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PROTEÇÃO

CONTRATUAL:
Cláusula Abusiva e Contrato de Adesão

Por: Pedro Augusto Rodrigues Brandão Maselli


de Lima.
Introdução
A proteção contratual, é um dos aspectos mais importantes para
a proteção do consumidor, impedindo de haver abusos pelo
fornecedor e pelo produto ou serviço adquirido.

Nesse sentido os artigos 46 ao 54 do CDC, junto com o artigo 6 e


seus incisos oferece a proteção dos contratos, contra cláusulas
abusivas e sobre o contrato de adesão, sendo suportado pela
jurisprudência e casos que ocorre cotidianamente.
Artigo 6
• Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
• I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos;
• II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a
igualdade nas contratações;
• III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
(Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
• IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
• V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
• VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
• VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
• VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
• IX - (Vetado);
• X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
• XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de
superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da
dívida, entre outras medidas; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
• XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito;
(Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
• XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra
unidade, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
• Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência,
observado o disposto em regulamento
Disposições Gerais
A proteção contratual ocorre no momento de celebração do
contrato, quanto em momento posterior. Ao celebrar o contrato o
CDC prevê a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais.

Sendo demostrado no caput do artigo 47 do CDC: as cláusulas


contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.
Continuação
• A proteção do contrato, está ligada sobre o instituto
da lesão na relação consumerista, ou seja, havendo
lesão contra o consumidor o fornecedor ser
responsabiliza. Devendo ter no CDC a presença apenas
do elemento objetivo: a desproporcionalidade da
prestação em desfavor do consumidor.
• O consumidor também é tutelado em relação a evento
posterior que provoca o desequilíbrio da relação
consumerista.
Artigos da proteção contratual
• Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
• Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
• Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos
relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica,
nos termos do art. 84 e parágrafos.
• Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura
ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a
domicílio.
• Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo,
os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos,
de imediato, monetariamente atualizados.
• Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
• Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de
maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em
que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente
preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de
instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
Exemplos de Proteção Contratual
• FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase
• José procurou a instituição financeira Banco Bom com o objetivo de firmar contrato de penhor. Para tanto, depositou um colar de
pérolas raras, adquirido por seus ascendentes e que passara por gerações até tornar-se sua pertença através de herança. O
negócio deu-se na modalidade contrato de adesão, contendo cláusulas claras a respeito das obrigações pactuadas, inclusive
com redação em destaque quanto à limitação do valor da indenização em caso de furto ou roubo, o que foi compreendido por
José.
• Posteriormente, José procurou você, como advogado(a), apresentando dúvidas a respeito de diferentes pontos.
• Sobre os temas indagados, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
• Alternativas

• A A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é abusiva e nula, ainda que redigida com
redação clara e compreensível por José e em destaque no texto, pois o que a vicia não é a compreensão redacional e sim o
direito material indevidamente limitado.

• B A cláusula que limita os direitos de José em caso de furto ou roubo é lícita, uma vez que redigida em destaque e com termos
compreensíveis pelo consumidor, impondo-se a responsabilidade subjetiva da instituição financeira em caso de roubo ou furto
por se tratar de ato praticado por terceiro, revelando fortuito externo.

• C O negócio realizado não configura relação consumerista devendo ser afastada a incidência do Código de Defesa do
Consumidor e aplicado o Código Civil em matéria de contratos de mútuo e de depósito, uma vez que inquestionável o dever de
guarda e restituição do bem mediante pagamento do valor acordado no empréstimo.

• D A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é lícita, desde que redigida com redação
clara e compreensível e, em caso de furto ou roubo do colar, isso será considerado inadimplemento contratual e não falha na
prestação do serviço, incidindo o prazo prescricional de 2 (dois) anos, caso seja necessário ajuizar eventual pleito indenizatório.
Resposta
• FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase
• José procurou a instituição financeira Banco Bom com o objetivo de firmar contrato de penhor. Para tanto, depositou
um colar de pérolas raras, adquirido por seus ascendentes e que passara por gerações até tornar-se sua pertença
através de herança. O negócio deu-se na modalidade contrato de adesão, contendo cláusulas claras a respeito das
obrigações pactuadas, inclusive com redação em destaque quanto à limitação do valor da indenização em caso de
furto ou roubo, o que foi compreendido por José.
• Posteriormente, José procurou você, como advogado(a), apresentando dúvidas a respeito de diferentes pontos.
• Sobre os temas indagados, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
• Alternativas

• A A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é abusiva e nula, ainda que
redigida com redação clara e compreensível por José e em destaque no texto, pois o que a vicia não é a compreensão
redacional e sim o direito material indevidamente limitado.

• B A cláusula que limita os direitos de José em caso de furto ou roubo é lícita, uma vez que redigida em destaque e
com termos compreensíveis pelo consumidor, impondo-se a responsabilidade subjetiva da instituição financeira em
caso de roubo ou furto por se tratar de ato praticado por terceiro, revelando fortuito externo.

• C O negócio realizado não configura relação consumerista devendo ser afastada a incidência do Código de Defesa do
Consumidor e aplicado o Código Civil em matéria de contratos de mútuo e de depósito, uma vez que inquestionável o
dever de guarda e restituição do bem mediante pagamento do valor acordado no empréstimo.

• D A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é lícita, desde que redigida com
redação clara e compreensível e, em caso de furto ou roubo do colar, isso será considerado inadimplemento contratual
e não falha na prestação do serviço, incidindo o prazo prescricional de 2 (dois) anos, caso seja necessário ajuizar
eventual pleito indenizatório.
• FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase
• O médico de João indicou a necessidade de realizar a cirurgia de gastroplastia (bariátrica)
como tratamento de obesidade mórbida, com a finalidade de reduzir peso. Posteriormente,
o profissional de saúde explicou a necessidade de realizar a cirurgia plástica pós-
gastroplastia, visando à remoção de excesso epitelial que comumente acomete os
pacientes nessas condições, impactando a qualidade de vida daquele que deixou de ser
obeso mórbido.

• Nesse caso, nos termos do Código de Defesa do Consumidor e do entendimento do STJ, o


plano de saúde de João
• Alternativas
• A terá que custear ambas as cirurgias, porque configuram tratamentos, sendo a cirurgia
plástica medida reparadora; portanto, terapêutica.
• B terá que custear apenas a cirurgia de gastroplastia, e não a plástica, considerada
estética e excluída da cobertura dos planos de saúde.
• C não terá que custear as cirurgias, exceto mediante previsão contratual expressa para
esses tipos de procedimentos.
• D não terá que custear qualquer das cirurgias até que passem a integrar o rol de
procedimentos da ANS, competente para a regulação das coberturas contratuais.
Resposta 2
• FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase
• O médico de João indicou a necessidade de realizar a cirurgia de gastroplastia (bariátrica)
como tratamento de obesidade mórbida, com a finalidade de reduzir peso. Posteriormente,
o profissional de saúde explicou a necessidade de realizar a cirurgia plástica pós-
gastroplastia, visando à remoção de excesso epitelial que comumente acomete os
pacientes nessas condições, impactando a qualidade de vida daquele que deixou de ser
obeso mórbido.

• Nesse caso, nos termos do Código de Defesa do Consumidor e do entendimento do STJ, o


plano de saúde de João
• Alternativas
• A terá que custear ambas as cirurgias, porque configuram tratamentos, sendo a cirurgia
plástica medida reparadora; portanto, terapêutica.
• B terá que custear apenas a cirurgia de gastroplastia, e não a plástica, considerada
estética e excluída da cobertura dos planos de saúde.
• C não terá que custear as cirurgias, exceto mediante previsão contratual expressa para
esses tipos de procedimentos.
• D não terá que custear qualquer das cirurgias até que passem a integrar o rol de
procedimentos da ANS, competente para a regulação das coberturas contratuais.
Clausulas abusivas
• São partes do Contrato que abusam da boa fé do
consumidor, impondo condições que fere seus direito
como consumidor na contratação e compra de bens ou
serviços.

• Artigo 51 do CDC, apresenta o rol exemplificativo de tipos


de cláusula abusiva, como o inciso primeiro que exonera
ou afasta o produtor de qualquer reponsabilidade sobre o
defeito do produtor
Exemplos de Cláusula abusiva
• Cláusulas que ofendam princípios fundamentais das
relações de consumo, por exemplo:
• - excluam ou diminuam a responsabilidade dos
fornecedores;
• - extingam algum tipo de direito do consumidor;
• - transfiram a responsabilidade a terceiros;
• - coloquem o consumidor em desvantagem exagerada;
• - invertam o ônus da prova, ou seja, passem para o
consumidor o dever de provar suas alegações em eventual
processo judicial, ferindo a proteção dada no artigo 6o do
CDC, que prevê a facilitação da defesa de seus direitos.
• - permitam ao fornecedor alterar o preço, cláusulas ou
cancelar o contrato sem anuência do consumidor
Cuidado
• O contrato mesmo possuindo, pelos menos uma cláusula
abusiva, não implica que ela vai ser nula, devendo
prevalecer as disposições que não contenham
abusividade.

• Depende de caso a caso e do interesse do consumidor se


quer continuar com o contrato ou não.
Exemplo Da aplicação do art, 51
• RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. TEMA XXXXX/STJ. DIREITO BANCÁRIO. COBRANÇA POR SERVIÇOS
DE TERCEIROS, REGISTRO DO CONTRATO E AVALIAÇÃO DO BEM. PREVALÊNCIA DAS NORMAS DO
DIREITO DO CONSUMIDOR SOBRE A REGULAÇÃO BANCÁRIA. EXISTÊNCIA DE NORMA
REGULAMENTAR VEDANDO A COBRANÇA A TÍTULO DE COMISSÃO DO CORRESPONDENTE BANCÁRIO.
DISTINÇÃO ENTRE O CORRESPONDENTE E O TERCEIRO. DESCABIMENTO DA COBRANÇA POR
SERVIÇOS NÃO EFETIVAMENTE PRESTADOS. POSSIBILIDADE DE CONTROLE DA ABUSIVIDADE DE
TARIFAS E DESPESAS EM CADA CASO CONCRETO. 1. DELIMITAÇÃO DA CONTROVÉRSIA: Contratos
bancários celebrados a partir de 30/04/2008, com instituições financeiras ou equiparadas, seja diretamente, seja
por intermédio de correspondente bancário, no âmbito das relações de consumo. 2. TESES FIXADAS PARA OS
FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015: 2.1. Abusividade da cláusula que prevê a cobrança de ressarcimento de
serviços prestados por terceiros, sem a especificação do serviço a ser efetivamente prestado; 2.2. Abusividade
da cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da comissão do correspondente bancário, em contratos
celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Res.-CMN 3.954/2011, sendo válida a cláusula
no período anterior a essa resolução, ressalvado o controle da onerosidade excessiva; 2.3. Validade da tarifa de
avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o
registro do contrato, ressalvadas a: 2.3.1. abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado; e a
2.3.2. possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto. 3. CASO CONCRETO. 3.1.
Aplicação da tese 2.2, declarando-se abusiva, por onerosidade excessiva, a cláusula relativa aos serviços de
terceiros ("serviços prestados pela revenda"). 3.2. Aplicação da tese 2.3, mantendo-se hígidas a despesa de
registro do contrato e a tarifa de avaliação do bem dado em garantia. 4. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE
PROVIDO.
• (STJ - REsp: XXXXX SP XXXXX/XXXXX-6, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de
Julgamento: 28/11/2018, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 06/12/2018 RSTJ vol. 253 p. 358)
Mais Exemplos
• Dias atrás, Elisa, portadora de doença grave e sob risco imediato de morte, foi levada para atendimento
na emergência do hospital X, onde necessitou realizar exame de imagem e fazer uso de medicamentos.
Ocorre que o seu plano de saúde, contratado dois meses antes, negou a cobertura de alguns desses
fármacos e do exame de imagem, pelo fato de o plano de Elisa ainda estar no período de carência,
obrigando a consumidora a custear parcela dos medicamentos e o valor integral do exame de imagem
• Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre os
planos e seguros privados de assistência à saúde, assinale a afirmativa correta.

• A As cláusulas que limitam os direitos da consumidora são nulas de pleno direito, sendo qualquer período
de carência imposto por contrato de adesão reversível pela via judiciária, por caracterizar-se como
cláusula abusiva.

• B As cláusulas que limitam os direitos da consumidora, como a que fixou a carência do plano de saúde
em relação ao uso de medicamentos e exame de imagem, são lícitas, e devem ser observadas no caso
de Elisa, em respeito ao equilíbrio da relação contratual.

• C As cláusulas que preveem o período de carência estão previstas em norma especial que contradiz o
disposto no CDC, uma vez que não podem excetuar a proteção integral e presunção de vulnerabilidade
existente na relação jurídica de consumo.

• D O plano de saúde deve cobrir integralmente o atendimento de Elisa, por se tratar de situação de
emergência e por, pelo tempo de contratação do plano, não poder haver carência para esse tipo de
atendimento, ainda que lícitas as cláusulas que limitem o direito da consumidora.
• Dias atrás, Elisa, portadora de doença grave e sob risco imediato de morte, foi levada para atendimento
na emergência do hospital X, onde necessitou realizar exame de imagem e fazer uso de medicamentos.
Ocorre que o seu plano de saúde, contratado dois meses antes, negou a cobertura de alguns desses
fármacos e do exame de imagem, pelo fato de o plano de Elisa ainda estar no período de carência,
obrigando a consumidora a custear parcela dos medicamentos e o valor integral do exame de imagem
• Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre os
planos e seguros privados de assistência à saúde, assinale a afirmativa correta.

• A As cláusulas que limitam os direitos da consumidora são nulas de pleno direito, sendo qualquer período
de carência imposto por contrato de adesão reversível pela via judiciária, por caracterizar-se como
cláusula abusiva.

• B As cláusulas que limitam os direitos da consumidora, como a que fixou a carência do plano de saúde
em relação ao uso de medicamentos e exame de imagem, são lícitas, e devem ser observadas no caso
de Elisa, em respeito ao equilíbrio da relação contratual.

• C As cláusulas que preveem o período de carência estão previstas em norma especial que contradiz o
disposto no CDC, uma vez que não podem excetuar a proteção integral e presunção de vulnerabilidade
existente na relação jurídica de consumo.

• D O plano de saúde deve cobrir integralmente o atendimento de Elisa, por se tratar de situação de
emergência e por, pelo tempo de contratação do plano, não poder haver carência para esse tipo de
atendimento, ainda que lícitas as cláusulas que limitem o direito da consumidora.
Artigo 52 da Cláusula Abusiva
• Apresenta obrigação do fornecedor ao consumidor, sobre o
fornecimento de produtos ou serviços que envolve outorga de crédito
ou concessão de financiamento.
• preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
• II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
• III - acréscimos legalmente previstos;
• IV - número e periodicidade das prestações;
• V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
• § 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento
do valor da prestação.
• § 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do
débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos
juros e demais acréscimos.

Artigo 53 do CDC
• Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou
imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas
alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das
prestações pagas em benefício do credor que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada
do produto alienado.
• § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de
produtos duráveis, a compensação ou a restituição das
parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada,
além da vantagem econômica auferida com a fruição, os
prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.
• § 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão
expressos em moeda corrente nacional.
Exemplos Do Artigo 53
• Súmula 543 do STJ: Na hipótese de resolução de
contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo
promitente comprador - integralmente, em caso de culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou
parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu
causa ao desfazimento.
• RECURSO ESPECIAL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PARQUE
RESIDENCIAL UMBU. REVISÃO DE CONTRATOS FINDOS. POSSIBILIDADE. DISTRATO À LUZ DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DO NEGÓCIO COM
ESTIPULAÇÃO DE CLÁUSULA DE DECAIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. NULIDADE DAS
CLÁUSULAS ABUSIVAS.
• 1. A transação é espécie de negócio jurídico que objetiva por fim a uma celeuma obrigacional,
alcançada por meio de concessões mútuas (CC, art. 840), cujo objetivo primordial é evitar o litígio ou
colocar-lhe fim. A extinção se exterioriza na forma de renúncia a direito patrimonial de caráter privado,
disponível, portanto, conforme previsto na lei.
• 2. É firme o entendimento do STJ quanto à possibilidade de revisão dos contratos findos, ainda que em
decorrência de quitação, para o afastamento de eventuais ilegalidades. Precedentes. Súm 286 do STJ.
• 3. As normas previstas no Código de Defesa do Consumidor são de ordem pública e interesse social,
cogentes e inderrogáveis pela vontade das partes.
• 4. É cabível a revisão de distrato de contrato de compra e venda de imóvel, ainda que consensual, em
que, apesar de ter havido a quitação ampla, geral e irrevogável, se tenha constatado a existência de
cláusula de decaimento (abusiva), prevendo a perda total ou substancial das prestações pagas pelo
consumidor, em nítida afronta aos ditames do CDC e aos princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio
contratual.
• 5. Na hipótese, verifica-se que a Construtora recebeu dupla vantagem advinda da referida cláusula,
pois, além de retomar a propriedade do imóvel, dando-o em pagamento de dívidas ao Município,
acabou por se apoderar do dinheiro pago pelo consumidor no financiamento do bem, configurando
vantagem abusiva em seu favor.
• 6. Recurso especial não provido.
Contrato de Adesão
• Definido pelo artigo 54 do CDC como aquele cujas
cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente, estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar seu conteúdo.
• Isso implica, que ao comprar produtos e serviços, o
consumidor só pode examinar as condições previamente
estabelecidas pelo fornecedor e pagar o preço exigido,
nas formas de pagamento também prefixadas.
• Alguns exemplos são: cartões de crédito, planos de
saúde, assinatura de streaming, TV a cabo.
Artigo 54 CDC
• Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente
pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
• § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de
adesão do contrato.
• § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde
que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o
disposto no § 2° do artigo anterior.
• § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos
claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não
será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
• § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.
• § 5° (Vetado)
Características do Contrato de Adesão
• Unilateralidade e uniformidade na sua elaboração;

• Normas e regras estabelecidas pela empresa;

• Ausência de liberdade contratual ou de alteração de


qualquer cláusula;

• Cláusulas que impliquem limitação de direito do


consumidor redigidas com destaque, permitindo sua
imediata e fácil compreensão.
Onerosidade excessiva do Contrato de Adesão
• A empresa e o consumidor ao assinar o contrato,
começam a ter obrigações a ser cumprida, a empresa de
prover o produto ou serviço contratado e o consumidor
fazer o pagamento.

• Contudo, certo casos sobre o contrato de adesão pode


ficar excessivamente onerosa ao consumidor, na qual é
uma cláusula abusiva. Nesse casos pode haver mudança
do contrato unilateral, como demonstra nos parágrafos
primeiro e segundo artigo 51 e artigo 6 inciso V do CDC
Exemplo do Artigo 54 do CDC
• Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 9202631- 62.2009.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em
que são apelantes EDEVALDE BERTONI, ILDA DE OLIVEIRA GALIANI, JOSE ALVES, VERGILIO PRAXEDES
SANTANA, ANTONIO ALFREDO GLASHAN, MARIA TERESINHA DA SILVA, CENIRA DE MOURA F COUTINHO,
MARCIA DE OLIVEIRA MARCIA DE OLIVEIRA ARANHA, ESTER PERES DE MOURA, ISOLA MARIA BONTEMPI,
SONIA MARIA PACHECO NEVES, FERNANDO OLMO PACHECO, DALILA PEREIRA DE QUEIROZ, HELIO
QUADROS e SONIA MARIA QUADROS sendo apelado FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
• 1. Embargos à execução de sentença foram julgados procedentes, com decreto de nulidade da execução, por falta de
título executivo, pela r. sentença de fls., cujo relatório se adota. Apelam os embargados. Batem-se pela nulidade da
sentença, para remessa dos autos ao Contador do Juízo para elaboração dos cálculos. O recurso processou-se
regularmente. É o relatório.
• 2. Cuida-se de execução de sentença que condenou a Fazenda do Estado ao pagamento de diferenças de vencimentos
aos autores (juros e correção monetária de vencimentos pagos com atraso). A r. sentença exequenda limitou o período
para pagamento das diferenças entre janeiro de 1992 e maio de 1994. Como a sentença exequenda não determinou o
valor líquido da condenação torna-se necessária a sua liquidação (art. 475-A do CPC). Assim, deveriam os autores, em
cumprimento ao artigo seguinte, 475-B, ter PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 9202631-62.2009.8.26.0000 - São Paulo - VOTO 25610 Ivone/Carmen 3 instruído o pedido com a memória
discriminada e atualizada do cálculo. Contudo, apresentaram apenas e tão somente a relação que está a fls. 409 dos
autos principais, onde há a indicação do valor devido a cada um dos autores, sem qualquer discriminação, e o cálculo da
atualização monetária de fls. 410. Memória, aqui, tem o sentido de relação, relator. Discriminado, por sua vez, significa
especificada. Ou seja, o credor há de apresentar uma relação bem especificada de seu crédito. Havendo dependência
de informações a serem prestadas pela executada, pode o credor exequente pleitear a requisição dessas informações,
como está no § 1º deste art. 475-B. O recurso ao Contador do Juízo, como previsto no § 3º, ocorre como "ultima ratio",
"quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos
casos de assistência judiciária". Não dispensa, portanto, a apresentação da memória discriminada e atualizada de
cálculo. Assim, bem decretada a nulidade, competindo aos exeqüentes a apresentação, como ato inicial do pedido
executório, daquela memória de cálculo a que se refere o dispositivo legal citado.
• 3. Isso posto, nego provimento ao recurso.
• VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Municipal
• Antônia estava endividada, recorrendo a uma instituição financeira para empenhar uma joia de sua família
e, assim, conseguir um crédito. Feito isso, assinou um contrato de adesão, prevendo que, em caso de
furto/roubo, a instituição financeira não se responsabilizaria pela perda do objeto, por se tratar de caso
fortuito. Diante dessa situação, nos ditames atuais da jurisprudência do STJ, é certo afirmar que:
• Alternativas
• A A cláusula é válida, pois eventual furto/roubo se enquadra no conceito de fortuito externo, o que exime a
responsabilidade do fornecedor.

• B O STJ já se manifestou sobre o tema, sendo que a cláusula é válida pois quem fez o pedido do
empréstimo mediante penhor sabe dos riscos que corre.

• C A cláusula é inválida, pois o risco do negócio não pode ser transferido ao consumidor, sendo, porém, que
o STJ não se manifestou sobre esse tema de forma expressa.

• D No caso em tela, havendo furto/roubo da joia empenhada, Antônia deverá prosseguir pagando de
eventuais parcelas do empréstimo, pois concorreu para o evento ao depositar o bem na instituição
financeira.

• E O STJ já sumulou a questão determinando que cláusulas com esse conteúdo são abusivas e, portanto,
mesmo em contrato de adesão, não terão valor para compelir o consumidor a suportar prejuízos.
• Responder
• VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Municipal
• Antônia estava endividada, recorrendo a uma instituição financeira para empenhar uma joia de sua
família e, assim, conseguir um crédito. Feito isso, assinou um contrato de adesão, prevendo que, em
caso de furto/roubo, a instituição financeira não se responsabilizaria pela perda do objeto, por se tratar de
caso fortuito. Diante dessa situação, nos ditames atuais da jurisprudência do STJ, é certo afirmar que:
• Alternativas
• A A cláusula é válida, pois eventual furto/roubo se enquadra no conceito de fortuito externo, o que exime
a responsabilidade do fornecedor.

• B O STJ já se manifestou sobre o tema, sendo que a cláusula é válida pois quem fez o pedido do
empréstimo mediante penhor sabe dos riscos que corre.

• C A cláusula é inválida, pois o risco do negócio não pode ser transferido ao consumidor, sendo, porém,
que o STJ não se manifestou sobre esse tema de forma expressa.

• D No caso em tela, havendo furto/roubo da joia empenhada, Antônia deverá prosseguir pagando de
eventuais parcelas do empréstimo, pois concorreu para o evento ao depositar o bem na instituição
financeira.

• E O STJ já sumulou a questão determinando que cláusulas com esse conteúdo são abusivas e, portanto,
mesmo em contrato de adesão, não terão valor para compelir o consumidor a suportar prejuízos.
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Bibliografia
• CDC
• ireitocom.com/codigo-de-defesa-do-consumidor-
comentado/titulo-i-dos-direitos-do-consumidor/capitulo-vi-
da-protecao-contratual.
• Jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/

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