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Conhecimentos Bancários

PARA QUEM TEM PRESSA – CONHECIMENTOS BANCÁRIOS


SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: reúne instituições, públicas e privadas, que
permitem a realização dos fluxos de renda entre os agentes superavitários e os
agentes deficitários da economia.

 Funções do Sistema Financeiro Nacional:

o intermediação de recursos entre poupadores e devedores;

o promover o desenvolvimento equilibrado;

o fiscalização das instituições participantes;

o diversificação de riscos

 Composição: De forma resumida, as entidades pertencentes ao SFN estão


divididas entre órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores.

 O mercado financeiro é dividido em 4 segmentos:

o Mercado de crédito;

o Mercado de capitais;

o Mercado cambial;

o Mercado monetário.

INSTITUIÇÕES NORMATIVAS: responsáveis por estabelecer as normas gerais do SFN


e de seus mercados.

Conselho Monetário Nacional

Função: possui função exclusivamente normativa, ou seja, atua na fixação e


estabelecimento de diretrizes, regulamentação, regulação e disciplina do SFN. A
função primeira do CMN é formular a política da moeda e do crédito. E ainda, atua de
forma mais prática, atendendo a diversas funções que objetivam a formulação da
política de moeda e crédito.
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Conselho Nacional de Seguros Privados

Função: formular as diretrizes e normas para o setor do Sistema Financeiro Nacional


responsável pelos seguros privados. O que são seguros privados? Os seguros de
coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias.

Conselho Nacional de Previdência Complementar

Função: de órgão regulador do regime de previdência complementar operado pelas


entidades fechadas de previdência complementar. É o CMN deste setor. As entidades
operadoras são os fundos de pensão (entidades fechadas de previdência
complementar).

INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS

Banco Central do Brasil (BACEN)

Função: entidade supervisora, segue as diretrizes do Conselho Monetário Nacional e


supervisiona as entidades financeiras captadoras (ou não) de depósitos à vista, bancos
de câmbio e demais instituições financeiras intermediárias.

Comitê de Política Monetária (COPOM)

Objetivo: implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e analisar o


Relatório de Inflação. O COPOM estabelece a meta da Taxa Selic; o valor real é
determinado nas operações de mercado, nas quais o Bacen intervém.

Composto pelo Presidente e demais Diretores do Banco Central do Brasil.


8 reuniões ordinárias por ano (Reunião a cada 45 dias).

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Entidade autárquica em regime especial.

Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN)

Função: julgar, em segunda e última instância, os recursos interpostos sobre a


aplicação de penalidades administrativas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão
de Valores Mobiliários e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
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Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

Função: Exerce as atividades de supervisão deste mercado, assim como a CVM as


exerce no mercado de capitais.

Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)

Função: fiscalização e supervisão das atividades das entidades fechadas de


previdência complementar e na execução das políticas para o regime de previdência
complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS BANCÁRIAS: para ser bancária, a instituição deve


captar depósitos à vista.

Bancos Comerciais

Função: recebimento de depósitos à vista consiste em sua mais importante função.

Caixas Econômicas

Função: Captam depósitos à vista e operarem como banco comercial.

Cooperativas de Crédito

Função: prover, por meio da mutualidade, a prestação de serviços financeiros a seus


associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro.

Bancos Comerciais Cooperativos

São instituições financeiras bancárias, mas controlados por cooperativas, pois estas
devem possuir, no mínimo, 51% das ações ordinárias (com direito a voto)

Bancos Múltiplos

Deve, no mínimo, possuir ao menos duas carteiras, sendo, obrigatoriamente, uma


delas comercial ou de investimento.
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INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO BANCÁRIAS: não capta depósitos à vista, logo,


não multiplicam a quantidade de moeda em circulação na economia.

Bancos de Desenvolvimento

Função: promover o desenvolvimento da região à qual fazem parte.

BNDES

NÃO é um banco de desenvolvimento.

Controlado pela União.

Bancos de Investimento

Instituições financeiras de natureza privada.

Entidades que concedem crédito imobiliário

Associações de Poupança e Empréstimos: criada para facilitar aos associados a


aquisição da casa própria e captar, incentivar e disseminar a poupança.

Companhias Hipotecárias: o objetivo é a objetivo a concessão de financiamentos


imobiliários residenciais ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou
alienação fiduciária de imóveis e repasses de recursos relacionados a programas
imobiliários, bem como a administração de fundos de investimento imobiliário.

Sociedades de Crédito Imobiliário: foco no financiamento para construção de


habitações, na abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no
financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e
distribuidoras de material de construção.

INSTITUIÇÕES AUXILIARES: Se prestam à intermediação de recursos entre


poupadores e devedores (e investidores) na economia, mesmo que não forneçam
propriamente os recursos.
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Administradoras de Consórcios

Função: objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio.

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (Financeiras)

Função: fornecer empréstimo e financiamento para aquisição de bens, serviços e


capital de giro.

Sociedades de Crédito ao Microempreendedor

Função: ampliar o acesso ao crédito por parte dos microempreendedores (pessoas


naturais) e empresas de pequeno porte (pessoas jurídicas).

Agências de Fomento

Função: financiar capital fixo e de giro para empreendimentos previstos em


programas de desenvolvimento, na unidade da Federação onde estiver sediada.

Sociedade de Arrendamento Mercantil

Realiza arrendamento de bens móveis e imóveis adquiridos por ela, segundo as


especificações da arrendatária (cliente), para fins de uso próprio desta.

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (SCTVMs) e Sociedades e


Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (SDTVMs)

As operações são concentradas nos mercados primário: intermediar oferta pública e


distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado. E secundário: destaco as
operações em mercados bolsa de valores (mercado à vista) e nos mercados de
mercadorias e futuros (commodities e derivativos).

Bolsas de Valores e de Mercadorias e Futuros

Entidades que pretendem fornecer um local adequado para a realização de negócios


com títulos e valores mobiliários.
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Sociedade de Fomento Mercantil (Factoring)

Operação financeira pela qual uma empresa vende seus direitos creditórios oriundos
de suas operações comerciais que seriam pagos a prazo a um terceiro.

Administradora de Cartões de Crédito

Empresas que prestam um serviço de intermediação entre os portadores de cartões,


as instituições financeiras emissoras, os fornecedores e as bandeiras.

SISTEMA MONETÁRIO: Instituições e regras cujo objetivo é conceder eficiência nas


transações econômicas, além de possibilitar ao país o controle da política monetária.

Moeda

Toda forma de ativos financeiros utilizados como meio de troca nas transações
econômicas.

Funções da moeda:

1) meio de troca;

2) unidade de conta;

3) reserva de valor.

 Política Monetária: é o conjunto de esforços (instrumentos) empreendidos


pelo governo no sentido de modificar a quantidade de moeda na economia e
também a taxa de juros. Outro motivo relevante em se realizar política
monetária: Variar a renda da economia.

 Depósito Compulsório: são recolhimentos que as instituições financeiras


fazem ao Banco Central sobre os recursos que captam em suas atividades.

 Redesconto: são os empréstimos concedidos pelo Bacen às instituições


financeiras com propósito de liquidez.
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Mercado Interbancário: Se a instituição registra, ao final do dia, mais débitos do que


créditos, seus recursos de curtíssimo prazo são insuficientes. Assim, empresta recursos
de outras instituições financeiras que apresentaram, no mesmo período, caixa
superavitário. Tais empréstimos são feitos mediante a emissão de Cédulas de
Depósitos Interbancários (CDIs).

A instituição deficitária emite o CDI e capta com ele os recursos que precisa, ficando
com uma posição devedora.

A instituição superavitária adquire estes títulos, com a promessa de receber os


recursos mais uma remuneração antecipadamente fixada.

A remuneração é chamada de Taxa DI.

 DÉFICIT PÚBLICO: O governo possui receitas e despesas.

Geralmente, o governo apresenta despesas mais elevadas que receitas, situação


denominada de déficit.

Temos a seguinte situação: 𝑫𝑫𝒕𝒕 = 𝑮𝑮𝒕𝒕 − 𝑹𝑹𝒕𝒕 . Considerando Dt como o déficit no período
t, Gt como o gasto do governo no mesmo período e Rt como a receita, despesas
maiores que receitas provocam déficit. Do contrário, receitas mais elevadas que
despesas, resultam no chamado superávit.

Quanto mais elevado o déficit público (variável fluxo), maior o aumento da dívida
pública (variável estoque).

Existem diversas maneiras de se medir o déficit público.Vamos analisar as 3 medidas


de déficit público:

Déficit Nominal:

Todas as despesas e receitas incorridas pelo governo em determinado período.

Todas as receitas e despesas são medidas pelo seu valor nominal, ou seja, não há
correção pela inflação.

Déficit Primário

Medida que exclui os pagamentos e recebimentos de juros.

Não se contabilizam as despesas com juros, amortizações da dívida pública, entre


outras despesas e receitas financeiras.
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É por isso o nome déficit primário: é a fonte primária da dívida pública.

Operacional

Utilizada em um ambiente inflacionário.

Deduz do déficit os efeitos da inflação no pagamento de juros.

Necessidades de Financiamento do Setor Público: correspondem à variação do


endividamento do setor público não financeiro junto ao setor financeiro e setor
privado, doméstico ou do resto do mundo.

As NFSP são também calculadas sob 3 óticas:

1) Nominal: Corresponde ao conceito de déficit nominal pelo método acima da linha.


Refere-se à variação da DFL entre dois períodos, como acabamos de discutir.

2) Operacional: Exclui da variação da DFL o efeito inflacionário, ou seja, deduz a


correção monetária da variação da DFL. Corresponde ao déficit operacional pelo
método acima da linha e é importante medida em um ambiente inflacionário.

3) Primária: Exclui da variação da DFL as receitas e despesas com juros e encargos da


dívida. Equivale ao déficit primário pelo método acima da linha.

o Salvo as despesas com juros, o cálculo com as NFSP é feito pelo regime de caixa.

o Crescimento das Despesas Públicas: Os gastos podem ser decompostos em 4


categorias: consumo do governo; investimento do governo; transferências;
juros.

1) Consumo do Governo: as despesas com consumo corrente e pagamentos ao fator


trabalho (salários e outros rendimentos a servidores públicos).

2) Investimento do Governo: inclui as formas de gasto com capital, variação de


estoques e depreciação, como os investimentos privados.

3) Transferências: as transferências de recursos concedidas ao setor privado, desde


subsídios às empresas até pagamentos de pensões aos aposentados.

4) Juros: os juros indicam a remuneração da dívida pública anteriormente tomada cujo


valor é expresso através da taxa de juros multiplicada pelo montante da dívida.
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Lei de Wagner: “À medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o


setor público cresce sempre a taxas mais elevadas, de tal forma que a participação
relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo de crescimento
econômico do país”.

 Dívida Pública: consiste no estoque total de recursos de terceiros utilizados


para financiar o déficit público.

o A forma mais usual de se representar a dívida pública é através do índice


𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷.
𝑫𝑫í𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗�

 Mercado Monetário: negocia-se, sobretudo, títulos públicos emitidos pelo


Tesouro Nacional com o objetivo de determinar a taxa de juros e quantidade
de liquidez da economia.

o O COPOM determina a meta da taxa de juros. O Banco Central busca esta meta
através das operações com títulos públicos no mercado monetário, nas
chamadas operações de mercado aberto.

o Os títulos públicos pagam uma remuneração anual ou no prazo de vencimento


do título. Esta remuneração é chamada de cupom e, na maioria dos casos, é
determinada antes do lançamento do título.

o O Selic é o depositário central dos títulos que compõem a dívida pública federal
interna de emissão do Tesouro Nacional.

o A B3 S.A. é uma entidade administradora de mercados organizados de títulos


ou valores mobiliários.

o São negociados títulos públicos, através do qual deriva-se a Taxa Selic, e títulos
privados – resultando na Taxa DI.

Tesouro Prefixado (LTN)

Rentabilidade é definida no momento da compra.

Tesouro Selic (LFT)

Título pós-fixado, cuja rentabilidade segue a variação da taxa SELIC

Títulos Privados no Mercado Monetário

São emitidos por agentes privados, como bancos e empresas. Estes títulos são
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negociados, custodiados e liquidados na B3 S.A.

1 - REGIMES DE CÂMBIO

Já vimos que o Balanço de Pagamentos registra as transações entres os residentes e


não residentes de certo país em determinado período de tempo. Exportadores e
poupadores ofertam divisas estrangeiras em troca de moeda nacional, ao passo que
importadores e devedores/investidores demandam a moeda internacional em troca
de moeda nacional.

As transações devem ser cotadas e listadas de uma maneira padrão, ou seja, através
de alguma unidade monetária de referência, independentemente de qual moeda for
liquidada a operação. Afinal o exportador não pode contabilizar mercadorias no BP.
Como de praxe, a moeda padrão para a realização de transações entre residentes e
não residentes é o padrão é o dólar americano (US$). Define-se como taxa de câmbio
o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira. Isto é, com quantas
unidades monetárias de moeda doméstica podemos compram uma unidade de
moeda estrangeira. Algebricamente, pode-se representar da seguinte maneira:

A expressão acima representa a taxa de câmbio nominal (E) que mede o preço do Real
(R$) em Dólares (US$). No entanto, o que nos interessa é a taxa de câmbio real, ou
seja, aquela que mede a variação da taxa de câmbio considerando também a variação
de preços, tanto na economia interna, como na economia externa. Vejamos:

A taxa de câmbio real (θ) é função da taxa de câmbio nominal (E) multiplicada pela
razão entre o índice de preços externo (Q) e o índice de preços interno (P). Ou seja, a
elevação do índice de preços interno provoca valorização da taxa real de câmbio, ao
passo que o aumento da taxa de preços externa provoca desvalorização da taxa.

Este resultado é bem intuitivo. Se considerarmos que a taxa de câmbio nominal


valorizou, ou seja, o Real ficou mais valorizado em relação ao Dólar, os preços cotados
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em Real se tornaram mais caros em Dólar. O mesmo acontece se os preços internos,


cotados em Real, aumentam devido à inflação. Do mesmo modo, o aumento de
preços externos, cotados em Dólar, permite que os produtos cotados em Real se
tornem mais baratos em moeda externa.

Este é o efeito da variação de preços entre países, que deve ser visto conjuntamente.
Pois, caso os preços internos aumentem em 10% e os externos no mesmo montante,
os preços relativos entre os produtos se mantiveram, ou seja, o câmbio real não
variou, mantendo-se tudo o mais constante.

A relação que deve ficar na mente de todos:

Vejamos o exemplo na expressão, considerando que o câmbio apresentou


desvalorização nominal de 10% (E=1,10), a inflação interna foi de 5% (Q=1,05) e a
inflação externa foi de 2% (P=1,02):

VARIAÇAO NA TAXA DE CÂMBIO E O SALDO DO BP

Antes de entrarmos nos regimes de câmbio, façamos uma observação sobre a variação
no câmbio e a variação no saldo do BP. Lembrando que, a taxa de câmbio deve ser
entendida como a taxa real!

NÃO ESQUEÇAM DESTAS RELAÇÕES:

- A desvalorização da taxa de câmbio deixa os produtos produzidos no exterior


mais caros em relação aos produzidos internamente.

- Neste caso, há uma tendência de desestimulo às importações, ao passo que as


exportações são favorecidas.

- O aumento das exportações e a diminuição das importações provoca saldo


positivo no BP.
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- O saldo positivo no BP, tudo o mais constante, provoca valorização da taxa


cambial, ou melhora nos termos de troca do país

Por melhora nos termos de troca, deve-se entender que os preços dos bens internos
se valorizaram em termos de preços internacionais.

Obs: A relação entre a desvalorização real do câmbio e o aumento das exportações,


explicada acima, é derivada pela Condição Marshall-Lerner. Caso este nome apareça
na prova, já sabemos do que se trata!

1.1 - Regime De Câmbio Fixo

No regime de câmbio fixo, a Autoridade Monetária se compromete a comprar e


vender a moeda internacional de referência a um preço fixo anunciado,
considerado como o valor do câmbio.

Como já foi mencionado nesta aula, a oferta e a demanda de divisas é realizada no


mercado de câmbio e intermediada pela Autoridade Monetária. O Banco Central
compra as divisas internacionais ofertadas pelos exportadores e poupadores e as
oferta aos importadores e devedores (investidores). Até aqui tudo tranquilo!

No regime de câmbio fixo, independentemente dos saldos apurados no Balanço de


Pagamentos, a Autoridade Monetária realiza esta operação ao mesmo preço,
trocando sempre moeda nacional por internacional na mesma relação.

Não é necessário ser nenhum gênio para perceber que este modelo tem um certo
limite. Afinal, déficits sucessivos no BP resultam em escassez de divisas internacionais,
o que, em um mercado livre, provocaria a desvalorização da moeda doméstica,
aumento das exportações e redução das importações e posterior equilíbrio no BP.

No entanto, o Banco Central literalmente banca esta conta, utilizando as reservas


internacionais para “fechar a conta” e equilibrar a oferta e a demanda entre as moedas
no mercado cambial.
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Vamos entender com um exemplo.

Supondo que em determinado período o Balanço de Pagamentos apresente déficit


de R$ 1 mil. Ou seja, os débitos com não residentes forma superiores aos créditos
neste valor.

Para manter a taxa de câmbio fixo, a Autoridade Monetária deve ofertar no mercado
de divisas esta quantidade que faltou para “fechar a conta” . Imaginando que o
câmbio apresente cotação de 1 (1 dólar adquire 1 real), a Autoridade Monetária deve
disponibilizar US$ 1 mil para manter a cotação ao nível anunciado. Geralmente, este
valor faz parte das reservas internacionais.

O que nos remete a algo importante. A manutenção de taxas fixas de câmbio


prescinde da atuação da Autoridade Monetária e da existência de reservas
internacionais para bancar eventuais déficits apresentados no Balanço de
Pagamentos.

Em geral, as taxas de câmbio fixo favorecem a tomada de decisões por parte dos
agentes econômicos envolvidos nas transações internacionais. Sabendo o valor de
troca entre moeda doméstica e internacional, os exportadores, por exemplo, sabem
o valor da receita em moeda doméstica de suas vendas no resto do mundo, assim
como os importadores podem planejar melhor as aquisições internacionais, cotadas a
valor doméstico.

Por hora, conhecendo a expressão da taxa real de câmbio, devemos também “ter na
veia” que, mesmo que a taxa nominal for fixa, a taxa real pode sofrer variações devido
às mudanças nos preços nacional e internacional.

Já vimos que, dada um aumento nos preços internacionais, a taxa de câmbio se


desvaloriza, tornando mais barato os bens domésticos em relação aos externos.

O mesmo efeito ocorre no câmbio fixo. E isto é muito relevante: no câmbio fixo, o
que é “imutável” é a taxa

nominal de câmbio; a taxa real, por sua vez, pode variar e com certeza irá variar!

No Quadro abaixo é analisado um caso específico de câmbio predominantemente


fixo: o padrão ouro.

O PADRÃO-OURO

O padrão-ouro, sistema de câmbio vigente até o início do século passado, foi


formalmente teorizado no séc. XVIII por David Hume.
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O padrão-ouro previa que a moeda fiduciária de determinado país deveria ser


convertida internamente a um preço fixo em ouro. Por exemplo, os EUA poderiam
trocar US$ 10 por grama de ouro e a Inglaterra poderia converter 5 libras esterlinas
para cada grama de ouro.

Ao passo que a taxa de câmbio interna (moeda nacional versus ouro) é fixa, a taxa de
câmbio internacional (dólar versus libra) é flexível, de acordo com a oferta em
demanda do mercado de divisas. No entanto, como cada país deve converter
necessariamente sua moeda em ouro a uma taxa fixa, na prática a taxa de câmbio
internacional também era fixa: em nosso exemplo, 2 dólares adquirem 1 libra.

Isto torna o padrão-ouro um interessante exemplo de câmbio predominantemente


fixo, mas não totalmente.

Outras características sobre o padrão-ouro merecem menção. Para manter a


conversibilidade entre a moeda doméstica e o ouro, a oferta monetária deve ser...

1.2 - Regime de Câmbio Flexível

O regime de câmbio flexível nada mais é do que resultado da pura e simples


oscilação da oferta e demanda de divisas no mercado de câmbio. A Autoridade
Monetária não desempenha qualquer papel, a não ser registrar e contabilizar as
operações.

Como já citado várias vezes, exportadores e poupadores ofertam as divisas


internacionais, e importadores e devedores (investidores) as demandam, O equilíbrio
no BP é realizado automaticamente.

A determinação da taxa de câmbio está a cargo do mercado e denota o resultado dos


fluxos de transações entre residentes e não residentes.

Assim, déficits no BP evidenciam escassez de dólares no mercado interno. Com menos


dólares em relação à moeda doméstica, o dólar valoriza-se frente à moeda interna,
ou seja, ocorre desvalorização cambial. Do mesmo modo, saldos positivos no BP
resultam em excesso de dólares frente à moeda doméstica e, consequentemente,
valorização da taxa do câmbio.

1.3 - Regimes Intermediários

Já analisamos os dois extremos: puramente flexível e puramente fixo.


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No entanto, considerando as dificuldades apresentadas pelos dois regimes cambiais,


variantes surgiram. Seguem algumas delas:

proporcional ao estoque de ouro. Ademais, deve-se considerar que o nível de preços


é função da oferta monetária.

Deste modo, imagine que o país ‘A’ obtenha um saldo negativo no BP. Para quitar as
obrigações com o resto mundo, ‘A’ deve utilizar suas reservas em ouro, tendo em vista
que suas operações financeiras e comerciais não o permitiram. Como resultado, o
estoque de ouro é reduzido.

Consequentemente, como a oferta monetária é uma função do estoque de ouro, os


meios de pagamento também se reduzem, assim como o nível de preços da economia
(há deflação).

Considerando nossa expressão de taxa real de câmbio, uma redução da inflação


interna resulta em desvalorização real da taxa de câmbio e posterior.

Já analisamos os dois extremos: puramente flexível e puramente fixo.

No entanto, considerando as dificuldades apresentadas pelos dois regimes cambiais,


variantes surgiram. Seguem algumas delas:

a) Flutuação suja (dirty floating) – regime cambial mais comumente utilizado na


atualidade. É uma variação do regime de câmbio flexível, ou seja, o regime é
primordialmente flexível desde que movimentos especulativos não
comprometam a variação “justa” do câmbio. Caso o câmbio se desvie deste
valor justo, ou, ao menos, justificável, a Autoridade Monetária intervém no
mercado para conter a volatilidade ou apreciação/depreciação. O objetivo é
tornar as movimentações do câmbio mais suave, de modo que as torne mais
previsíveis aos agentes econômicos. Portanto, o regime de flutuação suja prevê
intervenções esporádicas no cambio pelo Banco Central com o objetivo de
tornar as oscilação do câmbio menos brusca, pois tal fato pode trazer incertezas
aos agentes econômicos e prejudicar a atividade econômica.

b) Bandas Cambiais – o regime de bandas cambiais é um mix de câmbio flutuante


e câmbio fixo. Variável, pois permite que o câmbio oscile ao sabor das forças
de mercado. Fixo, pois a variação é feita dentro um espaço permitido, não mais
que este.

Caso o câmbio atinja o limite mínimo da banda, a Autoridade Monetária compra


moeda estrangeira, com o objetivo de apreciá-la. Do contrário, vende, com finalidade
oposta.
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O regime de bandas pode ser graficamente apresentado da forma que segue, sendo
E+ a cotação máxima do câmbio (momento de venda da moeda internacional), E- a
cotação mínima (momento de compra da moeda estrangeira) e ΔE a variação do
câmbio:

c) Taxa Real de Câmbio Fixo – como já vimos no início deste tópico sobre regimes
cambiais, a variação da taxa real de câmbio é medida pela variação da taxa nominal
menos o excesso da inflação interna sobre a inflação externa. Para manter a taxa real
de câmbio fixa, a taxa nominal deve variar de acordo com a diferença entre a variação
de preços interna e externa. Esta política cambial foi adotada no Brasil em diversos
momentos, e ficou conhecida como “Minidesvalorizações”.

1.4 - Regimes de Câmbio e Expectativas

Chegamos ao último, mas não menos importante, tópico sobre regimes cambiais.

As expectativas podem influenciar a variação cambial em todos os regimes adotados.

Neste tópico analisaremos os dois casos principais:

a) Expectativas e Câmbio fixo

No regime de câmbio fixo, as expectativas operam no sentido da credibilidade dos


agentes sobre o regime. Caso esperem desvalorização do câmbio, ela irá correr; caso
entendam que o câmbio irá valorizar, assim acontecerá.

Vejamos um exemplo: você é um exportador e não acredita que seu País conseguirá
manter o câmbio fixo por muito tempo. Afinal, as reservas já estão se esgotando, o
País não anda lá muito bem, os termos de troca têm piorado, o Presidente não é
muito simpático. Enfim, o sistema não apresenta credibilidade.
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Você como exportador e interessado em maximizar o valor recebido em suas vendas


pensa o seguinte: posso retardar o embarque de alguns produtos vendidos, pois
como o câmbio provavelmente irá depreciar, irei faturar mais em moeda doméstica
fazendo a mesma venda.

No entanto, todos pensam a mesma coisa. O resultado: a expectativa de


desvalorização cambial agrava a entrada de divisas, devido ao retardamento de
exportações, e complica ainda mais a conversão entre as moedas pela Autoridade
Monetária.

Na prática, as receitas em divisas internacionais, necessárias para a manutenção do


câmbio fixo, não são realizadas. A desvalorização que poderia ocorrer dentro de certo
tempo pode ocorrer antes do previsto. Portanto, caso haja uma expectativa de
desvalorização do câmbio fixo, por mais que a Autoridade Monetária procure adiar o
“dia D”, ele certamente ocorrerá!

No Brasil, um bom exemplo é a desvalorização do Real em 1999. Devido aos receios


inflacionários (passagem da desvalorização do Real aos preços) e à eleição que se
avizinhava, o Governo FHC retardou ao máximo a desvalorização e o real sofreu
diversos ataques especulativos, até que em janeiro de 1999 a desvalorização foi
iniciada. O episódio ficou conhecido como Efeito Samba (dá para imaginar o quanto
nossa moeda dançou devido à piora das expectativas!).

b) Expectativas e Câmbio flutuante

No caso de câmbio puramente flexível a história é um pouco diferente.

Vamos supor novamente o caso do País ‘A’. Imagine que ele adote câmbio flutuante
e atraia o interesse de

investidores internacionais, que ingressam com recursos, elevando o saldo de capitais


autônomos.

A moeda doméstica irá se valorizar, beneficiando o setor importador, em detrimento


do setor exportador, que muitas vezes pode ser o principal setor da economia. O
resultado será de provável retração econômica, em face dos movimentos de capitais
internacionais.

A lógica do capital financeiro é aplicar seus recursos no país que fornece os maiores
rendimentos, os quais que podem ser calculados da seguinte maneira:
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A expressão acima pode assim ser entendida: o patrimônio após a aplicação no


exterior (v) pode ser calculado através da diferença entre a taxa de juros interna (i)
sobre a taxa de juros externa (i´) mais a variação da taxa de cambial entre o momento
da aplicação (E0) e o saque da mesma (E1).

E a conclusão pode ser assim expressa: ao investidor estrangeiro é mais rentável


aplicar em um país caso a taxa de juros interna supere a taxa de juros externa
em valor superior à taxa de desvalorização cambial percebida no período de
aplicação.

A lógica é simples.

Poupadores procuram os melhores rendimentos para suas aplicações. Caso


encontrem no País ‘A’, é para lá que irão (considerando que o fluxo de capitais é livre).
Muitos realizam o mesmo movimento, intensificando a entrada de capitais
autônomos em ‘A’ e contribuindo para a valorização da taxa de câmbio.

Quanto mais valorizada a taxa, melhor para os investidores, e “pior” para ‘A’,
considerando que a taxa de juros interna e externa se mantenham constantes.

O raciocínio contrário é análogo: quanto maior a expectativa de desvalorização


cambial, menor a entrada de capitais no País ‘A’, o que, tudo o mais constante,
intensifica a desvalorização cambial e contribui para o setor exportador maximizar
suas receitas, bem como para a elevação dos saldos positivos em transações
correntes.

2 - AUTORIZADOS

Bom, é evidente que as instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio


apresentam singular relevância.

Afinal, as operações no Brasil não podem ser praticadas livremente pelos


indivíduos e empresas sem a participação de instituição autorizada pelo Bacen.

Por exemplo, digamos que uma sociedade corretora receba uma ordem de compra
de determinada ação no exterior. Desta forma, ela mesma pode realizar a operação
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de câmbio, em até US$ 100 mil, e liquidar a compra de seu cliente fora do país. Caso
a transação exceda este valor, a operação de câmbio deve ser realizada em algum
banco comercial ou múltiplo (os quais não possuem limitação de valor).

Por fim, as agências de turismo estão também autorizadas a realizar operações de


câmbio. Podem comprar e vender moeda estrangeira em espécie, cheques e
cheques de viagem relativos a viagens internacionais. Ou seja, as transações
cambiais estão limitadas sua natureza social, que são as viagens internacionais.

Para ser autorizada a operar no mercado de câmbio, a instituição financeira deve (i)
indicar diretor responsável pelas operações relacionadas ao mercado de câmbio e (ii)
apresentar projeto, indicando, no mínimo, os objetivos operacionais básicos.

Este ponto é autoexplicativo. Não obstante, o Banco Central pode cassar, cancelar ou
revogar as autorizações concedidas a estas instituições, o que nos permite concluir
que as autorizações, uma vez obtidas, não duram para sempre.

Por exemplo, caso a instituição autorizada não realize operação de câmbio por
período de 180 dias, a autorização pode ser cassada.

Já sabendo da dinâmica do mercado e das instituições autorizadas, resta saber das


operações praticadas no mercado de câmbio.

3 - PRINCIPAIS OPERAÇÕES

Basicamente há três principais maneiras de se operar com câmbio, de acordo com a


natureza da operação, que reflete o ponto de vista da instituição autorizada a operar
no mercado cambial:

 Compra: Acontece quando a instituição compra moeda internacional em


troca de moeda nacional. Quando você se dirige a um banco e deseja trocar
seus dólares por reais, você realiza uma operação de compra.

Apesar de parecer um contrassenso (afinal, você está comprando reais em troca de


dólares), a denominação da troca é originada pelo ponto de vista da instituição
cambial, que compra moeda internacional em troca de reais.

As operações de compra são típicas quando ocorre exportação. O exportador recebe


em moeda internacional e se dirige a uma instituição autorizada para troca-las por
moeda doméstica. Isto é, o banco compra moeda externa em troca de moeda interna.

 Venda: Aqui ocorre o contrário. A instituição vende divisa internacional e


recebe em troca moeda doméstica. É o que acontece quando você, por
Conhecimentos Bancários

exemplo, viaja ao exterior. Precisando de moeda internacional se dirige ao


banco, oferecendo reais em troca de dólares. A instituição autorizada te vende
moeda externa em troca de moeda interna.

 Arbitragem: A operação de arbitragem não envolve, em nenhuma das pontas


da negociação, moeda doméstica. Acontece quando uma instituição
autorizada troca uma moeda internacional por outra moeda também
internacional. Por exemplo, quando ocorre a troca de dólares por euros.

Como já oportunamente (e exaustivamente) citado, as trocas cambiais são derivadas


principalmente das exportações, importações e transações financeiras.

Desta forma, o exportador, ao receber em dólares, precisa de reais para realizar suas
transações no mercado interno. Assim, dirige-se ao banco e realiza uma operação de
compra. O importador, realiza o procedimento inverso: necessitando de dólares para
pagar suas compras internacionais, dirige-se ao banco e realiza uma operação de
venda, pois o banco vende a ele as divisas necessárias.

O mesmo acontece com operações financeiras. Digamos, por exemplo, que


determinado investidor internacional deseja comprar ações de empresas brasileiras
negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA). Ele necessita trocar
seus dólares por reais, realizando uma operação de compra na instituição nacional
autorizada. Afinal, no Brasil não se pode liquidar transações em dólares, mas tão
somente em reais.

É evidente que nem todas as transações cambiais são liquidadas em espécie. Ou seja,
nem sempre a troca entre uma moeda e outra é feita através da efetiva troca entre as
moedas.
Conhecimentos Bancários

Desta forma, é possível classificar as trocas da maneira como são feitas, conforme
segue abaixo:

 Câmbio Manual: É a operação que envolve a compra e venda de moedas


em espécie, ou seja, quando a troca se efetua com moedas metálicas e/ou
cédulas de dinheiro doméstico e de outros países.

Quando o turista se dirige à casa de câmbio necessitando de dólares em espécie,


realiza uma operação de câmbio manual. Mais precisamente, uma operação de venda
de câmbio manual (pois a casa de câmbio está vendendo moeda internacional a ele).

 Câmbio Sacado: É a operação que envolve documentos e/ou títulos


representativos de moeda. Neste tipo de operação se envolve a
movimentação de conta bancária representativa de moeda, ou mesmo de um
título que represente um direito/dever valorizado em moeda internacional.

Por exemplo, digamos que um exportador realize uma venda ao exterior no valor de
US$ 10 milhões. Evidentemente que ele não irá ao banco sacar todo este volume de
dinheiro. Por isso, o exportador pode se dirigir ao banco com o contrato de venda
que possui e aquele valor a receber que possui em dólares será creditado em sua
conta em reais. O banco se encarrega de fazer a cobrança do valor no comprador no
exterior, assim como o câmbio entre as moedas.

Como visto, não há a troca de cédulas, mas sim crédito em conta.

Estes conhecimentos são suficientes para adentramos nas operações de câmbio em


si. Abaixo, seguem as modalidades das operações de câmbio.

3.1 - Operações Manuais

Já citamos a definição das operações manuais de câmbio. No entanto, ficou faltando


(propositalmente) citar

quais transações são feitas com o câmbio manual.

Em geral são realizadas através da troca de moeda doméstica por dólar turismo ou
através da troca de moeda doméstica por traveller checks.

A troca de moeda doméstica por dólar turismo é autoexplicativa. O interessado em


viajar ao exterior se dirige à instituição autorizada a operar com câmbio e adquire o
dólar turismo, em troca do valor correspondente em reais.

A cotação dólar turismo é diferente do câmbio comercial (dólar comercial) para


Conhecimentos Bancários

permitir o ganho da sociedade de câmbio. Ou seja, a instituição pode adquirir dólar


na cotação comercial (pagando mais barato) e vendê-lo na cotação turismo, que é
mais cara. Esta diferença origina o ganho da instituição.

Os traveller checks constituem outra importante forma de operação manual de


câmbio. Chamados, em português, de cheques de viagem, correspondem a um saldo
depositado em moeda estrangeira.

Ou seja, caso o adquirente prefira levar os cheques de viagem (que também assumem
a forma de cartão magnético), podem depositar o valor correspondente em
determinada conta e sacar estes valores no exterior.

O cartão magnético, forma mais recente de traveller checks, pode ser creditado no
Brasil em moeda internacional (por exemplo, em dólares) e, na medida em que o
adquirente efetua suas compras no exterior, o saldo vai sendo debitado do cartão.

Mesmo os débitos efetuados em país que não utiliza o dólar como moeda corrente
podem ser feitos com cartões com créditos em dólar. No momento da compra é feito
o câmbio entre o dólar e a moeda loca.

É muito semelhante a um celular pré-pago, cujo saldo é creditado para que as ligações
possam ser efetuadas posteriormente.

3.2 - Operações de Remessa

As operações de remessa são realizadas através de ordens (como as feitas pela


internet), em que o banco nacional vende divisas internacionais a outro banco
situado no exterior.

Desta forma, caso você queria transferir, digamos, US$ 1 mil a um parente no exterior,
pode se dirigir ao banco que possui conta.

O banco debita de sua conta o valor correspondente em reais mais as taxas incidentes
na operação e envia estes valores ao banco de destino situado no exterior, onde seu
familiar pode sacá-lo.

As remessas adquiriram singular importância a partir da autorização concedida


pelo CMN para remessas de pequeno valor (até US$ 10 mil, ou equivalente em
outra moeda) que podem ser realizadas em correspondentes bancários (agências do
correio/casas lotéricas). O mesmo vale para as agências de turismo, hotéis, pousadas
e afins.

Estas remessas podem ser feitas, por exemplo, com a finalidade de remeter valores
Conhecimentos Bancários

ao exterior entre pessoas físicas. É o caso do filho que trabalha fora do país e envia
valores a sua família mensalmente.

Ele pode converter seus valores em Reais já no exterior e remetê-los para o Brasil.
Assim, não se faz necessária a conversão cambial no Brasil, pois ela já foi feita no
exterior.

O mesmo acontece com pessoas jurídicas que precisam fazer remessas do exterior ao
Brasil. Imagine o caso do exportador, que recebe em dólares em outro país. Ele pode
fazer a conversão lá fora e trazer seus recursos já em Reais ao Brasil.

Adicionalmente, há a possibilidade de realização de remessas do exterior ao Brasil

Apenas um comentário. Aqui há a movimentação de valores em contas correntes, pelo


que a operação é considerada de câmbio sacado.

3.3 - Contrato de Câmbio

O objetivo principal do contrato de câmbio é a compra e venda de moeda


estrangeira, cuja entrega da moeda corresponde à liquidação do contrato.

O contrato de câmbio é um importante instrumento na realização de importações


e exportações. Através do contrato de câmbio se estabelecem as características e as
condições sob as quais se realiza a operação de câmbio entre o vendedor e o
comprador de divisas nas operações comerciais internacionais.

Vamos usar o exemplo do exportador.

O exportador realiza uma venda de bens a outra pessoa situada no exterior e pactua
a negociação através de um contrato mercantil, no qual há as condições da venda,
entrega do produto e recebimento.

Bom, como a venda foi feita ao exterior, ela foi cotada em moeda internacional.
Geralmente, como em todos os exemplos da aula, a venda é cotada em dólares norte-
americanos (US$).

No entanto, o exportador não pode transitar com dólares no Brasil. Também não é
viável que ele vá pessoalmente ao exterior receber o valor da venda e o traga ao Brasil
para realizar o câmbio.

Desta forma, ele pode se dirigir ao banco e apresentar o contrato de venda que
pactuou. Com base nas condições deste contrato ele firma um contrato de câmbio
com a instituição financeira, no qual esta compra os dólares que ele recebeu em troca
de reais.
Conhecimentos Bancários

O valor pago pelo comprador, situado no exterior, é depositado em outro banco,


o qual transfere os valores ao banco brasileiro.

Desta forma, os valores transitam através de instituições financeiras intermediárias e


o exportador recebe através do banco situado no Brasil, e não do importador.

Nos contratos de câmbio, o exportador pode realizar a chamada contratação prévia


total do câmbio. Isto é, antes mesmo do embarque da mercadoria que vendeu ao
exterior, ele fecha a cotação cambial e, quase sempre, recebe os valores antecipados.
Obviamente que, além do serviço de intermediação e realização do câmbio, a
instituição financeira irá cobrar uma taxa de juros relativa ao desconto do título.

É possível afirmar que, além do contrato de câmbio, há outro contrato de crédito


implícito na operação. A instituição ganhou pelos dois contratos.

Do mesmo modo, ele pode realizar a contratação parcial prévia do contrato, ou


mesmo a contratação posterior (total ou parcial) do contrato. Na primeira, recebe
apenas parte da venda antecipadamente. Na segunda, recebe total ou parcialmente
os valores do contrato de exportação posteriormente ao embarque da mercadoria.

3.4 - Operações com Ouro

As operações com ouro são realizadas no mercado de câmbio apenas por instituições
autorizadas a operar no mercado de câmbio integrantes do Sistema Financeiro
Nacional e correspondem à:

O que precisamos ter em mente nessas transações é que o ouro, nesses casos, é
considerado um ativo financeiro capaz de liquidar transações realizadas no mercado
de câmbio. É por isso que o ouro, nesses casos, é chamado de “ouro-instrumento
cambial”.

Uma vez incorporado à posição de câmbio da instituição, o ouro somente pode ser
negociado com outra instituição integrante do sistema financeiro autorizada a operar
no mercado de câmbio, com instituição externa ou com o Banco Central do Brasil,
observadas as mesmas condições estabelecidas para a negociação de moeda
estrangeira.
Conhecimentos Bancários

3.5 - SISCOMEX

Por fim, temos que entender o que é o SISCOMEX.

O Sistema Integrado de Comércio Exterior é a sistemática administrativa do


comércio exterior brasileiro que integra as atividades afins do Departamento de
Comércio Exterior (DECEX), da Secretaria da Receita Federal (SRF) e do Banco
Central no registro, acompanhamento e controle das diferentes etapas das
operações de exportação e importação.

O conceito é muito simples e valioso. Quando realizada uma operação de comércio


exterior (exportação/importação) há diferentes procedimentos burocráticos a
serem realizados.

Por exemplo, há a necessidade de desembaraço aduaneiro pela SRF, pois sobre os


bens transacionados incidem taxas e impostos. Há a necessidade de realização de
uma operação cambial, convertendo moeda internacional em doméstica, ou o
inverso – tal operação é autorizada pelo BACEN.

Bom, seria ótimo se tão somente 1 documento validasse todas estas operações, não
é? Pois bem, é exatamente isto que ocorre no SISCOMEX.

Através dos registros eletrônicos que realiza, permite desburocratizar, reduzir custos
e elevar a eficiência com a emissão de tão somente 1 documento que certifica todos
os processos necessários para se exportar/importar. O documento de exportação é
chamado de Registro de Exportação - RE; o de importação, de Declaração de
Importação – DI.

O grande atrativo do SISCOMEX é “ligar” todos os envolvidos, como bancos que


realizam câmbio, a Receita

Federal, que certifica o pagamento de tributos incidentes, entre outros.

Estão autorizados a operar no SISCOMEX:

 Agências do BB que operam comércio exterior

 Agências de bancos que operam em câmbio

 Sociedades de Câmbio

 Despachantes Aduaneiros

 Estabelecimento do Exportador/Importador, observadas as limitações


colocadas
Conhecimentos Bancários

 Salas de contribuintes da SRF.

3.6 - Financiamento à Importação e à Exportação: Repasses de Recursos do


Bndes

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social possui linhas de


financiamento a exportações e importações. A intenção do BNDES com estes
financiamentos é fomentar a área de comércio exterior e a internacionalização de
empresas com custos e prazos diferenciados.

Entre as ações implementadas, destacam-se o aumento da competitividade


internacional da produção brasileira de bens e serviços de maior valor agregado e o
crescente estímulo à ação de empresas brasileiras na América do Sul, ampliando laços
comerciais estratégicos.

Abaixo, seguem os programas atualmente em vigor neste sentido:

• BNDES EXIM

Financiamento à produção de bens e de serviços brasileiros destinados à exportação


e à comercialização destes itens no exterior.

Na fase pré-embarque da mercadoria, empresas produtoras e exportadoras, de


qualquer porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração
no País podem solicitar o financiamento, ressaltando que empresas de pequeno porte
possuem condições mais vantajosas em relação às taxas de juros vigentes. A ideia
deste tipo de operação é adiantar recursos ao produtor exportador, no total de até
90% da receita de exportação, dependendo do produto ou serviço, antes mesmo deles
estarem prontos para embarque (ou até mesmo fabricados).
Conhecimentos Bancários

Na fase pós-embarque, o BNDES apoia a comercialização, no exterior, de bens e


serviços brasileiros por meio do produto BNDES nas seguintes modalidades:

Supplier’s credit: a colaboração financeira consiste no refinanciamento ao


exportador e ocorre por meio da apresentação ao BNDES de títulos ou documentos
do principal e juros do financiamento concedido pelo exportador ao importador.
Esses títulos são descontados pelo BNDES, sendo o resultado do desconto liberado à
empresa exportadora;

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