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O ramo de direito que regula esta atividade designa-se por Direito Financeiro Público, o qual consiste,
portanto, no conjunto de normas jurídicas que regulam a obtenção, o dispêndio e a gestão dos recursos
financeiros do Estado.
Ou seja, desdobra-se em três áreas:
1. Direito das receitas: Dentro do Direito das receitas sobressai o direito tributário que consiste
no conjunto de normas que disciplinam a atividade do Estado desenvolvida no sentido da
arrecadação das receitas que o Estado fixa coativamente: os Tributos, as taxas e os impostos.
Dentro do Direito das Receitas ainda se distingue o Direito Fiscal, o Direito dos impostos que
consiste no conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas suscitadas pela arrecadação
de impostos.
2. Direito das despesas: o direito das despesas tem como função avaliar as necessidades
coletivas; justificar os meios a empregar para a satisfação dessas necessidades (p.ex: concursos
públicos) e controlar a eficiência e a produtividade dos serviços.
3. Direito da Administração Financeira: orçamento geral do Estado (é uma previsão do que vai
acontecer. Funciona também como autorização para as despesas que o Estado vai ter) e Conta
Geral do Estado (é a aprovação das contas)
ideia do Estado fiscal, no princípio da legalidade fiscal e no critério material dos impostos ou princípio da
legalidade fiscal e no critério material dos impostos ou princípio da capacidade contributiva; outro, mais
recente, materializando no recorte constitucional caracterizador ou típico do sistema fiscal, seja quanto
às finalidades que este deve prosseguir, seja relativamente à delimitação dos principais impostos
integrantes do sistema. (abrange normas relativas à formação da lei fiscal e normas materiais e
programáticas)
Direito fiscal e direito administrativo: A grande relação do direito fiscal com o direito administrativo
manifesta-se no facto de aquele constituir fundamentalmente um (sub)ramo deste, donde decorre que
uma boa parte dos institutos de direito fiscal se encontra numa relação specie/genus face aos institutos
do direito administrativo.
Assim e no respeitante à organização administrativo fiscal, não podemos esquecer que a administração
fiscal constitui a parcela da administração do Estado, ou mais precisamente, da administração financeira
do Estado a que está confiada a recolha dos meios financeiros indispensáveis à realização dos fins do
Estado.
Em consequência não surpreende que múltiplos aspetos da administração fiscal sejam disciplinados pelo
direito administrativo.
Isto tem suporto no CPA, na LGT e no CPPT.
Direito fiscal e Direito Privado: O mais importante ponto de contacto entre estes dois ramos de
direito reside, no entanto, no facto de o direito fiscal ligar, por via de regra, a obrigação de imposto à
prática de atos, ao exercício de atividades ou ao gozo de situações que se apresentam disciplinadas
enquanto tais pelo direito privado, de modo que o direito dos impostos se move naquele setor de
direito público que mais se aproxima do direito privado. Essa circunstância explica também que as
normas jurídicas fiscais recorram frequentemente a conceitos utilizados pelo direito privado.
Direito Fiscal e Direito Penal: Também entre estes dois ramos de direito há importantes e evidentes
relações. E a primeira, que deve ser salientada, prende-se com o paralelismo na constituição e
desenvolvimento destes dois ramos de direito. Uma outra relação entre estes dois ramos de direito
reside no facto de no direito fiscal também haver normas cuja função é a de qualificar certos
comportamentos, traduzidos em ações ou omissões, dos contribuintes ou de terceiros como infrações,
estabelecendo as correspondentes sanções; ou seja o direito fiscal integra no seu seio um setor de
direito sancionatório – o chamado direito penal fiscal constante basicamente do RGIT.
Um outro ponto de contacto entre o direito fiscal e o direito penal encontramo-lo na questão da
tributação de rendimentos provenientes de atividades ilícitas. Uma questão relativamente à qual, desde
há muito tempo, defendíamos uma resposta positiva, conquanto que a tributação de tais manifestações
da capacidade contributiva não se constituísse em disfunção do direito penal.
Direito Fiscal e Direito Processual: O ponto de contacto mais visível e importante entre o direito
fiscal e o direito processual tem expressão no facto de o direito fiscal também conhecer segmentos de
direito processual, ou seja, conjuntos mais ou menos estruturados de normas cuja função é disciplinar
os diversos processos judiciais fiscais. Trata-se, mais exatamente, do processo tributário do processo de
execução fiscal e do processo de contra-ordenação fiscal.
Direito Fiscal e Direito Internacional: É cada vez mais visível nos ordenamentos fiscais nacionais a
existência de segmentos de direito internacional fiscal, isto é, de normas fiscais provenientes de
convenções internacionais que visam fundamentalmente situações internacionais ou plurilocalizadas. O
que não significa que não existem convenções internacionais que disciplinem normas exclusivamente
internas.
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Todavia, hoje em dia, nesta sede, procura-se mais tratar do chamado direito fiscal internacional,
polarizado em torno das normas que regulam situações fiscais internacionais, do que do referido direito
internacional fiscal, polarizado em torno de normas de fonte internacional, isto é, de normas cuja
violação dá origem a problemas de direito internacional público, como o da responsabilidade
internacional do Estado.
Direito Fiscal e Direito Europeu: O direito fiscal tem igualmente relações importantes com este ramo
de direito. Relações que se consubstanciam basicamente na existência de um direito fiscal europeu, um
setor de direito financeiro europeu que disciplina, por um lado, os impostos europeus ou impostos
comunitários próprios, que constitui o chamado direito fiscal europeu próprio, e por outro, alguns
aspetos dos impostos estaduais para os quais a comunidade exige harmonização, o que forma o direito
fiscal europeu interestadual.
Conceito de Imposto
Podemos definir o imposto com base em três elementos: um elemento objetivo, um elemento subjetivo
e um elemento teleológico ou finalista.
Objetivamente o Imposto é uma prestação:
pecuniária
unilateral
definitiva
coativa
Subjetivamente o Imposto é uma prestação com as características objetivas que acabamos de
mencionar, exigida ou devida por detentores individuais ou coletivos de capacidade contributiva a favor
de entidades que exerçam funções ou tarefas públicas.
Em termos teleológicos, o imposto é exigido pelas entidades que exerçam funções públicas para a
realização dessas funções, conquanto que não tenham caráter sancionatório.
Assim, o Imposto é:
uma prestação: o que significa que integra uma relação de natureza obrigacional
pecuniária: ou seja, uma prestação de dare pecunia ou concretizada em dinheiro
coativa: isto é, uma prestação ex lege ou uma prestação que tem por fonte a lei, que é
estabelecida por lei. A obrigação de imposto surge, pois, exclusivamente por força do encontro
do facto tributário ou do pressuposto de facto do imposto com a lei, que assim modela o seu
conteúdo, independentemente, portanto de qualquer manifestação de vontade do
contribuinte nesse sentido, como o prescrevem, de resto em termos muito claros, os nºs 1 e 2
do artigo 36º da LGT.
Unilateral: pois não lhe corresponde qualquer contraprestação específica a favor do
contribuinte
Definitiva: ou seja, uma prestação que não dá lugar a qualquer reembolso, restituição ou
indemnização.
exigida pelo Estado ou outros entes públicos
Sem caráter de sanção para a realização de fins públicos: o que significa que o imposto pode
ter por finalidade não apenas a finalidade financeira ou fiscal, mas também outras, excluída a
função sancionatória.
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Imposto Vs Taxa
Entre nós a figura dos tributos tem sido objeto de uma divisão dicotómica, bipartida ou binária, que os
distribui por tributos unilaterais ou impostos e tributos bilaterais ou taxas, ou de uma divisão tripartida
ou ternária que distingue entre impostos, taxas e contribuições ou tributos especiais.
Com efeito, enquanto os impostos obedecem ao exigente princípio da legalidade fiscal e o seu
pressuposto e medida têm por base o princípio da capacidade contributiva, as taxas bastam-se com a
reserva de lei parlamentar do seu regime geral e o seu pressuposto e medida assentam no princípio da
bilateralidade e no princípio da proporcionalidade taxa/prestação estadual proporcionada ou
taxa/custos específicos causados à respetiva comunidade.
Podemos dizer que em rigor há aqui dois testes a fazer: o da bilateralidade e o da proporcionalidade.
Pelo que não basta que o tributo tenha caráter bilateral, para podermos concluir pela sua conformidade
constitucional. Exige-se também proporcionalidade entre o tributo e a respetiva prestação específica.
Tendo em conta o anterior e o disposto no artigo 5º nº2 do RGTAL, podemos alinhar os diversos tipos de
tributos como segue:
Tipo de Tributo Estrutura Cirtério (medida)
Imposto Unilateral Pr. Capacidade contributiva E
obedece ao pri. legalidade fiscal
Taxa Bilateral Reserva de lei apenas quanto
ao seu regime geral e assenta
no princípio da
proporcionalidade
Contribuição especiais:
contribuições de melhoria (por exemplo: encargos de mais valias)- verificam-se naqueles
casos em que é devida uma prestação, em virtude de uma vantagem económica particular
resultante do exercício de uma atividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal
atividade indistintamente beneficia
contribuições do maior desgaste ocasionado: ocorre naquelas situações em que é devida
uma prestação em virtude de as coisas possuídas ou de a atividade exercida pelos
particulares darem origem a uma maior despesa das autoridades públicas.
Ora, como se pode ver, tais contribuições especiais não passam de impostos especiais que apresentam a
particularidade de terem por base manifestações de capacidade contributiva de determinados grupos
de pessoas resultantes do exercício de uma atividade administrativa pública e não, ou não
exclusivamente, do exercício de uma atividade do respetivo contribuinte como acontece nos impostos.
4. Cobrança ou pagamento
a. pagamento voluntário
b. cobrança coerciva
3. Impostos sobre o consumo: atende à riqueza no momento em que esta é gasta ou consumida
a. Geral: IVA
b. Especiais (IEC’S)
i. ISP (imposto sobre produtos petrolíferos)
ii. ISV (Imposto sobre veículos)
iii. IST (Imposto sobre tabaco)
iv. IABA (imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas)
4. Impostos periódicos: A relação jurídica fonte da obrigação de imposto tem na sua base
situações estáveis, que se prolongam no tempo, renovam-se todos os anos. Formam-se ao
longo do ano, não é um ato isolado, é um conjunto de atos. (ex. IRS, IRC, IMI)
5. Impostos de obrigação única: A relação jurídica fonte da obrigação do imposto tem na sua
base um facto ou ato isolado (ex. IMT, IS, a compra de um imóvel).
6. Impostos Diretos e Indiretos: Não existe nenhum critério específico para a sua classificação.
Assim, o critério mais prático de distinção é o seguinte:
a. Classificação orçamental das receitas fiscais (critério da contabilidade nacional):
utiliza-se no orçamento do Estado, é a lei que nos diz quais são diretos e quais são
indiretos.
b. Na CRP, na LGT e no TUE:
i. Impostos diretos: rendimento e património (por regra estamos a tratar de
impostos nacionais)
ii. Impostos indiretos: consumo (Iva, é imposto pela união europeia)
c. No artigo 736º nº1 do código civil:
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Por exemplo: o IMT é um imposto indireto na CRP e no código civil é um imposto de obrigação única.
7. Impostos de quota fixa: A lei determina que o montante de imposto a pagar resulta de uma
importância fixa, isto é, o montante do imposto é sempre o mesmo (contribuição audiovisual: é
o único exemplo hoje em dia e está na conta da luz).
8. Impostos de quota variável:
a. Proporcionais: A taxa é fixa, o montante a pagar varia com a matéria coletável
(montante sobre o qual incide a taxa) – (ex: IRC, IMI, IS)
b. Progressivos: A taxa aumenta consoante aumenta a matéria coletável, até a um limite
(ex: IRS : progressividade por escalões)
c. Regressivos: a taxa diminui consoante aumenta a matéria coletável (não existe
nenhum exemplo atualmente)
O que nos interessa em termos práticos são os impostos progressivos e regressivos.
Recorte constitucional do Sistema Fiscal: artigo 104º CRP (relaciona-se com o conteúdo dos
impostos)
imposto sobre o rendimento pessoal (104º nº1)
a tributação das empresas: incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real, mas não só
(104º nº2)
tributação do património: deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos (não há reflexos
muito importantes em termos práticos) (artigo 104º nº3)
tributação do consumo: os impostos sobre o consumo são todos desenvolvidos pela união
europeia o que significa que este artigo já devia ter sido revogado (104º nº4)
Problemática das orientações genéricas (55º e 56º do cppt e art 68º-A LGT)- são regulamentos
internos e todas estas orientações estão sujeitas ao princípio da publicidade.
E. A jurisprudência
a) as declarações, com força obrigatória geral, de inconstitucionalidade e de ilegalidade
pelo TC – 281º e 282º CRP
b) as declarações de ilegalidade pelos TCA – 38º nº1 c) ETAF
c) Acórdãos de uniformização de jurisprudência pela STA – art 27º b) ETAF e 280º do
CPPT
d) Acórdãos do TJCE em matéria fiscal – autoridade de precedente
Artigo 104º nº1 crp: o imposto sobre o rendimento pessoal será único e progressivo, tendo em conta
as necessidades e o rendimento do agregado familiar
Artigo 6º nº1 e 3 LGT: Proíbe as discriminações desfavoráveis aos contribuintes casados e com filhos
face aos solteiros ou sem filhos
Incidência Pessoal:
De acordo com os artigos 13º e seg do CIRS, são sujeitos passivos do IRS, por um lado, as pessoas
singulares residentes e, por outro, as pessoas singulares não residentes.
Tratando-se de residentes e existindo agregado familiar, o imposto, nos termos do artigo 13º, é apurado
individualmente em relação a cada cônjuge ou unido de facto, sem prejuízo do disposto relativamente
aos dependentes.
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No caso da opção pela tributação conjunta, o imposto é devido pela soma dos rendimentos das pessoas
que constituem o agregado familiar, considerando-se como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a
sua direção.
Por seu turno o agregado familiar é constituído por:
a) os cônjuges não separados de pessoas e bens ou os unidos de facto e os respetivos
dependentes;
b) cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges, respetivamente, nos casos de separação de pessoas e
bens ou de declaração de nulidade, anulação ou dissolução do casamento e os dependentes a seu cargo;
c) o pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo;
d) o adotante solteiro e os dependentes a seu cargo
Dispõe o artigo 16º nº1 b) CIRS que se consideram residentes no território português as pessoas que
neste território disponham, em 31 de Dezembro do correspondente ano, de habitação em condições
que façam supor a intenção de a manter e ocupar como residência habitual.
No respeitante aos rendimentos dos não residentes, é de referir que o princípio da tributação limitada
aos rendimentos da fonte, comporta uma importante exceção. Pois nos termos do artigo 18º, se os
rendimentos dos não residentes, em que naturalmente sobressaem os rendimentos empresariais ou
profissionais, forem rendimentos imputáveis a um estabelecimento estável, então a tributação em IRS
incidirá sobre a totalidade dos rendimentos imputáveis ao estabelecimento estável.
Incidência Real
Segundo os artigos 1º a 11º do CIRS, o IRS incide sobre o valor anual dos seguintes rendimentos, mesmo
quando provenientes de atos ilícitos:
Nas mencionadas situações nucleares da categoria, temos rendimentos provenientes das renumerações
pagas ou postas à disposição do respetivo titular no âmbito de uma relação jurídica de trabalho
subordinado, ou seja, os rendimentos resultantes:
a) do contrato de trabalho
b) do contrato legalmente equiparado ao contrato de trabalho
c) do contrato de aquisição de serviços ou outro de idêntica natureza em que o trabalho seja
prestado sob a autoridade e direção do adquirente dos serviços
d) do exercício de função, serviço ou cargo público;
e) de prestações atribuídas, antes de verificados os requisitos exigidos nos regimes obrigatórios
de segurança social para a passagem à situação de reforma e, bem assim, as prestações que continuem
a ser devidas até que se verifiquem os requisitos necessários à passagem à situação de reforma.
Por seu lado, nas situações periféricas da categoria, encontramos toda uma série de situações que a lei
considera ainda rendimentos do trabalho dependente, entre as quais podemos mencionar:
a) as renumerações dos órgãos estatutários das pessoas coletivas
b) as chamadas renumerações acessórias
c) os abonos para falhas devidos a quem, no seu trabalho tenha que movimentar numerário na
parte em que excedam 5% da renumeração mensal fixa;
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
É de aludir ao princípio da atração pelo que se rege a definição do âmbito da categoria B, segundo o
qual esta integra os rendimentos das categorias E, F e G que sejam imputáveis a atividades geradoras e
rendimentos empresariais e profissionais. A que é de acrescentar a possibilidade de tributação pela
categoria B dos rendimentos prediais por opção do seu titular, quando esta exerça uma atividade
comercial ou industrial, conforme o disposto nos artigos 4º nº1 n) e 5º, 8º nº1 do CIRS.
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Em contrapartida, nos termos do nº8 do artigo 28º, se os rendimentos auferidos resultarem de serviços
prestados a uma única entidade, exceto no caso da prestação por um sócio a uma sociedade
transparente, o sujeito passivo pode, em cada ano, optar pela tributação de acordo com as regras
estabelecidas para a categoria A.
Excluem-se da categoria E os lucros colocados à disposição de sócios por sociedades sujeitas ao regime
de transparência fiscal. (excluem-se porque vão ser tributados segundo a categoria B).
Por seu lado, inserem-se nesta categoria as indemnizações que visem a reparação de danos emergentes
não comprovados e de lucros cessantes, considerando-se como tais apenas os destinados a ressarcir os
benefícios líquidos deixados de obter em consequência da lesão, as importâncias auferidas em virtude
de obrigações e não concorrência e os acréscimos patrimoniais não justificados determinados nos
termos dos artigos 87º, 88º e 89º-A LGT
O que são mais valias? constituem mais valias a alienação de direitos reais, alienação de partes sociais, a
alienação definitiva de propriedade intelectual ou industrial ou know-how, quando o transmitente não
seja o titular originário (caso seja o titular originário, será tributado na categoria B), a cessão de posições
contratuais; alienação de instrumentos financeiros
Por seu lado, no respeitante aos rendimentos empresariais profissionais, a dedução específica
concretiza-se de maneira diferente consoante os sujeitos passivos se insiram no regime simplificado ou
no regime normal de determinação dos rendimentos (regime da contabilidade organizada), uma vez
que, quando se verifique esta ultima situação, se seguem as regras estabelecidas no CIRC (artigo 28º a
39º-A)
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Para se optar pela tributação segundo as regras da categoria A será necessário que tenham prestado
serviço para uma única entidade (28º nº8)
Para o
legislador 25%
são gastos
Quanto ao regime de tributação normal (regime da contabilidade organizada) (artigo 3º, 33º a 35º CIRS):
Remissão para as regras previstas no CIRC – artigo 32º
Para além das limitações previstas no CIRC, não serão dedutíveis os encargos previstos no
artigo 33º
Tributação autónoma sobre despesas- artigo 73º
Na categoria E e G não há lugar a qualquer dedução específica (a não ser em relação à categoria G, as
respeitantes às menos-valias e à dupla tributação económica (artigos 40º, 40º-A a 52º). Assim, na
categoria G as deduções são:
alienação de direito reais, propriedade intelectual ou industrial ou know-how, quando o
transmitente não seja o titular originário e cessão de posições contratuais, partes sociais de
micro e pequenas empresas não cotadas, o saldo é considerado em 50%
Forma de determinação da mais valia – ver artigos 44º a 50º
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Na categoria F a dedução específica, relativa a cada prédio ou parte de prédio, reporta-se a todos os
gastos suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir esses rendimentos com exceção
dos fastos de natureza financeira, dos relativos a depreciação e a mobiliário, eletrodomésticos e artigos
de conforto ou decoração. A que acresce o IMI que incida sobre o valor do prédio ou parte de prédio
cujo rendimento seja objeto de tributação nesse ano fiscal (artigo 41º).
Gastos efetivamente suportados, com exceção dos mencionados no nº1
IMI
Despesas de condomínio
Obras de conservação e manutenção suportadas nos 24 meses anteriores
Finalmente, relativamente à categoria H, diversamente do que acontecia antes é agora, nos termos do
artigo 53º, a dedução específica igual à da categoria A, ou seja, de 4,104€. Aos rendimentos Brutos serão
ainda deduzidas as contribuições obrigatórias, na parte que exceda a dedução acima referida.
Acrescente-se que segundo o disposto nos artigos 39º-A e 40º-A, os rendimentos das categorias B e E,
no caso de opção pelo englobamento, são objeto, a título de atenuação da dupla tributação económica,
de uma dedução de 50% desses rendimentos quando sejam devidos por pessoas coletivas sujeitas e não
isentas de IRC.
Esquema do livro:
Rendimento bruto para cada categoria
(-)
deduções específicas para cada categoria (25º e ss)
(=)
rendimento líquido para cada categoria
soma dos rendimentos líquidos de cada categoria (englobamento) (22º)
(=)
rendimento englobado
(-)
algumas perdas (55º)
(=)
rendimento global líquido
se agrafado familiar- quociente familiar
divisão por dois (artigo 69º nº1)
(x)
Taxa (68º)
se agregado familiar – multiplicação pelo divisor (69º nº3)
(=)
Coleta
(-)
deduções à coleta:
despesas sociais
crédito de imposto por dupla tributação internacional (81º)
pensão de alimentos (89º-A)
benefícios fiscais
(=)
Imposto a pagar
A taxa
Taxas Gerais
As taxas gerais de IRS são, nos termos do artigo 68º, as seguintes:
O montante do rendimento coletável, quando superior a 7.091€, será divido em duas partes: uma, igual
ao limite maior dos escalões que nele couber, à qual se aplicará a taxa da coluna (B) correspondente a
esse escalão; outra, igual ao excedente, a que se aplicará a taxa da coluna A respeitante ao escalão
imediatamente superior.
É de acrescentar que, segundo o artigo 70º do CIRS, da aplicação das taxas nos termos que acabamos de
ver não pode resultar, para os titulares de rendimentos predominantemente originados em trabalho
dependente ou em pensões, a disponibilidade de um rendimento líquido de imposto inferior a 8.500€.
Por seu turno, não são aplicadas as taxas estabelecidas no artigo 68º:
a) ao rendimento coletável do agregado familiar com três ou quatro dependentes cujo montante seja
igual ou inferior a 11.320€
b) ao rendimento coletável do agregado familiar com cinco ou mais dependentes cujo montante seja
igual ou inferior a 15.560€.
Nos casos de casados e unidos de factos que não optem pela tributação conjunta, os valores acabados
de referir são reduzidos para metade, por sujeito passivo.
Taxas especiais:
As taxas gerais e as taxas especiais têm de comum serem taxas proporcionais e, em sentido amplo,
abarca as taxas liberatórias (artigo 71º), as taxas especiais (72º) e as taxas de tributação autónoma
(73º), embora nas taxas especiais também encontramos taxas liberatórias, e as assim designadas “taxas
de tributação autónoma” não são taxas especiais de IRS, pois constituem uma tributação que incide, de
resto, não sobre o rendimento, mas sobre certas despesas.
O que distingue as taxas liberatórias das taxas especiais em sentido estrito é o facto de, enquanto as
primeiras dizem respeito a rendimentos em que o IRS é liquidado e cobrado por retenção na fonte a
título definitivo, não estando esses rendimentos sujeitos à declaração de rendimentos (a menos que se
opte pelo seu englobamento), as segundas respeitam a rendimentos em que, por não ter lugar qualquer
retenção na fonte se encontram sujeito a declaração em anexo à declaração anual de rendimentos.
Assim e quanto às taxas liberatórias, estão sujeitas a retenção na fonte a título definitivo, de 28%:
1. os rendimentos de capitais obtidos em território português, por residentes ou não residentes,
pagos por ou através de entidades que aqui tenham sede, direção efetiva ou estabelecimento
estável
2. os rendimentos de valores mobiliários pagos ou colocados à disposição dos respetivos titulares,
residentes em território português, devidos por entidades que não tenham aqui domicílio a que
possa imputar-se o pagamento.
Encontram-se por seu lado, sujeitos a taxas liberatórias de 35%:
1. todos os rendimentos acabados de referir sempre que sejam pagos ou colocados à disposição
de contas abertas em nome de um ou mais titulares, mas por conta de terceiros não
identificados
2. os rendimentos mencionados na al a) do nº1, obtidos por entidades não residentes em
estabelecimento estável em território português, que sejam domiciliadas em país, território ou
região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável
3. os rendimentos mencionados na al b) do nº1, pagos ou colocados à disposição dos respetivos
titulares, residentes em território português, devidos por entidades não residentes sem
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Por seu turno, quanto às taxas especiais, nos termos do artigo 72º, temos as seguintes taxas:
1. de 28% sobre as mais-valias e outros rendimentos de não residentes e certas mais-valias e
certos rendimentos de capitais
2. de 25% sobre os rendimentos de não residentes imputáveis a estabelecimento estável;
3. a taxa de 20% sobre as pensões de alimentos, quando enquadráveis no artigo 83º-A
4. de 10% sobre as gratificações auferidas pela prestação ou em razão de prestação de trabalho,
quando não atribuídas pela entidade patronal nem por entidade que com esta mantenha
relações de grupo, domínio ou simples participação;
5. de 60% sobre os acréscimos patrimoniais não justificados a que se refere a al d) do nº1 do
artigo 9º, de valor superior a 100.000€
6. de 35% sobre rendimentos de capitais devidos por entidades não residentes sem
estabelecimento estável em território português, que sejam domiciliadas em país, território ou
região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável.
Finalmente, quanto às taxas de tributação autónoma, que são efetivas tributações autónomas, temos
nos termos do artigo 73º, duas espécies: as relativas às despesas não documentadas e às despesas
correspondentes a importâncias pagas ou devidas a pessoas singulares ou coletivas residentes fora do
território português e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável (nº1 e 6), que têm um
claro objetivo de luta conta a fraude e evasão fiscal, e as demais, distribuídas pelos restantes números
desse art 73º, que têm um cunho mais fiscal, pois é seu objetivo a obtenção de receitas.
A liquidação e a cobrança
Nos termos do artigo 75º, a liquidação do IRS compete aos serviços centrais da AT. Por seu lado,
segundo o artigo 77º, a liquidação deve ser levada a cabo até 31 de Julho, com base na declaração
apresentada nos prazos constantes do nº1 do artigo 60º. Porém esse prazo é até 30 de Novembro, no
caso de não ter sido apresentada declaração de rendimentos.
Do ponto de vista das operações de liquidação, apurado o rendimento coletável há que proceder à
liquidação stricto sensu, ou seja, à aplicação da taxa ao rendimento coletável para apurar a coleta. Mas,
como há multiplicidade de taxas, pois estamos perante uma taxa progressiva, temos de selecionar qual
a taxa ou taxas aplicáveis e, se houver agregado familiar, proceder ao apuramento do correspondente
quociente familiar, dividindo o rendimento coletável obtido por dois, como determina o artigo 69º, a fim
de selecionarmos a taxa aplicável a este quociente, muito embora esta taxa se aplique a todo o
rendimento coletável e não apenas a este quociente ou, o que vai dar no mesmo, multiplicando o
quociente obtido por dois.
Realizada esta operação, temos apurada a coleta do IRS, à qual há que proceder a numerosas deduções
– as deduções constantes dos artigos 78º a 88º do CIRS. Entre estas temos, de um lado, as que integram
a liquidação do IRS e, de outro lado, as que dizem respeito ao pagamento do IRS, isto é, os
correspondentes aos pagamentos por conta e às retenções na fonte relativos às categorias B. Pois,
tratando-se de antecipações do cumprimento do imposto, é obvio que tais pagamentos hão-de ser
deduzidos à coleta do IRS. Aliás, justamente porque têm uma tal natureza, compreende-se que, quando
superiores ao imposto devido, confiram o direito ao reembolso da diferença.
Quanto às deduções à coleta relativas à liquidação do IRS, constam elas dos artigos 78º a 87º. O artigo
78º apresenta a sua enumeração prescrevendo que à coleta são efetuadas aquelas deduções.
Depois, dos artigos seguintes consta o regime de cada uma dessas deduções.
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
O artigo 78º nº1 prescreve os limites às quais as deduções previstas nas alíneas c) a h) e k) do nº1 não
podem exceder por agregado familiar. Sublinhe-se que para estes limites não contam nem as deduções
por descendentes e ascendentes nem as correspondentes às despesas gerais familiares.
Subtraídos à coleta as deduções, obtém-se o montante do imposto a pagar.
Enfim, liquidado o imposto, segue-se a sua cobrança ou pagamento. Quanto a este, é de assinalar que o
IRS é pago, em larga medida, antecipadamente, seja através da retenção da fonte, seja através dos
pagamentos por conta.
Assim é objeto de retenção na fonte o IRS devido pelos rendimentos do trabalho dependente e das
pensões (com exceção da de alimentos) e, bem assim, pelos rendimentos das outras categorias nos
termos dos artigos 98º a 101º. Segundo os nºs 3 e 4 do artigo 98º, o imposto retido deve ser pago
mensalmente, até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que as retenções tiverem sido efetuadas.
Por seu lado, no respeitante aos pagamentos por conta, é de referir que esta forma antecipada de
pagamento se aplica apenas aos rendimentos da categoria B, os quais vêm regulados no artigo 102º.
Assim, nos termos deste preceito, os sujeitos passivos dos rendimentos da categoria B efetuarão
obrigatoriamente três pagamentos por conta do imposto devido no final, até ao dia 20 de cada um dos
meses de julho, setembro e dezembro.
A este respeito é e aludir ao mínimo de existência consagrado no artigo 70º do CIRS, segundo o qual da
aplicação das taxas gerais não pode resultar, para os titulares dos rendimentos inferior a 8.500€. Depois,
não são aplicadas as taxas estabelecidas no artigo 68º:
a) ao rendimento coletável do agregado familiar com três ou quatro dependentes cujo montante seja
igual ou inferior a 11.320€
b) ao rendimento coletável do agregado familiar com cinco ou mais dependentes cujo montante seja
igual ou superior a 15.560€
Enfim, no caso de casados ou unidos de facto não optarem pela tributação conjunta, os valores referidos
nas alíneas anteriores são reduzidos para metade, por sujeito passivo.
Para terminarmos, há que fazer alusão aos locais e ao prazo do pagamento do imposto liquidado. Pois
bem, nos termos dos artigos 98º nº2 e 105º do CIRS e das disposições pertinentes do RCR, o IRS pode se
pago em qualquer tesouraria de finanças, nas estações do CTT, em qualquer dos balcões das instituições
de crédito autorizadas e nos postos de servidos por máquinas ATM.
Por seu lado, quanto ao prazo do pagamento normal do IRS liquidado, dispõe o artigo 97º que esse
prazo é até 31 de agosto do ano da liquidação quando esta seja efetuada no prazo da al a) do art 77º ou
até 31 de dezembro quando a liquidação seja efetuada no prazo previsto na al c) do artigo 77º.
Dos PPT:
Taxas especiais: artigo 72º do CIRS: quando se aplica?
a) mais valias
b) outros rendimentos de capitais
c) rendimentos prediais
d) gratificações
e) pensões de alimentos
f) residentes não habituais
g) acréscimos patrimoniais não justificados
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Nos demais casos, multiplica-se por dois o resultado obtido pela aplicação das taxas ao rendimento.
Interpretação das normas jurídico fiscais: As normas jurídico fiscais interpretam-se como quaisquer
outras normas jurídicas. Uma orientação que não obsta a que a substância económica dos factos
tributários seja tida em conta, naturalmente apenas na exata medida em que a teoria da interpretação a
invoque.
Esta orientação parece ser a que tem concretização no nº1 do artigo 11º da LGT, em que se prescreve
que “na determinação do sentido das normas fiscais e na qualificação dos factos a que as mesmas se
aplicam são observadas as regras gerais de interpretação e aplicação das leis”. Todavia, tendo presente
o que dispõe no nº3 do mesmo artigo, em que se estabelece que, “persistindo dúvidas sobre o sentido
das normas de incidência a aplicar, deve atender-se à substância económica dos factos tributários”, é de
nos interrogarmos se o legislador da LGT não caiu, de algum modo, na consagração da teoria da
interpretação económica, contrariando assim o disposto naquele primeiro preceito. Por isso, esta
segunda disposição contém em si o perigo de anular o princípio de que na interpretação das normas
jurídicas fiscais devem ser observadas as regras gerais de interpretação.
A nosso ver parece que o nº3 está a mais já que não acrescenta nada à teoria geral da interpretação das
normas jurídico fiscais, ou, a acrescentar, corre o risco de entrar em contradição com o disposto no nº1.
O nº2 do artigo 11º da LGT refere-se à questão da utilização, nas normas fiscais, de termos próprios de
outros ramos de direito.
A nosso ver terá sido este o entendimento porque se guiou o legislador ao prescrever no nº4 do artigo
11º que “as lacunas resultantes de normas tributárias abrangidas na reserva da lei da AR não são
suscetíveis de integração analógica”. É que, não obstante este preceito excluir expressamente apenas a
integração analógica, não há dúvidas de que o mesmo deve ser interpretado no sentido de afastar a
colmatação de lacunas no domínio coberto pela reserva de lei fiscal, independentemente, portanto do
meio através do qual a mesma se faça.
Todavia, se o legislador não está, ao nosso ver, impedido de admitir, dentro de certos limites, a
integração de lacunas no domínio das normas integrantes da reserva de lei fiscal, já os aplicadores de
tais normas, estão em absoluto proibidos, por aquele preceito da LGT, de integrar tais lacunas.
Dos PPT:
Artigo 11º nº4 1ª parte da LGT: “ as lacunas resultantes de normas tributárias abrangidas na reserva da
lei da AR”
Reserva de lei Formal
1. Intervenção de lei parlamentar – artigo 165º, nº1 i) 1ª parte CRP
2. Conceito de elementos essenciais do imposto – art 103º nº2 CRP
Artigo 11º nº4 2ª parte da LGT: “Não são suscetíveis de integração analógica”
Reserva de lei material
1. princípio da tipicidade
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Pois bem, o direito dos impostos rege-se pelo princípio constitucional e legal da não retroatividade. Este,
como decorre do que dissemos, apresenta dois níveis: o nível constitucional e o nível legal. A nível
constitucional, impõe o artigo 103º nº3 da CRP a proibição de impostos retroativos, pelo que o
legislador está impedido de criar ou aumentar retroativamente os impostos. Tradicionalmente
reconduzido a um aspeto do princípio da segurança jurídica, ao princípio da proteção da confiança ínsito
na ideia do Estado de direito democrático, a proibição de impostos retroativos tem agora este suporte
constitucional autónomo.
Enquanto o princípio geral de direito, ou o princípio de nível legal, que tem por destinatários os
operadores jurídicos concretos, dispõe agora de uma concretização específica em sede do direito fiscal.
Consta ela do artigo 12º da LGT que prescreve:
1. as normas tributárias aplicam-se aos factos tributários posteriores à sua entrada em vigor, não
podendo ser criados impostos retroativos;
2. Se o facto for de formação sucessiva, a lei nova só se aplica ao período decorrido a partir da sua
entrada em vigor;
3. As normas sobre o procedimento e processo são de aplicação imediata, sem prejuízo das garantias,
direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos contribuintes;
4. Não são abrangidos pelo disposto no número anterior as normas que, embora integradas no processo
de determinação da matéria tributável, tenham por função o desenvolvimento das normas de incidência
tributária.
O que significa que, em direito fiscal, o princípio da aplicação imediata da lei nova aos procedimentos e
processos em curso, comporta duas importantes exceções, uma vez que ela não se aplica, de um lado,
se afetar garantias, direitos ou interesses legítimos anteriormente constituídos dos contribuintes e, de
outro, se se tratar de normas que, embora respeitantes ao procedimento de determinação da matéria
tributável, tenham por função o desenvolvimento de normas de incidência tributária.
Dos PPT:
A questão aqui relevante é a da sucessão das leis no tempo:
artigo 103º nº3 da CRP: “Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos (...), que tenham
natureza retroativa”
artigo 12º nº1 da LGT: as normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em
vigor, não podendo ser criados quaisquer impostos retroativos.
questão sobretudo relevante no que respeita aos impostos de formação sucessiva (IRS e IRC) –
artigo 12º nº2 LGT
Assim, nos casos de retrospectividade ou de retroatividade imprópria, haverá que apelar aos
princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança dos contribuintes.
Aplicação imediata da lei nova aos procedimentos e processos em curso, com duas exceções:
artigo 12 nº3 LGT: se afetar garantias, direitos ou interesses legítimos anteriormente constituídos dos
contribuintes
artigo 12º nº4 da LGT: normas que, embora respeitantes ao procedimento de determinação da matéria
tributável, tenham por função o desenvolvimento de normas de incidência.
Normas sancionatórias fiscais: Artigo 29º nº4 da CRP: aplicação do regime que concretamente se revele
mais favorável ao agente.
Estamos perante uma relação obrigacional “dever de pagar-poder de exigir”: ou seja ao devedor de
pagar imposto contrapõe-se o direito de o exigir, o qual é detido pelo Estado (ou outras entidades
públicas), credor da obrigação tributária.
Todavia as relações tributárias entre o Estado e os cidadãos não se esgota nesta obrigação.
No respeitante à relação obrigacional fiscal, é preciso ter em conta a distinção entre a obrigação
principal, que tem a ver com o pagamento da dívida tributária e as obrigações acessórias, que são
instrumentais daquela, como decorre claramente do disposto no artigo 31º da LGT em que se dispõe
que constitui obrigação principal efetuar o pagamento da dívida tributária e obrigações acessórias as
que visam possibilitar o apuramento da obrigação de imposto, nomeadamente a apresentação de
declarações, a exibição de documentos fiscalmente relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita, e a
prestação de informações.
A obrigação Fiscal:
É o vínculo jurídico nascido da verificação dos pressupostos abstratamente definidos na lei tributária e
cujo objeto é a prestação de imposto.
A obrigação fiscal tem como características:
obrigação legal porque se trata de uma obrigação ex lege, duma obrigação que tem por fonte a
lei. Por isso nasce do encontro do facto gerador ou facto tributário com a hipótese legal como
prescreve o artigo 36º nº1
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
obrigação pública dado a sua disciplina jurídica integrar o direito público, o que tem tradução
nomeadamente na presunção de legalidade do ato de liquidação ou ato tributário que suporta
a sua exigibilidade
obrigação exequível ou executiva na medida em que por um lado o ato tributário não é auto
exequível, carecendo, portanto de execução e por outro lado, a sua execução não está
dependente de qualquer pronúncia para além da constituída pelo próprio ato tributário.
é uma obrigação semi executória já que a sua execução corre, primariamente na administração
tributária e secundariamente nos tribunais tributários
é uma obrigação indisponível e irrenunciável uma vez que ao credor não cabem, em princípio
quaisquer poderes para conceder moratórias, admitir o pagamento em prestações ou conceder
o perdão da dívida. (29º nº1 e 3, 36º nº3, 37º nº2, 30º nº2 LGT)
é uma obrigação auto titulada, isto é, uma obrigação relativamente à qual a administração
fiscal cria os seus próprios títulos executivos, constituídos pelas certidões de dívida extraídas
pelos serviços competentes das notas de cobrança ou de outros elementos que tiverem ao seu
dispor, sendo estas certidões que servirão de base à instauração do correspondente processo
de execução fiscal
é uma obrigação especialmente garantida dadas as garantias especiais que rodeiam o crédito
tributário, garantias que colocam o credor tributário, por via de regra, numa posição
particularmente vantajosa face aos credores comuns.
A obrigação fiscal na sua estrutura não se distingue das restantes obrigações de crédito:
Delas deferindo unicamente pelo seu regime jurídico, o que se compreende, nomeadamente, tendo em
conta a sua especificidade e os interesses de caráter público aqui subjacentes.
Em princípio serão sujeitos passivos das relações tributárias os detentores de personalidade jurídica. Só
assim não será quando a lei fiscal diga o contrário, como acontece em diversas situações em que
considera sujeitos tributárias entidades desprovidas de personalidade jurídica ou, ao invés, não
considera sujeitos tributárias entidades detentoras de personalidade jurídica.
Na primeira situação temos por exemplo as entidades referidas no art 2º do CIRC; Na segunda situação
encontram.se por exemplo as sociedade sujeitas à transparência fiscal (art 6º e 12º CIRC) em que em vez
de serem tributadas as sociedades em IRC, são tributados os sócios em IRS, ou em vez de serem
tributados os agrupamentos de empresas, são tributadas as sociedades integrantes do agrupamentos.
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Relativamente à capacidade tributária de exercício, que nem todos os sujeitos têm, não dispondo dela
os maiores acompanhados, há que ter em conta os nº 1, 3 e 4 do art 16º LGT que, no essencial,
remetem para a teoria da representação em direito civil.
Outras situações de representação legal: art 19º nº 5 e 7 LGT, 130º CIRS, art 126º CIRC e art
30º CIVA
1. questão relativa à responsabilidade: se formos para um país da EU não precisamos de nomear
um representante; se formos para um país fora da EU então é necessário nomear um representante.
Representação voluntária: concretizada através de mandato fiscal (ver art 16º nº1 LGT e 5º CPPT)
2. Mandato tributário: artigo 5º nº2 CPPT: Gestão de negócios (17º LGT) e domicílio fiscal (19º nº
1, 3, 4 e 8 LGT).
3. Domicílio fiscal eletrónico: art 19º nº2 e 9 e 10 LGT e art 38º nº9 e 39º nº9 e 10 cppt)
Contribuinte: é o titular da manifestação da capacidade contributiva que a lei visa atingir e que, por
conseguinte, deve suportar a diminuição do património que o imposto acarreta.
contribuinte direto: aquele relativamente ao qual se verificam os pressupostos de facto do
imposto previstos nas normas de incidência (contribuinte de direito)
contribuinte indireto: aquele que suporta economicamente o imposto através do fenómeno da
repercussão, como ocorre, por ex: no IVA (contribuinte de facto)
Devedor de imposto: é o sujeito passivo que deve satisfazer perante o credor fiscal a obrigação de
imposto:
Devedor não originário: aquele a quem a lei, por factos supervenientes, vinculou ao dever de
pagamento de imposto: (originariamente não era o devedor do imposto, mas por determinado motivo
passou a ser):
a) responsável: devedor acessório
b) sucessor: devedor derivado (falecimento do devedor originário)
Substituição tributária:
Nos termos do artigo 20º da LGT “ a substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a
prestação tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte” (nº1), sendo a mesma “efetivada
através do mecanismo da retenção na fonte do imposto devido” (nº2). Um entendimento consonante
com os conceitos de retenção na fonte e de pagamento por conta dos artigos 34º e 33, mas que não
corresponde inteiramente ao referido pela doutrina. Com efeito, a LGT entende a retenção na fonte em
termos que abrange não apenas a verdadeira retenção na fonte, mas também os pagamentos por conta
de imposto efetuados por terceiro.
Constituem retenções na fonte as entregas pecuniárias efetuadas por dedução nos rendimentos pagos
ou postos à disposição do titular (substituído= pelo substituto tributário (34º LGT):
retenções a título de pagamento por conta do imposto devido a final pelo substituído
(contribuinte) --- não confundir com os pagamentos por conta (33º) que consistem em entregas
antecipadas de imposto efetuadas pelos próprios contribuintes, que se traduzem em
adiantamentos por conta do imposto devido
retenções a título definitivo (caso das taxas liberatórias)
Neste domínio é importante distinguir, tendo em conta as disposições legais constantes dos artigos 20º
e 28º LGT, entre a substituição tributária em sentido próprio, que corresponde ao tradicional conceito
doutrinal e à descrição que dessa figura é feita no nº1 do referido artigo 20º, que se verifica quando a
retenção na fonte é uma retenção na fonte a título definitivo, tendo esta natureza liberatória
relativamente ao pagamento do correspondente imposto e a substituição em sentido impróprio, em
que não há propriamente uma substituição tributária em virtude de o devedor do imposto continuar a
ser o contribuinte, porquanto as retenções na fonte feitas pelo substituto constituem meros
pagamentos por conta, como sucede no IRS relativamente aos rendimentos do trabalho dependente e
na generalidade das retenções na fonte em IRC.
Substituição total: quando o substituto tem sobre si não só a obrigação de prestação do imposto
(obrigação principal) mas também o cumprimento de todas as obrigações fiscais acessórias. Neste caso
o substituto é o único sujeito passivo de todos os vínculos obrigacionais da relação jurídica fiscal (ex,
retenções na fonte a título definitivo)
De acordo com o artigo 28º LGT, há na substituição tributária três situações de responsabilidade
tributária a saber:
1. no caso de o imposto ter sido retido e não entregue nos cofres do Estado, o substituto é o único
responsável, ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade pelo seu pagamento;
2. na hipótese de a retenção ter natureza de pagamento por conta do imposto do substituído ou
contribuinte devido a final, cabe a este a responsabilidade originária pelo imposto não retido e ao
substituto a responsabilidade subsidiária, ficando ainda este sujeito aos juros compensatórios desde o
termo do prazo de entrega até ao termo do prazo para apresentação da declaração pelo contribuinte ou
até à data de entrega do imposto retido se anterior;
3. nos restantes casos de retenção na fonte, isto é, nos casos em que a retenção não tem natureza de
pagamento por conta do imposto do contribuinte devido a final, mas natureza de pagamento definitivo
em que o substituto não procede à retenção, o substituto é o responsável originário e o substituído o
responsável subsidiário pelo pagamento das importâncias que deviam ter sido retidas e não o foram.
O que bem se compreende pois, enquanto na retenção na fonte com natureza de pagamentos por
conta, o substituto apenas tem de adotar uma espécie de providência cautelar, fazendo pagamentos por
conta de imposto de terceiro, na retenção na fonte, a título definitivo ou com natureza liberatória do
imposto, o substituto é o verdadeiro devedor do imposto de terceiro, verificando-se assim a efetiva
separação entre o contribuinte e o devedor do imposto, a característica identificadora da figura da
substituição tributária.
Responsabilidade tributária
A responsabilidade tributária é uma figura que surge numa fase patológica do desenvolvimento da
relação jurídica tributária.
O responsável tributário é chamado ao pagamento do imposto porque o devedor originário o não pagou
oportunamente e, em processo de execução fiscal, apurou-se a inexistência ou insuficiência de bens.
A responsabilidade tributária abrange a dívida tributária, os juros e os demais encargos legais (ex: custas
do processo de execução fiscal).
Havendo pluralidade de responsáveis a solidariedade pode ter natureza solidária ou conjunta. Por regra,
isto é, salvo disposição em contrário, a responsabilidade tem natureza conjunta (513º cc).
DEVEDOR ORIGINÁRIO
RESP.SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA
RESPONSÁVEIS
RESP. SOLIDÁRIA/CONJUNTA
Regras do procedimento:
O direito à impugnação da dívida pelos responsáveis (22º nº4 LGT) pressupõe o dever de
fundamentação.
A responsabilidade subsidiária efetiva-se por reversão (redirecionar o processo para o
responsável) do processo de execução fiscal (23º nº1 LGT).
Benefício de excussão (23º nº2 e 3 LGT)
Dever de audição prévia (23º nº4 LGT)
Dever de definir os pressupostos e extensão da responsabilidade (23º nº4 LGT)
O pagamento liberatório (23º nº5) O problema da oposição fiscal. (se eu pagar eu estou a
prescindir de pôr em causa a reversão, ou seja, estou a prescindir da defesa quanto aos
pressupostos da reversão.
A responsabilidade tributária também se aplica, nos termos do nº2 do artigo 24º LGT aos
órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas nas pessoas coletivas em que as houver,
desde que se prove que a violação dos deveres tributários destas resultou do incumprimento
das suas funções de fiscalização. Idêntica responsabilidade se aplica, segundo o nº3 do art 24º
aos contabilistas certificados em caso de violação dolosa dos deveres de assunção da
responsabilidade pela regularização técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de
declarações fiscais, demonstrações financeiras e seus anexos.
Quanto à natureza desta responsabilidade podemos dizer que a responsabilidade é subsidiária
face ao devedor originário e solidária entre os responsáveis.
Direito Fiscal – 1º mini teste – 2018/2019
Pressupostos da responsabilidade:
Há dois regimes:
1. Dívidas tributárias cujo facto gerador verificou-se no período do exercício do seu
cargo/prazo legal de pagamento ou a entrega terminou depois (24º nº1 a) LGT).
a. O primeiro pressuposto consiste no exercício efetivo do cargo – ónus da prova
compete à administração tributária
b. culpa na insuficiência do património – o ónus da prova pertence à
administração tributária.
2. Dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega terminou no período do
exercício do seu cargo (24º nº1 b) LGT).
a. o primeiro pressuposto é o exercício efetivo do cargo cujo ónus da prova
compete à administração tributária
b. o segundo pressuposto é que não lhe tenha sido imputado a falta de
pagamento – o ónus da prova pertence ao administrador/gerente
Natureza da responsabilidade:
a) responsabilidade solidária face ao devedor originário
b) responsabilidade solidária entre os responsáveis
Pressupostos de responsabilidade:
a) não satisfazerem preferencialmente as dívidas fiscais com exceção do previsto no artigo
26º nº2 LGT
o Retenções com natureza de pagamento por conta não efetuadas (28º nº2)
a) o substituído é o responsável originário pelo imposto (o sujeito ativo vai demandar este em
primeiro lugar)
b)o substituto responsável subsidiário pelo imposto, e único responsável pelos juros
compensatórios pelo atraso na liquidação.
o Retenções com natureza definitiva não efetuadas (28º nº3 LGT) – Havia
obrigação de reter a fonte e não se reteve.
a) substituto responsável originário pelo imposto
b) substituído responsável subsidiário pelo imposto
Como se distingue as retenções com natureza definitiva das retenções com natureza de
pagamento por conta? Tudo o que não está previsto no artigo 71º tem natureza de pagamento
por conta.
Em consonância com o seu carater indisponível e irrenunciável, estabelece o artigo 29º da LGT, nos seus
nº1 e 3, o princípio da intransmissibilidade dos créditos e dívidas tributárias.
Assim, salvo disposição em contrário da lei, os créditos e dívidas tributárias são insuscetíveis de
transmissão.
Disposições em contrário constituem desde logo o artigo 29º nº2, no respeitante à transmissão pelo
lado passivo ou sucessão legal e o artigo 421º nº2 LGT, no respeitante à transmissão pelo lado ativo ou
sub-rogação nos direitos da fazenda pública.
Sub-Rogação
Começando pela sub-rogação nos direitos da fazenda pública, é de referir que como previsto no artigo
41º nº1 LGT, qualquer pessoa pode pagar as dívidas fiscais de outrem, muito embora as relações deste
terceiro com o sujeito passivo ou devedor do imposto seja, por via de regra, regida pelo direito privado.
São os artigos 41º da LGT E 91º DO CPPT que preveem e disciplinam a figura da sub-rogação.
Nos termos do nº2 daquele primeiro preceito, “ o terceiro que proceda ao pagamento voluntário fica
sub-rogado nos direitos da administração tributária, desde que tenha previamente requerido a
declaração de sub-rogação e obtido autorização do devedor ou prove interesse legítimo”
O terceiro que pague o imposto de outrem e obtenha a sub-rogação, assume assim, na relação
tributária o lugar que cabia antes à Fazenda Pública.
Daí que de um lado, o crédito do sub-rogado face ao devedor fique com as mesmas garantias, pessoais e
reais que tinha o crédito da fazenda pública; de outro, tenha ao seu dispor o mesmo processo de
cobrança coerciva, isto é, o processo de execução fiscal.
É isto justamente o que dispõe o artigo 92º do CPPT, ao estabelecer:
“ 1. A dívida paga pelo sub-rogado conserva as garantias, privilégios e processo de cobrança e vencerá
juros pela taxa fixada na lei civil, se o sub-rogado o requerer.
2. O sub-rogado pode requerer a instauração ou o prosseguimento da execução fiscal para cobrar o
executado o que ele tiver pago, salvo tratando-se de segunda sub-rogação”. Sublinhe-se que a dívida
passa a vencer juros legais civis, aos quais não se aplica o limite do artigo 44º nº2 da LGT.
O que significa que o sub-rogado, caso a Administração Fiscal, expressa ou tacitamente, se recuse a
instaurar ou a dar seguimento ao processo de execução fiscal, tem o direito de pedir a sua condenação
ao competente tribunal tributário através da ação de intimação para um comportamento prevista no
artigo 147º do CPPT.
Uma questão que aqui pode levantar-se é o de saber se o instituto da sub-rogação não deve, de iure
condendo, aplicar-se também ao direito de regresso (contra o devedor originário ou contra os demais
responsáveis solidários) dos responsáveis fiscais que tenham satisfeito o crédito fiscal do devedor
originário. Pela nossa parte, não vemos qualquer objeção a uma tal extensão da sub-rogação, uma vez
que os argumentos que têm sido invocados contra uma tal solução não nos convencem.
A sucessão legal
Como manifestação da transmissão da obrigação tributária pelo lado passivo, temos a sucessão legal,
prevista no nº2 do artigo 29º d LGT. Aqui se prescreve que “as obrigações tributárias originárias e
subsidiárias transmitem-se, mesmo que não tenham sido ainda liquidadas, em caso de sucessão
universal por morte, sem prejuízo do benefício do inventário”.
Quer isto dizer que as obrigações fiscais do de cujus se transmitem aos respetivos sucessores –
herdeiros ou legatários. Porém, como facilmente se compreenderá, estes só são responsáveis pelas
dívidas à Fazenda Pública até às forças da herança ou do legado.
Relativamente à efetivação da responsabilidade dos sucessores, segundo o artigo 155º do CPPT, há que
separar: a situação em que já houve partilha, caso em que será mandado citar cada um dos herdeiros
para pagar o que proporcionalmente lhe competir na dívida exequenda, da situação em que ainda não
houve partilha, em que será citado, respetivamente, consoante esteja ou não a correr inventário, o
cabeça de casal ou qualquer dos herdeiros sob pena de cominação de penhora em quaisquer bens da
herança.
De acordo com o artigo 2071º cc há também que distinguir consoante a herança tenha sido aceita pura
e simplesmente ou a benefício de inventário, uma vez que a distribuição do ónus da prova quanto à
insuficiência dos bens é diversa. Com efeito, enquanto no primeiro caso cabe ao herdeiro ou legatário
provar que na herança não existem valores suficientes para o cumprimento dos encargos das dívidas
tributárias, na segunda hipótese cabe ao credor provar a existência de outros bens para além dos
inventariados que possam responder pelos encargos, isto é, pelas dívidas tributárias.
Assim, nos termos do artigo 1º dessa lei, a cessão abrange os créditos emergentes de relações jurídico-
tributárias, provenientes, designadamente, de impostos diretos e indiretos e das contribuições e
quotizações para a segurança social, ainda que esses créditos se encontrem vencidos, sujeito a condição
ou litigiosos, podendo neste caso o cedente não garantir a sua existência e exigibilidade. Depois trata-se
de uma cessão efetiva, completa e irrevogável, em bloco e a título oneroso, podendo o preço inicial da
cessão ser inferior ao seu valor nominal. A que acrescem duas outras notas importantes: de um lado
estamos perante uma cessão de créditos contratual que, segundo o artigo 4º da lei, pode ser realizada
por negociação, com ou sem prévia publicação de anúncio, ou por ajuste direto; de outro lado, os
créditos cedidos mantêm, segundo o art 3º da lei, a sua natureza e o processo de cobrança,
conservando as garantias e privilégios, designadamente os respetivos juros compensatórios e
moratórios, sem necessidade de qualquer formalidade ou registo.
Ou seja não estamos verdadeiramente perante uma transmissão da obrigação fiscal pelo lado ativo,
uma vez que o cessionário dos créditos não entra nas correspondentes relações fiscais, que se mantêm
exclusivamente entre os contribuintes ou devedores dos impostos e a administração tributária.