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BALTAZAR JORGE COSTA, brasileiro, casado, pai de 2 (dois) filhos (um com 1
ano e outro com 3 meses), trabalha na Justiça Federal como analista judiciário, portador da
cédula de identidade RG nº 8.004.021 SSP/PB e inscrito no CPF sob nº 007.159.696- 84,
residente e domiciliado na Rua Calixto, nº 100, Bairro do Mirante, Campina Grande/PB, vem
por meio de seu advogado devidamente constituído, à presença de Vossa Excelência propor
I - DOS FATOS
6. Está provado que o negócio jurídico foi celebrado com dolo, na medida em que
o requerente foi enganado pelo requerido, que omitiu a informação da penhora do imóvel e
seu encaminhamento à leilão por dívida trabalhista;
II - FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Com base nos fatos expostos, fica claramente perceptível que o requerente, não
detinha conhecimento de que o terreno estava em leilão judicial decorrente de um processo
trabalhista, e que o requerido sabia há meses e estava se defendendo desde meados de 2017,
antes mesmo de celebrar o contrato com o requerente, dessa informação, omitindo-a e agindo
de má-fé.
Sobre o tema, pontua Maria Helena Diniz, em sua obra Direito Civil, Teoria dos
Contratos, que
[...]
Ações jurídicas realizadas entre pessoas físicas ou jurídicas são denominadas como
negócio jurídico. No caso concreto, o negócio jurídico é pautado no contrato de compra e
venda de imóvel, realizado entre os senhores Baltazar (requerente) e Ângelo (requerido).
Esses negócios, para que sejam legalmente válidos, necessitam cumprir os requisitos
estabelecidos no art. 104 do Código Civil, vejamos:
Em razão dessa omissão, percebe-se a má-fé por parte do requerido, e a visível lesão
ocasionada ao requerente. Manobras como estas, que se inspiram em má-fé e levam alguém a
induzir a outrem a prática de um ato com prejuízo para este, são denominadas como dolo.
Assim, diante da redação acima mencionada, percebemos que o Código Civil é claro
ao evidenciar que é anulável o negócio jurídico que padecer de incapacidade relativa do
agente envolvido e de vícios como: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.
Sabendo que o negócio jurídico em questão, pautado no contrato de compra e venda
do imóvel, foi celebrado com dolo, padecendo de deficiência em seus elementos constitutivos,
permitindo sua anulação legal através do que dispõe o Art. 171 do CC. em razão do dolo
cometido pelo requerido.
Ou seja, apesar do contrato suprir os quesitos apresentados no Art. 104 do CC, ele
possui defeito por vício de consentimento ocasionado pelo dolo, e por isso, resguardado o
direito de ser anulado, pelas razões apresentadas.
Ademais, com a possibilidade de o requerente perder o único bem de sua família, por
um ato doloso do requerido, uma solução viável e juridicamente possível, se faz necessário
que se investigue os bens do cônjuge o mais célere possível, evitando assim, que o imóvel vá
a leilão e que a cônjuge do requerido seja responsável solidariamente pelas dívidas
trabalhistas.
Como já foi provado, o requerido tinha conhecimento que o imóvel estava penhorado
e ido a leilão judicial. Logo, agiu com conduta dolosa ao realizar a venda, caracterizando uma
fraude na execução, de maneira que, seu comportamento se enquadra no rol de incisos do
artigo 792 do Código de Processo Civil, mais precisamente nos incisos II e IV, que pontua os
casos em que será considerado caso de fraude:
Já por parte do requerente, o STJ tem entendimento claro do que seria necessário
para que seu posicionamento se caracterize como uma fraude, relatado na Súmula 375 do
tribunal referido: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.
É certo que, o requerente não detinha conhecimento do processo que existia acerca do
requerido e da possível penhora do imóvel, pois quitou o terreno e construiu sua moradia no
local de aquisição. Observa-se também que o requerente só tomou conhecimento que a
propriedade estaria sendo posta à leilão judicial após o término da obra, ficando nítido que
não houve má-fé na sua conduta enquanto comprador.
O impasse em questão nos remete à colisão de princípios, sob os quais, segundo a lei
da colisão, ganha maior peso a relação de maior prevalência após o sopesamento de todas as
condições fáticas à luz do caso concreto. Sobre isso disse Robert Alexy:
Se por um lado, a dívida trabalhista não terá precedência sobre a égide jurídica em
salvaguardar a boa-fé entre os cidadãos, tampouco terá precedência sobre o Direito de Família
envolvendo a “casa da morada” e da impenhorabilidade do bem de família. A casa familiar
serve como bem de família, nos termos do artigo 1º da Lei 8.009/1990, para fins de
impenhorabilidade, inclusive no caso de dívidas existentes.
Neste ponto, cabe ainda enfatizar que o requerente não possui dívidas, pois cumpriu
com o pagamento do terreno no ato de sua compra. A dívida trabalhista é do requerido, cuja
conduta de dolo constitui, ao que consta, ser seu modus operandi nos negócios jurídicos que
estabelece.
Agiu de má-fé em desfavor do requerente da mesma forma que agiu de má-fé antes,
sendo, por isso, condenado pela justiça do trabalho e cujas consequências reverberam agora
sobre o bem de família do requerente. Sobre o tema, vários julgados resguardam o direito do
autor.
É de entendimento do STJ, as seguintes decisões: Súmula 205 do STJ, “A Lei
8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência” ¹ 1. Súmula 364, “O conceito de
impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.” ²2
Entretanto, apenas no ano seguinte, o requerente ficou sabendo que seu imóvel havia
sido encaminhado a leilão judicial em virtude de um processo trabalhista em desfavor do
requerido.
Com isso, fica claro que o requerido agiu com total dolo e má fé na venda do terreno,
tendo em vista que o mesmo se defendia do processo trabalhista há 1 ano.
Sendo assim, institui o Código Civil, de acordo com seu artigo 186 e 927, que
“aquele que violar o direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito, fica obrigado a repará-lo”. Entende-se por ato ilícito o ato causador de prejuízo,
seja patrimonial, físico ou moral, a outrem.
A obrigação principal do requerido era ter agido de boa-fé com o requerente, sendo
que, tais ações acarretam danos materiais e morais para o credor, de acordo com a justificativa
do Carlos Roberto Gonçalves na súmula 163 do STF:
Assim também dispõe o art. 405 do Código Civil, sendo esse o critério seguido nos
casos de responsabilidade contratual.
Ficando assim, o requerido obrigado a pagar danos moratórios, tendo em vista que,
em casos de responsabilidade extracontratual ou aquiliana, pela prática do ilícito meramente
civil, os juros de mora são computados desde a data do fato, conforme prescreve a Súmula 54
do Superior Tribunal de Justiça:
Ademais, o art. 186, do Código Civil de 2002, complementa de forma clara, aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Os danos morais são aqueles que ferem o interior da pessoa, seu psicológico, bem
como os direitos da personalidade, como o nome, a honra e a intimidade.
A indenização por dano moral é arbitrável, mediante estimativa prudencial que leve
em conta a necessidade de, com a quantia, satisfazer a dor da vítima e dissuadir de novo
atentado, o autor da ofensa. (TJ-SP – Apelação Cível nº 198.117 – 2ª Câmara – em 21.12.93 –
Rel. Des. Cezar Peluso – RT nº 706, Ago/11, pág. 67.
Portanto, prevê claramente o dano moral, diante de todo exposto, o requerente requer
a reparação mediante indenização.
GRUPO:
ANNALINE GOMES
ISAAK CAVALCANTI
JOSÉ GILDO
MARCELA DE OLIVEIRA
THIAGO BRUNO
VITÓRIA CRISTINA
YASMIN BYANQUE