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Nova Lei de

Garantia
Licitações e Alocação de Riscos
Contratos Controles
(Lei 14.133/2021)
Principais Alterações

Adriano Dutra Carrijo


Março/2023
GARANTIA

• Consta do interessante estudo realizado por SOLMI que, ao final


das feiras, eram apurados os débitos e os créditos de cada
negociante, sendo as contas liquidadas mediante numerário ou
por meio de letras de câmbio emitidas pelo devedor.
• Nem sempre havia plena confiança na pessoa do devedor, o que
levava o credor a exigir, a título de garantia, uma outra letra de
câmbio emitida por um banqueiro com sólida posição financeira.*
* Lucca de, Newton. “O Aval”, disponível em: https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/download/67058/69668/88467.
Acesso em 19.11.22
CONCEITO

• Código de Processo Civil:

• Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes


e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as
restrições estabelecidas em lei.

• Assim, a garantia é um negócio jurídico com o objetivo de


oferecer ao credor uma segurança de pagamento, além daquela
genérica situada no patrimônio do devedor
DIRETRIZES CONSTITUCIONAIS

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
do cumprimento das obrigações.
DIRETRIZES CONSTITUCIONAIS

A Constituição deixa bastante claro, portanto, que o cumprimento


das obrigações é um objetivo importante a ser alcançado nos
processos licitatórios

A garantia contratual é uma ferramenta que contribui para isso.


Previsão Legal
Lei 8.666/1993
• Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que
prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de
garantia nas contratações de obras, serviços e compras.
• § 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de
garantia:
• I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes ter
sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do
Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo
Ministério da Fazenda;
• II - seguro-garantia;
• III - fiança bancária.
Previsão Legal
Lei 14.133/2021
• Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser
exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações
de obras, serviços e fornecimentos.
• § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de
garantia:
• I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob a forma
escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus
valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
• II - seguro-garantia;
• III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente
autorizada a operar no País pelo Banco Central do Brasil.
Caução*

• Só se admite a caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública;

• É considerada uma garantia real, no sentido de se contrapor à garantia


fideijussória, que se lastreia na confiança em determinada pessoa;

• No caso da caução, o valor é efetivamente retirado do patrimônio de alguém


passando a integrar uma conta que a Administração pode movimentar, em
ocorrendo a hipótese legal ou contratual

• *A presente aula e as relativas às demais modalidades baseou-se nos ensinamentos contidos na obra: “Tratado da
Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei Nº 14.133/21 Comentada por Advogados Públicos.” São
Paulo, Jus Podivm, 2021. Os comentários aos dispositivos sobre garantia foram realizados pelos colegas Carlos
Henrique Benedito Nitão Loureiro e Leandro Sarai, este último também organizador da obra
Caução

• Se for em dinheiro, o valor deve ser depositado na Caixa Econômica Federal,


por força do art. 1º, IV, do Decreto-Lei 1.737/1979:

• Art 1º - Serão obrigatoriamente efetuados na Caixa Econômica Federal, em


dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, ao
portador, os depósitos:
• I – (...)
• IV - em garantia, na licitação perante órgão da administração pública federal
direta ou autárquica ou em garantia da execução de contrato celebrado com
tais órgãos.
Caução

• Se for em títulos, estes devem ser emitidos sob a forma escritural, mediante
registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo
Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores econômicos, conforme
definido pelo Ministério da Economia.

• No Brasil, a Secretaria do Tesouro Nacional – STN é responsável pela emissão


dos títulos públicos que integram a dívida pública federal

• os títulos da dívida pública são “títulos financeiros com variadas taxas de


juros, métodos de atualização monetária e prazo de vencimento, utilizados
como instrumentos de endividamento interno e externo.”
Caução

• Lei n. 10.179/2001. (Dispõe sobre os títulos da dívida pública de


responsabilidade do Tesouro Nacional)

• Art. 5º. A emissão dos títulos a que se refere esta Lei processar-se-á
exclusivamente sob a forma escritural, mediante registro dos respectivos
direitos creditórios, bem assim das cessões desses direitos, em sistema
centralizado de liquidação e custódia, por intermédio do qual serão também
creditados os resgates do principal e os rendimentos.
Caução

• O Tesouro Nacional alerta que não existem no mercado doméstico apólices


ou títulos de emissão do Tesouro Nacional sob a forma de cártulas (em
forma de papel) ainda válidos, vencidos ou repactuados. Títulos e Apólices
nessa forma têm sido usados por pessoas inescrupulosas para lesar terceiros
de boa-fé.
• Em resumo:
• os títulos emitidos entre 1902 e 1955 não valem desde 1962
• os títulos especificados nos DL nº 263/1967 e DL nº 396/1968
prescreveram definitivamente em 1974
• Disponível em: https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/divida-publica-federal/sobre-a-divida-publica/titulos-
publicos-antigos acesso em 18.11.22
Caução

• “...e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo


Ministério da Economia.”

• Segundo Niebuhr, “exige-se que o título seja emitido sob a forma escritural,
• registrado no Banco Central e avaliado pelo seu valor econômico, isto é, pelo
seu valor de mercado”, isto quer dizer que “o título deve ser recebido de
acordo com a sua liquidez, e não, como era frequente, pelo simples valor de
face atualizado”.
Seguro-Garantia

• O contrato de seguro está previsto no art. 757 do Código Civil:

Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o


pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a
pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.

Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como


segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.
Seguro-Garantia

• A Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, autarquia federal


“responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguro”, regulamentou a
matéria por meio da edição da Circular Susep nº 662/2022.

• Esta circular revogou a Circular SUSEP n. 477/2013, mas até 31.12.2022


os contratos de seguro-garantia podiam ser emitidos com base em
qualquer uma das circulares
Seguro-Garantia

• Para se entender a mudança entre a Circular Susep nº 662/2022 e a


477/2013 é essencial conhecer a RESOLUÇÃO CNSP Nº 407, DE 29 DE
MARÇO DE 2021, do Conselho Nacional de Seguros Privados.

• Houve uma mudança principiológica: antes as cláusulas dos contratos eram


elaboradas pela SUSEP, as seguradoras faziam “copia e cola”. Agora a
tendência é permitir a livre pactuação entre as partes, desde que haja
similaridade de condições para pactuar.
Seguro-Garantia

• Art. 4º Os contratos de seguro de danos para cobertura de grandes riscos


serão regidos por condições contratuais livremente pactuadas entre
segurados e tomadores...;

• § 1º O princípio da liberdade contratual de que trata o inciso I prevalece


sobre as demais exigências regulamentares específicas que tratam de planos
de seguros, desde que não contrariem as disposições desta Resolução,
refletindo a plena capacidade de negociação das condições contratuais pelas
partes.
Seguro-Garantia

• Circular Susep nº 662/2022, art. 2º:

• II - objeto principal: relação jurídica, contratual, editalícia, processual ou de


qualquer outra natureza, geradora de obrigações e direitos entre segurado e
tomador, independentemente da denominação utilizada;

• IV - segurado: credor das obrigações assumidas pelo tomador no objeto


principal;

• IX -tomador: devedor das obrigações estabelecidas no objeto principal


perante o segurado
Seguro-Garantia

• Art. 3º O Seguro Garantia destina-se a garantir o objeto principal contra o


risco de inadimplemento, pelo tomador, das obrigações garantidas.

• Parágrafo único. Pelo contrato de Seguro Garantia, a seguradora obriga-se ao


pagamento da indenização, nos termos do art. 21, caso o tomador não
cumpra a obrigação garantida, conforme estabelecido no objeto principal ou
em sua legislação específica, respeitadas as condições e limites
estabelecidos no contrato de seguro.
Seguro-Garantia

• Conforme art. 8º, §2º, o tomador não poderá se opor à manutenção da


cobertura, exceto se ocorrer a substituição da apólice por outra garantia
aceita pelo segurado.

• Conforme art. 10, a apólice só poderá ser alterada mediante pedido do


segurado ou com sua expressa concordância.

• Pelo §1º do art. 16, a apólice continuará em vigor mesmo que o tomador
não pague o prêmio nas datas estipuladas
Seguro-Garantia

• Art. 26. O Seguro Garantia será extinto na ocorrência de um dos seguintes


eventos, o que ocorrer primeiro, sem prejuízo da comunicação do sinistro
conforme arts. 19 e 20:
• I - quando as obrigações garantidas forem definitivamente concluídas e
houver manifestação expressa do segurado neste sentido;
• II - quando o segurado e a seguradora expressamente acordarem;
• III - quando o pagamento da indenização ao segurado ou beneficiário atingir
o valor da garantia;
• IV - quando o objeto principal for extinto; ou
• V - quando do término de vigência da apólice.
Seguro-Garantia

• E se o dano for caracterizado só depois, como em uma reclamação


trabalhista, por exemplo?

• Art. 20. Ocorrido o sinistro durante a vigência da apólice, nos termos do


caput e do §4º do art. 18, sua caracterização e comunicação poderão
ocorrer fora desta vigência, não caracterizando fato que justifique a
negativa do sinistro, desde que respeitados os prazos prescricionais
aplicados ao contrato de seguro.
Seguro-Garantia

• Caso se defina no processo que o contrato será coberto por garantia, então
deverá ser concedido o prazo mínimo de um mês, entre a homologação do
certame e a assinatura do contrato, para que o futuro contratado possa
contratar o seguro garantia antes da assinatura do contrato administrativo:

• § 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data de


homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato, para a
prestação da garantia pelo contratado quando optar pela modalidade
prevista no inciso II do § 1º deste artigo.
Seguro-Garantia

• Parágrafo único. Nos contratos de execução continuada ou de fornecimento


contínuo de bens e serviços, será permitida a substituição da apólice de
seguro-garantia na data de renovação ou de aniversário, desde que
mantidas as mesmas condições e coberturas da apólice vigente e desde que
nenhum período fique descoberto, ressalvado o disposto no § 2º do art. 96
desta Lei.

• § 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou inadimplemento


da Administração, o contratado ficará desobrigado de renovar a garantia ou
de endossar a apólice de seguro até a ordem de reinício da execução ou o
adimplemento pela Administração.
Fiança Bancária

• A fiança está prevista no art. 818 do Código Civil:

Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor
uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.

Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a


exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do
devedor.

Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:


I - se ele o renunciou expressamente;.
Valores Máximos da Garantia

• Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia


poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato,
autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento),
desde que justificada mediante análise da complexidade técnica e dos riscos
envolvidos.

• A regra geral é de até 5%, não sendo necessárias maiores justificativas já que
a própria decisão de exigir garantia deveria ser motivada.

• Para ampliar o percentual, será necessário justificativa técnica também


sobre esse ponto, considerando o art. 20 da LINDB:
Valores Máximos da Garantia

• Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se


decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão.

• Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação


da medida imposta... ..., inclusive em face das possíveis alternativas.
Valores Máximos da Garantia

• Parágrafo único. Nas contratações de serviços e fornecimentos contínuos


com vigência superior a 1 (um) ano, assim como nas subsequentes
prorrogações, será utilizado o valor anual do contrato para definição e
aplicação dos percentuais previstos no caput deste artigo.
Valores Máximos da Garantia

• Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto,


poderá ser exigida a prestação de garantia, na modalidade seguro-garantia,
com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual
equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.

• Art. 6º, XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo
valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais);

• Conforme Decreto 11.317/2022, esse valor foi atualizado para R$


228.833.309,04
Valores Máximos da Garantia

• Art. 101. Nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela
Administração, dos quais o contratado ficará depositário, o valor desses bens
deverá ser acrescido ao valor da garantia.

• Ex. Nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela


Administração, dos quais o contratado ficará depositário, o valor desses bens
deverá ser acrescido ao valor da garantia.
Garantia de Execução de 5% - Valor:
BEM 1 Valor:
BEM 2 Valor:
TOTAL Valor total:
CLÁUSULA “STEP-IN”

• Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá


exigir a prestação da garantia na modalidade seguro-garantia e prever a
obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado,
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:

• I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como


interveniente anuente e poderá:
• a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
• b) acompanhar a execução do contrato principal;
• c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
• d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo
fornecimento;
CLÁUSULA “STEP-IN”

• 102 (...) II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela


indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde que demonstrada
sua regularidade fiscal;
• III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou
parcialmente.
• Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão
observadas as seguintes disposições:
• I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta
da obrigação de pagar a importância segurada indicada na apólice;
• II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a
integralidade da importância segurada indicada na apólice.
• Matriz de Risco

• A estruturação de matriz de risco e a previsão de taxa de risco foi inserida


no Brasil pelo Decreto nº 8.080, de 20 de agosto de 2013, que alterou o
art. 74 do Decreto nº 7.581, de 11 de outubro de 2011, regulamentador do
Regime Diferenciado das Contratações Públicas (RDC)*

• Risco é a possibilidade de que um evento afete negativamente o alcance


dos objetivos de um negócio. Embora existam riscos positivos, as
chamadas “oportunidades”, a lei trata apenas dos riscos negativos

• *Aula baseada nas lições da prof. Dra. Carolina Zancaner Zockun encartadas na obra
Tratado da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei Nº 14.133/21
Comentada por Advogados Públicos. São Paulo, Jus Podivm, 2021. Sarai, Leandro (org.)
• Matriz de Risco

• A Federal Highway Administration - FHWA (2006) sugere as seguintes


etapas*:
• Identificação
• Avaliação
• análise
• Mitigação
• Alocação
• Monitoramento
• atualização.

Colhido no “Guia de Gerenciamento de Riscos de Obras Rodoviárias – DNIT”


• Matriz de Risco

Colhido no “Guia de Gerenciamento de Riscos de Obras Rodoviárias – DNIT”


• Matriz de Risco

• As simulações do modelo desenvolvido fornecem aos gestores


responsáveis pela licitação dos empreendimentos do DNIT cenários de
risco com a respectiva probabilidade de ocorrência, de forma que possam
definir a taxa de risco que será utilizada em cada empreendimento.
• Assim, ao orçamento estimado deverá ser acrescido um montante
relacionado a um determinado cenário de risco – Reserva de
Contingência –, com vistas a remunerar a transferência dos riscos ao
contratado.

Colhido no “Guia de Gerenciamento de Riscos de Obras Rodoviárias – DNIT”


• Matriz de Risco
• Matriz de Risco

• Considerando a princípio da impermanência – que é a única coisa


permanente – bem como os prazos mais longos da NLCC, de dez anos ou
mais, é extremamente conveniente (e em alguns casos obrigatório) alocar
alguns fatos em vista da sua magnitude e da probabilidade de ocorrência
no campo da álea ordinária ou da álea extraordinária.

• A dificuldade é justamente definir quando se está diante da primeira – a


ser suportada pelos contratantes – ou da segunda: que enseja o termo
aditivo.

• Essa indefinição envolve também os limites a partir dos quais determinado


fato deixa de ser considerado ordinário e passa a ser extraordinário.
• Matriz de Risco

• Sobre a ideia da “zona de penumbra”, Carrió observou: “Hay un foco de


intensidad luminosa donde se agrupan los ejemplos típicos, aquellos
frente a los cuales no se duda que la palabra es aplicable. Hay una mediata
zona de oscuridad circundante donde caen todos los casos en los que no
se duda que no es. El tránsito de una zona a otra es gradual; entre la total
luminosidad y la oscuridad total hay una zona de penumbra sin límites
precisos. Paradójicamente ella no empieza ni termina en ninguna parte, y
sin embargo existe” (CARRIÓ, Genaro. Notas sobre Derecho y Lenguaje, 1.
ed., Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1972, pp. 31-32).
zona clara – facho da
lanterna

Zona de penumbra –
arredores do facho

Zona escura – distante do


facho
• Matriz de Risco

• A função principal da Matriz de Riscos é justamente delimitar


responsabilidades por fatos que possam vir a comprometer a execução
contratual, e que estejam situados no que se convencionou chamar zona
de penumbra.

• A lei também determina a previsão de mecanismos que afastem a


ocorrência do sinistro e mitiguem os seus efeitos, caso este ocorra durante
a execução contratual
• ALOCAÇÃO (MATRIZ) DE RISCOS

• XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e de


responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro
decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo, no
mínimo, as seguintes informações:

• a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato


que possam causar impacto em seu equilíbrio econômico-financeiro e
previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditivo por
ocasião de sua ocorrência;
• Matriz de Risco

• b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do


objeto com relação às quais haverá liberdade para os contratados
inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em termos de
modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou no
projeto básico;

• c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das frações do


objeto com relação às quais não haverá liberdade para os contratados
inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, devendo haver
obrigação de aderência entre a execução e a solução predefinida no
anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as características do
regime de execução no caso de obras e serviços de engenharia;
• Matriz de Risco

• Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos entre o


contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do valor estimado
da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto
da licitação e com os riscos atribuídos ao contratado, de acordo com
metodologia predefinida pelo ente federativo.
• § 1º A matriz de que trata o caput deste artigo deverá promover a
alocação eficiente dos riscos de cada contrato e estabelecer a
responsabilidade que caiba a cada parte contratante, bem como os
mecanismos que afastem a ocorrência do sinistro e mitiguem os seus
efeitos, caso este ocorra durante a execução contratual.
• § 2º O contrato deverá refletir a alocação realizada pela matriz de riscos,
especialmente quanto:
• Matriz de Risco

• I - às hipóteses de alteração para o restabelecimento da equação


econômico-financeira do contrato nos casos em que o sinistro seja
considerado na matriz de riscos como causa de desequilíbrio não
suportada pela parte que pretenda o restabelecimento;
• II - à possibilidade de resolução quando o sinistro majorar excessivamente
ou impedir a continuidade da execução contratual;
• III - à contratação de seguros obrigatórios previamente definidos no
contrato, integrado o custo de contratação ao preço ofertado.
• § 3º [obrigatório em obras e serviços de grande vulto (acima de duzentos
milhões art. 6º, XXII) contratação integrada e semi]
• § 4º [nessas últimas, os associados à escolha da solução de projeto básico
pelo contratado deverão ser alocados como de sua responsabilidade na
matriz de riscos]
• Matriz de Risco

• Por fim, a matriz de riscos não se confunde com o Gerenciamento de


Riscos constante da etapa de planejamento da contratação – art. 18, X da
NLCC.

• Este último é realizado na etapa inicial e envolve inclusive os riscos do


próprio processo licitatório, ou seja, de antes de se entabular o contrato.

• Na parte que pesquisas os riscos para a boa execução contratual aí sim já


se pode prever medidas para evita-los e subsidiar a elaboração da matriz
de risco, que é cláusula contratual.
• CONTROLES DAS CONTRATAÇÕES

 Lei 14.133, de 2021:


 Art.7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a
quem as normas de organização administrativa indicarem, promover
gestão por competências e designar agentes públicos para o
desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que
preencham os seguintes requisitos:
I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público
dos quadros permanentes da Administração Pública;
• Controles das contratações

 PARECER nº 00701/2022/CONJUR-MD/CGU/AGU:
 5. Conclui-se pela revisão do entendimento proposto no PARECER Nº
00860/2021/CONJUR-MD/CGU/AGU, uniformizando-se, destarte, a
seguinte tese: "Os militares são agentes estatais juridicamente
habilitados para exercer, no especial contexto das contratações
públicas, as funções atribuídas por lei a servidores públicos efetivos,
como é o caso do agente de contratação. Esse entendimento se aplica
aos militares de carreira, temporários, às praças não estabilizadas e,
ainda, aos militares Prestadores de Tarefa por Tempo Certo (PTTC)".
• Controles das contratações

 Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade...


...designar agentes públicos para o desempenho das funções
essenciais à execução desta Lei que preencham os seguintes
requisitos:
 II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou
possuam formação compatível ou qualificação atestada por
certificação profissional emitida por escola de governo criada e
mantida pelo poder público; e
 III
- não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados
habituais da Administração, nem parentes até o terceiro grau ou
parceiros técnicos, comerciais, financeiros, trabalhistas ou civis.
• Código Civil:
• Art. 1.595. Cada cônjug
ou companheiro é aliado
aos parentes do outro
pelo vínculo da afinidade.
• § 1 o O parentesco por
afinidade limita-se aos
ascendentes, aos
descendentes e aos
irmãos do cônjuge ou
companheiro.
• Fonte da figura:
https://claudiamaraviegas.jusbrasil.c
m.br/artigos/536773295/estudo-do-
parentesco-por-afinidade
• Controles das contratações

 Lei 10.180, de 2001: Organiza e disciplina os Sistemas de


Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira
Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder
Executivo Federal...
 Art.19. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal visa
à avaliação da ação governamental e da gestão dos administradores
públicos federais, por intermédio da fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, e a apoiar o controle externo
no exercício de sua missão institucional.
• Controles das contratações

 Art.22. Integram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo


Federal:
I - a Secretaria Federal de Controle Interno, como órgão central;
 II - órgãos setoriais.
§ 1o A área de atuação do órgão central do Sistema abrange todos os
órgãos do Poder Executivo Federal, excetuados aqueles indicados no
parágrafo seguinte.
§ 2o Os órgãos setoriais são aqueles de controle interno que integram
a estrutura do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da
Defesa, da Advocacia-Geral da União e da Casa Civil.
• Linhas de Defesa

A primeira linha de defesa contempla os controles primários, que


devem ser instituídos e mantidos pelos Agentes da Administração
que participam do processo de implementação das políticas
públicas durante a execução de atividades e tarefas, no âmbito
de seus macroprocessos finalísticos e de suporte.
 (PORTARIA Nº 425/GC3, DE 18 DE MARÇO DE 2019 - Aprova a reedição da Norma
do Sistema de Controles Internos da Aeronáutica (SISCONIAER).
• Linhas de Defesa

 As instâncias de segunda linha de defesa estão situadas ao nível


da gestão e objetivam assegurar que as atividades realizadas
pela primeira linha sejam desenvolvidas e executadas de forma
apropriada.
 (PORTARIA Nº 425/GC3, DE 18 DE MARÇO DE 2019 - Aprova a reedição da Norma
do Sistema de Controles Internos da Aeronáutica (SISCONIAER).
• Linhas de Defesa

A terceira linha de defesa é representada pela atividade de


auditoria interna governamental, que, com base nos
pressupostos de autonomia técnica e de objetividade, presta
serviços de consultoria e de avaliação, por intermédio das
técnicas de auditoria e fiscalização.
 (PORTARIA Nº 425/GC3, DE 18 DE MARÇO DE 2019 - Aprova a reedição da Norma
do Sistema de Controles Internos da Aeronáutica (SISCONIAER).
• Controles das contratações

 Lei14.133/2021 - Art. 169. As contratações públicas deverão


submeter-se a práticas contínuas e permanentes de gestão
de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante
adoção de recursos de tecnologia da informação, e, além de
estar subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às
seguintes linhas de defesa:
• Controles das contratações

I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e


empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que
atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade;

II - segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de


assessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão
ou entidade;

III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de


controle interno da Administração e pelo tribunal de contas.
Linhas de
Defesa
Obrigado

Adriano Carrijo

adriano.carrijo@agu.gov.br

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