CASO PRÁTICO I

Margarida, residente em Matosinhos, foi contratada, em 2004, mediante contrato de

trabalho por tempo indeterminado, pela sociedade Mais Saúde, Lda. para desempenhar
as funções de rececionista, na clínica sita em Faro, auferindo uma retribuição mensal de
€900,00 e cumprindo um horário de trabalho semanal de 40 horas, distribuídas de
segunda a sexta-feira.

Margarida, no dia 12 de Setembro, enquanto gozava a licença parental por ocasião do

nascimento de Marta, em Junho deste ano, recebe via CTT a Nota de Culpa, com
suspensão preventiva, na qual é informada, pelo instrutor do processo, que a Mais
Saúde, Lda. pretende proceder ao seu despedimento por ter furtado dinheiro da caixa,
durante os meses de Maio e Junho, factos que conheceu no dia 2 de Setembro de 2022.

Na nota de culpa está referido que “A Arguida fez suas por diversas vezes quantias da
caixa durante os meses de Maio e Junho de 2022.”

a) Qual o meio adequado para Margarida se defender? Em que prazo? O pedido de

consulta do processo disciplinar interrompe tal prazo?
b) A consulta do processo disciplinar envolve também a consulta de um eventual
processo prévio de inquérito que tenha existido?
c) Margarida poderia pedir a confiança do processo nos termos do art. 165.º do CPC?
d) Poderá a consulta ser requerida após o prazo a que se refere a alínea a)?
e) Será a entidade patronal obrigada a fazer constar da Nota de Culpa que Margarida
poderia consultar o processo disciplinar, bem como o local e a hora para o efeito?
f) Suponha que os factos foram conhecidos pela Mais Saúde, Lda. em Maio de 2022,
que argumento Margarida poderia alegar em Setembro de 2022?
g) A suspensão preventiva de Margarida teria de estar fundamentada? Em que termos?
h) A falta de resposta comporta uma confissão de Margarida sobre os factos de que
vem imputada?
i) Margarida pretende arrolar Maria, sua colega de trabalho em Faro, como sua
testemunha. A inquirição da testemunha ficou agendada para o dia 12 de Outubro
de 2022, no escritório do Instrutor nomeado no processo, em Lisboa, local onde
Margarida, de acordo com a Nota de Culpa, pode consultar o processo. Quid iuris?
j) Suponha que a testemunha, sendo inquirida em Faro, apesar de avisada sobre o dia
e hora da inquirição, não comparece. Será o instrutor obrigado a agendar nova data
para a ouvir?
k) Sendo Maria trabalhadora da Mais Saúde, Lda. esta pode recusar-se a ser ouvida?
l) O empregador aplicou uma sanção de perda de 15 dias de férias, a mesma é legal?
Poderá o Tribunal, considerando que a medida aplicada foi excessiva, alterar a
sanção?