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Direito Fiscal-2º ano

O Direito fiscal financeiro é o direito público que se encarrega


nos estudos tributários e estuda principalmente os impostos. É
constituído por diversos domínios, alguns dos quais têm a
dogmática muito desenvolvida.

Direito Fiscal-é o ramo do direito que regula as relações-públicas


entre o sujeito que tem obrigações materiais e formais
relacionadas com os impostos e a entidade de direito público
titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações
tributárias.

Os tributos são prestações aplicadas por parte do Estado aos


agentes e atividades na economia a partir de um fato gerador e
classificam-se em:

Impostos: são um valor pecuniário que as pessoas e as empresas pagam


ao estado, ou seja, têm um carácter unilateral porque não há uma
contrapartida(recompensa) específica o que dá origem à uma relação
jurídica não sinalagmática.
Exemplos: IRS, IRC, Derrama, IVA, ISV (Imposto sobre veículo), etc…

Taxas: é o valor pecuniário o qual deve ser feito para receber algo em
troca, esta tem um carácter bilateral e verificámos uma relação jurídica
sinalagmática.
Exemplos: Taxas urbanísticas, taxas de propriedade intelectual, Taxas
de aeroporto, etc…
Contribuição financeira: é uma forma do estado adquirir receitas, não
fazendo parte das taxas nem dos impostos onde elas são bilaterais e
difusas, ou seja, beneficiam o sujeito, mas não de uma forma direta tendo
uma relação jurídica sinalagmática.
Nenhum dos tributos tem carácter sancionatório.

No Direito Fiscal, encontrámos ainda dois regimes: o geral e o especial.

O Direito Fiscal Geral- engloba principalmente os impostos porque estes


constituem as principais receitas do Estado.
Já o Direito Fiscal Especial

Relações que se estabelecem entre o Direito


Tributário/fiscal e outros ramos do Direito

Direito Constitucional- Direito Fiscal


*Alguns dos princípios estudados no Direito Constitucional (princípio da
legalidade, princípio da soberania, etc.) têm grande relevância no Direito
Fiscal.

Direito Internacional- Direito Fiscal


*Há uma componente de dois critérios muito importante dedicada ao
Direito Fiscal.
1. Critério da residência
2. Critério da Fonte de rendimento
Por exemplo, caso seja residente num País e tenha fonte de rendimento
em outro utilizam-se os tratados/convenções internacionais para evitar
dupla tributação (normalmente são bilaterais por serem celebradas entre
dois estados) e decide-se qual é o direito que prevalece, ou seja, quem
tem o direito de tributar. Há exemplos de modelos de convenção que os
estados normalmente utilizam como minutas.
Faz-se a transposição de uma diretiva europeia para saberem como taxar
utilizando os impostos.

Direito Administrativo- Direito Fiscal


*Quem faz a liquidação dos impostos, cobre impostos, fiscaliza as
matérias de tributação é a administração pública que pratica atos
administrativos em matéria fiscal.
Liquidar impostos- operação que antecede pagamento do imposto
(calcular o imposto/determinar o montante do imposto).

Direito Civil- Direito Fiscal


*Regras para a interpretação da lei fiscal (artigo 9º do Código Civil)
*Elementos da relação jurídica (sujeito, fato, objeto, garantia) No Direito
Fiscal estuda-se os elementos da relação jurídica tributária que são os
mesmos que os do Direito Civil.
*Muitos dos conceitos usados no Direito Fiscal são usados no Direito Civil
(conceito de propriedade, conceito de compra e venda, liberdade
contratual)

Direito Penal- Direito Fiscal


*Há um propósito entre ambos ramos quando se verifica o
incumprimento dos tributos ou alguma infração tributária.
Ambos têm estruturas e princípios sancionatórios.

Direito das sociedades comerciais- Direito Fiscal


*Falando destes dois ramos, associamos o IRC porque as relações que se
estabelecem entre várias empresas é relevante para o Direito Fiscal.
Por exemplo, se estas empresas têm lucros estes lucros são tributados no
IRC e são distribuídos aos acionistas (que são chamados de rendimento
pessoal, mas não deixam de ser tributados.)

Direito do Trabalho- Direito Fiscal


*Partindo do princípio de que quem obtiver rendimentos do Trabalho
deve pagar impostos, nomeadamente o IRS.
O Direito Fiscal tem ainda uma ligação com algumas ciências como é o
caso da economia e da contabilidade porque os instrumentos destas
ciências podem ser usados como políticas económicas.

Direito Fiscal Multinível

Consiste no estudo dos diversos níveis de produção normativa (que


interagem entre si) / emissão de normas jurídicas. Existem dimensões
supraestaduais (Acima do estado) e as dimensões infra estaduais.

*Portugal está integrado na união económica e monetária para além de


estar na União Europeia.

Quanto aos impostos indiretos, são impostos em que há uma forte


harmonização europeia porque está expressamente previsto nos tratados
(sobre o funcionamento da união europeia e ao tratado da união
europeia)
Por exemplo, o Iva que resultou da transposição de uma diretiva da união
europeia.

Tributação direta- não existe qualquer norma nos tratados que preveja
essa harmonização, ou seja, esse poder não foi transferido pelos estados-
membros para a União Europeia o que significa que continua a ser os
estados-membros a ter o poder soberano de definir a regra dos impostos
diretos.

Mesmo nos impostos em que o estado continua a ser soberano há limites


que foram afirmados claramente pelo Tribunal de justiça da UE, exceto se
um cidadão se sentir tentado ou se a UE verificar incompatibilidade da
norma.

*Estas regras fiscais não podem restringir o funcionamento do mercado


interno.
Exemplo: Liberdade de circulação de capitais, liberdade de
estabelecimento…
No ordenamento jurídico português existem impostos que são
classificados como impostos municipais, como por exemplo os impostos
municipais sobre imóveis e o IMT (imposto municipal sobre as
transmissões onerosas de imóveis).
Quem pode criar impostos é o parlamento ou o governo se for autorizado.

IMT- são receitas dos municípios em cujo território se situam os imóveis.


*Paga-se logo que se adquire um bem imóvel.

Mesmo no Direito Fiscal devemos falar dos municípios porque beneficiam


com as suas receitas e têm algumas competências na aplicação dos
impostos.

Direito Constitucional Fiscal

A constituição -1ºs coordenadas de reflexão(funções):


*Limitação do poder político (É crucial o estado garantir que não há
nenhum órgão com excesso de poder/ Equilíbrio de poderes)
*Superioridade hierárquica da Constituição
*Unidade de Constituição (onde destacamos que a constituição não pode
ser vista como um conjunto de artigos soltos, mas sim como um fio
condutor que existem certos valores e princípios estruturantes)
Quando estudamos a constituição fiscal, não podemos fazê-lo de forma
descontextualizada, estes artigos devem ser estudados e compreendidos
no contexto da constituição.

Fundamentos constitucionais da tributação

*Autotributação – No taxation without representation (Em matéria


de impostos, é necessário que seja o cidadão a autorizar a consulta dos
impostos)
* Atividade financeira pública (tem de ser enquadrada e disciplinada
por norma jurídica que disciplina a atividade financeira pública)
*Direito Financeiro público
-Direito orçamental
-Direito Tributário
-Direito Fiscal

1º e 2º Artigo da CRP de 1976- Valores fundamentais que inspiram a


constituição incluindo a constituição fiscal.

Finalidades do sistema fiscal português -Artigo 103


Classificação jurídico-constitucional dos impostos-Artigo 104
Taxas e contribuições financeiras- Artigo 175

Normas jurídicas subdividem-se em Princípios e regras jurídicas.


Princípios jurídicos - têm uma formulação menos precisa, ou seja, são mais
abertos e permitem vários graus de concretização.
Regras jurídicas – são mais especificas de tal modo que ou são respeitadas
ou não são, ou vale, ou não valem. Não há meio termo.

Impostos- são utilizados para a prossecução de um objetivo não


financeiro, não têm uma finalidade exclusivamente financeira, ou seja,
não servem apenas para financiar o estado.

Fala-se em redistribuição dos rendimentos da riqueza e não em


distribuição porque vivem num estado em que a distribuição é feita
porque o estado sente a necessidade de promover a justa repartição do
rendimento e da riqueza.

Muitas vezes os impostos são utilizados para as pessoas coletivas ou


singulares mudarem os seus comportamentos.

A constituição prima pela igualdade material e não uma igualdade formal


meramente aparente.
Porém, a constituição não pretende uma igualdade absoluta.

Em matéria de imposto, concretiza-se a igualdade material através da


capacidade contributiva para pagar impostos. Ou seja, a capacidade
contributiva é aquela através do qual se concretiza o princípio da
igualdade material em matéria fiscal. Os impostos assentam
essencialmente na capacidade contributiva.

Leis- quem aprova: AR


Decretos-lei: governo
(Artigo 165) Reserva relativa: o órgão competente para legislar é a AR,
mas tem a possibilidade de a AR autorizar o governo a legislar nessas
matérias o que não acontece na reserva absoluta (artigo 164)

Incidência subjetiva/ pessoal: quem é o sujeito do imposto, quem tem que


cumprir com a obrigação fiscal.
Incidência objetiva/ real: descreve, aquilo que é tributado.

Princípio da tipicidade da lei fiscal: Quando há uma tipificação que


configura crime (só estamos obrigados a pagar impostos relativamente
aos fatos descritos na lei)

*Princípio da legalidade-Artigo 103


*Princípio da Igualdade- Artigo 13 da CRP

Princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos:


Resulta de várias disposições e tem como
-Estabilidade (as normas jurídicas devem valer por um certo período de
tempo)
-Previsibilidade (todo mundo deve poder conhecer as regras
antecipadamente)
-Clareza (as regras devem ser claras de modos a que todos possam
cumprir)
-Publicidade (todo mundo deve ter acesso às regras antes que as mesmas
entrem em vigor/ sejam aplicadas)
Proibição da retroatividade autêntica das normas fiscais desfavoráveis
(não devem ser aplicadas normas que produzem efeitos para o passado)
 As leis produzem efeitos para o futuro, mas em alguns casos o
legislador pode determinar que certa lei produza efeitos para o
passado – Lei com efeitos retroativos/ retroatividade autêntica

Retroatividade inautêntica/ retrospetividade- a norma produz efeitos para


o futuro, mas aplica-se a situações já iniciadas no passado e permanece.

O artigo 103 nº3 proíbe a retroatividade autêntica e não a inautêntica.


No caso de normas fiscais retrospetivas, em princípio não é proibida. Só
será considerada incompatível com a constituição uma norma fiscal
retrospetiva que seja considerada excessiva, que vá para além do
razoável.
Quando o IMT é pago, os valores são todos pagos ao Município.
O critério de benefício tem muito relevo em matéria fiscal.
Critério da progressividade ou proporcionalidade dos impostos- artigo
104, nº1 define e impõe ao legislador características fundamentais para a
tributação do rendimento das pessoas singulares.
Quando dizemos que o imposto é progressivo/taxa progressiva significa
que quanto mais elevado for o rendimento do sujeito maior é a taxa
aplicada.
Exemplo: IRS
Matéria coletável- valor sobre o qual incide a taxa.
Quando o imposto for destinado à habitação o IMT torna-se num imposto
progressivo.

Impostos proporcionais- a taxa é sempre a mesma, não varia com a


matéria coletável como por exemplo o IVA.
Um imposto progressivo é mais apto a promover a justa redistribuição do
rendimento e da riqueza porque tributa mais fortemente quem tem
rendimentos elevados e com taxas menores quem tem rendimentos mais
baixos.

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