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INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E ECONOMIA
Curso de Licenciatura em História
Disciplina: História do Brasil III – 2016.1
Professor: Marcello Otávio N. C. Basile
Aluna: Nathália de Ornelas Nunes de Lima
FICHAMENTO
Texto 10:
- O aspecto da liderança. Não só coronéis de fato, mas muitos “doutores” como chefes
políticos municipais. Em algumas partes, doutores e padres atuando como líderes
intelectuais, aliados dos coronéis. Rivalidades familiares na política (entre sogros, genros,
filhos, cunhados, etc.): mais aparentes que reais, pois, muitas vezes, servem apenas para
“atender às circunstâncias, a liderança passa de um para outro, continuando
substancialmente inalterada” (p. 22).
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- Absenteísmo: chefes políticos que se consolidam e obtém cargos de deputados estaduais
ou federais ou outros cargos na administração e negócios e retornam ao município apenas
de tempos em tempos (para fins partidários). Embora se afastem, podem conservar a chefia
política do município, deixando representantes (“lugares-tenentes”).
- Coronel -> força eleitoral e prestígio político, consequências de sua “privilegiada situação
econômica e social de dono de terras” -> “comanda discricionariamente um lote
considerável de votos de cabresto” (p. 23).
- Esfera de influência -> o coronel “resume em sua pessoa, sem substituí-las, importantes
instituições sociais” –> jurisdição, funções policiais -> papel da capangagem e do cangaço
auxiliando o coronel e, depois, das forças policiais.
- Porém, em geral, os fazendeiros do Brasil nesse período são apenas “remediados”, isto é,
vivem com relativo conforto, mas não são propriamente ricos, embora assim sejam vistos
pelos trabalhadores, dadas as condições de pobreza, analfabetismo, falta de assistência
médica em que estes vivem -> situação de dependência: o trabalhador rural vê o patrão
como um “benfeitor” e dele recebe favores -> de tal organização econômica rural resultam
os votos de cabresto.
- Maior frequência da pequena e média propriedade -> explicação de Caio Prado Jr. para
São Paulo - 5 fatores explicativos:
1) colonização oficial, cujo principal objetivo seria formar uma reserva de mão de obra
para os fazendeiros;
2) colonização particular, que junto com a oficial, procuravam atrair correntes migratórias;
3) pequenas propriedades nos arredores das fazendas como “depósitos de braços para a
grande lavoura”;
4) decomposição das fazendas pelo esgotamento da terra e crises econômicas;
5) abastecimento dos centros urbanos (gêneros alimentícios incompatíveis com a
agricultura extensiva).
- Explicação de Prado Jr. para o país: correntes imigratórias como fator primordial para a
criação da pequena propriedade, especialmente no sul. No entanto, em São Paulo esse fator
não teve tanta importância, já que a lavoura cafeeira absorveu grande parte dos imigrantes.
Outros fatores: necessidade de produzir gêneros para abastecimento dos centros urbanos e
decadência das fazendas (ambos não só em São Paulo, mas também em outros estados).
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- Para Leal (1986), as condições de permanência das grandes propriedades são cada vez
mais desfavoráveis a não ser que surjam novos fatores (novas culturas, técnicas mais
avanças, pecuária, etc.) para recompor ou as impedir o desmembramento das propriedades.
- Mais de 21% dos proprietários de terra do país são donos de minifúndios, mas suas terras
não passam de 0,55% da área total agrícola do país -> pequenos e ínfimos proprietários
enfrentam grandes dificuldades, dada a pouca produtividade do solo e as dificuldades para
obter financiamentos -> esse quadro dos proprietários rurais mostrado no Censo de 1940 é
uma demonstração da enorme pobreza dos habitantes do meio rural.
- Censo de 1940: pirâmide censitária da sociedade rural – análise de Costa Pinto. Cinco
categorias/classes: empregadores, empregados, autônomos, membros da família, de
posição ignorada.
- Para o autor, esses dados revelam a situação de dependência dos habitantes das áreas
rurais e explicam os votos de cabresto.
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aumentam os gastos. É, portanto, perfeitamente compreensível que o eleitor da roça
obedeça à orientação de quem tudo lhe paga, e com insistência, para praticar um ato que
lhe é completamente indiferente” (p. 36).
- O autor observa que já em 1945 e 1947 esse quadro começa a se alterar, com “traições”
dos empregados aos fazendeiros, devido, provavelmente, à difusão do rádio pelo interior,
os transportes ferroviários e o êxodo da população para as cidades.
- Para Leal (1986), é preciso relativizar a ideia de que falta espírito público ao político
local, já que as principais melhorias da localidade são obtidas por ele (escolas, estradas,
postos de saúde, etc.). Através dessas obras é que “o chefe municipal constrói ou conserva
sua posição de liderança” (p. 37).
- “(...) o ‘coronel’, como político que opera no reduzido cenário municipal, não é melhor
nem pior que os outros, que circulam nas esferas mais largas. Os políticos ‘estaduais’ e
‘federais’ – com exceções, é claro – começaram no município, onde ostentavam a mesma
impura falta de idealismo, que mais tarde, quando se acham na oposição, costumam
atribuir aos chefes locais” (p. 38).
- A “rarefação” do poder público no interior contribui para manter o status do coronel, que
acaba exercendo “extra-oficialmente, grande número de funções do Estado em relação aos
seus dependentes” (p. 42). No entanto, essa situação tende a mudar, com o avanço dos
meios de comunicação e transportes.
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enfraquecimento de sua influência. Se mantiver boas relações “entre o seu poder privado e
o poder instituído, pode o ‘coronel’ desempenhar, indisputadamente, uma larga parcela de
autoridade pública” (p. 43).
- “É claro, portanto, que os dois aspectos – o prestígio próprio dos ‘coronéis’ e o prestígio
de empréstimo que o poder público lhes outorga – são mutuamente dependentes e
funcionam ao mesmo tempo como determinantes e determinados. Sem a liderança do
‘coronel’ – firmada na estrutura agrária do país –, o governo não se sentiria obrigado a um
tratamento de reciprocidade, e sem essa reciprocidade a liderança do ‘coronel’ ficaria
sensivelmente diminuída.” (p. 43).
- O apoio oficial para o custeio das despesas eleitorais e a utilização do (pouco) dinheiro
público do município para apoio dos candidatos governistas. O Estado e a União também
prestam apoio financeiro aos candidatos do governo.
- O chefe político local também pode fazer o “mal”, com apoio da oficialidade estadual,
principalmente com a nomeação do delegado e do subdelegado de polícia. Essas
nomeações são “uma das mais valiosas prestações do Estado no acordo político com os
chefes locais” (p. 47). A polícia fica sob as ordens do chefe político local e “fecha os
olhos” às perseguições sofridas pelos inimigos políticos. -> regra geral: recorrer
simultaneamente “ao favor e ao porrete” (uso de ameaças e violência).
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- “Essência” do compromisso coronelista: “da parte dos chefes locais, incondicional
apoio aos candidatos do oficialismo nas eleições estaduais e federais; da parte da situação
estadual, carta-branca ao chefe local governista (de preferência o líder da facção local
majoritária) em todos os assuntos relativos ao município, inclusive na nomeação de
funcionários estaduais do lugar.” (p. 50).
- Os candidatos não são eleitos de forma espontânea, a escolha é “mais ou menos forçada”
(p. 52). Como os candidatos ao governo municipal apoiados pelo estado são os que têm
mais oportunidades de fazer uma melhor administração, o eleitorado acaba condicionado a
escolhê-los.
- A atitude dos legisladores estaduais (deputados): pactuam com o sistema coronelista para
continuarem a se manter no Congresso (do Estado ou da República), continuarem na chapa
do governo e continuarem a receber votos dos seus municípios de origem.
- Relativizar a hegemonia social do dono de terras, pois ela não ocorre em todo o
município, mas sim “em relação aos dependentes de sua propriedade, que constituem seu
maço de votos de cabresto” (p. 53). Os munícipios são divididos em distritos: o distrito
sede (urbano) e os distritos rurais (cada um, por sua vez, compõe-se de várias fazendas).
Um só coronel não é dono de um distrito, em geral, os fazendeiros de um distrito se
agrupam em torno de um deles, e os chefes dos distritos se agrupam em torno de uma
liderança municipal. -> Chefias municipais muitas vezes obtidas pelo nascimento,
casamento ou uma amizade protetora.
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