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Matéria:
Missiologia
Capacitação de Missionários
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Nosso conteúdo
O conteúdo de nossos cursos foi pesquisado e adaptado à realidade de nossos
alunos. A nossa fonte bibliográfica tem como origem as melhores editoras
Evangélicas do Brasil.
Toda nossa grade Curricular é fruto dos árduos trabalhos de pesquisas, leituras,
digitalização, digitação, editoração e consulta teológica do irmão e evangelista Jair
Alves de Sousa.
"Enviar" significa mandar alguém ou alguma coisa; fazer seguir por determinada via.
Isto é, Deus manda ou faz seguir sua mensagem de salvação a um destino - o
mundo perdido -através de uma determinada via - seus discípulos.
Podemos, assim, ver que a missão do Pai foi enviar o seu Filho Jesus, o qual, por
sua vez, envia seus seguidores impelidos pelo Espírito Santo, o qual, por seu turno,
foi também por Ele enviado (Jo 16.7-11; 20.21). Missão é, a participação e
cooperação da Igreja no plano predeterminado por Deus para salvar (redimir) o
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mundo perdido.
Outra definição é que missões é a obra de Deus confiada à Igreja que, seguindo o
exemplo de Cristo, proclama por palavras e ações o Reino de Deus, convocando
todos ao arrependimento e à fé em Cristo, enviando-os como discípulos dEle.
Robert E. Coleman diz que a intenção de Deus era salvar um povo para si e com
este povo edificar sua Igreja eterna. Ninguém poderia ser excluído desse propósito,
tendo em vista a universalidade do seu amor (Jo 3.16; 4.42). Ele conclui que, "de
forma contrária a nossa superficial maneira de pensar, jamais houve, em sua mente,
qualquer distinção entre missões nacionais e missões estrangeiras. Para Jesus só
havia evangelismo de escopo mundial. A evangelização do mundo é o dever maior
da Igreja e o seu cumprimento é o dever de todos".
A missão da Igreja é a ação de sair dentre quatro paredes, de sua cultura, de seu
povo, de sua língua e de seus costumes para anunciar o Evangelho redentor de
Cristo. Pois Ele salva o pecador que, arrependido, se entrega aos seus cuidados. O
"ide" de Cristo é o grande desafio à Igreja e a razão da presença desta no mundo.
Ele a envia não somente aos que estão próximos, mas também àqueles que vivem
nos confins da terra, para serem transformados em suas testemunhas vivas e servas
do seu Reino. No momento em que recebe a Jesus como Salvador, o homem passa
a desfrutar da vida eterna (Jo 6.40,47). E, ao receber o revestimento de poder do
Espírito Santo, ele não descansará enquanto não partilhar sua alegria com todos os
seus semelhantes.
Para facilitar o nosso estudo, pode-se dizer que esta é a diferença básica entre
evangelização e missões: "A evangelização é a pregação do Evangelho dentro da
cultura ou região onde vive o obreiro, ao passo que missões, é a proclamação do
Evangelho numa cultura ou país (grupo étnico) estranho ao obreiro cristão". Todavia
queremos deixar claro que, para Cristo, a missão da Igreja é evangelizar tanto os
nacionais quanto os estrangeiros. O Senhor não faz diferenciação de povos.
Também podemos chamar a evangelização de missões nacionais e as missões de
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missões transculturais.
Missionário
Nesta lição veremos cinco motivos que devem estimular-nos a um maior esforço na
obra missionária.
a) A mensagem de reconciliação
O livro de Ester registra a história do decreto elaborado pelo primeiro ministro Hamã,
o inimigo dos judeus, determinando que todos os judeus que viviam nas cento e
vinte e sete províncias do reino dos Medos e dos Persas, fossem mortos num
mesmo dia, isto é, no dia treze do duodécimo mês daquele ano. Pela intervenção
abnegada e corajosa da rainha Ester, o mau Hamã foi desmascarado e castigado
diante do imperador Assuero, que consentiu que se elaborasse um novo decreto
segundo o qual os judeus teriam o direito de se defenderem. O dia previsto no
primeiro decreto para a matança dos judeus estava se aproximando, e eles ainda
nada sabiam sobre o novo decreto. Por isto foram tomadas providências para que,
em tempo, uma cópia desta nova decisão fosse enviada para todos os judeus,
espalhados pelo reino. A história bíblica relata que "Os correios sobre ginetes das
cavalariças do rei apressuradamente saíram, impelidos pela palavra do rei" (Et 8.14).
Assim esta notícia alvissareira chegou a tempo, e "para os judeus houve luz, e
alegria, gozo e honra" (Et 8.16), em lugar de tristeza e mortandade.
A Bíblia diz que somos "despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pe 4.10), e
"despenseiros dos mistérios de Deus" (1Co 4.1), Ele deu à sua Igreja a incumbência
de ministrar aquilo que Deus, pelo evangelho, oferece aos povos, Se alguém é
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nomeado tutor de bens de outro, não pode beneficiar-se a si mesmo, mas tem
obrigação moral de cuidar que os tutelados venham a receber a sua parte integral.
Deus espera que os seus despenseiros sejam fiéis (1Co 4,2), irrepreensíveis (Tt
1.7), e bons (1Pe 4.10).
Nos dias em que vivemos podemos observar a atitude de muitos que se fazem
obreiros somente com o objetivo de tirar proveito próprio. Alguns não têm a
chamada divina, outros já perderam a direção da mesma e se enveredaram por um
caminho tortuoso, vivendo da exploração da boa vontade dos mais simples,
cobrando todo tipo de oração que fazem e inventam meios de ganhar dinheiro em
nome do evangelho, quando o ensino bíblico é claro a esse respeito (Mt 10.8).
Outros ainda querem tornar-se donos das consciências dos crentes e impõem jugos
tão pesados que acabam matando espiritualmente a igreja do Senhor Jesus, quando
o próprio Jesus, tão amorosamente nos fala: "Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. E conclui: "Porquê o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11.29,30).
Os servos de Deus devem estar advertidos acerca de tais pessoas e procurar estar
a cada dia mais unidos às suas igrejas, ouvindo os ensinamentos dos seus pastores
a fim de que não sejam levados pelo engano.
Todos devem estar atentos para o fato de que o Justo Juiz pedirá contas a todos
nós da tarefa que Ele colocou sob nossa responsabilidade (2 Co 5.10.
Diante da nossa responsabilidade pelos povos, Deus nos pergunta hoje: Onde está
o teu irmão? (Gn 4.9). Ele faz esta pergunta porque tem posto sobre nós esta
responsabilidade. Caro leitor! Tens tu sentido a chamada e a responsabilidade de
cooperar nesta obra? Onde está o teu irmão? Já fizeste tudo por ele?
Que Deus nos abra as portas para que nada possa impedir-nos de, como bons
despenseiros, entregar aos "tutelados" a mensagem da multiforme graça de Deus,
que é o meio da salvação.
O Fato que está registrado em At 16.6 ocorreu por ocasião da segunda viagem
missionária de Paulo.
Depois de ter fundado várias igrejas e visitado outras, Paulo regressou à Jerusalém
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onde foi tratar de assuntos referentes à obra do Senhor.
Pretendendo partir para uma segunda viagem missionária, era seu propósito visitar
as igrejas já fundadas e levar palavras de estimulo e confiança aos crentes.
Mas o plano de Deus era bem outro, e por essa razão os planos de Paulo foram
modificados. Paulo, nessa viagem, foi despertado por uma visão na qual ele viu um
homem da Macedônia clamando: "Passa à Macedônia e ajuda-nos" (At 16,9), Este
homem representava as multidões que viviam na Europa, inteiramente dominadas
peio mais cruel paganismo. Quando Paulo o viu, concluiu que Deus o havia
chamado para anunciar àqueles povos a palavra (At 16.10). Por isto ele logo
providenciou transporte para lá. A atitude de Paulo é mais um belo exemplo para
todos nós. Ele viu o resultado da obediência ao plano divino.
Caro leitor! Nós também temos sido, como o foi Paulo, conscientizados sobre a
situação dos povos. Não podemos dizer: "Eis que o não sabemos" (Pv 24.12). Nós o
sabemos! Deus nos informou! A Bíblia nos instruiu! O Espírito Santo nos despertou!
Os meios de comunicação têm-nos colocado a par da situação mundial, e as
notícias chegam até nós dando-nos ciência dos males que assolam a humanidade,
É fome, desconforto, ansiedade, crueldade, medo, imoralidade, incompreensões e
tantos outros sofrimentos provenientes da carência espiritual em que vive a
humanidade.
Lemos nos Atos sobre o eunuco da Etiópia que esperava por alguém que lhe
pudesse ensinar (At 8,27-38). Lemos a respeito de Cornélio que aguardava alguém
que lhe falasse sobre o caminho da salvação (At 11.14), e igualmente a respeito de
muitos outros. Por isto diz a Bíblia: "Quão suaves são sobre os montes os pés do
que anuncia as boas novas... que faz ouvir a salvação" (Is 52.7).
Paulo desejava ir a Roma porque, disse ele "Sou devedor". E acrescentou:. "Estou
pronto para também vos anunciar o evangelho" (Rm 1.14,15). Nós, que tivemos a
nossa dívida cancelada diante de Deus somos como Paulo, devedores. Devemos
aos outros o evangelho que de graça recebemos, isto é temos responsabilidade
pelos que não são salvos. Façamos, pois, tudo para saldar a nossa dívida diante da
humanidade, porque a Bíblia diz: A ninguém devais coisa nenhuma, à não ser o
amor (Rm 13.8). Com amor poderemos também dizer como Pauto: "Estou pronto" a
anunciar o evangelho.
Nos Atos lemos como nos rastos da igreja missionária levantaram-se muitas igrejas.
Na Ásia Menor lemos a respeito das igrejas em Éfeso, Colossos, Filadélfia, Esmirna,
Sardes, etc. Na Europa lemos sobre Tessalônica, Filipos, Corinto etc. Mas temos
exemplos muito mais próximos de nós. No Brasil o trabalho foi iniciado pela obra
missionária. E o trabalho missionário, realizado pelas igrejas brasileiras, tem o
prazer de ver como várias igrejas poderosas foram levantadas em Colômbia,
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Madagáscar, Equador, Guiana Francesa, Moçambique, Argentina, Paraguai, Bolívia
etc.
John Sutcliff faz um apelo aos batistas, para interceder em favor da conversão dos
pagãos, todas as primeiras segundas-feiras do mês, em todas as igrejas.
Ao ler o livro "A última Viagem do Capitão Cook", sente-se chamado para a obra
missionária com a seguinte pergunta: "Alguém já foi conquistaras ilhas do Capitão
Cook para Jesus?". Tem como influência o diário de David Brainerd, da missão de
Halle, pelo movimento morávio e por John Eliot.
I. Definições
1. O que é Cultura?
Para muitos, a palavra ―cultura‖ significa o grau de estudos de uma pessoa. Por isso,
é comum ouvirmos alguém falar: ―Fulano de Tal tem muita cultura‖. Quase todas as
pessoas fazem esta associação da cultura com o nível intelectual ou de instrução de
alguém. Mas cultura não é isto.
Cultura é, segundo a definição do dicionário Aurélio, ―o complexo de
comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e
materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade‖.
Na Antropologia, o termo cultura é visto sempre em associação com outro termo, a
saber: sociedade.
Para um antropólogo, cultura ―é o conjunto de comportamentos e ideias
característicos de um povo, que se transmite de uma geração a outra e que resulta
da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua história‖. Assim sendo,
cultura ―é o modo de agir‖, e o termo sociedade designa o ―grupo de indivíduos que
compartilham de um mesmo modo de agir‖.
Precisamos entender bem claramente que cada povo tem o seu próprio ―Padrão de
Cultura‖, que é a amalgama de todos os valores passados de geração a geração em
cada sociedade desde os seus primórdios.
É o padrão cultural de cada povo que determina qual a ―orientação cultural‖ que
cada povo segue. Ou seja, a orientação cultural é que norteia o modo de viver de
cada indivíduo dentro de sua etnia.
2. Transculturação:
Transculturação ―é o processo de transformação cultural caracterizado pela
influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes‖
(Dicionário Aurélio).
Note, na definição do termo, o seguinte ―... é a influência de elementos de outra
cultura, com a perda ou alteração dos já existentes‖.
O missionário transcultural deve tomar muito cuidado para não exercer este papel. O
papel do missionário não é alterar ou mudar os valores de uma cultura. O seu
compromisso é com os Princípios Bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência e
até mesmo alterar situações contrárias à fé cristã, que deverão ser resolvidas no
próprio contexto cultural, sem que seja necessário ―importar‖ ou ―adaptar‖ modelos
de outros padrões de culturas.
3. Etnocentrismo
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Etnocentrismo é ―uma tendência a ver a nossa própria cultura como maneira
universal de comportamento‖.
O missionário não pode se deixar levar por esta atitude. Entretanto, isso às vezes
acontece; acontece, porque somos tão inconscientes de como nossas vidas são
guiadas pela nossa cultura e idioma, que de repente, descobrimos que é mais difícil
do que pensávamos aceitar uma outra cultura. Embora, reconhecendo o que possa
ser considerado comportamento apropriado em outra cultura, apegamo – nos ao que
consideramos ―normal‖ e ―natural‖. Achamos que a nossa maneira de fazer as coisas
é ―superior‖ e ―correta‖. Quando isto acontece com um missionário no seu campo de
trabalho, é reflexo de que ele não teve uma boa aculturação.
4. Aculturação
Já vimos que cada povo tem o seu próprio padrão de cultura, e também que as
culturas diferem na língua, na forma de ver o mundo, na valorização da conduta e
em muitos outros aspectos. Quando alguém tenta comunicar uma mensagem a uma
pessoa de outra cultura, um emaranhado de coisas impede que esta mensagem
seja bem compreendida. É como se houvesse um bloqueio entre a fonte e o
receptor. Este bloqueio realmente existe e é chamado de barreira, ou rede cultural.
Culturalmente, cada povo, ou mesmo cada pessoa tem uma maneira diferente de
enxergar o mundo e se relacionar com ele. De acordo com nossa formação familiar,
passamos a conhecer o mundo e atribuir valores a determinados gestos, hábitos,
cheiros, sabores, comportamentos, expressões, etc. Assim, aprendemos a ver o
mundo com as lentes que nos deram no contexto social em que estamos inseridos,
Nosso comportamento e ações serão de acordo com as normas dele, Isto se
classifica como "cosmovisão". O conhecimento da cosmovisão do povo que se
procura alcançar é essencial por isso; para que não aconteça o choque cultural ou a
falta de entendimento da mensagem apresentada.
Vejamos alguns exemplos práticos de choque cultural: 19
• Pontualidade: Se um brasileiro agenda um encontro de negócios às 9h e a
pessoa chega às 10h, ele entenderia como atraso e descaso. Já para o árabe, no
entanto, quem chega no horário é servo. Por isso, se ele for a uma reunião de
negócios, só chegará entre 45 minutos à 1h15 depois do combinado,
propositalmente.
missionário
―Como ouvirão se não há quem pregue?‖ (Rm 10.14-17) Eis aí a razão de enviarmos
mais missionários para anunciarem as Boas Novas de salvação (Rm 10.15). Que
Deus nos dê a sua graça, para que possamos ter a visão missionária e nos
apresentarmos diante dEle, naquele dia, dizendo: Eis-me aqui com os filhos que tu
me deste (Hb 2.13).
1. Preparo espiritual
O preparo espiritual deve vir em primeiro lugar na vida da pessoa que se sente
vocacionada por Deus para realizar uma missão na Seara do Mestre. Esse preparo,
deve ser realizado pôr três vias importantes, a saber:
Paulo foi um homem instruído no saber e na erudição ordinária de Seus dias. Seus
treinamentos quanto à sabedoria humana mui provavelmente incluiu a educação
filosófica ordinária, a retórica e a matemática, sem falar em seus estudos sobre a
religião e as tradições judaicas.
Contudo, após sua conversão no caminho de Damasco, foi orientado por Cristo a
buscar novas revelações de conhecimentos espirituais. Ele passou algum tempo em
Damasco, ocasião em que conheceu e fez amizade com aqueles a quem veio
procurar poucos dias antes, a fim de detê-los e levá-los agrilhoados para Jerusalém,
para serem julgados perante o tribunal superior dos judeus: o Sinédrio.
Em seu retorno, foi novamente para Damasco, onde se demorou por pouco tempo,
ocasião em que fez, pelo que parece, sua primeira visita a Jerusalém após sua
conversão. Paulo fez quatro visitas à Cidade Santa depois de aceitar a Jesus. De
acordo com Atos, suas visitas foram estas:
Primeira: Atos 9.23-30;
Segunda: Atos 11.30; 12.25;
Terceira: Atos 15.1-4;
Quarta: Atos 21.17-28.
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Mas a primeira delas parece ter sido somente depois de seu retomo do deserto da
Arábia (At 9.23-30).
O cristão em geral deve jejuar, pois tal prática faz parte de seu sucesso espiritual.
No tocante ao obreiro, o jejum toma-se indispensável. Este, porém, deve ser feito
com sabedoria e dentro dos métodos racionais. Não devemos submeter nossos
corpos a um processo de exaustão até o último limite de nossa capacidade.
Devemos jejuar, portanto, de acordo com nossas forças, e não além disso (Ec 9.10).
O obreiro jamais terá sucesso em seu ministério, se não tiver uma vida dedicada à
oração, que tem sido comparada por alguns como sendo o ―oxigênio da alma‖, sem
o qual ela morre.
2. Preparo secular
Aqui, neste ponto, não queremos dizer que Deus se prenda simplesmente ao fato de
somente ―enviar‖ para sua obra obreiros intelectuais. Não! Nós não estamos falando
assim. Porque, com efeito, não são muitos os intelectuais que são chamados. Paulo
falou disso em seus elementos doutrinários. Ele disse: ―Porque vede, irmãos, a
vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os
poderosos, nem muitos os nobres que são chamados‖ (1Co 1.26). Mas
aconselhasse que os candidatos à missão tenham, pelo menos, concluído o
segundo grau.
O motivo disto é porque na maioria dos países para onde o missionário vai exige-se
para efeito de documentação legal, por parte das autoridades, esse grau de
instrução.
3. Preparo ministerial
Constitui sua experiência adquirida ao longo dos anos de sua cooperação com
respeito à Igreja e ao ministério; sua ordenação e sua instrução teológica.
a) Sua experiência: esta será adquirida no dia a dia, com exemplos próprios e
outras experiências que o trabalho do Senhor e alguns homens de Deus nos
ensinam.
Estas qualidades lhe possibilitará segurança naquilo que ele prega, ensina e edifica.
Paulo diz que os fundamentos devem ser postos por homens sábios e não tolos (1
Co 3.10).
Além de todas estas qualidades e preparos que falamos acima, necessários para o
obreiro, ele deve primeiramente está convicto de sua chamada e vocação para o
ministério e para a missão. Sem esta certeza, ele se sentirá um obreiro inseguro,
vacilante; e não vencerá na vida, nem dentro e nem fora do ministério.
Lição 8 - A liderança e a Igreja com visão 31
missionária
Igreja com visão missionária é igreja envolvida e comprometida com missões;
acompanha o avanço da obra missionária no contexto urbano, dentro e fora do seu
estado, também em todo o território nacional e no mundo, promovendo, entre seus
membros, o despertar para a vocação missionária. É uma igreja sempre operosa,
frutífera e útil no projeto de Deus de alcançar os perdidos, congregar e edificar os
salvos.
Neemias aplicou essa metodologia divina por ocasião dos informes que recebeu
sobre a destruição de Jerusalém.
―Ah, Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à dos
teus servos... concede que seja bem sucedido hoje o teu servo‖ (1.11).
Um grande desafio do ministério pastoral é vencer barreiras para que toda a igreja
aprenda a amar missões. Infelizmente, nem todos os crentes, nem todas as igrejas
evangélicas e nem todos os pastores têm uma visão missionária definida pela Bíblia.
Nem todos estão envolvidos e comprometidos com a Grande Comissão. Por isso,
antes de vencer barreiras externas, o pastor precisa vencer suas próprias limitações
no que concerne ao seu envolvimento e compromisso com missões.
a) Teve a visão
b) Comunicou a visão
―E, então, se dirigiu a seus discípulos... Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores‖.
―Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio‖ (Jo 20.21). Aqueles homens,
apesar da simplicidade e inexperiência, formaram a base sobre a qual se estruturou
o cristianismo conforme Jesus planejou. E deu certo!
2. Aspectos práticos
Cabe à liderança local ser modelo de Cristo para o rebanho. Era esta a ideia do
apóstolo Paulo: ―Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo‖ (1Co 1
1.1); ―Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores‖ (1 Co 4.16).
Nesse caso, a visão missionária terá sido sufocada pela apatia e acomodação dos
líderes. Em 1 Crônicas 29.1 -9 temos em Davi um bom exemplo do envolvimento
pessoal e eficaz do líder.
Depois do encontro com Jesus à beira do poço de Jacó (Jo 4.5-26), a mulher
samaritana compartilhou com seu povo o que lhe havia sido anunciado. A notícia se
espalhou, e os samaritanos ficaram ávidos para saber mais sobre aquele Jesus.
Eram corações prontos para acolher as boas novas do evangelho. É a esse fato que
Jesus Se refere quando diz: ―Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam
para a ceifa‖.
Uma igreja com visão missionária vê o mundo como Jesus viu aquelas pessoas em
Samaria: prontas para a colheita espiritual, sedentas da mensagem do evangelho.
Infelizmente, muitas igrejas só enxergam o que os discípulos viam naqueles dias:
um campo ainda verde, pois faltavam quatro meses até a ceifa. Jesus, porém, viu
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pessoas exaustas, dispersas e desorientadas como ovelhas sem pastor, carentes da
graça. Erguer os olhos é parte da Grande Comissão, é a atitude que Jesus espera
da Sua igreja hoje!
O êxito de uma colheita leva em conta o labor e o número dos trabalhadores. Jesus
declarou aos Seus discípulos: ―A colheita é grande, mas os trabalhadores são
poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem
a colheita‖ (NTLH).
Assim como em Samaria, o evangelho, hoje, está sendo semeado das mais diversas
maneiras em milhares de corações. Por essa razão, mais trabalhadores são
necessários. Uma igreja com visão missionária não cessa de orar para que o Senhor
levante trabalhadores, e Ele os dá enquanto a igreja ora. Essa oração é tremenda
exatamente por coincidir com a prioridade do plano de Deus.
Quando falamos em ir aos ainda não alcançados pela salvação, Jesus é o perfeito
exemplo de que dispomos. Ele procurava e ainda procura as pessoas onde elas
estão. Jesus não espera que elas venham a Ele; antes, vai onde estão. ―A chave
para as almas das pessoas está pendurada em sua casa. Por isso é necessário ir
até elas, procurá-las em sua vida cotidiana, em suas aflições, em suas doenças, em
sua solidão‖ - Samuel Keller (Evangelho de Mateus, Fritz Rienecker, Comentário
Esperança, p.166).
A igreja do primeiro século foi mais longe. Hoje temos perdido a visão missionária.
Investir em oração por um avivamento missionário é a direção certa. Orar para que
pastores, presbíteros, diáconos e demais líderes de uma igreja local sejam
despertados para missões, deve ser o alvo de cada cristão. Assim, toda igreja será
desafiada.
O texto informa que eles prestavam culto a Deus, oravam e jejuavam. Visitavam a
intimidade do Senhor, buscando comunhão com Ele, a fim de conhecer a Sua
vontade. Esse serviço da alma é o que Deus espera da igreja em todos os tempos
(Jo 4.24). Aqui está o alicerce para qualquer outra realização da igreja. Nesse
contexto, o Espírito Santo falou mais especificamente àqueles cristãos sobre o
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projeto missionário de Deus.
Não por acaso Lucas informa que ―havia profetas e mestres‖ naquela igreja.
Podemos supor que o Espírito Santo falava por intermédio deles. Usar pessoas no
cumprimento da Sua vontade é parte do método de Deus. Os profetas estavam
convictos de que se tratava de uma ordem divina, portanto não hesitaram em
comunicá-la à igreja, mesmo que isso significasse a perda de colaboradores ilustres
como Barnabé e Saulo. Esse primeiro envio de missionários não foi fruto de
exaustivas reuniões deliberativas dos líderes da igreja de Antioquia, mas da
sensibilidade deles à voz do Espírito Santo (cf. o exemplo de Filipe em Atos 8.26).
Pela determinação do Espírito Santo, Barnabé e Saulo não estavam mais nos
planos de Deus para aquela igreja local. Foram chamados para uma missão
específica: ‘‘para a obra a que os tenho chamado‖ (v.2). A obediência antecede
qualquer ação que alguém possa desenvolver na igreja. Portanto, cabia à igreja
obedecer, ainda que nenhum detalhe maior fosse revelado naquele instante.
1. Privilégio
Igreja missionária é aquela que não perde a oportunidade de cuidar dos seus
missionários (cf.v.10).
2. Parceria
Paulo reconhecia que a associação entre igreja e missionário é algo bom (cf. v. 14-
15).
3. Responsabilidade
A igreja deve orar nominalmente pelos missionários, intercedendo pela saúde física,
emocional, espiritual e familiar de cada um deles; pela adaptação deles ao campo de
trabalho, não poucas vezes em lugares distantes, isolados, perigosos e sem
recursos. Quando a igreja ora assim, está demonstrando interesse pelo dia a dia do
missionário.
3. Pelo sucesso da missão - "... para que me seja dada... a palavra, para com
intrepidez..." (v. 19)
Paulo queria cumprir seu ministério de forma poderosa, alcançando êxito. Para isso
a igreja deveria orar pelo sucesso da missão: ―para que Deus nos abra a porta à
palavra, afim de falarmos do mistério de Cristo‖ (Cl 4.3). A oração da igreja prepara o
ambiente, abre portas para o missionário e traz a unção do Espírito que o capacita
com a autoridade da Palavra que anuncia.
Lucas registra que eles ―permaneceram não pouco tempo com os discípulos‖ (v.28).
Podemos supor que houve grande admiração e júbilo por parte da igreja. A vocação
de Barnabé e Paulo, associada ao entusiasmo da igreja com a primeira viagem,
motivaram novas empreitadas (At 15.36 – 2ª viagem; 18.23 – 3ª viagem).
Você já pensou em ser missionário? Se você não pensou, saiba que Deus tem
planos missionários em sua vida. Pode ser onde você está. Pode ser do outro lado
do mundo. O lugar é com Ele. A sua parte é ter o coração pronto para obedecer.
Vamos ouvir a voz de Deus?
a) Preparando
Você já pensou em preparar seus filhos para o campo missionário? Você pode
plantar no coração deles o amor por missões desde pequenos, contando histórias
missionárias, compartilhando a realidade dos povos sem Jesus e sem a palavra de
Deus, contribuindo com missões. Em nossos dias temos acesso a excelentes livros
com biografias e histórias missionárias contadas para o público infanto-juvenil. Você
pode montar um cantinho especial em sua casa, o ―cantinho da oração‖. Coloque um
mapa do mundo com os países e marque o nome dos missionários nos locais onde
atuam. Seus pés podem nunca pisar em outro país, mas você pode alcançar o
mundo com seus joelhos, em oração. Orem como família, juntos; escrevam cartas
aos missionários; estimule seus filhos a que escrevam para crianças da mesma
idade. Não se esqueça de orar pelos amiguinhos de seus filhos, que são o campo
missionário deles. Coloque países, autoridades, famílias aos pés do Senhor. Clame
a Deus por misericórdia. Alcance pessoas e nações do sofá da sua sala. Faça
missões!
b) Recebendo
Na igreja primitiva, os cristãos entendiam que tudo o que tinham, inclusive as casas,
era para serviço ao Senhor. Os lares estavam sempre abertos para oração,
comunhão e refeições (At 2.42-47). A sua casa pode ser um local de refugio para os
vizinhos angustiados e corações abatidos. Você pode abençoar muitos com estudos
bíblicos, em pequenos grupos. Gastamos muito tempo cuidando de coisas, mas o
Senhor nos chama para cuidar de pessoas. Por isso é preciso planejar, separar
tempo, convidar pessoas e investir em relacionamentos. Não precisa ser nada muito
elaborado e nem caro. O objetivo é desenvolver relacionamentos e estar aberto ao
que Deus quer fazer. Faça um bolo e chame algumas vizinhas para um chá à tarde,
leia um texto bíblico, compartilhe sua fé; ouça os outros. Busque as pessoas.
Quando a igreja primitiva tinha a casa aberta, ―acrescentava-lhes o Senhor; dia a
dia, os que indo sendo salvos‖ (At 2.47).
Nossa cultura tem o costume de dar para missões aquilo que não serve mais. Com
muita tristeza, missionários recebem roupas rasgadas e completamente fora de
moda, medicamentos vencidos, brinquedos quebrados, livros rasgados e por aí
afora. A obra missionária não deve ser feita com nossos restos, mas com aquilo que
revela o amor do Pai. Em 1 Crônicas 21.23-34, Davi se recusa a dar ao Senhor algo
que não lhe custasse nada. Ele queria pagar o preço, investir! Davi era generoso
com as coisas de Deus, e o povo seguiu seu exemplo, dando voluntariamente e
liberalmente ao Senhor (2Cr 29.9).
Esse não é o estilo de vida do mundo, mas é o ensino do Senhor. É uma questão de
mordomia: tudo o que temos vem de Deus e deve ser usado para Sua glória! Só
aprendemos que dar é melhor quando começamos a dar, a dividir, a ofertar.
Experimente e veja o resultado!
II. Expedições missionárias 41
O modelo de missões hoje é o de Missão Integral, que vê a pessoa em todas as
suas necessidades e abre portas para muitas opções de ministério. Cuidado: ação
social não é um pretexto para se pregar o evangelho! Em muitos casos, a própria
pregação do evangelho é a maneira de dizer ―Deus te ama tanto que quer te ajudar
a viver melhor, diminuir teu sofrimento‖. Jesus nunca disse ‗Deus te abençoe‘ e foi
embora. Ele curou os enfermos, libertou os possessos, curou os aflitos, tratou suas
dores (Lc 6.17-19). Ele nos deixou o exemplo a seguir (IPe 2.2l). Entre ser
missionário de tempo integral ou ficar na igreja, existe um leque de opções na obra
missionária.
a) Os pré-requisitos
b) As expectativas
O perfil dos voluntários em missões de curto prazo é bem variável. Apesar de todas
as orientações, não é raro encontrar aqueles que chegam mais interessados em
conhecer novos lugares do que pregar o evangelho. Outros acham que é algo como
retiro da igreja, acampamento. Outros ainda acham que são algum tipo de super-
herói cristão, um Indiana Jones missionário. As motivações podem ser diferentes,
mas é certo que Deus trabalha em todos os lados: nas pessoas que recebem a
atenção e nas que se dispõem a servir. Em cada vida Deus tem algo pessoal a
fazer, e Ele faz!
c) As limitações
d) As diferenças
e) O retorno
Voltar à rotina nem sempre é fácil. Você ganha nova visão dos objetivos de vida, das
bênçãos infinitas do Pai, da sua responsabilidade como cidadão e cristão.
Não guarde tudo num álbum de fotos. Compartilhe o que viu, ouviu, viveu. Conte na
sua casa, na igreja, conte no trabalho, na escola. Sua tarefa não terminou!
f) Os frutos
2. Profissionais e missões
Existe uma grande carência de profissionais que possam, por meio da profissão,
demonstrar o grande amor do Senhor, cuidando do corpo, da mente e da qualidade
de vida das pessoas. Em muitos países fechados à entrada de missionários, os
profissionais cristãos são instrumentos preciosos.
a) Assistência direta
b) Assistência indireta/capacitação
c) A diferença
tarefa missionária
Implantar igrejas é parte da tarefa missionária. Os novos convertidos precisam de
igreja - um lugar para se reunir e pessoas para manter a comunhão cristã. A Grande
Comissão de Mateus 28.19-20 não pode ser obedecida sem implantação de igrejas,
porque a vida cristã completa tem igreja.
1. Identidade
Para uma igreja nascer e crescer saudável, quem a planta precisa possuir certas
qualidades e habilidades, e muita disposição para trabalhar e servir.
O plantador de igreja deve assumir e desenvolver uma identidade própria para essa
finalidade. Ele não é necessariamente um pastor, mas faz bem o trabalho pastoral,
pois terá que pregar, evangelizar, discipular, ensinar e visitar. Ele geralmente não é
um construtor, mas, às vezes, precisa pôr a mão na massa literalmente. Pode
ocorrer que ele mesmo tenha que carpir, levantar paredes, pintar ou fazer pequenos
reparos num prédio adquirido ou alugado, caso não tenha recursos financeiros para
contratar pessoas para tanto. Em outras palavras, ele é um plantador de igreja
dedicado, um verdadeiro trabalhador.
2. Prioridades
b) Família
E o primeiro lugar em que evidenciamos nosso relacionamento com Deus (Ef 5.25-
6.3). A família exerce um papel importantíssimo no ministério do plantador de igreja,
porque sem esse apoio ele não terá sustentação emocional e social.
c) Trabalho e estudos
São duas tarefas inseparáveis para o plantador de igreja (1Tm 4.16). Além do
trabalho já mencionado, o plantador de igreja precisa estudar e continuar estudando,
a fim de estar sempre inteirado com os saberes e as informações do mundo atual,
além de ter que gastar tempo preparando alimento bíblico para as suas ovelhas.
3. Persistência
Plantar alguma coisa exige persistência, mas plantar igreja exige um raro tipo de
persistência. Por ser uma luta espiritual, a oposição certeira e cruel vem de todos os
lados possíveis, sobretudo de Satanás (Ef 6.12). Entretanto, a vitória do Senhor é
certa. E o poeta hebraico nos ensinou que ―Os que com lágrimas semeiam com
júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo,
trazendo os seus feixes‘‘ (SI 126.5-6).
O obreiro precisará ter visão e chamado específico de Deus para essa tarefa. Há
muitos pastores e missionários que não são plantadores de igreja. Foram chamados
para outro tipo de ministério. Isso quer dizer que nem todas as pessoas são
chamadas para plantar igrejas.
2. Pesquisa e divulgação
Uma vez selecionada a cidade, por meio de critérios legítimos, devem ser feitas
pesquisas exaustivas com os seus habitantes, identificando o perfil religioso,
sociocultural, político, histórico, etc. Isso é o que se pode chamar de pré-
evangelismo.
3. Local adequado
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O local próprio ou alugado deve ter as seguintes características: funcional, amplo,
bem arejado, com boa iluminação, etc. O ambiente deve ser o mais agradável
possível, para transmitir uma boa imagem para a comunidade. O templo não
evangeliza, mas pode ―desevangelizar‖, no sentido de não causar boa impressão
aos visitantes.
4. Igreja mãe
A igreja a ser plantada precisa ter, desde seu início, um referencial, um modelo, que
é a igreja mãe, que precisa ser forte e saudável. O que se propõe é uma relação de
amor em que a mãe deseja e faz todo o possível para ver a filha bem, crescendo
com saúde, força, interdependência, maturidade e responsabilidade.
Uma igreja que nasce é como uma criança que precisa de amor, cuidado, atenção,
carinho, motivação, o melhor que a mãe possa dar, e não o resto. Do contrário,
melhor será não gerar filhos. Fazer a obra com o que sobra e de maneira
impensada, irresponsável e mendicante é, no mínimo, deselegante e reprovável (Jr
48.10).
5. Evangelismo e discipulado
A prática destas duas ordens do Mestre: ―ide... e pregai o evangelho‖ (Mc 16.15) e
―ide... fazei discípulos‖ (Mt 28.19) é o coração da plantação de igreja. Na verdade,
não haverá igreja se essas ordens não forem obedecidas. Métodos criativos e
contextualizados podem ajudar muito, mas o método, por si só, não cumpre a
missão. Têm que sair do papel e ir para a prática.
6. Missões
Se queremos uma igreja saudável, é preciso, desde cedo, educá-la a contribuir com
liberalidade para missões. Aqui precisamos lembrar do que o apóstolo Paulo disse à
igreja em Éfeso: ―Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister
socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-
aventurado é dar que receber‖ (At 20.35). Uma medida incentivadora é que a nova
igreja adote um missionário ou mais, para que ore em seu favor e mande, fielmente,
ofertas mensais.
1. Transformação espiritual
―Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados‖ (Cl 1.13-14). Há três
palavras-chave nesse versículo: libertação, redenção e remissão (perdão). Todas
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descrevem algo que somente o evangelho de Jesus Cristo é capaz de fazer. Davi
escreveu sobre a ―alegria da salvação‖ (SI 51.12).
2. Transformação social
Leia Efésios 5.25-32 e procure relacionar alguns sinais da vida que foi transformada
por Cristo e como essa transformação traz benefícios para a comunidade. Além
desses, pense em quantas pessoas e famílias são restauradas, amparadas e
educadas. Sem dúvida alguma a igreja é um instrumento de Deus para a
transformação social.
Lição 11 - Paulo, o maior missionário do 48
Cristianismo.
O Apóstolo Paulo é, indiscutivelmente, o maior missionário que o cristianismo já
teve. Quando ele se converteu no caminho de Damasco, Deus disse para Ananias:
"Este é para mim um vaso escolhido, para levar meu nome perante os gentios e os
reis, bem como, perante os filhos de Israel" (Atos 9.15). O chamado de Paulo foi
completo. Ele seria missionário perante autoridades religiosas, civis e militares,
perante ricos e pobres, perante ignorantes e intelectuais, gentios e israelitas. No livro
de Atos dos Apóstolos, encontramos Paulo evangelizando todos esses tipos de
pessoas; desde o ignorante Demétrio até os sábios e filósofos epicureus e estóicos;
de pessoas pobres da Judéia até as de alta posição em Beréia, desde o falso
profeta Elimas até o proconsul Sérgio Paulo; da plebe do Império até o comandante
de tropas Cláudio Lísia, desde o fariseu até o presidente do Sinédrio.
Ouve uma interpretação errônea por parte dos discípulos, por que Jesus disse:
"...até que..." , isto é, até o derramamento do Espírito Santo, e depois deveriam partir
para os confins da terra. Porém os apóstolos queriam permanecer somente em
Jerusalém. Em Marcos 16.15, o Imperativo dado por Jesus Cristo: "Ide...", é
traduzido para palavra grega "Poreuthentes", que quer dizer: partir, deixar,
atravessar fronteiras. Paulo, sabendo disso, foi congregar na Igreja de Antioquia.
Esta terceira viagem do apóstolo foi muito longa, partindo de Antioquia, Galácia e
Frígia, permaneceu dois anos em Éfeso, passando novamente pela Macedônia. Na
Grécia prega um sermão em Trôade, onde na unção de Deus, ressuscita um jovem
que havia caído do terceiro andar. Despede-se dos Anciãos em Éfeso, passa por
Tiro, Cesaréia e chega à Jerusalém. Após ser salvo de um complô armado pelos
judeus, é resgatado para Cesárea, onde apresenta sua defesa perante os
governadores Félix, Festo e o rei Agripa, quando então, apela para César, e é
enviado para Roma.
Na viagem para Roma, seguiu em um navio com 276 pessoas, e sofre um naufrágio,
porém todos chegam salvos, numa ilha chamada Malta, por ali permanece três
meses, evangelizando aquele povo e os ganhando para Cristo, inclusive o chefe da
ilha. Após sua partida, chega à Roma, onde dali escreve seis Epístolas, que são:
Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, Romanos e Filemom.
Em Roma, Paulo esteve preso por cerca de dois anos, e durante três ou quatro anos
em que esteve em liberdade, empreendeu sua quarta e última viagem missionária.
Esteve em Nicápoles, no mar Adriático, onde a tradição afirma que Paulo foi preso e
levado de volta para Roma, sendo ali martirizado no ano de 68 d.C.. Entretanto, o
apóstolo teve 33 anos de ministério. A obra missionária era tão forte na vida de
Paulo, que ele considerava como uma obrigação (ICo. 9. 16). Paulo apesar de
morto, deixou-nos sua teologia imortal, o maior legado que a Igreja pode ter. Foi o
autor de um dos maiores tratados de missões transculturais: "Como ouvirão, senão
há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?" (Romanos 10. 14-15).
"Pois sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes, por isto, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho
também a vós, em Roma" (Romanos 1. 14-15).
Lição 12 - Estatística da Perseguição aos 50
Cristãos
A Lista Mundial da Perseguição traz os 50 países com maior grau de perseguição
para com aqueles que seguem a Cristo. Ela é atualizada anualmente há 25 anos
com base em pesquisas da ―Portas Abertas‖, que consideram as leis no país, a
postura das autoridades, da sociedade e da família em relação a cristãos, novos
convertidos e igreja. Um questionário cobrindo esses aspectos determina a posição
do país na lista. Atualmente, cerca de 215 milhões de cristãos são perseguidos por
causa de sua fé em Jesus nos 50 países da lista. Isso faz que os cristãos sejam o
grupo religioso mais perseguido do mundo (2017, Fonte:
https://www.portasabertas.org.br)
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Lição 13 – Síntese da História de Missões 53
1. Cristianismo e missões
Duas palavras e duas ideias interligadas. O Cristianismo é uma das três religiões
dominadas por uma ideia missionária e universal. O Cristianismo conseguiu tornar-
se universal, não que todas as pessoas da Terra se tenham tornado cristãs, mas sim
que o Cristianismo encontrou um lar em quase todos os países do mundo.
A geração pós-Pentecoste tumultuou o mundo — propagou o Cristianismo para além
das fronteiras da Palestina e o que "em 30 A.D. era como uma seita judaica, no ano
60 A.D. era considerado uma religião mundial". A liderança de cristãos como Pedro
e Paulo, os grandes vultos do Cristianismo no I século e as perseguições (At 8) e a
destruição do templo de Jerusalém em 70 A.D. impeliu para o exterior muitos
evangelistas leigos e treinados que se espalharam ampliando o "IDE" de Mc 16 e
levando, destarte, a mensagem de Cristo.
"Cada cristão era uma testemunha e nada é mais notável do que anonimato desses
primeiros missionários". Seus nomes não constam das crónicas missionárias,
contudo, fizeram parte do grupo de obreiros mais eficazes de todas as épocas da
Igreja.
A Igreja da primeira geração cristã era uma igreja missionária e a História da Igreja é
a história de sua missão. A Igreja começa não quando o Senhor chama a uns
pecadores, mas, quando os chama para serem pescadores de homens. A obra
missionária é parte fundamental do propósito da existência da Igreja.
O ponto de partida das missões cristãs — sabemos com certeza — é a igreja do
Novo Testamento, aqueles discípulos que, por ocasião da morte de Cristo na cruz,
fugiram, assustados e inseguros, medrosos até, no dia de Pentecoste foram cheios
do Espírito Santo e por Ele capacitados a dar início, naquela ocasião, à OBRA
MISSIONÁRIA.
O livro de Atos dos Apóstolos, também denominado de Atos do Espírito Santo, relata
de forma detalhada e precisa, o avanço missionário da Igreja do I século, onde
notamos o destaque dado ao apóstolo Paulo, acrescentando também o trabalho
importante de outros homens de Deus como Barnabé, Pedro, Silas, Filipe, João
Marcos, Apoio.
O livro de Atos pouco nos transmite do trabalho excelente que estes servos de Deus
fizeram, todavia, se levarmos em conta o relato feito pela tradição, poderemos
acrescentar que foram os próprios discípulos de Jesus que divulgaram o Evangelho
por toda a parte conhecida até então. Os continentes povoados e "descobertos"
naquele época foram alcançados através de alguns de seus países como a Etiópia,
a Arábia e a índia.
Se Lucas nunca houvesse escrito os Atos dos Apóstolos, ou se essa grande obra,
como muitas outras escritas na mesma época, se tivesse perdido, nada saberíamos
dos começos da Igreja. Mas, aprouve a Deus preservar esta obra maravilhosa que
nos revela que, realmente, o apóstolo Paulo mantém o lugar de maior missionário da
Igreja primitiva. Disse certo escritor: "Ele tem sido ao mesmo tempo o protótipo, o
modelo e a inspiração de milhares de sucessores que se dedicaram à Obra
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Missionária".
Muitos ainda acrescentam que Paulo é o maior missionário de todos os tempos. É
alguém que conseguiu, através de um ministério espiritualmente extraordinário,
estabelecer o verdadeiro cristianismo desde a sua base até o seu crescimento e
estabilidade nos séculos seguintes em todas as partes da Terra.
Paulo usava como estratégia missionária, concentrar seus esforços em centros
populacionais estratégicos — centros de comércio e de influência política — dali
seus coirmãos levariam o Evangelho para outras regiões por onde passassem. Ele
também abordava pessoas de todos os níveis da sociedade, dando imensa base à
igreja. Ele estabeleceu igrejas independentes, não estações missionárias, método
que, segundo alguns estudiosos, ainda pode ser aplicado hoje.
Paulo enfrentou provações como prisões, açoites, perseguições, rejeições, conflitos
interpessoais como na disputa com Barnabé e, como muitos corajosos cristãos da
igreja dos primeiros séculos, teve um fim violento, sob a perseguição de Nero, dando
um exemplo às gerações posteriores de que não tinha sua vida como preciosa, pois
o importante era anunciar JESUS, e sua obra salvadora.
A Igreja Cristã não findou com a destruição de Jerusalém, ela encontrou em
Antioquia da Síria o seu segundo lar. E em seguida Roma assumiu o terceiro grande
centro do mundo cristão.
2. O avanço missionário
A igreja de Éfeso foi o lugar de onde provavelmente Paulo teria partido para a
Espanha — por algum tempo foi o principal centro missionário da Ásia Menor —
Roma foi a base para a evangelização do Império Romano Ocidental.
No Norte da África, as igrejas de Cartago e Alexandria tornaram-se, posteriormente,
centros intelectuais e agressivos na Obra Missionária e produziram mestres e
escritores como Tertuliano (pai da Igreja no Norte da África), Clemente, Orígenes
(um dos grandes mestres da Igreja em todos os tempos), Cipriano (um mártir
valente) e Agostinho. Em Alexandria havia um Instituto Bíblico Missionário que
defendia a fé cristã, preparava apologistas e preparava missionários, que saíram
para as regiões do Norte da África, Arábia, índia, Ceilão. Até o seu diretor foi à índia
como missionário por volta do ano 180. Em Cartago a igreja cresceu e de lá saiu a
primeira tradução do Novo Testamento em latim.
Ao anunciar a Palavra por toda parte, dando cumprimento a At l .8, os crentes
dispersos deram início à missão mundial da Igreja de Cristo.
Partindo de Jerusalém para Samaria e Cesaréia, logo levaram a mensagem do
Evangelho de Cristo por toda a extensão do Império Romano. Do lado leste foram a
Damasco e Edessa, chegando à Mesopotâmia; ao sul, por Bostra e Petra, entraram
na Arábia; a oeste foram a Alexandria e Cartago, chegando ao norte da África; e ao
norte, através de Antioquia, chegaram à Arménia, Ponto e Bitínia.
Alcançaram a Galácia (Sul da França), Espanha e a Bretanha (Inglaterra) e se
estenderam até a Irlanda, Etiópia e China.
A Capadócia foi evangelizada por Gregório (213), que se tornou o líder da igreja
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local, onde havia apenas dezessete crentes. Trinta anos depois, por ocasião da sua
morte, havia apenas dezessete pagãos.
Policarpo, o bispo de Esmirna, foi uma das primeiras vítimas do martírio imposto
aos cristãos dos primeiros séculos, discípulo de João, com um ministério
evangelístico tão florescente e forte contra o paganismo que foi acusado de ser
"ateu", destruidor dos deuses pagãos. Sua igreja contava com escravos, aristocratas
locais e membros do quadro de assistência do Procônsul.
Policarpo teve um ministério influente por cerca de cinquenta anos, mas a
perseguição anticristã o levou à morte em uma fogueira em praça pública. Este fato
causou um impacto e sensibilizou a sociedade da Ásia Menor, o que levou a ser
encerrada a perseguição na Ásia, proporcionando aos menos corajosos a
oportunidade de declarar abertamente sua fé em Cristo.
Destacamos também o trabalho de um grande exército de discípulos e missionários,
cujos nomes desconhecemos, mencionado em At 8.4. Cada crente era um
missionário e alguns alcançaram a Fenícia, Chipre, Antioquia e Roma. Examine At
11.19-21.
Eusébio registrou o entusiasmo missionário dos primeiros crentes. Ele escreveu:
"Nessa época — idos do segundo século — muitos cristãos sentiram as almas
inspiradas pela Palavra divina, com um desejo de perfeição. A sua primeira ação,
obedecendo às instruções do Salvador, consistiu em vender os seus bens e
distribuí-los aos pobres. Deixando suas casas, dedicaram-se à missão de
evangelista, tendo por principal objetivo pregar a Palavra da fé àqueles que ainda
não tinham ouvido a seu respeito e confiando-lhes os livros do divino Evangelho.
Sentiam-se felizes ao construírem as fundações da fé entre os povos estrangeiros:
nomearam outros pastores e confiaram-lhes a responsabilidade de elevarem mais
aqueles que haviam trazido tão-somente a fé. Passaram a outros países e nações,
com o auxílio e a graça de Deus".
3. Os primeiros missionários adotam um programa de trabalho
Você pode descobrir, através do relato do livro de Atos, fatores que conduziram ao
início tão intenso da atividade missionária. Você observa que após a perseguição à
igreja em Jerusalém, os crentes seguiram o imperativo de Cristo, tiveram o incentivo
do Espírito Santo, contaram com a ação dinâmica dos apóstolos e as bênçãos de
Deus Pai.
O programa missionário dos primeiros crentes tinha um alvo, distinto, único: pregar a
Jesus Cristo, o Salvador do mundo (leia At 4.12 e 1Tm 2.5); tinha uma política,
seguiam o que Jesus ensinou: "o campo é o mundo", "ide fazei discípulos" e "ide por
todo o mundo"; e incluía um estilo de vida a ser imitado. A conduta cristã causou
impacto no paganismo dominante (leia 1Ts 1.6-10). Os defeitos, os lapsos e os
fracassos dos crentes primitivos ficaram registrados para mostrar aos crentes
vindouros o que acontece quando se fasta do alvo supremo (leia 1 Co 1.11-13).
Contudo, o padrão de conduta dos cristãos mostrou ser superior e mais excelente
aos demais padrões vividos até então.
Era de se esperar que o intenso trabalho evangelístico dos primeiros crentes
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provocasse reações contrárias. O próprio Mestre os advertiu e o que aconteceu nos
primeiros dias da Igreja indicava para isto.
A Igreja sofreu pelo menos dez ondas de perseguições movidas por imperadores
romanos: Nero, Trajano, Adriano, António, Marco Aurélio, Sétimo Severo, Máximo,
Décio, Valeriano e Diocleciano . Foi num momento de terrível tormento que o Senhor
da Seara prometeu ao apóstolo João: "Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da
vida".
Jesus deu a ordem missionária para que todos os homens conheçam o seu convite
à salvação (1Tm 2.4). Fica, portanto, bem claro que enquanto existir pessoas ou
nações que ainda não ouviram o evangelho da graça, esta ordem continua a ter vital
importância. A Bíblia diz: "Uma geração vai, e outra geração vem" (Ec 1.4). Está
assim bem claro que ainda que a geração que foi tenha sido evangelizada, a outra
geração que vem também precisará do evangelho.
A ordem missionária de Jesus não foi dada aos homens dos poderes públicos, não
foi dada aos grandes e poderosos, mas sim, à Sua Igreja até que Ele volte para
arrebatá-la. Esta missão, portanto, é de caráter universal, não é uma tarefa especial
dada a esta ou aquela pessoa em particular, dentro do contexto da Igreja. Também
não se limita a determinado local, nem está restrita ao campo. Ela abrange a todos
nós, a todos os crentes em todos os recantos da terra, em todo o tempo em que a
Igreja aqui estiver. Ela é atual. Devemos cumpri-la.
Todo crente pode e deve cooperar na obra missionária, pois existem vários meios
pelos quais cada um pode contribuir para o pleno êxito da missão. O crente pode
trabalhar a favor da obra missionária: orando, contribuindo com os dízimos e ofertas
voluntárias, ou mesmo sustentando missionários no campo. E tudo isto é possível de
ser feito sem que seja necessário ao crente, que não tenha a chamada para ir ao
campo, deixar os seus afazeres seculares é sair sem rumo, mundo afora, ou sentir-
se um completo inútil na obra de Deus. Você pode ser um missionário autêntico,
seja qual for a sua condição social, tenha ou não cargo dentro da sua Igreja, Você é
um servo de Jesus e deve cumprir à Sua Ordem Missionária. Você é importante para
Deus.
Fontes Bibliográficas 64
* http://cursodeteologiagratisnaweb.blogspot.com.br/2009/11/missiologia.html, site
acessado em 24/10/2017
* https://www.portasabertas.org.br
* Lições Bíblica CPAD Maturidade Cristã, 2° trimestre de 1986