, não é
condicionada a nada = caráter definitivo da prestação. É coativa porque eu ou pago a bem,
ou pago a mal. O Estado tem forma de cobrar que mais nenhum credor tem. Não é uma
prestação de caráter privado, e por isso pode ser exigida pelo Estado e por outros bens
públicos. Não tem caráter de sanção porque não devem as pessoas pagar impostos para
sancionar determinados comportamentos. Ex. imposto sobre o tabaco – ao aumentar o
preço desencoraja-se ao comportamento. Este comportamento (auto-lesivo) não custa só
ao próprio, pois se a pessoa ficar doente isto custa também ao serviço nacional de saúde,
etc, e é assim que se justifica haver este imposto com caráter sancionatório.
Distinção entre imposto e taxa
A taxa é bilateral, não é de fato um tributo, mas há uma certa contraprestação – ex.
rampa no meu passeio. Tenho de pagar uma taxa para a camara municipal eliminar
o obstáculo legal, bem como a taxa do lixo, pago a taxa para a camara me recolher
o lixo. As propinas das universidades publicas também são taxas, bem como a taxa
moderadora que pagamos no hospital.
Há também uma reserva de lei apenas quanto ao seu regime geral, enquanto que o
imposto obedece a um principio de legalidade fiscal.
Assenta no princípio da proporcionalidade (pago em proporção do serviço, quanto
maior mais pago), enquanto que os impostos têm por base o principio da
capacidade contributiva (quem pode mais, paga mais).
Contribuições financeiras
Não é um imposto porque não é geral, universal, etc, não é uma taxa porque não tem
carater voluntario, mas é uma contribuição de maior desgaste, havendo um benefício para
um grupo de pessoas que não há para outros.
Autonomizadas pela Revisão Constitucional de 1997.
São tributos que servem de financiamento a entidades publicas cuja atividade beneficia
grupos tendencialmente homogéneos de destinatários.
Não há uma contrapartida direta entre a entidade pagadora e o credor que lhe oferece a
prestação, mas há uma utilidade ou benefício identificável, através da sua condição grupal.
Projeção do princípio da equivalência, enquanto equivalência de grupo.
Contribuições especiais
Contribuições de melhoria
Contribuições do maior desgaste ocasionado
Nota: para a semana, dia 23 de março, não haverá aula teórica de Direito Fiscal 1.
30 de março
Fontes de Direito Fiscal
Direito internacional
Direito da união europeia
Direito interno
…
Princípios jurídico constitucionais de tributação
De caráter formal (quem, como e quando se tributa)
- Princípio da legalidade fiscal
- Princípio da segurança jurídica (art. 2.º CRP)
De caráter material (do que e de quanto se tributa)
- Principio da igualdade fiscal (art. 13.º; ancorado no principio da capacidade contributiva –
toda a gente contribuiu não de forma igual mas com base na sua capacidade)
- Principio da consideração fiscal da família (arts. 67.º, nº2, alinea f) e 104.º nº1 CRP)
As leis ordinárias
Os regulamentos
a) Regulamentos internos e externos
A problemática das orientações genéricas (cfr. Artigos 55.º e 56.º do CPPT e artigo
68.º -A LGT)
A jurisprudência
a) as declarações, com força obrigatória geral, de inconstitucionalidade e de
ilegalidade pelo Tribunal Constitucional -arts- 281.º e 282.º CRP
b) As declarações de ilegalidade pelos TCA – art. 38.º, nº1, alinea c) ETAF
c) Acórdãos de uniformização de jurisprudência pela STA – art. 27.º b) ETAF e 280.º
do CPPT
d)Acórdãos do TGCE em matéria fiscal – autoridade de precedente
Interpretação das normas jurídico-fiscais – art. 11.º LGT
Rejeição das teorias especificas na interpretação das normas jurídico-fiscais
Artigo 11.º - Interpretação e integração de lacunas
1 — Na determinação do sentido das normas fiscais e na qualificação dos factos a que as mesmas se aplicam
são observadas as regras e os princípios gerais de interpretação e aplicação das leis.
2 — Sempre que, nas normas fiscais, se empreguem termos próprios de outros ramos de direito, devem os
mesmos ser interpretados no mesmo sentido daquele que aí têm, salvo se outro decorrer diretamente da lei.
3 — Persistindo a dúvida sobre o sentido das normas de incidência a aplicar, deve atender-se à substância
económica dos factos tributários.
O nº1 do art. 11.º da LGT adotou a orientação no sentido de que às normas fiscais são
inteiramente aplicáveis os princípios gerais da interpretação
Todavia, numa aparente contradição, o nº3 do artigo 11.º da LGT parece ter consagrado a
teoria da interpretação económica
O nº2 do artigo 11.º da LGT refere-se á questão da utilização, nas normas fiscais, de
termos próprios de outros ramos de direito
Aplicação imediata da lei nova aos procedimentos e processos em curso, com duas
exceções:
1. Artigo 12.º nº3 da LGT – se afetar garantias, direitos ou interesses legítimos
anteriormente constituídos dos contribuintes
2. Artigo 12.º nº4 da LGT – normas que, embora respeitantes ao procedimento
de determinação da matéria tributável, tenham por função o desenvolvimento
de normas de incidência
6 de abril
Na verdade, a liquidação dos impostos, quando não tem patologias, é feita por iniciativa do
sujeito passivo. Autoliquidar, verdadeiramente, é quando não há nenhuma interação do
fisco, apenas de controlo. Por exemplo, quando a universidade paga o ordenado à doutora,
retém na fonte o imposto. Ex. 2. Amanhã fazemos o termo de autenticação de uma
constituição de hipoteca e tenho de dizer que liquidei e cobrei o imposto de selo de hipoteca
e temos de saber que aquilo está sujeito o imposto, qual a norma de incidência, o advogado
aqui é o sujeito passivo, tem de o cobrar e tem de o entregar ao Estado. Isto é um
fenómeno de autoliquidação e inversão do sujeito passivo.
Contribuinte
Contribuinte é o titular da manifestação da capacidade contributiva que a lei visa atingir e
que, por conseguinte, deve suportar a diminuição do património que o imposto acarreta.
Devedor do Imposto
É o sujeito passivo que deve satisfazer perante o credor fiscal a obrigação de imposto.
20 de abril
Notas soltas sobre a aula passada:
Ao passo que a maior parte dos credores das obrigações pode perdoá-las, estas são
indisponíveis.
Indisponibilidade e Proibição de moratória
Talvez a principal caraterística da prestação/obrigação tributária – ela é garantida! É o
próprio credor que liquida a divida, que define o montante da divida. Depois de liquidar, o
prazo de pagamento está definido na lei, e se não cumpre é extraído o título executivo, e
quem o faz não é uma entidade externa, nem é preciso o próprio devedor entregar um titulo
o credor pode extrair o titulo, e isto não acontece em mais nenhuma obrigação. Pega
neste título executivo e executa-o, executa-o previamente e sem necessitar de alguém –
execução previa e auto-execução. A obrigação tributária é autotitulada e auto-
executória.
Os sujeitos do lado ativo ou são o Estado ou outros entes públicos (ex- municípios), e às
vezes são entes privados a quem o Estado delega o pagamento de alguns tributos por
existência de contrato.
Do lado passivo é que há muitos mais sujeitos! Há os que são os contribuintes, e quando
falamos disto falamos naquela pessoa em que se verifica a capacidade contributiva, que
também são o devedor, que tem de pagar o imposto.
No IRC pode interpor-se outro devedor, substituto tributário – aquele que é obrigado a
reter na fonte imposto por conta do imposto que é devido afinal. Este é um devedor que não
é o contribuinte, não é o que preenche a norma de incidência.
Substituição tributária
Verifica-se sempre que a lei impõe o dever de pagamento do imposto, não à pessoa sobre
quem recaem os pressupostos de facto da tributação (substituído), mas a uma terceira
pessoa (substituto).
Sujeito ativo
Substituto substituído
Total – ex. caso dos não residentes. Quando o substituto tem sobre si não só a
obrigação de prestação do imposto (obrigação principal), mas também o
cumprimento de todas as obrigações fiscais acessórias. Neste caso o substituto é o
único sujeito passivo de todos os vínculos obrigacionais da relaçao jurídico-fiscal
(ex. retenções na fonte a título definitivo)
Parcial – quando se reduz a prestação do imposto e, eventualmente (… ver o
PowerPoint)
Vantagens para o sujeito ativo:
1 — Os administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que somente de facto,
funções de administração ou gestão em pessoas coletivas e entes fiscalmente equiparados são subsidiariamente
responsáveis em relação a estas e solidariamente entre si:
a) Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo
ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver
sido por culpa sua que o património da pessoa coletiva ou ente fiscalmente equiparado se tornou insuficiente para a
sua satisfação;
b) Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do
exercício do seu cargo, quando não provem que não lhes foi imputável a falta de pagamento.
2 — A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos membros dos órgãos de fiscalização e revisores
oficiais de contas nas pessoas coletivas em que os houver, desde que se demonstre que a violação dos deveres
tributários destas resultou do incumprimento das suas funções de fiscalização.
3 — A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos contabilistas certificados desde que se demonstre a
violação dolosa dos deveres de assunção de responsabilidade pela regularização técnica nas áreas contabilística e
fiscal ou de assinatura de declarações fiscais, demonstrações financeiras e seus anexos.
Natureza da responsabilidade:
A responsabilidade solidária face ao devedor originário
A responsabilidade solidaria entre os responsáveis
Pressupostos da responsabilidade:
Incumprimentos dos seus deveres – ónus de prova é a AT
27 de abril
A doutora faltou.
4 de maio
Semana da queima.
11 de maio
Dia do teste.
18 de maio
Transmissão e extinção da obrigação fiscal
Princípio geral: intransmissibilidade dos créditos e dividas tributarias – art. 29.º nº1 e nº3
LGT
Exceções:
Outros casos
juro de mora aplica-se ao devedor que está em mora, então fora do prazo voluntario.
juro de compensação - o que pago no atraso na entrega de uma prestação que ainda não é
líquida.
Juro indemnizatório - paguei uma prestação tributaria que não me era devida e então há a
indemnização dessa.
Outras formas de extinção da obrigação fiscal
Dação em cumprimento (40.º nº2 LGT)
1. Antes da execução fiscal – 87.º CPPT
2. Depois de instaurada a execução fiscal – art. 201.º CPPT
25 de maio
Momentos da vida do imposto
Incidência – encontro do facto com a lei (norma de incidência)
- incidência pessoal (ou subjetiva) – determina quem suporta o encargo do imposto
- incidência real (objetiva) – determina o que é sujeito a tributação: que rendimento, que
património, que despesa
Lançamento:
Liquidação em sentido amplo
- determinação em concreto do sujeito passivo da obrigação fiscal
- determinação da matéria coletável (ou tributável)
Liquidação em sentido estrito:
- determinação da coleta mediante a aplicação da taxa à matéria coletável
- deduções à coleta/acréscimos à coleta (caso as haja)
- com o objeto de apurar o imposto a pagar
Notas soltas:
A isenção vem depois da sujeição. Primeiramente, a pessoa ou situação estão sujeitos a
imposto, preenchem a norma de incidência, e depois, para corrigir desigualdades, há
normas de isenção.
Nota: (exemplo) No IRS, quem paga – pessoas singulares, residentes em território
nacional ou que pelo menos tenham cá rendimentos.
Impostos sobre o tabaco – intenção moderadora (dissuasor de consumo), mas também
para que os fumadores contribuam para o maior desgaste que ocasionam ao serviço
nacional de saúde, para a segurança social. Há aqui um aspeto extrafiscal e um aspeto
de contribuição para maior desgaste. “intuitos extrafiscais da fiscalidade”.
Menção do livro “Os impostos de pecado” – professor Sérgio Vásquez
A obrigação tributaria não nasce certa, líquida, exigível! Para eu pagar a divida ela tem de o
ser. O segundo momento da vida da obrigação tributária é a sua liquidação, sendo o
primeiro o encontro do facto com a norma de incidência.
A divida de imposto nasce, por natureza, ilíquida, salvo exceções. Quando a divida nasce
ela nasce por liquidar. Às vezes, em menção das exceções desta realidade, como é o caso
da compra e venda de imoveis, a liquidação e o pagamento precedem o ato constitutivo. Ex.
2. Inversão do sujeito passivo no imposto de selo. Se passar os 4 anos do prazo de
caducidade a obrigação não poderá ser liquidada. (relembrar as aulas práticas – 24 de
maio)
A obrigação nasce ilíquida, e depois há um prazo para ela ser liquidada. Este processo de
liquidação, há impostos em que muito bem se distingue uma fase de lançamento e uma
fase de liquidação em sentido estrito, como é o caso do IRS. Na fase do lançamento vemos
quem paga e qual a matéria coletável, e quando encontramos a coleta e fazemos deduções
à mesma temos a fase da liquidação em sentido estrito.
Uma vez liquidada a obrigação, estando certa, líquida e exigível, ela é paga,
voluntariamente e dentro do prazo. Se esta liquidação é feita tardiamente, não é feita no
momento em que devia ter sido feita, ela tem juro compensatório (e não de mora) porque eu
devia ter apresentado a minha declaração de rendimentos até uma data e houve problemas,
e então o fisco veio corrigir, e o que eu tiver a pagar vai ser acrescido de juros. Não estou
em mora porque ela não estava liquidada, mas tenho de compensar pelo atraso na entrega.
Quando a obrigação está certa, líquida e exigida, tenho prazo de pagamento voluntario e
não pago, aí sim estão a vencer-se juros de mora. Os juros de mora tanto se vencem sobre
a obrigação de imposto propriamente dita como em cima do juro compensatório que haja. A
partir daí, como a obrigação fiscal é autotitulada, o que o fisco faz é extrair um título de
divida e citar-me para a execução fiscal, que ela própria faz, por também ser auto-
executória. Aí são penhorados bens, salários, etc, há uma cobrança coerciva, e extingue-se
pelo pagamento se conseguirem. Se não conseguir, faz-se declaração em falhas, mas um
dia descobrem bens e, a não ser que, entretanto, ocorra a prescrição, continuam a
penhorar.
Também se pode extinguir por dação em pagamento, que também é uma forma de
pagamento, mas é uma forma rara e excecional de pagar, ou também se extingue por
prescrição, que já veremos.
A propósito da liquidação, ela é normalmente da responsabilidade da AT, mas é da iniciativa
do sujeito passivo quem liquida, quem faz as contas, é a AT, e quem dá o pontapé para a
liquidação é o sujeito passivo apresentando a declaração para liquidação do imposto, e
estas não são autoliquidações! Não há uma autoliquidação porque da contraparte está a ser
feito um controlo automático, não é um ato unilateral, apesar de não interagir propriamente
e diretamente com ninguém, apenas com o computador, no portal das finanças.
“Autoliquidar o imposto” – nos casos de autoliquidação a reclamação é obrigatória
Pode ser que seja da responsabilidade do sujeito passivo, que é raro – nestes casos sim,
fala-se de autoliquidação, ou seja, o apuramento do imposto é da competência do próprio
sujeito passivo da obrigação tributária. Não se pode confundir isto com o acima referido das
declarações para liquidação.
Nota: Ver o PowerPoint para exemplos de autoliquidação.
Juros de mora: juros devidos/ penalização pelo pagamento fora de prazo (art. 44.º LGT)
Prescrição da divida: forma de extinção da divida (que tenha sido liquidada dentro do
prazo de caducidade.
O prazo geral de prescrição das obrigações tributarias é de 8 anos (art. 48.º e 49.º LGT)
Há varias circunstancias que interrompem o prazo de prescrição. As circunstancias
interruptivas na lei só ocorrem uma vez, com aquela que aconteça primeiro, e quais são?
São a reclamação graciosa de revisão do ato tributário (49.º LGT), o pedido de pronuncia
arbitral, etc.
O único que levanta problemas é a citação! O sujeito passivo só pode ser citado, em direito
tributário, para o processo de execução fiscal. Aqui poe-se o problema de se aplicar o artigo
327.º do código civil qual a razão de ser disto? É as ações não prescreverem em juízo.
Ex. temos uma ação de responsabilidade civil, e o direito de indemnização prescreve em 3
anos, não basta propor a ação, é preciso a citação para interromper a prescrição, e com a
citação interrompe-se a prescrição e todo o tempo decorrido vai à vida. Uma ação judicial
na 1º instancia às vezes demora 3 anos, e se o prazo volta a decorrer o direito a indemnizar
prescreve em tribunal. O que acontece? Eu propus a ação para o direito depois prescrever
em tribunal? Não faz sentido, daí o artigo 327.º. Enquanto a ação estiver em curso, que
depois me permite cobrar, não está a correr o prazo.
Sempre que o fisco não consegue cobrar, porque eu consegui suspender o processo de
execução fiscal, a cobrança, o processo está suspenso, impeço o fisco de cobrar, e então o
prazo de prescrição está suspenso. Por outro lado, o artigo 327.º fala do transito em julgado
da sentença, mas o processo de execução fiscal não tem sentença, então o que é a
sentença aqui? Não é nada. A jurisprudência dominante vai no sentido de que a citação tem
este efeito interruptivo no prazo de prescrição.
Artigo “dividas fiscais eternas” – ver link no moodle: APLICAÇÃO DO ARTIGO 327.º DO CC
Á PRESCRIÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIAFicheiro
- Impostos diretos
- Impostos indiretos
- Impostos periódicos: a relaçao jurídica fonte da obrigação de imposto tem na sua base
situações estáveis, que se prolongam no tempo renovam-se periodicamente (normalmente,
todos os anos). (Ex. IRS, IRC, IMI, IUC)
- impostos de obrigação única: a relaçao jurídica fonte de obrigação do imposto tem na
sua base um facto ou ato isolado (ex. IMT, IS)
Principal importância pratica: contagem dos prazos de caducidade de liquidação e da
prescrição da obrigação do imposto.
- Impostos de quota fixa: a lei determina que o montante de imposto a pagar resulta de
uma importância fixa. (ex. contribuição audiovisual).
01 de junho
São Impostos sobre o rendimento IRS e IRC
São impostos sobre o património quando adquirimos, a titulo oneroso, o IMT e algumas
verbas do imposto de selo, a titulo gratuito o imposto de selo, quando temos carros o IUC
Imposto geral sobre o consumo: IVA
Impostos especiais sobre o consumo – incidem sobre coisas especiais (ex. tabaco,
automóvel, etc)
Sempre que há uma liquidação de imposto, há um aspeto que os juristas dominam, o
aspeto processual (se foi respeitado o processo ou não), havendo também um processo
substantivo que tem a ver com as garantias, há um aspeto de direito fiscal (ex.
constitucionalidade do imposto) e há um aspeto de fiscalidade e contabilidade que em
Direito não dominamos tanto. Ou seja, o processo tributário corre em cima de ciência que
nós juristas não dominamos temos de ter uma noção de como os impostos funcionam!
IRS
Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares.
Momentos da vida do imposto: a norma de incidência é a que diz quem paga imposto e o
que paga imposto. No IRS temos normas de incidência:
1. Normas de incidência pessoal – artigo 13.º do código do IRS – que residam em
Portugal ou cá tenham residência que preencham a norma de incidência real 1.
pessoas singulares, 2. Residentes, 3. Que cá tenham rendimentos
2. Normas de incidência real
Conceito de residência – ter cá domicilio fiscal e estar em Portugal 180 dias seguidos ou,
não estando cá, manteve aqui domicilio fiscal em condições de se presumir que está cá.
Ex. António, que vive em Portugal, e tem cá rendimentos do trabalho (categoria A) mas,
depois, foi a Espanha, tendo prestado um serviço de categoria B e ganho dinheiro. Em
Espanha ele é não residente, e lá tem uma norma de incidência igual à nossa. O António
pagou imposto em Espanha, por ex. 10 euros à taxa liberatória de 28%. O que é isto? Como
ele é não residente, quem lhe pagou reteve na fonte o imposto. O mesmo se passaria em
Portugal se fosse ao contrario.
Captamos o imposto dos não residentes – “pontos de conexão” – o imposto atua como íman
Agregado familiar este conceito é um reflexo do principio da consideração fiscal da
família. Não quer isto dizer que o agregado familiar seja sujeito passivo de IRS. Este é um
conceito que interessa para dedução de despesas – posso deduzir as minhas despesas e
do meu agregado familiar. Não é a mesma coisa eu ganhar 1000 euros sozinha, e ganhar
1000 euros e ter 4 filhos (também é, assim, reflexo do principio da igualdade e da
capacidade contributiva).
Cônjuge
A pessoa, sozinha, e os seus dependentes a cargo
Unidos de facto
Filhos biológicos ou adotados (restritos – art. 13.º)
Afilhados civis
Enteados
Filhos de unidos de facto que vivam connosco
os nossos pais, mesmo que vivam connosco, não fazem parte do agregado familiar!
Isso chama-se um ascendente que vive em economia comum, e pode haver deduções
em relaçao a isso, mas não integram o agregado familiar
incidência real – o IRS, para além de um imposto direito sobre o rendimento, progressivo
por escalões, é um imposto único, não porque é o único imposto que as pessoas singulares
pagam, mas o único sobre o rendimento que elas pagam. Os impostos, conforme a fonte de
rendimento, ainda estão agrupados em categorias (ex. dentro da categoria A temos os
rendimentos do trabalho dependente, dentro da categoria B temos profissionais, na E temos
rendimentos de capitais, na F temos rendimentos prediais, na G temos mais valias, na H
temos as pensões).
A norma de incidência, em bom rigor, também agrupa os rendimentos em categorias.
Não sujeição nota: Só pode estar isento algo que esteja sujeito!
sujeição
Quando o jornal diz que Portugal isenta a tributação a cripto moeda por exemplo, Portugal
não está a isentar, as cripto moedas é que não estão sujeitas a tributação, não está
enquadrado em nenhuma categoria, apenas, não existe norma de incidência, portanto não
existe a sujeição.
O legislador entende que é muito diferente o tipo de rendimento conforme a fonte. É
diferente eu ser medico, ou arquiteto, ou advogado.
Figura das deduções especificas – especificas de cada categoria
António e Berta soa casados e normalmente apresentam o IRS separado, mas pode dar
jeito apresentarem juntos. quociente familiar. Estando uma pessoa num escalão abaixo,
há que fazer o exercício fictício, simular, para entender se vale a pena ou não.
Entrando na fase de liquidação em sentido estrito as pessoas pegam no rendimento, e
agora suponhamos que o valor é 43.350€ (cabe no 6º escalão), e multiplica-se pelas taxas
do artigo 68.º do CIRS.
15 de junho
Relembrar….
Em IRS o que se mede é o que nós ganhamos durante o ano, enquanto que no IRC o que
se mede é a situação patrimonial num ano relativamente ao outro.
Pessoas singulares em IRS vs. Pessoas coletivas ou (..)
Os rendimentos em IRS são parcelados até na fase do lançamento e em IRC são tratados
todos iguais.
No IRS, o rendimento, até à fase do englobamento, o vai ser distribuído em categorias.
Nesta fase os rendimentos são tratados de forma diferente para se poder fazer as deduções
que diferem relativamente a cada categoria.
Retenções na fonte com natureza de pagamentos por conta vs pagamentos por conta
propriamente ditos.
Não se abarca aqui retenções na fonte a titulo definitivo – estes rendimentos já foram
tributados separadamente e então já foram liberados.
Há outro conjunto de impostos – impostos sobre o património – os mais importantes são
sobre o imobiliário.
Imposto único de circulação – automóvel – sobre este, é imposto que pagamos para ter o
carro, e era confundido com uma taxa porque se achava que se pagava para circular com o
carro, e não é isto. Poderia era ser considerado uma contribuição por maior desgaste
ocasional. O IUC é pago em função da cilindrada do carro, das emissões de carbono, e não
em relação aos quilómetros que eu faço. A lei resolveu isto melhorando o texto da norma de
incidência e então percebe-se que este não tem nada a ver com a circulação.