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A Proteção do Consumidor no Contrato de

Crédito ao Consumo
(DL 133/2009, de 2 de junho)

09.05.2022
Fernanda Rebelo
Sumário
I – Introdução: a proteção do consumidor
II – Conceito de contrato de crédito
III – Deveres pré-contratuais
IV – Formação do contrato
V – A TAEG
VI – Direito de arrependimento
VII– Cumprimento antecipado pelo consumidor
VIII – Vencimento antecipado das prestações
I - Introdução

• Enquadramento legal:
- o DL 133/2009, de 2/6, estabelece o regime do
crédito aos consumidores em geral (transpôs a Diretiva
2008/48/CE do Parlamento e do Conselho, de 23 de
abril, relativa a contratos de crédito aos consumidores).

NOTA: o 1.º diploma foi o DL 359/91, de 21/9 (Diretiva


87/102/CEE, do Conselho, de 22 de dezembro de 1986, relativa
ao crédito ao consumo), já revogado
Contrato de crédito para habitação
• Regime especial para contratos de crédito
relativos a imóveis (não será hoje tratada)

• DL 74-A/2017, de 23 de junho (transpôs


parcialmente a Diretiva 2014/17/EU do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 4 de fevereiro, relativa
aos contratos de crédito aos consumidores para
imóveis destinados a habitação
Fundamentação

Proteção do consumidor
I – Conceito de contrato de crédito

Art. 4.º, 1, c):


«o contrato pelo qual um credor concede ou promete
conceder a um consumidor um crédito sob a forma de
diferimento de pagamento, mútuo, utilização de cartão
de crédito, ou qualquer outro acordo de financiamento
semelhante».
Elementos constitutivos

- existência de uma relação jurídica de consumo

- partes: consumidor/profissional
Noção de consumidor

• artigo 4.º, n.º1, alínea a):

• «a pessoa singular que, nos negócios jurídicos


abrangidos pelo presente decreto-lei, atua com
objetivos alheios à sua atividade comercial ou
profissional»
Noção de profissional (denominado credor)

• artigo 4.º, n.º1, alínea b):

• «a pessoa, singular ou coletiva, que concede ou que


promete conceder um crédito no exercício da sua
atividade comercial ou profissional»
Âmbito de aplicação

A lei recorre a uma noção ampla para caracterizar o


contrato de crédito:
- concessão ou a promessa de concessão de um crédito
sob a forma de (enumeração legal aberta):
a) diferimento de pagamento
b) mútuo
c) utilização de cartão de crédito
d) qualquer outro acordo de financiamento semelhante
a) Diferimento de pagamento

• É o crédito concedido pelo próprio fornecedor do


bem ou prestador do serviço

• Ex. venda em prestações, com ou sem reserva de


propriedade
• Ex. prestação de serviços a prestações
b) Mútuo

• contrato previsto no CC: 1142.º e seg.: «o contrato


pelo qual uma das partes empresa à outra dinheiro
ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a
restituir outro tanto do mesmo género e qualidade»
c) Os contratos relativos à utilização de cartão de crédito

• - não constam da Diretiva, são uma inovação da lei


portuguesa

• em rigor trata-se de contratos de emissão de cartão


de crédito
d) “qualquer outro acordo de financiamento
semelhante”

• abrange qualquer contrato que tenha por finalidade


a concessão de crédito ao consumo, mas não a
fiança.

• Exs. “locação financeira”, os designados “aluguer de


longa duração” e a ”locação (financeira) restitutiva
Os contratos excluídos da aplicação do diploma
artigo 2.º

• N.º 1, a) os contratos de concessão de crédito


garantidos por hipoteca sobre coisa imóvel ou por
outro direito sobre coisa imóvel

• N.º 1, b) os contratos de crédito para habitação -


regulados por diplomas específicos – conferem
também proteção aos consumidores
O regime especial do contrato de crédito à
habitação:

• esteve fragmentado por vários diplomas legais até


2017, encontrando-se hoje no DL 74-A/2017
• (transposição parcial da Diretiva 2014/17/EU, de 4
de fevereiro, relativa aos contratos de crédito aos
consumidores para imóveis de habitação, para o
direito nacional)
O DL 74-A/2017

• regula os principais aspetos dos contratos de crédito


à habitação
• - entrou em vigor em 1 de janeiro de 2018

• Em suma: o diploma aplica-se a contratos de crédito


à habitação e a contratos de crédito que, não se
destinando à habitação, estejam garantidos por uma
garantia sobre imóvel, por exemplo a hipoteca
Âmbito do DL 74-A/2017

• Art. 2.º :
• contratos de crédito para a aquisição ou construção de
habitação própria permanente, secundária ou para arrendamento
• contratos de crédito para aquisição ou manutenção de direitos de
propriedade sobre terrenos ou edifícios já existentes ou projetados
• contratos de locação financeira de bens imóveis para habitação
própria permanente, secundária ou para arrendamento
• contratos de crédito que, independentemente da finalidade,
estejam garantidos por hipoteca ou por outra garantia equivalente
habitualmente utilizados sobre imóveis, ou garantidos por um
direito relativo a imóveis
(Cont.)
DL 74-A/2017)
• Com a aprovação do DL 74-A/2017, verifica-se um
grande paralelismo na regulação do crédito ao
consumo e do crédito à habitação, nomeadamente:
• -previsão de regras sobre publicidade;
• - deveres de assistência ao consumidor;
• - acesso não discriminatório a bases de dados para
avaliação da solvabilidade do consumidor;
• - vendas associadas e informação a prestar durante a
vigência do contrato de crédito.
Razões da abordagem em separado do regime
do crédito à habitação (DL74-A/2017):

• Porque:
• - representa um importante compromisso financeiro
da vida de um consumidor que deve ter regime
próprio;
• - atendendo os valores mutuados, ao prazo de
amortização e às consequências da execução da
hipoteca.
Outros contratos excluídos do regime dos
contratos de crédito aos consumidores
- Artigo 2.º, n.º 1, alínea c):
• - os contratos de montante total de crédito inferior a
€200 ou superior a €75 000

(sendo o elemento determinante o montante do


crédito e não o preço do bem ou do serviço)
Razão de ser da exclusão dos contratos de crédito de
reduzido valor económico (abaixo de €200)

- a imposição de deveres excessivos ao profissional


poderia desincentivar a própria celebração do contrato,
por desinteresse por parte destes.
Razão de ser da exclusão dos
contratos de valor económico elevado

• entende-se que o consumidor não necessita de uma


especial proteção, uma vez que a cautela associada à
celebração desse contrato é maior (!?)
Críticas:

• - por um lado, o valor de €200 não é assim tão baixo;


• - por outro lado, beneficia as empresas que operam
no sector do designado crédito rápido, no qual são
geralmente aplicadas taxas de juro muito elevadas,
contribuindo-se assim para o agravamento do
problema do sobre-endividamento.
Quanto ao valor de €75.000

• deixa sem proteção os consumidores em relação a


alguns dos contratos mais relevantes, tendo em
conta o seu elevado valor.
Outros contratos excluídos:

artigo 2.º, n.º 1, alínea d):

• os contratos de locação de bens móveis de consumo


duradouro que não prevejam o direito ou a
obrigação de compra da coisa locada, seja no próprio
contrato seja em contrato separado.
Artigo 2.º, n.º 1, alínea f)

• exclusão dos contratos cujo crédito seja concedido


sem juros ou encargos

• Obs: por vezes a gratuitidade é meramente ilusória,


na medida em que o valor dos juros poderá estar,
afinal, contido no preço do bem ou do serviço.
Artigo 2.º, n.º 1, alínea g)

• São excluídos os contratos em que:

- o credor não é uma instituição de crédito


- o montante deve ser reembolsado no prazo máximo
de 3 meses
- apenas são cobrados encargos insignificantes
Artigo 2.º, n.º1, alínea h)

• Também são excluídos os contratos de crédito celebrados


entre entidade patronal e os seus trabalhadores, desde que se
verifiquem 3 requisitos:
• - concessão do crédito a título subsidiário
• - sem juros ou com uma TAEG associada inferior às taxas
praticadas no mercado
• - concessão de crédito nessas condições exclusivamente aos
trabalhadores da empresa
Estrutura do DL 133/2009

• Contém 6 capítulos (3 anexos), que incidem sobre:


• 1. Objeto, âmbito de aplicação e definições
• 2. Informação e práticas anteriores à celebração do
contrato
• 3. Informação e direitos relativos aos contratos de
crédito
• 4. Taxa anual de encargos efetiva global (TAEG)
• 5. Intermediários de crédito
• 6. Disposições finais
V – A TAEG
TAXA ANUAL DE ENCARGOS EFETIVA GLOBAL

- figura central no regime do contrato de crédito ao


consumo
Conceito TAEG

• artigo 4.º, alínea i):


• entende-se por TAEG – taxa anual de encargos
efetiva global: «o custo total do crédito para o
consumidor expresso em percentagem anual do
montante total do crédito, acrescido, se for o caso,
dos custos previstos n.º 4 do art. 24.º»
Cálculo da TAEG

• Artigo 24.º, n.º 4, inclui:


- os custos relativos à manutenção de conta que registe
simultaneamente operações de pagamento e de
utilização de crédito
- os custos relativos à utilização ou ao funcionamento
de meio de pagamento e utilização do crédito
- outros custos relativos às operações de pagamento
Função da TAEG

- é fundamental para o esclarecimento efetivo do


consumidor
- este elemento garante simultaneamente o
conhecimento da taxa proposta e a comparação com
outras taxas de mercado
- trata-se de um elemento mais objetivo
- a decisão de contratar do consumidor de crédito é
favorecida com a possibilidade de comparar as
propostas apresentadas por eventuais financiadores
A TAEG permite a comparação

• porque as taxas apresentadas por diferentes


instituições de crédito devem ser calculadas com a
mesma base e tendo em conta os mesmos
elementos.
Relevância da TAEG
- constitui um elemento muito relevante ao longo da
fase pré-contratual e no momento da celebração do
contrato
- deve ser indicada em qualquer mensagem
publicitária relativa à celebração de um contrato de
crédito – art. 5.º
- deve constar da ficha sobre “Informação
Normalizada Europeia em Matéria de Crédito aos
Consumidores”
(Cont.) TAEG

• O contrato de crédito tem de a especificar «de forma


clara e concisa» - artigo 12.º, n.º3
• - sob pena de este ser nulo, nos termos do artigo
13.º, n.º1
• - nulidade que só pode ser invocada pelo
consumidror (invalidade mista) – artigo 13.º, n.º 5
Como funciona a TAEG:

• - artigo 24.º, n.º1

• - «…torna equivalentes, numa base anual, os valores


atuais do conjunto das obrigações assumidas,
considerando os créditos utilizados, os reembolsos e
os encargos, atuais ou futuros, que tenham sido
acordados entre o credor e o consumidor»
Âmbito

• - abrange todos os valores a pagar pelo consumidor


(no pressuposto de que o contrato de crédito é
cumprido)
• - pretende-se evitar a prática tendencialmente
enganosa de prever uma taxa nominal baixa,
associada a encargos significativos
Cálculo

• - de acordo com uma fórmula matemática constante


da Parte I do Anexo I do DL 133/2009, sendo
uniforme em todos os Estados-Membros
A usura

• O art. 28.º regula a usura no contrato de crédito ao


consumo, de forma inovadora, quer em relação à
Diretiva 2008/48/CE quer ao revogado DL 359/91
• - a usura assume maior gravidade nas situações em
que o contrato é celebrado na sequência de práticas
comerciais agressivas e nos contratos de concessão
de determinado crédito rápido, e, em geral, nos
contratos de emissão de cartão de crédito
(cont.)
• - o controlo da usura e as medidas para a evitar são
de saudar
• - a questão está relacionada também com o
problema do sobre-endividamento das famílias que
atingiram níveis preocupantes
• a regulação eficaz das taxas de juro poderá atenuar a
proliferação de concessão de crédito nos casos em
que o risco de não cumprimento pelo consumidor é
muto elevado.
O duplo limite da taxa de juro usurária

• artigo 28.º:
• - basta que um dos valores máximos seja
ultrapassado para se considerar o contrato de crédito
usurário.
1.º limite: art. 28.º, 1
• -«é havido como usurário o contrato de crédito cuja
TAEG, no momento da celebração do contrato,
exceda em ¼ a TAEG média praticada pelas
instituições de crédito no trimestre anterior, para
cada tipo de contrato de crédito aos consumidores»

• EX. se a taxa média para cada tipo de contrato de crédito for


de 12%, o limite da usura, por aplicação deste n.º1, situar-se-á
nos 15%
2.º limite: art. 28.º, 2

• «é igualmente tido como usurário o contrato de


crédito cuja TAEG, no momento da celebração do
contrato, embora não exceda o limite dfinido no
número anterior, ultrapasse em 50% a TAEG média
dos contratos de crédito aos consumidores
celebrados no trimestre anterior».
• Ex. se a taxa média relativa a todos os contratos de
crédito, no período relevante, é de 9%, a taxa máxima
permitida é de 13,5%, portanto, aplicando este duplo
limite, não releva os 15% referidos no eslide anterior
resultante da aplicação do 1.º limite.
Controlo e consequências

• - Controlo pelo Banco de Portugal: art. 28.º, 3


• - o art. 28.º não impede a aplicação dos arts. 282.º a
284.º do CC, quando se verifiquem os requisitos aí
exigidos
• Consequências da estipulação de uma TAEG usurária:
• gera responsabilidade contraordenacioal (art. 30.º,
1) e redução para metade do limite máximo (art.
28.º, 6)
Crítica:

• - seria preferível estabelecer um limite máximo que


fosse idêntico em ambos os regimes: no regime geral do
CC e no regime especial do crédito ao consumo
• - a fixação de limite através de taxas médias é criticável
porque permite o seu controlo pelos profissionais
• - em caso de usura, seria preferível que a lei remetesse
para a taxa de juro legal relativa aos contratos em que
esta não tenha sido fixada pelas partes (art. 559.º, 1, do
CC; n.º1, da Portaria 291/2003) e não a redução para
metade do limite máximo.
II - Deveres pré-contratuais

São considerados 3 momentos do iter negocial:


- Publicidade
- Conteúdo da declaração do profissional
- Dever de avaliar a solvabilidade do consumidor
Publicidade: artigo 5.º

. Aplica-se o regime geral da publicidade (Código da


Publicidade) e o DL 57/2008 (Regime das Práticas
Comerciais Desleais)
• Comunicação comercial: proposta de concessão de
crédito com indicação obrigatória da TAEG
• de forma legível ou perceptível pelo consumidor, sob
pena de se considerar como não indicada
• Ex. letra de tamanho muito reduzido ou na vertical
• Ex. na rádio, utilização de um tom de voz impercetível, pela
rapidez da transmissão da mensagem
Declaração do profissional: artigo 6.º

• Informações pré-contratuais:
• Dever de fornecer ao consumidor os elementos
essenciais relativos ao negócio: n.º 1
• Entrega de um formulário normalizado (Anexo II), em
tempo útil: ficha sobre Informação Normalizada
Europeia em Matéria de Crédito a Consumidores: nsº 2
e3
• Informações adicionais: n.º 4
• Comunicações pelo telefone e a solicitação : n.ºs 6 e 7
• Entrega de cópia da minuta, mediante solicitação: n.º8
• Ónus da prova recai sobre o credor: n.º 11
Dever de assistência ao consumidor: artigo7.º

-Prestação de esclarecimentos concretos relativos àquele


consumidor, tendo em conta a sua capacidade financeira e
os seus conhecimentos sobre os produtos e o mercado.
-Devem ser explicadas as características essenciais dos
produtos propostos, os efeitos e as consequências da falta
de pagamento: n.º 1
Em suma, o financiador torna-se um conselheiro do
consumidor
-Tempo e forma da prestação dos esclarecimentos: n.º2
-Ónus da prova: n.º 4
Dever de avaliar a solvabilidade do
consumidor: artigo 10.º
• a cumprir antes da celebração do contrato de crédito;
• com recurso a vários elementos: documentais e colocando
questões ao consumidor, sobretudo, acerca do seu património
e rendimento disponível.
• este normativo tem caráter imperativo (pendor
excessivamente paternalista): visa a proteção de interesses
relevantes do consumidor mas também o interesse geral da
concessão de crédito responsável
• sanção contraordenacional: artigo 30.º
• não está prevista qualquer sanção civil!
III - Formação do contrato

• Artigo 12.º:
• forma do contrato: escrita em papel ou outro suporte
duradouro
• modo: legível
• formalidades: entrega de um exemplar no momento da
assinatura (contratos presenciais)
• Contratos celebrados a distância: deve ser remetido ao
consumidor logo que possível após a celebração do
contrato
• ónus da prova da entrega cabe ao credor: artigo 13.º,
n.º5 (jurisprudência)
Efeitos da inobservância dos requisitos do
contrato de crédito: artigo 13.º
• - nulidade do contrato: ns.º 1 e 2(artigo 220.º CC)
• - nulidade atípica - apenas pode ser invocada pelo
consumidor: n.º 5 (ou pelo seu cônjuge se a dívida
for comum – artigo 1691.º CC))
• - a nulidade não é de conhecimento oficioso, pois o
consumidor poderá pretender a manutenção do
contrato, salvo se não a invocar mas apresentar
factos que demonstrem que pretende desvincular-se
do contrato
• anulabilidade do contrato: n.º3
IV – Direito de livre revogação (direito ao
arrependimento)
Artigo 17.º:

• Prazo: 14 dias, contados da data da celebração do


contrato ou da receção pelo consumidor do
exemplar do contrato e das informações: n.s 1 e 2
• - mas o consumidor pode exercer o seu direito antes
do início do prazo
Confronto com o regime do DL 74-A/2017
(contrato de crédito à habitação)
• art.13.º, 2: no momento da aprovação do crédito o
credor deve entregar a ficha e a cópia da minuta
• art. 13.º, 4: o mutuante permanece vinculado a
proposta durante um prazo mínimo de 30 dias
• o consumidor tem o direito a um período de reflexão
obrigatório, anterior a celebração do contrato, em que
não pode aceitar a proposta nos primeiros 7 dias a
contar da entrega da ficha normalizada e da minuta:
n.º 5
• do 8.º dia ao 30.º tem o consumidor o direito
potestativo de aceitar a proposta
Forma do “direito de livre revogação” (DL
133/2009)

• Artigo 17.º, n.º3:


• O exercício do direito só produz efeitos se o
consumidor expedir a declaração até ao último dia
do prazo de 14 dias, em papel ou noutro suporte
duradouro, por qualquer meio, observando os
requisitos do artigo 12.º, n.º 3, alínea h).
Efeitos do contrato na pendência do prazo

• A partir da celebração do contrato:


- o consumidor pode exigir imediatamente a entrega
do montante do crédito: condição resolutiva de
exercício do direito de arrependimento, produzindo
efeitos desde logo;
- mas as partes podem acordar que o montante do
crédito só seja disponibilizado após o decurso do
prazo para o exercício do direito de arrependimento:
condição suspensiva de não exercício do direito pelo
consumidor, não produzindo efeitos até esse
momento.
Efeitos do exercício do direito
a) celebração sob condição resolutiva:
• se o profissional disponibilizar imediatamente o
montante do crédito, o exercício do direito acarreta
os efeitos previstos no artigo 17.º, n.4:
• - o consumidor deve pagar ao credor o capital e os
juros vencidos relativos ao período em que o valor
foi utilizado, no prazo máximo de 30 dias;
• - não tem o arrependimento efeitos retroativos,
apenas vale para o futuro.
b) celebração sob condição suspensiva

• O exercício do direito de livre revogação tem como


efeito impedir a produção dos efeitos do contrato
• e, se estiver coligado com outro contrato (ex.
contrato de seguro), acarreta também a extinção dos
efeitos deste contrato: artigo 18.º, ns.1 e 5
VI – Cumprimento antecipado do contrato pelo
consumidor
• Artigo 19.º: reembolso antecipado
• - o consumidor tem o direito de se desvincular (total
ou parcialmente) do contrato, mediante aviso prévio
não inferior a 30 dias, pagando um valor inferior ao
do custo total do crédito
• Os termos da compensação são definidos no n.º 4
• O regime do normativo é imperativo
• É bastante favorável para o consumidor, contribuindo
para a diminuição do sobre-endividamento!
VII – Vencimento antecipado das
prestações
A - Regimes do CC:
• - em caso de não cumprimento do contrato de
crédito, o consumidor goza de um regime mais
favorável do que o resultante, nomeadamente, do
regime geral da dívida liquidável em prestações
(artigo 781.º do CC) e do regime especial da venda
em prestações (artigo 934.º CC).
B – Regime do crédito ao consumo

• Artigo 20.º, n.º1, alíneas a) e b): o credor só pode


invocar a perda do benefício do prazo ou a resolução
do contrato:
• - no caso de falta de pagamento de 2 prestações
sucessivas e desde que excedam 10% do montante
do crédito;
• -mediante interpelação do consumidor para que
cumpra no prazo suplementar de 15 dias.
Intermediários de crédito (Capítulo V, DL 133/09)
Capítulo V (DL 133/09)
Art. 25.º
Atividade e obrigações dos intermediários de crédito
1 - Os intermediários de crédito estão obrigados a:
a) Indicar, tanto na publicidade como nos documentos destinados a
consumidores, a extensão dos seus poderes, designadamente se
atuam em exclusividade ou com mais do que um credor ou se atuam
na qualidade de intermediários independentes;
b) Comunicar ao consumidor, em papel ou noutro suporte duradouro,
antes da celebração do contrato de crédito, a eventual taxa a pagar
pelo consumidor como remuneração dos seus serviços;
c) Comunicar esta taxa em devido tempo ao credor, para efeito do
cálculo da TAEG.
2 - A atividade profissional dos intermediários de crédito será objeto
de legislação especial.
Resolução Alternativa de Litígios

• Artigo 32.º
• (DL 144/2015, de 8 de setembro)
FIM

Muito obrigada pela vossa atenção!

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