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de 2017
Resumo:
Este artigo está incluso no campo da Contabilidade Social e visa apresentar aspectos da economia paraense
baseada na Tabela de Recursos e Usos do Pará de 2017, assim como o procedimento utilizado para sua
construção, evidenciando o seu alinhamento com o que é protagonizado pelo Sistema de Contas Nacionais e
pelas Contas Regionais do Brasil. Para tanto, foi necessário lidar com bases de dados elaboradas por órgãos
federais, assim como registros administrativos fiscais paraenses. O resultado foi uma TRU agregada em 42
atividades e 104 produtos. Entre alguns aspectos da economia paraense destacáveis está o fato de que o Pará é
responsável por menos de 30% do que é ofertado em termos de produtos da indústria de transformação. Isto se
reflete na dificuldade estrutural que um dos setores de maior relevância do estado, a saber, a Indústria Extrativa,
enfrenta. De tudo que é consumido produtivamente, 20% é “Manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos”, cuja oferta doméstica representa menos de 8% da oferta total deste produto. Outro aspecto
notável é o excesso de contração de renda da indústria de extração de minerário de ferro do Pará, mesmo quando
comparado com a média brasileira e australiana. Enquanto que, em 2017, no Brasil, em média, o trabalho se
apropria de 8,2% e na Austrália de 11,2% do valor adicionado produzido, no Pará a participação é de 3,7%, o
que reflete o alto teor do minério de ferro paraense, o uso de tecnologias poupadoras de trabalho e a baixa
tributação relativa.
Palavras-chave: Tabela de Recursos e Usos; Economia Paraense; Análise Estrutural.
Abstract:
This article is included in the field of Social Accounting and aims to present aspects of the economy in Pará
based on the 2017 Pará Resources and Uses Table, as well as the procedure used for its construction,
highlighting its alignment with what is promoted by the National Accounts System and the Regional Accounts of
Brazil. To do so, it was necessary to work with data provided by federal agencies, as well as fiscal administrative
records from Pará. The result was an aggregated RUT with 42 activities and 104 products. One notable aspect of
the Pará economy is that it accounts for less than 30% of the products offered in terms of manufacturing
industry. This is reflected in the structural difficulty faced by one of the most important sectors in the state,
namely the Extractive Industry. Of all the productive consumption, 20% is "Maintenance, repair, and installation
of machinery and equipment," of which domestic supply represents less than 8% of the total supply of this
product. Another noteworthy aspect is the excessive income contraction in the iron ore extraction industry in
Pará, even when compared to the Brazilian and Australian averages. While in Brazil, on average, labor accounts
for 8.2%, and in Australia, it accounts for 11.2%, in Pará, the participation is 3.7%, which reflects the high iron
ore content in Pará, the use of labor-saving technologies, and low relative taxation.
Keywords: Resources and Uses Table; Pará Economy; Structural Analysis.
TABLA DE RECURSOS Y USOS REGIONAL: Metodología y análisis del caso de Pará de 2017
Resumen:
Este artículo se encuentra en el campo de la Contabilidad Social y tiene como objetivo presentar aspectos de la
economía de Pará basados en la Tabla de Recursos y Usos de Pará de 2017, así como el procedimiento utilizado
para su construcción, destacando su alineación con lo que es protagonizado por el Sistema de Cuentas
Nacionales y las Cuentas Regionales de Brasil. Para lograrlo, fue necesario lidiar con bases de datos elaboradas
por organismos federales, así como registros administrativos fiscales de Pará. El resultado fue una Tabla de
Recursos y Usos agregada en 42 actividades y 104 productos. Entre algunos aspectos destacables de la economía
de Pará se encuentra el hecho de que Pará es responsable de menos del 30% de lo que se ofrece en términos de
productos de la industria manufacturera. Esto se refleja en la dificultad estructural que enfrenta uno de los
sectores más importantes del estado, es decir, la Industria Extractiva. De todo lo que se consume
productivamente, el 20% corresponde a "Mantenimiento, reparación e instalación de maquinaria y equipo", cuya
oferta nacional representa menos del 8% de la oferta total de este producto. Otro aspecto notable es el exceso de
contracción de los ingresos de la industria de extracción de mineral de hierro de Pará, incluso en comparación
con el promedio brasileño y australiano. Mientras que en Brasil, en promedio, el trabajo se apropia del 8,2% y en
Australia del 11,2% del valor agregado producido en 2017, en Pará la participación es del 3,7%, lo que refleja el
alto contenido de mineral de hierro de Pará, el uso de tecnologías ahorradoras de trabajo y la baja tributación
relativa.
Palabras clave: Tabla de Recursos y Usos; Economía de Pará; Análisis Estructural.
1. INTRODUÇÃO
Para o Pará, houve uma estimação deste instrumento cujo ano de referência é 2009,
porém alinhado com a referência do sistema de contas nacionais de 1993 (ONU, 1993). Neste
sentido, fez necessário uma nova estimação baseada na referência mais atualizada (ONU,
2008), em consonância com o que foi feito por outros estados.
Neste sentido, este artigo visa apresentar alguns aspectos da economia paraense
baseada na Tabela de Recursos e Usos do Pará de 2017 (TRU Pará 2017), assim como o
procedimento utilizado para sua construção, evidenciando o seu alinhamento com o que é
protagonizado pelo Sistema de Contas Nacionais (IBGE, 2016a) e por Contas Regionais do
Brasil (IBGE, 2016b). Para tanto, foi necessário lidar com bases de dados fornecidos por
diversas pesquisas do IBGE, de Ministérios e Agências Reguladoras que integram os
governos federal e estadual, assim como os dados fornecidos pela Secretaria de Estado da
Fazenda do Pará (SEFA-PA). O resultado foi uma TRU agregada em 42 atividades e 104
produtos.
Este artigo se organiza em duas seções, além desta introdução e considerações finais.
A primeira seção preza por apresentar os procedimentos metodológicos para estimação de
uma TRU regionalizada a partir das peculiaridades da economia paraense. A segunda seção
apresenta algumas análises a partir dos resultados encontrados.
2. APRESENTANDO A METODOLOGIA
Valor adicionado
C
Fonte: Elaboração própria.
O valor bruto da produção (VBP) consiste pela soma de todos os bens e serviços
produzidos na economia local, a preço básico, sem considerar as margens de comércio e
transportes, bem como os impostos sobre o produto. Engloba a produção de bens
intermediários, utilizados no processo produtivo, e bens finais destinados aos agentes
econômicos.
Seu procedimento teve como ponto de partida as informações de VBP identificados
pelo Sistema de Contas Regionais (SCR), como valores de chegada das atividades. Sua
distribuição teve como fundamento selecionar os produtos primários e secundários (caso haja)
de cada atividade. A base de dados para parametrizar a distribuição baseou-se nas pesquisas
econômicas estruturantes, censo agropecuário, dentre outros.
Para o caso do setor agropecuário, foi necessária uma adaptação. Tendo em vista que a
distribuição dos produtos é predefinida pelo censo de 2006, extrapolado para 2017, a estrutura
de produção de alguns produtos estava subestimada, enquanto para outros produtos havia
superestimação (os dados de exportações internacionais evidenciam isto). Para resolver os
problemas de estimação, utilizou-se as informações contidas no censo agropecuário de 2017
como critério de estimação dos parâmetros, em conjunto com as pesquisas de Produção
Agrícola Municipal (PAM), Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e
Produção Pecuária Municipal (PPM). Os produtos secundários são identificados nos dados do
censo de 2006, extrapolados para 2017.
A decomposição do VBP da indústria partiu de dados da Pesquisa Industrial Anual
(PIA), Pesquisa Anual da Indústria de Construção (PAIC), Pesquisa Anual de Serviços (PAS)
e dados de balanços das empresas que produzem e distribuem água e energia. Para o caso de
produtos com um excesso de especificação, foi necessário fazer uso de bases de dados de
agências reguladoras e outras fontes públicas. O caso dos produtos da mineração foi
exemplar. Fez-se necessário utilizar os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM)
como critério de parametrização. Para estimar os produtos secundários da indústria, utilizou-
se de dados do balanço das empresas que atuam no Pará, além de fontes de agências
reguladoras, como a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A decomposição do VBP do comércio e serviços utilizou-se de um conjunto de dados
partindo do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) e da PNAD. Para o caso da atividade
de administração pública a base de dados utilizada partiu das informações localizadas no
Portal da Transparência da União, Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e Sistema de
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS).
Três produtos explicados abaixo merecem nota quanto a forma como tiveram seu
cálculo estimado na parte de exportações:
O Açaí teve sua estimação baseada na proporção informada pela Análise Mensal Açaí
Fruto da CONAB – março de 2019 (5% da produção estadual para o exterior e 35% para o
resto do País). Uso das NFe para identificação das NCMs nas quais os exportadores registram
o Açaí (análise dos principais produtores de açaí no estado). A “Extração de madeira em tora,
exceto para celulose” foi estimado conforme identificação a partir das NFe, com base nos
municípios que vendem madeira para Imperatriz – MA. O “Minério de ouro”, por sua vez,
teve sua correspondência baseada nas NCMs relacionadas da CNAE “Extração de minério de
metais preciosos”.
Para a construção das margens de comércio foi necessário buscar dados que constam
em informações correspondentes na PAC. Isto para identificar a participação da margem de
comércio do Pará na margem de comércio do Brasil. Da mesma maneira, foi necessário para a
construção da margem de transportes buscar os dados que constam em informações
correspondentes na PAS.
Para a estimação das margens, seguiu-se o seguinte procedimento:
M i=PM i∗PE j (1)
Onde:
M i: margem de comércio ou transporte do produto i qualquer;
PM i : Parâmetro da margem estadual do produto i;
PE i: Pesquisa econômica j, de modo que, para encontrar o correspondente para Margem de Comércio,
usa-se a PAC e Atividade de Transporte, a PAS.
Cabe salientar que o valor de chegada da margem é estimado conforme a participação
do Pará na margem do Brasil (identificado nas pesquisas) e multiplicado pelo total da
margem, conforme a TRU Brasil 2017.
O Parâmetro da margem estadual do produto i é estimado por:
i
PM i =CM i / ∑ CM i (2)
1
Onde:
CM i : Coeficiente da margem estadual do produto i;
O Coeficiente da margem estadual do produto i é estimado por (3), sendo igual a
Margem nacional do produto i dividido pela Oferta a preço básico 2 nacional do produto i este
valor multiplicado pela Oferta a preço básico estadual do produto i.
CM i =(MB ¿ ¿ i/OPbB i)∗OPbEi ¿ (3)
Onde,
MBi : Margem nacional do produto i;
OPbBi : Oferta a preço básico nacional do produto i;
OPbE i: Oferta a preço básico estadual do produto i.
2.1.5. Impostos
2
Oferta a preço básico significa que o produto ainda não está com o consumidor (consumidor intermediário ou
consumidor final). Oferta total a preço básico é a soma da matriz de produção mais o vetor de importação.
Os vetores de impostos utilizados nesta metodologia compreendem o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Imposto de Importação, Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) e Demais Impostos e Subsídios que incidem sobre o
produto. Dado que a informações que nas Contas Regionais apresenta apenas os Impostos
sobre o produto líquido de subsídios, o primeiro passo foi reconstruir o valor de cada tributo
que incide sobre o produto com base nos procedimentos descritos pelo IBGE (2016b).
Inicialmente é necessário definir os parâmetros de recolhimento de imposto nacional
com fator gerador aceito regionalmente do produto i dividido pelo somatório total dos
impostos. O parâmetro é o elemento de ponderação, ao ser multiplicado pelo total de imposto
que é encontrado nas contas regionais.
Dito isto, para encontrar o imposto multiplicamos o parâmetro pelo valor de chegada,
que é o valor encontrado nas Contas Regionais. Sendo assim o valor do imposto ( IE j ,i ) será
igual ao parâmetro do imposto multiplicado pelo valor total do imposto localizado nas contas
regionais, de modo que (4):
IE j ,i =PI j , i ∙ ¿ j (4)
Onde,
IE j ,i : Valor do imposto j no produto i;
PI j ,i : Parâmetro do imposto j do produto i;
O parâmetro do imposto j do produto i, por sua vez, é estimado seguindo o
procedimento em (5) abaixo:
i
PI j ,i=¿f ,i / ∑ ¿f ,i (5)
1
Onde,
¿ f ,i : Imposto nacional com fator gerador do produto i aceito a nível estadual.
Para o caso do ICMS, o valor foi obtido por CNAE sete dígitos junto a Secretaria de
Estado da Fazenda do Pará (SEFA-PA) e ajustado a partir de uma crítica produto a produto
para, posteriormente, ser agregado segundo os produtos constantes na TRU Pará 2017.
O Consumo do Governo são todos os bens e serviços gastos e executados pelos entes
de natureza pública que realizam despesas com serviços individuais e coletivos prestados
gratuitamente, total ou parcialmente, pelas três esferas de governo (federal, estadual e
municipal), mas não abarca empresas públicas de natureza produtiva, como a Petrobras, ou
bancária, como banco central. Por definição, o Governo consome tudo que produz.
As Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISFLSF) são entidades
jurídicas ou sociais que forneçam os bens ou serviços para as famílias, cujo estatuto não lhes
permite ser uma fonte de rendimento, lucro ou outro ganho financeiro. Seu parâmetro de
consumo foi estimado a partir das informações da TRU Brasil 2017, dividindo o vetor
Consumo das ISFLSF pelo valor da oferta a preço básico do Brasil e ponderado pela oferta a
preço básico da TRU Pará 2017.
Para o sistema de contas nacionais, uma família é um conjunto de pessoas que residem
em um mesmo domicílio e compartilham despesas com alimentação e habitação,
independentemente da quantidade, podendo ser constituída por uma ou mais. As famílias
podem constituir suas fontes de rendas por meio do salário advindo de empresas ou pelo
governo, porém podem possuir renda de produção própria, como é classificado os autônomos
e agricultores.
Nesta estimativa foram utilizadas informações da Pesquisa Nacional de Domicílios
Contínua – PNADc e da Pesquisa de Orçamentos Familiares-POF. Basicamente foram
colhidas informações de despesas, conforme a POF, e se procedeu com a construção de um
índice de atualização da renda (quantas vezes a renda cresceu em relação à renda de 2009).
Quanto ao procedimento, o cálculo dos vetores foi dividido em duas partes. Uma Parte
A, onde se calculou os dados da POF e uma Parte B onde se calculou os Dados da PNADc.
Parte A
Na Parte A, o procedimento buscou estimar as faixas de renda mensal domiciliar per
capita e massa de rendimento por código da Unidade de Consumo. Os Dados utilizados foram
os seguintes: POF – Pessoas (ou moradores), Rendimentos e Outros rendimentos.
Foi ajustado os dados da POF para compatibilizar com informações sobre renda da
PNAD contínua. No caso, informações sobre renda monetária, excluindo a renda não-
monetária que inclui: (Rendimento do trabalho) + (Transferência) + (Rendimento de aluguel)
+ (Outras Rendas).
Para a estimativa da massa de rendimento, a variável utilizada foi o valor do último
rendimento anualizado. E para o cálculo do rendimento mensal domiciliar foi utilizado o valor
do último rendimento deflacionado do banco rendimento e o valor do rendimento
deflacionado do banco outros rendimentos.
As faixas de renda na metodologia da TRU nacional foram definidas de acordo com os
mesmos pontos de corte usados nas tabulações da POF 2008-2009. O salário mínimo de
janeiro de 2009 foi de R$415,00.
Os produtos da POF foram agregados em produtos da classificação adotada no
Sistema de Contas Nacionais e traduzidos para TRU Pará 2017. Esses dados agregados foram
organizados e foram criadas estruturas com o consumo, por produto, unidade familiar e faixa
de renda como percentual da renda do grupo. Com isto, levantou as informações referentes à
renda, classificadas conforme os produtos da TRU Pará 2017, em relação ao ano de 2009.
No que se refere ao procedimento executado para identificar as despesas por produto,
em 2009, levantou os dados de despesas dos produtos consumidos pelas pessoas. Dados da
POF utilizados foram: despesa 90 dias, despesa 12 meses, outras despesas, despesas com
serviços domésticos, aluguel estimado, caderneta de despesa, despesa individual, despesa com
veículo. A variável utilizada para despesa foi computada com valores da despesa
deflacionados, anualizados e expandidos. Com isto, levantou as informações referentes às
despesas, classificadas conforme os produtos da TRU Pará 2017, em relação ao ano de 2009.
Parte B
Na Parte B, o procedimento se constituiu em estimar a massa de rendimentos em
relação a 2017. A estimativa buscou levantar os dados de renda por unidade familiar e faixa
de renda disponíveis na pesquisa da PNAD Contínua, utilizando as seguintes variáveis:
V2005: Número de pessoas no domicílio de forma discriminada (Condição do domiciliado);
V2009: Idade do morador na data de referência; V1028: Peso do domicílio e das pessoas (sem
pós estratificação); VD4019: Rendimento mensal habitual de todos os trabalhos (no mesmo
domicílio) para pessoas de 14 anos ou mais; V2001:Número de pessoas no domicílio. Com
isto, foi possível estimar a renda mensal domiciliar per capita e a massa total de rendimentos
por unidade familiar e faixa de renda.
A variável utilizada para o cálculo da massa de rendimento foi o Rendimento mensal
domiciliar para todas as unidades domiciliares (exclusive o rendimento das pessoas cuja
condição na unidade domiciliar era empregada doméstica ou parente de empregada
doméstica). O salário mínimo vigente em setembro de 2017 foi de R$937,00. Também foi
necessário gerar faixas de renda mensal domiciliar per capita e massa de rendimento por
código da Unidade de Consumo.
Com este procedimento, foi possível levantar as informações referentes à renda,
conforme faixas de renda mensal domiciliar per capita e massa de rendimento, em relação ao
ano de 2017. A partir daí foi possível estimar o consumo final das famílias por produto da
TRU Pará 2017. Assim, partiu-se da estrutura de consumo da POF, anualizada conforme
índice que avalia quanto a renda por grupo de renda, conforme o salário mínimo, cresceu em
2017 em relação a 2009.
A Estrutura do Consumo das Famílias da TRU Pará 2017 ficou definida pela
multiplicação da despesa por produto e um índice de atualização da renda, de modo que:
faixa 8
renda PNADc
CF inicial por produtoTRU Pará2017 = ∑ despesa POF ∙ (6)
faixa 1 renda POF
Devido ao fato de que, para estimar a Tabela de Recursos e a Tabela de Usos, são
utilizados um conjunto de base de dados distintas entre si, tanto para distribuir os valores de
produção e consumo intermediário disponibilizados pelo Sistema de Contas Regionais (SCR),
quanto para estimar os demais vetores, é necessária uma etapa para balancear as informações
existentes. O primeiro foi distribuir os valores contidos na matriz de consumo intermediário,
de modo mais alinhado com os procedimentos de regionalização. Para isto foi utilizado um
algoritmo de balanceamento baseado no método de ajuste biproporcional RAS3.
Ainda assim, foi necessário lidar com as divergências geradas por causa do uso de
fontes distintas. O equilíbrio foi realizado por meio de planilha de ajuste de oferta e demanda
produto a produto e considerou as particularidades da economia paraense.
Variáveis Estimações
Valor da Produção (VBP) -
Consumo Intermediário (CI) -
Valor Adicionado (VA) VBP−CI
R
Remunerações (R)
VA
S
Salários (S)
R
CS
Contribuições sociais efetivas (CS)
R
Prev O
Previdência oficial /FGTS (Prev O)
CS
Prev P
Previdência privada (Prev P)
CS
CSI / R
Contribuições sociais imputadas (CSI)
VA
Excedente operacional bruto e rendimento C
misto bruto (C) VA
RM
Rendimento misto bruto (RM)
C
3
Para detalhes deste método, ver Miller e Blair (2009, cap. 7).
EOB
Excedente operacional bruto (EOB)
C
Outros impostos sobre a produção líquidos de Imp L
subsídios (Imp L) VA
Imp
Outros impostos sobre a produção (Imp)
Imp L
¿
Outros subsídios à produção (Sub)
Imp L
Fonte: Lacam/Unifesspa e Fapespa, 2023.
iii. Cálculo do fator de ajuste (7) para a abertura da tabela VA 16 atividades em 46 atividades, como
exemplo a seguir para as remunerações para a atividade i:
RiPA
VA iPA
Fator Ajuste R= (7)
R iBr
VA iBr
O fator de ajuste foi calculado utilizando os valores da tabela c 12x12 do Pará e do
Brasil, esse fator foi utilizado para a abertura dos valores das atividades da agropecuária,
indústria extrativa e indústria de transformação. Para as atividades de “Eletricidade e gás,
água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação” e “Construção” a descrição
dos procedimentos para distribuição segue abaixo, para as atividades de comércio e serviços
não foi necessário estimação, uma vez que as mesmas atividades da tabela de VA das contas
regionais são as utilizadas na TRU Pará 2017.
iv. Estimação dos valores para a “Tabela VA sem ajuste”, como segue o exemplo das remunerações para a
atividade i1:
v. Estimação dos valores para a “Tabela VA com ajuste”, para as atividades de agropecuária, indústria
extrativa e indústria de transformação, utilizando como exemplo as remunerações da atividade i1:
Ri 1 PA Ajustado=RiPASCR∗ ( Ri 1 PA semajuste
∑ R iPA semajuste ) (9)
Esta seção tem como finalidade apresentar a composição do Produto Interno Bruto
(PIB) pelas óticas da produção, demanda e renda, além disso, análises detalhadas dos
componentes da oferta agregada (recursos), demanda agregada (usos) e valor adicionado.
A TRU apresenta os fluxos de oferta e demanda dos bens e serviços transacionados na
economia. Em um lado ficam os recursos utilizados no processo de produção e, do outro, os
usos que tiveram tais recursos. Esses recursos e usos se equivalem em valor. Sendo assim,
todos os bens e serviços produzidos na economia correspondem ao que é disponibilizado para
serem demandados e consumidos.
A tabela 4, abaixo, revela a conta de bens e serviços, do ponto de vista de recursos e
usos, de toda economia paraense em 2017. A tabela 5 evidencia que o estado do Pará, no ano
de 2017, registrou através da tabela de recursos e usos, o valor estimado de R$155,2 bilhões
para o Produto Interno Bruto pelas três óticas analisadas (produção, demanda e renda).
Tabela 4: Resumo de bens e serviços. Pará 2017 (R$ Bilhões).
Recursos Operações e saldos Usos
232 Produção doméstica (valor bruto da produção – VBP)
92 Importação de bens e serviços
89 Importação de bens e serviços das demais unidades da federação
2 Importação de bens e serviços do resto do mundo
14 Impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos
Consumo Intermediário 90
Despesa de consumo final 157
Investimentos 30
Exportação de bens e serviços 90
Exportação de bens e serviços das demais unidades da federação 45
Exportação de bens e serviços do resto do mundo 45
338 Total 338
Fonte: Lacam/Unifesspa e Fapespa, 2023.
O PIB, pela ótica da produção é igual ao valor adicionado, que resulta do valor bruto
da produção, a preços básicos, menos o consumo intermediário, a preços de mercado,
acrescido de os impostos líquidos de subsídios sobre produtos, sendo, portanto, equivalente à
soma dos valores adicionados pelas diversas atividades econômicas somados aos impostos,
líquidos de subsídios sobre produtos.
O cálculo do PIB pela ótica da demanda corresponde à soma dos componentes da
demanda final, sendo eles: consumo das famílias, consumo das Instituições Sem Fins
Lucrativos a serviço das famílias (ISFLSF), consumo da administração pública, investimento
(formação bruta de capital fixo + variação de estoques), exportação internacional de bens e
serviços, exportação interestadual de bens e serviços, importação internacional de bens e
serviços e importação interestadual de bens e serviços.
O PIB pela ótica da renda é calculado pela soma dos componentes: remunerações dos
fatores de produção utilizados no processo produtivo, tais como remuneração dos
empregados, rendimento operacional bruto e rendimento misto bruto (remuneração do fator
capital das empresas), bem como outros impostos sobre a produção líquidos de subsídios e
impostos sobre produto líquidos de subsídios.
Os usos, ou demanda, é tudo que é ofertado, representam o destino dos bens e serviços
ofertados. Fazem parte dos usos: a demanda final e o consumo intermediário. O consumo
intermediário refere-se à parte da produção de bens e serviços utilizados por outras atividades
como insumo em sua própria produção.
Decompondo o Consumo Intermediário (CI), entre os três grandes setores econômicos,
se observa o CI da Indústria como o mais expressivo, registrando 14,3% de participação no
total, seguido do CI do Comércio e Serviços, 10,4%. Ao observar o CI da agropecuária,
destaca-se 2 produtos, Defensivos agrícolas e desinfestantes domissanitários (14,6% do total
do CI da agropecuária) e Transporte terrestre (10,6% do total do CI da agropecuária).
O CI da indústria, em particular a indústria extrativa, tem como destaque Manutenção,
reparação e instalação de máquinas e equipamentos, responsável por 20% do total do CI da
indústria extrativa. Cabe salientar que a oferta deste produto é concentrada em importação
interestadual. Enquanto que a oferta doméstica é responsável por 7,6% da oferta total deste
produto, a importação interestadual é responsável por 92% do total. O gráfico 2 abaixo
apresenta as informações sobre as origens dos recursos e a forma de uso deste produto.
Destaca-se que somente o consumo intermediário da indústria extrativa de minério de ferro é
responsável por 20,4% de todo o uso do produto em questão, o que reflete um gargalo na
economia do estado.
Agropecuária Indústria extrativa Indústria de Transformação Água e Energia Elétrica Construção Comércio
Serviços
A TRU também possibilita a disponibilidade dos valores dos demais custos envolvidos
na produção para cada atividade, por meio do Valor Adicionado (VA) das atividades
agregadas, que na literatura econômica, é definida como identidade da renda agregada.
Gráfico 6: Composição do PIB entre os rendimentos do Trabalho, Capital e Estado:
Pará e Brasil 2017.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Ao analisar a composição do PIB sob esta ótica, fica evidente que o rendimento do
capital tem uma participação maior em comparação com a média brasileira. Como se observa
no gráfico 6, enquanto que, no Brasil, esta participação é de 40,7%, no Pará esta participação
é de 51,7%. Em comparação com o Brasil, fica patente que isto se deve à redução na
participação do estado, que no Brasil é 14,9% e no Pará 9,4%; e do trabalho, que no Brasil é
44,3% e no Pará 38,8%.
Ao segmentar a análise no VA entre as indústrias extrativas de minério de ferro,
minérios metálicos não-ferrosos (cobre, alumínio, manganês, dentre outros) e minérios não
metálicos (caulim, pedras britadas, argila, dentre outros) e compara o Pará com a média
brasileira, as diferenças na distribuição da renda entre rendimentos do trabalho, capital e
estado sobre produção ficam evidentes. O gráfico 7 evidencia que a participação do capital no
valor adicionado bruto, no Pará, é superior à média do Brasil em 7 pontos percentuais. Esta
diferença advém da redução da participação do trabalho no valor adicionado bruto paraense
em relação à média brasileira.
Gráfico 7: Composição do Valor Adicionado Bruto das indústrias extrativas de minério
de ferro e demais minerais não ferrosos (exceto energéticos): Pará e Brasil 2017.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Fonte: Lacam/Unifesspa e Fapespa, 2023. Elaboração própria.
40.0%
30.0%
20.0%
10.0%
11.2% 8.2%
0.0% 5.0% 3.7%
Austrália (2017) Brasil (2017) Minas Gerais (2019) Pará (2017)
REFERÊNCIA:
HALLAK NETO, João. O sistema de contas nacionais: Evolução, principais conceitos e sua implantação no
Brasil. Textos para Discussão, Diretoria de Pesquisas, n. 51, 2014.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de contas nacionais Brasil:
ano de referência 2010. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016a. (Relatórios Metodológicos, v. 24). 236p. Disponível
em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98142.pdf. Acesso em: maio 2023.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contas regionais do Brasil: ano
referência 2010. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016b. (Série Relatórios Metodológicos, v. 37). Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98459.pdf. Acesso em: maio 2023.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de Contas Nacionais:
estatísticas experimentais: 2018 Tabelas de Recursos e Usos por Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE,
2022. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/comercio/9052-sistema-de-contas-
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