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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Giovanna Cardoso Oliveira RA00298064


Marcella Abdallah RA00301460
Luísa Azevedo Santana Barbosa RA00304911

TAXA DA MAIS-VALIA E TAXA DO LUCRO

SÃO PAULO
2023
1. Introdução

Neste trabalho serão apresentadas, segundo a visão marxista, as teorias que


se relacionam com a teoria do sociólogo da “Mais-valia” e do lucro capitalista. Em
suas obras, Marx apresenta suas teorias a respeito do sistema capitalista,
enfatizando a luta de classes e exploração da burguesia sobre o proletariado.
Corroborando com sua tese, introduz a “composição orgânica do capital” assim
como a teoria da alienação, fetichismo e preço da mercadoria.
No primeiro tópico será introduzida a mais-valia ao tratar do preço da
mercadoria de capital, assim como a composição orgânica do capital. Logo em
seguida, será abordada com mais ênfase a teoria e a taxa de lucro que provém do
trabalho em excesso. Ao final, no terceiro tópico, será desenvolvido o tópico da
relação-mistificada e fetichismo da mercadoria segundo Marx, finalizando o
documento.
2. Preço de custo

A exploração do trabalho resulta naquilo que chamamos de mais-valia, tendo


isso em vista, existe a necessidade de saber separar a força de trabalho dos outros
elementos que constituem o capital produtivo. Segundo Marx, as máquinas,
equipamentos, instalações e meios de produção são caracterizadas como “capital
constante” e o “capital variável” é caracterizado pelo dinheiro despendido na
aquisição de força de trabalho (pagamento de salários). Tendo em vista essas
denominações nota-se que o “capital constante” não gera valor novo, ele transfere
seu valor para o produto final produzido. Por outro lado, a mais-valia que um capital
produz é diretamente ligada com a quantidade de trabalho que este capital entrega.
A taxa de exploração é justamente a relação entre a quantidade de mais valia
e de capital variável, sendo assim temos que a jornada de trabalho é classificada
em duas partes, uma onde ele trabalha para si mesmo e na outra onde ele trabalha
de graça para o seu empregador.
Já a “composição orgânica do capital” é classificada pela relação entre o
capital constante e o “capital variável”, ou seja, é maior quando o capital é
proporcionalmente maior onde haverá mais investimento e menor quando a
proporção do capital investido é focada na força de trabalho em sua maioria. Em
resumo, o valor das mercadorias é igual ao valor capital constante mais o capital
variável acrescido do mais valor presente na mercadoria.
Tendo esse cenário construído na época da economia política clássica,
houveram problemas que não foram solucionados, como exemplo: o efeito da
concorrência da movimentação dos capitais entre os ramos e setores econômicos,
faz com que a rentabilidade média dos vários capitais tenda a se igualar,
independente de qual seja composição orgânica de cada capital. Ou seja, a
realidade capitalista contraria a teoria do valor trabalho, que diz que as taxas de
lucro de cada capital (onde os valores das mercadorias são classificados pela Soma
de capital constante ao capital variável além do valor já inserido na mercadoria)
deveriam ser distintas, mas também que o setores mais lucrativos de economia
fossem os menos desenvolvidos tecnologicamente. Porém a realidade capitalista
contraria a teoria do valor-trabalho.
No livro 3 de O Capital, Marx descreve o efeito que a concorrência
desencadeia na sociedade, que é uma redistribuição de massa total da mais valia
entre todos os capitais da sociedade. Neste cenário é como se existisse um único
capital, e capitais individuais onde as empresas são classificadas como “sócios”
deste único organismo. A mais valia total Determinada pelo capital variável de
acordo com a quantidade investida por cada sócio e não de como tal quantia foi
investido. Em outras palavras, a composição orgânica de cada capital. Isso significa
que no capitalismo, a variação de preço das mercadorias não gira em torno dos
valores das mercadorias mas sim em torno do que Marx nomeia de “preço de
produção”. Tendo isso em vista, o valor do capital é igual ao valor despendido na
produção dessas mercadorias somadas a um lucro médio.
Em seu estudo Marx analisa e determina que a mais-valia é de 100% ou seja
mais valia é igual ao capital variável. O capital constante consumido na produção de
cada mercadoria acrescido do capital variável é o preço de custo das mercadorias.O
valor é igual ao preço de custo acrescido da mais-valia extraída por cada capital. Já
o preço de produção é igual ao preço de custo acrescido de um lucro proporcional à
taxa média de lucro. Esta taxa é determinada dividindo-se a mais-valia total pelo
capital social total. No exemplo de Marx, o capital social total é 500, e a mais-valia
total, 110. Logo, a taxa média de lucro é de 22%. Multiplicando-se o capital investido
pela taxa média de lucro, descobre-se o lucro auferido por cada capital. No
exemplo, o tamanho dos cinco capitais é o mesmo: 100. Como 22% de 100 é 22, o
preço de produção dos produtos de cada setor é igual ao preço de custo do
respectivo produto mais 22.
Por consequência, os preços afastam-se dos valores de maneira sistemática.
Os preços das mercadorias produzidas por capitais cuja composição orgânica é
maior que a composição orgânica do capital social médio serão superiores aos seus
respectivos valores e vice-versa. entretanto, o processo de transformação dos
valores em preços de produção não cria nem destrói nenhum valor, mas apenas
transfere valor de um capital a outro, de modo que a soma dos valores é sempre
igual à soma dos preços de produção, e a soma dos lucros é sempre igual à soma
da mais-valia.
3. Taxa de lucro e taxa de mais-valia

Em sua teoria, Karl Marx interpreta o lucro capitalista por meio do conceito da
“mais-valia”, uma de suas maiores teorias usada também para sustentar uma das
bases da teoria marxista: a luta de classes.

Primeiramente, deve-se compreender que, na visão marxista, a sociedade


capitalista é composta por dois grupos antagônicos: os que possuem os meios de
produção (capitalistas) e aqueles que não possuem e, portanto, doam sua força de
trabalho (proletários). Durante o processo produtivo, os proletários são alienados do
produto final de seu trabalho, uma vez que o produzem, porém não o detém e não
tem conhecimento do processo completo. Tal afastamento que ocorre no meio de
produção capitalista torna-se essencial para a exploração da mais-valia.

Assim, Marx ressalta que há uma disparidade entre o valor realmente


produzido proveniente do trabalho exercido pelo trabalhador, e o que de fato ele
recebe como remuneração (salário). Segundo o sociólogo, a diferença entre o
montante de fato produzido pelo proletário e o valor remunerado a ele é o valor
apropriado pelo capitalista, chamado de trabalho excedente. Ou seja, o lucro do
empregador é o excedente de produção em comparação ao que é pago para os
seus trabalhadores. Enquanto a mais-valia, ou trabalho excedente direcionado ao
capitalista, representa as horas não pagas ao trabalhador, a parte do trabalho
realizado que é efetivamente remunerado e passado ao mesmo é chamada de
trabalho necessário.

Por conseguinte, voltando à teoria da alienação marxista, a exploração do


trabalhador não é reconhecida na sociedade capitalista principalmente uma vez que
o trabalhador não se reconhece como de fato produtor do produto final, por mais
que utilize sua força de trabalho para produzi-lo. Portanto, o afastamento do produto
final de seu trabalho é o que faz com que o trabalhador enxergue a divisão do
trabalho entre trabalho necessário e excedente. Isso é perceptível, segundo Marx,
pois antes do sistema capitalista, a pessoa cujo exercia a força de trabalho era dona
inteiramente daquilo que produzia e, consequentemente, o valor de seu trabalho se
tornava mais visível e palpável.
Se aprofundando na teoria da mais-valia, Marx detalha duas maneiras de
extraí-la dos trabalhadores. A primeira seria a da mais-valia absoluta que, em
resumo, consiste em prolongar a jornada de trabalho para além do tempo que seria
considerado necessário para manter a subsistência. Ou seja, a inclusão do tempo
de trabalho excedente sem o alinhamento com o salário resulta no trabalho
excedente e no lucro dos capitalistas. Porém, esta não é a única forma de aumentar
a exploração de mais-valia segundo a teoria marxista. Também pode ser aumentada
a produtividade através de mudanças no processo produtivo fazendo com que o
trabalho do proletário resulte em maior produtividade, ou seja, se produza mais em
menos tempo. Logo, o trabalhador realizará o trabalho necessário em menos tempo
e o trabalho excedente (mais-valia) aumentará.

Em conclusão, a teoria da mais-valia sustenta, em partes, a teoria da luta de


classes uma vez que expressa a exploração sobre o trabalhador que resulta nos
ganhos dos detentores dos meios de produção. Desta forma, fica evidente, segundo
Marx, que ambos representam classes sociais de interesses opostos. O ganho de
um se baseia na perda de outro e, por isso, a constante luta de interesses é pauta
graças à composição do sistema.

“Capital, por isso, não é apenas comando sobre


trabalho, como dizia A. Smith. É essencialmente
comando sobre trabalho não pago. (…) O segredo
da auto expansão ou valorização do capital se reduz
ao seu poder de dispor de uma quantidade
determinada de trabalho alheio não pago.” (MARX,
O Capital, Livro 1, Vol. 2, p. 617).
4. O lucro e a relação-capital mistificada

De acordo com Marx, o trabalho, quando apresenta-se sob a forma de capital


variável e possui como valor-de-uso produzir valor, faz com que a mais-valia, que é
a diferença entre o salário pago e o valor produzido pelo trabalho, seja mistificada,
uma vez que, o lucro, que é transformado da mais-valia, é resultado do capital total,
sendo que o trabalho é apenas uma parte, ou seja, pode ser chamada de capital
variável. Já que os componentes do processo de produção se indiferenciam como
capital, a mais-valia parece derivar de todo o capital adiantado, sendo assim,
aparece como lucro do capital.
Quando se fala no capital total, existe uma diferença entre o capital fixo e o
capital circulante, em que o capital fixo é aquele que está presente em mais de um
processo durante a produção, como as máquinas e ferramentas, ou seja, os meios
de produção. Enquanto, o capital circulante, é aquele que está presente em um
mesmo processo de produção, como as matérias primas e as matérias auxiliares.
Porém quando trata-se sobre o trabalho, e ele apresenta-se em forma de capital,
mais especificamente, capital variável, ele possui a característica de ser fornecido
dentro de um processo produtivo, ou seja, equivale às matérias primas, sendo
assim, se encaixa na forma de capital circulante.
Essa diferença entre capital fixo e capital circulante
em relação ao cálculo do preço de custo só comprova,
portanto, o surgimento aparente do preço de custo a partir
do valor-capital despendido ou do preço que os elementos
de produção despendidos, inclusive o trabalho, custam ao
próprio capitalista. Por outro lado, a parte variável de capital,
desembolsada em força de trabalho, é identificada aqui
expressamente, com referência à formação do valor e sob a
rubrica de capital circulante, com o capital constante (a parte
de capital consistente em materiais de produção),
consumando-se assim a mistificação do processo de
valorização do capital (MARX, 1984b, Livro III, Tomo I, p.
28).

O valor de uma mercadoria é a soma do capital constante, do capital variável


e da mais-valia. Enquanto, o preço de custo é a soma do capital fixo e do capital
circulante, que se agrega ao lucro.
Sendo a riqueza composta pelo trabalho vivo e pelo trabalho morto, e a
mais-valia sendo um excedente do trabalho vivo, assim, ela é composta de capital
tanto fixo quanto circulante, e o lucro é fruto desses dois tipos de capital. Para gerar
a riqueza, esse poder é deslocado do trabalho para o capital e, assim, a mais-valia é
transformada em lucro, ou seja, de produto do trabalho em produto do capital.
O excedente de valor ou a mais-valia depende de sua circulação, ou seja,
mesmo que a mercadoria seja vendida abaixo de seu valor, ela ainda pode ter lucro.
Uma vez que, o capitalista, considera o seu preço de custo como seu preço mínimo
para venda, assim ele ao menos consegue recuperar aquele capital adiantado, e o
lucro surge a partir do excedente sobre o preço de custo, e não como trabalho não
pago.
Assim, para o capitalista, o seu excedente ou mais-valia depende tanto da
luta recíproca por vantagens quanto da exploração do trabalho. Além disso, é
possível dizer que a taxa de lucro e a taxa de mais-valia são coisas diferentes.
Enquanto a taxa de lucro se refere ao indicador, para o capitalista, da rentabilidade
do capital, uma vez que essa categoria se manifesta aos agentes do processo de
produção. A taxa da mais-valia é a diferença entre o trabalho pago e o trabalho não
pago, a categoria aparencial de lucro se refere à diferença entre o excedente total e
o total do capital desembolsado. Dessa forma, “ como todas as partes do capital
aparecem igualmente como fontes de valor excedente, ou seja, lucro, a
relação-capital é mistificada.
Existe um novo mecanismo da mistificação que ocorre com a transformação
do lucro em lucro médio. Assim, Marx mostra um novo processo de circulação da
riqueza produzida, em que a concorrência, que iguala a taxa de lucro em diferentes
setores.
O capitalista está sempre em busca de aumentar o seu lucro, dessa forma,
quando um setor está com um nível de lucratividade acima da média, os capitais
tendem a migrar para essa área, para assim apossar-se desse lucro excedente.
Porém, com o aumento de capitalistas nesse setor, também ocorre o aumento da
concorrência, desse modo a lucratividade passa a ser lucratividade média. Sendo
assim, os setores que que empregam mais trabalho e possuem uma maior taxa de
mais-valia não são capazes de apropriar-se desse lucro da mais-valia. Pois, caso
isso aconteça, os capitalistas vão migrar para outros setores para, assim,
apossar-se do lucro excedente da mais-valia, e dessa forma, iria levar a uma queda
desse lucro para lucro médio. Portanto, a concorrência pode ser considerada uma
repartição dos ganhos obtidos por diversos capitais, de forma inconsciente.
Marx tenta mostrar que a riqueza não possui origem de capital, terra e
trabalho, mas que na verdade esses são os meios pelos quais a riqueza é
apropriada. O autor tem como objetivo, mostrar que a apropriação é o momento
imediatamente visível e a produção o momento mediado e oculto na imediaticidade
Portanto, há um processo de mediação entre produção e apropriação,
dependente à relação-capital, fazendo com que a mais-valia não remeta
diretamente à sua fonte, o processo de produção, mas ao próprio capital. Dessa
forma, as relações sociais capitalistas criam mecanismos para realizar a mediação
entre produção e apropriação, fazendo com que o trabalho desapareça como fonte
da riqueza e deixando aparente apenas o meio pelo qual a riqueza é apropriada.
Assim, é possível dizer que riqueza tem sua origem mistificada.
5. Considerações finais

A partir de O Capital, Marx buscou explicar sobre a transformação da taxa de


mais-valia em taxa de lucro, para isso, ele analisou diversos processos, sendo
assim, vimos como é definido o preço de custo, a diferença entre a taxa de lucro e a
taxa de mais-valia e por fim, o lucro e sua relação-capital mistificada. Dessa forma,
foi possível compreender como o autor visualizava o lucro e a riqueza, para ele o
processo que a riqueza aparecia para os indivíduos de forma distorcida, ou seja, de
forma mistificada.
Assim, a partir do Livro III, é possível compreender a relação entre a essência
e o modo de produção capitalista, para assim, entender o método adequado para
explicar as categorias econômicas essenciais e as leis gerais de funcionamento do
capitalismo.
Portanto, é possível dizer que o principal objetivo é trabalhar a mistificação na
qual está presente o modo de produção capitalista.
6. Referências Bibliográficas

MARX, K. O Capital - Livro I – crítica da economia política: O processo de produção


do capital. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

CARCANHOLO, R. (2003) Sobre a ilusória origem da mais-valia. In: Crítica


Marxista, São Paulo, v. 16, p. 76-95.

LUKÁCS, G. (1979). Ontologia do Ser Social – Os Princípios Ontológicos


Fundamentais de Marx. São Paulo: LECH

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