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DIREITO DA BANCA E SEGUROS

Aula 14/03/2022 – T
Direito bancário – matérias:
o Conceitos básicos – terminologia
o Analise da relação bancaria – qual é um contrato que o cliente estabelece com um banco?
o Conta bancária geral – principais características
o Juros remuneratórios, comissões
o Diversos tipos de contratos existentes que se pode estabelecer com os bancos – os mais comuns
o Aval
o Regime jurídico dos ordenamentos de investimento coletivo
o Titularização de crédito ou securitização (sai sempre)
Direito dos seguros – matérias:
o Contrato de seguro em geral
o Tipos de seguro (nomeadamente, seguro de automóvel e seguros financeiros
(seguro de crédito e seguro de caução); E seguro de acidentes de trabalho não sai
em exame
Modo de funcionamento da unidade curricular: semanalmente vai haver uns slides desenvolvidos sobre a matéria
lecionada e as páginas dos manuais onde podemos consultar informação complementar; não há a nível bancário um
código, temos de consultar a pasta da legislação, se só estiver no slide e não tiver na pasta da legislação, não sai no
exame;
Sistema de avaliação: misto, teste final (13/junho às 18h) – os exames dos anos anterior a matéria é sempre a mesma;
prova oral (dispensa com 10);
Manuais: Não há manuais unitários, mas há um manual que abarca grande parte da matéria que é a 2º edição do prof.
Luís Miguel pestana de Vasconcelos da almedina – Direito Bancário; outro manual é a titularização de crédito do prof.
Galvão da silva; A lei do contrato de seguro anotada da Almedina – Prof. Pedro Romano Martinez;
Na última semana a prof. disponibiliza na biblioteca os livros de banca para consulta;
Ulisses Pereira – aula aberta sobre bolsa, dono do blogue caldeirão da bolsa
Aula 16/03/2022 – P
Conceitos básicos de direito bancário
Sistema financeiro
Risco sistémico: que risco é este? De onde vem esta expressão? A este risco estamos todos expostos, é um risco que
advém do sistema financeiro. Nós podemos definir o sistema financeiro desta maneira, são estes 3 setores que formam
e compõem o sistema financeira e cada um deste tem um setor fiscalizador independente:
 Banca – fiscalizado por BP – supervisores europeus: EBA
Hoje temos um modelo de banca universal
Os bancos não fazem seguros, mas podem ser mediadores de seguros – art. 3º, alínea m) da lei bancária
Dependendo do tipo de atividade que o banco está a exercitar o banco de Portugal supervisiona
 Seguros – fiscalizado por ASF – supervisores europeus: EIOPA
O setor de seguros não está moldado para prestar garantias financeiras
 Mercado regulamentar (bolsa) – fiscalizado por CMVM – supervisores europeus: ESMA
Antigamente os setores estavam compartidos, atualmente, já não existe essa divisão, e se algo de mal corre num setor
pode afetar de imediato os setores seguintes, e é este o risco sistémico.
Nem todas as instituições devem ser recuperadas, recapitalizar, mas sim, se essa for impactante para que não dê lugar
ao risco sistémico, ao impacto no sistema financeira.

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Uma instituição que é demasiado grande, não tem expressão no mercado, que se falir é muito perigoso, porque vai
causar grandes efeitos, o que da lugar á expressão “too big to fail” mas a prof diz que por vezes temos que passar para
esta expressão “too big to sale” ou seja, é demasiado grande para ser salva, ás vezes poderíamos arriscar e ver o que
acontecia se deixássemos falir, porque muitas vezes as empresas aproveita-se desta expressão e deste pensamento, que
é pensarem que são demasiado grandes e que vão ser sempre salvos, é por isso que temos que estudar sempre o
impacto que esse risco vai ter.
Qual a medida que se aplica quando um banco está em insolvência? é a lei bancaria que contempla medidas de
resolução. Uma das medidas de resolução que se adotou ao banco BES, foi a separação do que era bom ou que era
mau, a parte boa ficaria para um novo banco que é o novo banco que iria ser criado, e a parte má seria para o BES.
p.ex. se eu exporto para a Rússia, e ocorre uma guerra, estão expostas a um risco político gerado pela guerra –
isto não é um risco sistémico
Qual é o core business da banca? A principal atividade desenvolvida? Concessão de empréstimos, injeção de
dinheiro na economia, a locomotiva é a construção civil, sempre que esta está em altas significa que a economia está
em altas.
Como é que uma empresa se pode financiar? Quais são os modos? Onde é que vai buscar liquidez? Investidores,
como? Vai ao mercado:
 Primário: todos os títulos de investimento que são novos, vamos ao mercado primário, neste mercado so se
comercializam estes títulos, se quiser vender estes títulos vou vender no mercado secundário
 Secundário
p.ex. Quando eu empresto dinheiro á SIC, eu compro obrigações á SIC, os investidores vão investir na SIC, e depois
eles revêm o seu dinheiro com juros, e assim a SIC não precisa de ir a um banco pedir dinheiro
Investir em ações é um investimento mais arriscado do que investir em obrigações.
Existem dois princípios basilares da intermediação financeira:
 Quando maior o risco maior a rendibilidade, quanto menor o risco vai ser menor a rendibilidade
 Se tem 10 ovos tem que os colocar em cestos diferentes, princípio da partilha do risco, não investir tudo numa
só ação.
O que é a intermediação financeira? É uma atividade exercida por intermediários financeiros que estão registados
na CMVM, para que haja proteção e para que possa pedir intervenção da CMVM se p.ex. houver alguma burla. O
intermediário tem a função de fazer o match entre quem quer investir e quem necessita de investimento, existem
diferentes tipos de investidores o profissional e o não profissional que se compara a um mero consumidor, o que vai
acabar por ter mais proteção.
Princípio da proibição da intermediação excessiva – art. 310º do CVM (código de valores mobiliários)
O que é o co-branded card ou Affinity card? Empresas que fazem parcerias, e o uso desse cartão tem benefícios
dessa parceria p.ex. o cartão da portucalense tem parceria com o Santander.
O que é anatocismo? São juros sobre juros, que por via de regra não é permitido, mas pode ser permitido por
convenção.
NOTA: Não é inteligente amortizar uma divida antes dos 5 anos nem parcialmente nem totalmente, porque está a
perder dinheiro, só se ganha quem corre riscos.
Caixas económicas e caixas de crédito agrícola mútuo (p.ex. crédito agrícola)? são instituições de crédito, mas com
estatutos diferentes. As caixas económicas são aquelas que estão assentes numa associação mutualista beneficiante,
p.ex. Montepio, mas agora já alterou a sua natureza e é banco.
Carência de capital: é uma medida que fazem um acordo de pagamento com os credores, e consagram que so se
começa a pagar daqui p.ex. um ano, é não pagar o capital durante um período de tempo.
Caixa advenced: é um adiantamento de dinheiro.
O que é CRC: é um mapa da central de responsabilidades de crédito, e parece todos os débitos que nós temos, os
créditos bancários, se é fiador e aparece como potencial devedora, etc. Isto não é a lista negra, esta é uma lista com
números de cartões que foram clonados, roubados para quando esses forem utlizados disparar um alarme para
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localizar onde está o cartão. Também não podemos confundir com LURE, lista de utilizadores de risco de cheques,
são pessoas
CMVM: que de
Comissão já foram
Mercadomarcadas comoMobiliários
de Valores utilizadores de cheques falsos, etc, e não pode utilizar cheques.
NOTAdeSOBRE
Carência capital:CHEQUE – Se oocheque
Período durante qual as tiver provisão
prestações para são
apenas o dia seguinte epor
compostas nãojuros,
tivermantendo-se
dinheiro é crime, se for
o capital empré-
dívida
datado não é crime. Cheque-visado, é quando o banco certifica que aquela pessoa tem dinheiro, e cauciona o dinheiro.
inalterado.
O cheque bancário é o próprio banco que emite o cheque mas á ordem do cliente, o banco retira o dinheiro da conta,
Carência de capital
mas quem paga éeojuros:
banco, Período
o clientedurante
já pagouo qual não háSepagamento
ao banco. de prestações,
o cheque for não á ordemsendo o valorpara
só a pessoa dos juros
quemacumulado
for o ao
capital em dívida. No final do período de carência de capital e juros o montante em dívida corresponde ao
cheque é que pode levantar, não o pode endossar a ninguém, se for á ordem pode endossar, e outra pessoa pode ir capital em dívida no
início do período de carência acrescido dos juros não pagos durante
levantá-lo, é a portadora, e esta pessoa é que beneficia do cheque. este período.
Cash-advance:
p.ex.Adiantamento de dinheiro.
eu tenho um negócio É a possibilidade
importante conferida
e fiz um acordo entreaoAtitular de umque
e B e tinha cartão de5.000
pagar crédito de elevantar
a B, B diz quedinheiro
em caixas automáticos
dava jeito passar o cheque a C, e A diz que só passa o cheque a B, e B diz que quer o cheque á ordem, mascomo
ou aos balcões dos bancos que disponham dessa funcionalidade. O valor do levantamento é, tal B as
compras em não
comerciantes, lançado na respectiva conta-cartão. A utilização do cash-advance não é gratuita
vai depositar nem levantar o cheque e endossa o cheque a C. O banco faz o trato sucessivo? O dinheiroe está sujeita ao
pagamento das
vai taxas
diretode juroa econta
para comissões queo devem
de C? se constar
banco fizer das condições
o trato sucessivo ogerais de utilização
dinheiro fica retidoacordadas
na conta decom B.oTemos
respectivo
que
emissor. reconhecer a assinatura de B, protocolo bancário, mas é inteligente não irmos ao banco porque se não o
cheque vai ficar lá, édemelhor
Central de Responsabilidades reconhecermos
Crédito: numgerida
Base de dados, advogado.
pelo Banco de Portugal, com informação prestada pelas
entidades participantes (instituições que concedem crédito) sobre os créditos concedidos. Faculta um conjunto de serviços que
permitem uma melhor avaliação RESUMO
do risco de SEMANAL Prof.ª Doutora
crédito na economia MariaAEmília
portuguesa. CentralTeixeira
contém informação sobre as
responsabilidades de crédito efectivas (como os
CONCEITOS BÁSICOS E INICIAIS DE DIREITO BANCÁRIO montantes utilizados de cartões de crédito) assumidas por qualquer pessoa
singular ou colectiva perante as entidades participantes, bem como as responsabilidades de crédito potenciais que representem
Core Business:irrevogáveis
compromissos Principal actividade
(como osdesenvolvida.
montantes não utilizados de cartões de crédito).
Mercado
Lista negraprimário: Subscrição
(não confundir com de títulosnormalmente
a CRC, no momentoada sua emissão.
pessoas apelidam a CRC de lista negra, tecnicamente está incorreto,
pois esta não tem só coisas más!) – Lista de números, ou séries de números, de cartões suspeitos existente num sistema de
Mercado Secundário: Transacionar os títulos subscritos posteriormente.
cartões de pagamentos e acessível a partir do terminal do comerciante. A SIBS coloca esses cartões na lista. A lista negra serve
para detectar ou financeira:
Intermediação bloquear qualquer transacção
Actividade efectuada
destinada pelos
a efectuar umcartões
matchnela
entreconstantes.
a oferta e a procura no mercado de capitais, entre
as empresas com necessidades de financiamento e os aforradores/ investidores, assegurando o funcionamento de forma eficaz
Cheque bancário: Cheque emitido por um banco sobre uma conta desse mesmo banco. É obrigatoriamente nominativo e
daquele mercado.
existe sempre garantia do seu pagamento.
Área do Euro: Área que engloba os seguintes Estados-Membros da União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre,
Cheque cruzado (art. 38.º da LUC): Cheque atravessado por duas linhas paralelas e oblíquas. Se entre as linhas paralelas
Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos
nada estiver escrito, o cruzamento diz-se cruzamento geral: o cheque deve ser depositado, num banco qualquer, mas pode ser
e Portugal, os quais adoptaram o euro como moeda única e na qual é conduzida uma política monetária única sob a
pago ao balcão se o beneficiário for cliente do banco sacado. Se entre as linhas paralelas estiver escrito o nome de um banco, o
responsabilidade do Conselho do Banco Central Europeu (BCE).
cruzamento diz-se cruzamento especial: o cheque só pode ser depositado no banco indicado entre as linhas, embora possa ser
pago ao balcão
Affinity card ouseCo-branded
o banco indicado
card:for o sacado
Cartão e o beneficiário
bancário multimarcafor clienteem
emitido doresultado
mesmo. de um acordo com uma instituição não
financeira e que tem por objectivo proporcionar vantagens diversas aos associados, como certos descontos quando efetuam
Cheque não à ordem: Cheque em que foi aposta a cláusula “não à ordem” antes ou depois do nome da entidade que conta
compras em diversos comerciantes ou outros benefícios. O nome e/ou o logótipo da instituição não financeira (ex: clubes
como beneficiária. Este cheque é pago ao beneficiário nele indicado e não pode ser endossado.
desportivos, recreativos e culturais, instituições de solidariedade social, associações profissionais e universitárias) aparece
normalmente na frenteCheque
Cheque nominativo: do cartão,
ondealém do nomeo e/ou
é indicado nomedodologótipo da entidade emitente e da marca ou marcas associadas ao
beneficiário.
cartão (ex: Multibanco, Mastercard, Visa).
Cheque visado: Cheque que certifica a existência de fundos suficientes para o pagamento do cheque na altura em que é sujeito
Anatocismo:
a visto, sendo Do
quegrego Ana (repetição)
a importância pelo qual+ Tokos (juro);deverá
for emitido Cálculo
serde jurospor
cativa sobre juros.não inferior ao prazo legal de apresentação
período
a pagamento (8 dias – art. 29.º da LUC).
ATM: Automated Teller Machine.
Cheque a levar em conta (art. 39.º da LUC): O sacador ou o portador dum cheque podem proibir o seu pagamento em
Caixa Económica: Instituição de crédito associada ou pertencente a uma associação mutualista beneficente, de carácter social.
numerário, inserindo na face do cheque transversalmente a menção "para levar em conta", ou outra equivalente. Neste caso o
As caixas económicas captam essencialmente poupanças de particulares sob a forma de depósitos e que aplicam na concessão
sacado só pode fazer a liquidação do cheque por lançamento de escrita (crédito em conta, transferência duma conta para a outra
de empréstimos hipotecários e sobre penhores e na aquisição de títulos.
ou compensação). A liquidação por lançamento de escrita vale como pagamento. A inutilização da menção "para levar em
conta" considera-se
Caixas como nãoMútuo
de Crédito Agrícola feita. (CCAM): São instituições de crédito de natureza bancária que possuem um estatuto
próprio, não podendo praticar todo o tipo de operações bancárias mas, somente, as mais tradicionais. Destinam-se
Endosso: Forma pela qual o beneficiário do cheque pode transmitir todos os direitos resultantes do cheque a outra entidade.
essencialmente a promover e apoiar o investimento no sector agrícola.
Pode consistir na simples assinatura do beneficiário no verso do cheque (endosso em branco) ou na indicação do novo
beneficiário
ASF: também
Autoridade no verso dode
de Supervisão cheque.
Seguros e Fundos de Pensões é a entidade de supervisão de seguros e de fundos de pensões
em Portugal.
LUR: Listagem de Utilizadores de cheque que oferecem Risco - constituída por entidades (singulares ou colectivas) a quem os
bancos
BP: não de
Banco podem fornecer módulos de cheque para movimentação de contas de depósito durante o período de dois anos.
Portugal
Regularização de cheque: Demonstração junto do banco sacado da liquidação da importância devida ao beneficiário do
cheque, acrescida dos juros de mora ou, em caso de cheque pago pelo banco por ser de montante inferior a 150€, depósito do
CMVM
valor do cheque nesse banco, não sendo exigíveis juros de mora.

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Rescisão da convenção de cheque: Decisão tomada por uma instituição de crédito de pôr fim ao contrato celebrado com o
seu cliente que lhe atribuía o direito de movimentar as contas de depósito através de cheque.
Sacado: Banco que paga o cheque.
Sacador: Entidade que emite o cheque. 4
Aula 21/03/2022 – T
Continuação dos conceitos gerais
TAEG: taxa anual de encargos efetiva global, é uma taxa que é expressa em percentagem e reflete o custo total de
um crédito, quando uma pessoa vai financiar-se junto de uma instituição que financia há uma taxa associada, são
custos que vão desde a simples comissão de abertura do processo, custos com impostos, imposto de selo, etc. Esta
taxa é hoje entendida como a taxa que permite ao consumidor mutuário aferir se aquele empréstimo é mais barato
ou não do que outro, que poderia ser contraído noutra instituição. Para ser fiável esta TAEG em termos
comparativos as condições têm que ser as mesmas, as mesmas variáveis, o pedido tem que ser igual.
Como sabemos qual é o crédito mais barato? Onde houver uma menor prestação mensal? Não, mas sim aquele que
tiver uma TAEG mais baixa. Trouxe-se esta medida (TAEG) para que se perceba qual é o crédito mais barato.
Existe outra variável (MTIC) montante total importado ao consumidor – esta verba já não vem em percentagem,
mas sim em número. Devemos consultar acessoriamente á TAEG o MTIC.
P.ex. se pedimos 252.000,00 euros, no MTIC aparece o valor total 282.000,00 euros – aqui as pessoas têm a
noção exata do que vão pagar
 Estas informações (TAEG e MTIC) estão todas no FINE (Ficha de informação normalizada europeia), é uma
espécie de bilhete de identidade do nosso crédito, vem todas as condições aplicáveis ao crédito. Esta ficha é igual na
união europeia, por isso é que é FIN(E), só existindo documentos iguais é que o comprador se sente á vontade para
comparar.
Distrate: Na hipoteca quando se celebra a escritura constitutiva do mútuo, constitui-se ao mesmo tempo um mútuo
e é esse documento, essa escritura que serve de título ao registo da hipoteca, o beneficiário dessa garantia é o
banco. Imaginemos que tudo correu bem no empréstimo, esse está liquidado não há razão para figurar a hipoteca,
porque a obrigação que ela visava garantir está paga, nos não podemos cancelar a hipoteca no registo predial
dizendo que já pagamos tudo, o conservador não cancela a hipoteca, ele precisa de um documento constitutivo que
o comprove, ele pede uma declaração do beneficiário da garantia em que o banco confirma que está tudo pago, ou
seja, DISTRATE é uma declaração emitida pelo banco que ele diz que está tudo pago e autoriza que se cancela a
hipoteca, e o imóvel fica livre de qualquer ónus ou encargo. Em 2021 saiu uma lei que proibiu que o banco cobrasse
o pagamento da emissão dessa declaração, a partir do momento em que está paga a última prestação o banco deve
emitir automaticamente o distrate e não pode cobrar nada.
DSTI (debt service to income): isto é, o cálculo da taxa de esforço que tem de ser calculada no momento da
concessão de um crédito bancário. O banco vai comprar o montante dos nossos rendimentos, com o montante das
nossas prestações fixas mensais, incluindo a prestação que resultara da prestação de crédito, o total não pode
corresponder a mais de 40% do nosso rendimento, se exceder não cumprimos a taxa de esforço e não conseguimos
pagar o empréstimo, se o banco der esse empréstimo será um empréstimo irresponsável, porque será pouco
provável de cumprir esse empréstimo, se conceder tem que explicar porque concedeu.
LTV (loan to value – comparação entre o empréstimo e aquilo que se vai adquirir): é muito importante na
concessão de crédito.
p.ex. nos pedimos 50.000,00, o banco até nos deferir a aprovação do empréstimo tem que avaliar o imóvel,
para ver quanto é que ele vale, esta avaliação compara o valor que estamos a pedir com o valor do imóvel ou
o valor da aquisiçao do imóvel.
P.ex. o imóvel vale 300.000,00 (avaliação feita pelo perito) e o preço de aquisiçao é 250.000,00 (é o que
vamos pedir) – a avaliação é boa, mas o LTV vai comparar com o menor dos dois valores com o pedido que
se está a fazer. Em princípio não pode haver financiamento a 100%, normalmente a LTV anda a 90%, neste
caso a LTV vai ser comparada ao menor valor (250.000,00) e vai ser emprestado 90% desse valor
(empréstimo para habitação permanente) se não for para ser casa de morada, só financia 80%. Pode
acontecer o banco emprestar a 100% quando o imóvel esteja na bolsa de imoveis do próprio banco.
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NOTA: costuma sair definições no exame, estas que estamos a dar.
Conceitos a nível de valores mobiliários
O valor mobiliário não é a mesma coisa que bem movel, também não é um título de crédito ou pelo menos não pode
ser confundido com esse. O valor mobiliário está previsto no art. 2º, nº1 do CVM. Este código deveria chamar-se
código dos instrumentos financeiros, porque existem muito mais do que os valores mobiliários. Esta correto dizer-se
que todos os valores mobiliários é instrumento financeiro, mas não esta correto dizer o inverso, porque nem todo o
instrumento financeiro é valor mobiliários.
Valores mobiliários: Eles estão especificados no art. 2º, nº1 CVM, mas este artigo não é taxativo, existem muitos
mais, na alínea g) é uma alínea aberta, se se respeitar as características do valor mobiliário cai na alínea g) é
considerado como um e podemos aplicar o regime. Todos os valores mobiliários são ativos que podem ser
comercializados em mercado financeiro. Os mais conhecidos são (ações, obrigações).
Características distintivas dos valores mobiliários: IMPORTANTE
1) São direitos (e diferente dizer que são coisas, porque não são, nem sequer são incorpóreas, pelo que não se
aplica o regime comum de direitos reais, p.ex. direito de sequela)
2) São direitos representativos (de uma posição, p.ex. quando eu compro uma ação, aquele direito é
representativo da minha posição naquela empresa, tem intrínseco uma posição jurídica subjacente) – Deve
existir uma relação umbilical entre o direito representado e o valor representativo, querendo isto dizer, que
o direito que esta representado naquele valores mobiliário deve representar a relação material subjacente,
se eu comprei 10 ações da EDP quanto é que essas 10 aços da EDP representam no capital da empresa, isso
é que vai determinar uma posição jurídica, poder naquela empresa. O limite daquilo que é possível na
posição societário é o limite das ações a emitir.
3) São valores emitidos de forma massificada em “conjuntos homogéneos” p.ex. ninguém compra 1 ação da
EDP, são 50.000,00 ações, é emitido em bloco, em conjuntos – Aqui está presente a função da fungibilidade
4) São transmissíveis – é emitido um valor mobiliário, eu vou ao mercado primário comprar, mas depois quero
transmitir, vou ao mercado secundário e vendo, isto significa a transmissibilidade – Aqui está presente a
função da livre circulação (nesta cedência não se aplica as regras da cessão de créditos)
5) Tem que ter potencialidade para gerar proveitos (frutos civis) eu compro um valor mobiliário, para ter um
lucro, para ter retorno, potencialidade de ganho.
6) Suscetibilidade de ser negociado em mercado organizado – isto é uma espécie de elemento formal, porque
resulta da lei.
Que tipo de mercados organizados é que temos? Mercados financeiros, existem dois tipos de mercados financeiros:
O que os distingue é o que é transacionado neles
1. Mercado de capitais: são operações de médio e longo prazo, por isso é que é aqui que se vendem ações e
obrigações.
2. Mercado monetário: aqui transaciona-se importâncias de tesouraria (operações de curto prazo – até dois
anos)
Títulos até dois anos (curto prazo)
Títulos com mais de 2 até 5 anos (medio prazo)
Títulos até 10 ou mais (longo prazo)

O mercado monetário está aberto às instituições financeiras, não pode ir quem quer.
Os PRA (forward rate agréments) são vendidos aqui, isto é uma das formas de gerir taxas de juro.
Que outras formas de títulos são negociadas no mercado monetário? BT´S (bilhetes de tesouro – são títulos
de dívida a curto prazo, empresto dinheiro a empresas = é a mesma coisa que obrigações, mas tenho um
retorno mais cedo); também o papel comercial – p.ex. a situação dos lesados do BES que compraram papel
comercial (são títulos de divida, aqui empresto dinheiro ao estado); também os REPOS (repurchase
agreement) – um acordo de compra, é quando um banco vende um determinado ativo, e ao mesmo tempo
acorda com a pessoa que comprou que lhe vai poder comprar (recomprar) aquilo daqui a X tempo por um
determinado preço.

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A que riscos é que um credor está sujeito?
 Riscos políticos
 Risco de país
 Risco de liquidez – risco de não cumprir
 Riscos de mercado – riscos associados á evolução dos preços
 Risco cambial – se eu fiz um investimento em dólar, eu posso perder dinheiro se o dólar desvalorizar.
Existem formas de controlar este risco cambial, ainda vamos estudar.
 Risco operacional – é aquele que não devia acontecer, mas acontece baseado em erros humanos, p.ex. o
banco tem uma verba para o risco operacional, o próprio continente tem verba para o risco operacional,
quando na caixa falta 10 euros, o continente tem forma de cobrir este risco.

Instrumentos financeiros
As duas grandes categorias:
 Valores mobiliários
 Derivados – ou seja, que deriva de um ativo subjacente (PRIUS – porque é o primário) que origina um
derivado financeiro (é um contrato)
O que é que pode ser ativo subjacente? Pode ser “tudo o que mexe”, porquê? Pode ser matéria-prima, p.ex.
cana-de-açúcar, cereais, fruta, petróleo, etc, porque o contrato financeiro derivado eu vou gerar lucros para
mim ou para a outra parte baseado no aumento ou na descida relativamente aquele ativo (eu acordo com
alguém que a cana-de-açúcar vai valorizar, e a outra pessoa o inverso, vai ganhar quem apostar no sentido
correto – se baixa ou desce). A matéria-prima dá origem á commodities swaps.
Mas também pode ser um índice, o nome da nossa bolsa portuguesa chama-se EURONEXT LISBON, na média
de subida e descida das empresas que compõem essa bolsa é que compõem o índice, relativamente á
performance das empresas cotadas em bolsa.
Desde que seja sujeito á evolução e se consiga medir é um ativo subjacente, e por isso é que faz jus á
expressão que pode ser “tudo o que mexe”, porque tem sempre subjacente tudo o que mexe.
Swaps = contratos financeiros (é o mais arriscado para apostar) – p.ex. A e B fizeram um contrato de
mútuo (1 milhão) a taxa variável com o banco X, a prestação da A e do B vais ser maior ou menos
conforme a taxa de juro suba ou desça. A empresa faz um contrato paralelo com um banco X a que
chamamos swap de taxa de juro, e o que se faz? O ativo subjacente é a taxa de juro que está no
financiamento, o que varia é a prestação da taxa de juro que estiver em vigor (no momento em que
se faz o crédito a taxa está a 2,7%, se a taxa de juro subir muito a empresa vai pagar muito e pode
representar um fluxo financeiro muito grande, e a empresa diz que até 3% é seguro, se subir começa
a ter problemas graves em ter que pagar esta mensalidade, e pergunta se alguém quer cobrir o risco
da taxa de juro subir – vai ter com o banco X para ver se este aceita, se subir este banco paga a taxa,
ou seja, se subir acima de 3% o banco paga-lhe a taxa.
Aula 25/03/22 – P
*swaps NÃO SAI NOE XAME
Tipos:
 Interest rate swap (irs) - swap de taxa de juro. Se no contrato estiverem em causa 2000€ e a taxa está em
3%. A vai acordar que a taxa vai descer (se for para 2% ele está confortável para pagar) e B acordar que vai
subir (se for para para 4% B está disposto a pagar). Se a taxa descer para 2%, A tem de pagar 2% sobre os
2000€ e se subir para 4% B tem de pagar 4% de 2000€.
Muitas vezes, a taxa sobe ou desce mais do que as partes estão dispostos a pagar, ou mais do que estão
confortáveis, mas têm de o fazer pois houve um movimento. Muitas vezes fazem um swap noutro sítio onde estejam
a ganhar e o que ganham cobre o que estão a pagar.
A finalidade do swap:

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i) cobertura de risco. Aqui é muitas vezes confundido com um contrato de seguro (44º da lei do contrato
de seguro). Quando o swap serve para cobrir os riscos da taxa de juro de outro financiamento.
ii) Todavia, um swap pode ser usado para especulação/trading, que é a mesma situação, mas sem contrato
financeiro, ou seja, estabelecem o risco e um valor fictício (não há empréstimo de dinheiro, apenas serve
para referência).
iii) Arbitragem – explorar todas as oportunidades das partes (ex.: A quer vender o carro por 10000€ e B
quer comprar um carro igual por 15000€. Eles não se conhecem, mas soa ambos meus amigos. Eu vou
comprar ao A e vender ao B, ganhando 5000€. Aqui não há grande risco.

 Currency swap (swap de taxa de câmbio) – o que se pretende é única e exclusivamente, se tiver uma
finalidade de cobertura, cobrir os riscos da taxa de cambio da moeda em que eu fiz o investimento. Mesmo
que não haja financiamento, posso fazer este swap onde aposto que o dólar vai cair, mas aqui é apenas em
especulação.

 Credit default swap – swap de incumprimento de crédito. Pode ter finalidade especulativa ou de cobertura.
Ana deve dinheiro a António e este tem medo que Ana não lhe pague (risco default). António pode pedir a um
terceiro para assumir o risco caso Ana não lhe pague. Ex.: a faculdade tem um seguro para o caso de os alunos não
pagarem as propinas, pago pelos alunos – este seguro chama-se seguro caução porque é o devedor e a seguradora
que fazem o seguro. No caso de ser o credor a dar um premio ao terceiro na falta de pagamento do devedor (risco e
sinistro), chama-se seguro de crédito.
No credit default swap, também se passa entre um credor, MAS neste caso com um banco, mas o que é pago neste
caso por parte do credor é um premium, o risco é o mesmo e o sinistro é o evento of default – os nomes e as
situações são o mesmo, mas como os bancos não podem fazer seguros, têm de ser denominados “créditos”.
Este crédito é muito utilizado para fins de especulação (se perderem apanas não ganham o prémio, não perdem
nada concretamente pois não há empréstimo). Os bancos também não querem ser chamados de seguradoras
porque uma seguradora tem de ter uma reserva legal de dinheiro para caso algo corra mal, ou seja, não pode fazer
seguros de forma descontrolada porque pode ocorrer que tenha arriscado demais, mas mesmo para estas situações,
a seguradora é obrigada. Ater um montante de reserva para cobrir este risco.
Dentro disto temos 2 grandes categorias:
i) Single name CDS - Se o vendedor de proteção assume um event of default , de uma única entidade de
referência.
ii) Multi-name CDS) - Se o vendedor de proteção assume um event of default , de várias entidades de
referência. A forma como o faz pode ser diferente:
1.1.1.1. Basket default swap – ex.: eu sou credora de várias pessoas. Se eu achar que alguns
estão a suscitar dúvidas quanto ao pagamento, eu seleciono apenas os que eu acho que soa
certos e levo para a cobertura e o vendedor de proteção só cobre os que eu levo.
1.1.1.2. Portfolio default swap – ex.: eu sou credora de várias pessoas. eu acho que alguém vai
fahar mas não sei quem. Neste caso eu levo um portfolio com todas as minhas relações com as
entidades ao vendedor de proteção e ele seleciona o momento em que vai pagar, ou seja,
combina que ao final de X defaults é que paga.

Como terminar um swap:


 Reversal swap – não é permitido a denuncia no contrato de swap por isso muita gente recorre a este
reversal swap, ou seja, se tiver feito um swap em que está a perder, faz outro swap sobre a mesma coisa,
mas em sentido contrário onde estará a ganhar e cobre o que perde com o primeiro com o que ganha com o
segundo.
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 Transmissão da posição contratual – isto na verdade nunca acontece porque ninguém quer assumir um swap
que correu mal, visto que tem de pagar.

RESUMO SEMANAL PROF. MARIA EMÍLIA


TAEG: Taxa Anual de Encargos Efectiva Global é o custo total do crédito para o consumidor expresso em
percentagem anual do montante do crédito concedido. Distingue-se da TAE por incluir também os impostos
associados a um empréstimo e por se referir apenas ao crédito ao consumo.
Taxa de esforço (DSTI): Proporção do rendimento de um agregado familiar afecto ao pagamento de um empréstimo.
Pretende medir a capacidade do agregado em cumprir as responsabilidades assumidas com um empréstimo.
Distrate: Dissolução ou rescisão de um contrato que, no caso do crédito à habitação, se refere à rescisão da hipoteca
por extinção da dívida.
Spread: Diferença entre os preços de oferta de venda e de compra de um determinado activo ou instrumento.
Termo também utilizado para referir o acréscimo (em pontos percentuais) ao indexante, que os bancos exigem
quando concedem um financiamento com taxa variável.
Nos mercados financeiros e no sistema financeiro em geral existem vários riscos que podem ser identificados:
1. Risco de não cumprimento ou de crédito (default risk) - possibilidade do beneficiário de determinado
empréstimo não ter capacidade financeira para pagar os juros e/ou o capital em dívida;
2. Risco de país (inclui o risco de soberania que é a dificuldade de pagamento da dívida soberana);
3. Risco de liquidez – risco de não conseguir obter-se fundos a preço normal de mercado;
4. Risco de taxa de juro;
5. Risco de mercado – associado à evolução dos preços;
6. Risco cambial;
7. Risco operacional – traduz-se nos prejuízos provenientes de erro humano de processo, técnicos ou tecnológico;
8. Risco sistémico – fenómenos de contágio destabilizadores do mercado e que não se elimina com a simples
diversificação da carteira de investimento.
Instrumentos Financeiros: A categoria de instrumentos financeiros, que podem ser complexos ou não, é muito mais
ampla que a categoria de valores mobiliários. Entende-se por instrumento financeiro todo e qualquer bem ou ativo
intangível dotado de valor patrimonial, expresso pecuniariamente, que seja suscetível de ser objeto de transações
no mercado.
Não se pode confundir com títulos de crédito: os títulos de crédito representam relações bilaterais existentes entre
os intervenientes do processo de circulação cartular (cheques, letras, livranças) – ATENÇÃO AO PRINCÍPIO RES INTER
ALIOS ACTA, QUE AQUI É PRECISO SER INTERPRETADO COM CAUTELA, ATENDENDO AO CARÁTER CIRCULATÓRIO
DESTES TÍTULOS - e também, regra geral, não são emitidos de forma massificada, pelo que não incorporam relações
jurídicas homogéneas.
Tipos de Instrumentos Financeiros: (art. 2.º, n.º 1 CMVM)
1. Valores mobiliários;
2. Derivados;
Valores Mobiliários: características distintivas
1. são direitos e não coisas, nem sequer corpóreas
2. São direitos representados e deve existir uma relação estreita entre o direito representado e o valor
representativo
3. São emitidos de forma massificada em conjuntos homogéneos (fungibilidade)
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4. São transmissíveis sem dependência da observância das regras de cessão de créditos
5. Devem ser potenciadores de gerar proveitos – frutos civis
6. Susceptíveis de ser negociados em mercado organizado (aliás e a propósito, só os títulos de crédito
negociáveis seriam admitidos à categoria de valores mobiliários)
Nota sobre os mercados financeiros:
Subdividem-se em mercado monetário e mercado de capitais.
No mercado monetário participam apenas instituições financeiras que comprem e vendem entre si e visam
operações de curto prazo (liquidez/ tesouraria). Os fins visados são a arbitragem, cedência de fundos excedentários,
captação de fundos e gestão de riscos de taxa de juro – FRA (forward rate agreements). Os títulos negociados são
BT’s, papel comercial (títulos de dívida equivalentes a BT’s mas para dívida emitida por empresas), Repos(repurchase
agréments).
O mercado de capitais é para operações de médio e longo prazo, como operações com ações ou obrigações.
Valores Mobiliários: São documentos emitidos por empresas e outras entidades, por regra, de forma massificada, e
que representam direitos ou deveres, podendo ser transacionados (comprados ou vendidos) em bolsa/ mercado
regulamentado.
Para os emitentes constituem uma fonte de financiamento alternativo aos habituais mútuos bancários. Para os
investidores são uma forma de investimento e aplicação de poupanças distinta dos típicos depósitos a prazo ou
certificados de aforro. Assim, existem valores mobiliários que oferecem um nível de rendibilidade diversificado e de
risco associado também, podendo assim cada investidor optar pelo valor mobiliários que se adapte melhor ao seu
perfil de investimento.
Os documentos representativos de valores mobiliários podem assumir uma dupla forma:
1. Em papel – valores mobiliários titulados;
2. Em registo informático – valores mobiliários escriturais; (são mais seguros, proporcionando uma circulação
e exercício de direitos mais eficiente).
Derivados (contratos financeiros)
Ativos financeiros com base em, ou derivados de um instrumento subjacente diferente. O instrumento subjacente é
habitualmente outro activo financeiro, mas pode ser também um bem ou um índice.
Estão previstos no art. 2.º, n.º 1, als. c) a h) do CVM e não instrumentos emitidos, transmissíveis ou inscritos em
conta e carecem de representação. Traduzem-se em fórmulas contratuais típicas propostas aos investidores e que se
traduzem num encontro de vontades e interesses entre os operadores que os subscrevem. Há aqui uma questão
complexa, que é a de saber se, sendo um contrato, residualmente poderá aplicar-se o Direito Civil?
Formas de comercialização:
1. Em mercado regulamentado (Life Connect da Euronext), com contraparte central – que garante o
pagamento dos fluxos financeiros resultantes dos contratos que vão sendo registados diariamente em
tempo real (câmara de compensação);
2. Sistema de Negociação Multilateral (MTF) (Forex);
3. Over-the-counter (OTC), mercado de balcão;
Os derivados financeiros devem ser reflectidos pelo seu valor de mercado ou, no caso de este não existir, pelo seu
valor equivalente (fair value).
Nos derivados está em causa um activo cujo valor, ainda que nocional, deriva de um activo subjacente.
As finalidades podem ser:
1. Hedging (originalmente, surgiram com a intenção de limitar o risco face à variação da cotação dos
produtos e mercadorias);
2. Especulação;
3. Arbitragem.
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Os derivados rapidamente evoluíram e os ativos subjacentes deixaram de ser apenas bens físicos e apropriáveis.
Hoje podemos distinguir entre commodities derivatives (forma mais antiga de derivado), derivados financeiros
(referentes a outros títulos, divisas ou taxas de câmbio) e os derivados exóticos (fruto da desregulação dos EUA,
especialmente no sector energético, sendo que se permite que se aposte em quase tudo, desde que o valor possa
variar com o tempo e haja informação que permita acompanhar e medir essa variação).
O valor do contrato gira, portanto, à volta da flutuação do valor do activo subjacente e em torno do tempo que
poderá ser maior ou menor.
Existem contratos day ahead (de um dia para o outro) e spot ou intraday (no próprio dia).
As commodities derivatives e alguns derivados exóticos podem ser executados em género (em que há a entrega do
activo subjacente) – liquidação física – ou então podem ser executados por via do pagamento de um diferencial –
liquidação financeira, e aqui o interesse não reside no ativo subjacente, mas sim no seu valor (se este descer o
comprador paga a diferença, se subir, o vendedor assume a diferença).
Tipos de Instrumentos Financeiros
Warrants – é um instrumento financeiro que concede ao seu detentor o direito (e não um dever) com duração
limitada, de comprar ou vender um produto de investimento, tal como acções ou obrigações, contra o emitente
original desses valores mobiliários, a um preço previamente determinado. O exercício de warrants pode ter
associada a emissão de novos títulos, diluindo assim o capital das obrigações ou ações existentes.
Ao contrário de um investimento em ações e obrigações, em que o não exercício de direitos não implica a perda dos
valores (em si), no warrant se o direito não for exercido dentro do período convencionado, o mesmo caduca e o
investimento perde totalmente o seu valor. Existem depois de modalidades de warrants: call warrants (de compra),
put warrants (de venda), covered warrants (não são bem warrants, são mais opções, em que o direito de compra de
certos valores são exercidos contra entidade distinta da entidade emitente desse valor mobiliário).
Opções
Um contrato de opção confere ao comprador o direito de adquirir ou vender (dependendo se é uma opção de
compra ou de venda) um determinado activo ao vendedor a um determinado preço de exercício, num determinado
momento do tempo, ou antes desse momento.
Papel comercial – PC
Títulos de dívida emitidos ao abrigo do Decreto-Lei nº 181/92, de 22 Agosto e demais legislação aplicável em vigor.
São títulos emitidos por prazo inferior a dois anos, só podendo ser emitidos por um prazo superior a um ano caso se
destinem à subscrição particular (caso contrário ficam sujeitos ao estabelecido no Código do Mercado de Valores
Mobiliários). São emitidos por prazo fixo embora seja possível o seu resgate antecipado. Têm valor nominal mínimo
fixado por legislação regulamentar, podendo ser emitidos, quer em moeda com curso legal em Portugal quer em
moeda estrangeira, por entidades residentes ou não residentes, desde que cumpram os requisitos legalmente
fixados. Incluem-se instrumentos similares emitidos em mercados estrangeiros.
Swaps
Um contrato de swap envolve a troca de cash flows entre os agentes envolvidos, com base nos termos previamente
acordados e nos preços de referência dos activos subjacentes.
Modalidades:
 Interest Rate Swap - Swap de taxa de juro
Acordo entre duas partes de troca de pagamentos de taxa de juro durante um determinado período de tempo.
Destina-se a transformar uma exposição a uma taxa de juro fixa na exposição a uma taxa de juro variável, ou vice-
versa (plain vanilla/ coupon swap).
 Currency Swaps – Swap de taxa de câmbio ou divisa
 Equity Swaps – Swap sobre valores mobiliários, por exemplo, ações
 Commodity swaps – Swap sobre matérias-primas
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 Credit Default Swaps
 Swaps exóticos: Zero-Coupon Swaps, Rouller-Coaster Swaps, Indexed and floating principal swaps, Forward
start swaps, Collapsible swaps, Amortising swaps, Acreeting swaps ou set-up swaps, etc…

Aula 28/03/22 – T
Regime Geral de Organismo de Investimento Coletivo (REGOI)
 O que é um organismo de investimento coletivo?
Nós somos um conjunto de investidores e investimos todos no mesmo (todo). O todo é o património autónomo, um
conjunto de investidores é uma unidade de participação, cada participante individual chama-se participante. Esta
reunião de dinheiro é um OIC.

Fundo de Investimento:

participante

Unidades de
participantes
(UP’s)

Vários tipos:
1. Fundos de investimento – nasceu sob a forma contratual. Como nasceu de um contrato não tem
personalidade nem capacidade jurídica, apesar de estar abrangido pela extensão de personalidade
visto que é um património autónomo.
2. Sociedades de investimento – nasceu sob a forma societária. Esta sociedade tem personalidade e
capacidade jurídica. tem de ser uma sociedade anónima.
3. Trust – esta existe, mas apenas no estrangeiro. Aqui não é lícita.
Por só haver dois, percebemos que eles têm de estar tipificado na lei.
A estes OIC’s também têm de estar associadas três outras sociedades:
1. Sociedade gestora – a que gere o fundo de investimento. As sociedades de investimento podem ser
autogeridas. A sociedade gestora é sempre uma sociedade anónima.
2. Depositário – o dinheiro que faz parte do OIC tem de ser depositado num banco. O depositário é
qualquer pessoa menos a sociedade gestora porque visto que ela é gestora, se algo correr mal ela
não seria tão fiável para relatar o verdadeiro estado do dinheiro. Para controlar isto eles separaram
quem segura o dinheiro e quem gere o dinheiro, assim cada vez que a sociedade gestora precisar de
movimentar o dinheiro vai ter de fazer reporte e explicar como e porquê que o dinheiro sai.
3. Entidades comercializadoras.
Quando é que podem entrar e sair?

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 Se o OIC for aberto, eu posso entrar e sair da sociedade de investimento quando eu quiser. Se o OIC for uma
sociedade de investimento aberta, é chamada de SICAV’s (sociedade de investimento de capitais variáveis)
 Se o OIC for fechado, significa que há um prazo inicial de subscrição dentro do qual qualquer pessoa pode
entrar e nao pode sair pois o capital ficou estável. Se o OIC for uma sociedade de investimentos aberta, é
chamada de SICAF’s (sociedade de investimento de capitais fixos)
OIC VS Gestão de Carteira
Gestão de carteira – quando quero investir de forma individual. Aqui entrego o meu montante a um intermediário
que vai investir em vários títulos: ações, UP’s (as fatias do fundo de investimento) , obrigações, etc... ou derivados.
OIC’S abertos VS fechados:
 Abertos – OICVM: as de valores mobiliários
 Fechados – OIA: O prazo máximo destes OIC’s é de 20 anos.

OIC’s harmonizados VS não harmonizados:


 Harmonizados – têm legislação
 Não harmonizados – não têm legislação. Estes são perigosos e muitas vezes levam ao “shadow banking
system” que é o perigo das entidades não regulamentadas. Um exemplo desta shadow banking são os
“hedge found” que são fundo geridos por pessoas muito inteligentes não sem escrúpulos/valores.
Trabalham de forma diferente dos OIC’s normais pois eles entram em sociedades e saem quando querem.

OIC’s – documentos:
 Prospeto – pode ser simplificado ou completo. O simplificado é o que nos diz quem constitui o fundo, as
condições, a politica de investimentos (explica onde é que o fundo vai investir o nosso dinheiro), etc...

OIC’s de distribuição:
 De distribuição – ao fim do período contratado, eles distribuem o lucro que fizeram pelas pessoas incluídas
(2º, nº1, aa)).
 Se forem organismos de não distribuição, só há distribuição na fase final.

Artigos RGOI:
 15º - estabelece um princípio fundamental e difícil de cumprir. É o interesse da persecução dos interesses
exclusivos dos participantes: quer a entidade gestora, quer o participante têm de ter em mente o interesse
daqueles que compõe o fundo. Não pode ser o interesse da entidade gestora a determinar onde se vai
investir, etc...
 2º, nº2, f) – diz-nos quais os documentos constitutivos da OIC. Tem de ser conjugado com o 153º que nos diz
o que é um prospeto.
 158º - estabelece o conteúdo mínimo de informações do prospeto.

Fundos de titularização de crédito:


 Imensas finalidades: deitar fora o risco, afastar o risco, ou para financiar-me.

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Aula 01/04/2022 – P
Regime jurídico da titularização de créditos – questões essenciais e complementares
Está previsto no DL 453/99. Em relação a este regime, temos que perceber qual foi a grande novidade que surgiu em
2019: a partir deste ano surgiu:
 a STS (lei 69/2019) no fundo visou transpor para a ordem jurídica portuguesa o regulamento 2017/2402, foi
este que criou o STS mas não apagou a titularização tradicional – STS (simple transparente
standardized/padronizada), este é um processo de titularização menos complexo, podemos sempre com os
mesmo modelos, não precisamos de adaptar a forma, mas só se utiliza quando os créditos utilizados são os
ABCP (asset basket comercial paper) – papel comercial até dois anos, sendo na mesma titulo de divida, eu
tenho credito sobre aquela pessoa, nem todo o papel comercial é asset basket (é sempre com garantia
associada, se X não me pagar eu posso acionar uma garantia, são créditos mais seguros) se comprar papel
comercial simples não tenho nenhuma garantia associada.
Os ABCP não precisam de ser submetidos às formalidades exigentes de uma titularização normal, posso ir
pela titularização mais rápida e simples. Uma STS tem um título específico.

 NÃO STS (forma tradicional) – Á operação de titularização que não tem por base ABCP chamamos a não STS
(a tradicional).
Antes desta alteração de 2019, não tínhamos um nome especifica para os fundos de titularização e sociedades de
titularização, não podemos ceder créditos a outras entidades sem ser estas, na altura utilizávamos a expressão SPD
(special porpouse vehicles) e para algumas situações ainda continuamos a utilizar, agora são chamados EOET´S
(entidades com objetivo específico de titularizar). Quando um fundo de titularização ou uma sociedade de
titularização recebe uma massa de créditos para titularizar, ela não pode por regra retransmitir esses créditos, ela
deve receber para titularizar, não pode ceder a outra entidade – exceção: é permitido que elas retransmitam o
crédito que receberam uma única vez desde que o façam para outro fundo de titularização ou para outra sociedade
titularização, uma SCT ou uma FTC;
Quais são as características que esses créditos têm que ter cumulativamente para poderem ser transmitidos para
titularização? Se não tiverem não podem ser cedidos – art. 4º RTC
 A lei restringe o tipo de créditos que podem ser cedidos, inicialmente a lei dizia que só podem ser cedidos
créditos vincendos (obrigação de pagamento ainda não ocorreu, ainda não há incumprimento, porque ainda
se vão vencer), todavia a lei introduziu um novo requisito, porque também podem ser cedidos créditos
vencidos, na opinião da dra. Isto mina a segurança da titularização, porque a probabilidade de retorno é
muito menor, a razão oficial do legislador foi que um credito vencido não é propriamente um credito
incumprido, porque quando não cumpro na data em entro em mora e não em incumprimento definitivo,
ainda há possibilidade de pagar mais tarde com penalização ou então tem uma hipoteca associada e pode-
se acionar a garantia, porque um credito vencido não quer dizer essencialmente que seja um crédito não
pago, no entanto para a prof a verdadeiras razão foi permitir aos bancos limpar os créditos mal parados, os
créditos incumpriveis (#os bancos incumpriveis são imparidaveis, vão para a imparidade do banco).
 Têm que ter uma natureza transmissível, o que é logico. P.ex. sou divorciada de 7 maridos e tenho pensão
de alimentos de todos eles, tenho créditos sobre eles, posso ceder? Não, porque o crédito é indisponível, é
intransmissível, é intuito personae.
 O crédito não pode estar sujeito a restrições á sua cessão do ponto de vista legal ou contratual , neste caso a
lei até deixava, mas no contrato de crédito estabelece-se que o credor não pode ceder esse crédito, ou seja,
convenciona-se nesse sentido.
 Tem de ter natureza fungível, ou seja, tem de ser objetos que permita receber dinheiro, esta fungibilidade
tem haver com a pecuniariedade, tem que ser crédito em dinheiro.
 Não podem estar sujeitos a nenhuma condição , p.ex. fiz um contrato com X e esse era dever de 10, na
condição deste sujeito tirar 19 valores num exame, e se isso não se verifica, X tem que pagar? Não, e por
isso minava, estava a ceder créditos que não se iriam verificar porque a condição não se verificou. Tem que
ser crédito livres de condições.

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 Não podem ser créditos litigiosos – o Estado pode ceder crédito litigiosos (mas pode ser perigoso);
 Não podem ter sido dados em garantia, ou seja, p.ex. A pede dinheiro a B, e B empresta e pergunta quais
são as garantias? A diz que tem um crédito de 200.000,00 sobre C, crédito que foi cedido em garantia, estes
tipos de crédito não podem ser cedidos para titularização, porque o crédito não pode servir a 2 senhores.
Estes requisitos têm que estar verificados cumulativamente para os créditos poderem ser cedidos para efeitos de
titularização.

Quem é que pode ser cedente? Fundos de titularização; Sociedades de titularização; Sociedade de grande porte
(p.ex. sonae); Banco
E as seguradoras? Sim, mas depende, ela pode ser cedente mas não são todos os credito que pode ceder, existe uma
delimitação legal de quais os créditos que podem ser cedidos.
A cessão de créditos para ser valida não precisa do consentimento do devedor e torna-se eficaz quando é
notificada ao devedor, por via de regra a operação de titularização deve ser notificada aos devedores, todavia,
quando o cedente é uma instituição bancaria não deve ser notificada aos devedores, porquê? P.ex. A comprou a
casa com recurso ao crédito de habitação, e cumpre pontualmente, e recebe uma casa a dizer que que o crédito que
tem foi cedido para efeitos de titularização que vai ser transformado em VM e vão ser colocados á venda. A
pergunta ao banco o que é que se passa, e fica preocupado porque pensa logo na vida toda, ou seja, imaginemos o
que era toda a gente fazer isto. O valor fundamental para um banco ser solido, confiança, se a pessoa confiar no seu
banco não há problemas, o sistema bancário não vai funcionar se não houver confiança  Princípio da neutralidade
da operação – não informar os devedores que o crédito foi cedido, porque não tem nenhuma consequência para
eles e não será vantajoso ele ser informado, para que não seja minada esta confiança.
Posemos ceder créditos futuros, que não existem, que ainda vão existir? Podem, desde que se verifiquem 2
requisitos:
1. Haja uma relação jurídica já estabelecida, que já está aberta entre o credor e os potenciais devedores;
2. A entidade que vai ceder possa por valores aproximados estimar/calcular o valor dos créditos futuros que
vai ceder, para que se possa calcular o valor da cessão.
Terminamos a operação de titularização.
Contratos bancários
(esquema do papel – passar para aqui)
Estabelecem um contrato entre o banco e pessoas jurídicas (singulares ou coletivas). Em qualquer um deles impera o
princípio da autonomia privada, ou seja, o que resultar da convenção das partes, mas sendo esta limitada pela lei,
ordem publica e bons costumes. Os bancos têm uma forma de contratar muito especial, recorrem aos contratos de
adesão, não há negociação das clausulas, eles predispõem umas clausulas se a pessoa quiser aceita ou não, o que faz
com que seja aplicado o regime jurídico das clausulas contratuais gerais (está no no código civil).
São contratos formais, em posição de forma resulta da lei ou mesmo que a lei não obrigue, o banco não faz nada que
não seja escrito, as práticas bancarias impõem que tudo seja reduzido a escrito por sua iniciativa. E também são
contratos comerciais, o direito bancário é um sub-ramo do direito comercial, os atos praticados pelo banco são atos
de comercio, o banco é uma entidade comercial, visa o lucro (2º Ccomercial), e portanto são contratos comerciais, e
por isso esta sujeito aos princípios de direito comercial.
Artigos da lei bancária a saber - RGICSF
 3º (quem são instituições de crédito, na alínea a) diz-nos que são os bancos, nas alíneas seguintes são
outras).
 4º (o que fazem as instituições de crédito), o nº1 diz o que faz um tipo de instituições de crédito em
particular (bancos) – só vamos falar em algumas alíneas (p.ex. a, b – core business da banca, receber e
conceder empréstimos) e o nº2 dizem o que fazem as outras instituições de crédito.
 6º (quem são as sociedades financeiras) – são todas as que estão no artigo.

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 7º (o que as sociedades financeiras podem fazer)
 8º, nº1 – princípio da exclusividade (só precisamos de saber este número), só as instituições de crédito (p.ex.
banco, caixa económica), não se aplica às sociedades financeiros, por isso é que é exclusivo, não podem
receber dinheiro em deposito as pessoas que estão no art. 6º.
Artigo importantes do regime jurídico das clausulas contratuais gerais (está no no código civil): 5º, 6º e 8º.

RESUMO SEMANAL PROF. semana 3

Aula 04/04/2022 – T
Contratos bancários continuação
 Contrato de conta bancária (contrato base)
Contrato de abertura de conta bancaria, é um contrato que tem algumas regras para se abrir conta, hoje em dia é
um bem essencial ter uma conta bancária, há regimes legais que impõem aos bancos que abram uma conta a certas
e determinadas pessoas. Há certos tipos de bancos que não aceitam certos clientes, desde 2008 todos os bancos que
estejam sediados em Portugal são obrigados a facultar a conta de serviços mínimos bancários a quem pretende abrir
uma conta, já foi um serviço facultativo, mas atualmente é obrigatório.
As contas de serviços mínimos não são gratuitos, existem tetos que se possam cobrar taxas anuais (não pode
exceder 3 euros ao ano, 1% do IAS), no entanto há bancos que cobram 0 euros.
Ter cheques ou não, ter ou não cartão de debito, ter ou não associado um cartão de debito, são estipulações que se
fazem nos vários tipos de conta.
Uma das coisas que pode acontecer mais perigosas e que tem homebanking, há dois fenómenos que a
jurisprudência que se tem debruçado sobre isto (será disponibilizado acórdãos sobre isto), o banco lucra ao ter
homebankig porque liberta a agência bancaria, o recurso dos bancos são poupado, não vamos ocupar o funcionário,
no entanto, os dois fenómenos:
 phishing e pharming
 o 1º é aqueles links fraudulentos para hackear as nossas contas/pescar os nossos dados, aqui a culpa
também é do consumidor que clicou;
 o 2º é diferente, não se deve entrar no banco pela internet sem colocar o link certo, em cima tem que ter
um cadeado verde para sabermos que a ligação é segura, quando nos entramos numa página do banco mas
na realidade não é, é uma duplicação de pagina que os hackers criam, é uma copia da pagina do banco,
estamos a ser vitimas do pharming – qual é aqui o problema que se tem suscitado? Antes utilizava-se o
código e o cartão de coordenadas (carta-matriz) o banco nunca pede mais do que uma combinação, e não
devemos responder a mais que uma, no pharming vai pedir as coordenadas mais do que uma vez, para
conseguir montar o cartão, e o banco avisou que não se deve fazer, os tribunais entendem que muita das
veze podemos estra por uma negligência grosseira ou uma negligencia que muita gente cairia, quando
ocorre um risco á pagina do banco, normalmente o banco suporta este risco a não ser que estejamos
perante uma negligencia grosseira, em que a pessoa literalmente “ajuda” “comparticipa” com negligencia,
neste caso é o cliente que responde)
O banco tem a obrigação legal de garantir a segurança do homebankig, e a jurisprudência tem massacrado o banco
no sentido de os condenar, mas não é em todas as situações.

É um contrato atípico, resulta do regime geral das clausulas contratuais gerais, em relação a estas são destacados os
artigos (5º, 6º, nº1 e nº2, 8º RGCCG);
 O art. 5º - dever de comunicar, compete ao banco comunicar as cláusulas. Como é que se comunica as
clausulas? Comunicar é p.ex facultar as clausulas para que a pessoa leia, todavia, temos que ter atenção á
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antecedência com que nos comunicam essa clausula, o dever de comunicação só esta cumprido se o banco
me der tempo para eu ler as clausulas.
 Art. 6º, nº1 – dever proativo do banco, o banco deve informar, não apenas comunicar, ou seja, explicar, não
é apenas ler o que esta lá. Depois deste dever estar cumprido pode motivar o:
 Art. 6º, nº2 – dever reativo do banco, ou seja, dever de esclarecimento, isto só existe se alguém os pedir
 Caso tenha sido violado algum destes 2 deveres anteriores, a cominação está no art. 8º, excluindo aquela
clausula.
IBAN: é constituído pelo PT50 (sabermos que a conta é portuguesa) acrescida de 21 algarismos. Os primeiros 4
números é o código do banco (para sabermos qual é o banco em que a conta está sediada), do número 5-8 é o
número de agência do banco, p.ex. Gondomar ou Porto, do 9-19 é o número da nossa conta, os 2 último número não
são relevantes.
Quando vamos abrir uma conta é preciso fazer oque? Identificar-nos. Elementos de identificação diferem se foi
para pessoa singular ou pessoa coletiva (lei 83/2017 artigo 65º veio dizer o que os bancos poderiam pedir às pessoas
para a sua identificação – a prof vai colocar no moodle), este artigo está muito pensado para as pessoas coletivas)
Nas pessoas coletivas hoje em dia é necessário RCBE (registo oficial de beneficiário efetivo – vão documentar
oficialmente de quem é que beneficia oficialmente daquela sociedade, temos 30 dias para fazer este documento
quando houver alguma alteração na empresa) + certidão permanente.
DL 107/2017 – estabelece as regras de acesso á conta bancária:
 Art 35º - não discriminação
 Atualmente temos uma restrição motivada por regra, os cidadãos russos tem muita dificuldade em abrir
uma conta num banco da EU, e alguns ate ficaram com as contas fechadas, e esta sanção sobrepõem-se a
estas regras nacionais;
Aviso de Portugal de 4/2009 – 2 anexos interessantes, são as fines (ficha de informação normalizada europeia) para
o contrato de abertura de conta e de deposito á ordem.
Instrução do banco de Portugal 11/2018 – é uma espécie de glossário, traz a lista de serviços mais representativos
que são oferecidos pelo banco na abertura de conta
Quais são os elementos que o banco pede obrigatoriamente, na união europeia, para abrir uma conta bancária?
o Nome
o Data de nascimento
o Fotografia
o Nacionalidade
o Naturalidade
o CC
o Assinatura valida (tem que ser sempre a mesma)

Não é permitida as contas confidenciais, p.ex. nos cheques não aparece o nome do titular só o número de conta e só
o banco sabe a quem pertence essa conta, que na suíça é permitido.
A lei diz que há uma obrigação legal do banco em fazer atualizações, o banco deve pedir-nos para atualizar os nossos
dados, deve zelar pelos nossos dados estarem atualizados. Se existe obrihaçao legal, e no que diz respeita á
empresas essa informação ate esta disponível de forma publica, ser auqwe não existe consequências para o banco
ou naos eria justo ele sofrer consequências sse não fizer essa atualizaçao devida? Fica a discussão em aberto
Vicissitudes na conta bancária – O que pode acontecer numa conta bancaria que abriu e as coisas mas que lhe
podem acontecer.
Pode ficar bloqueada ou suspensa, porquê?
o Os titulares da conta foram penhorados, não podem mexer nos fundos que foram penhorados;
o Em virtude de uma providencia cautelar, um credor decidiu arrestar a conta;
o Morte de um dos titulares da conta (é necessário a habilitação de herdeiros para se movimentar na conta)
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o Insolvência da pessoa que é titular da conta

A contas bancarias podem ser:


 Singulares
 Coletivas (2 ou mais singulares)
o Solidarias – se forem 2 titulares, neste regime qualquer titular tem autorização para movimentar a
conta sem consentimento dos outros (este é o regime normal)
o Conjuntas – nenhum titular pode movimentar a conta sem ter o prévio consentimento dos outros.

Mas também há regimes mistos, para certas coisas são solidarias e para outras ser conjuntas.
Quem pode movimentar?
A quem pertence os fundos? A titularidade/propriedade é de A, mas A e B podem movimentar (solidaria). Se nada
for dito em contrário presume-se que os fundos pertencem (presunção relativa) em partes iguais aos titulares.
Exemplo pratico: A faleceu e havia uma conta conjunta A e B, tinha 70.000 euros, B transferiu para uma conta só
dela, ela pôs como titular duas filhas porque já tinha 80 anos, uma das filhas foi executada e o credor penhorou 1/3
da conta da mãe, a prof fez embargo de terceiro para embargar a penhora, dizendo que aquele 1/3 não lhe pertence
e provar nesse sentido para ilidir a presunção.
 Contas Gerais (qualquer um de nos pode ser titular, conta bancaria normal
 Contas Especiais (finalidades específicas reguladas por lei, há certas pessoas e organismos que tem de ter
uma conta especifica – p.ex. conta condomínio, tem que ter uma conta especifica para que sejam
depositadas as quotas, p.ex. o agente de execução tem de ter uma conta do trabalho, p.ex. conta poupança
reforma)
Quando é que uma conta encerra?
 A pedido do cliente – o banco não pode cobrar nenhuma comissão pelo encerramento da conta (exceção:
do caso de ser uma empresa, e essa conta não tiver a duração de 6 meses o banco pode pedir uma comissão
pelos gastos administrativos), mas pode pedir um prévio tempo.
 Iniciativa do banco (pré-aviso de 60 dias obrigatório)

Cheque sem provisão, vão incorrer na prática de um crime, então arranjam desculpas para o cheque ser devolvido, ás
vezes as pessoas emitem um cheque e cancelam a conta – acórdão de 1997 disse que essas pessoas equiparam-se que
um cheque devolvido por conta cancelada, é a mesma coisa que um cheque sem provisão.

Aula 08/04/2022 – P
Hoje daremos todas os contratos de crédito
09 de maio será dado o crédito ao consumo

Diferença entre o contrato de crédito e de financiamento – contabilisticamente é diferente, a maior parte das
empresas optam pelo contrato de financiamento. No contrato de financiamento (leasing) eu não fico automaticamente
endividada, eu não estou no meu património logo em debito, mas sim mensalmente pagar aquele valor, enquanto no
contrato de crédito estou logo endividada, e por isso é que o contrato de financiamento é mais caro.
Contrato de empréstimo ou mútuo bancário – é um empréstimo de natureza comercial. O objeto dele é chegar
junto de um banco e dizer que mutuo uma determinada quantia, o que nos leva para uma das grandes questões –
natureza dos juros? Os tipos de juros?
 Juros civis – 4%
 Juros comerciais – são revistos semestralmente, a taxa varia, mas andam sempre na ordem de 7%

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 Juro fixo (indexado ao empréstimo) – as partes contratualizam uma taxa de juro fixo. Atualmente os bancos
aceitam fixar taxa mas apenas durante um período
 Juro variável

 Juros de mora – tem a finalidade de indemnizar o credor pelo dano decorrente do atraso no cumprimento da
prestação;
 Juros indemnizatórios – só são cobrados em caso de incumprimento do contrato, são os chamados taxas de
penalização;
 Juros compensatórios – acontece muito em alguns contratos de crédito, quando nos utilizamos esses mesmos
contratos, o banco cobra um juro por antecipar uma determinada quantia ao cliente, é para compensar o banco
durante o tempo em que antecipa o montante
 Juros remuneratórios – são o preço do dinheiro, é aquilo que resultou do lucro para o banco; remunera o
tempo que o banco não tem o dinheiro, cobra juros por não ter a disponibilidade daquele dinheiro;
O tribunal veio decidir que se alguém deixar de pagar e incumprir definitivamente o contrato, o banco não
pode pedir juros remuneratório das prestações vincendas (não pode vir a invocar o 781º CC) porque o banco
já vai ter o dinheiro, e o objetivo destes juros era remunerar o banco pelo tempo que não ia ter na sua
disponibilidade o dinheiro.

Não existe na lei nenhuma norma que nos balize o que é curto prazo, medio e longo prazo, chegamos por analogia,
porque importamos esta terminologia do DL 344/78 que foi revogado pelo 58/2013.
Modalidades de mútuo:
1. Caucionado – é aquele contrato de mútuo que tem associado a si garantias, o banco mútuo a garantia
mas pede garantia de bom pagamento (hipoteca, etc)
2. A descoberto – aqui não há garantias associadas
3. Simples – é aquele em que o mutuante (banco) é unitário, ou seja, eé apenas um banco que concede o
mútuo
4. Sindicatos – há mútuos em que o mutuante não é apenas um banco mas 1 ou mais, aqui a vantagem é
que se houver incumprimento não é um só banco a suportar, é pensado para altas quantias de credito.
Um contrato de mútuo pode ser resolvido? O mutuário pode invocar uma clausula resolutiva e resolver o
contrato? Efeitos de resolução – 484º tem efeitos retroativos, deve ser restituído tudo aquilo que foi prestado, tem
que estar consciente que tem que entregar ao banco o montante que foi prestado, mas essa pessoa que quer resolver
tem de estar na condição de resolver o contrato e devolver tudo o que lhe foi prestado. Efeitos ex nunc é para os
contratos de execução continuada, a retroatividade da resolução só produzi efeitos daí em diante, e temos a
retroatividade com efeitos ex tunc, tudo aquilo que foi prestado tem que ser devolvido, os efeitos da retroatividade ex
nunc (nada) é para a frente, ex tunc (tudo) é desde o início do contrato;
Em relação aos juros há 2 questões que se levanta, e a doutrina encontra-se dividida:
1. O aviso do banco de Portugal 3/88 estipulava limites às taxas de juros aplicáveis pelos bancos, não eram
livres de fixar a sua taxa de juro, contudo em 1993 sai um aviso 3/93 que revogou o aviso anterior, e a
problemática é o seu art. 2º entendeu-se que fixou a liberalização da fixação das taxas de juro, liberdade
para os bancos fixarem as suas taxas de juro, exceto se as taxas de juro tiverem limites em diplomas legais
(p.ex. no crédito ao consumo tem) no entanto no credito á habitação não há nenhuma norma, o que significa
que aparentemente caiem na regra da liberdade de fixação, todavia foi revogado por sucessivos avisos, so
que estes avisos não tem nenhuma norma que fale sobre fixação de taxas de juros, o que significa que
vigora a norma do 3/93. O que se questiona é – A revogação da lei revogatória importa o renascimento da
lei que esta revogara? Não, por causa da não repristinação da lei (7º, nº4), o que significa que se não há
norma limitadora, os bancos podem fixar as normas que quiserem, o que acaba por prejudicar o consumidor
final. E então a doutrina começa a dividir-se:
a. Há liberalização da fixação de taxas
b. O mútuo bancário tem natureza comercial, e o direito comercial é lhe aplicável subsidiariamente o
código civil, a lei especial afasta a lei geral, mas se não houver completamos com a lei geral, e se
eu posso fazer isto, o mútuo civil que funciona como regime subsidiário ao mútuo especial, no art.
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1146º CC diz que não pode exceder-se a taxa legalmente aplicável acima de 3% ou 5%, conforme
seja caucionado ou a descoberto, se entendermos que o mutuo civil se aplica subsidiariamente ao
mutuo bancário, existe limitações. (a prof concorda com esta posição), ou seja p.ex. a taxa de juro
civil (4%) pode ir até 7% (+3%) pode acrescer-se 3% á taxa.

Analise breve de outros contratos de crédito:


 Descoberto bancário ou “overdraft”– NOTA: há uma coisa que se chama descoberto obrigatório e isto é
seguro de credito e não tem nada que ver com descoberto bancário, isto porque no exame sai muitas vezes
para definirmos estes dois.
O que significa? Ir á para alem da red line, é quando usufruímos de dinheiro que não temos na conta bancaria,
começamos a ter saldo negativo no saldo contabilístico, o banco pode permitir de forma expressa ou tacita,
este overdraft tem uma finalidade que quase sempre é o banco que sugere quando fazemos um crédito p.ex.
credito á habitação, porque quando chega ao dia X que deveria pagar a prestação e não tenho saldo suficiente
para pagar, e com este overdraft mesmo que não tenha saldo suficiente, é pago, e isto evite sucessivos
incumprimentos, porque assim nunca incumpre porque depois vai cair o vencimento e é reposto o saldo
negativo. Mas obviamente que o banco vai cobrar juros altos, porque é idêntico ao cartão de crédito, e vamos
pagar imposto de selo.
Há uma grande especificidade, o normal é que as obrigações sejam a prazo a favor do devedor, aqui não há
benefício do prazo a favor do devedor, o banco pode pedir o provisionamento da conta imediato, a qualquer
momento pode ser pedido.
Assim que seja creditado qualquer saldo, faz compensação bancaria, o banco tem o crédito.
É um contrato que é nominado, está previsto no art. 2º a) do DL 220/94, mas não existe regulamentação deste
contrato, é atípico.
 Abertura de crédito – É muito comum principalmente no âmbito das empresas e nos contratos de garantia
vamos estudar o aval que é associado a este contrato. Qual é a garantia associada? Subscrição de uma
liderança com aval.
Ela é muito utilizada para grandes empresas que têm que fazer grandes pagamentos a trabalhadores, p.ex. uma
indústria têxtil que tem 250 trabalhadores, todos recebem ao dia 22 o seu vencimento, isso implica cerca de
60.000,00 euros por mês, mas eu tenho créditos a receber mas só recebo esse montante no dia 30, o que a
empresa faz ara não correr o risco de falhar o pagamento com os trabalhadores, abertura de credito, o banco
concede o plafom a empresa e depois a empresa tem que repor esse plafom.
A abertura de conta pode ser:
o Simples – se o plafom for 90.000 só pode gastar até ao limite, mesmo que tenha reposto, não pode
reutilizar.
o Em conta corrente – para as empresas esta é comum, aqui desde que tenha reposto pode reutilizar o
plafom.
Se quiser cessar este contrato, tem que repor o dinheiro que foi emprestado.
 Desconto bancário – quando ouvimos “ela foi descontar uma letra, ou foi descontar um cheque ao banco”.
Isto é mais usado por pessoas coletivas.
 Antecipação bancária – o que é? Casas de penhor, desempenham a atividade prestamista que é uma
concessão de contratos de mútuo contra a atividade de penhor, mutuam determinadas quantias e as garantias
que pedem é um contrato de penhor, se eu restituir posso pedir a devolução da garantia na medida que vou
pagando. O banco pode desempenhar a atividade prestamista mediante um contrato de antecipação bancaria
porque agrega um contrato de mútuo e um contrato de penhor.
É um contrato sujeito á forma escrita disposto no DL 365/99, art. 11º. É nominado, art 402º CComercial.
 Crédito documentário – é um crédito que alguém tem contra a entrega de documentos, é um crédito que
tenho desde que entregue certos documentos, pode ter a finalidade de pagamento, crédito e de garantia
P.ex. encontrei A no OLX, e A disse que vendia um PC, mas eu não a conheço, e eu não sei se ela me
vai entregar o PC depois de entregar o dinheiro, existe desconfiança.
p.ex. E há uma forma de concretizar sem que haja desconfiança, é colocar uma terceira pessoa
independente que faça isso, ou seja, A comprador (importador) e B vendedor (exportador), A diz que
para pagar B tem que entregar 5 documentos, entrega a quem? A celebra com o banco X um contrato
de mandato, A é o mandante e o banco é o mandatário, A manda o banco pagar a B se ele entregar os
5 documentos que foi combinado no ct de compra e venda. O banco faz uma carta de crédito ao B, e
diz que no exercício do seu mandato vai pagar o dinheiro se B entregar os 5 documentos, e o banco
vai fiscalizar a entrega dos documentos para efetuar esse pagamento, isto é uma forma de garantir que
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aquilo que A comprou venha direito, com garantia, manuais, etc, ou seja com os documentos que ele
pediu ao B.
Este crédito usa-se muito nas comparas e vendas internacionais.
O normal é este crédito documentário seja quadrilateral, A notifica ao Banco dele, e B notifica ao banco dele,
e depois os bancos trocam entre eles.
Se A não tiver o dinheiro para pagar, pede ao banco (contrato de crédito), se o mandato for revogável o crédito
documentário não serve como garantia, só é garantia se o mandato for irrevogável, só assim é que a outra parte
está protegida.

RESUMO SEMANAL PROF. semana 4

Aula 20/04/2022 – P (quarta-feira)


Contratos bancários – contratos de crédito (continuação)
Nesta turma já terminaram o crédito documentário (pedir á turma de sexta-feira).
O que é que pode correr mal no contrato documentário? Quando uma das partes não cumpre aquilo que esta
contratado, em relação ao crédito documentário:
1. O que é uma carta de crédito? Quem imite e para que é que ela serve? É o início da execução das
funções do mandatário, é a partir do envio da carta de crédito que o banco inicia a execução do seu
mandato. O banco é que imite a carta de crédito – é o mandatário e o emitente, o comprador é o mandante e
ordenante, e o vendedor é o beneficiário porque vai beneficiar do pagamento.
O que é que pode correr mal?
A. Se o ordenante se esquece de indicar um documento, o mandatário só está obrigado a cumprir quando ao
documento que contrataram, se existir uma desconformidade de documentos, o banco não vai ter que fazer esta
conferencia, se os documentos base e os documentos que estão descritos no mandato, a responsabilidade é do
mandante.
B. Outra situação é, o mandante da as instruções corretas, os documentos que exigiu ao banco para pagar são
exatamente os mesmo s que combinaram na relação base, e se o b anco paga sem a entrega desses documentos, a
responsabilidade é do mandatário, porque ele paga ao vendedor sem os documentos, o mandante só pode pedir
responsabilidade do mandatário quanto ao montante que foi pago, é uma responsabilidade inter partes
(responsabilidade civil contratual), não pode pedir responsabilidade do vendedor, ou então pedir responsabilidade pelo
contrato base e não pelo que foi pago.
Nota: Na europa os documentos têm +/- o mesmo significado, porque a legislação é equivalente, mas quando se trata
de mercados externos á união europeia pode não ter o mesmo significado, p.ex. as garantias podem não ser as
mesmas. Inicialmente as partes preocupavam-se em que os nomes coincidissem entre os países, mas pode não
condizer, a melhor forma de assegurarmos um crédito documentário, é nem sequer especificarmos os documentos por
título, porque pode não ter o mesmo conteúdo nem significar a mesma coisa, a melhor forma é descrevermos
detalhadamente o conteúdo que o documento deve conter, definição de documentos por conteúdo e não por nome,
porque independentemente do nome que o vendedor vai dar ao documento, o banco vai ter de verificar se consta ou
não consta o que pedi.
Nenhuma justiça é justa se a decisão não for justa – frase de doutoramento do Mota Pinto
Art. 16º, 17º, 18º e 19º da UCP 600 – ler porque falam sobre esta parte dos documentos (não vai sair, é só para
percebermos melhor)
CONTRATO CRÉDITO DE HABITAÇAO (relativo a imóveis) – está previsto no DL 74A/2017
Para se conseguir um crédito a habitação de 40 anos? É preciso que se tenha menos de 30 anos, para os jovens
faltam-lhes mais tempo para a morte por isso têm mais tempo para pagar – foi a atualização que foi feita este ano.

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Como é que surgiu este DL? Havia pessoas que faziam crédito habitação que nunca era igual entre várias pessoas,
havia várias legislações aplicáveis aos mutuários, as pessoas que recorriam a créditos para habitação, havia regimes
dispersos, em 2003 a união europeia, os créditos habitação representavam 43% dos créditos que eram feitos na
europa, e o compromisso era de longa duração, e pode representar a insolvência pessoal basta um passo mal dado,
e também o banco era descuidado na análise dos mutuários. Este regime implementou um período de 7 dias entre a
realização do mútuo de hipoteca para a realização do imóvel e o crédito, para que a pessoa possa pensar se quer
mesmo, este período é obrigatório e protecionista do consumidor, este período aplica-se não só aos mutuários e
igualmente ao fiador.
Há 2 fenómenos:
1. Bundling (vendas associadas facultativas) – é permitido: Aqui dizem que oc redito está aprovado, mas tenho
aqui uns produtos associados e se subscrever eu baico o crédito, mas eu posso dizer que não quero e o
crédito é concedido á mesma, enquanto no tying o crédito não era concedido. O banco seduz com benefícios,
mas não é obrigatório, a concessão do crédito não está dependente com a subscrição dos produtos.
2. Tying (vendas associadas obrigatórias) – é proibido: Até 01/01/2018 os bancos praticavam muito, é dizer que
o crédito está aprovado, mas não lhe davam o crédito tinha que subscrever obrigatoriamente outro tipo de
produtos, porque se a pessoa não subscrevesse esses serviços não tinha acesso ao crédito – art. 11 DL
74A/2017.
Inicialmente o tying tinha duas exceções (ou seja, naos e considerava tying), o banco podia exigir para
conceder créditos 2 coisas: a pessoa tinha que abrir uma conta bancaria no próprio banco, se não abrisse não
concediam credito (em 2020 (lei 57/2020) alterou-se isto, e proibiu-se não se pode exigir a abertura de conta,
mas podem seduzir dando benefícios – bundling), ou obrigar a pessoas a subscrever os seguros associados ao
credito (isto ainda podem fazer – seguro multi riscos e seguro de vida dos mutuários), mas esse seguro pode
não ser naquele banco ou naquela seguradora com quem o banco trabalho, isto eles não podem exigir, no
entanto o seguro tem que cobrir as condições que o banco exige, têm de ser as mesmas condições. No
entanto os bancos podem seduzir, dando benefícios (bundling).
Só se aplica o DL 74A/2017 mediante estas duas condições:
1. Contrato de crédito para adquirir um imóvel
2. E só se aplica se esse imóvel adquirido for dado em hipoteca (se p.ex. vou adquirir um imóvel, peço um
empréstimo e não dou este imóvel de hipoteca não se aplica o DL 74A/2017 aplica-se o crédito ao
consumo – DL 133/2009)
3. Também se aplica este DL se for pedir um crédito para obras, mas tenho que hipotecar o imóvel
O DL inclui no seu âmbito de aplicação o leasing imobiliários, ou seja, se comprar um imóvel e adquiri-o por leasing
(locação financeira) foi usar e fruir de um imóvel e em troca pago uma renda mensal, e no final o banco diz se eu
quiser ficar com o imóvel tenho que pagar um valor residual, se der o imóvel de hipoteca também vigora este DL e
não o da locação financeira, o legislador não quis descriminar os consumidores conforme a forma que optassem
para o contrato.
Este DL só se aplica aos contratos de crédito foram contraídos por consumidores (os mutuários) - (4º, nº1 A), se for
uma imobiliária não se aplica este DL.
Em 2014 saiu uma diretiva que visou harmonizar todas as regulamentações de crédito a habitação da união
europeia, o DL que transpôs essa diretiva para o nosso ordenamento jurídico (DL 74A/2017), mas esta diretiva
2014/17 também trouxe regras quanto aos intermediários de crédito, nesta parte foi transposta para o nosso
ordenamento jurídico pelo DL 81C/2017. Esta diretiva veio dizer a todos os bancos da união europeia que todos
devem utilizar a mesma fórmula para calcular a TAEG.
Alterações ao DL 74A/2017:
A 1ª alteração (feita pela Lei 32/2018) – aditamento do artigo 21º A
2ª alteração (mais importante) (feita pela lei 13/2019) – 25º, nº2. Há uma clausula típica nos créditos de habitação
“o mutuante proíbe o mutuário que sem consentimento do banco a pessoa onere ou venda o imóvel” é uma
clausula resolutiva, o banco pode resolver o contrato de crédito. As pessoas vendem casas hipotecadas para limpar a
suta titularidade no registo, porque os credores vão procurar a conservatória e se o imóvel não estiver na minha
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titularidade ela não aparece, e assim escondo e vendo a outra pessoa, se essa casa estiver hipotecada o banco pode
resolver o contrato por causa da clausula resolutiva, mas normalmente o banco não quer saber porque ele só quer
receber a prestação mensal, mas não nos podemos esquecer de fazer um arrendamento ou comodato.
Atualmente esta lei diz que o mutuário pode arrendar o imóvel que esta hipotecado ao banco, e isso não se pode
traduzir numa possibilidade do banco resolver o contrato, isto veio a permitir que houvesse mais casas disponíveis
para arrendamento.
Outra novidade está prevista no art. 5º (políticas de remuneração), veio obrigar os bancos a mudarem as suas
políticas remuneratórias, e fez consagrar que não pode estar dependente nunca da parte variável da remuneração o
número de créditos formulados, assim não se sente coagido.
Art. 6º - entendeu-se que era vital o funcionário que estava a celebrar contratos de crédito bancário com os
consumidores, tinha que ter conhecimentos próprios para isso, e este DL veio a estabelecer a obrigatoriedade de
formação. A Portaria 385C/2017 (veio definir o conteúdo que as pessoas deveriam ter nas formações).
Em relação ás praticas comerciais, são proibidas as praticas desleais (art. 9º - remeter p/ DL 57/2008, porque o DL
74ª não afastou o DL que fala sobre as praticas desleais)

Aula 09/05/2022 – T
CONTRATO DE CRÉDITO AO CONSUMO (aula aberta)

Versão consolidada - DL 133/2009 - legislação subsidiaria ao crédito à habitação, a sua ultima alteração foi em
2020.
Com esta abordagem vai tentar explicar como é que existe nos contratos ao consumo uma consolidação de
proteção aos consumidor, há já nos crédito ao consumo uma regulamentação de proteção ao consumidor e vai
continuar, há já uma proposta de diretiva que influenciou a lei que vamos estudar, ainda é uma proposta, irá
ainda ser transposta para o direito português. Uma diretiva depois de aprovada em regra demora 3 anos a ser
transposta, mas em principio antes de 5 anos não vamos ter uma lei em Portugal que modifique aquilo que
vamos estudar.
Sumário da apresentação do DL 133/2009
I Introdução
II O conceito é aqui muito relevante para percebermos a tal razão de ser deste regime.
III Deveres pré - contratuais -> no caso de querermos aprofundar esta matéria é fundamental as regras sobre a
publicidade, as regras sobre o conteúdo da declaração profissional, a proposta, e o dever de avaliar a
solvabilidade do consumidor. No crédito ao consumo existe este dever de avaliar a solvabilidade do
consumidor.
IV Formação
V TAEG
VI Direito de livre revogação ou “Direito ao arrependimento” -> esta é uma designação doutrinária, não está na
lei.
VII Prazo, Forma, Efeitos
VIII Cumprimento antecipado -> por parte do consumidor, houve uma intervenção do legislador nesta matéria
para proteger o consumidor através de limites das comissões a cobrar pelo credor, pela instituição que concede
o crédito. O consumidor consegue mais cedo acabar de cumprir e de pagar as suas obrigações e anteriormente
ainda tinha de pagar bastante porque estava a privar o credor dos juros a que tinha direito se o contrato fosse
pelo período de tempo estipulado. Continua a ter de pagar, há uma penalização pelo cumprimento antecipado,
isto é a lógica do crédito ao consumo, do crédito em geral. Estamos inseridos no Direito Bancário e por isso o
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objeto, o negócio dos Bancos é emprestar dinheiro e compreende-se que quando emprestam dinheiro querem
que o contrato vá até ao fim e não seja antecipado. É diferente de um vendedor de um automóvel que dá 4
meses para o pagamento mas não se importa que o comprador antecipe o pagamento. Na maioria dos
contratos a antecipação do pagamento é algo que é benéfico para o credor, é dado um prazo no beneficio do
devedor, mas aqui no crédito ao consumo há uma inversão. No crédito ao consumo há um compromisso, por
um lado pode-se antecipar mas por outro lado também seria absurdo privar aquele que vive do crédito de juros
a que tinha perspectivado receber.
IX O vencimento antecipado das prestações tem também aqui um interesse porque aqui o regime é mais
favorável do que o regime do CC. No CC o regime da divida liquidada em prestações é um regime em que o não
pagamento de uma prestação invoca desde logo a perda de beneficio do prazo e o credor tem o direito ao
vencimento antecipado, e pode exercer esse direito ou não, mas aflita de pagamento de uma das prestações
leva a isso. Na compra e venda há um regime especial, em nome da proteção do comprador que compra em
prestações - art. 934º do CC -, aqui a falta de uma prestação, quando há reserva de propriedade, entrega da
coisa, quando há uma prestação em falta que ultrapassa 1/8 do valor em divida o credor tem direito à
resolução do contrato ou ao vencimento antecipado das prestações. Só é possível esse direito se a prestação
em falta ultrapassar esse 1/8 do valor da divida. Isto é uma realidade anterior ao crédito ao consumo, antes da
facilidade do crédito ao consumo existia a possibilidade de pagar a prestações e nessas circunstância o
vendedor reservava a propriedade, entregava a coisa e rezava para que as prestações fossem todas pagas e não
sendo pagas aplicava-se então o art. 934º do CC. Se for uma relação de crédito ao consumo e existir uma
situação de incumprimento das prestações do empréstimo devemos aplicar o regime do DL 133/2009 e não o
art. 934º do CC ou até o 781º do CC, porque se se trata de um contrato de crédito ao consumo não é uma
compra e venda e sendo a divida liquidar em prestações provem de um contrato de mutuo e o art. 781º diz que
a falta de uma prestação dá aqui direito à perda do beneficio do prazo por parte do devedor e o credor tem
direito ao vencimento antecipado das prestações. Aqui é que podemos comprar o regime deste DL com o CC,
aqui é que p contrato de crédito ao consumo tem um paralelo e não no art. 934º.
PONTOS ESSENCIAIS DO REGIME
Em 2009 a legislação europeia, porque isto resulta da diretiva de 2008, o direito português já pôde beneficiar
em termos de proteção do consumidor destas figuras, desde logo, da:

- TAEG (Taxa Anual Efetiva de Encargos Global): esta obrigatoriedade desta taxa e as suas características e
formas de controlo

- FIN (Ficha de Informação Normalizada) ou FINE (no crédito à habitação é esta, Ficha de Informação
Normalizada Europeia)

- A recusa de empréstimo
- As instituições financeiras começaram a ter mais deveres de informação para com os clientes
- O prazo pra revogar o contrato de 14 dias - direito ao arrependimento
- Mais direitos na compra de bens de consumo a crédito: quando se faz um contrato de compra e venda e se
associa um crédito ao consumo para poder com esse crédito pagar o produto, agora os comerciantes não
vendem a prestações, podem vender mas não é tão necessário se tiverem associado à sua empresa, ao seu
negócio, a possibilidade de o seu comprador comprar o produto através de um crédito ao consumo. Neste caso
acontecem dois contratos que estão ligados, porque se eu vou comprar o equipamento que preciso mas não
tenho dinheiro. Sendo nulo ou anulável o contrato de compra e venda por alguma razão, o contrato de crédito
ao consumo também será, eles tem uma ligação intrínseca, p.ex. se o consumidor que comprou um bem a
crédito exercendo o seu direito, ou na compra e venda ou no crédito ao consumo, da livre revogação (ao
contrário da compra e venda em que este direito se designa por Direito à livre resolução), se nos 14 dias a
pessoa se arrepende num dos contratos então o outro cai

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- Comissões de amortização antecipada
- O incumprimento do crédito: o consumidor é aqui sempre penalizado, dá direito a sanções para o
consumidor.
**NOTA**
**Num stand, se pagar o veículo a pronto fica mais caro do que se o comprar e pagar a prestações, com a
concessão de crédito, isto porque, as financeiras dão uma comissão aos vendedores do stand para eles
poderem fazer crédito.
É importante perceber quando é que estamos perante um contrato de crédito ao consumo, quando se aplica
este regime especial. Quando não se aplica este regime especial, quando não um consumidor a contrair o
empréstimo mas uma empresa ou uma pessoa singular que não é qualificada como consumidor aplica-se o
regime geral do mutuo civil ou do mutuo bancário, este aqui é um empréstimo civil mas com consumidores, e
se tivermos a certeza de estarmos perante um contrato com consumidor então aplica-se este regime especial
do DL 133/2009, se o crédito ao consumo vier com uma garantia de hipoteca então aplica-mos este regime
especial juntamente com o DL 74-A/2017.
Informações e práticas anteriores ao contrato - art. 5º ao art. 11º
No direito do consumidor há muitas leis especiais, esta, depois do regime do crédito à habitação, deve ser a lei
com mais direitos e informação pré-contratual, são mais extensos, mais detalhado e mais desenvolvidos. As
relações com consumidores devem ser práticas leais, e ainda temos aqui o conteúdo da proposta, o que é que
deve constar obrigatoriamente da proposta de concessão de crédito.
Art. 12º ao art. 23º - Informações e direitos relativos aos contratos de crédito
É aqui que entra o dever de avaliar a solvabilidade, o dever da livre resolução do direito do consumidor e a
questão de a sorte de um contrato estar dependente do outro (compra e venda + concessão de crédito), se um
for invalido o outro também é.
Art. 24º - TAEG
O que é especifico aqui no regime de proteção ao consumidor é esta obrigação do credor. Este diploma veio
consagrar a figura do intermediário de crédito (Cap. V), mas na verdade o acesso a esta atividade, a fiscalização,
a regulação aconteceu mais tarde noutro diploma.
Quando o consumidor é parte num contrato de crédito ele goza de algumas prerrogativas, de alguns direitos e
deveres no que toca à sua proteção. No entanto, este diploma não regula todo o contrato de crédito ao
consumo, regula as questões de proteção ao consumidor, depois é preciso aplicar o regime especial da
legislação bancária, para o empréstimo bancário, e o regime geral do CC que está sempre na base dos
contratos. A legislação do consumidor é sempre especial e tem sempre outra legislação subsidiária na base, que
é o CC ou/e a legislação comercial (a legislação correspondente à entidade que está em causa a conceder o
crédito).
Este DL veio transpor uma diretiva de 2008, que a mesma diretiva que está neste momento em revisão,
mantém-se em vigor. A proposta da diretiva é de 30/06/2021, depois de aprovada ainda vai demorar alguns
anos a ser transposta para o direito português. Quando aprovada vai substituir a diretiva anterior que é a que
ainda está base do DL 133/2009, e vai revogar este DL.
Nos termos desta lei, o conceito de contrato de crédito, para esta aplicação deste diploma, consta do art. 4º,
nº1, al. c) - é um contrato em que um credor concede ou promete conceder a um consumidor um crédito, sob a
forma (…). Quanto ao objeto deste contrato é a concessão de crédito, sendo que a lei especifica várias
modalidades.
Este é o âmbito objetivo.

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Quanto ao âmbito subjectivo é absolutamente essencial tratar-se de uma relação jurídica de consumo, é aquela
que se estabelece entre um consumidor e um profissional (credor, concedente de crédito). Aquele que é
consumidor contrai um crédito junto daquele que é credor e está habilitado para isso, tem de se tratar das
pessoas que a própria lei define como habilitadas para este efeito.
Conceito de Consumidor é um conceito mais ou menos genérico, de lei para lei vai mudando uma palavra ou
outra, mas o sentido é o mesmo. O Consumidor é aquela pessoa singular que nos negócios jurídicos abrangidos
pelo presente DL (objeto), atua com objetivos alheios à sua atividade comercial ou profissional. Desde que a
finalidade da importância emprestada seja para uma finalidade privada, particular, do próprio ou da sua família.
Desde que a finalidade seja predominantemente particular, mas se factos objetivos demonstrarem o contrario,
como a fatura ser em nome da empresa, o consumidor não pode vir alegar que era para fins pessoais e não
profissionais.
Esta designação é quase a mesma que está para o crédito de consumo à habitação e também para o crédito na
compra e venda de bens ao consumidor —> exemplo da istore
Lei 24/96 – Lei de Defesa do consumidor - tem uma definição de consumidor mais lata que esta, mas só no que
respeita à pessoa, não fala em pessoa singular mas sim em “todo aquele” (toda a pessoa jurídica). Fora isso ela
é uniforme em toda a UE, nas diretivas que depois são transpostas através de leis especiais para o direito
português
DL 67/2003, revogado pelo DL 84/2021, entrou em vigor a 1 de janeiro. A nova lei veio reduzir em Portugal o
nível de proteção, antes do dia 1 de janeiro, nos contratos anteriormente realizados, o consumidor possuía em
caso de não conformidade do contrato, tinha quatro direitos à sua escolha: reparação do bem; substituição do
bem; redução do preço; resolução do contrato (art. 4º, nº5 da Lei 67/2003). Desde janeiro de 2022 - DL
84/2021 - estabelece na mesma que o consumidor tem esses quatro direitos, mas em primeiro lugar deve o
consumidor solicitar a reparação ou a substituição, consoante a situação, e só falando estas é que pode ter
lugar uma redução do preço e se esta também não for a mais adequada pode ir para a resolução. Há situações
em que pode ir diretamente para a resolução que a lei prevê.
Só se aplica aos B 2 C - Business to consumer - profissional/empresário vs consumidor. Só se houver uma
relação entre consumidor e empresa é que se aplica este regime especial. Se forem dois consumidores não
existe o conceito de direito ao arrependimento, é uma relação entre particulares, é aplicado o CC. Se for entre
dois empresários ou entre um empresário e um não consumidor aplica-se o CC ou a legislação comercial. Se
estivermos perante um B 2 B estamos perante direito comercial puro e aplica-se legislação comercial + CC.
Por vezes é mais fácil perceber a quê que não se aplica este regime especial, e por isso no art. 2º, nº1 -
contratos excluídos:

- Para os contratos de crédito à habitação quando há garantia de hipoteca;


- Contratos de consumo abaixo de 200€ e acima de 75.000,00€. Num caso é considerado pouco demais e
portanto os Bancos estarem sujeitos a tantos deveres (de informar, aconselhar, avaliar solvabilidade (…)) para
emprestarem valores tão baixos o mais certo era não emprestarem. A ideia da proteção do consumidor é
aquela sobre que o consumidor não tem meios económicos para recorrer a advogados, para se defenderem
judicialmente se for preciso, por isso acima de 75.000,00€ já não é tão necessária esta proteção porque parte-
se do principio que o consumidor tem meios para se poder defender se precisar.

- Concessão de crédito sem juros ou encargos.

TAEG - esta taxa está definida no art. 4º, i), e deve estar aqui o custo total do crédito para o consumidor,
expresso em percentagem anual, do montante total do crédito, acrescido, se for o caso, dos custos previstos no
art. 4º. O consumidor quando vai aos Bancos fazer as simulações deve dizer qual a sua situação e para que quer
o crédito e qual o seu esforço, depois de analisada a situações e vistas as condições o Banco vai-lhe dizer que

26
aquilo lhe vai custar X. O consumidor com a taxa anual do que lhe vai custar o empréstimo dada pelo Banco vai
a outros bancos para, com as mesmas condições, comparar e perceber qual é o Banco que lhe dá uma taxa
menor. Esta taxa é feita através de um calculo cuja formula está inserida num anexo (Anexo I) desta lei. Se esta
taxa for mal calculada ou usurária ela deve ser corrigida para valores mínimos legais. É um dos elementos que
constam da FIN. É o que nos diz quanto é que vai custar o empréstimo feito ao ano, é o que nos permite depois
comparar com outros bancos para ver qual será o mais barato. Calculo - art. 24º, nº4.
A usura está no art. 28º, este artigo estabelece limites à fixação de taxas de juro, isto não existe no crédito à
habitação (aqui há quem entenda que não há limites e que não se aplica o CC com base no Aviso 3 (…), exceto
se houver diploma que limite, no crédito à habitação aplicação o art. 1146º do CC aplicando-se os limites
máximos previstos nesse artigo).
Na publicidade - art. 5º - tem de estar também a taxa.
Art. 6º - Informações
Art. 7º - Dever de assistência ao consumidor, o credor que empresta tem o dever de assistir, isto é, prestar
esclarecimentos tendo em conta a sua capacidade financeira e os seus conhecimentos. Se o consumidor for
ficar numa situação de sobreindividamento o credor deve adverti-lo de que não vai poder pagar o crédito.
Dever de avaliar a solvabilidade - não há sanção, apenas uma contra-ordenação se não for cumprido ou se ouvir
algum erro.
Art. 10º Art. 12º/13º - forma escrita, tem de ser entregue exemplar sob pena de nulidade atípica, só pode ser
invocada pelo consumidor e não por qualquer interessado - art. 12º, nº5. Se a instituição não entregar o
exemplar gera esta nulidade do contrato que deve ser invocada pelo consumidor, mas o momento em que ele a
invoca tem de se ter atenção, não a pode invocar depois de ter cumprido metade do contrato, isto seria abuso
de direito.
Art. 17º Na livre revogação, a declaração negocial de resolução vale até as 23:59h do 14º dia. A doutrina da
expedição é que releva para a contagem dos prazos e não a doutrina da recepção, é a doutrina da emissão ou
expedição. O que interessa é a expedição, isto contraria o regime geral do art. 224º do CC que diz que as
declarações negociais produzem efeitos quando são recebidas ou conhecidas da outra parte.
Art. 19º
Art. 32º - DL 144/2015 - o credor deve aderir a uma entidade de resolução de litígios, se não aderir o
consumidor pode escolher o mais próximo da sua residência.
Aula 13/05/2022 – P
DL 157/2008, refere o que é uma prática desleal, uma ação enganosa, uma omissão enganosa relativo às
informações que são transmitidas ao consumidor em termos de publicidade. Este DL é para todas as entidades
que prestem serviços e vendam bens a consumidores.
ARTIGOS IMPORTANTES:
• Art. 5º - práticas desleais em geral
• Art. 6º - práticas desleais em especial
• Art. 7º
• Art. 8º
• Art. 9º
• Art. 11º
• Art. 12º

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DL 74-A/2017
No art. 9º não exclui a aplicação deste DL 157/2008, fala sobre práticas comerciais e somos atirados para o
regime geral das práticas comerciais.
Práticas proibidas sobre tying e bundling - art. 11º do DL 74-A/2017 -, isto é proibido, excepciona-se que a
entidade bancária não conceda crédito se a pessoa se negar a celebrar contrato de seguro de risco ou vida, é a
única exceção, a concessão de crédito está dependente da celebração destes contratos, mas não têm de ser
celebrados naquele banco. Antes da alteração desta lei também era lícito ao banco exigir abertura de conta la,
hoje não podem exigir mas seduzem a pessoa a abrir lá conta e dão um desconto por isso. Se a pessoa
subscrever esses serviços o banco dá benefícios e isso é licito.
Bundling – Antes da última alteração a esta lei, também era permitido ao banco exigir que se abrisse uma conta la,
ou seja, quer crédito aqui, tem que abrir conta aqui, mas hoje em dia isto é proibido. Não pode exigir que se abra
uma conta la (eu posso ter conta no BPI e pedir crédito no Santander, mas tal como já tínhamos falado esses
seduzem).
No exame a prof costuma perguntar a distinção entre bundling e tying – art. 4º, alínea w) dá a definição de tying, na
alínea v) dá a definição de bundling, a definição está na lei.
Artigo 8º do DL de crédito á habitação – deveres de informação consagrados no DL
A instituição de crédito tem deveres de informação na parte preliminar, durante a celebração do contrato, e durante
a execução do contrato (ou seja, depois de ser formalizado o contrato de crédito). Todavia, a lei permite que a
informação seja prestada de forma padronizada, só que a informação apesar de poder ser prestada de forma
padronizada, o art. 8º diz que a informação deve ser adequada aos conhecimentos do consumidor, como é que junta
estas duas coisas, informação padrão e adequada? Ela pode ser padronizada desde que eu preste a informação mais
completa de todas, vou ter que dar a informação por baixo (p.ex. se eu der benefício da excussão ao 1º ano de
direito, eventualmente eles não vão perceber) por isso no formulário vou ter que tentar nivelar o conhecimento de
todos e dar a maior informação possível, porque mais vale escrever a mais do que escrever a menos.
Art. 10º - fala-nos sobre qual a informação que se deve incluir na publicidade do produto (informação normalizada –
o que é obrigatório no mínimo constar na publicidade de um crédito á habitação). No nº5 diz-nos o que tem de
constar na publicidade (não temos de fixar, diz lá tudo)
*MTIC (montante total importado ao consumidor)
Tem que se adequar a publicidade e a informação ao meio, e a cada caso.
Art. 12º - também é sobre a informação. No nº3 temos os elementos mínimos a cumprir, se recorrermos a créditos
por meio de intermediários de crédito.
NOTA: Para pedirmos créditos podemos nos dirigir a uma instituição bancária, mas não é obrigatório, eu posso me
dirigir a um intermediário de crédito, hoje esses podem ser vinculados (distribui contratos de crédito de uma
instituição em concreto, esta vinculado p.ex. ao Santander) ou não vinculados (pode procurar propostas em várias
instituições), estes também estão sujeitos aos deveres que correspondem às instituições de crédito, são extensíveis
a estes.
Art. 13º - quantas fines existem quando pedimos um crédito? 3, 1º fine correspondem á simulação (vamos procurar
onde nos é mais favorável pedir um crédito), ela é importante porque nos diz lá a taxa TAEG, e depois comparamos
com as restantes e vemos o que nos compensa mais, e há uma coisa aqui importante é que o banco tem de ficar
vinculado 30 dias á simulação que deu, não pode alterar, o propósito destes 30 dias é para dar espaço para o
consumidor poder escolher, aferir as diversas oportunidades do mercado sem perder as oportunidades que teve.
Depois disto, vai ser feita a avaliação do imóvel (esse tem que estar registado na CMVM), hoje em dia pode valer
mais ou menos consoante (eficiência energética – certificado energético; nº de casas de banho; área adjacente;
garagem – dentro de casa desvaloriza por causa da poluição; localização; for value – avalia com base do valor de
mercado no momento, e não de prognostico futuro, mas com exceção , quando em causa está a contração de um
credito de habitação para obras de restauro ou melhoria, ou obras na casa, aqui pode fazer estes juízos de avaliação
futura, porque depois das obras feitas a casa vai valorizar);

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** a prof. aconselha uma segunda avaliação, quando a diferença da avaliação para o preço de aquisiçao for até
20.000, se for superior não vale a pena. Se tiver uma diferença p.ex. de 10.000,00 para ter a aprovação do crédito,
peço uma segunda avaliação e tento que o perito “dê um jeitinho”.
Depois de estar tudo aprovado, o banco chama-nos e diz-nos que o crédito foi aprovado – 2º FINE (na aprovação do
crédito dão-nos uma FINE + a minuta do contrato que vamos celebrar). Quando é que vamos celebrar a escritura? Só
podemos celebrar o contrato definitivo 7 dias depois desta 2º FINE, não antes (direito ao arrependimento não existe
no crédito á habitação depois de celebrar o contrato, temos 7 dias para pensar # no crédito ao consumo temos esse
direito ao arrependimento).
** se quisermos ver como é uma FINE tem no anexo I do DL, está lá.
Em relação ás alterações ao DL do credito habitação – houve 3 (2018 – aditou o art. 21º A (veio trazer a
obrigatoriedade das instituições de credito espelharem os créditos á habitação as taxas de juro negativas) , 2019 e
2020)
FIQUEI AQUI – AUDIO 52:14

Aula 16/05/2022 – T

CONTRATOS DE GARANTIA
I. Contrato de garantia bancária
Garantias aparentes Diferente das garantias a que estamos habituamos, p.ex. a hipoteca e a fiança envolvem
um terceiro externo à relação base - garantias reais e pessoais - são garantias que podem envolver um terceiro
que não está na relação base e são oponíveis a terceiros. Estas são um acordo feito entre o credor e o devedor
sem um terceiro a prestar garantia sobre seu património, é apenas uma clausula que as partes convencionam
num contrato e que aparentemente funcionam como garantia de que o contrato irá ser cumprido.

- *negative pledge: um Banco e um devedor, este pede financiamento, o Banco quando consagra uma destas
garantias, diz que o devedor fica proibido de onerar o seu património, ou onerar mais o seu património, sem o
consentimento do Banco. Se o devedor onerar mais o património ou vender sem o consentimento do Banco
isto funciona como uma quebra de garantia e o Banco pode pedir vencimento antecipado das prestações. Isto
funciona como uma condução resolutiva.

- Pari Passu: é um compromisso que o devedor presta ao credor dizendo que vai mantê-lo informado e em
igualdade de condições para com outros credores que já tenha. O devedor garante ao credor que não dá
benefícios nem vantagens a outros credores e vai manter o Banco em igualdade de posição e condições que
outros credores. Funciona também como clausula resolutiva se o devedor não cumprir.

- *Cross default: (incumprimento cruzado) cada vez mais usual nos contratos, pode imputar-se nos contratos
civis.
**A é devedora de 3 bancos - B, C, D - e há planos de pagamento prestacionais nos 3 contratos. A
falhou com Banco D 3 prestações e entrou em incumprimento definitivo, o Banco vai exigir o pagamento de
todas. Com o Banco C falhou 4 prestações, mas no Banco B pagou sempre. Como os outros já entraram com
incumprimento definitivo e o Banco D executou todo o património de A, penhorou dois imóveis, o Banco C
pode ir reclamar créditos na execução, o Banco B, se não tiver a ser penhorado o imóvel dado em garantia
ele não vai buscar nada, quando A não cumprir fica sem garantias.
Se A incumprir algum contrato com o próprio banco (Cross Default fechado), se incumprir com outro
Banco isto implica o vencimento antecipado das prestações do outro Banco (onde ainda não incumpriu),
porque este Banco não quer ser o último a executar o património que já não vai haver.
Por norma o Crédito à habitação é o último que o devedor deixa de pagar. O incumprimento de um
contrato noutro Banco é um sinal de que o contrato com os outros Bancos vai falhar e por isso o

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incumprimento nos outros vai fazer com que o Banco Página 52 possa pedir logo o vencimento antecipado do
contrato. É um incumprimento cruzado porque o incumprimento é noutro contrato/Banco.
*Por norma andam associadas, aparecem as duas no contrato, são as mais importantes!

- Cartas de conforto (cartas de patrocínio - sem dinheiro):


**A inicia uma start up, ela trabalhou antes para uma multinacional (sponser), mas A não tem
credibilidade creditícia, não tem historial, precisa de financiamento. O Banco precisa de garantias. A
procura a empresa multinacional que tem boa reputação e pede o patrocínio do seu projeto, para que
escreva uma recomendação para o Banco.
Nessa carta é escrito só características positivas sobre A e o seu projeto. Nessa carta aquela empresa
quase que diz que presta aval/fiança mas não diz diretamente, ela tem um conteúdo dúbio, diz o suficiente
para convencer o Banco mas não ao ponto de ele achar que esta está a prestar uma garantia. A carta terá mais
força tendo em conta quem a escreve. O credor deixa influenciar-se na medida em que ele quer deixar-se
influenciar.
Podemos ter três níveis de diferença:
• Fraca - a entidade patrocinadora assume perante o credor que diligenciará junto da entidade patrocinada
pelo bom pagamento da divida. O sponser assume apenas um dever de diligência quando A consegue o
credito devido a esta carta, um dever de aconselhar A a ter cautela e a não deixar de pagar a divida. Garante
ao credor que vai andar atento ao devedor.
• Forte - além de prometer que vai andar atenta ao devedor, também se obriga a desenvolver esforços no
sentido de o Banco vir a ser sempre pago. Isto é uma obrigação de meios da obrigação de desenvolver
esforços. O sponser vai desencadear todos os meios para desenvolver todos os esforços possíveis para que o
devedor pague, só é responsabilizado se não provar que desenvolveu todos os esforços possíveis.
• Fortíssima - como a carta foi redigida em termos dúbios, assumiu-se mais do que se queria, entende-se
que ela consubstancia um reconhecimento de divida nos termos do art. 458º do CC, o sponser indiretamente
assume uma fiança e por isso reconhece a divida. O que lá está escrito está de tal forma pouco cuidado, que a
pessoa não se quis comprometer mas ao querer convencer o Banco acaba por dizer mais do que queria -
assume-se uma fiança encapotada. O sponser cai numa verdadeira fiança, uma fiança por escrito.
(Funcionário que a escreve pode ser despedido por isto) Aqui temos uma verdadeira fiança nos termos
normais, a carta foi escrita de forma imprudente. As regras do art. 236º do CC, de interpretação e integração
da vontade negocial das partes no negocio, dizem que quando estamos perante esta carta temos de tentar
perceber qual foi a real intenção da pessoa que a escreveu e se de lá resultar que assumiu uma fiança
encapotada então temos uma fiança e não uma carta de conforto. Vigora o principio, mesmo que
implicitamente declarada tem de ser sempre vista a vontade real do declarante.
Distinguem-se das garantias reais (não inicie sobre um bem), distingue-se da fiança, não é acessória da divida
principal (se não estiver encapotada) e distingue-se do aval (garantia pessoal prestada em títulos de credito e
encerra em si uma obrigação cartolar).
—> E se o sponser só escreve a carta para iludir o Banco e o devedor acaba por dar um destino diferente
ao financiamento? O sponser será responsabilizado por prestar falsas declarações? —> Responsabilidade
por recomendações - art. 485º, nº2 do CC.
Este enquadramento tem 3 hipóteses: há quem entenda que é por aqui que o podemos responsabilizar; há
quem queira enquadrar esta situação no art. 227º do CC - responsabilidade pré-contratual, quem participa
nestas negociações deve atuar de boa-fé (mas este artigo está pensado para as partes que realmente fazem
parte do negocio, não é o caso); e há quem queira enquadrar esta situação no abuso de direito - art. 334º do
CC, quando o emitente induz o Banco em erro e assume comportamento contrario ao conteúdo da carta. Isto
gera sempre responsabilidade civil do sponser, a questão é qual o enquadramento que se faz.
Modalidades do abuso de direito:

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- “Venire contra factum próprio” - é nesta modalidade que se enquadram o abuso do direito nas cartas de
conforto.

- “Supressio” (já existia no direito alemão) - quando o direito de agir ja se consumiu, a pessoa tenta usar
o direito que já se consumiu, “caducou”.

Garantias Bancárias
I. Mandato de crédito
**Entre A (mandante) e B (instituição de credito - mandatário), A vai incumbir B de conceder
crédito a C.
A fiança tem de resultar de declaração expressa, mas no mandato de credito o mandante fica
automaticamente constituído como fiador, se B aceitar este mandato - a fiança resulta da lei (ope legis) - art.
628º do CC - art. 629º do CC. Aqui o mandatário dá credito mas não há transferência para o mandante, não se
aplicam as regras gerais do mandato civil - art. 1181º e ss., só se aplica o art. 629º. O mandatário não é
obrigado a aceitar, a liberdade para não aceitar conceder credito está no art. 629º, nº3 do CC. O art. 629º,
nº2 do CC consagra a responsabilidade civil por factos lícitos no domínio contratual, eu mandante posso a
qualquer momento denunciar o contrato de mandato (para sair da fiança) mas sou obrigada a indemnizar o
credor —> responsabilidade civil pelo sacrifício.
Fiança (geral)
Havendo pluralidade de fiadores, se renunciar ao beneficio de excussão há solidariedade entre eles (credor é
o credor do devedor de quem são fiadores), mas independentemente de renuncia, entre os fiadores existe
solidariedade entre eles (eles são credores uns dos outros).
=/= Fiança “omnibus” (todos) - uma pessoa que se assume fiador não de uma obrigação do devedor mas de
todas as obrigações creditícias do devedor. Problema: ao assumir as obrigações todas, isto é um objeto
indeterminado, todas quais? As presentes? As que ainda vai contrair? Este tipo de fiança deve conter os
elementos identificativos do objeto da fiança para perceber quais as obrigações abrangidas, isto é valido, se
não for feito este tipo de fiança carece de nulidade.
Natureza acessória (=/= aval, mantém-se valido se a obrigação avalizada for nula, é autónomo) - art. 632º do
CC - se a obrigação principal da fiança for nula a fiança também é.
Acordão - 4/2021.
II. Garantia bancária autónoma
Não tem regulamentação, é atípica mas socialmente típica, resulta da pratica social, ela é muito comum.
Quem dá garantia é um Banco mas qualquer pessoa pode dar este tipo de garantia, o normal é ser um Banco.
Tem duas modalidades:

- On first demand (à primeira solicitação) (+ comum) - A chega ao Banco para acionar a garantia e o Banco
tem de pagar de imediato.

- Garantia bancária simples - era obrigatório que o empreiteiro mostrasse a execução da obra, de que tudo
estava cumprido para o Banco pagar, era preciso que o beneficiário provasse ao Banco que tem direito a
receber, era preciso a prova dos elementos constitutivos do seu direito a receber.
**A, empreiteiro, constrói edifício com apartamentos, vai construir para B, dono da obra (relação de
base). A faz orçamento. Ao fazer obra quer ter garantia que B lhe vai pagar. A pede a B garantia de que
lhe vai pagar, uma garantia bancária autónoma. B vai ao Banco e faz contrato com o Banco para
prestar garantia a favor de A. B está a pedir ao Banco para ser fiador dele.
Se a relação entre A e B for inválida a garantia mantém-se, ela é autónoma.

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O Banco não pode opôr ao credor os meios de defesa que o devedor podia opôr. A pede quantia a B e este diz
que só paga quando A cumprir determinadas etapas (exceção de não cumprimento), mas se A for ao Banco
este paga e não pode invocar aquela defesa contra ele. Depois o Banco notifica B dessa situação.
O credor desta garantia sabe que não tem direito a receber porque ainda nada fez mas pede na mesma o
dinheiro ao Banco —> ABUSO DE DIREITO. Este é o problema desta garantia.
B consegue travar o Banco de pagar a A através de uma providencia cautelar e uma vez decretada e chegada
a decisão ao Banco este pode dizer ao A que está proibido de pagar a quantia, mas só pode fazer isto depois
de chegar essa decisão, senão tem de pagar a A. Muitas das vezes a providencia cautelar não chega a tempo,
devemos fazê-lo desde logo quando percebermos que pode haver problemas, neste caso, sem audiência do
interessado.
Aula 16/05/2022 – P (compensação)
Contratos de financiamento
A pessoa fica a pagar aquele montante, mas não fica imediatamente endividada, isto são formas de obter liquidez
que de outra forma não tem.
Titularização de crédito – sai sempre em exame, pode não sair no mini-teste, mas é muito comum isto, por isso é
que sai sempre;
Cessão financeira – é conhecida como factoring
O que é este contrato? É feito entre o factor e o aderente, são estas as partes;
Aqui estamos a falar de cessão de créditos, o regime jurídico aplicável é alem do diploma específico, e também o
577º e ss. do CC que se aplica por analogia.
Exemplo: A é credora de B, porque vendeu bens ou prestou serviços, e disso resultou um crédito que B tem de
pagar, são créditos a curto prazo, até 1 ano no max., são este tipo de crédito que são objeto de cessão de créditos ou
cessão financeira.
A cessão é valida independentemente do consentimento do devedor, para a validade da cessão de créditos não é
preciso o consentimento dos devedores.
Um dos grandes propósitos é obter a liquidez, dos créditos que temos, p.ex. vou ao banco cedo os meus créditos e o
banco dá-me um X valor por eles, e depois é ele que vai cobrar esses créditos, eu já tenho o dinheiro do meu lado.
No entanto, quanto á eficácia (validade – produz efeitos; contra quem produz efeitos? Eficácia), p.ex sou credora de
vários devedores, cedo onerosamente esses créditos ao factor (Só estas 2 pessoas é que podem ser “factos” –
Bancos ou sociedades de factoring – isto é uma sociedade financeira), e para isso não preciso do consentimento
desses devedores, mas todavia, so vai produzir efeitos contra os devedores depois destes saberem, serem
notificados dessa cessão, enquanto ele não souber da cessão ele tem que me pagar a mim e não a quem cedi. Isto
tem grande relevância, porque se o factor vier sobre os devedores, mesmo estes já tendo pago ao credor inicial, o
factor so pode exigir ao credor inicial, porque estes ainda não foram avisados, mas se elas forem avisadas, elas têm
que pagar ao factor, mesmo tendo pago ao credor inicial (aderente) mas se já tiver pago ao credor inicial este não se
vai ficar a rir, porque os devedores podem pedir a repetição do indevido (403º CC não repetição/não devolução do
indevido, não é o que acontece aqui) porque pagaram mal, mas querem a devolução daquilo que foi pago e não
devia ter sido.
Como é que se faz a notificação? Qualquer meio idóneo, mas é melhor fazer por carta registada e aviso de receção,
ou seja, pode ser extrajudicial. Mas as vezes acontece isto, o factor não notifica, ou se notifica faz por carta simples
(não se tem prova), ou por citação também pode servir como notificação.
Notificação VS citação – citação só há uma, as notificações há muitas;
Com a cessão de créditos transfere-se toda a documentação.

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Só em 1965 é que surgiu em Portugal, o factoring. Até aos dias de hoje é regulada pelo DL 171/95, na realidade ele
não está regulamentado, porque não vem o regime jurídico la (é atípico) mas é socialmente típico, porque a
tipicidade do regime resulta da prática usual e social deste contrato.
É um contrato oneroso.
Modalidades do contrato de factoring (a prof costuma perguntar no exame)
 Factoring doméstico ou nacional – os contratos de crédito que são cedidos os credores e devores e factoring
é nacional, é tudo nacional
Se eu cedente sou exportador é um factoring internacional, basta que uma das partes seja internacional para
passarmos para um factoring nacional, esse não se regulamenta pelo DL ou código civil, o regime é regulado
pela convenção de Ottawa de 1988 (esta também se aplica ao leasing).
Art. 1º, nº2 da convenção, aqui define-se o que é o factoring contract, e as finalidades que pode prosseguir.
A nível internacional, são quase todos full factoring
 Factoring próprio ou sem recurso – ex. eu tenho estes créditos e cedo para o factor, e este vai pedir o
dinheiro aos devedores, mas q dos devedores esta insolvente, quem assumo o prejuízo é o factor, ou seja,
sem recurso e sem possibilidade de ir outra vez ao aderente; aqui o que distingue um do outro é quem fica
com prejuízo no caso do devedor não pagar (no 1º é o factor, no 2º é o aderente).
o Se o factoring tiver a finalidade de administrar ou cobrar créditos e ao mesmo tempo servir também
para proteger contra o incumprimento dos créditos – é chamado full factoring, para ser este tem de
ser próprio, mas pode haver factoring improprio sem ser full factoring se tiver outras funções (a prof.
às vezes pergunta). O factoring próprio está dentro do full factoring, porque o full factoring integra
duas funções, uma delas é uma das finalidades dessa (garantia do pagamento);
 Factoring improprio ou com recurso – são aqueles que têm a clausula pro solvendo; ex. aqui se algum dos
devedores não pagar ao factor, vai ter com o aderente para este pagar;
Em qual deles é que há garantia para o default, do bom cumprimento da obrigação por parte do factor? No
factoring próprio;
Quais são as datas de pagamento? Art. 8º DL, o comum é o pagamento antecipado
Ledgering = organização de contabilidade;
Quais são as causas de cessação do ct de factoring? Á partida são aquelas que estão consideradas no contrato como
causa resolutiva, todavia, pode existir sem qualquer tipo de clausula resolutiva, aqui aplicam-se por analogia as
causas de cessação do contrato de agência (art. 30º do DL 178/86). Caducidade, revogação, resolução, caducidade
(as causas que cessam o ct)
Pode ceder-se créditos futuros, que ainda não existem? Sim, mas desde que haja elementos que permitam
determinar o objeto, embora não determinados sejam determináveis.
Confirming – é um factoring reverse, é um factoring ao contrário, um normal é tenho um conjunto de créditos e
quero transmitir ao factoring, aqui A é devedor de varias pessoas, e não quero falhar com nenhuma, mas são tantos
credito que eu posso me perder, e transmito para o factor os meus débitos, e vai paga-los ás minhas custas claro, o
factor notifica os meus credores para eles la irem receber na data de vencimento, isto é bom para não incumprir
contratos e não entrar em mora, aqui eu não transfiro créditos mas sim débitos;
NOTA: Reserva de propriedade – é a única garantia que não se transfere automaticamente com a cessão de créditos,
é necessária autorização por escrito.
Locação financeira – também conhecido como leasing
Locação financeira porque uma das partes deste contrato ou é um banco ou uma sociedade de leasing (sociedades
financeiras), mas também porque serve de financiamento.
Quem são as partes? Nomeadamente duas, mas há envolvência de um 3º; locador e locatário
Qual é a diferença em adquirir um bem em ALD (aluguer de longa duração) ou leasing? A pessoa vai usar e fruir de
um bem e em troca vai pagar uma renda mensal, no leasing a última renda chama-se valor residual, se eu quiser ficar
com o bem eu tenho o direito potestativo de dizer que quero e pago o valor residual, e fico com a propriedade, mas
33
se não quiser eu não pago o valor residual, e passo para outro leasing, no ALD a última renda é obrigada a pagar,
porque se não pagar há incumprimento, aqui tem o dever de ficar com o bem.
Leasing operacional (renting) – não é bem um leasing, é mais um renting (p.ex. a SONAE pratica), pagamento
de uma renda mensal, esta incluído nela o IUC, manutenções, etc. no leasing normal quem paga o seguro,
manutenções, IUC é o locatário.
Lease back – um leasing normal, o banco va ao locador e compra ao fornecedor, o veículo passa para o locador, e
este faz leasing ao locatário, se pagar o valor residual o veículo vai para o locatário (o locador faz reserva de
propriedade) – o leasing é muito usual a nível empresarial porque depois consegue abater nas despesas. O lease
back, p.ex. eu preciso de dinheiro, tenho um veículo no me stand, vendo ao locador e o fornecedor eu, entra o
dinheiro, e ao mesmo tempo eu e o locador fazemos um leasing, quero novamente o carro, e pago as prestações, e
no final pago o valor residual para voltar a ter o carro (volta para o fornecedor – lease back), e depois tem o leasing
para deduzir o imposto – O fornecedor acumula também a qualidade de locatário, o que é que ele pretende com
isto? Financiar-se, e depois paga em rendas, e dá jeito em termos de contabilidade;
Quais são as vantagens do leasing? Ele vai obter lucro ao financiar, as taxas associadas a um leasing são superiores
aos do simples contrato de crédito, o locador conserva para si a propriedade do bem até pagamento do bem, para o
locatário a grande vantagem é ele poder adquirir bens sem ter um endividamento integral direto; para o fornecedor,
a vantagem é escoar bens;
Desvantagens? Locatário – é uma operação bem mais cara, mas tem uma vantagem contabilística; também as
despesas de manutenção e reparação da coisa são a seu cargo, por isso é que o leasing tem sempre associado um
seguro de danos próprios da coisa (seguro de danos próprios);
É um contrato nominado e típico; é formal, tem que ser reduzido a escrito, se for uma locação para adquirir um
bem imóvel alem da forma escrita é preciso reconhecimento presencial das assinaturas, isto é, no caso de leasing
mobiliário, para bens moveis não é necessário, embora a pratica diga que o banco também opte por este
reconhecimento, mas não é exigível por lei; por quanto tempo é que posso fazer este contrato? Máximo de 30
anos, ou seja, posso convencionar que o prazo é de 20, 10, 17, 25, 30 anos, estou livre de convencionar o prazo que
eu quiser ate 30 anos, se as partes nada disserem quanto ao prazo, se for um leasing mobiliário o máximo são 18
meses, se for um leasing imobiliário o máximo é 7 anos – são durações supletivas, ou seja, se nada disserem;
Artigos importantes – no regime jurídico do contrato de leasing é só para imprimir este, porque das sociedades de
leasing não é necessário.
Art. 9º e 10º (fala-nos quais são as obrigações legais para cada uma das partes no contrato de leasing);
Quem paga o condomínio, o locador ou locatário? Locatário (esta questão saiu num exame);
Formas de cessação do ct de leasing (art. 17º e 18º)
Art. 14º (dedica-se às despesas, diz-nos quem as paga)
Art. 15º (por quem corre o risco devido a perecimento ou destruição da coisa)
Foi feito o leasing e o veículo anda a circular, vem um raio e destrói o veículo, quem suporta?
Locatário, assim tem que ser se não o locador ia ser desgraçado, e provavelmente nem iria fazer mais
leasings. Tal como aprendemos em obrigações, quando se transfere o domínio transfere o risco,
796º tem exceções, por isso nem sempre precisa de ser transferida a propriedade, se a cosia for
entregue ao comprador mesmo que haja reserva propriedade, o risco corre por quem tem o domínio
da coisa, e mais que estas regras gerais, o legislador foi diligente e escreveu o mesmo no art. 14º.
No moodle tem um acórdão do art. 15º, vem dizer que temos que interpretar restritivamente este
artigo, porque se foi por uma causa de força maior, nem sempre o risco corre pelo locatário;
Forfaiting – é conhecido como monotorização de créditos
É igual ao factoring, mas há uma diferença, os créditos que são cedidos no factoring são créditos a curto prazo, aqui
são crédito que só se iriam vencer a medio e longo prazo.

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Project finance (não é um contrato usual)
Crowed finding- financiamento colaborativo – plataforma quick starter, alguém teve uma ideia mas não tem
investimento, e os business angels investem no projeto deles, esta plataforma insere-se la o projeto e
alguém vai la investir, se acreditarmos no projeto fazemos uma doação para esse mesmo – isto não tem
nada haver com project finance.
Sponsers – é quem investe na project finance (p.ex. a A1 foi project finance, ponte vasco da gama) é utilizado para
grandes obras, projetos de biliões. Faz-se um negócio jurídico com os sponsers, são pessoas privadas ou instituições
bancarias que servem como patrocinadores do projeto, todavia esse projeto tem que gerar receita, tem que gerar
lucros, para devolver aquilo que eles investiram acrescido de juros.
É desenhado para um projeto que se auto financia. Tem uma dupla modalidade:
o BOO (Build operate, owened): dono do projeto vai construir, operacional (gerar receita) e no final pode ficar
com o bem, depois de pagar aos investidores.
o BOT (build, operate, transfer): dono do projeto constrói e gera a receita, mas no final de estar tudo pago aos
investidores é o sponser que vai ficar com o bem. O criador do projeto tira o seu lucro e depois entrega o
bem ao sponser. P.ex. o caso da A1, dono do projeto é o Estado, ainda esta no nível de gerar lucro – sponser.
Aula 20/05/2022 – P
Completamos os contratos dados na ultima aula prática.
Vamos retomar o que deixamos para trás na aula teórica – contratos de garantia.
CONTRATOS DE GARANTIA
Contrato estabelecido entre empresa e banco – a garantia mais usada por eles é o AVAL
O que é? É parecido com a fiança, são garantias pessoais, quer dizer que quem presta um AVAL ou fiança, chega
junto do credor e diz eu estou aqui, e se o devedor principal não pagar tem todo o meu património á sua disposição,
Diferenças entre fiança e AVAL? Todavia da fiança tem 2 características que o AVAL não possui (subsidiariedade –
para poder executar o património do fiador é preciso excutir primeiro o património do devedor, e ainda, que o fiador
é um devedor subsidiário, se o fiador tiver renunciado ao beneficio de excussão é igual, é como regime de
solidariedade, no aval não é subsidiário do devedor principal, eu fico imediatamente vinculada nos mesmos termos,
aqui não há beneficio de excussão) e outra característica é (acessoriedade – acessório – se a dividia principal cair,
desaparecer, a fiança desaparece também, o que não acontece no AVAL, aqui pode acontecer que a obrigação
principal avalizada pode eventualmente ser nula porque p.ex. não foi expressa as menções todas normais, vícios da
declaração de vontade, etc, mas o AVAL mantem-se, não é por a obrigação avalizada ter caído que o AVAL cai.,
exceto se a obrigação avalizada for nula por vicio de forma, aqui o AVAL também cai, mas se for por um vicio
material, não cai, mantem-se. O AVAL é aposto em títulos de crédito (letra, livrança e cheque), a fiança tem que se
por declaração expressa no próprio contrato.
Exemplo: Banco XPTO, Sociedade comercial Agir Lda. Os gerentes desta sociedade A e B. Celebram ct de abertura de
crédito - conta corrente/linha de crédito, na modalidade de revolving (dado plafon de 50 mil por 90 dias renovável).
O banco da uma linha de crédito a empresa para ela gastar aquele valor, q deve repor depois, o banco para fazer isto
pede garantia q empresa vai pagar.
Como é que se faz as garantias nestes contratos? Para garantir que a sociedade vai pagar tem que dar uma garantia
de que a empresa vai pagar – a garantia que vai pedir uma livrança em branco, quem subscreve uma livrança é o
devedor, vai assinar quem vincula a sociedade e carimbam com o carimbo da empresa, mas ainda não temos a
garantia, o banco quer executar de imediato, tem que ter titulo executivo, mas precisam de outra garantia e atras
dessa livrança o banco escreve “bom para aval” e vinculam aqueles que assinaram na livrança, mas como pessoas
singulares, e aqui o banco já vai poder executar o património pessoal, e ficam os avalistas.
O que faríamos se assinássemos a folha em branco? Definir paralelamente os termos em que eu autorizo a outra
pessoa a preencher, noutra folha á parte trancamos o que o banco não pode preencher no espaço em branco – isto
chamasse pacto de preenchimento assim vamos balizar o banco nos termos em que pode preencher a livrança. Nos

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dias de hoje, o pacto de preenchimento é uma clausula de 4 linhas que diz assim “o devedor principal e os avalistas
desde já dão o consentimento ao credor… no tempo, lugar e valor que acharem conveniente”, basicamente, o banco
faz o que quer e pode, porque esta legitimado novamente.
Em Direito comercial aprendemos que o título de crédito tem 3 características – literalidade (basta olhar para a letra
do título e descobrirmos, quem e o credor, devedor, garantes e quem e que deve a quem e quanto), abstração e
autonomia (os avalistas são titulares da obrigação cartular, mas não da relação jurídica material subjacente por
causa dessa autonomia, e os avalistas não podem invocar meios de defesa dessa relação jurídica material
subjacente)
** quando tiver a ler nos power points esta parte da matéria ouvir o áudio.
p.ex. eu tenho uma livrança, e uso-a para pagar a outra pessoa. E posso fazê-lo como? Endossando ou simplesmente
entregando, e a pessoa é portadora de um título de crédito (são títulos ao portador, é credor quem neles figura
como tal ou quem os possui na mão, é como o Euromilhões, eu sou portadora se eu passar para outra pessoa é ela a
portadora). Quem recebe um título de crédito como forma de pagamento p.ex. de uma mercadoria não pode estar
preocupado com a sociedade e os avalistas, o art. 10 da LULL diz que não pode ser oposto ao portador da letra os
meios de defesa inerentes á relação material subjacente (há autonomia), mas a relação material subjacente não
pode ser totalmente indiferente no preenchimento da livrança em branco, ou seja, no preenchimento da letra deve
considerar-se o que aconteceu na relação material subjacente.
Exemplo1 : a empresa 1 entrou em insolvência, não pagou, um dos efeitos imediatos da declaração e
insolvência da empresa, é o vencimento imediato das obrigações, a partir dessa o banco pode exigir p.ex. os
150.000,00, imediatamente o banco tem que ir a insolvência reclamar créditos, mas não se pode intentar
ações executivas contra o insolvente mas há um art. que diz que não impede que se intente açoes executivas
contra os garantes, portanto a partir do momento em que a empresa está insolvente que o banco passa a ter
o poder de exigir o pagamento aos garantes.
Exemplo 2: a empresa 1 insolveu em 2011, o banco reclamou créditos e esteve ate 2022 á espera ver se
recebia alguma coisa, e não recebeu nada, tira a livrança da gaveta, e escreve 150.000,00 euros na parte de
tras e diz para executar os avalistas no dia de hoje, o que é que eles pensam 11 anos depois? Já ninguém
vem atras de mim, até porque há um artigo na LULL que é ao rt. 70 que se aplica ás livranças por força do
57º, que diz que o prazo maior de prescrição da ação cambiaria (de usar a letra ou livrança para intentar uma
ação) é de 3 anos, só que diz que o prazo começa a contar da data do vencimento da letra. Qual é a data do
vencimento da letra da livrança? Neste caso foi o banco que escreveu la a data do dia de hoje, mas demorou
11 anos para o fazer, criou a expectativa no avalista que já não vinha, mas afinal veio, preenchem a livrança
por conveniência deles. Só que há aqui um problema, toda a clausula que seja contraria a uma clausula
imperativa é nula, e o art. 300º do CC, diz que as normas do prazo de prescrição são imperativos e que
qualquer norma que vise editar, dificultar o decurso normal da prescrição é nula. A questão que é feita é,
quando se da o poder ao banco de escolher a data que ele bem entender e a partir daí começar a contar os 3
anos, não é uma forma de dificultar o decurso do prazo? É que se ele tivesse preenchido em 2011 já estava
prescrito? O banco não tem esse poder, mas os bancos fazem isto agora.
Aconteceu este caso, e o avalista veio invocar o preenchimento abusivo, porque a data de preenchimento
deveria ter sido a data de insolvência, e o banco veio a invocar a autonomia, porque disse que não pode falar
da relação material subjacente da relação cartular, mas não pode haver este desligamento total, porque se
estamos nas relações imediatas, o banco bem sabe das coisas – só que o banco esta a fazer um abuso de
direito porque ele esta escolher quando quer por a data, a jurisprudência é que o banco tem autonomia
total
Aula 23/05/2022 – T
Juiz embargadora do tribunal da relação de Guimarães – Dra. Maria Amália
O DIREITO DE REGRESSO DA SEGURADORA NOS ACIDENTES DE VIAÇÃO – aula aberta
 Introdução do contrato de seguro de responsabilidade civil automóvel
 O art. 27º, nº1 do DL nº 291/2007 de 21/07
 O caso particular da alinea c)
36
 O nexo de causalidade entre a alcoolemia e os danos verificados (a questão mais debatida na
jurisprudência)

É obrigatório fazer-se este ct, para ela poder circular na via publica.
As companhias de seguro perdem aqui a sua liberdade contratual, porque este tipo de contrato é obrigatório.
São contratos que por imposição legal são obrigatórios, porque é importante que os particulares tenham uma
entidade que financeiramente suporte danos que possam advir, em situações que o particular não iria conseguir.

Exemplo: A conduz os eu automóvel, e por azar tem um acidente de viação com culpa, passou um sinal
vermelho.
Em princípio a seguradora vai ser sempre a demandada em 1ª linha, poderá eventualmente em
tribunal defender-se com concorrência de culpas, mas nunca pode dizer que não paga, porque no
fundo ela está a substituir-se ao condutor (é isto que esta na base do contrato de seguro, transfere-
se para a entidade a responsabilidade que recairia sobre nós, transfere-se o risco a troco da
prestação que pagamos por essa contratação, se o risco se converter em efetivo acontecimento essa
companhia de seguros assumem em nosso nome a responsabilidade que cairia ao lesante).
A seguradora é reu, e demandada para ir a tribunal, ela paga a indemnização que lhe é pedida.
Exemplo 2: agora imaginemos que esse A, é portadora de uma taxa de álcool proibida, igual ou superior de
0,5.
A segura mesmo nesta situação, não se pode desresponsabilizar, ela tem na mesma que se substituir e fazer de
conta que é ela que é o lesante, ela tem que pagar integralmente.
Mas a lei faz uma proteção das seguradoras no art. 27º, que tem uma serie de alíneas que o legislador previu que em
caso de acidente de viação, e ela tenha pago, ela pode vir com uma ação de regresso contra o segurado, nos termos
dessas mesmas alíneas que estão aí previstas.
Quando a lei confere a uma determinada entidade o pagamento imediato, mas depois com a ação de regresso rever
aquilo que pagou. Estamos a falar de indemnizações que podem ser enormes, danos patrimoniais de viaturas, danos
pessoais, etc.
Isto tem sido uma questão muito debatida na jurisprudência, porque provada a culpa do condutor no acidente, a
taxa de álcool também se pode comprovar, está previsto na lei que a companhia tem direito de regresso, parece
simples, mas há aqui um fator muito importante que é o NEXO DE CAUSALIDADE, é preciso que exista um nexo de
causalidade:
Parece que há aqui uma desresponsabilização total da lesante face á transferência de responsabilidade para a
seguradora, porque é que há de haver agora um direito de regresso da seguradora? É por isso que haja prova do
nexo de causalidade. E quais são esses requisitos?
O diploma de 2007 veio substituir DL 522/85, no seu art. 19º, nº1 aliena c), era bem mais claro no sentido de exigir
um nexo de causalidade, e estava mais inclinada para a exigência desse nexo, quem alega tem que provar, mas
temos que saber como é que a seguradora tem que provar (por todos os meios legalmente admissíveis), relatórios
médicos mas mesmo esses são falíveis, mas aqui o que se pretende demonstrar é se aquela pessoa estava ou não no
pleno gozo das suas capacidades mentais, tem muito haver com o próprio organismo, se a lei diz 1,2 é crime há
estudos por detrás disto que admite que se considere que isto pode por em causa bens jurídicos alheios e por isso
tem que ser censurado. A celebre prova é extremamente difícil, porque os organismos respondem de maneira
diferente às taxas de álcool.
Nesta lei anterior as seguradoras conseguiram criar alguma jurisprudência de que a seguradora não teria de provar
esse nexo de causalidade– o problema grande aqui, é a interpretação da lei, o direito é um livro aberto e às vezes
isso é bom mas também pode ser mau. Há sempre forma de um juiz fundamentar uma certa convicção de uma
decisão.
Razoes de defesa da tese que perfilhamos:
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 Razoes de ordem formal – a redação da nova lei
 Razoes de ordem substancial – o direito de regresso da seguradora como de natureza contratual e
não extracontratual
 Razoes de ordem preventiva ou social – o combate á sinistralidade rodoviária ~
Corrente jurisprudencial anteriormente defendida – A seguradora foi condenada porque não tinha outro remedio,
mas agora na ação de regresso o que estamos a discutir é o contrato de seguro não estamos a discutir os
pressupostos da responsabilidade civil que estes sim são da culpa, e aí é que se tinha de provar esse nexo de
causalidade, mas agora nesta 2º ação a seguradora vem pedir o direito de regresso porque não está contratado
conduzir sobre as taxas de álcool superiores, e por isso não tinham que provar o nexo causal, mas apenas que houve
um acidente, que a seguradora tinha assumido essa responsabilidade por força da obrigatoriedade que o contrato
tem nesse sentido. Criou-se aqui quase uma presunção de que uma taxa de p.ex 1.2 já seria punível, e haveria uma
presunção natural de que haveria uma dispensa de prova da seguradora.
Estas correntes jurisprudenciais, começam a se perturbadoras da certeza e da segurança do direito, porque
começamos a ter uma espécie de lotaria, porque no porto decide-se de uma maneira e em braga decide-se de outra,
e é criada uma instabilidade, e o STJ com um acórdão uniformizador de jurisprudência nº6/2002 (um acórdão
quando os processos chegam ao STJ, todos os juízes juntam-se e uniformizam a jurisprudência, não têm força
vinculativa da lei) – fixou a jurisprudência de que a seguradora tinha mesmo que provar o nexo de causalidade.
O problema é que a lei mudou, e com o art. 27º veio abrir novamente a ferida, porque agora parece não exigir um
nexo:
Artigo 27.º

Direito de regresso da empresa de seguros

1 - Satisfeita a indemnização, a empresa de seguros apenas tem direito de regresso:

a) Contra o causador do acidente que o tenha provocado dolosamente;

b) Contra os autores e cúmplices de roubo, furto ou furto de uso do veículo causador do acidente, bem como, subsidiariamente, o
condutor do veículo objecto de tais crimes que os devesse conhecer e causador do acidente;

c) Contra o condutor, quando este tenha dado causa ao acidente e conduzir com uma taxa de alcoolemia superior à legalmente
admitida, ou acusar consumo de estupefacientes ou outras drogas ou produtos tóxicos;

d) Contra o condutor, se não estiver legalmente habilitado, ou quando haja abandonado o sinistrado;

e) Contra o responsável civil por danos causados a terceiros em virtude de queda de carga decorrente de deficiência de
acondicionamento;

f) Contra o incumpridor da obrigação prevista no n.º 3 do artigo 6.º;

g) Contra o responsável civil pelos danos causados nos termos do n.º 1 do artigo 7.º e, subsidiariamente à responsabilidade
prevista na alínea b), a pessoa responsável pela guarda do veículo cuja negligência tenha ocasionado o crime previsto na
primeira parte do n.º 2 do mesmo artigo;

h) Contra o responsável civil por danos causados a terceiros em virtude de utilização ou condução de veículos que não cumpram
as obrigações legais de carácter técnico relativamente ao estado e condições de segurança do veículo, na medida em que o
acidente tenha sido provocado ou agravado pelo mau funcionamento do veículo;

i) Em especial relativamente ao previsto na alínea anterior, contra o responsável pela apresentação do veículo a inspecção
periódica que, na pendência do contrato de seguro, tenha incumprido a obrigação de renovação periódica dessa apresentação,
na medida em que o acidente tenha sido provocado ou agravado pelo mau funcionamento do veículo.

2 - A empresa de seguros, antes da celebração de um contrato de seguro de responsabilidade automóvel, deve esclarecer
especial e devidamente o eventual cliente acerca do teor do presente artigo.

O art. 9º do CC diz que não basta atendermos á letra da lei, embora tenha que haver a mínima correspondência, se o
legislador não quisesse alterar as coisas não tinha mexido em nada, ele apenas mexeu na alínea c), e ele quis
nitidamente que nessa alteração legislativa, e “conduzir” já não diz “agir”, a seguradora só tem de provar estas duas
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coisas, que a pessoa que conduz deu causa ao acidente e que estava a conduzir com uma taxa de alcoolemia
superior ao permitido por lei, ou seja, agora tem que se provar a responsabilidade civil, o normal é 5 pressupostos,
mas a seguradora passa para uma situação privilegiada, porque é a única que não tem que provar os 5, não tem que
provar o nexo de causalidade, a prof. Maria Emília é mais a favor daquelas presunções naturais, porque posso ter
bebido apenas 1 fluto de champanhe, e a causa pode não ter sido o álcool mas p.ex. o telemóvel, e vai ter que levar
com a sentença de pagar aqueles 200.000,00, não há garrafa de champanhe mais cara que esta. Se o legislador quis
“castigar”, tinha implementado que a taxa mínima não é 0,5g mas sim 0, aqui estava limitado, mas não se pode
passar de 8 para o 80, antes tinha que provar tudo agora não tem que provar nada, porque é muito difícil provar,
isto não está certo porque em nenhum lado este art. afasta o art. 563º do CC.
Não foi contratualmente previsto no âmbito contratual que ela tinha de segurar obrigatoriamente de condução com
álcool, porque o objeto do contrato nos termos do 280º CC era impossível, o contrato seria ilegal – mas a seguradora
não se baseia no contrato, mas sim na força da lei, e por isso tem que cumprir a lei e o nexo causal é um pressuposto
a ambas as responsabilidades tanto contratual e extracontratual. Mas o facto de não implica que, e a dra. Maria
Emília continua a defender que a seguradora tem na mesma que provar esse nexo de causalidade, que o acidente
ocorreu por causa do álcool e não por outro motivo, porque se foi por outro motivo pode não vir a caber numa das
alíneas que o art. refere, e aí a seguradora já não teria direito de regresso, e não dá jeito kkkk.
Porque que tenho de ter um regime diferente para o regime de álcool? Porque é que só aqui é que não há nexo de
casualidade?
No entanto a condução sem carta também não exige nexo de causalidade, é um bom argumento que sustenta a
nova ideia do legislador (porque há muitas pessoas que conduzem bem sem carta), mas na opinião da dra. Maria
Emília é que quando estamos no âmbito de crime tem de existir punição, mas a questão redonda aqui o facto de ser
abaixo de 1,2g, porque defende que não deve haver norma que dispense os requisitos, ou então que o diga
expressamente que dispensa.

1ª ação – ação por danos decorrentes de acidente de viação


Lesante --------- lesado (autor)
Em substituição surge como ré, a seguradora (seguradora paga)
2ª ação – ação de regresso
Seguradora (autora) -------- lesante (reu)
Seguradora quer ser ressarcida.
Questão: tem de provar o nexo causal entre a taxa de álcool e a causa do acidente?
** a prof. vai publicar no moodle um artigo, quando estivermos do lado da seguradora é bom usarmos.
-----------------------
Questão p/ perguntar á prof na próxima aula: 2 carros estacionados numa estrada de sentido único e de manha
tinha um papel no nosso carro que existia um acidente para ligar com a psp do porto, fomos la para levantamento do
auto que dizia uma viatura que circulava nessa via saiu de repente uma viatura do seu lado direito sem respeitar o
stop o qual fez despistar e embater na nossa viatura (essa 3ª viatura nunca foi identificada porque fugiu), a empresa
X participou o sinistro á companhia do qual houve o embate (o carro que nos bateu), a qual não assumiu a
responsabilidade porque dizia que o sinistro não tinha ocorrido da forma participada, tendo os veículos da empresa
seguro de danos próprios, mas não quisemos acionar a apólice porque era uma empresa de aluguer e podia
aumentar a franquia de todas as viaturas, e decidimos ir para tribunal discutir o acidente, em tribunal a juíza disse
que o acidente tinha ocorrido da forma participada, mas disse que quem nos tinha que pagar era essa pessoa que
nos nem sabemos que existe porque nunca foi identificada, e a juíza assumiu que a empresa X não tinha qualquer
responsabilidade.
Aula 27/05/2022 – P

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Aula 30/05/2022 – T
Serviços mínimos bancários
Instrução do banco de Portugal já esta no moodle, e convém levar para o exame, a legislação diz lá tudo, não temos
que fixar absolutamente nada, esta la tudo o que precisamos de saber. A instrução é o modelo oficial que as
instituições de crédito devem ter colocadas nas agências de forma visível para os clientes, que resume todo o regime
jurídico dos serviços mínimos bancários.
Não é só na agência bancaria que vamos ver esse modelo, mas também nas repartições da segurança social, pois ter
uma conta bancária é um bem essencial atendendo a como as coisas hoje estão feitas em termos de instituições
(p.ex. subsídio de desemprego), se não tiver a segurança social deve apresentar a conta de serviços mínimos
bancários. Aqui a segurança social tem uma função divulgadora desses serviços mínimos.
O dl que regula os serviços mínimos bancários é de 2000, todavia este instituto modificou-se bastante, porque
quando surgiu era algo que os bancos poderiam facultar ao cliente, ou seja, não eram obrigados, a partir de uma
determinada altura, 2018, passou a ser obrigatório que todos os bancos prestassem esses serviços mínimos, já não é
uma faculdade, mas sim uma obrigatoriedade.
Quando a lei diz local visível, não esta especificado qual é o local, a prof. acha que deveria estar.
Aqui não há plafom mínimo para abrir a conta.
O banco em última racio pode ser encargo do banco, se não conseguirem gerar auto lucro, ainda que não seja um
bem publico essencial, a banca precisa de gerar lucro.
O que são serviços mínimos? Há uns tempos as contas não eram cativantes, porque o banco oferecia era muito
limitado, era o mínimo dos mínimos e, portanto, ninguém queria – p.ex. so se podiam fazer transferências intra
bancarias, não poderia ser para contas de outros bancos, depois já se podia fazer, mas era limitado a 12x por ano.
P.ex antes não dava para pagar portagens com um cartão de serviços mínimos.
Mas hoje em dia já não é assim, já tem serviços mais alargados.
Nas transferências bancarias não há limite, mas nas interbancárias há limite de 24 por ano, mas essas 24 têm de ser
feitas por homebankig, não pelas caixas automáticas. Aquelas operadas por 3ºs (mbway) só podem fazer 5 por mês,
com limite de 30 euros.
Para ter conta de serviços mínimos, só podemos ter 1 conta no sistema bancaria, nos podemos ter 2 se na 2ª fomos
co-titulares da pessoa incapaz acima de 60% ou tiver 65 anos, só neste caso é que podemos ter 2.
Não precisamos de fechar a conta, pedimos a conversão no banco para a conta de serviços mínimos, e o banco não
pode cobrar pela conversão. Não há restrição de conta, a lei diz que pode ser qualquer tipo de conta. A única coisa
que o banco vai pedir é uma declaração que comprove que não tenho conta em mais lado nenhum.
Qual é a vantagem? Quem prestar serviços mínimos não podem cobrar pela prestação de serviços mínimos,
prestações, despesas ou encargos que anualmente excedam 1% do IAS (valor do indexante do apoio social), por ano
no total só pode cobrar até 4,38 numa conta de serviços mínimos bancário, já com cartão de debito incluído. (a caixa
geral de depósitos pratica 0 euros) foi fixado pela portaria 27/20.
O over draft (descoberto bancário) não temos direito a isto. Não temos saldo negativo aqui, se tivermos 9 e
quisermos pagar 10, o pagamento vem recusado.
Somos obrigados a fazer uma movimentação a cada 6 meses, pode ser uma consulta de saldo, não podemos
adormecer a conta, se não o fizermos a conta é encerrada.
** se a prof perguntar sobre os serviços mínimos temos que falar na lei.
Sigilo bancário
Visa proteger interesses públicos (bom funcionamento de confiança na banca) mas também o interesse particular
dos clientes. No entanto o sigilo pode vir a ser levantado, quando necessário, a pessoa não pode revelar, mas
existem documentos para se socorrer.
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Quem é que esta sujeito a sigilo bancário? Todas as pessoas que trabalhem direta (p.ex. gestor de conta, órgãos de
administração, etc) ou indiretamente (p.ex. empregada de limpeza, ou seja, aqueles que não estão diretamente
ligados ao banco) com o banco, e esta obrigação de sigilo mantêm-se para alem da cessação do contrato de
trabalho.
O sigilo bancário está disperso por inúmeras leis, mas começa pelo ao rt.78º da lei bancaria, este diz-nos a regra do
sigilo bancário.
E o que? Qual é o objeto que não se pode falar? Tudo o que esteja relacionado com a conta, saldo, nomes dos
titulares, investimentos, créditos associados, movimentações de conta, levantamentos, etc. tudo o que tem que ver
com a relação banco-cliente.
O direito ao sigilo profissional não é um direito absoluto, porque tem 2 grandes exceções, é sim um direito
relativo:
1. Pode ser levantado por autorização expressa do titular – se eu quiser posso eu própria por escrito pedir
para revelarem informações que estão a ser peticionadas.
2. Lei – em certos casos previstos legalmente, e independentemente da autorização do titular da conta,
ainda assim pode haver levantamento do sigilo bancário se a lei assim o determinar – e aqui é que esta o
problema, porque o sigilo bancário é a regra só que existem regras se são quase a exceção, por tantas
exceções que tem, fica mais fácil encontrar uma situação em que não há sigilo.

Existem 3 grandes sistemas/regimes:


Regime completamente liberal – sistema anglo saxónico, esses países da common law o sigilo é exceção
Sistema de quase asfixia – países que so vivem de sigilo bancaria (p.ex. Áustria, suíça)
Sistema misto – que é o europeu, é este o nosso sistema, a regra é o sigilo mas pontualmente a lei vai
levantado a regra, mas ultimamente cada vez mais aproximamo-nos para o sistema anglo saxónico

Grande parte das exceções estão previstas no art. 79º da lei bancaria, é também em leis avulsas que não
estão condensadas na lei bancaria, quais são?
 Art. 79º da lei bancaria (banco Portugal, CMVM, ACF – 3 supervisores financeiros)
 Outra que esta no art. 79º - autoridades judiciarias no âmbito do processo penal, quem são?
Ministério publico, juiz de instrução e juiz de julgamento;
 Há uma informação que não esta sujeita a sigilo, não esta abrangida pelo objeto do sigilo
profissional – quem recusar prestar depoimento alegando o sigilo nestas situações, é ilegítima.
Quem decide? O juiz do julgamento, levanta o sigilo profissional, o juiz do próprio processo que
decide. Mas se estiver abrangido pelo objeto? Ela pode recusar legitimamente pelo sigilo, pede-
se ao tribunal da relação a decidir sobre se há ou não levantamento. Quando o titular do direito
abdica do sigilo, autoriza, aqui a recusa também é ilegítima.
 No âmbito do processo civil declarativo, aqui há lugar ao levantamento do sigilo, no art. 417º,
nº4 CPC, que também remete para o art. 135º CPP (devemos levar este artigo p o exame)
porque é este artigo que nos diz a forma de levantamento do sigilo profissional.
 Uma nova alteração do art. 79º foram as comissões parlamentares, estas também é uma
exceção ao sigilo.

O que é se protege quando falamos em interesses privados? Interesse do direito á reserva da vida privada (art. 26º,
nº1 CRP e no art. 80 CC)

O art. 84º da lei bancaria traz-nos uma consagração (remeter para o art. 195º Código Penal) de moldura penal para
o caso de violação do sigilo bancário – crime para quem violou – responsabilidade criminal.
Art. 210º da lei bancária, diz que alem de crime, traz contraordenação, coima para o banco – responsabilidade
contra-ordenacional.
A infração disciplinar esta prevista no art. 34º do acordo coletivo de trabalho vertical para o setor bancário.

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Em termos civis, haverá responsabilidade? Sim, art. 483º CC, responsabilidade civil.

Continuamos a analisar as exceções na próxima aula e depois partimos para seguros.

Aula 03/06/2022 – P
No exame sai ate à lei do ct de seguro, a seguir a este regime jurídico já não sai no exame, project finance também
não sai.
No âmbito dos seguros há previas meneos q é preciso para entender a nossa forma de pensar.
No âmbito da banca reúnem-se com frequência anual os supervisores financeiros de todos os estados membros e n
so, autoridades europeias, na cidade de Basileia e fixam diretrizes/orientações q devem valer para todas entidades
bancarias - acordos de basileia. São uma espécie de guias para o setor financeiro. Na area dos seguros isso é fixado
pela UE e ha diretivas q saem a esse propósito, fixam p orientadores a q ordenamentos devem obedecer. A essas
diretivas chamamos Solvência (fixam marcos, pontos de viragem no regime dos seguros - Solvência 2 (atual, desde
2009, transposta para Portugal por bases, é muito extensa e complexa, houve uma 1 onde existiu números
regulamentos em meados de fev de 2015, e em nov houve outra transposição)). —> Solvência 2 e regulamentos n sai
no exame!!!
Regime de seguros - DL 147/2015 (N sai no exame)
Saiu na transposição da Solvencia 2, é o regime jurídico do acesso a atividade seguradora e resseguradora.

DL 72/2008 – este regime é o regime jurídico do contrato de seguro (LCS – lei do contrato de seguro), é um regime
geral e transversal todo e qualquer contrato de seguro, obviamente que pode ter que obedecer a regimes especiais
de contratos de seguro em especial.
2 ramos de contratos de seguro:
 Ramo vida (seguro de vida)
 E ramo não vida (seguro de danos)
o Seguro de grandes riscos

Qualquer contrato de seguro seja ramo vida ou não vida, temos 3 tipos de clausulas:
 clausulas gerais – são comuns a todo e qualquer contrato de seguro
 clausulas especiais – elas estão padronizadas, mas são diferentes consoantes o tipo de seguro que estejamos
a falar
 clausulas particulares – aqui temos um poder de negociar idêntico a quando nos vamos ao site da sephora e
queremos tudo, mas depois não queremos pagar isso tudo, então temos que tirar, aqui temos que ver o que
vamos incluir ou não mais cobertura de riscos, mas não existe negociar o pacote todo por um preço, isso não
existe.
CONCEITOS
Contrato de seguro celebrado entre a seguradora e a outra parte (tomador de seguro – é aquela pessoa que cotrata
com a seguradora e é o responsável pelo pagamento do premio)
Segurado – a pessoa em cujo interesse o risco é coberto, mais conhecido pela pessoa segura
Beneficiário – aquele que beneficia do pagamento de indemnização por parte da seguradora, quando ocorre o
sinistro.
Em certos tipos de seguro o tomador é o segurado e beneficiário, mas noutros tipos de seguro o tomador é uma
pessoa, o segurado é outra e o beneficiário é outra, dependendo do caso

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p.ex. A tem o seguro de vida (eu sou o tomador e segurado), no caso da minha morte o beneficiário vai ser
quem eu designei como tal.
p.ex. Seguro multirriscos á habitação (A é o tomador, segurado e beneficiário), mas agora associemos este
seguro a um crédito á habitação, o tomador do seguro é A, mas quem é o beneficiário é o banco, porque
este é que tem a hipoteca e quer que a sua hipoteca fica protegida.
Seguro individual – o interesse que esta coberto é o interesse de uma pessoa ou o seu agregado familiar, ou da
pessoa que viva comigo em economia comum;
Seguro de grupo – várias pessoas que não estão ligadas entre si, todas estas pessoas estão ligadas com o tomador de
seguro, têm um vínculo com este. Há 2 modalidades:
o Contributivo – quando uma parte do premio é paga pelo tomador de seguro (p.ex. todos nós somos alunos,
não temos um vínculo entre nós, e pagamos todos um seguro)
o Não contributivo – seguro de acidente de trabalho, porque não contribuímos com nada para pagar o premio.

Apólice – o ct seguro não carece de forma, contudo haja um ónus para a seguradora em reduzir o contrato a escrito
e enviar essas clausulas ao tomador de seguro no prazo de 14 dias, esse documento escrito que titula aquilo que foi
acordado no ct de seguro chamamos de apólice de seguro. Enquanto não recebermos a apólice da seguradora
podemos revogar o contrato.
Nós pagamos o premio total, mas na lei alem desse existe o:
 Premio bruto – é o premio comercial + comissões administrativas, logísticas, etc
 Premio comercial – é o preço pela cobertura do risco
 Premio total – premio bruto + a carga fiscal, é a soma do premio comercial + custos administrativos + custas
fiscais
Estorno – é o valor que a seguradora é obrigada a devolver sempre que o ct de seguro termine antes do tempo que
era expectável, normalmente o seguro é feito 12 meses, todavia pode ser pago de 6 em 6 meses, mês a mês, semana
a semana, mas supomos que A compra um carro em 01/2022 e paguei até 01/2023, em junho/2022 vendi o meu
veículo automóvel, a lei diz que ás 24h do dia de hoje o ct seguro automaticamente cessa com a venda do veiculo
automóvel, não podemos comprar um carro com seguro, nos temos que ir fazer um novo seguro. O senhor A pagou
a mais, porque pagou até 01/2023, esse montante referente ao período que eu não vou usufruir, a seguradora tem
que fazer o estorno, sempre que ocorra uma circunstância que leve á cessação do seguro.
Como é que se calcula o estorno? Não sai no exame, mas é interessante saber. “pro rata temporis”
proporcionalmente ao tempo não usufruído.
Diferença de bónus e malus? O bónus significa que na ausência de sinistros a seguradora beneficia o tomador com
um desconto na prestação, uma espécie de premio á pessoa pela ausência de sinistros; o malus é uma penalização
que a seguradora aplica por ter existido sinistros participados durante o ano anterior.
E-seguro net – instalar a aplicação, é uma aplicação oficial da ASF, é participação de sinistros automática e
rápida sem declaração amigável, no final tem uma parte para tirar fotos, automaticamente participamos o
sinistro á companhia e na hora recebemos o email (para treinar vamos para o modo demo).
Co-seguro – quando são duas ou mais seguradoras a cobrir o mesmo risco.
Resseguro – é o seguro da seguradora, eu fiz um ct se seguro com a seguradora A, so que o risco do evento
acontecer vai colocar esta seguradora na iminência de pagar uma quantia muito avultada, e a seguradora para se
prevenir, vai a uma resseguradora e faz um seguro para ela, o sinistro vai desencadear outro seguro.
Salvado – é o que resta do sinistro. No caso de um salvado que foi concertado e continua a andar, na 1ª inspeção ele
vai chumbar, mas 100 euros faz com que ele passe.
Princípio + importante nos seguros – PRINCIPIO DO INDIMNIZATÓRIO – a seguradora só paga o valor do dano OU o
do capital seguro se este for inferior, paga o menor dos dois valores.
Sob seguro – quando temos um capital de seguro muito superior ao dano que podemos ter.
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NOÇAO DE CONTRATO DE SEGURO – art. 1º da lei do ct de seguro
É um contrato através do qual 1 pessoa transfere a sua responsabilidade pela ocorrência de riscos para um 3º
(seguradora). Serve apenas e só para que o tomador possa transferir a sua responsabilidade para outra pessoa.
Muitas vezes o seguro desempenha um caracter social, principalmente os obrigatórios, porque se formos
atropelados nós lesados não temos que estar a rezar para não sermos atropelados, se for rico ou pobre, então o
seguro existe para proteger o 3º, é esta a função social que se pretende, independentemente da condição financeira
da pessoa que é culpada pelo acidente é a seguradora que está por trás, e o lesado está sempre ressarcido. Nos
seguros por acidentes de trabalho é igual.
O normal é o contrato de seguros começar a produzir efeitos às 00:00 horas do dia seguinte, mas a seguradora em
termos de boas praticas já aceita cobrir o risco após sairmos de lá.
Não se pode fazer seguro valido quando temos a certeza que o risco vai ocorrer, é nulo, o ct de seguro é um ct
aleatório. Se o risco que nos vamos pedir a seguradora para cobrir é um evento futuro certo, o contrato nulo, só é
valido se a ocorrência for incerta (p.ex. a seguradora não faz um seguro de vida para uma pessoa que está em fase
terminal), mas também é nulo quando nós não corremos esse risco (risco inexistente).
Art. 51º a propósito do premio, mesmo que o premio seja pago de forma fracionado, a 1º tem que ser paga na
primeira fração. O premio se não for pago o ct de seguro considera-se automaticamente resolvido (art. 61º). As
execuções dos seguradores a cobrar prémios de seguras traduzia-se em entupimento dos tribunais. Mas há aqui uma
obrigação para a seguradora, deve avisar com 30 dias de antecedência que o seguro vai vencer e deve informar qual
a consequência da falta de pagamento, se não informar, o contrato não se resolve.

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