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CURSO DE FORMAÇÃO

PROFISSIONAL PARA O CARGO DE


POLICIAL PENAL

CONCURSO C-208

TEXTO BASE
PARTE 4

1
Helder Zahluth Barbalho
Governador do Estado do Pará

Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues


Secretário de Estado de Administração Penitenciária

Paulo Rocha Cunha


Diretor da Escola de Administração Penitenciária

Luanderson Sardinha Vieira


Coordenador de Planejamento e Pesquisa

Elisoneide de Nazaré Freitas Rodrigues


Coordenadora de Educação em Serviços Penais

Fádua Ferreira Antônio


Coordenadora de Apoio Pedagógico

Thainan Azevedo de Oliveira


Secretária da Diretoria

Realização: Secretaria de Estado de Administração Penitenciária


Execução: Escola de Administração Penitenciária (EAP)

EQUIPE TÉCNICA ADMINISTRATIVA – EAP


Adriana Rodrigues Caxias - Assistente Administrativo
Adriana Ferraz do Prado Maues - Assistente Administrativo
Ana Laura Magalhães– Estagiária de Direito
Ana Rita de Nazaré Sarmento Bezerra - Assistente Administrativo
Antônio Marcio Brito Luna - Auxiliar Operacional
Camila Guimarães Rodrigues Cruz - Assistente Administrativo
Carla Thayane Lima – Estagiária de Pedagogia
Eduardo Alves da Silva - TGP – Contador
Fernanda Carolina Matos Ferreira - Assistente Administrativo
Fernando Bezerra Neto – TGP Serviço Social
Gerson Haroldo Nobre Barbosa - Auxiliar de Informática
Joelson Ribamar Araújo de Amorim – Vigia
José Alvanderly Mesquita – Motorista
Karina de Oliveira Silva - TGP – Bibliotecária
Lucas Favacho Monteiro – Estagiário de Biblioteconomia
Maria de Lourdes Barradas – TGP Serviço Social
Marcya Bernadeth Pinto Henriques - Agente Penitenciário
Oberdan Pacheco Damasceno da Silva - Agente Penitenciário
Renata Maia Damasceno - Agente Penitenciário
Rômulo dos Santos Araújo- Estagiário de Informática
Sara Oliveira de Sousa Carvalho - Assistente Administrativo
Sílvia Cristina Pinheiro Siqueira - Assistente Administrativo
Weliton Maciel Pereira - Assistente Administrativo

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APRESENTAÇÃO

O Curso de Formação Profissional da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do


Pará – SEAP/PA, pretende transmitir aos candidatos, habilitados por meio do Concurso Público C –
208, lançado via Edital nº 01/SEAP/SEPLAD, de 29 de Junho de 2021, conhecimentos de técnicas
e procedimentos relativos ao exercício da atividade de Policial Penal, através de aulas práticas e
teóricas, de forma dinâmica e sistemática, consolidando um importante acervo de conhecimentos e
saberes acumulados sobre a temática penitenciária.
O objetivo fundamental é contribuir para a formação dos candidatos ao cargo de Policial
Penal para atuarem de forma qualificada no Sistema Penitenciário do Estado do Pará, orientados
pelas normas e determinações emanadas da SEAP e em obediência a Lei de Execuções Penais –
LEP. Diante disso a instituição propõe-se a aprofundar conteúdos interdisciplinares a fim de
contribuir para a correta aplicação das políticas públicas voltadas ao Sistema Penitenciário Paraense,
de Reinserção Social e Segurança, gerando e disseminando conhecimentos, que aplicados no dia a
dia da atividade policial penitenciária, tragam eficácia à gestão das Unidades Prisionais, resultando
em ganhos para a sociedade. Nesse sentido, presta-se um serviço à comunidade em geral e
confirma-se de forma indelével o papel político e a responsabilidade social da SEAP no Estado do
Pará quanto à efetivação da Educação Penitenciária de qualidade.
Considerando os objetivos do curso, de capacitar profissionais para o exercício de seus cargos
na carreira pública estadual penitenciária, é possível formar um lastro de servidores que virão
somar-se aos demais servidores da instituição, assim como uma massa crítica de conhecimentos na
área da segurança pública e penitenciária, observando as especificidades regionais, sobretudo no
que tange aos impactos de ordem social em constante e acelerado processo de transformação.
O material que ora se apresenta congrega conteúdos específicos de cada disciplina a serem
ministradas ao longo do processo de formação dos futuros Policiais Penais efetivos do Estado do
Pará.

Paulo Rocha Cunha


Diretor da Escola de Administração Penitenciária

2
SUMÁRIO

DISCIPLINA: TÉCNICAS E TECNOLOGIAS MENOS LETAIS............................................................................................................... 4

DISCIPLINA: ARMAMENTO E TIRO....................................................................................................................................................... 29

DISCIPLINA: NOÇÕES DE MONITORAMENTO ELETRÔNICO PARA BUSCA E RECAPTURA DE FORAGIDOS E


EVADIDOS NO ÂMBITO DA POLICIA PENAL ......................................................................................................................................67

DISCIPLINA: ESCOLTA ARMADA............................................................................................................................................................79

DISCIPLINA: GERENCIAMENTO DE CRISES E TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO............................................................................93

DISCIPLINA: INTERVENÇÃO TÁTICA EM AMBIENTE PRISIONAL...........................................................................................119

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DISCIPLINA: TÉCNICAS E TECNOLOGIAS MENOS LETAIS

CARGA HORÁRIA: 24 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes no emprego de


artifícios e Tecnologias menos letais.

EMENTA:
1. Legislação: 5.7 Tipos de Concentração;
1.1 Resolução nº 202/CONSEP de 2012; 5.8 Características dos Agentes Químicos;
1.2 Resolução nº 204/CONSEP de 2012; 5.9 Quadro Sinótico;
1.3 Lei n° 13.060/ 2014; 5.10 Métodos de Dispersão de Agente
1.4 Código Penal Brasileiro; Químico na Atmosfera;
1.5 Resolução 34/169 de 1979, da Assembleia 5.11 Ortoclorobenzilmalononitrilo;
Geral das Nações Unidas; 5.12 Oleoresina de Capsaícina;
1.6 Resolução 39/46 de 1984, da Assembleia 5.13 Medidas de Descontaminação (CS);
Geral das Nações Unidas; 5.14 Medidas de Descontaminação (OC).
1.7 Portaria Interministerial n. 4.226 de 31 de 6. Estudo de Granadas:
dezembro de 2010. 6.1 Quanto ao Tipo;
2. Uso Diferenciado da Força (UDF). 6.2 Quanto a Emissão;
3. Tecnologias de Menor Potencial Ofensivo 6.3 Classificação das Granadas Quanto ao
(TMPO): Efeito;
3.1 Armas de Menor Potencial Ofensivo 6.4 Classificação das Granadas quanto ao
(AMPO); Ambiente;
3.2 Munição de Menor Potencial Ofensivo 6.5 Quanto a Projeção;
(MuMPO); 6.6 Os Mecanismos de Acionamento das
3.3 Instrumento de Menor Potencial Ofensivo Granadas Projetadas Manualmente;
(IMPO); 6.7 Granadas Explosivas;
3.4 Equipamento de Menor Potencial 6.8 Granadas de Emissão Lacrimogênea;
Ofensivo (EMPO). 6.9 Desmantelamento ou Desativação de
4. Técnicas de Menor Potencial Ofensivo Granadas (Tijolos Quentes).
(TeMPO). 7. Espargidores Lacrimogêneos:
5. Agentes Químicos: 7.1 Espargidores de Espuma Lacrimogênea;
5.1 Classificação dos Agentes Químicos; 7.2 Emprego Tático.
5.2 Quanto ao Estado Físico; 8. Munição de Impacto Controlado:
5.3 Quanto a sua Classificação Básica; 8.1 Munição de Impacto Controlado na
5.4 Quanto ao seu Emprego Tático; Calibre 12.
5.5 Quanto a sua Ação Fisiológica; 9. Dispositivo Elétrico Incapacitante –
5.6 Concentração de Agente Químico; SPARK Z 2.0.

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1 LEGISLAÇÃO
• Resolução nº 202/CONSEP de 2012;
• Resolução nº 204/CONSEP de 2012;
• Lei n° 13.060/ 2014;
• Código Penal Brasileiro;
• Resolução 34/169 de 1979, da Assembleia Geral das Nações Unidas;
• Resolução 39/46 de 1984, da Assembleia Geral das Nações Unidas;
• Portaria Interministerial n. 4.226 de 31 de dezembro de 2010;
(Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública)

1.1 Resolução Estadual nº 202/2012 – CONSEP

São normas procedimentais nas ocorrências que resultassem letalidade ou lesão corporal
envolvendo os agentes do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, tendo enraizado
neste dispositivo a política de direitos humanos, visando prevenir e combater a violência institucional,
com ênfase na redução da letalidade policial. Fomentando que o não cumprimento da resolução por
seus agentes acarretaria a sanções penais e administrativas previstas em lei.

1.2 Resolução Estadual nº 204/2012 – CONSEP

Normatiza o uso da força pelos agentes de segurança pública do Pará, devendo ser realizado
de maneira escalonado, ou seja, para cada ação dos indivíduos haverá uma resposta proporcional do
agente, desde a presença física ate se necessário a utilização de arma de fogo, observando sempre os
princípios da legalidade, proporcionalidade, necessidade, moderação, conveniência e progressividade.

1.2 Lei nº 13.060/2014 (Disciplina o Uso de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo)

Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo àqueles
projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes,
conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.
Salienta ainda que:
Os Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPOs) possuem baixa probabilidade de
causar mortes ou lesões ateve-se ao modo como tais instrumentos são empregados, ou seja, para sua
utilização ser menos letal deve-se obedecer às recomendações dadas pelo fabricante, caso contrário
se empregados de maneira incorreta, pode sim levar a morte.

1.4 Código Penal


EXCLUSÃO DE CRIME:
Art.23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:
• I - em estado de necessidade;

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• II - em legitima defesa;
• III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito;
LEGÍTIMA DEFESA: Art.25: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direto seu ou de outrem’’.
• EXCESSO PUNÍVEL: PARÁGRAFO ÚNICO - “O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo responderá pelo excesso doloso ou culposo.”

1.5 Resolução n° 34/169 de 17 de dezembro de 1972

O Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei descreve no Art.
3º que:
• “Os funcionários responsáveis pela aplicação da força quando tal se afigure estritamente
necessária na medida exigida para o cumprimento do seu dever.
• Sendo assim, embora o uso da força seja permitido ao agente de segurança pública, este
apenas poderá atuar se respeitando a razoabilidade e necessidade para a prevenção de um
crime.”

1.6 Resolução n° 39/46 de 10 de dezembro de 1984

De acordo com o artigo 1º da Convenção Contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos


Cruéis, Desumanos ou Degradantes (adotada pela Resolução 39/46, da Assembleia Geral das Nações
Unidas, em 10 de dezembro de 1984):
• Tortura é qualquer ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, físico ou mental, é
infligido intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter dela ou de uma terceira
pessoa informações ou confissão; de puni-la por um ato que ela ou uma terceira pessoa tenha
cometido (...) Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam
consequência, inerentes ou decorrentes de sanções legítimas”.

1.7 Portaria Interministerial Nº 4.226 de 31 de dezembro de 2010

Estabelece diretrizes sobre o uso da Forca pelos Agentes de Segurança Pública:


• Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se envolver
em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 02 (dois) instrumentos de menor
potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação específica,
independentemente de portar ou não arma de fogo.
• O emprego dos instrumentos de menor potencial ofensivo insere-se na doutrina do Uso
Diferenciado da força, visto que, possui como pilares fundamentais o uso legal,
proporcional, necessário, conveniente e moderado, com o objetivo de cessar a hostilidade.
A seleção apropriada por parte do agente de segurança pública do nível do
uso da força adequado em resposta a uma ameaça real ou potencial, desta

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forma, com o objetivo de limitar a ação e os meios que possam causar lesões
ou mortes.
Os agentes de segurança pública deverão preencher um relatório individual todas as vezes que
dispararem arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, ocasionando
lesões ou mortes. O relatório deverá ser encaminhado à comissão interna mencionada na Diretriz n.º
23 e deverá conter no mínimo as seguintes informações (...)
• A Portaria prevê como Princípios Fundamentais:
• Legalidade;
• Necessidade;
• Proporcionalidade;
• Conveniência; e
• Moderação.

2 USO DIFERENCIADO DA FORÇA (UDF)


LEGALIDADE: Os agentes de segurança pública só poderão utilizar a força para a consecução de
um objetivo legal e nos estritos limites da lei.

NECESSIDADE: Determinado nível de força só pode ser empregado quando níveis de menor
intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.

PROPORCIONALIDADE: O nível da força utilizado deve sempre ser compatível com a gravidade
da ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente de
segurança pública.

CONVENIÊNCIA: A força não poderá ser empregada quando, em função do contexto, possa
ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos legais pretendidos.

MODERAÇÃO: O emprego da força pelos agentes de segurança pública deve sempre que possível,
além de proporcional, ser moderado, visando sempre reduzir o emprego da força.

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3 TECNOLOGIAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (TMPO)

Conjunto de armas, munições e equipamentos “projetados especificamente para, com baixa


probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou incapacitar
temporariamente pessoas”. (BRASIL, 2014, Art. 4º).

3.1 ARMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (AMPO)


“São aquelas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter,
debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua
integridade”. (BRASIL, 2010, grifo nosso).

3.2 MUNIÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (MuMPO)

São aquelas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter,


debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua
integridade”. (Brasil, 2010, grifo nosso).

3.3 INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IMPO)

Para efeito da Lei nº 13.060/2014 consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo


àqueles projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões
permanentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.

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3.4 EQUIPAMENTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (EMPO)

Todos os artefatos, excluindo armas e munições, desenvolvidos e empregados com a


finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e
minimizar danos à sua integridade.

Equipamento de Proteção (individual e coletivo)


Todo dispositivo ou produto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a redução
de riscos à integridade física ou à vida dos agentes de segurança pública.

4 TÉCNICAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (TeMPO)

Conjunto de procedimentos empregados em intervenções que demandem o uso da força,


através do uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas e
minimizar danos à integridade das pessoas.

As técnicas não-letais são tão importantes quando se usa armas e equipamentos não-letais
quanto nas situações em que o agente de segurança só dispõe de arma de fogo. Podemos vislumbrar
3 técnicas:
• Técnicas de verbalização;
• Técnicas de combate corpo a corpo;
• Técnicas não-letais de abordagem policial.

Técnica de verbalização
Configura-se nas diversas formas de comunicação do agente de segurança pública para a
pessoa a ser abordada, presa ou contida.

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Técnicas de combate corpo a corpo
São as técnicas de defesa pessoal e imobilização de indivíduos infratores para a realização de
buscas pessoais, colocação de algemas e condução.

Técnicas não letais de abordagem policial


Quando falamos em técnicas não letais de abordagem policial, nos referimos aos métodos a serem
empregados nas abordagens de modo que elas ocorram minimizando os riscos inerentes a essa
atividade.

a) Debilitar
• Reduzir a capacidade combativa/operativa do perpetrador, se baseando principalmente na
dor, desconforto ou inquietação. Exemplo: Agente Químico CS em concentração eficiente.

b)Incapacitar
• Cessar a capacidade combativa/operativa do perpetrador, causando confusão mental, reações
involuntárias do organismo e/ou desordem muscular. Exemplo: Armas de Condutividade Elétrica
(INM), Agente Químico em concentração eficiente.

5 AGENTE QUÍMICO (AQ)

É toda substância que, que por sua atividade química, produza, quando empregada para fins
militares um efeito TÓXICO, FUMÍGENO OU INCENDIÁRIO.
Qualquer substância química […] que possa rapidamente produzir nos seres humanos
irritação sensorial ou efeitos incapacitantes físicos que em pouco tempo desaparecem após concluída
a exposição ao agente. (Art. II nº 7 do Decreto nº 2.977 de 1 de março de 1999)

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS


 Estado Físico
 Classificação Básica
 Emprego Tático
 Ação Fisiológica

5.2 QUANTO AO ESTADO FISICO


 Sólido
 Líquido
 Gasoso

5.3 QUANTO A SUA CLASSIFICAÇÃO BÁSICA


 Tóxicos: Gases, compreendendo todos aqueles empregados contra pessoal;

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 Fumígenos: os que por queima, hidrólise ou vaporização (liquido para gasoso), produzam
fumaça ou neblina;
 Incendiários: aqueles que gerando altas temperaturas, provoquem incêndios em materiais
combustíveis.

5.4 QUANTO AO SEU EMPREGO TÁTICO


De acordo com o destino, ou a finalidade à qual se prendem, podendo ser:
 Causadores de Baixas – são os que, por seus efeitos sobre o organismo humano, produzem a
morte ou incapacitação prolongada do oponente;
 Inquietantes – são os agentes de efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, que diminuem
a capacidade combativa/operativa do oponente;
 Incapacitantes – são aqueles que agem sobre as funções psíquicas do homem, ocasionando
confusão mental e desordem muscular;
 Fumígenos – aqueles que produzem fumaça, podendo ser com a finalidade de Cobertura ou
Sinalização;
 Incendiários – São que produzem fogo.

5.5 QUANTO A SUA AÇÃO FISIOLÓGICA


• Sufocantes - Irritam e inflamam o Sistema Respiratório;
• Vesicantes - agem principalmente sobre a pele, causando a necrose do protoplasma das células;
• Neurotóxicos - inibidores de colinesterases, agem sobre o Sistema Nervoso;
• Hematóxicos - agem sobre o sangue;
• Vomitivos - chamados pelos alemães de “Maskenbrecker”, atuam sobre o nariz, garganta e
sistema nervoso, causando tosse espasmódica, espirros, náuseas e vômitos, acompanhado de
debilidades físicas e mentais, que podem durar até três horas;
• Lacrimogêneos - agentes que atacam os olhos e as vias aéreas superiores, causando
lacrimejamento abundante e grande desconforto;
• Psicoquímicos – são os que agem sobre as funções físicas e mentais do combatente, causando
grande confusão mental, perda do equilíbrio e da coordenação motora.

5.6 CONCENTRAÇÃO DE AGENTE QUÍMICO

Chama-se concentração de um agente químico, a quantidade desse agente existente em


determinado volume de ar. A concentração pode ser expressa em miligramas de agente por metro
cúbico de ar (mg/m³). A concentração pode ser eficiente, letal ou inquietante.

5.7 TIPOS DE CONCENTRAÇÃO


a) Eficiente: quando atinge o objetivo proposto.
b) Letal: quando causa a morte do combatente.
c) Inquietante: quando causa a incapacitação temporária do oponente

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5.8 CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES QUÍMICOS
TOXIDEZ: Capacidade relativa dos agentes químicos de agirem sobre o organismo e produzirem
inquietação ou morte.

EFEITO CUMULATIVO: Diz respeito à incapacidade do organismo em absorver e eliminar um


determinado agente químico. Quando a dose de um agente químico num organismo for superior a
sua quantidade de absorção e eliminação, os efeitos se produzirão em um ritmo superior ao de
desintoxicação e tornar-se-ão acumulativos.

PERSISTÊNCIA: É o tempo em que um agente permanece em concentração eficiente, no ponto


em que foi lançado.

Varia de acordo com as propriedades físicas e químicas do agente, que por sua vez encontram-
se na dependência de fatores comuns, tais como: o método de dispersão, a quantidade de agente
lançado, a temperatura do ar, a velocidade do vento, a vegetação, a natureza do solo e a topografia do
terreno.

5.9 QUADRO SINÓTICO


DOSAGEM LETAL DOSAGEM DE PERÍODO DE
AGENTE
MÉDIA INCAPACITAÇÃO MÉDIA DESCONTAMINAÇÃO
CS 25.000 mg.Min/m3 10-20 mg.Min/m3 10 minutos
OC Desconhecida Desconhecida 45 minutos

5.10 MÉTODOS DE DISPERSÃO DO AGENTE QUÍMICO NA ATMOSFERA


a) Queima/ Sublimação: As granadas fumígenas lacrimogêneas.
b) Espargimento: Os tubos espargidores de “spray pimenta” e Agente Lacrimogêneo.
c) Por Explosão: As granadas explosivas e mistas.
d) Por Volatilização: As ampolas.

5.11 ORTOCLOROBENZILMALONONITRILO

O “Gás lacrimogêneo” (do latim lacrima = lágrima) é um nome genérico dado a vários tipos
de substâncias irritantes da pele, olhos (pode causar cegueira temporária) e vias respiratórias, tais
como o brometo de benzilo, ou o gás CS (ORTOCLOROBENZILMALONONITRILO). O uso
crescente do gás lacrimogêneo, pela polícia e exército, como arma de “controle de multidões” deveu-

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se ao fato de, supostamente, ser capaz de dispersar multidões sem causar efeitos letais (mortes). Os
primeiros estudos clínicos mostravam que o gás causava irritação e mal-estar e em concentração
eficiente era incapaz de deixar marcas ou causar óbitos. Por isso era chamado de arma “não letal”.
Porém, em crianças de colo o efeito pode ser consideravelmente perigoso.

5.12 OLEORESINA DE CAPSAÍCINA (OC)

É um agente lacrimogênio (composto químico que irrita os olhos e causa lacrimejo, dor e
mesmo cegueira temporária) usado pelas forças de segurança para controle de distúrbios civis ou
mesmo, em alguns países, para defesa pessoal.
É obtida com o extrato de pimenta natural (pele das sementes da pimenta) e acondicionada em
sprays ou bombas de efeito moral.
O gás pimenta atua nas mucosas dos olhos, nariz e da boca, causando irritação, ardor e
sensação de pânico.

5.13 MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO (CS)

• Uma construção saturada com agentes químicos requer uma descontaminação de área,
máscara, luvas e roupas protetoras são necessárias;
• O grau de contaminação está diretamente relacionado com o tipo, forma do agente e munição
empregada;
• Identifique e retire toda a munição usada ou ativada (nova contaminação);
• Ventile o local abrindo janelas e portas ou utilizando ventiladores;
• Carbonato ou bicarbonato de sódio a 5% em água podem ser empregados para a
descontaminação de superfície;
• Roupas e tecidos podem ser descontaminadas com lavagem (atenção);e
• Comida contaminada deve ser descartada (ensacados).

Dermal:
• Voltar-se contra o vento;
• Lavar a área afetada com água corrente em abundância e se possível, com o auxílio de um
sabão neutro;
• Polvilhar nas áreas afetadas materiais absorventes, tais como talcos e farinhas (medida
indicada somente para agentes lacrimogêneos no estado líquido);
• Aplicar nas áreas afetadas, uma solução de bicarbonato de sódio, na seguinte proporção: três
colheres de chá de bicarbonato de sódio para um litro de água.
• Aplicar nas áreas afetadas (pomadas suavizantes, a base de Caladrina (Caladryl);
• Aplicar nas áreas afetadas, pomadas anestésicas, à base de prilocaína e/ou Lidocaína; e
• Procurar auxílio médico.

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Ocular:
• Voltar-se contra o vento =;
• Lavar os olhos com água corrente (à temperatura ambiente);
• Aplicar nos olhos, compressas com uma solução de ácido bórico (água boricada);
• Instilar nos olhos, colírios anestésicos, à base de lidocaína e/ou prilocaína; e
• Procurar auxílio médico.

Pulmonar:
• Retirar-se do ambiente contaminado (respirar ar puro);
• Aplicar Oxigênio (a 100%) umidificado, além de outros processos de ventilação com o
auxílio de broncodilatadores;
• Procurar auxílio médico.

Intestinal:
• Não ingerir líquidos, principalmente água (tal conduta só agravaria a atuação do ácido
clorídrico sobre as mucosas);
• Procurar auxílio médico imediato, a fim de se proceder à lavagem estomacal (medida a ser
administrada por pessoal especializado, em face da exigência de equipamento e treinamento
adequados).

5.14 MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO – OC


Dermal:
• Voltar-se contra o vento;
• Polvilhar nas áreas afetadas materiais absorventes, tais como talcos e farinhas (medida
indicada somente para agentes lacrimogêneos no estado líquido);
• Aplicar nas áreas afetadas compressas com álcool;
• Aplicar nas áreas afetadas, pomadas anestésicas, à base de prilocaína e/ou lidocaína;
• Procurar auxílio médico.
Ocular:
• Voltar-se contra o vento;
• Lavar os olhos com água corrente (à temperatura ambiente);
• Aplicar nos olhos, compressas com uma solução de ácido bórico (água boricada);
• Instilar nos olhos, colírios anestésicos, à base de lidocaína e/ou prilocaína;
• Procurar auxílio médico.
Pulmonar:
• Retirar-se do ambiente contaminado (respirar ar puro);
• Aplicar Oxigênio (a 100%) umidificado, além de outros processos de ventilação com o
auxílio de broncodilatadores;
• Procurar auxílio médico.

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Intestinal:
• Não ingerir líquidos, principalmente água (tal conduta só potencializaria os efeitos da
Capsaícina sobre as mucosas);
• Procurar auxílio médico imediato, a fim de se proceder à lavagem estomacal (medida a ser
administrada por pessoal especializado, em face da exigência de equipamento e treinamento
adequados).

6 ESTUDO DAS GRANADAS

Granada é um artefato bélico, de uso restrito ou proibido, com peso inferior a 1 Kg, com
objetivo de facilitar o seu transporte e lançamento.

6.1 QUANTO AO TIPO


a) Granadas Defensivas
- Utilizadas para causar dano, lesão ou morte ao inimigo;
- Possuem cinta de estilhaçamento ou fragmentação;
- Possuem alto explosivo;
- Conhecidas como granadas militares ou de uso proibido, são de uso exclusivo das Forças
Armadas.

b) Granadas Ofensivas
- Utilizadas para diminuir a capacidade combativa e operativa do oponente;
- Não possuem cinta de estilhaçamento ou fragmentação (corpo revestido de borracha
butílica/elastômero e/ou ABS);
- Possuem baixo explosivo;
- As granadas ofensivas são conhecidas como granadas policiais ou de uso restrito, são de uso
permitido às Forças que detém poder de polícia, quando no serviço operacional.

6.2 QUANTO A EMISSÃO


a) Lacrimogênea
- Tem como objetivo causar desconforto ao oponente, diminuindo sua capacidade combativa e
operativa, através da irritação dermal, ocular e nas vias aéreas superiores.
- Pode comprometer, ainda, o sistema gástrico e pulmonar, quando em longas exposições.
- Emite fumaça lacrimogênea à base de Ortoclorobenzilmalononitrilo (CS);
- Não há distância de segurança para o seu lançamento;
- O operador deve observar a direção do vento e o tipo de terreno antes de fazer o lançamento.

Exemplos: GL 300T, GL 300TH , GL 309, GL 301, GL 302, GL 303, GL 310.

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b) Explosiva
Tem como objetivo causar um impacto psicológico através de sua deflagração, diminuindo a
capacidade combativa e operativa do oponente, direcionando-os para um local desejado (vias de
fuga).
Exemplos: GL 304, GL 306, GL 307, GB 704, GB 706, GB 707, GM 100.

c) Mista
Tem como objetivo causar um impacto psicológico e fisiológico através de sua deflagração,
diminuindo a capacidade combativa e operativa do oponente.
Possui efeito explosivo e lacrimogêneo, este obrigatoriamente lacrimogêneo. Efeito principal
(lacrimogêneo) e efeito secundário (explosão).
Exemplos: GL 305, GL 308, GB 705, 708, GM 101, GM 102 e GL 101.

6.3 CLASSIFICAÇÕES DAS GRANADAS EXPLOSIVAS QUANTO AO EFEITO


a) Explosiva de Efeito Moral
As granadas de efeitos moral tem como principal objetivo provocar a intimidação psicológica
dos indivíduos.
Através de uma carga explosiva que pulveriza um agente químico inócuo na atmosfera, as
granadas de efeito moral alcançam seu resultado na dissuasão dos agressores.

b) Explosiva de Atordoamento
Estas granadas almejam o atordoamento, o ofuscamento, e a distração. Estas granadas
comumente são compostas de uma carga explosiva combinada com uma substancia química que
produz luz. Outras podem possuir somente a carga explosiva concentrada. Através da ação destas
estruturas químicas podem produzir energia sonora suficiente para atordoar ou distrair o agressor e,
também produzir uma energia luminosa capaz de ofuscar ou cegar momentaneamente.

c) Explosiva Lacriogênea
São granadas explosivas que contém carga lacrimogênea. São empregadas em ações policiais
com intuito de provocar a contaminação lacrimogênea nos agressores para que esses tenham a sua
capacidade agressiva diminuída.
Os agentes químicos lacrimogêneos mais usados nestas granadas são o CS (Ortoclorobenzi-
lmolononitrilo) e o OC (Oleoresin de Capsicum)

d) Explosiva Híbrida
São consideradas híbridas as granadas explosivas que reúnem dois gêneros, ou seja, duas
funcionalidades ou duas valências em um mesmo artefato. Essas valências podem ser a combinação
de uma carga explosiva, que é inerente às granadas explosivas, com balins de borracha.

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Esta combinação nos oferece a valência da carga explosiva que seria o efeito atordoante e a
valência do impacto mecânico das esferas de borracha. Para esta combinação, podemos identificá-las
dentro deste grupo como granadas multi-impacto.

6.4 CLASSIFICAÇÃO DAS GRANADAS EXPLOSIVAS QUANTO AO AMBIENTE


a) Explosiva Outdoor
São granadas próprias para aplicações em áreas abertas, entendendo-se como área aberta,
qualquer ambiente amplo, não coberto, que não permita o confinamento da onda positiva da explosão.
Estas granadas são bastante conhecidas pelo vocábulo da língua inglesa “Outdoor”, que fazendo uma
tradução livre, entende-se como “ao ar livre”.
- Seu tempo de retardo é de 2,5 s +/- 0,6 s;
- Sua distância de segurança é de 10m do oponente (≠ distância de operação);
Exemplos: GL 304, GL305, GL 307, GL 308.

b) Explosiva Indoor
São granadas próprias para ambiente fechado, entendendo-se como ambiente fechado, qual-
quer espaço coberto e cercado por paredes de alvenaria ou madeira, lonas ou qualquer outra estrutura
ou material que crie uma barreira para propagação da onda positiva da explosão. Estas granadas são
conhecidas também como granadas explosivas “Indoor”, um vocábulo da língua inglesa que significa
dentro de uma tradução livre, “interior”.
- Seu tempo de retardo é de 1,5 s +/- 0,6 s;
- Sua distância de segurança recomendamos de 05m do oponente (≠ distância de operação);
apesar de o fabricante não determinar nenhuma distancia de segurança.
Exemplos: GB 704, GB 705, GB 707, GB 708.

6.5 QUANTO À PROJEÇÃO (MANUALMENTE)


a) Lançamento parabólico;
b) Lançamento rasteiro (GL 300 T);
c) Arremesso (lançamento frontal).

6.6 OS MECANISMOS DE ACIONAMENTO DAS GRANADAS PROJETADAS


MANUALMENTE PODEM SER POR
- Espoleta Ogival de Tempo (EOT) ou Capacete;
- Cordão de Tração com Percutor sob Tensão de Mola (PSTM).

6.7 GRANADAS EXPLOSIVAS


GL 304 - GRANADA OUTDOOR DE EFEITO MORAL
A granada GL-304/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada em operações de controle de
distúrbios e combate à criminalidade. Possui grande efeito atordoante provocado pela detonação da

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carga explosiva, associado a uma nuvem de um pó branco de efeito moral, sem agressividade
química.

GL 305 - GRANADA OUTDOOR LACRIMOGENEA CS


A granada GL-305/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada em operações de controle de
distúrbios e combate à criminalidade. Possui grande efeito atordoante provocado pela detonação da
carga explosiva, associado ao efeito do agente lacrimogêneo.

GL 307 - GRANADA OUTDOOR LUZ E SOM


A granada GL-307/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada em operações de controle de
distúrbios e combate à criminalidade. Possui grande efeito atordoante provocado pela detonação da
carga explosiva associado à luminosidade intensa que ofusca a visão dos agressores por alguns
segundos, permitindo uma eficiente ação policial.

GL 308 - GRANADA OUTDOOR LACRIMOGÊNEA OC


A granada GL-308/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada em controle de distúrbios e
combate à criminalidade. Possui grande efeito atordoante provocado pela detonação da carga
explosiva, associado ao efeito do agente pimenta.

GL 700 - GRANADA EXPLOSIVA SEVEN BANG


A granada GL-700/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada em operações de controle de
distúrbios e combate à criminalidade. Possui efeito atordoante provocado pela detonação das sete
cargas explosivas, permitindo uma eficiente ação policial.

GM 100, GM 101, GM 102 - GRANADA EXPLOSIVA MULTI-IMPACTO


As granadas multi-impacto foram desenvolvidas para ser utilizada em operações de combate
à criminalidade, quando os infratores da lei encontram-se protegidos por barricadas ou colchões.
Possui grande efeito atordoante provocado pela detonação da carga explosiva, com associação ou
não de efeito lacrimogêneo, e ao impacto dos múltiplos projetis de borracha.

AM 500 - GRANADA TREINAMENTO


Granada de Treinamento;
Retardo: 4,5 s +/- 1,0 s

GA 100 - GRANADA DE ADENTRAMENTO.


A granada GA-100/A/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada por grupos especiais em
operações de adentramento em ambientes fechados. A detonação da carga explosiva e a intensa
luminosidade gerada provocam surpresa e atordoamento, criando condições favoráveis para uma
rápida intervenção.

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GB 704 - GRANADA INDOOR DE EFEITO MORAL
A granada GB-704/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada por grupos especiais em
operações de adentramento em ambientes fechados. O efeito sonoro da detonação da carga explosiva
e a formação de uma nuvem de pó inócuo, provocam surpresa e atordoamento, criando condições
favoráveis para uma rápida intervenção.

GB 705 - GRANADA EXPLOSIVAINDOOR LACRIMOGENEA CS


A granada GB-705/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada por grupos especiais em
operações de adentramento em ambientes fechados. O efeito sonoro da detonação da carga explosiva
e a ação do agente lacrimogêneo provocam surpresa e atordoamento, criando condições favoráveis
para uma rápida intervenção.

GB 707 - GRANADA INDOOR LUZ E SOM


A granada GB-707/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada por grupos especiais em
operações de adentramento em ambientes fechados. O efeito sonoro da detonação da carga explosiva,
e a intensa luminosidade produzida provocam surpresa e atordoamento, criando condições favoráveis
para uma rápida intervenção.

GB 708 - GRANADA INDOOR DE PIMENTA


A granada GB-708/I-REF foi desenvolvida para ser utilizada por grupos especiais em
operações de adentramento em ambientes fechados. O efeito sonoro da detonação da carga explosiva
e a ação da pimenta provocam surpresa e atordoamento, criando condições favoráveis para uma
rápida intervenção.

6.8 GRANADAS DE EMISSÃO LACRIMOGÊNEA


Granadas desenvolvidas para ser utilizada em operações de controle de distúrbios e combate à
criminalidade. Atua por saturação de ambientes através da geração de intensa nuvem de fumaça
contendo agente lacrimogêneo.
• GL 300/T - GRANADA LACRIMOGÊNEA TRÍPLICE
• GL 300/TH - GRANADA LACRIMOGÊNEA TRÍPLICE HYPER
• GL 301 - GRANADA LACRIMOGÊNEA MÉDIA EMISSÃO
• GL 302 - GRANADA LACRIMOGÊNEA ALTA EMISSÃO
• GL 303 - GRANADA LACRIMOGÊNEA BAIXA EMISSÃO – “MINI CONDOR”
• GL 309 - GRANADA LACRIMOGÊNEA RUBBERBALL
• GL310 - GRANADA LACRIMOGÊNEA MOVIMENTOS ALEATÓRIOS – “BAILARINA”
• GL 311 - GRANADA LACRIMOGÊNEA DE EMISSÃO INSTANTÂNEA
• GL 312 - GRANADA PIMENTA DE EMISSÃO INSTANTÂNEA
• GL 120/OC - COLD GRENADE - GRANADA PIMENTA AEROSOL
• GL 120/CS - COLD GRENADE - GRANADA LACRIMOGÊNEA CS AEROSOL

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6.9 DESMANTELAMENTO OU DESATIVAÇÃO DE GRANADAS (TIJOLOS QUENTES)
Desmantelamento ou desativação de granadas (tijolos quentes), INUTILIZAÇÃO de artefato
com carga explosiva e mista em função de falha de funcionamento, com permanência do capacete.
• Desmilitarização - Preconiza divisão do artefato como retirada do capacete;
• Deflagração (Simpatia) - Utilizar outro baixo explosivo;
• Detonação - Emprego de alto explosivo;
• Disparo de Elastômero - Espingarda cal.12;
• Aproximação de no máximo 30cm e realizar o disparo no terço superior da granada;
• O disparo pode ser por cima ou pela lateral do escudo até a inutilizar o artefato;
• Material Combustível (Queima) – Pano embebido em gasolina produz o desmantelamento da
granada, utilizando-se de uma TORVA (pneus).

Observações:
• Nenhuma munição falhada deve ser abandonada no terreno (explosiva);
• Recomendamos a utilização da torva pela proteção adicional oferecida ao operador.

Formas de Desativação:
• 1 Disparo – Economicamente viável, mas risco alto;
• 2 Simpatia – caro e não eficiente;
• 3 Queima – economicamente viável e com risco aceitável.

7 ESPARGIDORES LACRIMOGENEOS

Invólucros metálicos que possuem formato cilíndrico, os espargidores químicos são


instrumentos desenvolvidos para o uso individual ou coletivo e possuem a finalidade de lançar
pequenas porções de determinado agente químico contra uma pessoa ou pequeno grupo de
indivíduos, proporcionando a incapacitação temporária dos mesmos, tornando-se assim uma
ALTERNATIVA TÁTICA, de menor potencial ofensivo, para uso na área de segurança pública e
opção para casos específicos de defesa pessoal.
São fabricados com os agentes químicos CS e OC e seus recipientes possuem diversos
tamanhos, por isso possuem grande praticidade de seu emprego e transporte, alguns inclusive podem
caber dentro de bolsos de calças e paletós.
Partes do Espagidor RJC
• Acionador;
• Corpo;
• Tubo Pescador;
• Solução OC.

Especificação Técnica Espagidor G.PIM SUPER B


• Ingrediente ativo: Capsaicina natural, Oleoresin Capsicum, OC;

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• Propelente: Suwa Dupont;
• Peso: 450 g;
• Acionamento: Manual por pressão do atuador;
• Formato: Cilíndrico;
• Material do copo: Alumínio.

7.1 ESPARGIDOR DE ESPUMA LACRIMOGÊNEA

O espargidor de solução lacrimogênea pimenta na forma de espuma ou gel, é um instrumento


de menor potencial ofensivo que visa conter/debilitar temporariamente o agressor através de sua ação
irritante nas mucosas (nariz, boca e principalmente olhos) provocado pela capsaicina (Oleore-
sinCapsicum – OC), substância natural extraída da pimenta.

7.2 EMPREGO TÁTICO


- Espargidores de solução lacrimogênea em aerossol: Emprego de uso coletivo.
- Espargidores de solução lacrimogênea em espuma ou gel: Emprego de uso seletivo.

COMO UTILIZAR:
• Segurar o espargidor verticalmente na direção da face do agressor;
• Pressionar o atuador 1 ou 2 vezes em jatos de ½ a 1 segundo (tático-névoa);
• Respeitar a distância mínima de 5 metros entre o espargidor e o grupo agressor;
• Evitar o disparo contra o vento.

A ação irritante do agente lacrimogêneo ocorre em poucos segundos, provocando fechamento


involuntário dos olhos, lacrimejamento intenso, espirros e irritação da pele, das mucosas e do sistema
respiratório.

Recomendações para o uso seguro


• O espargimento deve ser enérgico e numa boa posição defensiva (boa base)
• Evitar o disparo contra o vento (aerosol).
• Faça o espargimento direto na face do agressor, visando principalmente os olhos.
• O agressor deve ser surpreendido.
• O objetivo é que o agressor inale e que seja atingido nos olhos
• Se o agressor estiver usando toucas, óculos ou bonés, talvez haja necessidade de 2 ou mais
jatos de spray.

8 MUNIÇÃO DE IMPACTO CONTROLADO


Observa-se que são constituídas de cartuchos com projéteis de elastômero (borracha) ou Pó
Inócuo, para serem disparados diretamente contra pessoas, a fim de causar ferimentos não letais e
estão disponíveis em dois tamanhos (ou calibre):

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- Calibre 12 (normalmente usado em espingardas);
- Calibres 37 mm, 38.1 mm e 40 mm x 46 mm (normalmente usado em lançadores).
- Munições são: “a reunião dos elementos necessários à alimentação da arma em um único corpo”.

Por analogia entendemos que as munições não letais a serem empregadas em espingardas
(calibre 12) e lançadores (calibre 37 mm, 38.1 mm e 40 mm) são as unidades modernas das armas de
fogo onde se reúnem os elementos projetados e necessários à alimentação da arma e que possibilitam
seu emprego tático/operacional contra pessoas/material de maneira não letal.
Vamos classificá-las da seguinte forma:
• Impacto Controlado;
• Jato Direto;
• Projéteis Explosivos;
• Projéteis de Emissão Lacrimogênea ou Emissão Fumígena.

8.1 MUNIÇÕES DE IMPACTO CONTROLADO NA CALIBRE 12

Compostas por projéteis de borracha possuem carga de projeção menor do que nos modelos
de “caça”, sendo em sua maioria empregadas a distância de utilização de 20 a 50 metros e outras
com distância de utilização de 05 a 30 metros. Podem ser lançadas por espingardas tipo “pump
action”, ou mesmo por espingardas semiautomáticas no regime pump.
Ao atingir o ser humano pode causar hematomas e fortes dores, com alto poder de
intimidação psicológica que é o principal objetivo do tiro policial não letal.

ATENÇÃO!
Ao utilizá-las o policial penal deve ter o cuidado de atirar somente nos membros inferiores
(região das pernas), evitando, portanto, a cabeça, tórax e baixo ventre, pois o risco de graves lesões
permanentes na caixa craniana e seus órgãos é muito alto.
Se empregadas a distâncias inferiores das recomendadas pelos fabricantes, poderão causar
grave lesão ou mesmo o resultado morte à pessoa atingida;
Se empregadas a distâncias maiores que 50 metros têm sua eficiência comprometida, ou seja,
pode-se não alcançar o resultado desejado de se atingir o agressor ou mesmo se atingi-lo, não será
com a energia necessária para se fazer cessar a agressão e se alcançar a intimidação psicológica.

AM – 403 (MONOIMPACTO)
Essa é evitada em Operações Policiais tendo em vista atingirem o alvo de maneira imprecisa
(pode causar lesões do tipo corte).
Porém, ainda é empregada em treinamentos como uso de munições não letais contra alvos
inanimados, porque permite compreender o recuo da arma e melhorar na precisão do disparo.
Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido com 01 (um) balote cilíndrico de
elastômero.

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AM – 403/A (TRI-IMPACTO)
Munição de borracha tri-impacto com projéteis esféricos no cal. 12.
Apesar de o fabricante permitir o seu uso em alvos múltiplos, a doutrina prima pelo tiro
seletivo e orienta que a utilização dessas munições seja específica para um só agressor.
Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido e 03 (três) projéteis esféricos de
elastômero na cor preta.

AM 403/C (TRI-IMPACTO)
Munição de borracha tri-impacto com projéteis cilíndricos de cal. 12.
Apesar de o fabricante permitir o seu uso em alvos múltiplos, a doutrina prima pelo tiro
seletivo e orienta que a utilização dessas munições seja específica para um só agressor.
Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido e 03 (três) projéteis cilíndricos de
elastômero na cor preta.

AM – 403/M (MULTI-IMPACTO)
Munição de borracha Multi-impacto com projéteis esféricos no cal. 12.
Apesar de o fabricante permitir o seu uso em alvos múltiplos, prima-se pelo tiro seletivo e se
orienta que a utilização dessas munições seja específica para um só agressor.

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Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido e 18 (dezoito) projéteis esféricos de
elastômero na cor preta.

AM – 403/P (PRECISION)
Munição de borracha Monoimpacto com projétil dotado de saia estabilizadora e base oca no
cal. 12.
Esses modelos são largamente utilizados em Operações Policiais, por proporcionarem aos
operadores a realização de tiros seletivos, dada a sua maior precisão em razão da sua saia
estabilizadora e da sua base oca (hollow base).
Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido e 01 (um) projétil de elastômero macio na
cor amarela, com formato aerodinâmico e saia estabilizadora.

AM – 403/PSR (PRECISION)
Munição de borracha Monoimpacto com projétil dotado de saia estabilizadora e base oca no
cal. 12.
Esses modelos são largamente utilizados em Operações Policiais, por proporcionarem aos
operadores a realização de tiros seletivos, dada a sua maior precisão em razão da sua saia
estabilizadora e da sua base oca (hollow base).
Composição: Cartucho, estojo plástico branco translúcido e 01 (um) projétil de elastômero macio na
cor Cinza, com formato aerodinâmico e saia estabilizadora.

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GL-101 PROJETIL DETONANTE LACRIMOGÊNEO - Cal 12

O cartucho calibre 12 GL-101 foi desenvolvido para ser utilizado no controle de distúrbios e
combate à criminalidade, com o objetivo de desalojar, dispersar ou movimentar grupos de infratores
da lei. Não atire diretamente em direção às pessoas, ou poderá causar ferimentos
Alcance efetivo: 80 m a 150 m

GL-102 PROJÉTIL DETONANTE - Cal 12

Este projétil possui os mesmos objetivos do GL – 101, a saber, desalojar, dispersar ou


movimentar grupos de infratores da lei.
Alcance: 80 m a 150 m

GL-103 JATO DIRETO LACRIMOGÊNEO - Cal 12

O cartucho calibre 12 GL-103 foi desenvolvido para ser utilizado no controle de distúrbios e
combate à criminalidade. Deve ser disparado a curtas distâncias, com o objetivo de dispersar grupos
de infratores da lei e de evitar o contato físico com o agressor.
ESPECIFICAÇÕES
Alcance efetivo: 3 m

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GL-104 JATO DIRETO PIMENTA – Cal.12

Este projétil possui os mesmos objetivos do GL – 103, a saber, é utilizado em curtas


distâncias com o objetivo de desalojar, dispersar ou movimentar grupos de infratores da lei.
Alcance efetivo: 3 m

9 DIPOSITIVO ELETRICO INCAPACITANTE (DEI)– SPARK Z2.0


A SPARK é um Dispositivo Elétrico Incapacitante, projetado para usar fios ou contato direto
para conduzir energia e afetar as funções sensoriais e/ou motoras do sistema nervoso. Em suma, tal
dispositivo busca neutralizar a capacidade neuromuscular dos indivíduos com baixas cargas elétricas.
Constituí arma de menor potencial ofensivo que, uma vez usada de maneira correta, não provoca
óbito. Daí a expressão arma não letal.
Também denominado de armamento de lançamento de eletrodos energizados (ALEE), a
SPARK é um equipamento/instrumento de menor potencial ofensivo (IMPO) que visa incapacitar
temporariamente o indivíduo abordado, a fim de que o mesmo seja contido e imobilizado pelo agente
de segurança pública.
A SPARK é um dispositivo elétrico incapacitante que emite pulsos elétricos à distância, a
partir de dois dardos disparados, conectados ao suspeito por meio de fios.

Arma de Condutividade Elétrica ou Armamento de Lançamento de Eletrodos Energizados - ALEE

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A SPARK atua sobre o sistema neuromuscular causando fortes contrações musculares,
neutralizando a capacidade de se auto-determinar, inclusive violentamente.

- Sistema Nervoso Central: Centro de comando – cérebro e espinha dorsal;


- Sistema Nervoso Motor: Transmite informação do cérebro para os músculos (a incapacitação afeta
o Sistema Nervoso Central e o Motor);
- Sistema Nervoso Sensorial: Leva informação para o cérebro (afetado por contato).

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 11 de jul de 2022.

BRASIL. Ministério da Defesa. Caderno de Instrução de Tecnologias Menos que Letal. Disponível em:
http://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/1/820/1/EB70-CI-11.415%20Tecnologia%20Menos%20Letal.pdf

BRASIL. Lei n. 13.060, de 22 de dezembro de 2014. Disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial
ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o território nacional. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13060.htm. Acesso em: 25 de jul. 2022.

BRASIL. Ministério de Estado da Justiça. Secretaria de Direitos Humanos. Portaria Interministerial n 4.226,
de 31 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública.
Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/integra-portaria-ministerial.pdf. Acesso em: 25 de jul. 2022.
ONU. Resolução 39/46 de 1984, de 10 de dezembro de 1984.Convenção contra a tortura e outro tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/tortura/lex221.htm#:~:text=Cada%20Estado%20Parte%20assegurar
%C3%A1%20que%20qualquer%20pessoa%20que%20alegue%20ter,autoridades%20competentes%20do%20
dito%20Estado. Acesso em: 25 de jul. 2022.

ONU. Resolução N. 34/169 de 17 de dezembro de 1979. Código de conduta para os funcionários


responsáveis pela aplicação da lei. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_diversos/onu.html#:~:text=atrav%C3%A9s%20da%20Res
olu%C3%A7%C3%A3o%20n%C2%BA%2034%2F169.&text=Os%20funcion%C3%A1rios%20respons%C3
%A1veis%20pela%20aplica%C3%A7%C3%A3o,que%20a%20sua%20profiss%C3%A3o%20requer. Acesso
em: 25 de jul. 2022.

PARÁ. Conselho Estadual de Segurança Pública (CONSEP). Resolução Estadual n. 202 de 28 de novembro
de 2012. Regulamentação do Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública do Estado do Pará, em
acompanhamento das diretrizes estabelecidas na Portaria Interministerial 4.226 de 31 de dezembro de 2010,
do Governo Federal. Disponível em: https://www.jaderdias.com.br/legisla/estado/dePa13.pdf. Acesso em: 25
de jul. 2022.

PARÁ. Conselho Estadual de Segurança Pública (CONSEP). Resolução Estadual n. 204 de 19 de dezembro
de 2012. Aprova Normas Procedimentais nas ocorrências que resultem letalidade ou lesão corporal
envolvendo os agentes do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social e dá outras providências.
Disponível em: https://www.sistemas.pa.gov.br/sisleis/legislacao/659. Acesso em: 25 de jul. 2022.

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DISCIPLINA: ARMAMENTO E TIRO

CARGA HORÁRIA: 72 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para o manejo,


com eficiência dos diferentes armamentos utilizados na atividade penitenciária.

EMENTA:
Teórica
1. Conceituação e histórico das armas de fogo;
2. Regras de segurança – conduta (estande e individual);
3. Tipos de munição- riscos envolvidos na ação e dinâmica dos confrontos armados;
4. Sobrevivência – riscos envolvidos na ação e dinâmica dos confrontos armados.
Prática
1. Manejo – fundamento do tiro;
2. Desmontagem e montagem das armas;
3. Treinamento básico de tiro (tiro em ação primária, ação dupla e simples, na posição em pé,
ajoelhada e deitada);
4. Treinamento com reação (tiro rápido sacando a arma do coldre com alvo à frente, à esquerda, à
direita e à retaguarda, dois acionamentos em 2 segundos);
5. Tiro rápido com arma na posição em retenção, 2 acionamentos em 2 segundos;
6. Tiro em movimento;
7. Tiro com troca de carregadores (troca emergencial e troca tática).

29
1. INTRODUÇÃO

A disciplina de Armamento e Tiro é de suma importância na formação daquele que fará a


segurança pública de nossa sociedade. Esta mesma sociedade que o nomeia POLICIAL PENAL e
lhe coloca uma arma de fogo nas mãos espera que este faça dela o uso correto, sem colocar a
sociedade em risco e resguardar as instalações públicas.
Cada vez mais o agente de segurança pública vem se deparando com situações de risco
durante a execução da guarda das instalações penitenciárias e escolta de pessoas privadas de
liberdade, devido ao crescimento da criminalidade que assola nossas cidades. Inúmeros agentes de
segurança pública já perderam a vida no exercício de suas funções pela inobservância de preceitos
fundamentais. Por isso, se faz necessário que este profissional utilize todos os procedimentos
técnicos para garantir, de início, a sua própria segurança e a de terceiros.
É igualmente necessário que formemos uma doutrina de emprego do armamento e de
procedimentos técnicos em ocorrência. Decidir quando e como usar a arma de fogo é tarefa muito
difícil, que cabe a cada operador. Entretanto, esta tarefa será mais fácil se o operador estiver
habituado a tomá-la nas sessões de treinamento e simulações.
As situações que envolvem decisão de uso ou não da arma de fogo são sempre muito
complexas. O Policial Penal deve decidir com base na Lei, no risco a sua vida, na necessidade de
atirar, na suficiência dos seus disparos, nos riscos que estes podem oferecer a terceiros, isso só para
mencionarmos algumas das variáveis. Além disso, ocorrências são momentos de grande tensão e
com pouco tempo para tomada da decisão, por vezes frações de segundo, onde facilmente um erro
pode ser cometido, com consequências que quase sempre serão lamentadas. Daí a importância do
treinamento constante a que o policial deve ser submetido, a fim de que garantir um trabalho feito de
maneira técnica, com qualidade e procedimentos mais automatizados e menos sujeitos a falhas.
O objetivo maior aqui é mostrar que o conhecimento e o domínio de uma arma de fogo, suas
limitações e potencialidades e, principalmente, seu uso correto, são de vital importância para o
operador, assim como são o domínio de técnicas, ferramentas ou instrumentos por qualquer outro
profissional.
Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas. Em mãos treinadas e conscientes as
armas de fogo se tornam instrumentos indispensáveis na sociedade moderna. Quando o Policial usa a
sua arma de fogo ele não pode errar, vidas dependem de sua atuação, muitas vezes de pessoas não
envolvidas diretamente nas ocorrências.
O porte de arma de fogo pode provocar reações adversas no operador, tais como: medo, poder,
aversão, sensação de segurança etc. Sua utilização vai variar a depender o estado psicológico do
Policial. É necessário sempre avaliar seu próprio estado a fim de evitar incidentes de tiro. A
utilização das armas deve ser feita com exímio cuidado e atenção, principalmente por aqueles
operadores que têm uma convivência e habilidade acima da média. O que se deve ter em mente é que
um fato indesejável é passível de ocorrer a qualquer tempo se medidas preventivas de segurança não
forem efetivamente observadas.

30
2 CONCEITO
O que é uma arma?
Um conceito clássico é “Arma é todo engenho criado pelo homem para causar um ataque ou
proporcionar uma defesa”. Nota-se nessa definição que arma, para o estudo do armamento é todo
engenho criado pelo homem, observando-se também sua utilização: ataque ou defesa, características
prementes a toda arma que iremos estudar.
Não obstante, Recorreremos ao glossário do Decreto n.º 10.030/2019 – Regulamento de
Produtos Controlados – que versa sobre o Regulamento de Produtos Controlados para conceituar
Arma de Fogo como uma arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases,
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidária a um
cano, que tem a função de dar continuidade à combustão de um propelente, além de direção e
estabilidade ao projétil.
Ainda nessa abordagem inicial iremos separar as armas em duas importantes classes:
Armas Próprias: são aquelas criadas com a intenção de serem usadas como arma. Ex: Revólver,
faca de trincheira, pistola, obuseiro etc.
Armas Impróprias: são aquelas que se tornam armas devido ao seu emprego no momento. Ex: Faca
de cozinha, chave de fenda, tranca de madeira, estilete, garrafa de vidro etc.
Incidente de Tiro: Acontecimento indesejado, por vezes inesperado, porém sem danos materiais ou
pessoais.
Tiro acidental: Ocorre sem o acionamento do mecanismo de disparo
Tiro involuntário: Realizado com imprudência, negligência ou imperícia. Há o acionamento do
mecanismo de disparo pelo atirador.

3 PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA
Muito se houve falar de regras de segurança, porém, assim como as leis nascem de
princípios e costumes, no tiro não é diferente. As regras decorrem de princípios (dogmas) de
segurança. Na cartilha de armamento e tiro da polícia federal, disponível no site da própria
instituição, são tratadas 28 normas de segurança que objetivam fornecer ao cidadão informações
superficiais quanto aos fatores que impactam na segurança do que se refere ao uso e posse de armas
de fogo. Como operador de segurança pública, o Policial Penal deve compreender e massificar em
seu entendimento os três dogmas universais de segurança que regulam o uso seguro de armas de fogo
que são:
1) Trate o armamento como se estivesse sempre carregado e destravado;
2) 2) Mantenha sempre o controle de cano;
3) 3) Mantenha o dedo estendido ao longo da armação.

31
Figura 1: Princípios (dogmas) de segurança

Fonte: O autor, 2022.

4 CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO


4.1 QUANTO À ALMA DO CANO
4.1.1 Alma lisa
Cano cujo interior não possui raiamento. No sistema penitenciário paraense, a polícia penal
utiliza a espingarda CBC Pump Military 3.0, calibre 12 GA como exemplar de arma com alma do
cano lisa.
Figura 2: Espingarda CBC Pump Military 3.0

Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos, 2022.

4.1.2 Alma raiada


O cano de alma raiada é aquele cujo interior do cano possui sulcos helicoidais dispostos no
eixo longitudinal destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação além de dar direção e
estabilidade ao projétil.
Figura 3: Corte longitudinal de um cano de alma raiada

Fonte: Academia Nacional de Polícia, 2017.

32
O raiamento pode ser encontrado em duas direções. Quanto a rotação é à direita, chama-se
destrógiro ou dextrógiro. Quando a rotação é à esquerda, chama-se sinistrógiro.

Figura 4: Direções de raiamento

Fonte: Academia Nacional de Polícia, 2017.

4.2 QUANTO À PORTABILIDADE

4.2.1 Arma de fogo não portátil (Decreto nº 10.030, 2019)


As armas de fogo que, devido a suas dimensões ou ao seu peso:
a) precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos,
automotores ou não; ou
b) sejam fixas em estruturas permanentes.

4.2.2 Arma de fogo portátil


As armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportadas por
uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda (Decreto nº 10.030, 2019).

4.2.3 Arma de fogo de porte


As armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com
apenas uma de suas mãos, tais como pistolas, revólveres e garruchas (Decreto nº 10.030, 2019).

4.3 QUANTO AO FUNCIONAMENTO

4.3.1 Repetição
Arma em que a recarga exige a ação mecânica do atirador sobre um componente para a
continuidade do tiro. Ou seja, depende apenas da força muscular do atirador (Decreto nº 10.030,
2019).

4.3.2 Semiautomático
Arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento com exceção do
disparo, exigindo, para isso, novo acionamento do gatilho (Decreto nº 10.030, 2019).

33
4.3.3 Automático
Arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento ocorrem
continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (Decreto nº 10.030, 2019).

4.4 QUANTO AO SISTEMA DE ACIONAMENTO

4.4.1 Ação simples


Arma em que o acionamento do gatilho apenas libera o mecanismo de disparo já previamente
armado.

4.4.2 Ação dupla


Arma em que o acionamento do gatilho arma e logo em seguida libera o acionamento do gatilho.

4.4.3 Dupla ação


É um sistema mecânico complexo em que a mesma arma funcione em ação simples e dupla.

4.4.4 Ação híbrida


Operação de armar o percussor não é realizada completamente ao carregar ou engatilhar a
arma. Sendo necessário o acionamento do gatilho para terminar de armar o mecanismo e liberar o
mecanismo. É o sistema utilizado nos armamentos institucionais Taurus® TS9 e Beretta® APX.
Também chamado de sistema Striker fire.

4.5 QUANTO AO EMPREGO

4.5.1 Emprego individual


Arma que pode ser utilizada por um único indivíduo (Seção de Armamento e Tiro - SAT. Academia
Nacional de Polícia - ANP, 2020)

4.5.2 Emprego coletivo


É aquela arma que necessita de mais de um operador para o seu emprego com pleno
rendimento (Policia Federal, SAT/ANP, 2017).

4.6 QUANTO AO TAMANHO

4.6.1 Armas curtas


São aquelas de pouco peso, dimensões reduzidas, de fácil manejo e porte (Policia Federal,
SAT/ANP, 2017).

4.6.2 Armas longas


São aquelas de dimensões e peso maiores que as curtas, podendo ser portáteis e não portáteis.

34
5. MUNIÇÃO
Conjunto de cartuchos, projéteis e outros artefatos explosivos. O cartucho é compreendido
como artefato uno, utilizado para carregamento disparo com o uso de uma arma de fogo. Geralmente
formado pela união de estojo, propelente (pólvora), espoleta e projétil (Policia Federal. ANP, 2017).
Figura 5: Partes de um cartucho de fogo central

Projétil jaquetado

Propelente (pólvora)

Estojo

Espoleta

Fonte: IT 61/Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), 2013.

Figura 6: Partes de um cartucho para armas de alma lisa

Fonte: RITTMAN, 2021.

35
5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MUNIÇÕES
5.1.1 Letal

Aquela que emprega a energia cinética proveniente do deslocamento da massa de seu projétil
em alta velocidade para a penetração e o rompimento estrutural do alvo, produzindo lesão perfuro-
contundente potencialmente mortal no alvo vivo (Policia Federal. SAT/ANP, 2020).

5.1.2 Menos Letal

Aquela que emprega a energia cinética proveniente do deslocamento da massa de seu projétil
em alta velocidade para a produção de lesão contundente não letal no alvo, desde que usada dentro
dos parâmetros especificados pelo fabricante (Policia Federal. SAT/ANP, 2020).

5.1.3 Industrial

É aquela que possui a aparência externa de uma munição letal ou menos letal, mas que é, na
realidade, completamente inerte, ou seja, que não contém espoleta com mistura iniciadora em seu
interior e tampouco o propelente. Também pode ser utilizada uma munição em polímero, com as
mesmas dimensões da munição real (Policia Federal. SAT/ANP, 2020).

5.2 ESTOJO

Os estojos podem ser confeccionados por materiais metálicos ou não. Quando metálicos,
geralmente são fabricados com latão em formato cilíndrico, cônico ou de corpo cônico com gargalo
cilíndrico (modelo garrafa). Já os não metálicos possuem corpo feito de material plástico ou papelão,
permanecendo sua base metálica que se faz necessária para uma boa vedação da câmara de explosão
no momento do acionamento do cartucho.

5.3 PROJÉTIL

Projétil, de forma ampla, é qualquer corpo sólido passível de ser arremessado. Em se tratando
de munições, é a parte do cartucho que será lançada através do cano. Pode ser chamado de bala ou
ponta (Policia Federal. SAT/ANP, 2020). O termo ‘bala’ surgiu do termo grego βάλλω (lê-se: Balo)
que significa arremessar, jogar, atirar. Sendo assim, a nomenclatura ‘bala’ surgiu em virtude do
projétil ser o objeto a ser arremessado ou jogado durante o acionamento da arma de fogo.
Formado por ponta, corpo e base. O projétil quanto ao material tem inúmeras composições e
variações de tamanho, formato, calibre, peso e revestimento. Para melhor entendimento,
classificaremos os projéteis em 3 grandes grupos: Chumbo, jaquetados e mistos. Lembrando que
existem inúmeras outras classificações.

36
Figura 7: Partes de um projétil
Ponta

Corpo

Base

Fonte: O autor, 2022.

5.3.1 Projétil de chumbo


Geralmente utilizados em munições de baixa pressão e velocidade, sua composição mais
usual é uma liga metálica composta por aproximadamente 90% chumbo, 8% antimônio e 2%
arsênico, o que dá a este a dureza necessária para que não se despedace durante o deslocamento no
interior do cano do armamento.

5.3.2 Projétil jaquetado


Compostos normalmente por uma liga de 98% chumbo e 2% de antimônio em composição.
Recoberto por uma fina camada metálica de baixa dureza que atua como metal de sacrifício durante
o processo de balística interna e externa.

5.3.3 Projétil Misto


Tem composição que busca combinar características úteis de vários tipos de projéteis. Como
por exemplo o alto índice de expansão do projétil de chumbo e a capacidade de uso em munições de
alta pressão como os projéteis jaquetados.
Figura 8: Projétil misto ou semi jaquetado

Fonte: O autor ,2022.


5.3.4 Tipos de ponta
O formato da ponta do projétil altera substancialmente seu comportamento e trajetória
balística, bem como a capacidade incapacitação do alvo. Projéteis expansivos trazem consigo a
promessa de, com sua expansão, proporcionar um aumento de área de contato com o corpo atingido,
ocasionando uma maior transferência de energia entre projétil-alvo. Conteúdo que será tratado mais
detalhadamente em noções de balística.

37
Figura 9: Tipos de pontas

Fonte: CBC, 2018.

5.4 ESPOLETA
Recipiente instalado na base do estojo, que contém uma determinada quantidade de mistura
química iniciadora. Em cartuchos de fogo central, é disposta exatamente ao centro da base do estojo.
Já em cartuchos de fogo circular, é disposta em formato na aba lateral do estojo (aro), também
conhecida como espoleta anelar.
Figura 10: Diferença entre fogo central e fogo circular

Fonte: CBC, 2016.

Figura 11: Componentes da espoleta de fogo central

Fonte: Policia Federal, SAT/ANP, 2020.

38
5.5 PÓLVORA

Composto químico que forma um tipo de propelente que, iniciado pela ação de uma chama,
causa a expansão de gases, que por sua vez arremessam o projétil à frente. Pode ser dividida em
pólvora negra e pólvora química. Atualmente o tipo de pólvora mais utilizado é a química por
diversos fatores. Dentre os fatores do uso da pólvora química estão o maior controle na sua
velocidade de queima em virtude da industrialização do processo de produção e a opção de
adaptação às necessidades do operador, como o exemplo da pólvora sem fumaça.

6 NOÇÕES DE BALÍSTICA

O Policial Penal, no exercício de suas atribuições, tem como um de seus instrumentos de


trabalho a arma de fogo. Para que o uso de tal ferramenta seja adequado aos padrões exigidos pela
sociedade faz-se necessário a compreensão de noções básicas sobre balística. Etimologicamente, de
forma resumida, trata-se de um ramo da física, mais especificamente da mecânica, que estuda a
movimentação no espaço de diferentes tipos de projéteis, além de estudar seu comportamento dentro
da arma de fogo, bem como seu resultado no corpo atingido.
Academicamente a balística é dividia em vários grupos. Dentre os existentes, os que mais
interessa ao operador são a balística interna, a balística externa e a balística terminal. Há ainda uma
quarta classificação que não nos interessa no momento, mas a título de conhecimento é interessante
saber, que se chama balística de transição.

6.1 BALÍSTICA INTERNA

Divisão da balística responsável por estudar os fenômenos que ocorrem no interior do cano
da arma de fogo. Começa no estudo da detonação da espoleta até o momento em que o projétil sai da
boca do cano. Também estuda as características e funcionamento das armas.
O entendimento de alguns termos técnicos é necessário para que se firme o entendimento dos
fatos que compõem a mecânica do disparo. O conceito de percussão preconiza que ao acionar o
gatilho, o percussor, impulsionado pelo mecanismo de disparo, atinge a espoleta realizando a sua
iniciação que consequentemente dará início à queima do propelente.
A queima do propelente gera uma quantidade expressiva de gases que, em virtude da pressão
ocasionada pelo confinamento, geram uma força motriz que inicia o voo livre do projétil até que se
tome o raiamento. Em contato com o raiamento, o projétil inicia um movimento de rotação em
torno do próprio eixo, o que lhe dá aceleração e consequentemente estabilidade em sua trajetória.
Após a saída do projétil da boca do cano, há o escapamento de gases que, seguindo a
terceira lei de Newton (ação e reação), gera uma força contrária da mesma intensidade que moveu o
projétil, denominada recuo. Vale lembrar que o conceito de recuo não deve ser confundido com
chicotada, que é o movimento harmônico decorrente da explosão do propelente.

39
6.2 BALÍSTICA EXTERNA (OU EXTERIOR)
Divisão da balística responsável pelo estudo do deslocamento do projétil desde sua saída do
cano até o momento em que atinge o seu alvo (SAT/ANP, 2020). Alguns fatores como temperatura,
pressão atmosférica, força gravitacional e massa do projétil influenciam nesse voo até o alvo.
Durante o estudo da trajetória de um ou mais projéteis, é necessário observar sua velocidade e ângulo
de tiro. Também não se pode negligenciar conceitos como linha de mira, linha de visada e linha de
tiro.
- Linha de mira: é a linha reta desde o olho do atirador, que ultrapassa a alça de mira e segue até a
massa de mira;
- Linha de visada: é o prolongamento da linha de mira até o alvo;
- Linha de tiro: é a linha reta imaginária que une o cano da arma ao alvo.
Figura 12: Linha de mira, tiro e visada

Fonte: O autor, 2022.

6.3 BALÍSTICA TERMINAL (OU DE EFEITOS)


Divisão da balística que estuda o efeito do projétil em seu ponto de impacto, considerando,
dentre outros fatores, os diferentes tipos de projéteis que representam resultados balísticos terminais
diferentes (ogival, ponta oca etc). Testes em gelatina balística servem apenas para pesquisadores, não
representando necessariamente os reais efeitos no corpo humano (SAT/ANP, 2020).
Quando se trata dos efeitos do projétil no corpo humano, há um termo que vem sendo empregado
que se chama Balística do Caos por se tratar de um sistema instável e dinâmico que se altera a cada
alteração de suas condições iniciais. (NETO, 2020)

6.3.1 Poder de parada X Poder de incapacitação


O poder de parada, ou stopping power, foi definido por Evan P. Marshall e Edwin J. Sanow
no livro Handgun Stopping Power: The definitive study (1992) como sendo a probabilidade de
interrupção imediata da agressão em curso, nos casos em que o agressor fosse atingido uma única
vez no tronco; se estivesse correndo em direção à vítima deveria cair num espaço de três metros de
onde recebeu o impacto do tiro.
Entretanto não é possível determinar se o estudo teve de fato um método científico realmente
consistente, tendo em vista que para tal mensuração seria necessário a inclusão de relatórios legistas,
descrição exata da localização da entrada de projéteis e sua trajetória no corpo, além de

40
acompanhamento de necropsias, o que na realidade não houvera registros. Sendo assim o stopping
power é considerado como conceito válido, pela doutrina atual, apenas em casos de execução do tiro
de comprometimento.

6.3.2 Outras considerações sobre balística terminal


O calibre em si deixou de ser o único foco das soluções de defesa. É necessário a real
compreensão sobre a importância principal do local de impacto dos disparos. Métodos engessados
onde se trata apenas de apertar o gatilho e acertar o alvo não tem mais espaço no arcabouço técnico
do bom operador de segurança pública. Algumas variáveis entraram no jogo, em ordem de
importância: Ponto de impacto do tiro, capacidade de penetração do projétil e diâmetro provocado
pela lesão.
Quando se trata de confronto armado, a capacidade acertar os disparos mais rápido possível
com projéteis que tenham capacidade de penetração suficiente para atingir artérias e vasos calibrosos
além de causar danos em órgãos maiores, ocasionando assim o choque hipovolêmico, mostra-se mais
interessante para atingir o objetivo de incapacitação (JUNIOR, 2021).

7. CONHECENDO O ARMAMENTO INSTITUCIONAL


7.1 PISTOLA TAURUS® TS9
Figura 13: Pistola Taurus® TS9

Fonte: Taurus, 2022.


Calibre: 9x19mm
Capacidade: 17+1
Sistema de acionamento: Striker Fire (ação híbrida)
Sistema de funcionamento: semi automático

41
7.1.1 Manutenção de primeiro escalão
A manutenção da sua arma é primordial para garantir o bom funcionamento do mecanismo.
Recomenda-se manutenção com limpeza e lubrificação a cada 15 dias, ou sempre que forem
efetuados disparos. Para desmontagem da pistola TS9 o procedimento é simples, basta seguir o passo
a passo:
1) Aponte sua arma para uma direção segura;
2) Mantenha o dedo fora do gatilho;
3) Pressione o botão do retém do carregador;
4) Remova o carregador;
5) Com o dedo fora do gatilho, puxe o ferrolho para trás, abrindo o mecanismo e mostrando a câmara
vazia. Levante o retém do ferrolho fazendo com que pare na posição aberta;

6) Após aberta a arma, inspecione visualmente e fisicamente se a câmara e o alojamento do


carregador estão vazios;
7) Fechar o ferrolho, puxando-o para trás e soltando assim que o retém baixar;
8) Mantendo a arma apontada para uma direção segura, puxar o gatilho. Puxar o ferrolho para trás
aproximadamente 3 mm, simultaneamente com o polegar, apertar a alavanca de desmontagem dentro
do guarda mato. Deslocar o ferrolho todo para frente, e logo após puxar para cima;

42
9) Remova o ferrolho do punho;

10) Retire o conjunto da mola recuperadora de sua posição, e em seguida remova o cano puxando-o
para cima e para trás;

Para limpeza utilize o kit de manutenção de armamento. Primeiramente aplique o solvente de


pólvora, deixe agir por 1 minuto e após isso esfregue com a escova de crina. Atenção especial na
limpeza dos trilhos e cano. Utilize lubrificantes de forma moderada nas partes móveis da arma. Para
a montagem, basta seguir o passo a passo ao contrário, começando no passo 10 e terminando no
passo 1.

7.1.2 Panes em pistola


Incidentes de tiro, conforme já mencionado anteriormente, podem ser compreendidos como
interrupção de disparos independente da vontade do atirador, o que não anula sua possibilidade de
culpa sobre o ocorrido.
A maioria dos incidentes poderão ser contornados com uma boa manutenção e/ou com
treinamento constante do operador, porém inevitavelmente alguns incidentes poderão ocorrer e,
considerando isso, o policial deve estar preparado para resolvê-los tecnicamente.
Se tratando de panes podemos citar 5(cinco), são elas: Pane seca, chaminé, duplo
carregamento, fechamento incompleto do ferrolho e ferrolho trancado. Essas nomenclaturas poderão
ser relativizadas, pois há outras formas de nomear o mesmo problema.
Pane seca – Ocorre quando durante o ciclo de carregamento o cartucho não foi corretamente
inserido na câmara ou “negou”. A nega ocorre quando mesmo com o acionamento do gatilho não há
a realização do disparo por falha na iniciação do cartucho. Correção: Execução da técnica Tap, Rack
and Bang.

43
Vale lembrar que o Tap Rack and Bang é uma técnica de ação imediata que não fará uma
investigação precisa da causa da pane e, portanto, não será eficaz para todas as situações. Em uma
pane chaminé, por exemplo, esta técnica não garantiria que a ejeção do estojo que está impedindo o
funcionamento da arma, o que pode provocar a indução a uma pane de dupla alimentação.
Figura 14: Técnica Tap, Rack and Bang

Fonte: VASCONCELOS, 2016.

Chaminé – A pane chaminé ocorre, predominantemente, quando há uma falha na ejeção do estojo
deflagrado e este fica preso durante o retorno do ferrolho. Correção: Girar a arma com a janela de
ejeção virada pra baixo e manobrar o ferrolho com energia. Também é possível a solução através da
técnica de raspagem que consiste em bater no estojo vazio e ciclar o ferrolho para realizar um novo
carregamento da arma
Figura 15: Pane Chaminé.

Fonte: O autor, 2022.

44
Figura 16: Técnica de raspagem para solução de panes.

Fonte: VASCONCELOS, 2016.

Duplo carregamento – Causada por uma falha de apresentação ou no carregamento da arma, há


ainda um estojo na câmara que não foi devidamente extraído aliado a um novo cartucho que não
conseguiu carregar a arma devido a obstrução narrada.
Neste momento estamos diante da pane mais perigosa para o policial e que requer maior grau
de conhecimento para sua solução. Cuidado! Aqui o Tap, Rack and Bang não funciona! Correção:
Abrir a arma, retirar o carregador, desobstruir a câmara e recarregar a arma.

Figura 17: Pane de duplo carregamento.

Fonte: O autor, 2022.

Fechamento incompleto do ferrolho – Ocorre quando o ferrolho não fecha corretamente após o
carregamento, o que impede a realização do disparo. Correção: Pancada no fundo do ferrolho ou,
em caso de falha na ação, utilizar o Tap, Rack and bang.

Ferrolho Trancado – Quando por problema de extração ou também “embuchamento” do cartucho


dentro da câmara de explosão, o ferrolho não abre para realização do ciclo de recarga. Correção:
Segurar o ferrolho com a mão de apoio e, com a mão principal, dar pancadas com a força
aumentando gradativamente, já na posição de empunhadura, até que o ferrolho destrave.

45
Figura 18: Correção da pane de ferrolho trancado.

Fonte: Vasconcelos, 2016.

Vale lembrar que há um procedimento comum em todas as panes. O policial, quanto se deparar com
uma pane em seu armamento, obrigatoriamente deve: 1) Procurar abrigo; 2) Identificar a pane; 3)
Escolher a forma correta para solução do problema; 4) Solucionar o problema da forma mais rápida
que conseguir; 5) Retornar para o confronto.

7.1.3 Condições de uso em serviço


A pistola durante o serviço poderá estar de duas formas, segundo a Portaria nº 576/2021 –
GAB/SEAP/PA.

No interior do bloco carcerário: É expressamente proibido a utilização de armamentos e munições


letais dentro do bloco carcerário, salvo nos casos de intervenções necessárias, procedimentos de
revista geral da unidade e operações coordenadas pela SEAP, devidamente deliberadas pelo
Secretário e/ou Diretor da Diretoria de Administração Penitenciária – DAP, onde será levado em
consideração o grau de necessidade do uso do respectivo armamento.

Em demais ambientes (externo ou escolta): Arma municiada, carregada e destravada no coldre de


perna ou cintura compatível.

7.2 ESPINGARDA CBC® MILITARY 3.0


Figura 19: Espingarda CBC® Pump Military 3.0 – Parte 1/2

Fonte: CBC, 2018.

46
Figura 20: Espingarda CBC® Pump Military 3.0 – Parte 2/2

Fonte: CBC, 2018.


Calibre: 12 GA
Capacidade: 5+1 (cano 16”)
Sistema de acionamento: Ação simples
Sistema de funcionamento: Repetição por bomba

A espingarda Military 3.0, bem como as demais armas com alma do cano lisa, segue os
princípios de Gauge (GA) para determinação do calibre do armamento. O sistema Gauge é baseado
em pesos de esferas de chumbo. Imagine uma esfera de chumbo de 1 libra (453,6 gramas), o calibre
12 Gauge é o calibre de um cano em passe exatamente uma esfera de chumbo que pese 1/12 libras, o
equivalente a uma esfera de chumbo de 18,53mm. Ou seja, 12 esferas que juntas somem 1 libra
completa. Quanto maior o número de gauges, menor o calibre do cano.
Figura 21: Sistema Gauge de medida

Fonte: State of New Jersey, 2014.

47
7.2.1 Manutenção de primeiro escalão
A manutenção de primeiro escalão é procedimento obrigatório para o bom funcionamento do
armamento institucional. Seguindo os critérios estabelecidos na Portaria n.º 576/2021 –
GAB/SEAP/PA, sua periodicidade é definida em pelo menos 15 dias. Ou seja, no máximo a cada 15
dias é necessário que seja realizada uma manutenção de primeiro escalão no armamento a fim de
garantir sua conservação em condições de pronto uso. O procedimento para a realização da
manutenção de primeiro escalão na espingarda Military 3.0 é a mais simples dentre todos os
armamentos institucionais, basta seguir o passo a passo:
1) Com a arma desmuniciada e travada, certifique-se que não há cartucho na câmara ou depósito;
2) Com a arma sobre a bancada, movimente a telha para frente;

Figura 22: Passo 1 - Desmontagem da Espingarda CBC® Pump Military 3.0

Fonte: O autor, 2022

4) Remova o bujão do depósito girando-o no sentido anti-horário;


Figura 23: Passo 2 - Desmontagem da Espingarda CBC® Pump Military 3.0

Fonte: O autor, 2022

48
5) Retire o cano, puxando-o para frente.
Figura 24: Passo 3 - Desmontagem da Espingarda CBC® Pump Military 3.0

Fonte: O autor, 2022


Após a desmontagem, deve-se proceder com a limpeza do equipamento. Para tal é necessário
limpar da câmara para a boca do cano, removendo todo e qualquer resíduo utilizando as escovas de
crina e de latão. Após a limpeza com as escovas, finaliza-se a limpeza com a utilização de panos
secos até que saiam sem resíduos.
Atenção: é necessário um cuidado especial para com a limpeza da parte do cano que aloja a trava do
ferrolho.
Figura 25: Ponto de atenção na limpeza da Espingarda CBC® Pump Military 3.0.

Fonte: O autor, 2022.

O procedimento de montagem é tão simples quanto o de desmontagem. Com a arma


posicionada de maneira que o tubo do depósito fique posicionado para cima, desloque a telha até que
a frente do ferrolho fique no centro da janela de ejeção.
Figura 26: Passo 1 - Montagem da Espingarda CBC® Pump Military 3.0

Fonte: Fonte: O autor, 2022

49
Após isso, insira o cano, observando o encaixe da tampa do bujão e rosqueie a tampa do
bujão.
Figura 27: Passo 2 - Montagem da Espingarda CBC® Pump Military 3.0.

Fonte: O autor, 2022.

7.2.2 Condições de uso em serviço


A espingarda calibre 12 GA é a arma mais importante do dia a dia do Policial Penal, por
sua versatilidade e possibilidade do uso de tecnologias menos letais, seu uso é permitido em todos os
ambientes da unidade, como também em operações externas, desde que observadas as disposições da
Portaria n.º 576/2021 – GABINETE/SEAP/PA.
Nas áreas de manejos dos custodiados(as), as espingardas de calibre 12 GA, deverão ser
utilizadas apenas com munição de elastômero, sendo expressamente vetado o emprego de
munição letal;
Já para missões externas e/ou em outros ambientes, a espingarda deverá ser utilizada
municiada, descarregada e travada em bandoleira compatível;

50
7.3 CARABINA IMBEL IA2
Figura 28: Carabina Imbel® IA2.

Fonte: Imbel, 2019.

Calibre: 5,56 NATO


Capacidade: 30+1
Sistema de acionamento: Ação simples
Sistema de funcionamento: semi automático

7.3.1 Manutenção de primeiro escalão

Para realização de primeiro escalão na Carabina IMBEL IA2, é necessário seguir um fluxo de
procedimentos definidos pelo fabricante. O passo a passo deve ser seguido para realização do
procedimento corretamente.

Desmontagem Carabina IMBEL IA2


1) Retirar o carregador pressionando o retém do carregador:

51
2) Retirar o carregador pressionando para frete a alavanca do retém do carregador:

3) Retirar o pino da armação:

52
4) Retirar a tampa da caixa da culatra com o conjunto ferrolho-impulsor do ferrolho:

5) Retirar e separar a tampa da caixa da culatra e o conjunto impulsor do ferrolho:

53
6) Retirada do pino do percussor:

7) Retirar o percussor com sua mola:

54
8) Retirar o pino do ferrolho:

9) Retirar o ferrolho:

55
10) Retirar o pino do guarda-mão:

11) Desencaixar o guarda-mão da luva de fixação do cano realizando um movimento linear à frente:

56
12) Retirar o corpo do guarda-mão superior:

13) Desencaixar a parte superior do guarda-mão:

57
14) Retirar o corpo inferior do guarda-mão:

15) Retirar o isolador do guarda-mão:

58
16) Retirar o cilindro de gases, êmbolo e mola do êmbolo:

17) Desmontagem em 1º escalão:

Fonte: Brasil. Ministério da Defesa. Exercito Brasileiro, 2017.

59
A limpeza deve ser realizada em todo o armamento, com atenção em especial às canaletas e
guias do sistema do ferrolho e da caixa da culatra.

Para montagem, basta seguir o passo a passo de desmontagem em ordem inversa ao


procedimento que foi realizado. A simplificar, segue a lista de passos:
1ª etapa: colocar o cilindro de gases, êmbolo e mola do êmbolo;
2ª etapa: colocar o obturador do cilindro de gases;
3ª etapa: colocar o isolador do guarda-mão;
4ª etapa: colocar o corpo do guarda-mão inferior;
5ª etapa: colocar o corpo do guarda-mão superior;
6ª etapa: encaixar o guarda-mão da luva de fixação do cano;
7ª etapa: colocar o pino do guarda-mão;
8ª etapa: colocar o ferrolho;
9ª etapa: colocar o pino do ferrolho;
10ª etapa: colocar o percussor e a mola do percussor;
11ª etapa: colocar o pino do percussor do impulsor do ferrolho;
12ª etapa: colocar a tampa da caixa da culatra e conjunto ferrolho-impulsor do ferrolho;
13ª etapa: colocar o pino da armação.

7.3.2 Condições de uso em serviço


Municiada, carregada e travada em bandoleira compatível.

8 FUNDAMENTOS DO TIRO

A observância a todos os fundamentos do tiro é essencial para um primeiro contato seguro,


porém desde já o policial deve ter a consciência que nem sempre todos os fundamentos estarão
satisfeitos, então é necessário ter em mente que nenhum fundamento é absoluto.
A saber, o tiro possui 5 fundamentos, são eles:
1. Posição do corpo;
2. Empunhadura;
3. Visada;
4. Respiração;
5. Acionamento do gatilho.

8.1 POSIÇÃO DO CORPO

Para o tiro policial o operador deverá, sempre que possível e viável, optar pela posição
Weaver modificada, por fornecer uma boa base de pernas e estabilidade para realização do tiro
estático.

60
Figura 29: Posição Weaver Modificada

Fonte: Quora (2022)

A posição Weaver modificada é a mais utilizada para a realização do tiro visado. O pé


esquerdo fica meio passo à frente, ombros ligeiramente alinhados e pés voltados para frente. Além de
proporcionar uma posição confortável para o tiro, também ajuda a manter o colete balístico numa
posição em que seja mais efetivo na proteção do tronco do operador.

8.2 EMPUNHADURA

A empunhadura deve seguir alguns preceitos básicos. Como pegada mais alta e firme
possível, sem apertar a empunhadura com força demasiada. A mão de apoio abarca os três dedos da
mão forte que envolvem o cabo, e em seguida é fechada a empunhadura.
Figura 30: Empunhadura de pistola

Fonte: Taurus, 2022.

61
8.3 VISADA

Alinhar aparelho de pontaria com o alvo. Fixar o olhar no ponto de impacto que se deseja
efetuar o disparo, após isso, trazer o armamento na altura dos olhos, alinhando a visada para a
execução do tiro. Os olhos devem estar completamente abertos. Para os operadores que apresentarem
dificuldade na execução dessa etapa, pode ser feito fechando um pouco o olho não dominante, porém
sem o fechamento total do campo de visão. O alinhamento alça – massa – alvo deverá ser feito
conforme figura abaixo, com massa e alvo levemente ofuscados, enquanto a massa de mira
permanece nítida. Foco na massa!

62
8.4 RESPIRAÇÃO

O controle de respiração é aplicado apenas para tiros de precisão. Quando for aplicada, o
atirador deve realizar uma inspiração normal e, durante a expiração, quando atingir um estágio
confortável (isso ocorre quando aproximadamente 90% do ar dos pulmões foi expelido), segurar a
respiração para efetuar o disparo (SAT/ANP, 2020).
Ainda segundo a Policia Federal SAT/ANP, 2020, o tiro deverá ocorrer no espaço de três a
oito segundos. Transcorrido este pequeno espaço de tempo, o corpo passará a exigir oxigenação, o
que pode causar desde pequenos tremores até o turvamento da visão. Neste caso, o atirador deve
optar por abortar o tiro e recomeçar o procedimento de respiração.

8.5 ACIONAMENTO DO GATILHO

Neste momento o acionamento deve ser gradual e constante. Com a primeira falange do dedo
indicador no gatilho o atirador deve pressionar sem descuidar do alinhamento Alça-Massa-Alvo.
Lembrar sempre de puxar a tecla do gatilho para trás e não para os lados.

9 SOBREVIVÊNCIA URBANA E CONFLITOS ARMADOS

Em tempos de guerra declarada entre Estado e organizações criminosas, a atuação do Policial


Penal é primordial para o controle da segurança pública. O policial deve ter a consciência de que ele
é o responsável direto pelo primeiro esforço em situações em que a própria segurança esteja em risco.
Vale lembrar que o melhor conflito é aquele em que não estamos.
A atenção e a percepção são os maiores aliados do policial em serviço e na folga. É
necessário estar sempre em condições de ofertar uma reação ou mesmo antecipar uma ação ou
evasão frente a determinado conflito. O policial deve buscar sempre observar o ambiente em que se
encontra e traçar rotas mentais de reações, para que sua decisão, se necessária, seja rápida e precisa.
Ao visualizar um suspeito, o primeiro ponto de atenção deverá ser as mãos do indivíduo ou
integrantes do grupo. Mãos ocultas são perigosas, pois podem conter armas que serão utilizadas
contra o operador. Cuidado com portas, janelas, esquinas ou corredores, fuja do cone da morte.
Ao subestimar o risco, o policial descuida da retaguarda e atua de forma negligente. Ao se expor a
ambiente não observado, o profissional de segurança pública terá uma percepção limitada o que
poderá lhe custar a vida.

63
Figura 31: Ângulo de percepção.

Fonte: EAP, 2019.

Quando sob tensão, nossa capacidade de percepção torna-se limitada. É como quando
dirigimos em alta velocidade: a visão se concentra em um único ponto a frente na estrada. Nada
observamos da paisagem à volta. A tensão da ocorrência produz o mesmo efeito, nossa visão fica
limitada e devemos treinar a superação. Normalmente temos a percepção em ângulo de 180º a nossa
frente direita e esquerda mesmo com o olhar fixo à frente (EAP, 2019).
Estar protegido é defender o corpo das possíveis ou reais agressões, principalmente da
agressão com arma de fogo. Para isso, trataremos do uso de equipamentos e das proteções
disponíveis no ambiente da ocorrência (EAP, 2019).

64
REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019. Aprova o Regulamento de Produtos Controlados. Diário
Oficial da União: Seção 1 - Extra, Brasília, DF, p. 1, 30 set. 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-
/decreto-n-10.030-de-30-de-setembro-de-2019-219207086. Acesso em: 24 jul. 2022.

BRASIL. Decreto nº 10.627, de 12 de fevereiro de 2021. Altera o Anexo I ao Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de
2019, que aprova o Regulamento de Produtos Controlados. Diário Oficial da União: Seção 1 - Extra B, Brasília, DF, p.
1, 12 fev. 2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.627-de-12-de-fevereiro-de-2021-
303712257. Acesso em: 24 jul. 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DA DEFESA. EXÉRCITO BRASILEIRO. Comando de Operações Terrestres. Caderno de


instrução do fuzil de assalto 5,56 IA2. 1. ed. Boletim do Exército nº 11, de 17 de Março de 2017: Comando de
Operações Terrestres, 2017. 65 p. v. 1. ISBN EB70-CI-11.405.

COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS (CBC). ESPINGARDA 12 PUMP MILITARY 3.0 – CANO 16″ –
CORONHA RT. [S. l.]: CBC, 2018. Disponível em: https://www.cbc.com.br/produtos/espingarda-12-pump-military-3-
0-cano-16-coronha-rt/. Acesso em: 24 jul. 2022.

COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS (CBC). Informativo Técnico n.º 61: Munições NTA - Non Toxic
Ammunition. Informativo Técnico n.º 61, Brasília, DF, v. 61, n. 61, p. 1-4, 31 maio 2013. Disponível em:
https://www.cbc.com.br/wp-content/uploads/2018/08/IT-61-Munições-NTA.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS (CBC). Na munição de Fogo Central, a espoleta é localizada no


centro do estojo. Já no Cartucho de Fogo Circular, a mistura iniciadora se encontra na aba lateral do estojo (aro).
São Paulo, 30 mar. 2016. Facebook: cbcoficial. Disponível em:
https://www.facebook.com/cbcoficial/photos/a.940073682747525/982535468501346. Acesso em: 24 jul. 2022.

COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS (CBC). Pump Military 3.0: Manual de Instruções. CBC, Ribeirão
Pires, SP, v. 01, n. 01, p. 1-18, 30 nov. 2018. Disponível em: https://www.cbc.com.br/wp-
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CUNHA NETO, João da. Balística para Profissionais do Direito. 1. ed. Brasil: Clube dos Autores, 2019. 228 p. ISBN
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MARSHALL, Evan P.; SANOW, Edwin J. Handgun Stopping Power: The Definitive Study. United States of America:
Paladin Pr, 1992. 240 p. ISBN 10: 0873646533 ISBN 13: 9780873646536.

MUNIÇÃO. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: UOL, 2022. Disponível em:
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/munição/>. Acesso em: 24/07/2022.

PARÁ. SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA. Escola de Administração


Penitenciária. Formação Profissional de Agentes Prisionais: concurso Público C-199. Texto base, Belém, PA, n. 1, p.
251-289, 4 maio 2020. Disponível em: https://www.seap.pa.gov.br/sites/default/files/livro-textobase_c199-
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PARÁ. SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA. Portaria n.º 576, de 27 e maio de


2021. Diário Oficial do Estado, 02 de junho de 2021.

65
POLÍCIA FEDERAL. SEÇÃO DE ARMAMENTO E TIRO. ACADEMIA NACIONAL DE POLICIA. Cartilha de
Armamento e Tiro. Brasília, DF: Polícia Federal, 2017. Disponível em: https://www.gov.br/pf/pt-
br/assuntos/armas/cartilha-de-armamento-e-tiro.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

POLÍCIA FEDERAL. Comissão Nacional de Credenciamento de Instrutor de Armamento e Tiro - CONAT. Síntese de
temas para avaliação de capacidade técnica. Brasília, DF: Polícia Federal, 2020. Disponível em:
https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/armas/instrutores-de-armamento-e-tiro/orientacao-para-credenciamento/sintese-de-
temas-para-avaliacao-de-capacidade-tecnica-30-12-2020.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

QUORA. [S. l.: s. n.], 2020. Disponível em: https://www.quora.com/What-are-the-guns-with-simple-but-also-cool-


looking-designs. Acesso em: 24 jul. 2022.

RITTMAN, Matt, How a shotgun works. Direção: Matt Rittman. Produção: Matt Rittman. YouTube: [s. n.], 2021.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=21uh28Z77Xg. Acesso em: 24 jul. 2022.

SILVINO JUNIOR, João Bosco. Balística Aplicada aos Locais de Crime. 3ª. ed. Campinas, SP: Millennium Editora,
2021. 224 p. ISBN 978-65-990377-9-5.

STATE OF NEW JERSEY (New Jersey, USA). NJ Div. of Fish and Wildlife. NJ Hunter Education Manual Chapter 7:
Shotguns & Shotgun Shooting. NJ Hunter Education Manual, Official Site of the State of New Jersey, USA, v. 7, n. 1,
19 fev. 2014. NJ Hunter Education Manual, p. 3. Disponível em: https://nj.gov/dep/fgw/pdf/hunted/chapter_7.pdf.
Acesso em: 29 jul. 2022.

TAURUS. TS Series: Manual de Instruções. Taurus S/A, São Leopoldo, RS, v. 01, n. 04, p. 1-116, 30 abr. 2022.
Disponível em: https://taurusarmas.com.br/assets/files/content/downloads/30004775_-_manual_-
_pistolas_ts_trilingue_rev04-2022.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

VASCONCELOS, Cleidson. Armas de Fogo & Autoproteção: Técnicas, Táticas e Procedimentos. 1. ed. Brasil:
Alcance, 2016. 216 p. v. 1. ISBN 8567248310.

66
DISCIPLINA: NOÇÕES DE MONITORAMENTO ELETRÔNICO PARA BUSCA E
RECAPTURA DE FORAGIDOS E EVADIDOS NO ÂMBITO DA POLICIA PENAL

CARGA HORÁRIA: 16 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: capacitar o discente a tomar iniciativas de rastreamento referentes a


casos de ações de recaptura de foragidos e evadidos dotando de técnicas especiais de busca e
recaptura abordando elementos táticos, desenvolvendo a práxis ancorada na legalidade e nos
princípios fundamentais da ética e da manutenção da lei e da ordem.

EMENTA:
1. Apresentação: c) registro no sistema;
a) resoluções; d) envio de sinal ao equipamento;
b) pilares da Central Integrada de e) contato telefônico com a pessoa;
Monitoramento Eletrônico; f) contato telefônico com familiares, amigos,
2. Atendimento: vizinhos e conhecidos da pessoa monitorada;
a) instalação do equipamento de monitoração; g) auxílio do setor de acompanhamento social
b) sensibilização e orientações de uso do e análise de incidentes e de outros setores, se
equipamento; necessário; h) manutenção técnica do
c) encaminhamento para a Central; equipamento, se necessário;
d) cadastro no sistema de monitoramento; i) atendimento pela equipe multidisciplinar;
e) leitura e assinatura dos termos j) relatório de acompanhamento da medida;
3. Encaminhamento: k) ofício de descumprimento ao juiz – PDP;
a) apresentação à instituição; 6. Finalização:
b) inclusão da pessoa; a) desinstalação do equipamento individual de
c) rotina de atendimento; monitoração ao final do prazo da medida;
d) retorno à central, se necessário; b) registro de devolução do equipamento e
4. Circuito fechado de TV: demais materiais no termo de uso do
a) vigilância; equipamento;
b) camadas; 7. Comando de Operações de Busca e
c) intervenção; Recaptura (COBRA):
5. Monitoração: a) portaria;
a) monitoramento (provisório e condenados); b) atribuições
b) tratamento de incidentes;

67
1 INTRODUÇÃO

A presente disciplina traz fundamentos teóricos, conceituais, legislações e normativos


que versam sobre a monitoração eletrônica. São fundamentados e descritos procedimentos,
recomendações, instruções para os serviços de monitoração eletrônica, considerando os
Poderes: Judiciário, Executivo Estadual, Executivo Municipal, bem como a Central de
Monitoração Eletrônica e a Rede de Proteção Social, delimitando papéis, habilidades,
competências e deveres de cada um dos atores.
Tomando como fundamento o Modelo de Gestão Prisional e de Alternativas Penais,
entende-se por monitoração eletrônica:
Os mecanismos de restrição da liberdade e de intervenção em conflitos
e violências, diversos do encarceramento, no âmbito da política penal,
executados por meios técnicos que permitem indicar a localização das
pessoas monitoradas para controle e vigilância indireta, orientados para
o desencarceramento.

1.1 LEIS/DECRETOS E RESOLUÇÕES


Lei nº 12.258;
Lei nº 7.210/84 (LEP);
Lei nº 12.403/11;
Decreto nº 7.627/2011;
Resolução nº 412/2021;
Decreto nº 823/2013;
Resolução nº. 220/2013 – CONSEP.

1.2 DESCREVER OS OBJETIVOS DAS RESOLUÇÕES

 A Lei nº 12.258, que alterou a Lei de Execução Penal nº 7.210/84 (LEP), introduziu a
possibilidade de aplicação da monitoração eletrônica em dois casos estritos:
 Saída temporária ao preso que estiver em cumprimento de pena em regime semiaberto
(art. 146-B, inciso II);
 Quando a pena estiver sendo cumprida em prisão domiciliar (art. 146-B, IV). Ademais,
foram estabelecidos os regramentos mínimos para a aplicação da tecnologia (artigos
146-A a 146-D).
 A Lei nº 12.258/10, também chamada Lei da Monitoração Eletrônica, foi a síntese
primária de vários movimentos no sentido de introduzir e regulamentar a monitoração
eletrônica no ordenamento jurídico.
 A Lei nº 12.403/11 alterou o Código de Processo Penal, admitindo a monitoração
eletrônica como medida cautelar diversa da prisão: IX - monitoração eletrônica. (Lei nº
12.403/2011, Art. 319).

68
 O Decreto nº 7.627/2011 regulamenta a monitoração eletrônica de pessoas,
apresentando pontos específicos que devem ser observados para a execução da Lei nº
12.258/10, bem como da Lei nº 12.403/11, comumente chamada Lei das Cautelares,
que alterou o Código de Processo Penal, admitindo a monitoração eletrônica como
medida cautelar diversa da prisão (artigo 319, inciso IX).
 Resolução nº 412/2021 estabelece diretrizes e procedimentos para a aplicação e o
acompanhamento da medida de monitoramento eletrônico de pessoas.
 Decreto nº 823/2013 homologa a Resolução nº. 220/2013 - CONSEP, de 28 de junho
de 2013.
 Resolução nº. 220/2013 - CONSEP trata da “Instituição e Regulamentação do
Programa de Monitoração Eletrônica de Sentenciados no âmbito do Sistema Estadual
de Segurança Pública e Defesa Social - SIEDS”.

2 MONITORAMENTO

2.1 DA ENTRADA DA PESSOA MONITORADA AO SETOR DE INCLUSÃO

No Programa de Monitoração Eletrônica, a PPL adentra na CIME de 4 maneiras:


1ª – Mandado de Prisão no regime aberto;
2ª – Alvará com medida cautelar de monitoração eletrônica;
3ª – Progressão de regime do semiaberto para o aberto.
4ª – Apresentação espontânea (Quando a PPL toma conhecimento da decisão diretamente
no Fórum).

A PPL adentra na CIME, pelo setor de inclusão, onde o mesmo é responsável pelo
cadastramento de todas as informações no sistema INFOPEN, assim também como nos sistemas de
monitoramento CHRONOS/SAC 24. Tais informações são essenciais para que posteriormente seja
efetivada a análise de retirada do equipamento de monitoração eletrônica.
Segue abaixo as informações que devem constar nos sistemas:
1ª – Dados pessoais.
2ª – Filiação.
3ª – Situação processual (Provisório ou Condenado).
4ª – Jurídico (Preenchido corretamente o número do processo, a Vara responsável e o
artigo).
No ato da entrada da PPL é confeccionada a Declaração de Acolhida do mesmo, na qual devem
constar os dados pessoais do nacional, a data de entrada do apenado e, principalmente, o número do
equipamento que foi posto no monitorado.

2.2 PROCEDIMENTOS DE RECEBIMENTO DE MONITORADOS ORIUNDOS DE UNIDADES


PENAIS E/ OU PROVENIENTES DE DECISÃO JUDICIAL

69
Os Servidores deverão checar se a Pessoa Privada de Liberdade (PPL) que foi beneficiada com
alvará com monitoramento (Provisório) ou progressão de regime para o aberto (Sentenciado), é
realmente a que consta na decisão judicial, através de identificação por fotos, tatuagens, perguntas
pessoais como: referente a filiação, data de nascimento e endereço.
O Servidor deverá analisar o prontuário jurídico do PPL a fim de constatar se a decisão judicial
pertencerealmente ao referido.
O Servidor deverá checar a decisão judicial se está devidamente Pesquisadapela Diretoria de
Execução Criminal (DEC/SEAP), e com carimbo e assinatura do servidorresponsável pela pesquisa.
Assim como também, verificar o ofício interno de apresentação da unidade penal de origem.
O Servidor deverá checar no sistema INFOPEN se a unidade penal de origem do PPL,
executou a transferência do domínio para a unidade penal de destino (no caso a CIME).
O Servidor deverá verificar se o Processo no qual o PPL provisório que foi beneficiado com
alvará monitorado está devidamente cadastrado no modulo jurídico do sistema INFOPEN.
O Servidor deverá verificar se o Processo no qual o PPL sentenciado que foi beneficiado com
progressão de regime para o aberto, está devidamente cadastrado no Módulo Execução do sistema
INFOPEN e caso este procedimento não tenha sido realizado, deverá solicitar ao comandante da
escolta que conduziu o PPL para que o mesmo entre em contato com a unidade penal de origem para
que solicite as devidas providências para o cadastramento da execução do referido procedimento.
Os Servidores devem alimentar o sistema INFOPEN e fazer o cadastro no Sistema de
Monitoramento (SAC24/CHRONOS) assim como também manter a Vigilância Aproximada ao PPL,
até que seja efetuada a instalação e orientação do setor biopsicossocial que dará ciência ao
monitorado quanto ao cumprimento da decisão judicial sob fiscalização de dispositivo de
monitoração eletrônico.

2.3 DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA

Consiste no comparecimento voluntário de uma pessoa no setor de inclusão, munidocom sua


decisão judicial no regime aberto, onde deverá constar na decisão judicial a determinação do uso do
dispositivo eletrônico com fiscalização realizada pela CIME, (ao qual deverá ser encaminhada via e-
mail para DIRETORIA DE EXECUÇÃO CRIMINAL (DEC), para a realização de Pesquisa). Que
após a constatação da Pesquisa, será realizado o procedimento de entrada da PPL no sistema
penitenciário por meio de inclusão no Sistema INFOPEN e o cadastro no Sistema de monitoração
eletrônica (SAC24/CHRONOS). Desta feita, será realizada a instalação do dispositivo eletrônico e
posteriormente encaminhado ao setor biopsicossocial.

2.2 ACOLHIMENTO

A INCLUSÃO de monitorado ao sistema de Monitoração Eletrônica sedá de 3 (três) formas que


são elas: CADASTRO, AGENDAMENTO E INCLUSÃO.

70
CADASTRO: Ocorre quando na decisão judicial o Juiz determina o monitoramento SEM o uso
do dispositivo eletrônico, devendo apenas conduzir a PPL a CIME para efeito de atualização
cadastral e assinatura de termo de responsabilidade, o servidor deverá alimentar os sistemas com
informações pertinentes ao monitorado ao qual NÃO será monitorado eletronicamente pela CIME.
Ficando a cargo da comarca para onde foi declinado a competência.
AGENDAMENTO: Por falta de dispositivo, carregador ou cinta, o servidor agendará uma
determinada data para o monitorado voltar ao CIME para fazer a instalação do dispositivo, que não
deverá ultrapassar 20 (vinte) dias.
INCLUSÃO: O servidor instalará o dispositivo respeitando os requisitos da decisão judicial, no
regime aberto (Preso Sentenciado) será a prisão domiciliar COM monitoramento, (Presos
Provisórios), medida cautelar e audiência de custodia, será a medida cautelar COM
monitoramento.
OBS: Haverá decisões judiciais que o juiz determinará que o monitorado cumprirá o regime
aberto sem a instalação do dispositivo eletrônico.

2.3 CADASTRO NO SISTEMA DE MONITORAMENTO

A pessoa monitorada deverá ser cadastrada no sistema (SAC24 OU CHRONOS),


preferencialmente, por profissional do Setor de Monitoramento. As condições previstas na decisão
judicial devem orientar o cadastro dos dados pessoais dos monitorados, o que inclui proibições,
limites e permissões diversas. Nesta fase, a pessoa monitorada poderá, de modo facultativo,
informar dados pessoais de familiares, amigos, vizinhos ou conhecidos, para viabilizar o tratamento
de eventuais incidentes, limitando-se ao fornecimento de nome, endereço, telefone e tipo de relação
(irmão, mãe, vizinho, etc.).

2.4 INSTALAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MONITORAÇÃO ELETRÔNICA

Após a verificação da Ordem Judicial ao qual determinado o uso do dispositivo


eletrônico e realizado (Careação da PPL, Análise Prontuário Jurídico e INFOPEN) segue-se
para a instalação do equipamento.

71
Figura 1: Instalação do equipamento de monitoração eletrônica

Fonte: Spacecom

2.5 ORIENTAÇÕES À PESSOA MONITORADA

Assim que instalado o equipamento, são feitas orientações para a pessoa monitorada, quanto
aos cuidados em que deve ter com o equipamento, assim como também o carregamento do
dispositivo que deverá ser realizada diariamente, por um período de 3 horas interruptas.
A pessoa monitorada em cumprimento de medida de monitoração deverá receber instruções
verbais e por escrito sobre o uso do equipamento individual de monitoração eletrônica por
profissionais capacitados do Setor de Segurança da Central e, pelo menos, um profissional do Setor
de Análise e Acompanhamento. Esse procedimento inclui a instalação do equipamento e a assinatura
de 02 (duas) vias do “Termo de Acolhimento” pela pessoa monitorada e ao menos um dos profissionais
responsáveis por essa etapa, sendo uma das vias entregue à pessoa monitorada e a outra mantida na
Central justamente com o prontuário jurídico.
A pessoa monitorada é advertida ao estrito cumprimento das medidas cautelares interposta pelo
Douto Juízo competente, medidas essas, que são determinadas na Ordem judicial ao PPL que foi
beneficiado com o uso do monitoramento eletrônico, que podem ser (Recolhimento noturno com
horários estipulados, não se ausentar da comarca, não frequentar bares e casa de show, não fazer uso
de bebidas alcoólicas, não praticar novo delito e etc.).

72
Informa-se que em casos como Maria da Penha (Lei n. 11.340, de 7 de agosto
de 2006) o monitorado, além de cumprir todas essas medidas, será criada
área de exclusão de perímetro determinado pelo juiz, ao qual deverá
estritamente permanecer longe da vítima.

2.6 SETOR BIOPSICOSSOCIAL - SENSIBILIZAÇÃO E ORIENTAÇÕES DE USO DO


EQUIPAMENTO

Além de fornecer as instruções acerca do aparelho, nesta etapa dos serviços, o profissional do
Setor de Acompanhamento Social e Análise de Incidentes deverá assegurar o entendimento da
pessoa quanto às condições e restrições impostas pela medida. Em seguida, este mesmo profissional
deverá orientar e sensibilizar o cumpridor para comparecimento à Central para o acolhimento
(assinatura trimestral da pessoa monitorada que poderá ser de três em três meses). A manutenção da
rotina da pessoa monitorada deve ser observada, evitando que atividades laborais, educacionais,
entre outras, sejam interrompidas.

3 MONITORAMENTO E TRATAMENTO DE EVENTOS

3.1 SETOR DE MONITORAMENTO

O Setor de Monitoração possui funcionamento de 24 horas/ dia é destinado a equipe de


servidores das empresas dos sistemas de monitoramento CHRONOS/SA24, assim como
também composta por Policiais Penais da equipe de plantão. Neste setor são fiscalizados toda
a população de monitorados, através da sinalização de GPS do dispositivo eletrônico, onde são
identificados todos os eventos de cada monitorado. Em caso de descumprimento das medidas
cautelares determinadas pela justiça o servidor que identificar a violação deverá entrar em
contato com o monitorado através do call center (telefonia), ao qual será advertido
verbalmente sobre o descumprimento das normas do monitoramento eletrônico. Vale ressaltar
que em caso de solicitação, via Oficial por autoridade competente, delimitando período de
tempo (data/horário), regiões (endereços) o sistema de monitoramento garante informações
que são capazes de identificar em eventuais incidentes, como em casos investigativos de furtos
ou homicídios ocorridos em localidades onde há suspeitas de que um suposto monitorado
possa ter praticado o crime.

Tratamentos de eventos que são realizados na Monitoração:

 Produzir relatório de violações: Quando o monitorado apresenta constantes


violações, seja de área de inclusão ou dispositivo desligado, será
confeccionado relatório de violações e encaminhado para o e-mail da

73
secretaria, onde será formalizado o Oficio para comunicar o Juízo competente
sobre as eventuais violações;
 Notificação de Violações: Quando o monitorado está apresentando em tempo
real violação, será emitido pelo servidor, através do sistema um comando em
que o dispositivo do monitorado apresentará sinalização de cor (roxa) ou
alerta vibratório, esse comando sinalizará ao monitorado que deverá entrar em
contato com a Base. Somente quando o monitorado entra em contato com a
CIME o mesmo será advertido, orientado e posteriormente será finalizado o
evento.
 Atendimento ao Monitorado via telefone: O servidor que estiver neste posto
de monitoramento deverá atender as ligações realizadas pelos monitorados e
orienta-los sobre todas as dúvidas pertinentes, quanto ao uso do dispositivo.
Haverá também, situações em que o monitorado entra em contato para
informar seu deslocamento para atendimento ou consulta medica (esses casos
são mais frequentes em Prisão Domiciliar com monitoramento no fechado).
Será autorizado pelo servidor, que acompanhará o trajeto do PPL. Que ao
retornar a sua residência deverá novamente, entra em contato com a CIME
para informar que já se encontra em sua residência, é claro que o monitorado
deverá apresentar posteriormente ao setor Biopsicossocial a declaração medica
com a data do fato a fim de se justificar.
 Problemas Técnicos do dispositivo: O servidor ao identificar qualquer
anormalidade na sinalização de problemas técnicos no equipamento de
monitoração eletrônica, para eventuais reparos e substituições deverá entrar
em contato com a pessoa monitorada, que será orientada a retornar à Central de
Manutenção, preferencialmente com data e horário agendado.

4 CIRCUITO FECHADO DE TELEVISÃO - CFTV

4.1 VIGILÂNCIA

A utilização da tecnologia de vídeo monitoramento, em suas 03 (três) camadas, vai


permitir o maior controle das atividades desenvolvidas no sistema penitenciário, possibilitando
o controle e fiscalização de rotinas diárias de internos e servidores do sistema, evitando a
ocorrência de fatos que possam colocar em risco as unidades penitenciárias, fortalecendo o
cumprimento fiel das diretrizes e procedimentos estabelecidos pela secretaria.

• Servidores envolvidos no procedimento: mínimo 04 (quatro) pessoas.


• Os Servidores devem observar frequentemente se os equipamentos estão em correto funcionamento
(transmitindo e gravando imagens).
• Os Servidores devem manter-se atentos aos monitores observando todas as imagenscaptadas pelas câmeras.

74
• Os Servidores devem sempre buscar a aproximação de imagens na busca de detalhes nos equipamentos de
monitoração que contenham tal recurso.
• Os Servidores devem manter sigilo sobre as alterações ocorridas em seu turno, informando sobre elas apenas
ao Gerente de Segurança e ao Supervisor de equipe que irá assumir o plantão posteriormente.
• Os Servidores devem administrar e monitorar a atividade de vídeo monitoramento em suas diversas camadas
(unidades, polos regionais e central).
• Os Servidores devem acompanhar as rotinas diárias nas unidades penitenciárias do Estado.
• Os Servidores devem fiscalizar, na medida do possível, o cumprimento pelas unidades das normas
operacionais e diretrizes estabelecidas pela SEAP conforme Procedimento Operacional Padrão.
• Os Servidores devem informar eventuais fatos e situações que possam colocar em risco a segurança das
unidades penitenciárias objeto de monitoramento.
• Os Servidores devem manter registro em relatório diário e livro de ocorrências de eventuais situações de
relevância observadas, comunicando à Diretoria desta Central Interna de Monitoração Eletrônica, para ciência,
controle e arquivo.
• Caberá ao Corpo Diretivo de cada Unidade Prisional, encaminhar diariamente à DAP e à CIME, um relatório
descrevendo as atividades constatadas por meio do CFTV, segundo modelo anexo. Será permitido o envio de
resumo das referidas atividades, porém, é obrigatória a comunicação formal por meio de Ofício Interno,
constando a assinatura dos membros do Corpo Diretivo da UP, bem como do Supervisor Plantonista e
Policiais Penais responsáveis pelo CFTV, excetuando nos finais de semana, dias facultativos e feriados;
• No CFTV de cada UP será obrigatório constar o nome do Policial Penal responsável, bem como deve ser
registrado na escala de plantão, em livro de ocorrência;
• Incumbirá ao Diretor, permitir que os Policiais Penais de suas respectivas Unidades, realizem treinamento na
CIME, com autorização da DAP e agendamento prévio;
• Os estabelecimentos prisionais ficam expressamente proibidos de proceder qualquer alteração do CFTV,
desligamento e mudança de posição de câmera, sem anuência do órgão central. Em caso de identificação de
problema técnico pela UP, deverá ser imediatamente informado à DAP, à CIME e ao NTI, por meio dos e-
mails e telefones.

4.1.1 Camadas

A estrutura das camadas segue a seguinte disposição:

• Um espaço físico na unidade prisional onde terá uma central recebendo as conexões físicas
das câmeras instaladas na unidade para um equipamento de gravação NVR. (Primeira camada).
• Um espaço físico na área do complexo que irá monitorar todas as unidades que fazem parte
do polo, este por sua vez, receberá o sinal das câmeras através de conexão via fibra óptica conectada
no NVR de cada unidade prisional. (Segunda camada).
• E por último um espaço físico para que será montado o Núcleo de Vídeo Monitoramento.
Neste espaço teremos todos os equipamentos necessários para gravação e visualização em tempo real
das unidades penais do Estado, contemplará também neste espaço, uma sala de crise para possíveis

75
reuniões de emergência e/ou planejamento estratégico. (Terceira camada).
Nota: Algumas unidades não terão a segunda camada, neste caso a primeira camada (Unidade
Prisional) irá se conectar diretamente com a terceira camada (Núcleo de Vídeo Monitoramento).

Figura 2: Organograma das camadas do Núcleo de Vídeo Monitoramento.

Fonte: O autor.

7 COMANDO DE OPERAÇÕES DE BUSCA E RECAPTURA (COBRA)

7.1. PORTARIA

O Comando de Operações de Busca e Recaptura (COBRA), vinculado e subordinado à


Central Integrada de Monitoramento Eletrônico (CIME) da Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária (SEAP) foi instituído através da Portaria n. 74/2022/DGP/GAB/SEAP de 07 de março
de 2022.

7.2 ATRIBUIÇÕES

De acordo com a referida portaria o COBRA tem como atribuições: (Art. 2º):

a) Operar em conjunto com as unidades especializadas da SEAP, entre as


quais o Grupo de Ações Penitenciárias (GAP), o Comando de Operações
Penitenciárias (COPE), o Núcleo de Operações com Cães (NOC) e a
Assessoria De Segurança Institucional (ASI), bem como com a Diretoria de
Administração Penitenciária (DAP), no sentido de realizar levantamento

76
detalhado de informações complementares sobre o apenado evadido ou
transgressor, seus locais de convivência e residência ou domicílio, para uma
execução de gestão inteligente e eficiente de atuação, sem prejuízo de
atuação isolada em caso de necessidade;
b) Atuar em parceria com as demais instituições de Segurança Pública, com
objetivo de alinhar suas operações e condutas pautadas no melhor
desempenho dos interesses do Estado e da coletividade;
c) Realizar operações de busca e recaptura, fiscalização e notificação de
foragidos, evadidos e transgressores do sistema penitenciário, procedendo
diligências necessárias, a fim de colher dados para subsidiar as investigações
e a elaboração de planejamento para a operação de busca e recaptura;
d) Reconduzir ao sistema penitenciário, respeitando o Manual de
Procedimentos, os apenados em situação de quebra das regras de
monitoramento;
e) Promover operações de caráter preventivo dentro e fora do sistema
prisional, realizando levantamento de dados e investigações no que concerne
à evasão ou tentativa de fuga;
f) Agir em escoltas de média e alta complexidade, objetivando a manutenção
da ordem e da disciplina das Unidades Prisionais;
g) Promover, em parceria com a Escola de Administração Penitenciária,
treinamentos periódicos para os integrantes de seu quadro técnico, bem como
para os demais servidores da Secretaria.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional. Manual de gestão para as alternativas penais. 2020.
Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/09/manual-de-gest%C3%A3o-de-
alternativas-penais_eletronico.pdf. Acesso: 26 set. 2022.

BRASIL. Lei n 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso: 26 set. 2022.

BRASIL. Lei n. 12.258, de 15 de junho de 2010. Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), e a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), para prever a possibilidade
de utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica.. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12258.htm. Acesso: 26 set. 2022.

BRASIL. Lei n. 12.403, de 4 de maio de 2011. Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória, demais
medidas cautelares, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12403.htm. Acesso: 26 set. 2022.

BRASIL. Decreto n. 7.627, de 24 de novembro de 2011. Regulamenta a monitoração eletrônica de pessoas


prevista no Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e na Lei n. 7.210, de
11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/decreto/d7627.htm. Acesso em: 26 set. 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n. 412 de 23 de agosto de 2021. Estabelece diretrizes e
procedimentos para a aplicação e o acompanhamento da medida de monitoramento eletrônico de pessoas.
Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4071. Acesso em: 26 set. 2022.

BRASIL. Decreto n. 823, de 06 de setembro de 2013. Homologa a Resolução nº. 220/2013 - CONSEP, de 28
de junho de 2013, do Conselho Estadual de Segurança Pública, que trata da “Instituição e Regulamentação do
Programa de Monitoração Eletrônica de Sentenciados no âmbito do Sistema Estadual de Segurança Pública e
Defesa Social - SIEDS”. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/58851227/doepa-caderno-1-09-
09-2013-pg-5. Acesso em: 26 set. 2022.

BRASIL. Resolução n. 220, de 06 de setembro de 2013. Instituição e regulamentação do Programa de


Monitoração Eletrônica de Senteciados no âmbito do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social -
SIEDS. Disponível em: https://www.segup.pa.gov.br/sites/default/files/consep/resolucao_no_220.pdf. Acesso
em: 26 set. 2022.

PARÁ. Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. Portaria n. 74, de 07 de março de 2022.

78
DISCIPLINA: ESCOLTA ARMADA

CARGA HORÁRIA: 32 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Habilitar os novos agentes de segurança pública com


conhecimentos e técnicas necessários para planeja, exercer e realizar escoltas no Sistema
Penitenciário do Estado do Pará.

EMENTA:
1. Introdução.
2. Escolta.
3. Tipos de escolta.
4. Planejamento de escolta.
5. Condução de custodiados.
6. Embarque e Desembarque de preso.
7. Escolta em embarcações.
8. Escolta em aeronaves.
9. Atuação de grupos especializados.
10. Condução de veículos oficiais
11. Noções de Comboio.
12. Contra emboscada.

79
1 INTRODUÇÃO

No que se refere à administração de estabelecimentos prisionais, o constante crescimento da


população carcerária no Brasil tem resultado em alta demanda pela União e seus Entes Federativos.
O aumento da criminalidade em todas as suas formas resultou no encarceramento de um número
cada vez maior de criminosos que devem pagar por seus crimes. É responsabilidade dos Estados
garantir a manutenção dos direitos e deveres dos Custodiados.
Com isso, os sistemas de segurança pública vêm investindo cada vez mais recursos
financeiros para atender a essa crescente necessidade. Nesse contexto, as administrações
penitenciárias têm buscado qualificar e preparar seus servidores para desempenharem diversas
tarefas de forma especializada e profissional, com o objetivo de melhorar a eficiência de suas
operações.
A necessidade de grandes movimentações e transferências de detentos para outras unidades
prisionais, como oitivas e audiências judiciais, além de tratamento hospitalar, tem se tornado cada
vez mais comum. Nesse contexto, os estados brasileiros estão formando grupos especializados no
âmbito dos quadros operacionais com o objetivo de garantir e manter a ordem dentro e fora dos
estabelecimentos prisionais. Com isso estão sendo criados grupos especializados como: Comando de
Operações Penitenciárias (COPE-PA) Grupo de Ações Penitenciarias (GAP-CE/PA), Serviços de
Operações e Escolta (SOE-SC), Grupo de Escolta Penal (GEP-RN), Grupo Tático de Ações e
Escoltas Penitenciárias (GTAE-GO) e dentre outros cuja as atividades estão voltadas para o sistema
prisional.

2 ESCOLTA

Dentre outros conceitos, a escolta é a atividade destinada à custódia de pessoas ou bens em


deslocamento. É o ato de conduzir alguém ou algo de um local para outro com organização, a fim de
se atingir os objetivos de segurança pré-estabelecidos em planejamento.
A custódia, vigilância e segurança do pacote (VIP’s, custodiados ou bens) é dever dos
policiais envolvidos na execução da escolta, assim como, toda a logística para resguardar que tudo
ocorra dentro do planejado.
A escolta de presos, é o ato de conduzir a pessoa privada de liberdade de um local para outro,
com aplicação, pré-estabelecidas em planejamento. Cada preso necessita dispor de um nível de
proteção, visando inibir atos de fuga, emboscadas e possíveis resgates, além de garantir a proteção e
segurança de todos os envolvidos na escolta. Deve ser realizada por policiais, os quais irão utilizar-se
dos meios disponíveis e necessários para desempenhar essa função. Para isso, deverão ser
empregados veículos, armamentos e equipamentos apropriados, bem como equipamentos de
proteção individual.
Observação: A atividade de escoltas de alta complexidade deverá ser realizada por Unidade
Especializada com o devido treinamento e conhecimento específico para a missão. Exemplo:

80
Dignitários, Presos Faccionados, Material Bélico (armamentos, munições, granadas e etc.) e Escoltas
Interestaduais.

3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLTAS

As escoltas são classificadas dois tipos, escoltas ordinárias são aquelas solicitadas com
antecedência pela autoridade competente, dessa forma, exige o planejamento específico no que se
refere aos recursos logísticos e humanos empregados. E as escoltas extraordinárias, são aquelas
que, pelas informações previamente obtidas, seja pelo setor de inteligência, pelo diretor da DAP ou
pelo secretário da SEAP, representa um alto risco para os Agentes e para o(s) escoltado(s).
A escolta extraordinária é uma atividade que deve ser obrigatoriamente executada por uma
Unidade Especializada, com o suporte irrestrito do setor de inteligência e dos outros órgãos de
Segurança Pública, caso seja necessário. A SEAP possui duas unidades especializadas: o Grupo de
Ações Penitenciárias (GAP) e o Comando de Operações Penitenciárias (COPE).
ORDINÁRIA: é aquela solicitada com antecedência pela autoridade competente, exige o
planejamento específico, normalmente desempenhada pelas unidades prisionais, podendo ser
acionado o Grupo Especializado (GAP, COPE, ASI)
EXTRAORDINÁRIA: é aquela que, pelas informações previamente obtidas, seja pelo setor
de inteligência, diretor da DAP ou secretário da SEAP, representa um alto risco para os Agentes e
para o(s) escoltado(s). Essa atividade deverá, obrigatoriamente, ser executada por uma Unidade
Especializada, Grupo de Ações Penitenciárias (GAP) e Comando de Operações Penitenciárias
(COPE), com o apoio irrestrito do setor de inteligência e dos demais órgãos de segurança pública
caso seja necessário.

4 PLANEJAMENTO DE ESCOLTA

Um planejamento de escolta deve ser entendido como um conjunto de medidas previamente


estabelecidas, visando resguardar a integridade dos operadores e do preso, bem como o sucesso da
missão, visando inibir uma série de potenciais ameaças.
Existem várias questionamentos a serem feitos antes de ser iniciado um planejamento de
escolta, e para isso é preciso identificar potenciais focos de riscos que possam vir a atingir a equipe
de escolta e o preso, pondo em risco o sucesso da missão. Por isso, é necessário reunir o máximo de
informações possível sobre as fontes de hostilidade. Comece identificando a importância ou projeção
da pessoa presa em um cenário hierárquico no "mundo do crime". Considere quem teria motivos para
temê-lo ou odiá-lo. Saber quem ou quais grupos podem atentar contra a sua integridade. Investigue o
histórico de ação violenta desses grupos e quais recursos eles dispõe?
Avalie essas ameaças com probabilidade de se materializarem, isso permitirá definir o nível
de proteção necessária. Lembre-se que a equipe deve estar sempre atenta a todos os possíveis riscos
envolvidos, contudo, não se deve criar situações imaginárias que possam potencializar situações tidas
como normal durante a realização do planejamento e durante a escolta.

81
Todo preso precisa de um nível de proteção, especificamente adaptado para enfrentar os
riscos que pesam contra ele. Nenhuma "atividade de campo" deve ser iniciada sem que essas
indagações tenham sido objeto de discussão e análise. É fundamental entender que a segurança do
escoltado é importante, ainda assim, todas as medidas de precaução devem ser tomadas para
resguardar a sua própria vida, bem como as dos demais operadores que estarão com você.
A finalidade desses estudos é estabelecer um método de atuação para a equipe de policiais
envolvidos, que inclui formar uma oposição eficaz aos eventuais agressores, desencorajá-los da ação
e, em último caso, enfrentá-los com chance de sucesso.

4.1 NÍVEIS DE COMPLEXIDADE

a. Baixa Complexidade: o indivíduo a ser escoltado não deve ser integrante de qualquer facção
criminosa, o preso não deve estar cumprindo uma pena elevada, preferencialmente próxima à
progressão de regime, ter bom comportamento dentro da unidade, dentre outros.
b. Média Complexidade: o preso é integrante de alguma facção criminosa, já tem histórico de
tentativa de fuga da unidade ou de escolta, possui algum incidente relativo a mau comportamento
dentro de unidade prisional, etc.
c. Alta Complexidade: o preso exerce algum tipo de liderança em determinada facção criminosa,
tem uma condenação elevada, o crime cometido causou grande comoção popular, quando a
escolta for interestadual (independente do preso).

4.2 SEQUÊNCIAS DE AÇÕES

I. Recebimento do ofício de requerimento da escolta, documento elaborado pela chefia imediata


(diretor, chefe de segurança, supervisor, etc.) da equipe;
II. Levantamento da vida pregressa do (s) escoltado (s) no Sistema de Informações Penitenciárias
(INFOPEN) e Assessória de Segurança Institucional (ASI);
III. Determinar a quantidade de operadores necessários para realizarem a missão. Essa escolha se
dará de acordo com as informações levantadas junto ao setor de inteligência, indicando o grau de
periculosidade do preso.

Observação: O chefe da equipe deverá fazer uma avaliação no momento da escolta, pois situações
adversas podem, porventura, elevar o grau de complexidade da missão.

4.3 ITENS A SEREM VERIFICADOS

 Verificar periculosidade;
 Tipologia penal;
 Envolvimento em quadrilha ou facção criminosa;
 Poder aquisitivo do Custodiado;

82
 Processos que responde;
 Tempo de condenação;
 Histórico de fugas (em escolta ou unidades prisionais);
 Desafetos (se é ou foi alvo de vingança, ameaças ou tentativa de homicídio);
 Crime de repercussão social;
 Condenado ou provisório;
 Regime de cumprimento da prisão;
 Comportamento disciplinar;
 Existência de comparsas livres ou em liberdade condicional ou foragidos.

4.4 CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAÇÃO DA ESCOLTA

 Abastecimento;
 Pontos de Apoio;
 Rotas de acesso;
 As formas de acesso ao local;
 Rotas alternativas;
 Existência de locais de risco no percurso e nas proximidades do destino;
 A proximidade de residências de parentes, amigos ou comparsas no local de destino;
 Paradas programadas para necessidades fisiológicas, alimentação e pernoite;
 Verificar quantidade de presos a ser escoltados.

4.5 ASPECTOS IMPORTANTES DURANTE A REALIZAÇÃO DAS ESCOLTAS

 Diante de situações fáticas que sinalizem maiores riscos ou ameaças à escolta, verificar a possibilidade de mudança
de data e horário da operação;
 Garantir a confidencialidade das informações da escolta;
 Evitar repetir constantemente a mesma rota para um determinado local;
 Utilização de sirenes, somente em real necessidade.

5 CONDUÇÃO DE PRESOS

Durante todo o procedimento de escolta, o custodiado deverá ser conduzido de forma que,
tanto o preso, quanto a equipe de policiais, estejam inseridos em um ambiente seguro.
Observação: Durante a condução, todo preso deverá estar acompanhado de no mínimo dois Policias.
Condução, é o ato ou meio de conduzir, no caso do policial penal pode-se considerar como sendo
ato de conduzir alguém que esteja sob a sua custódia.

83
Custódia é o ato de guardar, proteger, manter em segurança, e sob vigilância algum bem ou pessoa
que se encontra apreendida, presa, detida ou sob cuidados especiais.

5.1 USO DE ALGEMAS

A Súmula Vinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal - STF, a Súmula pode ser dividida
em diferentes partes de interesse para extrair seu sentido e para a produção de seus efeitos.
Inicialmente, a Suprema Corte cria um critério de licitude geral para o uso de algemas, por
meio do trecho “Só é lícito o uso”. Na sequência, estabelece três hipóteses autorizativas, quais sejam:
1. Em casos de resistência;
2. Fundado receio de fuga;
3. Perigo à integridade física própria ou alheia.

“Há um aspecto subjetivo indicado na Súmula “[...] em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros”, o
que pressupõe que os riscos podem advir da pessoa privada de liberdade ou ainda de outras
pessoas. Além desses contornos de natureza material, a formalização também se destaca devido
à necessidade de registro sobre a motivação da autoridade judicial para tomar a decisão de
utilizar algemas ou outros instrumentos de contenção durante a audiência – “justificada a
excepcionalidade por escrito”. A redação ressalta o princípio da excepcionalidade como requisito
de validade do ato. Por fim, a Súmula estabelece as consequências do uso ilícito de algemas ou
contenções. São de três ordens:
a. “responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade”;
b. “nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere”;
c. “responsabilidade civil do Estado”.

“Entre os precedentes que alicerçam a edição da Súmula Vinculante, o STF realçou que o uso de
algemas produziria efeitos deletérios para o exercício da ampla defesa e contraditório.
Estabeleceu que: “Manter o acusado em audiência, com algema, sem que demonstrada, ante
práticas anteriores, a periculosidade, significa colocar a defesa, antecipadamente, em patamar
inferior, não bastasse a situação de todo degradante.” (HC 91952, Relator Ministro Marco
Aurélio, Tribunal Pleno, julgamento em 7.8.2008, DJe de 19.12.2008.”
“A legislação nacional contém disposições similares. O Decreto Presidencial nº 8.858/2016, que
regula o artigo 199 da Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal (LEP), espelha a redação da
28 Manual sobre Algemas e Outros Instrumentos de Contenção em Audiências Judiciais Súmula
Vinculante nº 11, indicando ser permitido “apenas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros,
justificada a sua excepcionalidade por escrito”37. Além disso, o Decreto estabelece proteção a
grupos específicos, com a vedação de emprego de algemas em mulheres presas “durante o

84
trabalho de parto, no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após
o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada” (art. 3º)”

Observação: Nos casos significativamente excepcionais em que o juiz entenda ser indispensável a aplicação de contenções, é
recomendado que somente seja admitida a aplicação frontal de algemas e sem quaisquer contenções abdominais ou nos
tornozelos.

6 EMBARQUE E DESEMBARQUE DO PRESO

O momento do embarque e desembarque, é considerado uma etapa crítica, pois é neste


momento que ele poderá empreender fuga, ou existir uma tentativa de resgate, principalmente se a
equipe de escolta estiver mal posicionada ou até mesmo distraída.

6.1 SEQUÊNCIA DE AÇÕES DURANTE O EMBARQUE


 Verificar se o preso está algemado corretamente;
 Realizar revista pessoal e nos seus pertences;
 Checar a cela de transporte da viatura;
 Verificar o perímetro, 360°, antes e após o embarque e desembarque do preso.

6.2 SEQUÊNCIA DE AÇÕES DURANTE O DESEMBARQUE


 Atentar para o perímetro do local onde o preso vai desembarcar;
 Atentar para os procedimentos de segurança ao abrir a cela do transporte da VTR;
 Cerificar se as algemas ainda permanecem de forma segura antes do desembarque do preso;
 Conduzir o preso segurando-o e sempre em número superior de agentes.

Observação: Falhas durante check-list do material. A falta de atenção durante o embarque e


desembarque do preso, podem colocar em risco o andamento da missão, como por exemplo, não
verificar as algemas, e não verificar a cela da viatura, itens como, rádios comunicadores,
instrumentos de menor potencial ofensivo, ofícios e documentação referente a escolta, dentre outras
relativas aos procedimentos, podem colocar em risco o êxito da missão.

7 TIPOS DE ESCOLTAS

Saber os tipos de escoltas e suas peculiaridades, o ponto chave para que o policial penal
execute uma escolta com êxito. É primordial saber identificar as situações adversas que, por hipótese,
venham gerar algum tipo de risco durante a escolta. Conhecer os tipos de escolta de presos
proporciona ao policial a oportunidade de poder se antecipar a possíveis ameaças. Existem diversos
tipos de escoltas como: hospitalar, transferências, audiências, velórios, em aeronaves e em
embarcações.

85
7.1 ESCOLTA EM RODOVIAS

São escoltas onde um ou mais veículos deslocam-se com uso de técnicas apropriadas de um
ponto para outro.

7.2 ESCOLTA EM EMBARCAÇÕES

É a modalidade destinada à condução de custodiados em embarcações públicas ou privadas


devido as condições geográfica de algumas regiões do Estado do Pará.

Observação: Por medida de segurança, quando necessário utiliza-se algemas de três pontos para
reduzir os ricos de fuga do custodiado.

7.3 ESCOLTA AEREAS

7.3.1 Escolta aérea em aeronaves do estado


São escoltas realizadas com o apoio das aeronaves do Grupamento Aéreo de Segurança
Pública (GRAESP).

7.3.2 Escolta aérea em aeronave civil


A escolta em aeronaves civil é regulamentada pela Resolução de n.º 461, de 25 de janeiro de
2018 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Em seus artigos dispõe:
Art. 63. O transporte aéreo de passageiro sob custódia deverá ser coordenado
pelo órgão responsável pela escolta com o operador do aeródromo, o
operador aéreo e a representação da Policia Federal - PF, visando estabelecer,
de acordo com as necessidades da equipe de escolta, as medidas e
procedimentos especiais de segurança para embarque e desembarque, bem
como de conduta a bordo da aeronave.
§ 1º Com anuência formal da PF os procedimentos a cargo desta, previstos
nesta Seção, poderão ser realizados por órgão de segurança pública.
Art. 64. A equipe de escolta deve identificar-se aos funcionários da
representação da PF para o aeródromo e aos funcionários do operador aéreo e
apresentar o documento formal que autorize o transporte do custodiado.
Parágrafo único. O operador aéreo deverá conceder atendimento prioritário
à equipe de escolta no procedimento de check-in presencial, exceto em
relação aos passageiros com necessidade de assistência especial, conforme
regulamentação específica da ANAC.

86
Art. 65. Em reunião extraordinária da Comissão de Segurança Aeroportuária
- CSA, a PF, o operador de aeródromo, os operadores aéreos e os órgãos que
realizam o transporte de custodiados poderão estabelecer procedimentos e
fluxos diferenciados para o embarque e desembarque de passageiros
custodiados e equipes de escolta, podendo incluir, entre outras soluções:
I - Possibilidade de realização do check-in sem a presença do custodiado no
balcão do operador aéreo; e
II - Acesso do custodiado e da equipe de escolta ao pátio de aeronaves
através dos acessos de veículos do aeródromo, inclusive com procedimentos
diferenciados para a inspeção de segurança.
Art. 66. O operador aéreo não poderá transportar mais do que dois
passageiros custodiados, com suas respectivas equipes de escoltas, em um
mesmo voo, observadas as orientações da PF quanto à avaliação de sua
periculosidade e de riscos à segurança contra atos de interferência ilícita.
Parágrafo único. O operador aéreo deverá informar ao comandante a
presença e a localização na aeronave do passageiro custodiado e da equipe de
escolta.
Art. 67. O operador aéreo e o comandante da aeronave poderão negar o
embarque de passageiro sob custódia quando considerarem, de forma
justificada e por escrito, que ele representa potencial ameaça à segurança
operacional, à segurança contra atos de interferência ilícita ou à segurança
dos demais passageiros.
Art. 68. O embarque e o desembarque de passageiro custodiado deverão ser
realizados de maneira discreta, evitando alarde e transtornos aos outros
passageiros.

Medidas Especiais de Segurança, Conduta e Restrições a Bordo de Aeronaves:

Art. 69. O operador aéreo deverá negar o embarque de passageiro custodiado


em aeronaves civis se a equipe de escolta não for composta por, no mínimo,
dois profissionais por passageiro custodiado.
Art. 70. A equipe de escolta de passageiro custodiado deverá dispor de
equipamentos de contenção, sendo vedado o porte de gás lacrimogêneo ou
similar incapacitante e outros artigos vedados ao transporte aéreo civil
conforme Regulamento Brasileiro de Aviação Civil - RBAC Nº 175 e demais
limitações desta Resolução.
Art. 71. O serviço de bordo que será prestado ao passageiro sob custódia e à
equipe de escolta não deverá conter bebidas alcoólicas, utensílios de metal ou
instrumentos perfurantes ou cortantes.
Art. 72. A equipe de escolta deverá garantir que o passageiro sob custódia:

87
I - Não porte material proibido ou perigoso, de acordo com regulamentação
da ANAC;
II - Aguarde o embarque em local seguro e discreto;
III - Embarque antes e desembarque depois dos demais passageiros;
IV - Ocupe assento no final da cabine de passageiros, afastado das saídas de
emergência, em fileiras com dois ou mais assentos e, no mínimo, com
um profissional da equipe de escolta sentado entre ele e o corredor;
V - Não seja algemado a partes fixas da aeronave, salvo em situações em que
o passageiro apresentar comportamento que o caracterize como
passageiro indisciplinado; e
VI - Esteja sempre acompanhado e mantido sob vigilância, inclusive durante
o uso dos sanitários.
Art. 73. O operador aéreo deverá orientar a equipe de escolta acerca dos
procedimentos e condutas adequados a bordo da aeronave, previamente à
decolagem.

Embarque de passageiros armados em aeronaves:


Art. 3º O embarque de passageiro portando arma de fogo a bordo de
aeronaves deve se restringir aos agentes públicos que, cumulativamente,
possuam porte de arma por razão de ofício e necessitem comprovadamente
ter acesso a arma no período compreendido entre o momento do ingresso na
sala de embarque no aeródromo de origem e a chegada à área de
desembarque no aeródromo de destino.
§ 1º O embarque armado não é permitido aos agentes públicos aposentados,
reformados ou da reserva.
§ 2º Para os fins desta Resolução, o oficial estrangeiro de proteção de
dignitário designado por autoridades estrangeiras e reconhecido pelas
autoridades diplomáticas é equiparado a agente público enquanto compõe
equipe de proteção que inclua agente (s) público (s) do governo brasileiro.

8 GRUPOS ESPECIALIZADOS

É composto por equipe de quatro operadores, preparados tecnicamente e providos de


equipamentos adequados à realização das mais diversas modalidades de escoltas.

Ao 1º homem, chefe das equipes de escolta:


 Responsável pelo comando, gerência, verbalização, coordenação, controle de sua equipe,
fiscalização e pela solução de problemas das atividades administrativas e operacionais de sua
equipe;

88
 Responsável pela comunicação via rádio e com terceiros;
 Verificar a integridade física, a documentação e os objetos pessoais dos presos, responsável
por seu recebimento e sua custódia.

Ao 2° homem, motorista compete:


 Exercer a função de motorista;
 Manutenção, abastecimento, limpeza, check-list do equipamento da viatura, por exemplo, bornal com granadas,
espargidor, escudo balístico, IMPO e etc.;
 Dar conhecimento ao comandante sobre alterações;
 Pontos de apoio durante o trajeto;
 Responsável pelo embarque e desembarque do preso;
 Rotas primária e secundária.

Ao 3º homem, subchefe, compete:


 Responsável pela segurança do motorista quando embarcado em deslocamento;
 Responsável segurança do 4º homem na condução do preso;
 Posicionar-se atrás do banco do motorista, tendo como campo visual a Lateral esquerda e a
retaguarda.

Ao 4° homem compete:
 Posicionar-se atrás do 1°homem/chefe de equipe embarcado em deslocamento;
 Responsável pela condução a pé;
 Área de responsabilidade lateral direita e retaguarda.

8.1 COMPOSIÇÃO NA VIATURA

1. Chefe da Equipe;
2. Motorista;
3. Subchefe/segurança;
4. Anotações e condução do presos.

9 CONDUÇÃO DE VEICULOS OFICIAIS

Para realizar a condução de veículo oficial, o Policial Penal deve ter a Habilitação na
Categoria B conforme exigido para ingresso na carreira. Essa categoria autoriza o condutor a
conduzir veículos cujo peso bruto total não exceda 3.500 kg e com capacidade para até 8 (oito)
ocupantes, excluindo o condutor, ou seja, automóveis e alguns modelos de caminhonete. Excedendo
o peso, a exigência passa a ser de categoria C, e excedendo o número de ocupantes passa a ser
exigida a categoria D.

89
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), através de seu artigo 29, inciso VII, expressa que
VII – Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de
polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada,
quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos
regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente,
observadas as seguintes disposições:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade dos
veículos, todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da
esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário; [...]
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha
intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de serviço de
urgência.

O condutor de veículo de emergência além de conhecer as regras que regem sua direção no
CTB, deve também ter noções básicas de direção defensiva.

10 NOÇÕES DE COMBOIO

Comboio é o deslocamento de duas ou mais viaturas, deslocando-se de um ponto ao outro de


forma organizada com ou sem carga. Existe diversas técnicas e formações de comboio para diversos
tipos de missões. Porém devemos primeiro compreender o que diz o Código de Trânsito Brasileiro -
CTB sobre comboio no inciso VII, a, do art. 29.
VII - Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de
polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade no trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada,
quando em serviço de urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação
da ordem pública, observadas as seguintes disposições:
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação
intermitente estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos,
todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda,
indo para a direita da via e parando, se necessário; [...]

11 CONTRA EMBOSCADA VEICULAR

Antes de começarmos com as noções básicas de CONTRA EMBOSCADA, devemos


primeiro entender o conceito de EMBOSCADA: ação ofensiva, agressiva, praticada por agressores
armados com algum conhecimento operacional, contra as forças de segurança, visando o homicídio
ou arrebatamento do preso. Essas ameaças podem vir de qualquer direção: da frente, das laterais e da

90
retaguarda. Podem ainda vir de maneira única ou de dois ou mais lados ao mesmo tempo. Cada
ameaça terá uma técnica específica para ser confrontada.
As noções básicas sobre contra emboscada veicular, para os mais diversos cenários que
podem ocorrer durante a realização de uma escolta terrestre. Perpassam pelo conceito de que
“movimento é vida” o conhecimento atual, mostra que o veículo (sem blindagem alguma) não é
coberta e nem abrigo para garantir uma breve segurança.
A CONTRA EMBOSCADA: consiste em ação súbita de resposta a uma emboscada, com
duração muito curta e intensidade de fogo muito alta. Neste caso, a tríade ATIRAR, MOVER
(quando possível e de preferência com companheiro suprimindo fogo no inimigo) e COMUNICAR é
fundamental.
Nesse contexto, existe o conceito de contra emboscada INOPNADA, na qual os operadores
não terão a possibilidade de escolher ou opinar sobre quais técnicas utilizar para contra emboscar,
restando assim apenas FOGO DE SUPRESSÃO e ou desembarque imediato de toda equipe do
veículo. O segundo conceito é o de contra emboscada DELIBERADA, na qual os operadores terão a
possibilidade de deliberar, de escolher o melhor momento, a melhor posição e as melhores técnicas
de ataque ou defesa para essa emboscada. Essa é a possibilidade única que a equipe tem de antecipar-
se a uma emboscada, podendo inclusive escolher não confrontar se assim a situação permitir.
Não existe uma maneira perfeita de reagir a uma emboscada, cada situação é única e a
resposta adequada é aquela que a situação exige e permite. Por isso, conhecer o maior número
possível de técnicas é essencial, pois só assim o operador pode saber qual será utilizada em
determinado momento.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Resolução nº 461, de 25 de janeiro de 2018. Dispõe sobre os
procedimentos de embarque e desembarque de passageiros armados, despacho de armas de fogo e de munição
e transporte de passageiros sob custódia a bordo de aeronaves civis. Disponível em:
https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/reunioes-da-diretoria-colegiada/reunioes-deliberativas-da-
diretoria/2018/2a-reuniao-deliberativa-da-diretoria/00058-061038-2016-69/resolucao-no-461-de-25-de-
janeiro-de-2018. Acesso em: 26 set 2022.

BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Resolução n. 650, de 1º de dezemvro de 2021. Altera a
Resolução nº 461, de 25 de janeiro de 2018.Disponível em:
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/resolucoes/2021/resolucao-no-650-01-12-2021
Acesso em: 26 set 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Manual sobre Algemas e Outros Instrumentos de Contenção em
Audiências Judiciais: Orientações práticas para implementação da Súmula vinculante n. 11 do STF pela
magistratura e tribunais. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2020.
Disponível em: cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/10/Manual_de_algemas-web.pdf. Acesso em: 30 de maio
de 2022.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Defesa Social. Subsecretaria de Administração Prisional.


Regulamentos e Normas de Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais. (ReNP). 2016.
Disponível em:
http://www.depen.seguranca.mg.gov.br/images/Publicacoes/Subsecretariadeadministracaoprisional/Regulame
nto-e-Normas-de-Procedimentos-do-Sistema-Prisional-de-Minas-Gerais-28.pdf. Acesso em: 30 de maio de
2022.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Defesa Social. Manual de Escoltas do Comando de Operações
Especiais - COPE. [2010].

SOUZA, Luís Carlos Vieira de. Manual de Escoltas de Presos. Comando de Operações Especiais COPE,
Volume 1, 2010.

92
DISCIPLINA: GERENCIAMENTO DE CRISES E TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO

CARGA HORÁRIA: 16 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Ampliar conhecimentos sobre táticas e técnicas de gerenciamentos


de crises, desenvolvendo habilidades de negociação em eventos críticos do âmbito carcerário.

EMENTA:
1. Crise na unidade/sistema;
2. Identificação de elementos de crise (potenciais e efetivos);
3. Solução de Problemas;
4. Mediação de conflitos como resolução do conflito no sistema Penitenciário;
5. Situações de emergência: saúde, ameaças e vulnerabilidades, combate ao incêndio.

93
1 A CRISE NA UNIDADE/ SISTEMA PENITENCIÁRIO
1.1 CONCEITO DE CRISE

O estudo etimológico da palavra “crise” nos mostra o seu verdadeiro significado atual. O
termo “crise” – que possui variações mínimas em muitos idiomas – origina-se do grego krinein, que
quer dizer “decidir” ou, mais apropriadamente, “a capacidade de bem julgar”. A “crise’ não deve ser
vista como algo apenas negativo, todo momento de crise traz embutido a oportunidade de crescer e
de rever conceitos e métodos.
Há uma crise quando a tranquilidade social está em dissonância com a realidade percebida.
Por outro lado, o fato que leva à crise é o que se denomina situação crítica. Parte-se da situação
crítica para a crise, ou seja, o evento grave, difícil e perigoso aponta a crise.
No contexto policial, a crise se mal administrada, pode macular a credibilidade e a imagem da
instituição policial. Uma verdadeira manifestação violenta e imprevisível do rompimento do
equilíbrio, da normalidade, enfim, da paz social.
A Academia Nacional do FBI define crise como: “Um evento ou situação crucial, que exige
uma resposta especial da polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável".

1.2 CONCEITO DE GERENCIAMENTO DE CRISES

Segundo o FBI, o gerenciamento de crises é o processo de identificar, obter e aplicar


recursos necessários a antecipação, prevenção e resolução de uma crise.
Podemos compreender a antecipação como uma medida específica voltada para o impedimento de
ocorrência de uma situação previamente identificada. Ex. Detecção de plano de fuga ou sequestros
de servidores ou ainda planos de rebeliões.
Já a prevenção consiste na medida genérica, voltada a não ocorrência de situações previsíveis,
como a entrada de armas e drogas nas unidades prisionais, que podemos debelar com revistas
rotineiras como as estruturais diárias ou revistas extraordinárias.
E por fim a resolução que são o conjunto de medidas implementadas após a eclosão da crise,
com intuito de se chegar a uma solução aceitável.

1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS GRAUS DE RISCO E NÍVEIS DE RESPOSTA

GRAUS DE RISCO
Baseando-se na classificação dos graus de risco, de acordo com o FBI, a crise segue um
escalonamento de quatro graus, conforme exemplos:
1º Grau – ALTO RISCO; exemplos uma situação de roubo a estabelecimento comercial promovido
por uma pessoa armada com revólver / pistola sem reféns.
2º Grau – ALTÍSSIMO RISCO; um roubo a banco por meliantes armados mantendo reféns.
3º Grau – AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA; como sendo o apoderamento ilícito de uma aeronave,
por terroristas fortemente armados e motivados mantendo reféns.

94
4º Grau – AMEAÇA EXÓTICA - um cidadão munido de recipiente contendo veneno, vírus ou
material radioativo de alto poder destrutivo ou letal que por qualquer motivo, venha a ameaçar uma
população dizendo que pretende lançar aquele material no ar, reservatório de água da cidade ou
lançar em metrôs, túneis, entre outros locais de grande circulação.

NÍVEIS DE RESPOSTA
Os níveis de resposta estão relacionados diretamente ao grau de risco de uma crise, ou seja, o
nível de resposta sobe na mesma proporção em que cresce o risco da crise.
Salignac (2011) descreve alguns exemplos de NÍVEIS DE RESPOSTA e recursos a serem utilizados
conforme o grau da crise:

Nível 1 (Corresponde a crise de alto risco)


Poderá ser resolvida com recursos locais desde que tenham treinamento e material adequado para
enfrentar a crise na primeira intervenção.

Nível 2 (Corresponde a crise de altíssimo risco)


Recursos Locais + Especializados.
Resposta: Os policiais penais da unidade com apoio de grupos especiais da SEAP e todo aparato
disponibilizado pelo Gabinete de Gestão da Crise.

Nível 3 (Corresponde a ameaça extraordinária)


Recursos Locais + Especializados + Recursos do Comando Geral
Resposta: Os grupos especiais de área não conseguiram solucionar, pede-se apoio da equipe especial
da maior autoridade. (apoio de outros grupos da Secretaria ou de outras Instituições)

Nível 4 (Corresponde a ameaça exótica)


Todos do nível três + Recursos Exógenos.
Resposta: A equipe especial é empregada com auxílio de equipe de profissionais de áreas específicas
– como exemplo podemos citar profissionais de conhecimentos nas áreas de química, física nuclear,
explosivos, entre outros.

Para Monteiro (2001), uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça representado por
uma crise concorre favoravelmente para a solução do evento, possibilitando, desde o início, o
oferecimento de um nível de resposta adequado à situação, evitando-se perdas desnecessárias.
O grau de risco de uma crise pode ser mudado em seu transcorrer, pois a primeira força
policial que chega ao local faz uma avaliação precoce da situação, com base em informações
precárias e de difícil confirmação. Informações importantes, como o número de reféns, número de
bandidos e número de armas, que, na maioria das vezes, vêm a ser confirmados no andamento da
crise.

95
1.4 SITUAÇÕES CRÍTICAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO

As características das situações críticas possuem características bem definidas, que podem
ajudar na formação da percepção e conhecimento da ideia de que:
a) É possível imaginar o evento, mas ele acontece sem previsão, tendo sido alimentado pelo acaso,
desleixo ou negligência – geralmente com falhas na segurança ou falta / deficiências no tratamento
penitenciário;
b) A situação é violenta, transitória e estressante: existem vidas ameaçadas, direta ou indiretamente,
há dificuldade na compreensão das informações e os meios de comunicação social transformam-se
em agentes fiscalizadores;
c) O contexto exige uma resposta igualmente rápida e especial dos órgãos envolvidos, adotando-se
plano de trabalho distinto do habitual.

2. IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS DE CRISE (POTENCIAIS E EFETIVOS)

A identificação de uma crise nas unidades prisionais vem muito da observação do operador
mediante a rotina carcerária, onde provém a maioria dos inícios de crise, o fato da superlotação no
cárcere.
Ainda que bem amparado na legislação, o sistema prisional brasileiro enfrenta graves
problemas estruturais desde sua fundação, como a superlotação das celas, a influência de facções
criminosas em meio a massa carcerária, a insalubridade (muito combatida pelo corpo diretivo das
casas penais) assim como epidemias (muito combatido pela área da saúde).
O policial penal da unidade prisional, tem um papel muito importante em um início de crise;
seja ela motim, rebelião ou qualquer ação que venha distorcer os princípios da lei e da ordem, pois
ele o policial de primeira intervenção, irá desencadear as ações iniciais de CONTER, ISOLAR,
ESTABILIZAR e estabelecer os PRIMEIROS CONTATOS até a chegada dos grupos táticos
pertencentes à SEAP: Comando de Operações Penitenciárias (COPE) e Grupo de Ações
Penitenciárias (GAP).
Uma tomada de decisão rápida se faz necessário para conter e isolar a área da crise (fechar
todas as eclusas ou acessos onde se pode aumentar a área de domínio dos causadores do evento
crítico - CEC) além de avaliar a situação verificando a presença de reféns, sejam eles policiais ou
presos, além dos elementos essenciais de informação como identificação das lideranças, presença de
armas e munições, reivindicações – motivações para tal ato, ocorrência de incêndio, número de
detentos envolvidos, entre outras.
No momento da eclosão de uma crise deve-se ter em mente que os primeiros policiais penais
que chegam à cena deverão tomar medidas pontuais com relação ao incidente e que influenciarão na
eficácia da resposta e resolução.
Uma reação impensada pode causar problemas adicionais e atrapalhar seriamente o
desenrolar da ação.

96
Confirmação da situação
Deve-se verificar e confirmar a natureza e o local do incidente. A mensagem de confirmação
deve ser nítida e objetiva. EX.: briga, fuga, rebelião etc.

Contenção
Deve-se tomar medidas para assegurar que a situação seja mantida no local, de forma a ser
resolvida num ambiente controlado. Todos os meios disponíveis devem ser utilizados para garantir a
contenção.

Evacuação de pessoal
Deve-se priorizar a retirada de quaisquer feridos ou inocentes ameaçados, bem como dos
funcionários administrativos ou terceirizados, além de visitantes, sempre de forma segura.
(advogados, psicólogos, assistentes sociais, médicos, empresa de alimentação, professores, entre
outros). Esta retirada deve ser dinâmica e coordenada.

Estabelecimento de um perímetro interno


Esta será uma zona de contenção mais volátil. Os primeiros que reagirem devem fazer o
possível para cobrir-se e esconder-se de possíveis disparos de armas de fogo ou arremesso de
material sob a posse dos detentos. Todas as pessoas não envolvidas devem ser retiradas do perímetro
interno. Na maioria das estruturas prisionais, o perímetro interno será o bloco em que estiver
ocorrendo a crise.

Estabelecimento de perímetros intermediário e externo.


Na maioria das estruturas prisionais, o perímetro intermediário é aquele que está na área da
administração ou até fora da Unidade, que deverá acomodar veículos policiais e de apoio, além de
abrigar o Centro de Comando da Crise. Já o perímetro externo será definido pela área da unidade
prisional em que ocorre a crise ou no posto de fiscalização e controle nos casos de unidades dentro
de complexos penitenciários.

Coleta de informações iniciais


Todas as informações colhidas nos estágios iniciais de uma crise são importantes. Se for
possível, as testemunhas devem ser identificadas e entrevistadas. A unidade que primeiro se deparar
com a situação deve, também, tentar conseguir todas as informações possíveis a respeito dos
responsáveis pela crise, dos reféns, das armas existentes e do local em que se encontram.

Identificação de uma área para pouso de helicóptero


Em situações críticas, o uso desse tipo de aeronave tem se mostrado bastante viável em vários
aspectos, como para a observação aérea do local, desembarque de equipes no local, cobertura das
equipes de entrada e resgate, socorro de urgência e perseguição de eventuais fugitivos.

97
2.1 A CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO

A crise no Sistema Penitenciário é uma ocorrência de tamanha gravidade, resultando em


prejuízos, materiais, físicos e psicológicos, o sistema penitenciário brasileiro sofre em sua maioria
com problemas semelhantes, e por isso as motivações para as crises prisionais são semelhantes em
todos os Estados e Federação, sendo alguns:
 Superlotação
 Tratamento dispensado aos custodiados e visitas
 Falta de infraestrutura básica (água, saúde, higiene, etc)
 Demora na prestação de assistências
 Fugas frustradas
 Disputa por liderança interna
 Maus tratos
 Atraso na prestação Jurisdicional
 Tentativas de resgate de presos

Ou seja, é primordial que o padrão de normalidade seja mantido, onde o corpo diretivo da
unidade evite ocorrências que possam desencadear qualquer tipo de movimento atentatório à ordem
do ambiente carcerário.
Aos custodiados é previsto todas as garantias segundo Lei de Execução Penal (LEP -Lei nº 7.210
de 11 de Julho de 1984), Art. 11, assim como o cumprimento dos padrões estabelecidos nas unidades,
como, disciplina, obediência aos padrões de convívio no cárcere e seus deveres como reeducando.
No âmbito penitenciário estadual o Manual de Procedimentos Operacionais da SEAP,
(PARÁ, 2020, p. 112) prevê:
Os objetivos precípuos do gerenciamento são:
a) preservar vidas e;
b) aplicar a lei.
c) restabelecer a ordem

De acordo com a doutrina da gestão de crise, a lei estará devidamente aplicada no


desfecho do evento crítico quando houver:
I - a prisão dos tomadores de reféns;
II - a proteção do patrimônio;
III - a garantia da lei e da ordem, respectivamente.

Desse modo, as medidas complementares, para fins de limitação de danos, após ocorrência de
motim/rebelião, são as seguintes:
 Preservação do local para realização de perícia;
 Desativação de perímetros e realização de exercícios para correção das falhas observadas.

98
2.2 CONCEITO DE MOTIM

Motim é evento de natureza coletiva, onde a rotina e a ordem da Unidade Prisional são
bruscamente alteradas, por intermédio da adesão de número expressivo de presos, com grupos
geralmente não homogêneos, os quais se utilizam de dano ao patrimônio público e de força
claramente desproporcional à rotineira, com ameaças à vida (PARÁ, 2020, p. 110).
Para que esteja caracterizado um motim, faz-se necessária a ocorrência conjunta dos fatores
acima descritos, pois, do contrário, o evento deverá ser classificado como subversão da ordem. Na
ocorrência de motim, deve-se informar imediatamente o Secretário, gabinete, Diretoria de
Administração Penitenciária e Assessoria de Segurança Institucional.
Segundo o Art. 354 do Código Penal, o motim ocorre quando “amotinarem-se presos,
perturbando a ordem ou disciplina da prisão”. Trata-se de ação atentatória à ordem do
estabelecimento penal provocada por uma parcela da população carcerária com vistas a causar danos
patrimoniais, descumprir ordens e/ou atentar contra a vida de terceiros. Por não envolver toda a
massa de internos, os motins, em regra, podem ser dominados através da ação rápida e enérgica das
forças especializadas. Temos como exemplo de motim: custodiados de uma cela se recusam a entrar
para a conferência.

2.3 CONCEITO DE REBELIÃO

Situação crítica que envolve toda a população carcerária, tendo como objetivo a destituição
do poder do Estado na administração da unidade prisional, bem como a demonstração de força dos
internos perante os agentes penitenciários. A rebelião, por ser um evento de grandes proporções e em
caso de falha na sua repressão, certamente se tornará uma crise, necessitando de medidas especiais
por parte do Estado para uma solução aceitável. Como por exemplo de rebelião, podemos citar: a
população carcerária de uma unidade prisional aproveita o horário de saída para o banho de sol para
tomar um agente penitenciário como refém, exigir a abertura de todas as celas e iniciar uma fuga em
massa, se frustrada a ação, os rebelados iniciam a destruição do patrimônio.
A Rebelião e o Motim, palavras em muitos contextos sinônimas, significam basicamente uma
insurreição contra autoridade instituída, caracterizada por atos explícitos de desobediência, de não
cumprimento de deveres, de desordem e de grande tumulto, geralmente acompanhada de levante de
armas. Em regra, trazem o sentido de ato coletivo e se revelam pela violência, pela força bruta ou
pela força viva com a qual os rebelados (amotinados) se opõem ou resistem à ordem/ato emanado da
autoridade constituída ou ao cumprimento e execução da lei.
No contexto prisional, geralmente se diz que quando o movimento se restringe a um número
restrito de presos, tem-se o motim. De forma mais ampliada, quando a grande maioria dos
encarcerados ou a totalidade deles está envolvida, tem-se a rebelião.
Na ocorrência de rebelião, deve-se informar imediatamente o Secretário, gabinete, Diretoria
de Administração Penitenciária e Assessoria de Segurança Institucional.

99
Forças da Segurança Pública: COPE - Comando de Operações Penitenciárias da SEAP, GAP
– Grupo de Ações Penitenciárias, Corpo de Bombeiros, Centro de Perícias Científicas Renato
Chaves, SAMU, etc.
Outras diretorias envolvidas: Diretoria de Logística, Patrimônio e Infraestrutura (estrutural);
Diretoria de Assistência Biopsicossocial (saúde); Diretoria de Execução Criminal (processual);
Corregedoria Geral Penitenciária (apuração).

3 SOLUÇÃO DE PROBLEMA

Crise apresenta uma verdadeira ameaça à reputação e ao futuro da organização já o problema


tem quase sempre soluções mais rápidas e sem danos consideráveis à organização.
Fazendo comparativo dos dias atuais no sistema penitenciário podemos afirmar que muito já
foi feito para solução dos problemas enfrentados no sistema, o retorno do poder ao Estado tomando
frente das unidades e garantindo a ordem dentro e fora do cárcere bem como as assistências previstas
aos apenados segundo a Lei de Execução Penal- LEP, mudanças essas que resultaram na
minimização dos problemas enfrentados no cotidiano dentro das unidades.
Porém devemos ter a certeza de que muito ainda precisa ser feito no dia a dia dentro do
cárcere para que seja mediado problemas, cada atuação para resolução é cercada de particularidade,
não existem resoluções iguais, porém é possível desenhar um conjunto de situações básicas que
podem servir de modelo, a partir da identificação e da classificação de risco a aplicação de
procedimentos adequados a solução de problemas, evitando-se assim o surgimento das crises.

3.1 OBJETIVO DO GERENCIAMENTO DE CRISES

O Gerenciamento de Crises tem como principal objetivo, PRESERVAR VIDAS, APLICAR


A LEI e RESTABELECER A ORDEM. O Gerente de uma situação de crise deve ter sempre em
mente esses objetivos, mesmo que optando por preservar vidas de inocentes, possa contribuir para
uma momentânea fuga ou vitória dos elementos causadores da crise. A preservação de vidas serve
para todos os envolvidos no cenário da crise, os reféns, o público em geral, os policiais e até mesmo
os criminosos.
A aplicação da lei deverá consistir na prisão dos infratores protagonistas da crise, na proteção
do patrimônio público privado, como também, garantindo o estado de direito.

3.2 CARACTERÍSTICAS DAS CRISES


A doutrina norte-americana formulada pela Academia Nacional do FBI (EUA) enumera três
características principais sobre um evento crucial:

IMPREVISIBILIDADE: A crise é não seletiva e inesperada, isto é, qualquer pessoa ou instituição


pode ser atingida a qualquer instante, em qualquer local, a qualquer hora. Sabemos que ela vai
acontecer, mas não podemos prever quando. Sendo assim, as instituições policiais não podem se

100
valer da possibilidade de se preparar tão somente quando o evento crítico acontecer devemos estar
preparados para enfrentar qualquer crise.

COMPRESSÃO DE TEMPO (urgência): Os processos decisórios que envolvem discussões para


adoção de posturas no ambiente operacional devem ser realizados, em um curto espaço de tempo. Os
eventos cruciais de alta complexidade impõem às autoridades policiais responsáveis pelo seu
gerenciamento: urgência, agilidade e rapidez nas decisões. O gerenciamento de uma crise deve ser
trabalhado sob uma compreensão de tempo e considerando os mais complexos problemas: sejam
sociais, econômicos, políticos e ideológicos. Deve avaliar potenciais riscos e preparar planos
preventivos para agir em relação a cada situação.

AMEAÇA À VIDA: Configura-se como um componente essencial do evento crítico, mesmo


quando a vida em risco é a do próprio indivíduo causador da crise. Assim, por exemplo, se alguém
ameaça se jogar do alto de um prédio, buscando suicidar-se, essa situação é caracterizada como uma
crise, ainda que inexistam outras vidas em perigo.

3.3 CRITÉRIOS DE AÇÃO

Para balizar e facilitar o processo decisório no curso de uma crise, a doutrina estabelece o que
se chamam critérios de ação, que se traduzem em referenciais para nortear a tomada de decisões. A
doutrina de Gerenciamento de Crises do FBI estabelece três critérios de ação, a saber: a necessidade,
a validade do risco e a aceitabilidade.
O critério da necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada
quando for indispensável. O critério da validade do risco, nos mostra que toda e qualquer ação têm
que levar em conta se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A aceitabilidade
implica em que toda ação deve ter respaldo legal, moral e ético.

NECESSIDADE DE:
Postura organizacional não rotineira: A necessidade de uma postura organizacional não rotineira é
de todas as características essenciais, a que causa maiores transtornos ao processo de gerenciamento,
principalmente, quando a instituição policial não desprende energias suficientes para se planejar
antes mesmo da crise acontecer. Contudo, é a única cujos efeitos podem ser minimizados, graças a
um preparo e a um treinamento prévio da organização para o enfrentamento de eventos críticos.

Planejamento analítico especial e capacidade de implementação: Sobre a necessidade de um


planejamento analítico especial é importante salientar que a análise e o planejamento, durante o
desenrolar de uma crise, são consideravelmente prejudicados por fatores como a insuficiência de
informações sobre o evento crítico, a intervenção da mídia e o tumulto de massa geralmente causado
por situações dessa natureza. A capacidade de implementação resume-se na habilidade que terá o
Gerente da crise em mobilizar todos os recursos necessários para solucionar a crise.

101
Considerações legais especiais: Com relação às considerações legais especiais exigidas pelos
eventos críticos, cabe ressaltar que, além de reflexões sobre temas como estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, responsabilidade civil, etc., o aspecto da
competência para atuar é aquele que primeiro vem à baila, ao se ter notícia do desencadeamento de
uma crise. “Quem ficará encarregado do gerenciamento?” É o primeiro e mais urgente
questionamento a ser feito, sendo muito importante na sua solução um perfeito entrosamento entre as
autoridades responsáveis pelas organizações policiais envolvidas.

ACEITABILIDADE LEGAL – Toda decisão deve ser tomada com base nos princípios ditados
pelas leis.

ACEITABILIDADE MORAL – Toda decisão para ser tomada deve levar em consideração
aspectos de moralidade e bons costumes.

ACEITABILIDADE ÉTICA – O responsável pelo gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão,


deve fazê-lo lembrando que, o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a prática de
ações que causem constrangimentos à corporação policial.

Resumindo, o GERENTE DA CRISE, no momento das suas tomadas de decisões, deve estar a
todo o momento se questionando sobre as suas determinações ou decisões:
 É necessário correr este risco ou existe outra forma de se resolver?
 Vale a pena correr este risco?
 A minha decisão possui um respaldo legal, esta dentro dos princípios morais e éticos da
sociedade?

4 MEDIAÇOES DE CONFLITOS COMO RESOLUÇÃO DO CONFLITO NO SISTEMA


PENITECIARIO

Processo de gerenciamento de crise requer planejamento e coordenação antes da ocorrência


de uma situação crítica, bem como a aplicação da força necessária para a administração do evento. O
planejamento eficaz é a chave para a resolução de qualquer incidente.

4.1 FASES DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE CRISES

A doutrina de gerenciamento de crises proporciona uma metodologia eficiente ao dirigente


responsável para o emprego de seus recursos numa confrontação. Permite o sistema padronizado de
preparação e resolução bem-sucedida dos problemas que ocorrem durante um evento crítico.
O gerenciamento de crise desenvolve-se cronologicamente em quatro fases e não há linhas
distintas de separação entre estas. Com efeito, dependendo da situação específica, podem sobrepor-se

102
umas sobre as outras.
Apesar de exigir uma padronização em suas ações, o gerenciamento de crise não é uma
ciência exata, pois cada crise apresenta características exclusivas, e pode exigir soluções particulares,
que demandam uma cuidadosa análise e reflexão.
Na BASSET (apud) MONTEIRO, 1994, p.22, da Academia Nacional do FBI visualiza o
fenômeno da crise em quatro fases, cronologicamente as quais ele denomina de fases de
confrontação.

FASE I - PRÉ-CONFRONTAÇÃO OU PREPARO

Esta fase abrange todas as atividades e preparativos feitos antes de ocorrer uma crise. Inclui,
geralmente, treinamento, elaboração do plano de operação padronizado e plano de contingência.
É a fase que antecede a confrontação do evento crucial. Durante esta fase, a instituição policial se
prepara, administrativamente, em relação à logística, operacionalmente através de instruções e
operações simuladas, planejando-se para que possa atender qualquer crise que vier acontecer na sua
esfera de competência.
São todos aqueles procedimentos fundamentais, que irão permitir aos órgãos e pessoas envolvidos
em um evento crítico, possuir condições de interagir de maneira proativa com as situações
encontradas.

a) Treinamento

O treinamento contínuo é essencial para que haja uma expectativa razoável de sucesso. O
treinamento não deve ser confinado à unidade tática e, sim, a todo o mecanismo de ação de uma
força especializada.

b) Plano de Operação Padronizado (POP)

Visa proporcionar fórmulas padronizadas de reações aplicadas aos problemas encontrados ou


previstos frequentemente. O valor dos procedimentos padronizados de operação está, de fato, em
todos saberem precisamente o que se espera quando ocorre um evento crítico.
No mínimo, os POP’s devem abranger: Hierarquia de comando, notificação e reunião do pessoal,
comunicações, atribuição de deveres e responsabilidades, levantamento inicial dos elementos
essenciais de informação, procedimento do centro de operações, táticas padronizadas, cuidados com
os suspeitos e os reféns, relação com a imprensa (só o pessoal autorizado pelo Gabinete de
Gerenciamento de Crises Penitenciárias – GGCP).

FASE II - AÇÃO IMEDIATA OU CONFRONTAÇÃO OU RESPOSTA IMEDIATA

103
A fase de confrontação ou resposta imediata corresponde ao momento em que as primeiras
medidas devem ser adotadas, imediatamente a eclosão de um evento de alta complexidade.
Nesta fase, os agentes de segurança que estão no serviço, uma vez conhecedores da doutrina sobre
gerenciamento de situações cruciais, são de extrema importância, pois, na maioria dos casos são eles
que serão os primeiros a se depararem com tais ocorrências.
É a fase do conflito propriamente dito, onde ocorre a resposta imediata da Polícia através de
ações urgentes de controle da área crítica, dividida nas seguintes etapas: Contenção, Isolamento e
Manter Contato sem Concessões e Promessas.

a) Contenção

A contenção de uma crise consiste em evitar que ela se alastre, isto é, impedindo que os
sequestradores aumentem o número de reféns, ampliem a área sob seu controle, conquistem posições
mais seguras, ou melhor, guarnecidas, tenham acesso a mais armamento, vias de escape, ou seja, a
contenção é o impedimento do deslocamento do ponto crítico. A contenção que fora realizada na
manutenção do perpetrado dentro do ônibus no caso do Ônibus 174, acontecido no Rio de Janeiro,
em 2001, é um exemplo de contenção.
Enfim, é a ação policial que visa evitar o agravamento da situação ou que ela se alastre,
impedindo que o causador: Aumente o número de reféns, amplie a área de controle, conquiste
posições mais seguras, tenham acesso a recursos que facilitem ou ampliem o seu potencial ofensivo.
Simultaneamente à contenção, o primeiro agente a se deparar como uma crise deve informar a
central de operações o acontecido. Dentro do possível ele deve informar qual o ato criminoso
cometido, a quantidade de perpetradores, quantidade de armas, de reféns, local exato onde se
encontram melhores via de acesso ao local, etc.

b) Isolamento

É a ação policial que visa cortar todos os meios de contato, visual, audiovisual e ou material dos
envolvidos diretamente no conflito. É o “congelamento” do objetivo (local), visando interromper o
contato da vítima ou refém e principalmente do causador com o exterior.
Recomenda-se o corte de energia elétrica, linha telefônica, sistema de abastecimento de água, gás
e qualquer outro meio de independência por parte dos causadores. Permite que a Polícia assuma o
controle como único veículo de interlocução. Quanto melhor o isolamento, melhor a possibilidade de
negociação.
A ação de isolar o ponto crítico se desenvolve praticamente ao mesmo tempo em que a de conter
a crise. Os perpetradores (amotinados, criminosos) devem ser isolados de forma que se imponha a
eles a sensação de estarem completamente sozinhos.
Torna-se conveniente registrar a ressalva do Ten. PM - ES Doria Júnior (2008): “(...) dentro do
isolamento será feito a evacuação das pessoas que não são envolvidas com a ocorrência, como:

104
visitantes e trabalhadores do local. Após a evacuação serão determinados os perímetros interno e
externo”.

c) Estabilizar e Iniciar negociação - Manter contato sem concessões e promessas

As medidas a serem adotadas imediatamente após o início de um incidente devem ser


distribuídas entre todos os membros da força especializada e claramente entendida por todos.
Estes procedimentos devem especificar todas as ações imediatas. Elas incluem: Medidas iniciais,
deveres dos que primeiro reagem à crise, contenção e isolamento do evento crítico, evacuação,
negociação, controle.
Esse primeiro contato, aqui não foi chamado negociação porque é necessário que não haja
concessões e promessas, pelo menos, nos primeiros contatos, e saiba que existem concessões e
promessas na negociação. Isso não quer dizer que, necessariamente, a negociação será tomada por
um negociador treinado, embora seja o indicado, ela pode ser conduzida pelo policial chegou
primeiro na ocorrência, assessorado pelo negociador ou pela equipe de negociação (o mais indicado).
O primeiro contato é o mais tenso e, pelo menos, nos quarenta e cinco primeiros minutos há uma
maior probabilidade de os causadores do evento crítico ofenderem verbalmente, efetuarem disparos
contra os policiais e agredirem os reféns. O objetivo deste primeiro contato é tentar acalmar o
causador do evento crítico, colocando-o num nível de racionalidade considerado normal.
É importante que todos os agentes de segurança tenham noção de negociação policial, porque
nestas situações ele saberá o que poderá ou não ser concedido.

FASE III – PLANO ESPECÍFICO

Dada a resposta imediata, com a contenção e o isolamento da ameaça e o início das


negociações, principia-se a fase do Plano Específico, que é aquela em que o comandante do Teatro
de Operações (ou gerente da crise), responsável pela situação crítica, procura encontrar a solução do
evento crítico.
Nesta fase, o papel das informações (inteligência) é preponderante. As informações colhidas e
devidamente analisadas é que vão indicar qual a solução para a crise.
A situação deve ser totalmente analisada, incluindo a avaliação da ameaça e os riscos
existentes, a fim de serem estabelecidas as bases para definição da estratégia e táticas recomendadas.
Ao avaliar a situação, faz-se necessária, dentre outras medidas, a análise das seguintes variáveis:
 Local do evento crítico: observação, tipo de construção, campos de fogo, medidas de
cobertura e de encobrimento da força e obstáculos, rotas de aproximação e de entrada;
 Suspeitos: número, características pessoais, motivações, propensão à violência, antecedentes.
 Armas: número, tipo, nível de sofisticação;
 Reféns: número, características pessoais, localização, estado de saúde, importância.

4.1.1 Desenvolvimento de estratégias e planos

105
Para a tomada de decisões, dispor das informações da etapa destinada à AVALIAÇÃO DE
RISCOS é fundamental.
A próxima etapa é o levantamento das estratégias a serem adotadas para a resolução da crise.
A determinação da estratégia é função do gerente da crise. Nesse contexto, refere-se ao planejamento
de uma abordagem geral para o problema.
A escolha da estratégia deve levar em conta os seguintes fatores:
As normas legais;
A política adotada;
Os recursos disponíveis;
As instruções do grupo de administração de crises (recomenda-se a criação de um Gabinete de
Gerenciamento de Crises Penitenciárias – GGCP);
A comunidade local;
A repercussão da situação
A repercussão da situação crítica.
No mínimo, é recomendável a elaboração dos seguintes planos:
 Plano de negociações;
 Plano de assalto tático (assalto de emergência que é o adentramento de urgência, provocado
pelos criminosos e assalto deliberado, aquele aprovado e iniciado pelo governo);
 Plano de contingência.

Contingência

É a situação de incerteza quanto a um determinado evento, fenômeno ou acidente, que pode


se concretizar ou não, durante um período determinado.
Um PLANO DE CONTINGÊNCIA funciona como um planejamento da resposta e por isso,
deve ser elaborado na normalidade, quando são definidos os procedimentos, ações e decisões que
devem ser tomadas na ocorrência de situações críticas. Por sua vez, na etapa de resposta, tem-se a
operacionalização do plano de contingência, quando todo o planejamento feito anteriormente é
adaptado à situação real do evento.
Considerando o curto prazo e a emergência para implementação dos planos, é recomendável
que haja projetos prévios para diferentes cenários e de conhecimento dos envolvidos.
Quanto melhor o planejamento da organização e com profissionais mais capacitados, maiores
são as chances de sucesso.
A elaboração dos planos deve levar em consideração os requisitos para emprego do uso da
força em cada situação, de modo que sua aplicação observe estritamente os preceitos quanto à
legalidade, necessidade, proporcionalidade e conveniência na ação.

FASE IV – RESOLUÇÃO
Várias podem ser as soluções encontradas para um evento crítico. A rendição pura e simples

106
dos bandidos, a saída negociada, a resiliência das forças policiais, o uso de força letal ou, até mesmo,
a transferência da crise para um outro local são alguns exemplos dessas soluções. Não importa qual
seja a solução adotada, ela há de ser executada ou implementada através de um esforço organizado
que se denomina Resolução.
A Resolução é a última fase do gerenciamento de uma crise. Nele se executa e implementa o
que ficou decidido durante a fase do Plano Específico.
A resolução se impõe como uma imperiosa necessidade para que a solução da crise ocorra
exatamente como foi planejado durante a fase do Plano Específico e sem que haja uma perda do
controle da situação por parte da polícia.
Se necessária, a intervenção da unidade responsável pelo assalto deliberado dar-se-á nessa
fase. As duas alternativas táticas mais comuns são a neutralização por disparo de longa distância e o
assalto direto.

4.2 PERÍMETROS DE SEGURANÇA

São os anéis de controle, que propiciam a segurança da população, das autoridades


envolvidas, da imprensa, das vítimas ou reféns e dos protagonistas do evento. A sua forma e tamanho
podem variar de acordo com cada ocorrência, pois dependeremos de vários fatores como: espaço
físico onde está ocorrendo a crise, poder de letalidade do armamento que está sendo utilizado e a
tipologia do causador do evento crítico, vale lembrar que quanto maior suas dimensões, mais difícil
sua manutenção. Os perímetros de segurança geralmente são divididos em três etapas: EXTERNO,
INTERMEDIÁRIO e INTERNO.

PERÍMETRO EXTERNO: É o local onde deverão ficar todas as pessoas que não estão envolvidas
diretamente com o conflito, a exemplo de curiosos, policiais de folga ou de serviço em outra área de
atuação, a imprensa, etc.

PERÍMETRO INTERMEDIÁRIO: É local onde é estabelecida toda estrutura operacional para


resolução do conflito, neste perímetro ficam instalados:

4.2.1 Comandante do teatro de operações (CTO)

A competência para gerir as atividades policiais é atribuída naturalmente aos Comandantes de


Unidade Operacional, a depender do grau de risco e proporcionalidade da ocorrência, através de
entendimento do escalão superior, são acionados outras autoridades para o local. O Comandante do
Teatro de Operações é: Autoridade máxima para todas as ações no local; Quem adota as medidas
doutrinárias, observando os critérios de ação; É quem determina à estratégica; É quem autoriza todas
as ações táticas (com exceção das abordagens emergenciais); É quem estabelece e supervisiona a
cadeia de comando e assegura uma coordenação com o seu substituto.

107
4.2.2 Chefe do grupo de negociadores

Está subordinado diretamente ao CTO; Tem controle direto sobre os negociadores; Determina
condições viáveis de negociação e as recomenda ao CTO; Assegura o cumprimento das estratégias
do CTO; Formula táticas de negociação específicas e apresenta ao CTO para aprovação; assegura a
coordenação de iniciativas táticas com os integrantes do grupo tático;
Faz levantamento periódico da situação psicológica dos causadores, bem como do negociador
principal.

4.2.3 Chefe do grupo de apoio operacional

Coordena os elementos de apoio operacional envolvido no gerenciamento das subunidades


operacionais, dos grupamentos especializados da unidade, do acionamento do plano de chamada e da
elaboração de escalas de serviço.

4.2.4 Chefe do grupo de vigilância técnica

É quem recomenda as opções de vigilância técnica ao CTO; Prepara à vigilância técnica de


modo a retro alimentar o sistema de defesa social e respaldara ação policial.

4.2.5 Comandante do grupo tático

Tem o controle direto sobre a zona estéril; Determina as opções táticas viáveis e as
recomenda ao CTO; Formula planos táticos específicos, visando apoiar as estratégias concebidas
pelo CTO; Assegura a comunicação rápida das informações passadas pelos atiradores de precisão.

4.2.6 Chefe do grupo de apoio administrativo

Coordena os elementos de apoio administrativo, financeiro e logístico, envolvidos no


gerenciamento como: Pessoal de informações; Pessoal de logística; Elementos de assessoria exógena;
Assessoria de imprensa.

GRUPO DE INFORMAÇÕES: Coleta, processa, analisa e difunde informações atuais e oportunas


a todos os usuários (CTO, CGT e Negociadores); Desenvolve e assegura a consecução de diretrizes
investigatórias, com vistas à coleta de informações.

GRUPO DE LOGÍSTICA: Têm como missão - Prover e coordenar o sistema de transporte entre o
local da crise e a repartição policial; Prover e coordenar os serviços de manutenção; Prover e
coordenar a distribuição de víveres e local de repouso da tropa; Matem um completo inventário dos
equipamentos e demais insumos utilizados no local da crise.

108
GRUPO DE ASSESSORIA EXÓGENA: Aplicação de assessoria de profissionais ligados a áreas
de conhecimentos não dominados pelo aparelho policial. Exemplo: Medicina; Epidemiologia;
Energia Nuclear, etc.

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Preferencialmente terá a frente dessa missão, alguém que conheça
de Comunicação Social; É o único elemento responsável pela divulgação dos fatos; Deve estar se
policiando para não passar, de forma alguma, técnicas ou táticas empregadas na operação; Antes de
iniciar cada contato com a imprensa, falar antes com o CTO, para as devidas orientações, sobre o que
vai ser passado; Utilizar a própria mídia como fator de sucesso no gerenciamento da crise.

PERÍMETRO INTERNO: O perímetro tático interno é um cordão de isolamento que circula o


ponto crítico, formando oque se denomina de zona estéril. No seu interior, somente devem
permanecer os perpetradores, os reféns (se houver) e os policiais especialmente designados.

4.3 ALTERNATIVAS TÁTICAS

De acordo com a doutrina norte-americana, as alternativas táticas existentes no processo de


Gerenciamento de Crises são:
 Negociação;
 Uso de Agentes Menos Letais;
 Tiro de comprometimento;
 Invasão tática.

NEGOCIAÇÃO:

Considerado o momento mais tenso, é de fundamental importância que seja mantido logo
contato da equipe de negociação com os primeiros policiais penais que interviram na situação para
que sejam repassados os elementos essenciais de informações, como número de reféns ou vítimas,
quantidade de causadores, armamento utilizado, conhecimento do espaço físico. É o momento em
que o policial pode encontrar certa agressividade por parte dos causadores. A técnica recomenda que
este contato inicial seja através de instrumentos de comunicação como megafone, etc.
Mesmo que a autoridade que primeiro tiver contato com a crise, não seja um negociador
oficial, ainda assim, este deverá iniciar o processo de negociação assim que as condições do terreno
permitir.
O negociador, pessoa com treinamento específico, tem um papel de grande responsabilidade
no processo de gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuições. Assim sendo, não pode a
sua função ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou não, como já ocorreram e
ocorrem em diversas ocasiões.
O papel mais específico do negociador é o de ser intermediário entre os causadores da crise e

109
o Comandante do Teatro de Operações. Ele é o canal de conversação que se desenvolve entre, as
exigências dos causadores do evento crítico e a postura das autoridades, na busca de uma solução
aceitável.

USO DE AGENTES MENOS LETAIS

O uso de agentes menos letais deve se basear nos conceitos da legalidade e utilização de
acordo com todas as especificações técnicas previstas em seus manuais de uso:
Podemos disponibilizar para uso nas missões os seguintes Instrumentos de menor potencial ofensivo
que são:
- Agentes químicos: Granadas Fumígenas (de emissão) e explosivas, espargidores e munições
químicas
- Munições de Elastômero (Borracha)
- Armas de condutividade elétrica
O uso de forma errônea e fora das especificações de segurança poderá ocasionar efeito diverso do
desejado para essa alternativa tática.

TIRO DE COMPROMETIMENTO – USO DO SNIPER POLICIAL

A utilização dessa alternativa tática geralmente está vinculada a possibilidade do fracasso das
negociações ou até da percepção do negociador de que os causadores do evento crítico estão
dispostos a cumprir suas ameaças relacionadas a atos violentos contra os reféns ou contra a própria
força tática ou negociador. O comando para tal ação deverá vir do Gabinete de Gestão de Crises
Penitenciárias – GGCP por ordem da mais alta autoridade ao qual está subordinada a Secretaria
responsável pela instituição (no caso, o Governador do Estado).
O tiro de comprometimento sempre precede a invasão tática, que deverá ser iniciada logo após a
ação do disparo.

A INVASÃO TÁTICA:

A invasão tática representa, em geral, a última alternativa a ser empregada em uma ocorrência
com reféns localizados. Isso ocorre porque o emprego da invasão tática acentua o risco da operação,
aumentando, como consequência, o risco de vida para o refém, para o policial e para o transgressor
da lei. Isso por si só, vai de encontro com um dos objetivos principais do gerenciamento de crises
que é a preservação da vida. Dessa forma, só se admite a aplicação dessa alternativa tática quando,
no momento da ocorrência, o risco em relação aos reféns se torna um risco ameaçador à integridade
física dos mesmos ou ainda quando, na situação em andamento, houver uma grande possibilidade de
sucesso do time tático.

As situações de reféns passam por várias fases diferentes:

110
a) Fase inicial: essa fase é violenta, breve e dura tanto quanto os sequestradores precisam para
atacar e dominar os reféns. O final dessa fase geralmente é marcado pela apresentação das
exigências dos sequestradores;
b) Fase de negociação: nesse ponto, os oficiais da lei estão em cena e as exigências
provavelmente foram recebidas. Essa fase pode durar horas, dias ou meses e também pode ser
referida como “a fase do impasse”. Fisicamente, nada sobre a situação muda muito. Os reféns
e seus sequestradores permanecem no mesmo lugar. Entretanto, muita coisa está acontecendo
durante essa fase em termos do desenvolvimento da relação entre todos os envolvidos. O
trabalho do negociador concentra-se em manipular tal relação de modo que o resultado seja
um final pacífico;
c) Fase terminal: essa é breve, e algumas vezes pode ser violenta. Essa fase tem um de três
resultados:

5 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO

5.1 CARACTERÍSTICAS QUE DEVE TER O NEGOCIADOR:

Conhecimento global da doutrina, respeitabilidade e confiabilidade, maleabilidade, paciência,


espírito de equipe, disciplina autoconfiança, autocontrole, comunicabilidade, perspicácia, não ter
poder de decisão.

5.2 OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO:

Ganhar tempo, abrandar exigências, colher informações, prover um suporte tático.

5.3 TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO:

Regras Básicas: Estabilize a situação, escolha a ocasião correta para fazer contato, procure ganhar
tempo, deixe o indivíduo falar - é mais importante ser um bom ouvinte que um bom conversador,
não ofereça nada ao indivíduo, evite dirigir a sua atenção as vítimas com muita frequência e não os
chame de refém, seja tão honesto quanto possível, evitando truques, atenda pequenas exigências,
nunca diga a palavra “NÃO”, procure abrandar as exigências, nunca estabeleça um prazo fatal e
procure não aceitar prazo fatal, não faça sugestões alternativas, não envolva pessoas “não policiais”
no processo de negociação (promotores, juízes, repórteres policiais, parentes de causadores de evento
crítico), não permita qualquer troca de reféns, principalmente não troque um negociador por refém,
evite negociar cara a cara.
Independentemente da motivação do sequestrador, o elemento básico da negociação
permanece o mesmo. “Você trabalha para construir uma harmonia e encorajá-los a chegar a um final
pacífico”.
A equipe de negociação deverá chegar ao local da crise e logo manter contato com os

111
primeiros policiais penais que se depararam com a situação. Sendo assim necessitam saber os
elementos essenciais de informação.
Quadro 1: Exemplo de lista de um negociador
ENTREVISTA DE CHEGADA COM O PRIMEIRO ENTREVISTADOR NOTAS
O que aconteceu?
Quem iniciou a chamada?
Tempo de ocorrência?
Policiais feridos?
Suspeito ferido?
Reféns feridos?
Outros feridos?
Que tipo de contato foi feito com o suspeito?
Quando?
A situação é complicada?
Onde estão os suspeitos?
Onde estão os reféns?
Onde estão os não reféns?
Onde está o plano de solo?
Onde estão os telefones e tipos?
Onde são os pontos de observação do suspeito?
Quais armas de fogo são usadas/localizadas no local?
Quais explosivos/produtos químicos são localizados?
Qual é a descrição/perfil de quem está com os reféns?
Qual é a descrição/perfil dos reféns?
Qual é a natureza da cena ao redor?
Qual é a afiliação do ofensor/apelo público?
Fonte: Guia de estudo de negociação de refém, 2003. Associação Internacional de Chefes de Polícia.

O negociador deve descobrir quem são os sequestradores, por que eles estão mantendo as
pessoas como reféns, quais são suas exigências, quem é seu líder e se há mais de um. Ao mesmo
tempo, o negociador está prestando muita atenção às respostas do sequestrador, maneirismos e
atitudes em geral para criar um esboço do perfil psicológico. Isso pode dar ao negociador algumas
pistas de como o sequestrador deve responder a certas situações. Um negociador lida de formas
muito diferentes com um depressivo, um sequestrador suicida e um pragmatista frio e racional.
1. Prolongar a situação - quanto mais a situação durar, é mais provável que termine pacificamente.
As táticas incluem os pretextos, enquanto um oficial de maior autoridade é consultado, conseguindo
que os prazos sejam repelidos, enfocando a atenção dos sequestradores em detalhes como o tipo de
avião que eles querem e fazendo perguntas abertas para eles ao invés de perguntas de “sim” ou “não”;

112
2. Garantir a segurança dos reféns - isso significa convencer o sequestrador a permitir tratamento
médico ou a liberação de reféns doentes ou feridos, negociando a entrega de comida e água e a
liberação de quantos reféns for possível. Conseguindo que alguns dos reféns saiam da situação não
apenas garante sua segurança, mas também simplifica a situação no caso da necessidade de um
ataque armado. Além disso, a liberação de reféns pode fornecer valiosas informações sobre o local e
os hábitos dos captores e outros reféns;
3. Manter as coisas calmas - desde o ataque inicial e durante todas as primeiras horas de negociações,
os sequestradores podem ser extremamente explosivos. Eles geralmente estão com raiva de algo que
consideram uma injustiça e que os levou a fazer reféns e cheios de adrenalina seguida de excitação
por causa do ataque. Pessoas com raiva e excitadas portando metralhadoras não são boas para os
reféns. O negociador nunca deve discutir com o sequestrador ou dizer “não” a uma exigência. Em
vez disso, deve usar táticas de protelação ou fazer uma contraoferta. Acima de tudo, ele deve manter
uma atitude positiva e otimista, reassegurando ao sequestrador que tudo vai terminar em paz;
4. Encorajar o crescimento da relação entre o negociador e o sequestrador e entre ele e os reféns - o
negociador deve parecer crédulo para o capturador. Isto é, deve agir como se entendesse as razões
para as ações do sequestrador, mas ainda se apresentar forte - não apenas ansioso para com prazê-lo.

O negociador também pode encorajar as atividades que pedem cooperação e interação entre
os captores e os reféns, como enviar comida e medicamentos em grandes pacotes que precisam ser
preparados. Quando o sequestrador consegue conhecer os reféns e os vê como seres humanos, se
torna mais difícil executá-los.
Trabalho de equipe: Os negociadores de reféns podem trabalhar em equipes, com um
negociador principal e outro secundário. O negociador secundário ouve toda a comunicação entre a
polícia e o sequestrador, toma notas e providencia apoio, auxílio e sugestões para o negociador
principal.

5.4 SINDROME DE ESTOCOLMO

Passar horas, dias e meses juntos não apenas alimenta sentimentos da parte do sequestrador
em relação ao refém. Os reféns muitas vezes também desenvolvem simpatia por seus captores. Isso é
conhecido com Síndrome de Estocolmo, batizada por causa de um assalto a banco sueco que deu
errado, resultando em um sequestro de seis dias. Os reféns acabaram auxiliando o assalto, agindo
como observadores e aconselhando o assaltante, enquanto gradualmente passavam a ver a polícia do
lado de fora como inimiga. Umas das mulheres entre os reféns até mesmo se casou com seu
sequestrador enquanto ele ainda estava na prisão. Há razões psicológicas complicadas para a
Síndrome de Estocolmo. Em parte, é um mecanismo de defesa que permite que a pessoa enfrente
uma situação que, do contrário, seria insustentável. Também tem algo a ver com poder: o
sequestrador tem o poder de matar os reféns e, quando ele não o usa, o alívio do refém pode se
transformar em gratidão, eventualmente desenvolvendo simpatia. Além disso, o medo da polícia
entrar rapidamente na situação e matar os reféns acidentalmente em um tiroteio é muito poderoso e

113
ajuda a fazer com que os reféns se virem contra as autoridades.

6 SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA, SAÚDE, AMEAÇAS E VULNERABILIDADES,


COMBATE A INCÊNDIO

6.1 INSTRUÇÕES BÁSICAS DE COMBATE A INCÊNDIO

O que é FOGO?
Fogo, cientificamente chamado combustão, é a reação química entre o combustível e
oxigênio do ar (comburente), face a uma fonte de calor.
Os 3 elementos essenciais da combustão, constituem o chamado “Triângulo da Combustão”.
Imagem 1: Elementos essenciais da combustão

Fonte: o autor.
Se suprimirmos desse triângulo, um dos seus lados, eliminaremos o fogo. A partir disso, podemos
definir as 3 formas de eliminar Combustão:
Resfriamento: Quando se retira o calor;
Abafamento: Quando se retira o comburente;
Isolamento: Quando se retira o combustível.

Classes de Incêndio
1. Classe A
Compreende os incêndios em corpos combustíveis comuns: papel, madeira, fibras, etc., que
quando queimam deixam cinzas e resíduos e queimam em razão de seu volume, isto é, em superfície
e profundidade. Necessitam para a sua extinção, o efeito de resfriamento: a água ou solução que a
contenha em grande porcentagem.
Imagem 2: Classes de Incêndio – Classe A

Fonte: o autor.
2. Classe B
São os incêndios em líquidos petrolíferos e outros líquidos inflamáveis tais como a gasolina,

114
óleo, tintas, etc., os quais, quando queimam, não deixam resíduos e queimam unicamente em função
de sua superfície. Para sua extinção, usa-se o sistema de abafamento (extintor de espuma).
Imagem 3: Classes de Incêndio – Classe B

Fonte: o autor.
4. Classe C
Compreende os incêndios em equipamentos elétricos que oferecem riscos ao operador. Exige-
se, para a sua extinção, um meio não condutor de energia elétrica (extintor de CO2).
Imagem 4: Classes de Incêndio – Classe C

Fonte: o autor.

Agentes Extintores
Os agentes mais empregados na extinção de incêndios são: água, espuma, gás carbônico e pó
químico seco.
Água (H2O), Espuma (ES), Gás (CO2), Pó Químico Seco (Pó), Água (H2O)
É o mais comum e muito usado por ser encontrado em abundância. Age por resfriamento,
quando aplicada sob a forma de jato sólido ou neblina nos incêndios de Classe A, é difícil extinguir o
fogo em líquidos inflamáveis com água por ser ela mais pesada que eles. É boa condutora de energia
elétrica, o que a torna extremamente perigosa nos incêndios de Classe C.
Imagem 5: Extintor de Água

Fonte: o autor.

Espuma (ES)
Existem dois tipos: química e mecânica.
A espuma química é produzida juntando-se soluções aquosas de sulfato de alumínio e
bicarbonato de sódio (com alcaçuz, como estabilizador). Sua razão média de expansão é de 1:10.
A espuma mecânica é produzida pelo batimento mecânico de água com extrato proteico, uma espécie
de sabão líquido concentrado. Sua razão de expansão é de 1:6. A espuma mecânica de alta expansão
chega a 1:1000.

115
Tanto a espuma química como a mecânica tem dupla ação. Agem por resfriamento, devido à
água e por abafamento, devido à própria espuma. Portanto, são úteis nos incêndios de Classe A e B.
Não devem ser empregadas em incêndios de Classe C, porque contêm água.

Imagem 6: Extintor de Espuma química e mecânica.

Fonte: o autor.

Gás (CO2)
Gás insípido, inodoro, incolor, inerte e não condutor de eletricidade.
Pesa cerca de 1,5 vezes mais do que o ar atmosférico e é armazenado, sob a pressão de 850
libras, em tubos de aço. Quando aplicado sobre os incêndios, age por abafamento, suprimindo e
isolando o oxigênio do ar. É eficiente nos incêndios de Classes B e C. Não dá bons resultados nos de
Classe A.
Imagem 7: Extintor de CO2

Pó Químico Seco (Pó)

116
O pó químico comum é fabricado com 95% de bicarbonato de sódio, micropulverizado e 5%
de estearato de potássio, de magnésio e outros, para melhorar sua fluidez e torná-lo repelente à
umidade e ao empedramento. Age por abafamento e, segundo teorias mais modernas, age por
interrupção da reação em cadeia de combustão, motivo pelo qual é o agente mais eficiente para
incêndios de Classe B. Não conduz eletricidade e pode ser usado em fogo de Classe C. Contudo,
deve-se evitá-lo em equipamentos eletrônicos onde, aliás, o CO2 é mais indicado. Não dá bons
resultados nos incêndios de Classe A.

7 NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS

A IMPORTÂNCIA DO APRENDIZADO DE PRIMEIROS SOCORROS

Acidentes acontecem e a todo o momento estamos expostos a inúmeras situações de risco que
poderiam ser evitadas se, no momento do acidente, a primeira pessoa a ter contato com o paciente
soubesse proceder corretamente na aplicação dos primeiros socorros. Muitas vezes esse socorro é
decisivo para o futuro e a sobrevivência da vítima.

OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA

Baseia-se nos três ERRES: Rapidez no atendimento, Reparação, Reconhecimento das lesões,
Reparação das lesões.

RECOMENDAÇÕES AOS SOCORRISTAS

Procure sempre conhecer a história do acidente peça ou mande pedir um resgate


especializado enquanto você realiza os procedimentos básicos sinalize e isole o local do acidente
Durante o atendimento utilize, de preferência, luvas e calçados impermeáveis.

O SUPORTE BÁSICO DA VIDA

O controle das vias aéreas, O controle da ventilação a restauração da circulação


Em algumas situações as vias aéreas podem ficar obstruídas por sangue, vômitos, corpos estranhos
(pedaços de dente, próteses dentárias, terra) ou pela queda da língua para trás, como acontece nos
casos de convulsões e inconsciência. Em crianças sãs comuns obstruções por balas, contas e moedas.

117
REFERÊNCIAS

ANTOKOL, Norman; NUDELL, Mayer. Nenhum Neutro: refém político feito no mundo Moderno.
Alpha, 1990.

ASTON, Clive C. Crise contemporânea: feito refém político e a experiência da Europa Ocidental.
Greenwood Press, 1982.

BAHIA. Secretaria da Segurança Pública Polícia Civil da Bahia. Academia da Polícia Civil. Apostila
do Curso de Formação de Agente e Escrivão de Polícia. Gerenciamento de crises. 2008. Disponível
em: https:
//cidadaossp.files.wordpress.com/2010/06/apostila_gerenciamento_de_crises.pdf. Acesso em:
17/04/2020.

BARKER, Ralph. Não aqui, mas em outro lugar. St. Martins, 1980.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2018. 530 p. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/66886/o-sistema-prisional-brasileiro-e-a-responsabilidade-do-estado. A-
cesso em: 10/03/2019.

BRASIL. Ministério da Justiça. Academia Nacional de Polícia. Departamento de Polícia Federal.


Monteiro, Roberto das Chagas (org.). Manual de gerenciamento de crises. Brasília, DF. 2004.

DE SOUZA, Marcelo Tavares; RIANI, Marsuel Botelho. Técnicas e Tecnologia não-letais de


atuação Policial: Módulo 4. SENANP/ MJ. 2007. 70 p. Disponível em:
https://seopniteroi.files.wordpress.com/2014/11/curso-nc3a3o-letais.pdf. Acesso em: 17/04/2020.

DORIA JUNIOR, Irio; FAHNING, José Roberto da Silva. Gerenciamento de crises no contexto
Policial: Módulo 1. SENANP/ MJ. 2008. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/marcelinhanet/gerenciamento-crises-completo. Acesso em: 12 set. 2022.

ESTADOS UNIDOS. Governo Federal. Departamento De Justiça. Federal Bureau of Investigation


(FBI). Disponível em: https://www.fbi.gov/. Acesso em: 12 set.. 2022..

LUCCA, Diógenes Viegas Dalle. Alternativas táticas na resolução de ocorrências com reféns
localizados. São Paulo. 2002.

LUCCA, Diógenes Viegas Dalle. Gerenciamento de crise em ocorrências com reféns localizados.
São Paulo. 2002.

LUCCA, Diógenes. Manual básico de gerenciamento de crises com reféns localizados.


Disponível em: http://ibsp.org.br/wp-content/uploads/2020/11/MANUAL-BASICO-
Di%C3%B3genes-Lucca.pdf. São Paulo: Book express, 2018. Acesso em: 12 set. 2022.

MONTEIRO. Roberto Chagas. Manual de gerenciamento de crise. 4. ed. Brasília, DF. 2006
SALIGNAC, Angelo Oliveira. Negociação em crises: atuação policial. São Paulo: Ícone, 2011.

118
DISCIPLINA: INTERVENÇÃO TÁTICA EM AMBIENTE PRISIONAL

CARGA HORÁRIA: 32 horas

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Utilizar corretamente as técnicas de condução, imobilização e


intervenção emambiente carcerário, em conformidade com o uso progressivo da força e atribuições
inerentes ao cargo de policial penal.

EMENTA:
UNIDADE 1 – Intervenção Tática
UNIDADE 2 – Conceito de Intervenção
UNIDADE 3 – Características do Operador Tático
UNIDADE 4 – Princípios do Grupo tático
UNIDADE 5 – Grupo de Intervenção (célula)
UNIDADE 6 – Equipamentos do Grupo Tático
UNIDADE 7 – Entrada de Bloco ou Galeria

119
1 INTRODUÇÃO

A Intervenção em estabelecimentos penais faz-se necessária objetivando a preservação da


vida dos que ali trabalham, dos que cumprem penas e preservação do patrimônio. É decorrente do
dever do Estado a busca da manutenção da integridade física e psicológica do custodiado e o
“controle da situação”.
A solução é a implantação de procedimentos e treinamentos dos seus servidores para o
Estado ter condições de dar uma resposta quando houver quebra dos procedimentos e regras,
evitando que facções comandem as prisões, escravizando os custodiados e trazendo grandes
prejuízos, principalmente para a população, que é o alvo das ações criminosas.
Caso a disciplina seja quebrada, é preciso, de imediato, dar uma resposta para que seja
contida a crise, restabelecida a ordem e para garantir que tal fato não se alastre por outras áreas do
estabelecimento penal. Seus causadores devem ser responsabilizados legalmente, a fim de acabar
com a sensação de impunidade.
Portanto, faz-se necessário manter um Grupo Tático bem treinado e equipado, pois assim
teremos resultados excelentes, uma vez que a filosofia de trabalho é o Uso Diferenciado da Força -
UDF, dentro da Legalidade, Moderação, Proporcionalidade, Necessidade e Aceitabilidade, com o
intuito de preservar a vida e a integridade física e psicológica do custodiado. Através de um grupo,
com equipamentos, e treinamento com armas e munições de Instrumentos de Menor Potencial
Ofensivo - IMPO.
Sempre que um grupo especial de intervenção é criado, é possível um aumento de
ocorrências internas no estabelecimento penal, vez que, em um primeiro momento os custodiados
tentarão resistir às mudanças e cobranças impostas, que pretendem, inclusive acabar com: tráfico de
drogas, extorsão de outros custodiados, comércio de objetos ilícitos (como celulares e outros), além
de perderem parte do contato com o mundo do crime exterior e a liderança dentro das unidades
prisionais.
Procedimentos são fundamentais dentro de qualquer estabelecimento de custódia, uma vez
que, por meio deles podemos manter uma rotina e avaliar onde estão ocorrendo falhas na segurança,
na conduta do custodiado e dos policias penais, e com isso diminuir as possibilidades de fugas,
brigas e rebeliões. Caso ocorram tais falhas, será de forma setorizada e não generalizada, o que
dificultará a ação dos custodiados e a corrupção.
Se os procedimentos são aplicados fica fácil seguir o rito da Lei de Execução Penal, do
Código Penal e da Disciplina Interna, a fim de não deixar que só uma pessoa tenha poder de resolver
as ocorrências e sim o dever de comunicá-las. Isso evita que muitas ocorrências graves deixem de ser
comunicadas ao Juízo da Execução.
A definição de alguns conceitos é necessária para melhor compreensão da disciplina:
Motim: movimento coletivo de sublevação da lei e da ordem sem ou com a depredação do
patrimônio público, sem reféns ou vítimas.
Rebelião: movimento coletivo de sublevação da lei e da ordem sem ou com a depredação
do patrimônio público, de alto risco e com existência de reféns ou vítimas.

120
Grupo Tático: equipe tática especializada e altamente treinada, capaz de enfrentar eventos
de alto risco com rapidez e eficiência.
Refém: pessoas capturadas durante um evento crítico que possuem valor real para o captor,
que age de forma orientada em uma meta e com um propósito, utilizando o refém para obter
exigências substantivas, como “moeda de troca”.
Vítima: pessoas capturadas durante um evento crítico que não possuem valor real para o
captor, que age de forma emotiva, insensível e tem o intuito de ferilas, as exigências podem ser não
realísticas.
Superioridade relativa: vantagem qualitativa, estabelecida por fatores como treinamento,
equipamento adequado, elemento surpresa, entre outros.
Ponto Crítico: perímetro do local da crise, que deve ser contido e isolado.
Força: intervenção coercitiva imposta à pessoa ou grupo de pessoas por parte do agente de
segurança pública com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei.
Nível de Uso da Força: intensidade da força escolhida pelo agente de segurança pública em
resposta a uma ameaça real ou potencial.
Uso Diferenciado da Força: seleção apropriada do nível de uso da força em resposta a uma
ameaça real ou potencial visando limitar o recurso a meios que possam causar ferimentos ou mortes.
Técnicas de Menor Potencial Ofensivo: conjunto de procedimentos empregados em
intervenções que demandem o uso da força, através do uso de instrumentos de menor potencial
ofensivo, com intenção de preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas.
Equipamentos de Proteção: todo dispositivo ou produto, de uso individual (EPI) ou
coletivo (EPC) destinado a redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes de segurança
pública.

2 INTERVENÇÃO TÁTICA DOUTRINA

A doutrina de Intervenção Tática se baseia na ação de contenção e atuação resolutiva em


cenários de crise em ambiente prisional, por meio do Grupo Tático especializado. Seja qual for a
dimensão da situação, como, por exemplo, um mero motim ou uma grande rebelião.
A doutrina se norteia nos princípios do uso diferenciado da força, moderada e seletiva
contra ação adversa, e especialmente no uso de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO),
minimizando os danos a integridade física e psicológica dos envolvidos.
Norteia-se, também, na primazia da dignidade da pessoa humana e na preservação da vida
de todos os envolvidos, como a dos policias que irão atuar na crise e das pessoas privadas de
liberdade, que se encontram sob a custódia do Estado, ainda que estes figurem como perpetradores
do evento crítico.
A Intervenção Tática deve ser empregada em ações preventivas, com revistas de rotina para
fazer a segurança das equipes de servidores dos estabelecimentos de custódia, mantendo os
custodiados contidos, conforme a necessidade que a operação requer. Nas contenções, quando
houver brigas nos pátios e celas, ou seja, quando houver toque do alarme, o Grupo de Intervenção

121
deve estar bem localizado e postado no complexo penitenciário, para que o tempo de resposta possa
ser o mínimo possível para a eficiência e assim, conter e debelar a crise. Com isso, vidas são
poupadas e há uma diminuição dos danos ao patrimônio público, e o Estado mantém o controle, que
é sua responsabilidade.
Essa atuação do grupo de intervenção gera uma real sensação de segurança para os
custodiados, visto que a pessoa presa não estará sujeita a coação do crime organizado. Essa presença
do Estado diminui e muito o poder do crime organizado.
As ações preventivas não se limitam às revistas periódicas nas dependências dos
estabelecimentos penais, também podendo ser medidas de antecipação visando impedir a ocorrência
de uma crise, como a detecção de possíveis fugas ou informe de planejamento de motim,
mobilizando a presença ostensiva de equipes como ação para coibir e desestimular custodiados em
suas empreitadas.
2.1 DEFINIÇÃO DE INTERVENÇÃO

A definição de Intervenção é o ato de intervir, que é tomar parte ou interceder em algo. A


presente disciplina prega com exatidão a definição do conceito de intervir, que é a tomada do
controle das ações, intercedendo na crise que se estabeleceu no ambiente prisional. Ou melhor, a
retomada do controle, pois, em regra, a ordem já foi rompida, restando ao Estado retomar a ordem e
disciplina do estabelecimento penal.
“A intervenção pode ser para coibir qualquer ato fora do padrão, para resolver um problema
ou solucionar um conflito.” (Francisco Klemberg Batista, Agente Federal de Execução Penal - in
memorian).
A Intervenção deve prezar pela ação com o máximo de controle e o mínimo de esforço, com
a busca de solução pacífica de conflitos, através de métodos de persuasão e mediação que podem
reduzir consideravelmente a possibilidade de confronto.
Porém, se necessário for, a alternativa a ser empregada poderá ser o uso da força, sendo
extremamente necessário o domínio das técnicas e táticas de Intervenção, além do uso correto dos
equipamentos. As ocorrências de eventos críticos em presídios devem receber resposta imediata, sob
pena de evoluírem negativamente em grande velocidade e ocasionar danos irreversíveis.
Além da preservação de vidas e da aplicação da lei, a Intervenção também tem como
objetivo preservar o patrimônio público e as instalações físicas, pois é comum, durante os eventos
críticos, a ocorrência de danos e destruição dos estabelecimentos prisionais pelos custodiados.
Cumpre destacar a importância da implantação de protocolos de segurança internos, que são
os procedimentos carcerários. Em sentindo amplo, a Intervenção se pauta na atuação com enfoque no
restabelecimento dos procedimentos e rotina carcerária, visando evitar falhas internas de segurança.
A solução é a implantação de procedimentos e treinamentos dos seus servidores para o
estado ter condições de dar uma resposta quando da quebra dos procedimentos e regras, evitando que
facções comandem as prisões. Caso a disciplina seja quebrada, é preciso, de imediato, dar uma
resposta para que seja contida a crise, restabelecida a ordem e para garantir que tal fato não se alastre
por outras áreas da prisão. Seus causadores devem ser responsabilizados legalmente, a fim de acabar

122
com a sensação de impunidade. (ARAÚJO; MELLO, 2002?).
A intervenção deve contemplar a formação de uma equipe, com um efetivo mínimo de
operacionais treinados nas Técnicas de armamento e tiro, em Instrumentos de Menor Potencial
Ofensivo, Imobilização tática, uso do Bastão policial, Chefia e liderança, Direitos Humanos da
pessoa presa, Lei de Execução Penal, Código Penal, Intervenção e contenção em estabelecimentos de
custódia e Gerenciamento de Crise.
Partiremos para as medidas efetivas a serem tomadas pelo grupo de Intervenção, que são
resumidas nos verbos: CONTER, ISOLAR E RESOLVER.
CONTER: Consiste em evitar que a crise se alastre e amplie a área sob controle do
perpetrador, ou seja, é o impedimento imediato de deslocamento do ponto crítico. A atuação primária
deve ser rápida e de crucial importância, devendo a crise ser contida por policiais do grupo tático ou
não. Todos os meios necessários e disponíveis serão utilizados para conter a desordem. Esse
momento é importante para entender o que realmente aconteceu e coletar informações sobre quem
iniciou a crise e quem são os perpetradores. As ações imediatas tornam a crise setorizada, impedindo
de se tornar generalizada.
ISOLAR: Consiste em delimitar o local da ocorrência, interrompendo todo e qualquer
contato com o exterior, mantendo um cinturão de isolamento. Uma ameaça que se mantém em local
incerto e móvel dificulta as ações, sendo o papel garantidor do isolamento a permanência de se
manter o ponto crítico estático. Deve-se limitar a entrada de água e alimentos, energia elétrica,
contato com o exterior, servidores de outros setores e servidores terceirizados, etc.
RESOLVER: A ação deve ser rápida e enérgica, atuando de forma incisiva e pontual
contra os perpetradores da crise, sem que tenham tempo de iniciarem outras ações e tentativas para
desestabilizar a ordem e disciplina, como inflamar a massa carcerária e iniciar movimento de
subversão do estabelecimento. No sistema penitenciário o fator rapidez é de suma importância, por
isso a equipe de Intervenção deve debelar o mais rápido as ações adversas.

2.2 CARACTERÍSTICAS DO OPERADOR TÁTICO

As características do operador tático são:

Anonimato: manter-se anônimo, sem a necessidade de ser percebido ou reconhecido pelo


cumprimento da missão, um combatente invisível;
Agressividade controlada: a força deve ser utilizada em momento preciso e cirúrgico, com
a razão em primeiro lugar e coexistindo com o princípio da paciência estratégica, seguindo o ditado
que a técnica suplanta a força;
Controle emocional: o equilíbrio emocional do operador deve prevalecer em momentos de
extremo estresse e risco, mantendo-se relativamente calmo para tomada de decisões mais assertivas;
Disciplina consciente: significa disciplina pessoal rígida, em que o combatente deve
exercer o auto sacrifício mental para sair da zona de conforto e buscar a excelência em todas as suas
atividades;

123
Espírito de corpo: aceitação de que a força não está no próprio combatente, e sim na
equipe, a coletividade deve ser respeitada e que o bem comum é a missão a ser cumprida, fundada
em algo maior;
Iniciativa: mais que proatividade, é não ter medo de se expor, devendo sempre se
posicionar e nunca se omitir, não se busca o cominho mais fácil que é aquele de não se indispor com
os demais;
Flexibilidade: capacidade de adaptação aos princípios e às técnicas de combate, havendo
necessidade em alguns casos de improvisação, sem fugir dos valores e normas de conduta;
Honestidade: combater o bom combate, ser honesto consigo mesmo e com todos os
envolvidos;
Iniciativa: mais que proatividade, é não ter medo de ser expor, devendo sempre se
posicionar e nunca se omitir, não se busca o caminho mais fácil que é aquele de não se indispor com
os demais;
Lealdade: manter relação de confiança entre os membros do grupo, de forma que seja a
força motriz para blindar as relações interpessoais da equipe;
Lealdade: É o cumprimento daquilo que exigem as leis da fidelidade e da honra. Um
homem de bem deve ser leal a sua corporação e aos operacionais da mesma;
Liderança: capacidade de influenciar os outros membros para o cumprimento da missão,
com o reconhecimento natural pelas suas virtudes e admiração dos demais;
Perseverança: força interna para atuar, de forma organizada e orientada, mantendo- se
autoconfiante na realização da missão;
Resistência: força física para resistir aos mais duros combates, mantendo consistência nos
momentos mais difíceis da missão;
Resiliência: capacidade de superar e se recuperar das mais difíceis adversidades,
conjugando força física e mental, resistindo à pressão e mantendo-se em equilíbrio.

2.3 PRINCÍPIOS DO GRUPO TÁTICO

Os princípios basilares dos Grupos Táticos de Intervenção devem ser sólidos e bem
sedimentados, devendo estar enraizados na cultura organizacional do grupo. Deve fazer parte dos
quadros de pessoal da instituição.
Vários gestores poderão passar pelo seu comando, porém, se os princípios estiverem bem
desenvolvidos, a instituição seguirá fortalecida, sem maiores interferências políticas e
desvirtuamento da sua atuação e da sua concepção.
Os princípios são:
Unidade De Comando: hierarquia bem definida, com comando central;
Integridade Tática: a doutrina empregada deve ser respeitada fielmente;
Objetividade: atuação de forma simples e objetiva, prezando pelo sucesso da missão;
Rapidez: ligado ao fator surpresa, que garante a vantagem no sucesso das atuações do
grupo;

124
Mobilidade: pequenos grupos podem se deslocar com facilidade e rapidez para atuarem;
Voluntariado: os membros devem se candidatar de forma voluntária para integrar o grupo;
Espírito de corpo: deve sempre prevalecer o pensamento em equipe, princípio ligado à
disciplina consciente;
Dever do silêncio: manter em sigilo as missões, as técnicas, os treinamentos ou qualquer
outro dado referente ao grupo;
Especialização: treinamento constante e especializado para atuar em ações de alto risco.
Fotografia 1: Grupo de Ações penitenciária-GAP

Fonte: Os autores, 2022.

3 GRUPO DE INTERVENÇÃO

A célula será composta por no mínimo 12 (doze) operacionais, que serão posicionados de
acordo com as funções abaixo relacionadas:
1° Homem Escudeiro: Responsável pela proteção da equipe (arma curta, escudo e tonfa);
2° Homem Comandante: Se posiciona atrás do escudeiro, comanda a célula, é o
responsável direto pela verbalização (Arma curta, espargidor, Espingarda Cal. 12);
3° ao 10º Homens Atiradores: (Arma curta, todos com Espingarda Cal. 12);
11º Homem (Granadeiro): É Responsável por transportar o bornal contendo: espargidor,
taser e granadas. E também estará com uma arma longa (Espingarda Cal. 12);
12º Homem Segurança: É responsável pela segurança do grupo tático. (Arma curta, arma
longa: carabina cal 5,56 ou similar).
Observação: Se necessário, o comandante poderá solicitar ao diretor da unidade, que
disponibilize um policial (apoio) para abrir os cadeados dos blocos e celas. Bem como, utilizar o
cadeado corta frio para abrir os mesmos.

4 EQUIPAMENTOS DO GRUPO TÁTICO

125
Figura 1: Equipamentos do GAP

Fonte: Os autores, 2022.

4.1 INDIVIDUAL
 Capacete anti-motim;
 Colete balístico;
 Caneleira e Cotoveleira;
 Luva meio dedo;
 Bala clava;
 Máscara contra gases;
 Algema;
 Escudo balístico ou antimotim, 1 (um) para cada grupo.

4.2 ARMAMENTOS DO GRUPO TÁTICO

 Arma Curta (PT);


 Espingarda calibre 12;
 Arma Longa (carabina 5.56mm ou similar);
 Lançador AM 640 cal.37, 38 ou 40 mm;
 Spark ou Taser;
 Tonfa Policial.

4.3 INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IMPO) DO GRUPO TÁTICO


 Bornal com Granadas Explosivas e Fumígenas;
 Espargidores Lacrimogêneos (Spray, Espuma e Gel);
 Munições de (Elastômero, Lacrimogênea e Jato Direto).

4.4 CÃO POLICIAL NA INTERVENÇÃO

126
Os Cães Policiais poderão participar da intervenção. Os cães juntamente com seu operador,
potencializam os níveis de força na intervenção, são utilizados para a proteção da equipe, apoio na
revista, escolta e extração de custodiados da cela e etc.
Fotografia 2: Núcleo de Operações com cães - NOC

Fonte: Os autores, 2022.

5 ENTRADA DE BLOCO OU GALERIA

A entrada do bloco será feita em coluna e um operacional deverá ocupar a frente de cada
cela, avançando para a próxima, somente quando o operacional que está fazendo a segurança da
mesma, liberar a equipe para avançar por meio de comando. O operacional deverá verbalizar para o
custodiado: “para fundo, sentados, com as mãos na cabeça” (o custodiado deverá estar de frente para
a parede e de costas para a equipe operacional). Depois que os custodiados da referida cela estiverem
em posição de contenção, será dado o comando de “limpo, vai”, ou seja, autorizando a equipe
operacional a avançar e repetir o mesmo procedimento na próxima cela, até que todo o bloco esteja
controlado e dominado. Sendo que “o operacional” que faz a varredura na última cela, será o que
verbaliza “dominado” e os outros operacionais repetem em uma só voz “dominado”, para que a o
Grupo tático tenham conhecimento de que todas as celas do bloco foram verificadas.

5.1 AÇÕES APÓS A TOMADA DO BLOCO

Os custodiados geradores de crise serão retirados de suas celas e conduzidos para local
separado da massa carcerária para as providências administrativas e criminais. É indispensável à
lavratura do boletim de ocorrência na Delegacia da área e realização do exame ad cautelam, corpo de
delito, no IML.
Ao retornar ao estabelecimento penal o custodiado deverá ser mantido em isolamento
disciplinar, nos termos da Lei de execução Penal - LEP, enquanto é instaurado o procedimento de
apuração. Vale ressaltar que no curso do procedimento apuratório será assegurado o contraditório e a

127
ampla defesa ao custodiado, devendo este ser ouvido pelo setor responsável e na presença de um
advogado. Caso seja identificado qualquer custodiado com ferimentos, o mesmo deverá ser
encaminhado para atendimento médico antes de qualquer procedimento administrativo e ou criminal.
Todavia, o custodiado somente deverá ser socorrido quando houver segurança para tal procedimento.

5.2 TÉCNICA DE DISPARO EM INTERVENÇÃO

O Grupo Tático deverá utilizar espingarda calibre 12 com munições de elastômero. Efetuar
disparo contra ao custodiado, somente quando houver NECESSIDADE e o mesmo oferecer o real
risco a integridade física do operador ou de outros custodiados, e será feito de forma a neutralizar a
ação agressiva deste interno. O disparo deverá ser efetuado para atingir os membros inferiores
(região das pernas), preservando ao máximo a integridade física do interno.
Figura 2: Técnica de Disparo.

Fonte: Imagem da internet.

Geralmente, na entrada do Grupo Tático é lançada granada de efeito moral causando o


efeito choque (o efeito causado pela deflagração da granada é o estado de choque e o sinal pra
lançamento da granada é quando o operacional brada ZULU), conseguindo dessa maneira resolver a
situação sem o efetuar nenhum disparo contra os custodiados. Depois de conter parcialmente a
situação, é dada a voz de comando para os custodiados irem para o fundo da cela ou do pátio, e se
sentarem com as mãos sobre a cabeça e os dedos entrelaçados, voltados para a parede, e de costas
para a equipe.

5.3 ENTRADA DE PÁTIO

O pátio tem como característica um grande e amplo espaço, geralmente em formato de


retângulo. O objetivo é invadir e posicionar o time tático no início do pátio, em formação de linha,
ombro a ombro, perfazendo uma grande faixa de contenção utilizando a espingarda cal. 12 e
instrumentos não letais. Após, ocorrerá o avanço gradual da equipe para debelar os custodiados e
retomar o controle do pátio. Os comandos emanados serão para que todos os custodiados se

128
posicionem no fundo do pátio, sentados e com as mãos na cabeça, de frente para a parede e de costas
para a equipe, para que não tenham visão do time tático e não ofereçam resistência. Caso os
custodiados tentem alguma ação contra a equipe tática, terão que levantar e virar para frente dos
operacionais. Enquanto isso, o operacional ganhará tempo para poder reagir com segurança ou até
inibir a ação.

Fotografia 3: Equipe de Intervenção/Controle de Pátio

Fonte: SEAP, 2022.

Fotografia 4: Equipe de Intervenção/Controle de Pátio.

Fonte: SEAP, 2022.

O Grupo de Intervenção possui a chamada superioridade relativa em relação aos internos,


pois o grupo quantitativamente menor tem condição de obter vantagem sobre a grande massa
carcerária, devido aos fatores qualitativos, como treinamento especializado, materiais táticos
especiais, emprego de ação surpresa, etc. Porém, deve ser respeitada uma proporcionalidade mínima
de segurança, aconselhando-se um número de cerca de 10 (dez) agentes para cada 100 (cem)
custodiados, na ocasião das entradas em pátios, blocos e outros ambientes com concentração de

129
internos.
Cumpre ressaltar que esse número estimado de proporcionalidade é apenas um norte e em
cada missão deverá ocorrer avaliação das variantes da crise, como, por exemplo, informes de arma
de fogo em posse dos internos, se a estrutura favorece ou não o time, quais equipamentos táticos
estarão disponíveis à equipe, etc.
O grupo de intervenção deverá, sempre que entrar no pátio, deixar uma reserva tática de
pessoal para dar apoio, permanecendo estes nos postos de controle, em condições de apoiar, com
instrumentos de menor potencial ofensivo. Após a invasão do pátio deverá ser observado se há
feridos em função da entrada da equipe ou se há feridos devido ao confronto entre os próprios
custodiados, providenciando o atendimento imediato aos mesmos.
Quando os custodiados do pátio estiverem posicionados no fundo do pátio e for necessário
retirar um deles que demonstre alteração, será feita a extração do mesmo do meio dos outros e
conduzido à cela de triagem para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

5.4 AÇÕES APÓS A TOMADA DA ALA

Os custodiados geradores de crise serão retirados de suas celas e conduzidos para local
separado da massa carcerária para as providências administrativas e criminais. É indispensável a
lavratura do boletim de ocorrência na Delegacia da área e realização do exame ad cautelam1, corpo
de delito, no Instituto Médico Legal (IML).
Ao retornar ao estabelecimento penal o custodiado deverá ser mantido em isolamento
disciplinar para a aplicação de isolamento preventivo, nos termos da LEP, enquanto é instaurado o
procedimento de apuração. Vale ressaltar que no curso do procedimento de apuração será assegurado
o contraditório e a ampla defesa ao custodiado, devendo este ser ouvido pelo setor responsável e na
presença de um advogado. Caso seja identificado qualquer custodiado com ferimentos, o mesmo
deverá ser encaminhado para atendimento médico antes de qualquer procedimento administrativo e/
ou criminal. Todavia, o custodiado somente deverá ser socorrido quando houver segurança para tal
procedimento.

5.5 EQUIPE DE EXTRAÇÃO

É uma equipe utilizada durante as operações para movimentações de custodiado em situação


de indisciplina. A equipe deve ter treinamento em imobilização e técnicas com tonfa, os quais
poderão ser utilizados quando algum dos custodiados oferecer resistência e não atender aos
comandos verbalizados ou estejam envolvidos em ocorrências.
Observação: Os policiais do grupo de extração não poderão portar armas de fogo.

1
O exame de corpo de delito a que se refere o dispositivo é o chamado ad cautelam e serve ao atendimento de três
objetivos principais, quais sejam: a) respeitar a integridade física da pessoa detida e encaminhada à unidade policial para
a lavratura do cabível procedimento, comprovando em que condições fora esta apresentada a autoridade policial; b)
apontar ao delegado de Polícia que a pessoa a ser autuada está em condições físicas de ser recolhida em cela; c) cumprir
requisito para postar recolhimento da pessoa em unidade do Sistema Prisional.

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É uma equipe utilizada durante as operações para movimentações dos custodiados em
situação de indisciplina, imobilizados ou não, de acordo com a necessidade que o caso requerer, nos
pátios ou celas. Não poderão portar arma de fogo, em razão de contato aproximado com os internos.

5.6 ENTRADA DE BLOCO POR SITUAÇÃO DE REVISTA DE ROTINA

Será feita em equipe, avançando de cela em cela, mandando os ocupantes das celas irem
para o solário deslocando apenas de short e sandália e com mãos sob a cabeça durante o percurso.
Que após a saída do último interno a equipe adentra na cela para constatar que não tenha mais
interno naquele ambiente, após a verificação será dada o Comando de “LIMPO”, autorizando a
próxima equipe avançar para a cela seguinte, isso ocorrerá em todas as celas até que todos os
internos daquele bloco estejam no solário.
Fotografia 5: Movimentação dos custodiados, durante Revista Preventiva.

Fonte: Os autores, 2022.

Os custodiados ao chegarem ao solário passarão por uma revista minuciosa e permanecerão


sentados com as mãos na cabeça e de frente para a parede.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Luís Mauro Albuquerque; MELLO, Carlos Justino de. Doutrina de Intervenção Tática em
Recinto Carcerário. Diretoria Penitenciária de Operações Especiais – DPOE.

ARAÚJO, Luis Mauro Albuquerque; MELLO, Carlos Justino de. Apostila de Intervenção Prisional – FIPI.
Ceará, 2019.

BRASIL. Lei 9.714, de 25 de novembro de 1998. Altera dispositivos do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 - Código Penal. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9714-25-
novembro-1998-352670-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 01 de set. 2022.

BRASIL. Lei 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em : 01 de set. 2022.

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