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Precisões teóricas sobre a taxa de câmbio: uma análise marxista

Giliad de Souza Silva


Lucas Rodrigues

1. INTRODUÇÃO

Para uma análise econômica com maior nível de precisão dos


fenômenos que perpassam o comércio internacional, é de vital importância
entender como se determina a taxa de câmbio. As explicações dadas pela
teoria convencional partem da hipótese que a taxa real de câmbio de longo
prazo se movimenta de tal modo que torna os países igualmente competitivos e
torna o comércio internacional equilibrado. A compreensão marxista, por sua
vez, parte do pressuposto que a posição competitiva de um dado país depende
dos custos reais unitários das mercadorias internacionalmente comercializáveis
e sua taxa real de câmbio (SHAIKH; ANTONOPOULOS, 2012).
Conforme a análise marxista, a concorrência intercapitalista
internacional, tanto de países quanto de indústrias, baseia-se primariamente
nas vantagens absolutas do ponto de vista da tecnologia usada no produto e
da produtividade do trabalho. Sob esta ótica, a posição competitiva da unidade
de análise é verificada pelos custos reais unitários nos setores com produtos
comercializáveis, no qual determina o centro de gravitação da taxa real de
câmbio. Assim, a diferença entre os custos reais de produção de cada país
determina seus termos internacionais de troca e, no longo prazo, suas taxas de
câmbio reais. Desse ponto de vista, é possível afirmar que os fluxos monetários
internacionais ocorridos por desequilíbrio na balança comercial não mudam os
níveis de preço, como afirma a teoria convencional, impactando de fato na taxa
de juros1. Isto implica dizer que as vantagens absolutas nos custos não são
eliminadas pelo fluxo monetário, assim como que o livre comércio gerará
desequilíbrios ao comércio – cobertos por um fluxo correspondente de capital.
Logo, déficits e superávits comerciais não são anomalias de um sistema de
mercado funcionando internacionalmente e nem essas flutuações são
temporárias. É por isto que qualquer desvalorização no câmbio sem mudanças
fundamentais na produtividade são temporárias.

1
Sobre esta discussão, ver Martínez-Hernández (2010).
Este trabalho objetiva construir uma revisão da literatura marxista no
intento de melhor compreender o movimento de longo prazo da taxa real de
câmbio. Para tanto, faz-se necessário precisar a categoria concorrência em
Marx, afirmando que esta permanece válida quando transcende a análise para
o cenário internacional. Feito isto, precisar-se-á vantagens absolutas,
entendendo-a como fundamental para a mobilidade dos capitais e para o
movimento, em última instância, da taxa de câmbio de longo prazo.

2. TEORIA MARXIANA DA CONCORRÊNCIA

O objetivo desta seção é explicitar os pontos fundamentais na teoria da


concorrência de Marx, que possibilitam avançar no entendimento do
funcionamento internacional da competição intercapitalista. Para tanto, é
necessário precisar como Marx define e entende concorrência.

2.1. Acumulação e concorrência

O processo concorrencial em Marx é um resultado direto da lei do valor


(a lei de validação do caráter social do trabalho privado), especificamente da
dinâmica de criação e de movimento da mais-valia. É na esfera da produção
que esta mais-valia é criada e posta em movimento, mediante a criação de um
valor novo, superior ao valor primariamente adiantado para acessar as
mercadorias necessárias ao processo de produção – os meios de produção e a
força de trabalho. A mais-valia é precisamente a diferença entre este valor novo
e a remuneração2 da fonte de criação deste valor novo, isto é, da força de
trabalho. Por sua vez, o capital é o valor posto em movimento de
autoexpansão, mediante criação de mais-valia; e neste movimento ele se
metamorfoseia em capital-dinheiro, capital-mercadoria e capital produtivo.
O objetivo fundante da produção capitalista é a expansão do montante
do capital. Esta expansão ocorre mediante o reinvestimento da mais-valia

2
A remuneração da força de trabalho (o salário), sendo equivalente a seu valor, não é
diretamente proporcional à sua participação na produção, pois se assim o fosse esta
remuneração seria equivalente ao total do valor novo criado. Como afirma Marx (1996b,
p.100-1), “o valor da força de trabalho é determinado pelo valor dos artigos de primeira
necessidade exigidos para [...] sua conservação e reprodução.”
produzida. Neste sentido, a acumulação de capital, ou conversão da mais-valia
em capital, é uma característica intrínseca do capital. O novo valor criado,
dessa forma, corporificado em sua forma dinheiro, deve buscar alguma
maneira de se expandir, o que gera o aumento constante da produção. A
acumulação de capital gera uma tendência de aumento da mais-valia enquanto
afirmação do próprio processo de acumulação. Esta expansão pode ser
auferida mediante i) ampliação da jornada ou da intensidade do trabalho, isto é,
através da produção de mais-valia absoluta. Esta forma de expansão da taxa
de exploração tem limitações internas, tendo em vista que há um limiar no qual
esta extensão pode ser auferida (a jornada de trabalho não pode 24h
descontadas as horas necessárias dedicadas ao descanso e à alimentação dos
trabalhadores, isto é, à reprodução da força de trabalho); ii) aumento constante
da produtividade mediante mecanização do processo de trabalho, isto é,
através da produção de mais-valia relativa. Conforme Shaikh (1978, p.237),
“Marx argues that under capitalism, after a certain historical point, automation
becomes the dominant form of the development of the social productivity of
labour.”
A partir destas características da acumulação fica explícito que a
concorrência intercapitalista aparece como uma derivação do processo do
capital, isto é, pela própria relação capital-trabalho, indissociável do modo de
produção capitalista. Neste sentido, é do próprio funcionamento da acumulação
de capital (aumentar persistentemente a mais-valia) que se deriva a
concorrência, ou seja, esta é resultado das leis do capitalismo quando a análise
leva em consideração a existência de muitos capitais. Nos termos de Marx
(2011, p.546),

O que reside na natureza do capital só é realmente posto para fora


dele, como necessidade exterior, pela concorrência, que nada mais
significa que os muitos capitais impõem uns aos outros e a si próprios
as determinações imanentes do capital.

Se a concorrência aparece secundariamente na produção de mais-valia,


ela é indispensável ao processo de realização deste sobrevalor (circulação e
distribuição de mais-valia). Porém, ainda no processo de produção, a
concorrência aparece relacionada à redução dos custos de produção, mediante
qualquer processo de inovação tecnológica. Do ponto de vista da realização, a
concorrência aparece na luta capitalista pelo aumento na participação do
mercado e na distribuição de mais-valia entre esferas distintas inversões. Ou
seja, a concorrência intercapitalista aparece como manifestação dos capitais
individuais na busca compulsiva pelo lucro e por sua autoexpansão. Esses
movimentos dos capitais individuais produzem tendências a equalização de
preços e taxas de lucros, assim como forças desequilibrantes. Porém, para que
esses processos tendenciais ocorram deve existir mecanismos eficazes que
conduzem a mobilidade de capital 3, assim como uma parcela considerável do
capital industrial na forma monetária.

2.2. Concorrência inter e intrassetorial

A competição entre capitais individuais se dá em dois níveis distintos. No


nível intrassetorial (dentro de uma mesma indústria), mesmo que as condições
produtivas das unidades de produção se diferenciem, o preço de venda (valor
de mercado) tende a se equalizar. No nível intersetorial (entre indústrias
distintas), por sua vez, a variável que tende a equalização pelo processo
competitivo é a taxa de lucro setorial. No termos do Marx (1986, p.140),

O que a concorrência realiza, primeiramente, dentro de uma esfera é


estabelecer um valor de mercado igual e um preço de mercado igual
a partir dos diversos valores individuais das mercadorias. Mas só a
concorrência dos capitais nas diversas esferas traz à luz o preço de
produção que equaliza as taxas de lucro entre as diversas esferas.
Neste caso é necessário um grau mais elevado de desenvolvimento
do modo de produção capitalista do que no anterior.

No nível intrassetorial, é precondição a existência de certos mecanismos


de mercado que possibilitem a validade, enquanto valor social, dos valores
individuais de cada unidade produtiva. Mesmo que as firmas utilizem técnicas
produtivas distintas, logo, possuam níveis desiguais de produtividade e de valor
individual do produto, estas mercadorias são vendidas por um mesmo valor

3
Esses mecanismos são basicamente desenvolvidos no sistema financeiro. Maldonado (1990,
p.110) afirma que “a existência de um sistema financeiro razoavelmente eficiente se constitui
em uma condição necessária a efetiva mobilidade do capital dentro de um país. Por outro
lado, também é necessário que não existam impedimentos legais ou artificiais generalizados
para a entrada ou saída de capitais e de trabalho nos diferentes setores da economia.”
comercial e não pelos valores individuais. Esta tendência força os diferentes
capitais da mesma indústria a empregarem métodos de produção cada vez
eficientes, visando reduzir dos custos de produção e auferir,
consequentemente, maior taxa de lucro. Este processo cria diferenciais na
lucratividade entre as unidades produtivas intrassetorial, gerando firmas mais
eficientes, que obtém lucros extraordinários, firmas de eficiência média, que
obtém a rentabilidade média, e firmas de menor eficiência, que obtém taxas de
lucros menores que a média. Assim, a existência de taxas de lucro díspares
dentro do mesmo setor não nega a concorrência, mas, ao contrário, é uma
direta derivação do processo competitivo.
No nível intersetorial, o motor desse processo é o diferencial das taxas
de lucro que existem entre indústrias e sua forma aparente são os fluxos de
capitais entre essas. Os capitais de diferentes setores não podem ser
comparados em sua forma concreta, sendo comparados apenas no seu
elemento indiferenciável, em sua relação entre a parte constante do capital e
sua parte variável, enquanto suas distintas composições orgânicas. Essas
diferentes composições, que apesar de existirem intersetorialmente tendem a
ser mais restritas, quando analisadas intrassetorialmente irão variar sem
guardar relação necessária entre si. Tal fato, supondo uma taxa de mais-valia
igual em todos os setores, irá determinar que o novo valor seja criado de forma
desigual entre cada um deles. No entanto, o capital se movimenta entre as
indústrias de forma a igualar o retorno dos capitais segundo a sua magnitude e
não segundo a quantidade de trabalho que explora, ou seja, o capital migra de
forma a gerar uma tendência de equalização da taxa de lucro. O lucro médio,
por sua vez, irá participar da formação dos preços de produção das
mercadorias, esses serão iguais ao preço de custo dessas, acrescidos do
ganho médio. Tal dinâmica determina que os capitalistas participem como que
acionistas do capital social total. Retiram dele a alíquota parte a que têm direito
segundo a magnitude de seus capitais individuais. Nesse sentido participam da
exploração da classe trabalhadora enquanto classe capitalista e não mais
apenas como capitalistas individuais.
Esses dois processos da concorrência, que atuam conjuntamente, são a
“manifestação externa da compulsão intrínseca dos capitais (firmas) pelo lucro
e pelo crescimento” (Maldonado, 1990, p.110), na superfície aparecem como o
motor do aumento da produtividade e da produção, na essência surgem como
resultado inerente ao processo. Atuando em conjunto levam à formação dos
valores de mercado e dos preços de produção, e assim desencadeiam
dinâmicas de equilíbrio e desequilíbrio que só podem ser entendidas a partir da
compreensão da concorrência como resultado do processo de acumulação de
capital.
A concorrência deve ser entendida, portanto, em seu caráter dialético.
Enquanto movimento ela é apenas uma, mas ao movimentar-se gera
tendências e contra-tendências. Em primeiro lugar, como foi visto, a
concorrência aparece como o processo que equaliza os valores de mercado
dentro de um mesmo setor. Para tanto basta que o mercado seja relativamente
amplo, sem ser necessária a existência de mecanismos avançados de fluxos
de capitais. Esse processo significa que em um mesmo espaço-tempo
convivem produtores empregando distintas tecnologias e consequentemente
com distintas produtividades. Os valores de mercado para esse setor poderão
variar, dependendo das condições de demanda, entre aqueles praticados pelas
empresas de menor produtividade e aqueles praticados pelas mais eficientes.
De acordo com Marx (1986, p.144):

(...) não existe conexão necessária, mas apenas casual, entre o


quantum global do trabalho social aplicado num artigo social, isto é,
entre a parte alíquota de sua força global de trabalho que a sociedade
emprega na produção desse artigo, portanto entre o volume que a
produção desse artigo ocupa na produção global, por um lado, e o
volume em que a sociedade exige satisfação da necessidade
mediante aquele determinado artigo, por outro.

A concorrência intersetorial depende de um maior desenvolvimento do


modo de produção capitalista, cujo sistema de crédito joga papel central. Como
visto, o capital busca sua constante valorização e mais do que isso, procura os
caminhos que apresentam as maiores oportunidades para tal. Nesse sentido,
se determinada indústria apresentar taxa de lucro maior que as indústrias
restantes, ocorrerá uma tendência de aumento dos capitais buscando inserir-se
nessa. Esse movimento não implica num aumento na quantidade de produtores
nesse setor de maior lucratividade. Se assim o fosse, somente os capitais de
determinadas magnitudes poderiam penetrar e concorrer em determinadas
indústrias. A concorrência intersetorial se dá na forma de um aumento na
quantidade de capital disponível e demandada por tal indústria. O aumento do
crédito e da tomada de empréstimos desse setor significa uma migração de
capital para ele. O próprio reinvestimento dos lucros gerados internamente
alimenta o processo concorrencial nesse setor, uma vez que esse novo capital
gerado passa a competir com o capital antigo já instalado. Esse aumento do
capital disponível irá gerar em contrapartida um aumento na produção e
consequentemente na oferta de produtos, tal aumento resultará em queda nos
preços e nos lucros, esses tendendo à taxa média de lucro existente na
economia4. Ocorre, no entanto, que tal processo de equalização das taxas de
lucro existe apenas como tendência. O capital migra de setor para setor, mas
tal migração está limitada pela forma concreta de existência desses.
A continuidade do processo de produção e realização da mais-valia
requer que o capital se encontre simultaneamente na forma de capital-dinheiro,
capital-produtivo e capital-mercadoria. A proporção do capital que se encontra
em cada uma delas irá depender das características particulares de cada firma
e indústria. Contam nesse sentido as distintas necessidades e volumes de
capital fixo, as diferenças entre os tempos de trabalho e tempos de produção,
os variados tempos de circulação, a disponibilidade e facilidade na contratação
dos fatores de produção, etc. O capital existe, assim, em diferentes formas,
onde cada forma desempenha funções particulares e possui atributos
específicos. Nesse sentido todo capital concorre entre si, mas nem toda forma
de capital possui a mesma mobilidade. Apenas o capital-dinheiro 5 tem a
capacidade de migrar para qualquer setor e dessa forma alterar a oferta neles.
Ocorre, no entanto, que a velocidade desse processo respeita, também, às
características específicas de cada setor. Onde existe elevada necessidade de
capital fixo, o capital dinheiro deve ter determinada magnitude para aumentar a
produção, ainda o tempo de maturação do investimento, se corporificando em
um aumento da produção, irá variar de indústria para indústria. Isso

4
Tal mecanismo não significa que é a interação entre oferta e demanda que irá determinar em
última instância os preços das mercadorias. Essa relação apenas será responsável pelos
desvios dos preços de mercado em relação aos preços de produção, uma vez que coincidam
nada revelam. Não deixam, no entanto, de ter importância fundamental no capital e suas
inversões.
5
Aqui não se consideram situações onde o capital em outras formas possa mudar de setor.
Uma máquina, por exemplo, que tenha utilidade em mais de uma indústria tem a
potencialidade de concorrer nesses setores. Essa, no entanto, existe de forma muito mais
limitada que o capital em sua forma dinheiro e será, portanto, desconsiderada.
determinará a persistência por um período maior ou menor de tempo de
diferenciais intersetoriais de taxas de lucro.
O desenvolvimento do sistema de crédito supera os problemas em
relação ao tempo necessário para se reunir determinada magnitude de capital-
dinheiro requerido para os investimentos produtivos, uma vez que concentra
uma massa imensa de capital em tal forma, originada de diversas fontes. Ao
mesmo tempo esse sistema potencializa a concorrência entre os capitais, dado
que agora qualquer montante pode vir a participar do processo concorrencial
em qualquer setor. Dessa forma facilita que os capitalistas participem
plenamente enquanto acionista do capital social total, sendo liberados da
necessidade de possuir uma magnitude mínima de capital para tanto.
O processo concorrencial, portanto, gera tanto tendências equilibrantes
quanto efeitos desequilibrantes. São justamente os desequilíbrios gerados por
esses mecanismos de equilíbrio que garantem que o processo de ajustamento
seja dinâmico e esteja sempre em operação. Dessa forma não é de se esperar
que a formação de grandes corporações, dominando a oferta de mercadorias,
irá resultar em uma diminuição da concorrência. A visão clássica dessa não a
compreende como uma situação de mercado, mas sim como um processo
dinâmico da luta inerente do capital por sua valorização. O resultado, em última
instância, determinará os investimentos dentro de um setor e os fluxos de
capitais entre os setores.
A acumulação de capital, que dá origem ao processo concorrencial,
resulta em diferenciais de lucratividade intrassetoriais e a uma tendência de
equalização das taxas de lucro intersetoriais. O processo como um todo, que
determina os fluxos de capitais, só pode ser entendido em seu movimento
conjunto, ou seja, como a interação dessas duas formas de existência da
concorrência. Dentro de um mesmo setor as firmas se deparam com uma taxa
de lucro média de toda a economia, porém com diferenças em seus preços de
custo. Considerando que os produtos serão vendidos por seus preços de
produção, algumas firmas irão obter lucros acima ou abaixo da média. A
composição orgânica dessas deve ser vista em relação às firmas que compõe
esse setor e em relação a esse setor com os demais. Internamente ao setor
algumas, firmas apresentarão composição maior, menor ou igual à média,
porém, enquanto indústria apresentará uma composição orgânica única, ou
seja, a composição média desse setor. Essa relação entre a composição com
os distintos setores irá determinar a quantidade de mais-valia que essa
indústria absorve. Caso sua composição seja igual à composição orgânica
média da economia ela irá absorver um montante de mais-valia igual aquele
criado por ela, mas esse processo já supõe formada a taxa de lucro média.
Entende-se que em condições normais apenas aquelas firmas de um mesmo
setor que apresentam a composição orgânica média desse, ou seja, que
produzam com a produtividade setorial média, irão realizar o lucro médio.
Os diferenciais de taxas de lucro serão a expressão, portanto, dos
desequilíbrios intrassetoriais, que são determinados pela proporção entre as
empresas de maior, menor ou média produtividade dentro dele. Dessa forma se
em determinado setor as empresas de maior produtividade passarem a
dominar em proporção às demais ou se o aumento de demanda fizer com que
as empresas de menor produtividade regulem os preços de mercado, a taxa de
lucro desse setor será maior que a média e portanto esse irá atrair capitais dos
demais setores. Nota-se que esse processo não supõe que o setor tenha uma
composição orgânica maior que a média da economia, podendo ocorrer
mesmo naqueles de baixa composição, ou seja, a migração de capital não tem
como direção necessária os setores mais avançados, mas sim as firmas de
maior produtividade dentro dos setores com taxas de lucro maiores que a
média. Ocorre, no entanto, que por esses setores mais avançados terem em
geral maior capacidade de inovação e assim de aumento de produtividade,
serão capazes de criar com mais facilidade os fatores que irão gerar
desequilíbrios na proporção entre empresas de diferentes produtividades,
dessa forma o lucro desses tende a desviar-se do lucro médio com mais
regularidade. Importa, no entanto, que não se confunda a forma aparente do
fenômeno com sua essência. A possibilidade desses setores de se desviarem
do lucro médio não significa que podem abolir o processo de equalização das
taxas de lucro, em realidade são esses desvios que fazem com que tal
processo seja contínuo e regular. Assim, o processo de diferenciação de taxas
de lucro se dá a partir da busca das empresas de um setor por reduzirem seus
custos de produção, esse processo intersetorial se expressa nos fluxos
intrassetoriais de capital.
É relevante indicar que o fenômeno da concorrência oriunda da
acumulação de capital permanece válido quando transcende a análise para o
cenário internacional. Esta afirmativa é fundamental para evitar qualquer
equívoco de se aceitar a teoria do Marx no cenário nacional, porém rejeitá-la no
comércio internacional. A próxima seção discorrerá a respeito desta temática.

3. DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DO CÂMBIO

Como foi visto, a concorrência surge e sobrevive do próprio processo de


acumulação de capital. Ela se caracteriza pela busca dos capitais por
produzirem nas melhores condições possíveis e assim auferirem lucro extra, e
naqueles setores que apresentam maior lucratividade, dessa forma
contribuindo para a formação de uma taxa média de lucro. Nesse sentido, as
vantagens absolutas de custos estão na base dos movimentos intersetoriais do
capital. Marx, ao analisar os processos citados acima abstrai, no entanto, da
existência do mercado mundial, trata o funcionamento das leis do modo de
produção capitalista em sua forma geral. Segundo Vygodski (1973, p. 91):

If is a question of abstract examination of bourgeois society, foreign


trade must be disregarded. Foreign trade does indeed play a might
role in capitalism but is an external factor as regards this question.
This is why Marx, in all major aspects, sets out the theory of the
capitalist mode of production without reference to foreign trade. It is
sufficient to recall how successfully Marx was able to explain the
process of extended reproduction in capitalism solely from its internal
conditions.

Dizer que Marx abstrai do comércio internacional não significa, no


entanto, dizer que ele o ignora, é recorrente em seus escritos a importância
que essa esfera do comércio tem tanto como pré-condição para o
desenvolvimento do modo de produção capitalista, como resultado do
desenvolvimento desse modo de produção. Na parte final do livro I de O
Capital, ao tratar sobre a acumulação primitiva, essa relação fica bastante
clara. A abstração sobre tal esfera do comércio é, assim, apenas permitida,
pois a existência desse não altera o funcionamento das leis do modo de
produção capitalista, e tais leis não se originam especificamente da existência
desse mercado.
Ocorre, no entanto, que a teoria do comércio internacional no
pensamento econômico tradicional seguiu caminho oposto daquele que se
poderia derivar dos estudos de Marx. Segundo essa, na esfera internacional a
concorrência deixa de se caracterizar pelas vantagens absolutas de custos e
passa a ser regulada pelas vantagens relativas. Para tanto atuam certos
mecanismos de equilíbrio que abolem qualquer vantagem competitiva absoluta
entre as nações, levando com que essas se especializem na produção
daquelas mercadorias que apresentam alguma vantagem relativa de custos.
Nesse sentido, o livre funcionamento do comércio internacional é condição sine
qua non para o equilíbrio da balança comercial e a convergência no
desenvolvimento econômico entra as nações. Esses mecanismos de ajuste se
dão principalmente ou via preços ou via taxa de câmbio.
Esta seção irá abordar primeiramente a teoria das vantagens relativas e
seus mecanismos de ajuste, para então enfocar mais especificamente o
comportamento do câmbio dentro da teoria das vantagens absolutas, buscando
apontar como esse reflete os diferenciais de custos entre as nações
envolvidas, e como, portanto, a taxa de câmbio nominal deriva de sua taxa real
e não o contrário.

3.1. A teoria das vantagens comparativas – taxa de câmbio e preços

Ricardo (1996) aponta, no capítulo 7, o modo como o comércio opera na


esfera internacional. Segundo ele, o desenvolvimento dessa esfera comercial
faz com que os países se especializem na produção daquelas mercadorias em
que são relativamente mais produtivos. Dessa forma, diferentemente da esfera
nacional, onde os produtores que permanecem no processo produtivo, ou que
obtém vantagens nesse, são aqueles capazes de produzir com menores
custos, no comércio internacional o que regula não é essa vantagem absoluta.
Ou seja, um país, mesmo que possua vantagens de custos em todos os bens
comercializáveis internacionalmente, deverá e irá se especializar na produção
daquele em que produz relativamente mais barato que os demais.
O clássico exemplo utilizado pelo autor considera dois países, Portugal e
Inglaterra, e duas mercadorias, vinho e têxteis. Num período inicial o primeiro
apresenta vantagens absolutas em ambas as mercadorias, sendo que, caso
Portugal e Inglaterra fossem apenas regiões de um país, tanto os capitais
quanto os trabalhadores migrariam para Portugal, de forma que toda a
produção se realizasse nessa região. Como são países distintos, essa
migração de capital e trabalho está bloqueada e, como veremos, os
mecanismos de ajuste se dão de outra forma. Retornando ao exemplo, temos
que Portugal produz determinada quantidade de vinho e têxteis utilizando
respectivamente o trabalho de 80 e 90 homens durante um ano. A Inglaterra,
por sua vez, necessidade de 120 homens para produzir a mesma quantidade
de vinho e de 100 homens para a mesma quantidade de têxteis, no mesmo
período. Apesar de Portugal possuir vantagem em ambos os produtos, Ricardo
irá argumentar de forma a justificar que é mais benéfico para o país abandonar
a produção de têxteis e direcionar esses capitais e trabalhadores para a
produção de vinhos, e comprar os têxteis de que necessita da Inglaterra. Dessa
forma, ao fim de tal processo, Portugal, com a mesma quantidade de homens
trabalhando, poderá acessar uma quantidade maior de vinhos e tecidos. O
mesmo acontecendo com a Inglaterra caso se especializasse em tecidos.
Nesse sentido, Ricardo argumenta que no comércio internacional o produto do
trabalho de 80 portugueses pode ser trocado pelo de 100 ingleses, algo
impossível no comércio nacional.
Tem-se, assim, que, para o autor, as leis que regem as trocas na esfera
nacional não são as mesmas que as regem na esfera internacional. As
mercadorias que se confrontam no mercado mundial não são comparadas
enquanto a quantidade de trabalho que contém, mas têm seus preços
estabelecidos de outra maneira. Para tanto, como demonstra Shaikh (1990) é
fundamental para o processo de ajuste proposto por Ricardo o funcionamento
da teoria quantitativa da moeda. Segundo essa os preços variam de acordo
com a variação na quantidade de moeda em circulação. Dada uma quantidade
determinada de mercadorias a expansão de moeda fará com que essa se
desvalorize e assim os preços subam, o contrário ocorre quando a quantidade
de moeda em circulação diminui. Seguindo o desenvolvimento de Ricardo o
comércio internacional desempenha um papel central nessa variação
monetária.
Seguindo com seu exemplo, as vantagens absolutas de Portugal em
relação à Inglaterra levariam incialmente a uma balança comercial superavitária
no primeiro e deficitária no segundo. A Inglaterra, incapaz de pagar suas
importações através de suas exportações, teria de saldar seus débitos com
suas reservas em ouro (moeda mundial), o que significaria um declínio dessas.
Essa diminuição do meio de circulação faria com que os preços em ouro de
suas mercadorias caíssem. O inverso ocorreria em Portugal. O superávit de
sua balança comercial se traduziria em uma entrada maciça de ouro nesse
país, ocasionando aumento de meio de circulação e assim dos preços em ouro
de suas mercadorias. Como a Inglaterra possui vantagem relativa na produção
de têxteis e Portugal na produção de vinhos, o aumento no preço dos têxteis
portugueses e a diminuição desse produto na Inglaterra faria com que seus
preços se tornassem equivalentes de maneira mais rápida que nos preços dos
vinhos. O comércio entre os países se estabeleceria em um novo nível, onde
seria mais vantajoso comprar têxteis ingleses e vinhos portugueses, esse novo
nível equivaleria a um equilíbrio na balança comercial de ambos os países e a
manutenção na quantidade de reservas em ouro de cada um deles.
As atualizações da teoria das vantagens comparativas, principalmente o
modelo Hecksher-Ohlin, introduzem certas novidades à teoria de Ricardo, sem,
no entanto, transformarem sua coerência interna. O que é relevante nessa
atualização são os fatores de produção mais abundantes em cada país, sendo
que, aqueles países que apresentam uma dotação maior de capital produzirão
bens intensivos em capital e aqueles que possuem dotação em trabalho
produzirão bens intensivos em trabalho. A especialização produtiva de cada
país levará a um processo de ajuste e a uma balança comercial equilibrada
entre os países participantes do comércio mundial. O regime cambial, nesse
sentido, joga papel central como mecanismo de ajuste. Caso esse seja de
câmbio fixo o ajuste permanece ocorrendo via preços, como demonstrado
acima, a alteração ocorre quando se permite uma taxa de câmbio flutuante.
Nesse caso o déficit ou superávit da balança comercial se traduzirá em
flutuações na taxa de câmbio. Caso um país apresente déficit persistente em
sua balança comercial o que ocorrerá, dado as necessidades de pagamentos
de suas importações em moeda internacional, não cobertas por suas
exportações, é um aumento na demanda por essa moeda e uma
desvalorização de sua moeda nacional. A taxa de câmbio entre as duas
moedas (moeda nacional/moeda internacional) irá subir o que significará uma
queda nos preços em moeda internacional das mercadorias do país deficitário.
O oposto ocorre no país superavitário, onde a valorização de sua moeda torna
as mercadorias importadas mais baratas e suas mercadorias exportáveis mais
caras. Esse processo leva, portanto, à queda nos preços internacionais dos
produtos comercializáveis internacionalmente dos países deficitários e ao
aumento dos preços de tais produtos dos países superavitários. A taxa de
câmbio se estabelece em um patamar de equilíbrio das balanças comerciais e
torna-se o mecanismo capaz de transformar qualquer vantagem absoluta de
custos em uma vantagem relativa.
Esses mecanismos de ajuste, principalmente a taxa de câmbio, não
condizem com uma derivação das leis do modo de produção capitalista
apresentadas por Marx, para o comércio internacional. Mesmo nessa esfera a
lei do valor trabalho é a que regula os preços, e as vantagens absolutas de
custos operam ali da mesma forma que na esfera nacional. A taxa de câmbio
aparece, assim, como um reflexo de tais vantagens, e o comércio internacional
não deve necessariamente mover-se para uma situação de equilíbrio.

3.2. Vantagens Absolutas e determinação estrutural do câmbio

Foi visto que a teoria tradicional encara a taxa de câmbio como


mecanismo de ajuste que transforma as vantagens absolutas em vantagens
relativas e leva a um equilíbrio da balança comercial dos países que participam
do mercado internacional. Tal forma de compreensão sobre o funcionamento
do comércio internacional e o estabelecimento da taxa de câmbio está em
desacordo com o funcionamento da concorrência, das trocas e da relação dos
preços das mercadorias de diferentes países, que se pode derivar de Marx.
Alguns autores como Shaikh (2000), Shaikh e Antonopoulos (2012), Martínez-
Hernández (2010) e Guerrero (1995) procuram desenvolver uma explicação
alternativa do funcionamento do comércio nessa esfera, tendo como base as
leis expostas por Marx que regulam a produção e circulação do capital em
todas suas formas. Nesse sentido, tais autores pontuam que é peculiar ao
comércio internacional a existência de países com balança comercial deficitária
e países com balança comercial superavitária, uma vez que o que regula os
termos de troca entre os países são os diferenciais de custos e o processo de
equalização das taxas de lucro a nível global. Segundo Shaikh e Antonopoulos
(2012, p. 206):

Our framework takes the opposite position: namely, that the


international competitive position of a country, as measured by the
real unit costs of its tradables, pins its real exchange rate. Such real
costs in tum will depend on productivity and real wages.

Em primeiro lugar, portanto, essa nova abordagem das trocas


internacionais irá pontuar que os mesmos processos concorrenciais que atuam
internamente em uma nação irão operar na esfera internacional. Nesse sentido
os capitais buscarão produzir naquelas regiões que apresentam as maiores
vantagens de custos e os fluxos intersetoriais de capital tornarão a tendência à
equalização das taxas de lucro uma tendência global. Seguindo o modelo
proposto por Shaikh (2000) imaginemos dois países A e B e suas respectivas
moedas £ e $. O país A detém vantagem absoluta na produção de bens de
consumo, enquanto o país B em bens de produção. Dessa forma, pelo
processo concorrencial intrasetorial, os capitais de cada país irão regular os
preços das mercadorias as quais possuem tal vantagem. Temos assim,
expressos em moeda comum ($), os seguintes preços de produção 6:
1) pcA .e=( p kA . acA + pcA .e . wr cA . l cA ) . ( 1+r A )
2) pkB =( pkB .a kB + pcB .e . wr kB .l kB ) .(1+r B)

Onde:
pc e pk : preços dos bens de consumo e preço dos bens de produção
e: taxa de câmbio nominal
a : requerimento de capital circulante por unidade de produto
wr : salário real
l : requerimento de trabalho por unidade de produto
r: taxa de lucro

6
Todas as equações apresentadas são reproduzidas de Shaikh (2000).
Reescrevendo o anterior, temos:

1 ' ¿ p cA .
e
p kb ( (
= acA + pcA .
e
pkb ) )
. wr cA .l A .(1+r A )

(
2 ' ¿ 1=(akB + pcA .
e
pkb )
. wr kB . l kB ) .(1+r b )

Dados os salários em cada país e os requerimentos de capital e


trabalho, temos duas equações com três incógnitas: os termos de intercâmbio,
e
ou taxa de câmbio real (τ = pcA . ), e as taxas de lucro em cada país.
p kb
Considerando que as taxas de lucro não podem definir-se arbitrariamente, “a
fixação de uma delas determinará por sua vez os termos de intercâmbio (
e
τ = pcA . ) e a outra taxa de lucro” (SHAIKH, 2000, p.105). Essa derivação dos
p kb
termos de troca feita por Shaikh (2000) coloca que as variações nesses
respondem às mudanças nas condições de produção de cada país naqueles
produtos exportáveis os quais detém vantagens absolutas, ou seja, onde seus
capitais regulam os preços mundialmente.
Tem-se, assim, que os preços de produção de cada uma dessas
mercadorias são compostas por seus preços de custo, acrescido da taxa de
lucro médio. Nesse modelo o preço dos meios de produção, tanto para o país A
quanto para o país B são regulados pelas condições de produção do país B, e
os meios de consumo são regulados pelas condições de produção do país A 7.
Uma mudança, portanto, nas condições de produção em cada país terá um
efeito nos preços de custo de ambos, assim como em suas taxas de lucro e
nos termos de troca. As variações decorrentes nos termos de troca têm, dessa
forma, efeito contrário sobre as taxas de lucro de cada um dos países, de modo
que uma queda nos termos de troca de A faz baixar sua taxa de lucro e
aumentar a de B. Esses termos podem variar apenas dentro de uma margem

7
Aqui se considera que todos os meios de produção utilizados pelo capital do país A podem
ser produzidos no país B e que todos os bens de consumo utilizados no país B podem ser
produzidos no país A. Uma melhor aproximação deveria considerar como termo de ajuste a
relação entre o conteúdo tradable/nontradables dessas mercadorias que entram nos custos
de produção.
onde ambos países apresentem taxas de lucro positivas. Ainda, o processo
intersetorial de concorrência, com o fluxo de capitais entre os países, fará
variar os preços das mercadorias até um ponto em que se igualem as taxas de
lucro de A e B e assim se fixe o termo de troca em determinado patamar. Esse
processo de equalização, como já foi visto, existe apenas como tendência, cuja
taxa de lucro média surge como centro de gravidade, sendo que os termos de
troca também irão flutuar nesse sentido. Esse patamar no qual a taxa de
câmbio real irá se estabelecer não é regulado, como demonstrado, pelo
equilíbrio da balança comercial, sendo, portanto, condizente com um
desequilíbrio nessa.
Esses fatores citados acima são os componentes estruturais do câmbio
real, estão na base de seus movimentos e determinam em última instância os
termos de troca entre os países. Isso não significa dizer que a taxa de câmbio
não responde a outros estímulos, em especial a fatores especulativos. Esses
podem alterar a taxa de câmbio corrente e assim os termos de troca. Essas
mudanças não podem ser persistentes, dado que tais alterações afetarão os
termos de troca e assim os diferenciais nas taxas de lucro entre os países.
Esses diferenciais nas taxas de lucro, por sua vez, estimularão novos fluxos de
capitais e assim atrairão a taxa de câmbio para seu nível determinado.
A partir disso, têm-se que a compreensão da taxa de câmbio real e suas
variações deve considerar o processo de acumulação de capital e o fenômeno
da concorrência como derivação desse. Tal taxa não surge assim como um
fator capaz de determinar os preços internacionalmente, e assim abolir as
vantagens absolutas transformando-as em vantagens relativas, mas sim é um
reflexo das condições de produção das mercadorias às quais os países
mantêm vantagens absolutas.

4. CONCLUSÃO

Este trabalho buscou apresentar os determinantes de longo prazo, no


marco teórico marxista, da taxa câmbio. Para tanto, foi preciso definir o
processo concorrencial como produto direto da acumulação de capital. Além
disto, estender os resultados teóricos derivados da teoria da concorrência de
Marx dentro de um país para competição no cenário internacional. Neste
sentido, foi necessário partir da hipótese de que a competição entre países
baseia-se fundamentalmente nos custos unitários reais, em detrimento do
pressuposto convencional de vantagens comparativas.
A abordagem das vantagens absolutas (custos unitários reais)
compreende que a taxa real de câmbio de longo prazo dos países reflete suas
respectivas posições competitivas, indicado pelos seus custos unitários reais
de produção. Isto implica no entendimento de que os desequilíbrios na balança
comercial mudarão lentamente ou persistirão e que apenas o afluxo persistente
de capital terá um efeito significativo sobre a taxa real de câmbio.

REFERÊNCIAS

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1991.

GUERRERO, Diego. Competitividad: teoría y política. Barcelona: Ariel, 1995.

MALDONADO Fº, E. A dinâmica da concorrência em Marx. In: Anais do 18º


Encontro Nacional de Economia, dezembro, vol. 1, pp. 107-126, 1990.

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1970-2004. Investigación Económica, v. 69, n. 273, jul-set. 2010, p. 55-84.

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Terceiro. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

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São Paulo: Nova Cultural, 1996a.

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Economia Política. Volume I. Livro Primeiro. São Paulo: Nova Cultural, 1996b.

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Janeiro: Boitempo Editorial, 2011.

RICARDO, David. Princípios de economia política e tributação. São Paulo:


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SHAIKH, Anwar. Los Tipos de Cambio Reales y los Movimientos
internacionales de Capital. In: GUERRERO, Diego (Ed.). Macroeconomia y
Crisis. Madrid: Trotta, 2000. Cap. 4. p. 93-118.

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crisis. Cambridge Journal of Economics, 2:2 (1978:June) p.233

SHAIKH, Anwar; ANTONOPOULOS, Rania (Ed.). Explaining long term


exchange rate behavior in the United States and Japan. In: MOUDUD,
Jamee K.; BINA, Cyrus; MASON, Patrick L. (Ed.). Alternative Theories of
Competition: Challenges to orthodoxy. New York: Routledge, 2012. Cap. 9. p.
201-228.

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