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AO JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ________

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS


MATERIAIS, MORAIS E TUTELA DE URGÊNCIA

em face de ________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob nº ________ , ________ , com sede na ________ ,
________ , ________ , na Cidade de ________ , ________ ,
________ , pelos motivos e fatos que passa a expor.

DOS FATOS QUE AMPARAM A PETIÇÃO INICIAL

O Autor firmou contrato com a empresa Ré ao adquirir online um pacote de


viagens que contemplava:

Saída de ________ para ________ , em ________ ;

Retorno de ________ para ________ , em ________ .

No entanto em data da notificação, o Autor foi notificado de que os bilhetes


aéreas não poderiam ser emitidos e que poderia contar um voucher para utilizar no ano

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seguinte!

Ocorre que para tal viagem, os Autores já tinham realizado uma série de
programações, planos em eventos e investimentos com reservas e ingressos, os quais não
possuem cancelamento gratuito, conforme prova em anexo, repercutindo num grande
prejuízo.

Cabe destacar que entre os os planos, estava a realização de um sonho do


Autor ________ de apenas ________ anos, que iria conhecer a ________ e já contava os
dias para essa viagem.

Ou seja, a frustração é imensurável, além de todo tempo dedicado, planos


arruinados e os inúmeros prejuízos causados.

Previamente a interposição da ação houve a tentativa de resolução dos


fatos junto ao Réu sem êxito, pelo contrário teve como resposta ________ , razão pela
qual move a presente ação.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Atualmente o autor é ________ , tendo sob sua responsabilidade a


manutenção de sua família, razão pela qual não tem condições de arcar com as despesas
processuais.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas
judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do Art. 99 Código de
Processo Civil de 2015.

Ressalta-se também que a constituição de advogado particular não implica


no indeferimento do pedido da justiça gratuita, conforme disposto no §4º, do artigo 99 do
CPC, in verbis:

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"Art. 99: (...)

§4º A assistência do requerente por advogado particular não


impede a concessão de gratuidade da justiça."

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º LXXIV da Constituição Federal e


pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça o autor .

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define, de forma


cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas
abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Código.

Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário final dos


serviços contratados, e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada
uma relação de consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser


interpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do princípio
da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional
do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em
vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o
consumidor como o destinatário final fático e econômico do
produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16)

Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das responsabilidades


inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida assistência técnica, visto que se
trata de um fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos
efetivos a um de seus consumidores.

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DA OBRIGAÇÃO DE FAZER - CUMPRIMENTO FORÇADO

Diante da plena validade do contrato, sem a presença de quaisquer vícios que


possam macular o negócio jurídico, a sua exigibilidade é impositiva, conforme destaca a
doutrina:

"É irredutível o acordo de vontades, conforme regra consolidada


no direito canônico, através do brocardo pacta sunt servanda. Os
contratos devem ser cumpridos pela mesma razão que a lei deve
ser obedecida. Ou seja, o acordo das vontades, logo depois de
declaradas, tem valor de lei entre os estipulantes, e impõe os
mesmos preceitos coativos que esta contém." (RIZZARDO,
Arnaldo. Contratos. 16 ed. Editora Forense, 2017. Versão kindle, p
1689)

Portanto, a observância aos termos do contrato é medida que se impõe, uma


vez que seu não cumprimento causa danos sociais muito maiores do que a simples
indenização pelo inadimplemento.

Nesse sentido é o que impõe o CDC:

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar


cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor
poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da


oferta, apresentação ou publicidade;

Ao analisar o tema, o STJ foi firme ao dispor que o cumprimento forçado


só pode ser afastado no caso de indisponibilidade absoluta do produto, o que não
ocorre no presente caso, uma vez que a empresa Ré trabalha em conjunto com inúmeras
companhias aéreas:

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RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. COMÉRCIO ELETRÔNICO.
COMPRA E VENDA DE MERCADORIA PELA INTERNET.
RECURSA AO CUMPRIMENTO DA OFERTA. ART. 35 DO
CDC. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. AUSÊNCIA DE
PRODUTO EM ESTOQUE. CUMPRIMENTO FORÇADO DA
OBRIGAÇÃO. POSSIBILIDADE. PROVIMENTO.1. (...). No
direito contratual clássico, firmado entre pessoas que se presumem
em igualdades de condições, a proposta é uma firme manifestação
de vontade, que pode ser dirigida a uma pessoa específica ou ao
público em geral, que somente vincula o proponente na presença da
firmeza da intenção de concreta de contratar e da precisão do
conteúdo do futuro contrato, configurando, caso contrário, mero
convite à contratação.5. Como os processos de publicidade e de
oferta ao público possuem importância decisiva no escoamento da
produção em um mercado de consumo em massa, conforme dispõe
o art. 30 do CDC, a informação no contida na própria oferta é
essencial à validade do conteúdo da formação da manifestação de
vontade do consumidor e configura proposta, integrando efetiva e
atualmente o contrato posteriormente celebrado com o fornecedor.6.
Como se infere do art. 35 do CDC, a recusa à oferta oferece ao
consumidor a prerrogativa de optar, alternativamente e a sua
livre escolha, pelo cumprimento forçado da obrigação, aceitar
outro produto, ou rescindir o contrato, com direito à restituição de
quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada,
somada a perdas e danos.7. O CDC consagrou expressamente, em
seus arts. 48 e 84, o princípio da preservação dos negócios
jurídicos, segundo o qual se pode determinar qualquer providência a
fim de que seja assegurado o resultado prático equivalente ao
adimplemento da obrigação de fazer, razão pela qual a solução de
extinção do contrato e sua conversão em perdas e danos é a
ultima ratio, o último caminho a ser percorrido.8. As opções do

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art. 35 do CDC são intercambiáveis e produzem, para o
consumidor, efeitos práticos equivalentes ao adimplemento, pois
guardam relação com a satisfação da intenção validamente
manifestada ao aderir à oferta do fornecedor, por meio da previsão
de resultados práticos equivalentes ao adimplemento da obrigação
de fazer ofertada ao público.9. A impossibilidade do
cumprimento da obrigação de entregar coisa, no contrato de
compra e venda, que é consensual, deve ser restringida
exclusivamente à inexistência absoluta do produto, na hipótese
em que não há estoque e não haverá mais, pois aquela espécie,
marca e modelo não é mais fabricada.10. Na hipótese dos autos, o
acórdão recorrido impôs à recorrente a adequação de seu pedido às
hipóteses dos incisos II e III do art. 35 do CDC, por considerar que
a falta do produto no estoque do fornecedor impediria o
cumprimento específico da obrigação.11. Recurso especial provido.
(STJ, REsp 1872048/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 01/03/2021

Nesse sentido, corrobora a jurisprudência sobre o tema:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA PARA CONDENAR AS RÉS A CUMPRIR A
OFERTA PROPOSTA E AO PAGAMENTO DE DEZ MIL REAIS
A TÍTULO DE RESSARCIMENTO DOS DANOS MORAIS.
RECURSO DA ADIDAS DO BRASIL LTDA. OFERTA
VINCULADA. EXIGÊNCIA DO CONSUMIDOR PELO
CUMPRIMENTO FORÇADO DA OBRIGAÇÃO. DICÇÃO
DO ARTIGO 35, I DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. OBRIGAÇÃO DE FAZER IMPOSTA AO
CONSUMIDOR EX LEGE.(...). RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSC, Recurso Inominado n.

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0311673-36.2016.8.24.0090, da Capital - Norte da Ilha, rel. Des.
Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, Primeira Turma de
Recursos - Capital, j. 11-04-2019).
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Diante de todo o exposto, requer o recebimento e deferimento da presente


ação, para no mérito seja determinado o cumprimento forçado da proposta firmada, com a
emissão dos bilhetes aéreas ofertados.

DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS

Diante do notório descumprimento da proposta, o CDC prevê expressamente


o dever de devolução dos valores pagos, não sendo devido a sua conversão em voucher, in
verbis:

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar


cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor
poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

(...)
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas
e danos.

Dessa forma, diante do inequívoco descumprimento da proposta ofertada,


requer a devolução imediata dos valores pagos, cumulados com perdas e danos.

DAS PERDAS E DANOS - DANOS MATERIAIS

O Código Civil, dispõe igualmente sobre o dever de indenizar:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a

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outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

No presente caso, toda perda deve ser devidamente indenizada,


especialmente por que a negligência do Réu causou graves prejuízos ao consumidor , assim
especificado:

Reserva no hotel ________ para o período de ________ , no total


de R$ ________ ;

Reserva no hotel ________ para o período de ________ , no total


de R$ ________ ;

Locação de veículo na ________ para o período de ________ , no


total de R$ ________ ;

Seguro viagem no valor de R$ ________ ;

Realização de visto consular, no valor de R$ ________ ;

Ingressos para ________ no valor de R$ ________ ;

________ .

A reparação é plenamente devida, em face da responsabilidade civil inerente


ao presente caso.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Toda e qualquer reparação civil esta intimamente ligada à responsabilidade


do causador do dano em face do nexo causal presente no caso concreto, o que ficou
perfeitamente demonstrado nos fatos narrados. Sendo devido, portanto, a recuperação do
patrimônio lesado por meio da indenização, conforme leciona a doutrina sobre o tema:

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"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o que sofreu o
dano em posição de recuperar, da forma mais completa possível, a
satisfação de seu direito, recompondo o patrimônio perdido ou
avariado do titular prejudicado. Para esse fim, o devedor responde
com seu patrimônio, sujeitando-se, nos limites da lei, à penhora de
seus bens." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de
Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017.
Versão ebook, Art. 1.196)

Trata-se do dever de reparação ao lesado, com o objetivo de viabilizar o


retorno ao status quo ante à lesão, como pacificamente doutrinado:

"A rigor, a reparação do dano deveria consistir na reconstituição


específica do bem jurídico lesado, ou seja, na recomposição in
integrum, para que a vítima venha a encontrarse numa situação
tal como se o fato danoso não tivesse acontecido." (PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol II -
Contratos. 21ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook, cap. 283)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos materiais


sofridos.

DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO

Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que desperdiçar seu
tempo útil para solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não
demonstrou qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da
presente ação.

Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio de ________ .

Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de DANO PELA

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PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um
desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress.

Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e didática sobre o


tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso:

"Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor


provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar
problema de vício do produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta
forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um
problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância,
por si só, configura dano indenizável no campo do dano moral, na
medida em que ofende a dignidade da pessoa humana e outros
princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé
objetiva e a função social: (...) É de se convir que o tempo
configura bem jurídico valioso, reconhecido e protegido pelo
ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que
irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie de dano
existencial, qual seja, dano temporal" justificando a indenização.
Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de
razoabilidade suficientemente assentado na sociedade", não pode
ser enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor."
(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed.
Editora Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016)

Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca:

"Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir de


provocação doutrinária, a concessão de indenização pelo dano
decorrente do sacrifício do tempo do consumidor em razão de
determinado descumprimento contratual, como ocorre em relação
à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de

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atendimento do fornecedor, e outras providências necessárias à
reclamação de vícios no produto ou na prestação de serviços."
(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT,
2016. versão e-book, 3.2.3.4.1)

Nesse sentido:

"Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor


provocada por desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de
direito) do fornecedor de produtos ou serviços deve ser entendida
como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta que o
provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato
ilícito deve ser colmatado pela usurpação do tempo livre,
enquanto violação a direito da personalidade, pelo afastamento do
dever de segurança que deve permear as relações de consumo,
pela inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo
abuso da função social do contrato (seja na fase pré-contratual,
contratual ou pós-contratual) e, em último grau, pelo desrespeito
ao princípio da dignidade da pessoa humana." (GASPAR, Alan
Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo útil
do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil e Processual Civil, n.
104, nov-dez/2016, p. 62)

O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à


indenização pelo desvio produtivo diante do desperdício do tempo do consumidor para
solucionar um problema gerado pelo fornecedor, afastando a idéia do mero aborrecimento,
in verbis:

"Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do


Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada de tempo
relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que melhor
lhe aprouvesse, submetendo-se, em função do episódio em

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cotejo, a intermináveis percalços para a solução de problemas
oriundos de má prestação do serviço bancário. Danos morais
indenizáveis configurados. (...) Com efeito, tem-se como
absolutamente injustificável a conduta da instituição financeira em
insistir na cobrança de encargos fundamentadamente impugnados
pela consumidora, notório, portanto, o dano moral por ela
suportado, cuja demonstração evidencia-se pelo fato de ter sido
submetida, por longo período [por mais de três anos, desde o início
da cobrança e até a prolação da sentença], a verdadeiro calvário
para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no caso a teoria
do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta
Marcos Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor
para a solução de problemas gerados por maus fornecedores
constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de que a
"missão subjacente dos fornecedores é - ou deveria ser - dar ao
consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade,
condições para que ele possa empregar seu tempo e suas
competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no
Brasil é notório que incontáveis profissionais, empre sas e o próprio
Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor em observância à
sua missão, acabam fornecendo-lhe cotidianamente produtos e
serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado,
contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumidor se
vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as
suas custosas competências - de atividades como o trabalho, o
estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver esses problemas de
consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar. Tais
situações corriqueiras, curiosamente, ainda não haviam merecido a
devida atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos que
não se enquadram nos conceitos tradicionais de 'dano material', de
'perda de uma chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco
podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente banalizados como

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'meros dissabores ou percalços' na vida do consumidor, como vêm
entendendo muitos juristas e tribunais." [2http://revistavisaoj
uridica.uol. com.br/advogados-leis-j urisprudencia/71/desvio-
produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos -ddessaune-
255346-1. asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco
Aurélio Bellizze)

A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento de que o


desvio produtivo ocasionado pela desídia de uma empresa deve ser indenizada, conforme
predomina a jurisprudência:

RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. PRELIMINARES DE FALTA DE
INTERESSE DE AGIR REJEITADA. COMPRA DE PRODUTO
SEM A EFETIVA ENTREGA DO MESMO AO CONSUMIDOR.
CANCELAMENTO UNILATERAL DA COMPRA. SENTENÇA
QUE ORDENOU O CUMPRIMENTO FORÇADO DA OFERTA
E FIXOU INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NO VALOR
DE R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). FALHA NA PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS. DANOS MORAIS EVIDENCIADOS. (...) A
título de ilustração apenas, fomentada pelo amor ao debate e para
realçar o feliz desfecho encontrado para a contenda no primeiro
grau, alongo-me na fundamentação do julgamento, nos seguintes
termos: No sistema do CDC, leis imperativas e alto cunho social,
irão proteger a confiança que o consumidor depositou no vínculo
contratual, mais especificamente na prestação contratual, na sua
adequação ao fim que razoavelmente dela se espera, normas que
irão proteger também a confiança que o consumidor deposita na
segurança do produto ou do serviço colocado no mercado. Busca-
se, em última análise, proteger as expectativas legítimas dos
consumidores. Incontroversa a existência do anúncio, a realização

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da compra e o posterior cancelamento unilateral com a restituição
da quantia paga. A controvérsia reside na responsabilidade da
acionada em cumprir a oferta mencionada na inicial. No caso,
entendo que deve a acionada cumprir o contratado, nos moldes do
art. 30 do CDC, tendo em vista que a informação contida na própria
oferta é essencial à manifestação de vontade do consumidor e
configura proposta integrando, por isso, o contrato posteriormente
celebrado com o fornecedor. Por certo, diante do descumprimento
no fornecimento faculta-se ao consumidor escolher livremente
qualquer das opções do art. 35, CDC, dentre elas, exigir o
cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade, consoante o dispositivo legal. (...)
Desta forma, não merece guarida a reforma da sentença no tocante
ao cumprimento da obrigação forçada, devendo a ré fornecer o link
para que a parte autora realize o pagamento nos moldes como
determinado pelo juízo a quo. Com isso, uma vez constatada a
conduta lesiva e definida objetivamente pelo julgador, pela
experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado,
surge à obrigação de reparar o dano moral, sendo prescindível
a demonstração do prejuízo concreto. O fornecedor de serviços
responde independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por falha relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e risco. A responsabilidade objetiva
só pode ser afastada quando for comprovada a inexistência de
qualquer falha ou a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Não sendo entregue a mercadoria adquirida e devidamente
paga pelo consumidor, responde a empresa vendedora não só
pelo cumprimento forçado da obrigação, bem como por
indenização por danos morais em face do descaso que teve
frente ao consumidor. Discutindo-se a prestação defeituosa de
serviço, cabia a Recorrente ilidir a responsabilidade civil objetiva

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inerente ao próprio risco da atividade econômica, consagrada no art.
14, caput, do CDC, que impõe ao fornecedor o ônus de provar causa
legal excludente (§ 3º do art. 14), algo que não se desincumbiu. O
dano moral, na hipótese, encontra previsão no sistema geral de
proteção ao consumidor inserto no art. 6º, inciso VI, do CDC, com
recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e repercussão
no art. 186, do Código Civil, e, sendo o dano eminentemente moral,
sem consequência patrimonial, não há como ser provado, nem se
investiga a respeito do animus do ofensor. Consistindo em lesão de
bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe
simplesmente pela conduta ofensiva, sendo dela presumido,
tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto. Na
situação em exame, a parte autora não precisava fazer prova da
ocorrência efetiva dos danos morais relacionados aos fatos
apurados. Os danos dessa natureza se presumem pelo descaso do
fornecedor envolvido em solucionar o problema, não havendo
como negar que ela se desgastou emocionalmente, sofrendo
frustração, angústia e aborrecimento na busca de uma solução
sem êxito administrativo, tendo a esfera íntima agredida ante a
atividade negligente do fornecedor. Assim, torna-se inafastável o
reconhecimento da responsabilidade civil da parte ré, em todos os
efeitos declarados na sentença impugnada, inclusive de ofensa ao
patrimônio moral da parte autora, cuja incidência se dá in re ipsa em
casos como este, limitada apenas pelo postulado da
proporcionalidade. A condenação deve trazer reparação indireta ao
sofrimento do ofendido e incutir temor no ofensor para que não dê
mais causa a eventos semelhantes. Deste modo, considerando as
peculiaridades do caso, bem como, alinhando à jurisprudência desta
Turma Recursal, entendo pela diminuição da indenização moral
para o patamar de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Com essas
considerações, e por tudo mais constante dos autos, voto no sentido

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de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pela Recorrente para diminuir a indenização pelos danos
morais suportados para o valor de R$ 2.000,00 (mil reais),
mantendo todos os demais termos da sentença. Deixo de condenar o
recorrente em custas e honorários advocatícios ante a procedência
parcial. Salvador, Sala das Sessões, 14 de setembro de 2021.
ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA Juíza Relatora (TJ-BA,
Classe: Recurso Inominado, Número do Processo: 0000489-
58.2021.8.05.0043, Órgão julgador: QUINTA TURMA
RECURSAL, Relator(a): ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA,
Publicado em: 05/08/2021, #13649233)

Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que


lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução
de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

A perda de tempo de vida útil do consumidor, em razão da falha da prestação


do serviço não constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto
negativo em sua vida, devendo ser INDENIZADO.

DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

Para demonstrar o direito arguido no presente pedido, o autor pretende


instruir seus argumentos com as seguintes provas:

a) Depoimento pessoal do ________ , para esclarecimentos sobre


________ , nos termos do Art. 385 do CPC;

b) Ouvida de testemunhas, uma vez que ________ cujo rol segue


abaixo: ________

c) Obtenção dos documentos abaixo indicados, junto ao ________

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nos termos do Art. 396 do CPC;

d) Reprodução cinematográfica a ser apresentada em audiência nos


termos do Parágrafo Único do art. 434 do CPC;

e) Análise pericial da ________ .

Importante esclarecer sobre a indispensabilidade da prova ________ , pois


trata-se de meio mínimo necessário a comprovar o direito pleiteado, sob pena de grave
cerceamento de defesa:

Ação reivindicatória. Produção de prova testemunhal. Pedido


expresso e tempestivo. Indeferimento. Julgamento antecipado.
Cerceamento de defesa. Constitui cerceamento de defesa a não
produção de prova oral, cujo rol foi apresentado tempestivamente,
devendo os autos retornarem à origem para abertura de instrução
processual, a fim de ser realizada a oitiva requerida para elucidação
dos fatos, sobretudo quando a demanda versar sobre direitos reais.
(TJ-RO - APL: 00043372120158220001 RO 0004337-
21.2015.822.0001, Data de Julgamento: 25/02/2019, #43649233)

Tratam-se de provas necessárias ao contraditório e à ampla defesa, conforme


dispõe o Art. 369 do Novo CPC, "As partes têm o direito de empregar todos os meios
legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz."

Trata-se da positivação ao efetivo exercício do contraditório e da ampla


defesa disposto no Art. 5º da Constituição Federal:

"Art. 5º (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o

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contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;(...)"

A doutrina ao disciplinar sobre este princípio destaca:

"(...) quando se diz "inerentes" é certo que o legislador quis


abarcar todas as medidas passíveis de serem desenvolvidas como
estratégia de defesa. Assim, é inerente o direito de apresentar as
razões da defesa perante o magistrado, o direito de produzir
provas, formular perguntas às testemunhas e quesitos aos peritos,
quando necessário, requerer o depoimento pessoal da parte
contrária, ter acesso aos documentos juntados aos autos e assim
por diante." (DA SILVA, Homero Batista Mateus. Curso de Direito
do Trabalho Aplicado - vol. 8 - Ed. RT, 2017. Versão ebook. Cap.
14)

Para tanto, o autor pretende instruir o presente com as provas acima


indicadas, sob pena de nulidade do processo.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo


Civil;

2. O deferimento da tutela de urgência para fins de determinar o cumprimento forçado


da proposta com a emissão imediata dos bilhetes aéreas;

3. Seja dada a devida prioridade no trâmite processual, por se tratar de causa que
envolve ________ ;

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4. A citação do Réu para responder, querendo;

5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a ________ ;

6. A total procedência da demanda para fins de que seja determinado o cumprimento


forçado para fins de indicar pedido ou, no caso de inviabilidade, a restituição dos
valores pagos, cumulados com a condenação por perdas e danos no valor de
________ ;

7. Cumulativamente, requer a condenação em danos morais no valor de ________ ;

8. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros


previstos no art. 85, §2º do CPC.

Por fim, manifesta o ________ na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII
do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ ________

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

ROL DE TESTEMUNHAS

1. ________

ANEXOS

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1. Documentos de identidade do Autor

2. RG

3. CPF

4. Comprovante de Residência

5. Procuração

6. Declaração de Pobreza

7. Provas da ocorrência

8. Provas da tentativa de solução direto com o réu

9. Provas da negativa de solução

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