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Trabalho Final de Sociologia do Trabalho

Aluno: Gabriel de Oliveira Masseaux Pereira

O processo de valorização em Karl Marx

A filosofia marxista é materialista, ou seja, compreende que o principal elemento


constituinte da realidade é a matéria. Além disso, acredita que a base da sociedade é a
economia, que serve como estrutura, todos outros elementos que fazem parte do ethos
social derivam dela, formando uma superestrutura. Para Marx, o que move o ser
humano é a busca por bens materiais e no sistema capitalista, as suas relações sociais se
baseiam na divisão entre quem domina os meios de produção e quem é explorado,
vendendo sua força de trabalho para produzir.

No capítulo V, seção III, da obra “O Capital”, Marx defende que no sistema capitalista,
o modelo econômico da ordem burguesa, o trabalhador se torna um vendedor e o seu
trabalho uma “commodity”, disponível para a compra do capitalista, que a adquire
através do salário para usá-la e produzir para si mesmo. Essa relação faz com que
surjam dois fenômenos característicos; um é a dependência do trabalhador em relação
ao capitalista, que exerce total controle sobre sua capacidade de trabalhar, o que leva
diretamente ao segundo fenômeno, onde o produto desse trabalho pertence ao
capitalista, que não é o produtor original. Do ponto de vista do capitalista, o processo de
trabalho é apenas o consumo de uma mercadoria.

O processo de criação de valor é, portanto, distorcido no sistema capitalista. O valor de


um produto é equivalente a hora trabalhada que foi empregada pelo produtor imediato
na sua produção. Se o capitalista paga por essa força de trabalho o valor exato
correspondente a hora trabalhada, temos um sistema justo, onde simplesmente existe um
processo de criação de valor e uma troca equivalente, porém, no capitalismo, a força de
trabalho se estende além do valor pago, essa força de trabalho excedente é chamada por
Karl Marx de valor excedente, ou mais-valia.
No “Capital”, Marx exemplifica esse processo citando que o valor diário da força de
trabalho corresponde a três xelins, isso porque os meios de subsistência diária
necessária para força de trabalho custam meia jornada de trabalho, logo, o valor dessa
força de trabalho e o valor que essa força de trabalho gera, são duas quantidades
totalmente diferentes. Para Marx, o capitalista já tinha esse valor em mente quando
adquiriu essa força de trabalho.

O valor de uso é outra categoria importante trabalhada por Karl Marx no seu texto.
Valor de uso corresponde a utilidade da mercadoria produzida. O serviço especial
esperado pelo capitalista em relação a esse valor de uso, é justamente que ele exceda o
seu próprio valor, procedendo de acordo com as “leis eternas” de troca de mercadorias.
Assim, o trabalhador ao vender sua força de trabalho como uma simples mercadoria,
percebe seu valor de troca e aliena seu valor de uso, pois a sua força de trabalho também
é uma mercadoria que tem seu valor artificialmente excedido. Se paga muito menos do
que se trabalha, e depois de vendida, a força de trabalho não pertence mais ao
trabalhador e sim ao capitalista. Marx explica que apesar de custar apenas meio dia de
trabalho, a força comprada é empregada o dia inteiro, logo, o valor que ela cria
diariamente é duas vezes superior ao valor pago diariamente, causando uma distorção
na relação entre empregador e empregado.

O capitalista se insere de duas formas no mercado, uma como comprador, dos meios de
produção e da força de trabalho, e depois como vendedor, das mercadorias
manufaturadas. Na medida em que o capitalista transforma o dinheiro em mercadorias
que servem como elementos materiais de um novo produto ou como fatores de um
processo de trabalho ao incorporar trabalho vivo em sua objetividade morta, ele
transforma valor, trabalho passado, materializado e morto em capital, em valor
carregado de valor.

O processo de valorização, para Marx, ocorre em diversas etapas. Como foi exposto,
primeiro acontece o “estranhamento” do trabalho, onde o trabalhador não trabalha para
si mesmo garantindo seus meios de subsistência e sim transforma sua força de trabalho
em uma mercadoria que vende em troca de salário. A valor empregado na produção é
muito superior ao valor pago, isso é a mais valia, o valor da força de trabalho excedente.
Para a criação da mais valia, é absolutamente irrelevante se o trabalho apropriado pelo
capitalista é um trabalho não qualificado ao um trabalho mais complicado, ou seja, o
trabalho mais qualificado e que produzo valor de uso, é mais valioso do que o trabalho
não-qualificado executado no mesmo período. A alienação do trabalhador, do produtor
imediato, em relação ao produto do seu trabalho, e do valor real da sua força de
trabalho, permite que o capitalista estipule um valor de venda da mercadoria de acordo
com as “leis do mercado”, da oferta e da demanda por assim dizer, que não
correspondem ao valor real do produto, que deve ser sempre equivalente a hora
empregada na produção, com a variável da qualidade do trabalho empregado, a
capitalismo não verifica isso, pois vê a força de trabalho de forma meramente
quantitativa.

Bibliografia:

MARX, Karl. Livro 1. Seção III. “Cap. 5 O processo de trabalho e o processo de

valorização”. In: O Capital. Pp. 326-352.

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