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Material de leitura obrigatória _ SOCIOLOGIA 26/07/2023
Por outro lado, há aqueles que, não possuindo os meios de produção, são obrigados,
para sobreviver, a vender a única coisa que lhe restou, ou seja, a sua força de trabalho
(sua força física mais o seu cérebro). Mas é bom lembrar que nem sempre foi assim.
O trabalhador que antes era um artesão detinha tanto o seu trabalho como os meios de
produção, quer dizer, ele era o dono de seus instrumentos e da matéria prima que
usava; em consequência era dono também, do produto que o seu trabalho produzia.
A expansão capitalista, entretanto, liquidou a maior parte dos artesãos, que não
puderam concorrer com as fábricas sempre crescentes. Endividaram-se e perderam os
seus meios de produção, até que nada lhes restasse.
Alijada do que possuía, a classe trabalhadora passou a depender, para o seu trabalho,
da classe dos capitalistas, isto é, da classe dos proprietários dos meios de produção.
Assim, o trabalhador foi forçado a procurar o capitalista para vender-lhe a sua
força de trabalho, em troca de um salário.
O artesão transformou-se em assalariado, passando a vender a sua força de trabalho,
por dia, por semana ou por mês. Foi o que fizeram os artesãos arruinados, e também os
camponeses.
Surgia, assim, a grande massa proletarizada e pobre das cidades, cuja única
mercadoria são os seus músculos e o seu cérebro – sua força de trabalho.
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MERCADORIA
A mercadoria é a forma que os produtos tomam quando a produção é organizada por meio da
troca. Nesse sistema, uma vez criados, os produtos são propriedades de agentes particulares que
têm o poder de dispor deles transferindo-os a outros agentes. Os agentes que são donos de
produtos diferentes confrontam-se num processo de barganha pelo qual trocam seus produtos.
Nesse processo, uma quantidade definida de um produto troca de lugar com uma quantidade
definida de outro.
A mercadoria tem, portanto, duas características. A primeira é que pode satisfazer a alguma
necessidade humana, isto é, tem aquilo que alguns economistas chamaram de VALOR DE USO.
Na verdade, as necessidades podem ser de dois tipos: vitais ou sociais. Por vitais nós temos
como exemplo a fome, o frio e a sede. As necessidades sociais são impostas ao homem pelas
convenções que existem na sociedade. Por necessidade social nós podemos mencionar, por
exemplo, a de um rico que precisa morar em uma casa espaçosa, bem ornamentada, com piscina,
jardim, garagem para quatro carros etc.
A outra característica da mercadoria é o fato de que ela pode obter outras mercadorias em troca,
poder de permutabilidade que Marx chamou de VALOR DE TROCA.
Portanto, mercadoria é tudo o que é produzido não tendo em vista o valor de uso, mas o valor de
troca, isto é, a venda do produto. Sendo a mercadoria um produto do trabalho, o seu valor é
determinado pelo total de trabalho socialmente necessário para produzi-la.
Enfim, para que um produto seja uma mercadoria, seu possuidor deve ver nele não uma coisa boa
para seu uso pessoal, mas um objeto bom para ser trocado.
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MAIS-VALIA
Para sobreviver, o trabalhador vende ao capitalista a única mercadoria que possui que é sua capacidade
de trabalhar.
Qual deve ser o valor da sua força de trabalho? Sendo um ser vivo, o trabalhador precisa receber o
necessário para a subsistência e reprodução de sua capacidade trabalho, ou seja, alimento, roupa,
moradia, possibilidade de criar filhos etc. o salário deve ser, portanto, o correspondente ao custo de sua
manutenção e de sua família. O operário se distingue dos escravos e dos servos por receber um salário
a partir de um contrato livremente aceito entre as partes.
No entanto, na famosa obra O Capital, Marx explica que essa relação de contrato livre é mera aparência
e que, na verdade, o desenvolvimento do capitalismo supõe a exploração do trabalho do operário. Isso
porque o capitalista contrata o operário para trabalhar durante certo período de horas a fim de alcançar
uma determinada produção. Mas ocorre que o trabalhador, estando disponível todo o tempo, acaba
produzindo mais do que foi calculado inicialmente. Ou seja, a força de trabalho pode criar um valor
superior. A parte do trabalho excedente não é paga ao operário, mas serve para aumentar cada vez
mais o capital.
Chama-se mais-valia, portanto, o valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho, e
que é apropriado pelo capitalista.
Se, por exemplo, um operário trabalha em média diariamente 10 horas por dia e precisa de apenas 04
horas de trabalho para pagar os meios de subsistência, as outras 06 horas vão parar nas mãos do
empresário e representam a mais-valia. Vemos assim que o trabalhador realizou 04 horas de trabalho
necessário para produzir o seu sustento e 06 horas de trabalho suplementar em uma jornada de 10
horas. Dizemos então que a parte da jornada de trabalho que serve pra a reprodução da força de
trabalho é o tempo de trabalho necessário.
Como a reprodução da sociedade de classes está ligada à produção de mercadorias em grande escala,
é lógico que a maior parte da mais-valia deve servir para produzir mais mercadorias. É assim que a
mais-valia se transforma em capital.
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LUTA DE CLASSES
A teoria das classes sociais, em Marx, nos remete sempre à problemática da luta
de classes. Como as classes já nascem em posições antagônicas, elas sempre
conviverão em situação politicamente opostas e em permanente luta. Marx extrai
dessas lutas a possibilidade de transformação radical da sociedade
(revolução), ou seja, de superação do próprio capitalismo.
De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária que,
em virtude de suas condições de existência, deve organizar-se para, no momento
oportuno, fazer a revolução rumo ao socialismo.
Essa classe revolucionária seria o proletariado. Caberia, segundo Marx, à classe
social que possui um caráter revolucionário nesse momento intervir por meio de
ações concretas, práticas, para que essas transformações ocorram. Foi o que
aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo ao capitalismo, através das
revoluções burguesas.
A luta de classes, conforme vimos, perpassa todos os momentos da vida social,
não se manifestando apenas na esfera econômica, através da greve, por exemplo,
talvez o aspecto mais evidente dessa luta.
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Ademais, tem de gastar outra soma de valores no desenvolvimento de sua força de trabalho e
na aquisição de uma certa habilidade. Para o nosso objetivo bastar-nos-á considerar o
trabalho médio, cujos gastos de educação e aperfeiçoamento são grandezas insignificantes.
Devo, sem embargo, aproveitar a ocasião para constatar que, assim como diferem os custos de
produção da força de trabalho de diferente quantidade, assim tem de diferir, também, os
valores das forças de trabalho aplicadas nas diversas indústrias.
Por consequência, o grito pela igualdade de salários assenta num erro: é um desejo oco, que
jamais se realizará. É um rebento desse falso e superficial radicalismo que admite premissas e
procura fugir às conclusões.
Dentro do sistema do salariado, o valor da força de trabalho se fixa como o de outra
mercadoria qualquer; e, como diferentes espécies dessa força possuem distintos valores ou
exigem para a sua produção variadas quantidades de trabalho, necessariamente tem de ter
preços distintos no mercado.
Pedir uma retribuição de igual ou simplesmente uma retribuição justa, na base do sistema do
assalariado, é o mesmo que pedir liberdade na base do sistema da escravatura. O que
pudésseis considerar justo ou equitativo não vem ao caso.
O problema é saber o que vai acontecer necessária e inevitavelmente dentro de um dado
sistema de produção.
Depois do que dissemos, o valor da força de trabalho é determinado pelo valor dos artigos de
primeira necessidade exigidos para produzir, desenvolver, manter e perpetuar a força de
trabalho. [...].”
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