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Debate – Cooperativismo

Exploração:
* Os capitalistas exploram os trabalhadores. Eles fazem isso se
"apropriando" de uma parte do trabalho de seus empregados.
Por exemplo, o capitalista remunera o trabalhador com $100. Este trabalhador
gera mercadorias, e essas mercadorias são vendidas por $120. Segundo Marx,
este lucro só é possível de ocorrer porque uma parte do trabalho não foi
remunerada pelo capitalista -- no caso, os $20.
Esses $20 seriam exatamente a "mais-valia", que é a mensuração da
"exploração laboral".

Ou seja, o trabalhador prestou um serviço para o capitalista e não obteve


a "devida" remuneração. Sua remuneração foi menor do que o valor total
que ele gerou para o capitalista.
Consequentemente, o capitalista, que não efetua trabalho físico, reteve para si
uma parte do valor dos produtos que os trabalhadores produziram, e ele
consegue fazer isso graças ao seu monopólio dos meios de produção (a
fábrica e as máquinas que o trabalhador utilizou para produzir o bem).
Logo, estando estes bens de produção em propriedade do capitalista e não do
trabalhador, o trabalhador tem de se sujeitar às demandas do capitalista,
aceitando entregar ao capitalista uma fatia daquilo que sua mão-de-obra
produz -- caso contrário, morrerá de fome no frio.
Desta maneira, ao pagar ao trabalhador um salário menor que o valor total por
ele produzido, o capitalista está "roubando" uma parte da mão-de-obra do
trabalhador.
Esta é a origem da noção marxista de "renda imerecida", que seria a renda
que não decorre de ter de trabalhar e produzir, mas simplesmente de se
ser o proprietário de um negócio privado que emprega trabalhadores, que
são aqueles que realmente fazem todo o trabalho.
O capitalista, nesta concepção, não faz nada. Apenas vive da exploração
do trabalho dos outros, enquanto fica sentado em seu escritório, com
seus pés sobre a escrivaninha, fumando um charuto.
Solução por Marx: Confiscar os meios de produção da burguesia e repassá-los
aos trabalhadores para que estes possam reter o produto integral do seu
trabalho sem que haja intermediários capitalistas que se apropriem de parte do
suor dos trabalhadores.

➔ Marx pensava que a exploração é um fenômeno estrutural do


capitalismo. Ou seja, que esse problema faz parte das regras do jogo
desse sistema econômico. A única forma de não haver exploração é
acabando com o capitalismo.
Para Marx, a exploração é a apropriação forçada de trabalho não
remunerado do trabalhador
No capitalismo, a maioria da pessoas não têm acesso aos recursos
necessários para criar uma empresa. Tal fato as obriga a oferecer
sua força de trabalho em troca de um salário.
Embora você possa escolher trabalhar numa fábrica de calçados ou de
automóveis, como motorista ou pedreiro, o fato é que terá que vender
para alguém sua força de trabalho. Desse ponto de vista, Marx vê o
trabalho no capitalismo como algo forçado, mais ou menos como no
feudalismo.
Não tendo opções reais, o trabalhador tem que se submeter às
condições de trabalho numa empresa capitalista.

E quais são essas condições?


De acordo com Marx, o lucro do capitalista só é possível porque ele
deixa de pagar parte do valor produzido pelo trabalho de seus
empregados. Assim, durante 6 horas de trabalho, por exemplo, uma
pessoa é capaz de produzir um valor que é suficiente para pagar seu
salário do dia. Porém, ele não trabalha apenas 6 horas, mas 8. Essas
duas horas restantes irão gerar uma riqueza que será apropriada pelo
capitalista, o seu lucro.
Como não tem outra opção além de vender sua força de trabalho,
os trabalhadores têm que se submeter a essas relações de
exploração. Tal fato se deve a condições desiguais de barganha.
Quando poucas pessoas têm acesso ao dinheiro suficiente para
criar fábricas, não têm outra escolha se não se submeter a essas
condições de trabalho.
Nesse sentido, a única forma de acabar com a exploração do trabalho é
acabando com a propriedade privada dos meios de produção
(fábricas).
Uma cooperativa, por exemplo, na qual todo o lucro obtido com a
produção é distribuído para os empregados de forma proporcional à sua
contribuição não resulta em exploração no sentido de Marx, mesmo que
as pessoas recebam salários diferentes.

• mais-valia
No sistema capitalista o trabalho aparece como atividade dividida e combinada,
resultando da atividade coletiva humana sob o viés da cooperação social. O
sistema capitalista se vale da exploração do trabalho como forma de
aquisição de lucro. Essa exploração se dá ao longo da jornada, quando esta
é desdobrada em duas partes: primeira, o tempo de trabalho necessário para a
produção do valor suficiente para a manutenção de vida do trabalhador,
correspondente ao salário; segunda, o tempo de trabalho excedente,
caracterizado pela produção da mais-valia. Como no modo de produção
capitalista os trabalhadores são desprovidos dos meios de produção e
lhes resta vender sua força de trabalho, o capital a utiliza como principal
elemento gerador de valores, transformando-a em mercadoria. Devido a
força de trabalho ser capaz de criar o valor necessário à sua própria
reprodução e, ainda, gerar valor ao produzir outras mercadorias. Desta
capacidade da força de trabalho de criar valor acima do necessário no
processo (re)produtivo, obtém-se a mais-valia, fonte geradora de lucro
apropriada pelo capital. Em O capital, Marx afirma que o “processo
capitalista de produção não é simplesmente produção de mercadorias. É
processo que absorve trabalho não pago, que transforma os meios de
produção em meios de extorsão de trabalho não pago. (MARX apud
ANTUNES, 2004, p.164)

Resumindo, destacamos alguns pontos da teoria da mais-valia de Marx:


• O sistema capitalista se ocupa da produção e venda de mercadorias;
• O valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho
socialmente necessário para sua reprodução;
• O trabalhador é desprovido dos meios de produção, assim, para viver, ele
tem que vender sua única mercadoria: sua força de trabalho;
• O valor da força de trabalho, como de qualquer mercadoria é dado pelo valor
necessário para manter o trabalhador vivo;
• O trabalhador gera mais valor que o recebido no salário;
• O restante produzido pelo trabalhador é apropriado pelo capitalista;
• A diferença entre o que o trabalhador produz e o que recebe em seu salário
é a mais-valia;
• A mais-valia revela o nível de exploração do trabalho no sistema capitalista. A
exploração do trabalho pelos capitalistas se vale da alienação do trabalhador
no processo produtivo. Assunto a ser discutido no tópico seguinte.

Trabalho e Alienação:
Para Marx, a alienação se manifesta na vida real do homem, na maneira pela
qual, a partir da divisão do trabalho, o produto do seu trabalho deixa de
lhe pertencer. Todo o resto é decorrência disso. O surgimento do
capitalismo determinou a intensificação da procura do lucro e confinou o
operário à fábrica, retirando dele a posse do produto. Mas não é apenas o
produto que deixa de lhe pertencer. Ele próprio abandona o centro de si
mesmo. Não escolhe o salário – embora isso lhe pareça ficticiamente como
resultado de um contrato livre –, não escolhe o horário nem o ritmo de
trabalho e passa a ser comandado de fora, por forças estranhas a ele.
Ocorre então o que Marx chama de fetichismo da mercadoria e reificação do
trabalhador.
Dessa forma, Konder (2009) endossa o pensamento de Marx, quando diz:
A sociedade capitalista é a sociedade em que a alienação assume,
claramente, as características da reificação, com o esmagamento das
qualidades humanas e individuais do trabalhador por um mecanismo inumano,
que transforma tudo em mercadoria (KONDER, 2009. p.130)
Assim, o autor diz que o modo de produção capitalista distorce os
significados das relações sociais, quando coisifica o homem,
transformando sua própria força de trabalho, em mercadoria e
centralizando o consumo como mantenedor da lógica capital. Para isso, o
sistema capitalista supervaloriza a aquisição da mercadoria, atrelando-se a
ela a satisfação de necessidades humanas, mesmo que efêmeras, dispondo de
estratégias que incidem, sobre as mercadorias um certo encantamento,
seguido de alienação. Esta configura-se pela não compreensão do trabalhador
acerca da totalidade do processo de produção da mercadoria, em decorrência
da divisão sóciotécnica do trabalho, assim como a fetichização da mercadoria
que desvaloriza a participação do trabalhador nos processos produtivos.
O fetichismo é o processo pelo qual a mercadoria, ser inanimado, é
considerada como se tivesse vida, fazendo com que os valores de troca
se tornem superiores aos valores de uso e determinem as relações entre
os homens, e não vice-versa. Ou seja, a relação entre os produtores não
aparece como sendo relação entre eles próprios (relação humana), mas entre
os produtos do seu trabalho. Por exemplo, as relações não são entre alfaiate e
carpinteiro, mas entre casaco e mesa. A mercadoria adquire valor superior
ao homem, pois privilegiam-se as relações entre coisas, que vão definir
relações materiais entre pessoas. Com isso, a mercadoria assume formas
abstratas (o dinheiro, o capital) que, em vez de serem intermediárias entre
indivíduos, convertem-se em realidades soberanas e tirânicas. Em
consequência, a "humanização" da mercadoria leva à desumanização do
homem, à sua coisificação, à reificação (do latim res, "coisa"), sendo o próprio
homem transformado em mercadoria (sua força de trabalho tem um preço no
mercado).

O processo do trabalho na contemporaneidade:


Baseada na flexibilidade do mercado e do processo de trabalho, a acumulação
flexível caracteriza-se pelas novidades tecnológicas dos setores de
produção, pela inovação nos serviços financeiros, pela nova organização
comercial e geopolítica mundial e pelo inédito e crescente processo de
valorização do trabalho morto em detrimento do trabalho vivo.
Harvey (teórico da geografia), chama atenção para o movimento de
“compressão do espaço-tempo” no mundo capitalista a partir desse regime de
acumulação,.que se molda de acordo com as exigências do mercado.
O controle do trabalho na acumulação flexível é favorável ao capitalista.
A desarticulação dos sindicatos, o aumento do desemprego estrutural, a
exigência de trabalhadores polivalentes e maleáveis às necessidades do
mercado, os pequenos ganhos salariais, o aumento da competição e a
grande quantidade de mão-de-obra excedente são fatores que deixam os
trabalhadores, relativamente, impossibilitados de reagirem às pressões
dos empregadores.

Daí decorre a flexibilização dos acordos trabalhistas e uma forte tendência ao


ataque dos direitos sociais e do trabalho garantidos pela luta da classe
trabalhadora desde o século XIX. Diante desse quadro os movimentos sociais
sofrem um processo de cooptação, já que as novas formas de emprego de
mão-de-obra fragmentam o poder de organização da classe trabalhadora. O
paternalismo e a cooperação passam a guiar o modo de controle do trabalho.
O trabalho doméstico-familiar, os empregos parciais, informais,
terceirizados e as subcontratações, são expressões da precarização do
trabalho e inibem as manifestações reivindicativas da classe trabalhadora
como tal. Essa configuração dos processos de trabalho é fundamental para o
sustento do regime de acumulação flexível, ao mesmo tempo em que esta abre
espaço para tais condições de trabalho.
A classe trabalhadora ganha um perfil expandido, assim caracterizado por
Antunes (professor titular de Sociologia) (2005): Portanto, uma noção ampliada,
abrangente e contemporânea de classe trabalhadora, hoje, a classe-que-vive-
do-trabalho, deve incorporar também aqueles e aquelas que vendem sua força
de trabalho em troca de salário, como o enorme leque de trabalhadores
precarizados, terceirizados, fabris e de serviços, part-time, que se caracterizam
pelo vínculo de trabalho temporário, pelo trabalho precarizado, em expansão
na totalidade do mundo produtivo. Deve incluir também o proletariado rural, os
chamados bóias-frias das regiões agroindustriais, além, naturalmente, da
totalidade dos trabalhadores desempregados que se constituem nesse
monumental exército insdustrial de reserva.
Vale ressaltar, à luz de Iamamoto (autora) (2008), que a mundialização da
economia proporciona as mais diversas formas precarizadas de trabalho
contemporâneo, caracterizadas pelo: (...)alargamento da jornada de
trabalho, acoplado a intesificação do trabalho, estimulada pelas formas
participativas de gestão voltadas a capturar o consentimento passivo do
trabalhador às estratégias de elevação da produtividade e de rentabilidade
empresarial. A redução do trabalho protegido tem no seu verso a
expansão do trabalho precário, temporário, subcontratado, com perda de
direitos e ampliação da rotatividade da mão-de-obra (IAMAMOTO, 2008, p.
118-119)
Estas formas de trabalho precarizado fazem com que os sujeitos não se
reconheçam no processo de trabalho ou, até mesmo, não consigam ter
acesso ao que produziram, além de fortalecer a relação contraditória e
antagônica entre capital x trabalho, descaracterizando a origem deste
como propiciador da capacidade emancipatória do homem. Essa
reconfiguração dos processos de trabalho é fundamental para o sustento do
regime de acumulação flexível, ao mesmo tempo, em que esta abre espaço
para tais condições de trabalho
Ideias de filósofos sobre o comunismo/contexto
histórico
Na verdade, a crítica ao capitalismo é anterior a Marx e aparece já no final do
século 18. Alguns autores até acreditavam no sistema capitalista, mas
queriam alguns ajustes. O francês Saint Simon, por exemplo, defende um
tipo de socialismo planificado, em que o mercado deve ter algum tipo de
controle estatal. Já Charles Fourier é contrário a essas ideias e defende um
sistema de trabalho em cooperativas, em que os empregados fossem donos
das fábricas e repartissem o lucro entre si.
O outro pensador desse período, considerado o pai do socialismo utópico
(utopia significa sonho, algo ideal, mas não necessariamente possível) é
Robert Owen. Segundo ele, os trabalhadores deveriam se organizar em
cooperativas, sem salário, retirando de sua produção aquilo que necessitassem
para sua sobrevivência. Como essas ideias pareciam impossíveis de darem
certo, aos olhos dos homens daquele período, Owen foi tachado de "socialista
utópico".
➢ Manifesto Comunista
Entretanto, o principal elaborador da teoria socialista, que inclusive acabou
ganhando também o seu nome, foi o alemão Karl Marx, juntamente
com Friedrich Engels, co-autor de grande parte de sua obra. "O Manifesto
Comunista", escrito pelos dois em 1848, em meios às revoltas sociais que
agitavam a Europa naquele momento, foi a primeira grande manifestação de
suas ideias. Como ambos os autores apresentassem uma interpretação da
história baseada no que consideravam a constatação de fatos, de acordo com
os princípios da ciência da época, o marxismo também é denominado como
socialismo científico.
Ao longo do século 20 e até os dias de hoje, o modelo socialista de uma
sociedade sem classes e sem propriedade privada ainda está no campo do
ideal. Nos países em que foi implantado, o comunismo tentou abolir a
propriedade privada, mas não conseguiu eliminar as classes sociais. Os
políticos que tomaram conta do Estado nas sociedades comunistas acabaram
se tornando uma nova classe social, privilegiada em comparação ao restante
da população.
Além disso, constituíram regimes autoritários e violentos, que chegaram a
promover verdadeiros massacres entre suas próprias populações. Essa
tentativa de aplicação do regime comunista ainda sobrevive em alguns países
nos dias atuais, como em Cuba e na China. No entanto, o capitalismo já
recomeçou a entrar nestes países e a alterar, gradativamente, seus regimes.
Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/socialismo-filosofos-
criticam-o-capitalismo-e-imaginam-transformacao.htm

➢ O Manifesto comunista, originalmente denominado Manifesto do


Partido comunista, publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro
de 1848, é historicamente um dos tratados políticos de maior
influência mundial. Comissionado pela Liga dos Comunistas e
escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico Karl
Marx e Friedrich Engels, expressa o programa e propósitos da Liga.
O Manifesto comunista foi escrito no meio do grande processo de
lutas urbanas das resoluções de 1848, chamadas também de
Primavera dos Povos, um processo revolucionário de quase um ano
que atingiu os principais países Europeus e é uma análise
da revolução industrial contemporânea a ela. Duas de suas maiores
reivindicações foram reformas sociais: a conquista da diminuição
da jornada diária de trabalho de doze para dez horas e o voto
universal, embora apenas para os homens.

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Manifesto_Comunista

O capital humano:
Podemos comparar o mercado de trabalho, em especial o qualificado, a
uma verdadeira loteria, em que os trabalhadores competem entre si por
ascensão profissional. Aqui, os investimentos em capital humano tornaram-
se os bilhetes desta loteria. E, de forma semelhante ao que acontece em uma
loteria, há sempre vencedores e perdedores.
O capital humano também se tornou instrumento para a exploração do
trabalho, à semelhança do capital físico. Os vencedores exploram os
perdedores, com os primeiros apropriando-se do produto do trabalho dos
últimos.
Tanto o capital humano quanto o tradicional, descrito por Marx, em O capital,
passaram a constituir instrumentos de legitimação da apropriação do trabalho
alheio e da exploração. Os trabalhadores, com baixo ou sem investimento
em capital humano, assim, já estão, a priori, excluídos da loteria em que
se transformaram os mercados de trabalho capitalistas; nesse sentido, já
são perdedores.
As formas de exploração introduzida pelo capital humano, ao se somarem à
tradicional exploração do trabalho pelo capital, reforçaram ainda mais a
tendência inerente à geração de desigualdades pelo capitalismo.
Os diferenciais de salários justificados pelo capital humano tornaram-se
elementos adicionais à dicotomia capital-trabalho para explicar a crescente
desigualdade engendrada pelo modo de produção capitalista.
Fonte: https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/download/216/221/778

Críticas diretas ao sistema capitalista:


• Desvantagens do sistema no geral:
- Desigualdade social: como o objetivo principal do capitalismo é a
obtenção do lucro e da acumulação de riquezas, o que ocorre nesse
sistema é o enriquecimento de uma pequena parcela da população –
geralmente os proprietários dos meios de produção – e o
empobrecimento das camadas mais baixas.
Como existe grande concorrência e os capitalistas desejam aumentar
suas vendas, eles reduzem os seus custos de produção. Já que os
salários são um dos custos de produção, é comum que eles sejam
reduzidos. Assim, a desigualdade social entre as classes se intensifica.

O capitalismo só se sustenta através das desigualdades. E isso vai


contra a ideia capitalista de que todos têm os mesmos direitos, e as
mesmas oportunidades, de lucrarem e gerarem riqueza. Mas própria
natureza desse sistema vai contra essa lógica, porque alguém só
acumula capital porque em algum momento da cadeia de produção, a
distribuição do lucro foi desigual.

Poucas pessoas vão viver com muito, e muitas pessoas vão viver com
pouco. Aqueles que possuem riqueza, a burguesia, podem ter o que
quiserem, comer o que quiserem, etc. Já aqueles que não possuem a
mesma riqueza, possuem poucas oportunidades, não têm acesso às
mesmas coisas. Logo, aqueles que possuem menos, são
desfavorecidos, não têm as mesmas chances e acesso daqueles que
possuem mais.

➔ “Críticas recentes têm demonstrado que a desigualdade social


dentro do capitalismo está fora de controle e é considerada uma
das grandes ameaças ao progresso social. Um estudo de
2019 demonstrou que 2153 bilionários possuem uma riqueza que
corresponde ao que 60% da população do planeta possuem.
O Brasil não é exceção a esse quadro, uma vez que é o sétimo
país mais desigual do mundo. Ele fica atrás apenas de seis
nações africanas: África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República
Centro-Africana, Lesoto e Moçambique.
Além disso, a concentração de renda aqui é a segunda pior do
mundo, ficando atrás somente da de Catar. No Brasil, 1% da
população concentra cerca de 28,3% de toda a riqueza do país.

Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/capitalismo.htm#:~:text=
O%20capitalismo%20%C3%A9%20o%20sistema%20econ%C3
%B4mico%20majorit%C3%A1rio%20no,de%20desigualdade%20
social%20que%20ele%20ajudou%20a%20concretizar

- Crises econômicas: a dinâmica do capitalismo leva a economia a


momentos de crescimento e recessão de maneira cíclica, isto é, em
alguns momentos se produz e se vende muito e há muita oferta de
empregos, e em outros ocorrem as crises econômicas. As mais famosas
crises do sistema capitalista foram: a depressão de 1929 e a crise de
2008.
Enquanto a primeira foi uma crise de superprodução – muitos
produtos em estoque e poucos compradores -, a segunda foi uma
crise financeira, resultado de um colapso no sistema de
especulação nos Estados Unidos.

Suponha que o setor da indústria automobilística de um país seja


impedido de exportar automóveis. Ao reduzir a demanda por esse tipo
de produto, os donos das fábricas do setor terão que demitir
funcionários. Embora seja grave um grupo de pessoas não ter trabalho,
esse pode se tornar um problema ainda maior.
Os funcionários demitidos também são consumidores. Portanto, o
fato de não terem um salário afeta outros setores da economia. Novos
trabalhadores terão que ser demitidos, gerando um ciclo vicioso no qual
o desemprego reduz o consumo e a demanda, que reduz a necessidade
de trabalhadores, o que gera novas demissões.

- Concentração do poder econômico: na busca pelo lucro e pela


acumulação de capital, algumas empresas podem se tornar tão
poderosas economicamente que passam a controlar o mercado. No
caso de um monopólio – quando uma empresa sozinha domina o
mercado – o elemento concorrência desaparece.
Em um mercado monopolizado, as empresas podem cobrar quanto
desejam – e quem sai prejudicado nesse cenário é o consumidor.

- Externalidades negativas: um conceito importante em economia são


as externalidades. As externalidades são efeitos colaterais de uma
decisão que recaem sobre aqueles que não estão envolvidos na ação.
Uma das externalidades negativas mais comuns do sistema
capitalista é a poluição. Muitas empresas, ao desenvolverem suas
atividades, acabam por eliminar poluentes na natureza, contaminando o
ar, a água e o solo, por exemplo, o que prejudica a população como um
todo.

Fonte: https://www.politize.com.br/capitalismo-o-que-e-o/

Protocolo de Kyoto
Acordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes da
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,
realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Foi o primeiro tratado internacional
para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Entre
as metas, o protocolo estabelecia a redução de 5,2%, em relação a
1990, na emissão de poluentes, principalmente por parte dos países
industrializados. Uma delas determinava a redução de 5,2%, em relação
a 1990, da emissão de gases do efeito estufa, no período compreendido
entre 2008 a 2012. O protocolo também estimulava a criação de formas
de desenvolvimento sustentável para preservar o meio ambiente.

Ao ser adotado, o Protocolo de Kyoto foi assinado por 84 países. Os


Estados Unidos, um dos países que mais emitem gases poluentes
no mundo, abandonaram o Protocolo em 2001 com a justificativa de
que cumprir as metas estabelecidas comprometeria seu
desenvolvimento econômico.

Fonte: Agência Senado

As emissões de gases de efeito estufa subiram 6% em 2021 nos


Estados Unidos, devido ao maior uso de carvão e das viagens de longa
distância de caminhões, deixando o país ainda mais longe de suas
metas para combater as mudanças climáticas.

Os dados são de um relatório elaborado Rhodium Group, uma empresa


independente de pesquisa. Segundo o estudo, as emissões
americanas avançaram a um ritmo mais rápido do que a economia
como um todo, dificultando que o país cumpra a promessa de reduzi-
las pela metade até 2030, na comparação com os níveis de 2005.

• O capitalismo reforça necessariamente a heteronomia e impede a


autonomia; trata-se de uma forma social inerentemente
antidemocrática. As sociedades capitalistas removem uma vasta gama
de questões fundamentais da tomada de decisão democrática coletiva.
Elas deixam para o capital, ou melhor, para aqueles que possuem
capital ou se dedicam à sua expansão ilimitada, a determinação da
gramática básica de nossas vidas. Essa elite econômica decide o que
vai ser produzido, quanto e por quem; em que base energética e por
meio de quais tipos específicos de relações sociais.
Como resultado, determinam a forma das relações entre aqueles que
trabalham na produção e entre eles e aqueles que não trabalham,
incluindo os seus patrões, por um lado, e as suas famílias, por outro.
Além disso, o investimento de capital dita as relações entre
famílias, comunidades, regiões, estados e associações coletivas,
bem como nossas relações com a natureza não humana e com as
gerações futuras. Todas essas questões são retiradas da agenda e
decididas às nossas costas. Ao pô-las nas mãos dos donos do
capital e dos investidores, o capitalismo institucionaliza a
heteronomia. E assim nega a todos os outros a capacidade coletiva
de moldar as próprias vidas. Em geral, então, uma crítica baseada na
liberdade direciona nossa atenção para a gramática da vida, incluindo
essa “maldade” que temos sob o capitalismo. Mas, ela evita se envolver
com a definição do que é bom e do que é ruim concretamente. Em vez
disso, deixa isso para os cidadãos socialistas resolverem por si próprios.
Fonte: https://aterraeredonda.com.br/o-que-esta-errado-com-o-
capitalismo/

• Crítica à exploração:
O capitalismo passa por crises e buscando reinventar-se, aumenta o
investimento em tecnologias que permitem obter cada vez mais
mais-valia. Entretanto, para que isso ocorra, ele coloca cada vez
mais trabalhadores fora do mercado de trabalho. E, os trabalhadores
que continuam ocupando seus postos, trabalham mais e recebem
menos, já que o mercado dispõe de trabalhadores que, devido as
necessidades, se condicionam a trabalhos precarizados, principalmente
em momentos de crise. Os países de capitalismo tardio submetem os
seus trabalhadores a níveis de exploração cada vez maiores, para que
consigam permanecer na disputa pelos mercados e enquadrados no
capitalismo.

Fonte: https://periodicos.ufes.br/einps/article/view/20224

• A impossibilidade de um salário justo:


A mais-valia aparece como lucro e o trabalho de milhões de
trabalhadores aparece como uma criação mágica dos capitalistas. Ele
acredita que é possível um salário justo. Um salário que corresponda ao
seu trabalho. Mas isto é impossível no capitalismo.
É impossível porque o capitalismo sobrevive justamente da
acumulação de mais-valia, da acumulação de capital. Sobrevive do
sangue e do suor alheio. Por isso quando uma empresa investe em
novas tecnologias e substitui a antiga maquinaria é para permitir
um número mais reduzido de trabalhadores produza mais do que
antes. Essa é a mais-valia relativa. Por esse motivo, explica Marx, “a
facilitação do trabalho se torna meio de tortura, pois a máquina não livra
o trabalhador do trabalho, mas seu trabalho de conteúdo”.
Quando não é suficiente fazer crescer a mais-valia com novas
tecnologias, os capitalistas apostam na mais-valia absoluta. Ou seja,
fazem crescer a mais-valia elevando a jornada de trabalho, adotando o
banco de horas, uma jornada de trabalho intermitente dentre várias
outras medidas possíveis.

Fonte: https://www.pstu.org.br/saiba-como-ocorre-a-exploracao-dos-
trabalhadores-pelo-
capitalismo/#:~:text=Por%20isso%2C%20o%20modo%20de,a%20escra
vid%C3%A3o%20e%20a%20servid%C3%A3o

• Trabalho precário:
O burguês acredita que trabalha, mas é o proletariado que faz a
produção, o esforço não vem do patrão, ele apenas usufrui do lucro
ou se dói pelo custo. Proletário era o pobre que dava a prole para lutar
nas legiões romanas, Karl Max usou o termo para chamar de
assalariado. Já o Burguês pratica o "Mais valia", diminuindo o salário e
aumentando as horas de trabalho, para garantir o lucro, é daí que vem o
trabalho precário, em que o trabalhador assume todos os riscos sem
encargos para a empresa ou o governo. Diferente de um trabalhador
formal, com um salário menor e barateado.

Rebates para possíveis argumentos contra


➔ “a tomada de propriedades privadas”, sendo essas celular, casa, etc
Sua propriedade pessoal é sua porque você conquistou através do seu mérito,
você trabalhou e logo após conquistou as coisas de forma justa. O que a gente
chama de propriedade privada são os meios de produção e não as suas
coisas pessoais; o comunista quer que todos tenham a oportunidade igualitária
de ter a mesma coisa, como uma moradia, saneamento básico, etc

➔ “A ideia de que, no capitalismo, os trabalhadores são “explorados”


atenta contra a lógica”
• Eu, como trabalhador, gero um produto de R$ 3 .000,00
Por cada um recebo, sei lã, R$ 50 se eu ganhar muito, mas muito
bem mesmo.
O restante, é do patrão, que pagará as máquinas, impostos e outros
sobre o valor do produto.
Assim, sobrará para o patrão, na pior das hipóteses, mas muito na
pior, 1/3 desse valor do produto, com o qual ele comprará novas
máquinas.
Em suma, ele compra as máquinas com o valor do que eu produzo,
pois não sabe fazer o trabalho.
Em muito pouco tempo, ele terá máquinas mais do que suficientes
para empregar mais trabalhadores que ganham uma mínima parte do
que eu produzo e, com investimentos, ele deixa de ganhar 1/3 e vai
ganhar mais.

• Mas o capitalista, o dono do negócio, corre riscos, dizem os


apologistas do capital, enquanto o trabalhador não corre risco algum.
Isso não é verdade, pois do ponto de vista do trabalhador, eles
próprios é que têm todas as desvantagens. O proprietário pode
conduzir seus negócios de maneira infeliz, pode ficar sem nada
em uma má negociação, ou ser vítima de uma crise comercial,
ou de uma catástrofe não prevista; em uma palavra, ele pode
arruinar a si próprio. Isso é verdade. Mas arruinar-se significaria
para o burguês cair para o mesmo grau de miséria daqueles que
morrem de fome, ou ser obrigado a viver no mesmo nível que os
trabalhadores comuns? Isso acontece tão raramente, que
poderíamos muito bem dizer "nunca". Afinal de contas, é raro que os
capitalistas não retenham algo, apesar da aparência de
empobrecimento. Hoje em dia, todos os casos de falência são, em
maior ou menor medida, fraudulentos.
Mas, se absolutamente nada é salvo, há sempre as relações
familiares e sociais que, com a ajuda dos conhecimentos em
negócios passados de pai para filho, permitem-lhes os postos
mais altos de trabalho, na administração; ser um funcionário do
Estado, ser um executivo em um negócio comercial ou industrial,
terminar, embora dependente, com um rendimento superior àqueles
que pagavam aos seus antigos trabalhadores. Os riscos para o
trabalhador são infinitamente maiores. Afinal, se o
estabelecimento em que está empregado falir, ele ficará durante
vários dias e, às vezes, durante várias semanas, sem trabalho. E
isso, para ele, é mais do que se arruinar, é a morte; porque, todos os
dias, ele come o que ganha. As economias dos trabalhadores são
contos de fadas inventados por economistas burgueses para embalar
seu frágil sentimento de justiça, o remorso despertado, por acaso, no
âmago de sua classe.
Esse mito ridículo e odioso nunca amenizará a angústia do
trabalhador. Ele conhece o preço para satisfazer as necessidades
diárias de sua numerosa família. Se ele tivesse economias, não
deixaria seus pobres filhos, desde os seis anos, debilitarem-se,
crescerem fracos, serem assassinados física e moralmente nas
fábricas, onde são forçados a trabalhar noite e dia, com jornadas
entre doze e quatorze horas de trabalho."

➔ "mimimi comunismo é contra a livre expressão:"


O comunismo decide num debate dialético. Eles aceitam a
contradição. Não eliminam a oposição. Pois assim, são apontados os
erros para chegar ao acerto. Onde falham a direita cristã e o
fascismo. Eles impõem censura, perseguem e matam opositores.
Impõem verdades que podem ser derrubadas num curto debate.
Se o comunismo defende o proletariado e os diretos dos cidadãos
não pode permitir políticas de proteção apenas para os ricos e
classes elitistas fingindo vitória da democracia.

➔ Medo da Luta de classes – ANCAP (anarcocapitalismo)


Capitalista não produz nada! Quem produz é o trabalhador!
Capitalista é só o dono. A vida do capitalista é correr de despesa e
consumir lucros. Se morrer e puserem no lugar, uma vassoura, a
empresa continuará produzindo. Comunismo NÃO É CONTRA
empresa, inovação, lucro, dinheiro, e nem felicidade! O burguês
não gosta da solidariedade. ANCAP não dá bom dia, por favor,
obrigado nem desculpa! Porque a civilidade provoca a consciência
conta inimigos, doenças e catástrofes.
A ciência e a tecnologia só existem pela cooperação. O burguês não
é líder. É um parasita. Lideranças ouvem as decisões coletivas.
Ninguém realiza um fato relevante, sozinho. Mas, o capitalismo
desmerece o esforço coletivo e cria heróis e campeões!

➔ “O comunismo rouba patrimônio. Por isso não é ensinado nas escolas.”


Isso é falso! Karl Marx defendeu escola pública!
Ué? Crianças faziam o que?
Trabalhavam nas minas de carvão, dos capitalistas. Debaixo da
terra 14 horas inalando minerais tóxicos. Crianças que não eram
empregadas mendigavam nas ruas. No século XVIII, escola
pública era utopia, ficção científica!
Proibir agrotóxicos cancerígeno, é moda! Aplicar Agenda Verde no
Brasil, é risco! Você que detesta escola e que queria verba pública
para aplicar em moeda virtual. Saiba que o sucesso do Mercado,
depende de informações verídicas e científicas!

➔ China como país socialista:


Primeiramente que não existe uma lista de critério que você tem que
cumprir para que você seja considerado metafisicamente uma
experiência socialista. A experiência socialista é uma transição entre o
modo de produção capitalista e o modo de produção comunista, e aí
entenda por modo de produção a síntese entre relações de produção e
forças produtivas.
No caso da China, a China tem propriedade privada e tem burguesia, só
que não existe nenhum lugar dizendo que se você tem burguesia e
propriedade privada você não está em um período de transição para
uma sociedade sem classe, sem estado. Se o socialismo é um período
transicional a mera existência da burguesia e da propriedade privada
não é o suficiente para eliminar uma experiência como o socialismo, os
argumentos de quem diz que a China não é uma experiência socialista
são argumentos que dizem que a China não se encontra numa
experiência transicional então a existência da burguesia ,exceto por
alguns comunistas que acreditam que sim, se há propriedade privada e
burguesia não é uma experiência socialista, é capitalismo de estado

➔ “O capitalismo oferece a todos os benefícios que, na época de Marx,


eram desfrutados somente pela burguesia, a classe média estabelecida
que possuía capital e tinha um razoável nível de segurança e liberdade
em suas vidas.”
“Mas à medida que o capitalismo evolui, seus defensores dizem, um
número crescente de pessoas pode se beneficiar dele.”
“Carreiras bem-sucedidas não serão mais a prerrogativa de uns poucos.
As pessoas não terão dificuldades todo mês para subsistir com base em
um salário inseguro. Protegidos pelas economias, pela casa que
possuem e uma pensão decente, eles serão capazes de planejar suas
vidas sem medo.”

Na verdade, na Grã-Bretanha, nos EUA e em muitos outros países


desenvolvidos nos últimos 20 ou 30 anos, o contrário vem
ocorrendo. A segurança do emprego não existe, as atividades e as
profissões do passado em grande parte acabaram e as carreiras que
duram uma vida inteira são meramente lembranças.
Se as pessoas têm qualquer riqueza, isto está nas suas casas, mas os
preços dos imóveis nem sempre crescem. Quando o crédito fica restrito
como agora, eles podem ficar estagnados por anos. Uma minoria cada
vez menor pode contar com uma pensão com a qual pode viver
confortavelmente, e não são muitos os que tem economias significativas.
Mais e mais pessoas vivem um dia de cada vez, com pouca noção do
que o futuro pode reservar.
As pessoas da classe média costumavam imaginar as suas vidas
desdobradas em uma progressão ordenada. Mas não é mais possível
olhar para uma vida como uma sucessão de estágios em que cada um é
um passo dado a partir do último.
No processo da destruição criativa, a escada foi afastada, e para um
número cada vez maior de pessoas, uma existência de classe média
não é mais sequer uma aspiração.

➔ “As nossas rendas são muito maiores, e em algum grau nós estamos
protegidos contra os choques por aquilo que resta do Estado de bem-
estar social do pós-guerra.”
Mas nós temos muito pouco controle efetivo sobre o curso das
nossas vidas, e a incerteza na qual vivemos está sendo piorada
pelas políticas voltadas para lidar com a crise financeira.
As taxas de juros a zero em meio a preços crescentes querem dizer que
as pessoas estão tendo um retorno negativo de seu dinheiro, e ao longo
do tempo o seu capital está se erodindo.
A situação de muitas das pessoas mais jovens é ainda pior. Para
adquirir os talentos de que precisa, a pessoa tem de se endividar. Já
que em algum ponto será necessário se reciclar, é preciso tentar
economizar, mas se a pessoa está endividada desde o começo, esta é a
última coisa que ela poderá fazer.
Não importa a sua idade, a perspectiva que a maioria das pessoas
enfrenta é de uma vida de insegurança.
Ao mesmo tempo em que privou as pessoas da segurança da vida
burguesa, o capitalismo criou o tipo de pessoa que vive a obsoleta
vida burguesa. Nos anos 80, havia muita conversa sobre valores
vitorianos, e propagandistas do livre mercado costumavam argumentar
que ele traria de volta para nós os íntegros valores de outrora.
Para muitos, as mulheres e os pobres, por exemplo, estes valores
vitorianos podem ser bastante ilógicos em seus efeitos. Mas o fato mais
importante é que o livre mercado funciona para corroer as virtudes que
mantêm a vida burguesa.
Quando as economias estão se perdendo, ser econômico pode ser o
caminho para a ruína. É a pessoa que toma pesados empréstimos e não
tem medo de declarar a insolvência que sobrevive e consegue
prosperar.
Quando o mercado de trabalho está altamente volátil, não são aqueles
que se mantém obedientemente fiéis a sua tarefa que são bem-
sucedidos, e sim as pessoas que estão sempre prontas para tentar algo
novo e que parece mais promissor.
Em uma sociedade que está sendo continuamente transformada pelas
forças do mercado, os valores tradicionais são disfuncionais, e qualquer
um que tentar viver com base neles está arriscado a acabar no ferro-
velho.

➔ Manifesto Comunista
Olhando para um futuro no qual o mercado permeia cada canto da vida,
Marx escreveu no 'Manifesto Comunista': "Tudo que é sólido se
desmancha no ar". Para alguém que vivia na Grã-Bretanha no início do
período vitoriano - o Manifesto foi publicado em 1848 -, isto era uma
observação incrivelmente perspicaz.
Naquela época, nada parecia mais sólido que a sociedade às margens
daquela em que Marx vivia. Um século e meio depois, nos
encontramos no mundo que ele previu, onde a vida de todo mundo
é experimental e provisória, e a ruína súbita pode ocorrer a
qualquer momento.
Uns poucos acumularam uma vasta riqueza, mas mesmo isso tem uma
característica evanescente, quase espectral. Na época vitoriana, os
muito ricos podiam relaxar, desde que eles fossem conservadores com a
maneira como eles investiam seu dinheiro. Quando os heróis dos
romances de Dickens finalmente recebem sua herança, eles nunca mais
fazem nada na vida.
Hoje, não existe o porto seguro. As rotações do mercado são tais
que ninguém pode saber o que terá valor dentro de alguns anos.
Este estado de inquietação perpétua é a revolução permanente do
capitalismo, e ele vai ficar conosco em qualquer futuro que seja
realisticamente imaginável. Nós estamos apenas no meio do caminho
de uma crise financeira que ainda deixará muitas coisas de cabeça
para baixo.
As moedas e os governos provavelmente ficarão de ponta-cabeça, junto
de partes do sistema financeiro que nós acreditávamos estar a salvo. Os
riscos que ameaçavam congelar a economia mundial apenas três anos
atrás não foram enfrentados. Eles foram simplesmente deslocados para
os Estados.
Não importa o que políticos nos digam sobre a necessidade de
controlar o déficit. Dívidas do tamanho das que foram contraídas
não podem ser pagas. Elas quase que certamente serão infladas - um
processo que está destinado a ser doloroso e empobrecedor para
muitos.
O resultado só pode ser mais revoltas, em uma escala ainda maior. Mas
isto não será o fim do mundo, ou mesmo do capitalismo. Aconteça o que
acontecer, nós ainda teremos que aprender a viver com a energia
mercurial que o mercado emitiu.
O capitalismo levou a uma revolução, mas não a que Marx esperava. O
feroz pensador alemão odiava a vida burguesa e queria que o
comunismo a destruísse. E assim como ele previu, o mundo burguês foi
destruído.
Mas não foi o comunismo que conseguiu esta proeza. Foi o
capitalismo que eliminou a burguesia.

EUA x CHINA
O Banco Mundial tentou criar um índice que leve em consideração algumas
dessas diferenças de custo de vida e valores monetários para estimar qual
porcentagem da população vive com menos de US$ 2,15 por dia, ajustado pelo
poder de compra das diferentes moedas.
Chegam assim a uma estimativa do número de pessoas que enfrentam as
dificuldades da extrema pobreza em cada país.
Medido dessa forma, 1% da população dos EUA está nessa condição de
pobreza absoluta. Enquanto a China, 0,2%.

A nova precariedade salarial e o sociometabolismo do


trabalho no século XXI

Livro intitulado “Precarização do trabalho e saúde mental: o Brasil da Era


Neoliberal”, de Ana Celeste Casulo e Giovanni Alves.

➔ A organização do trabalho intensifica as atividades laborais e traz


consequências para a saúde, como o aumento dos adoecimentos,
levando, por exemplo, a casos de estresse e de assédio moral. O tempo
do trabalho intensifica-se, e a classe trabalhadora fica à mercê das
demandas da produção, sobretudo com o uso de redes sociais e a
conexão full time com as atividades realizadas. Não sem motivo, há de
se pensar na formação profissional para atender as necessidades do
mercado e, assim, Alves mostra a “pedagogia das competências” como
norte do processo educacional para a aprendizagem técnica, além das
formas comportamentais, emocionais e, por vezes, morais.

➔ Impactos na saúde da classe trabalhadora:


Dado impressionante do Observatório Digital de Saúde e Segurança do
Trabalho: um trabalhador morre em decorrência de acidente de trabalho
a cada três horas. As doenças relacionadas ao trabalho, como
transtornos psicológicos e depressivos, doenças osteomusculares
podem estar relacionadas com as transformações do trabalho no
contexto neoliberal: a intensificação e a sobrecarga, a polivalência, a alta
competitividade, a sobreposição do indivíduo face às ações coletivas, a
exploração, além da ideologia dominante para o engendramento da
relação capital e trabalho. Não sem razão, a autora analisa o uso de
psicofármacos pelos/as trabalhadores/as nesta intensificação e
individualização das relações com as atividades laborais.

➔ Assédio moral no trabalho, sofrimento psíquico e luta por direitos:


De Petilda Vasquez, analisa o capitalismo flexível e o neoliberalismo das
duas últimas décadas, mostrando o assédio moral vivenciado por um
professor de nível superior de uma instituição privada. A ênfase dada
pela autora sobre o assédio moral no trabalho (AMT) está associada ao
contexto neoliberal e às mudanças advindas com a reestruturação
produtiva, como a intensificação das atividades, as exigências do
mercado de trabalho pela crescente produtividade e as várias
estratégias de competição entre aqueles que têm um emprego. Assim,
por meio de outros autores, corrobora o aumento dos casos de mortes e
acidentes de trabalho, bem como os afastamentos por motivos de
doenças.

➔ Reforma Trabalhista no Brasil: a primeira sentença, de Carla


Silveira:
Debate a precursora decisão com o embasamento da reforma
trabalhista por meio da Lei no. 13.467/2017. A autora analisa uma
reclamação trabalhista – disponível em sistema de dados com acesso
público – impetrada por um empregado rural que solicita, na justiça, o
seu direito às verbas rescisórias e danos morais, ao ser dispensado pelo
empregador quando cessou o direito ao auxílio por acidente de trabalho.
Este havia sofrido um assalto durante suas atividades de trabalho e
sofreu uma perfuração por arma de fogo em seu abdômen. Silveira
considera que, apesar de a ação ter sido impetrada antes da
configuração da reforma trabalhista, esta foi aplicada neste caso, de
modo que todas as requisições da ação trabalhista foram negadas
pela justiça, sendo o trabalhador obrigado a pagar oito mil e
quinhentos reais pelos custos do processo. Silveira aponta para as
contradições que a Lei 13.467/2017 mantém, comprometendo a
aplicação da justiça.
Há a tendência de privilegiar o empresariado, o medo dos/as
trabalhadores/as diante da insegurança de terem seus direitos
assegurados na lei agora vigente, as sensações de impotência e
indignação que essa “modernização” da CLT (Consolidação das Leis
Trabalhistas) impõe nas relações de trabalho.

Capitalista como “avarento racional”


Marx passa os primeiros cinco capítulos de O Capital analisando vários
conceitos econômicos, começando com mercadorias, dinheiro e valor. Ele,
então os examina em relação ao capital, usando seus famosos diagramas de
três letras.

➔ Por exemplo, mesmo um agricultor de subsistência pode vender alguns


dos bens que ele e sua família não precisam para comprar produtos que
não podem fazer; uma cadeia de transações que Marx chama de CMC
(Commodities-Money-Commodities, Mercadorias-Dinheiro-Mercadorias).
O capitalista faz o contrário: MCM (Money-Commodities-Money,
Dinheiro-Mercadorias-Dinheiro). Enquanto um avarento simplesmente
guarda seu dinheiro, talvez enchendo uma piscina com moedas de ouro,
como o Tio Patinhas, o capitalista transforma seu dinheiro em
mercadorias e transforma essas mercadorias em mais dinheiro
(representando um aumento subjacente de valor), seja vendendo-as (no
caso do capitalista comerciante) ou usando-as para fabricar novos bens
e vendê-las (no caso do capitalista industrial).
Decisivamente, o impulso capitalista para acumular dinheiro não se
trata fundamentalmente de indivíduos capitalistas sendo pessoas más e
gananciosas, mas trata-se, sim, das pressões implacáveis do próprio
sistema. Um capitalista que não busca impiedosamente o lucro
será superado por aqueles que o fazem. Como diz Marx, o capitalista
é uma espécie de “avarento racional” (enquanto o avarento é um
“capitalista que enlouqueceu”).

➔ Como a reserva de valor mantida pelos capitalistas aumenta?


Certamente, algumas pessoas são melhores nos negócios do que outras
e podem comprar barato e vender caro, mas como a oferta de valor na
sociedade como um todo aumenta ao longo do tempo? De onde
vem o novo valor? A resposta de Marx é que a capacidade de trabalho
de um trabalhador (sua “força de trabalho”) é um “C” que tem a
capacidade de transformar “M” em mais “M”.
Neste ponto da discussão, qualquer bom defensor do capitalismo
responderá que o capitalista fornece os meios físicos de produção;
as fábricas, equipamentos e assim por diante. O capitalista não é a
fonte desse valor? Mas Marx aponta tanto que os meios físicos de
produção são uma fonte de valor na medida em que são usados
pelos trabalhadores, quanto que eles próprios são o resultado da
atividade de trabalhadores anteriores. Marx diz isso na sua frase
“trabalho morto” usado pelo “trabalho vivo” para produzir mais valor.
E, no entanto, apesar de ser a fonte de valor, o trabalho é
dominado. Numa passagem marcante no final do capítulo seis, Marx
retrata uma troca estilizada entre o “dono do dinheiro” e o “dono dessa
mercadoria peculiar, a força de trabalho”. Eles se encontram em um
mercado para trocar suas propriedades. E se encontram como iguais
para fazer essa troca, mas então:

“Ao abandonarmos essa esfera (…) da troca de mercadorias, de onde o “livre


comerciante vulgaris” extrai suas noções, seus conceitos e o padrão de medida com o
qual ele julga a sociedade do capital e do trabalho assalariado, já podemos perceber
uma certa transformação, ao que parece, na fisionomia de nossas dramatis personae
(personagens teatrais). Aquele que antes era o dono do dinheiro sai na frente como
capitalista; aquele que detém a força de trabalho segue sendo seu trabalhador. Um
sorri arrogantemente e está decidido a fazer negócios; o outro é tímido e retraído,
como quem levou sua própria pele para o mercado e agora nada mais tem a esperar
senão… ser esfolado.”

➔ Luta de classes, “esfolamento”:


Marx escreve longamente sobre como é o “esfolamento” e como ele
funciona. Ele descreve “viúvas meio famintas” entregando seus filhos
para labutar na indústria de casamentos, trabalhando o dia todo, todos
os dias e enfrentando uma morte bastante precoce por causa do
processo industrial. Ele escreve sobre grupos de trabalhadores
desesperados e suas famílias que pedem aos governos locais que
reduzam sua jornada de trabalho para 18 horas por dia.
O ponto analítico essencial de Marx é que os economistas tradicionais
que ignoram o antagonismo de classe no coração do capitalismo
estão negligenciando um elemento central. Sob o feudalismo, os
produtores diretos (camponeses) são claramente obrigados a ceder
parte do seu “mais-trabalho” (o tempo que passam trabalhando, mas
não para satisfazer suas próprias necessidades) à classe dominante. A
transferência coagida ficou escancarada. Sob o capitalismo, os
produtores imediatos (trabalhadores) são legalmente livres para fazer
contratos com qualquer um ou, se simplesmente estiverem dispostos
a passar fome, com ninguém. A coação é disfarçada.

➔ Os trabalhadores são explorados?


Os economistas pró-capitalistas gostam de falar sobre “terra, trabalho e
capital” como fatores independentes que contribuem para a produção e
dizem que, portanto, a desconexão entre a parte das receitas de
uma empresa que vai para os salários dos trabalhadores e a parte
que não fica sob controle deles é inquestionável, afinal, os
trabalhadores fornecem apenas um dos três fatores. Mas se capital
significa a parcela dos recursos da sociedade (muito além do que está
presente na natureza inalterada) utilizada na produção, isso é apenas
fruto do trabalho anterior. Isso dificilmente refuta a acusação de que
os trabalhadores não controlam os produtos do seu trabalho.
É claro que os capitalistas às vezes fazem o trabalho gerencial, mas
isso não significa que “gerente” e “capitalista” não sejam papéis
distintos. Numa pequena empresa, o proprietário pode até mesmo
varrer o local na hora de fechar. Mas isso não faz com que o papel de
um capitalista seja o mesmo do que o de um zelador.

Tudo bem, um defensor do capitalismo poderia argumentar: “mas os


capitalistas ainda não estão dando uma importante contribuição ao
contratar os gerentes que supervisionam o processo de
produção?”
Embora algum trabalho gerencial não fosse necessário se os
trabalhadores controlassem os meios de produção e seus incentivos
fossem diferentes, em alguns casos, ele seria necessário. Mas qualquer
gerente que esteja realizando tarefas úteis pode ser contratado por um
comitê de trabalhadores tão facilmente quanto por um capitalista.
Cohen expressa em outra parte que o socialmente necessário é “o que é
delegado”, não o capitalista que, por acaso, é empoderado pelas
estruturas sociais existentes para delegar.

Quando se trata de terra, o equívoco é ainda mais óbvio.


A propriedade da terra contribui de alguma forma para a produção?
Apenas no sentido de que o proprietário permite que isso ocorra.
(Se isso contar, em uma monarquia absoluta onde o rei tem que
conceder aprovação individual a cada ato produtivo em seu reino, ele
também está contribuindo utilmente!)
A própria terra dá uma contribuição valiosa, mas como isso refutaria a
acusação marxista de que é uma exploração os trabalhadores não
controlarem a produção de seu trabalho? O acadêmico radical David
Schweickart argumenta em seu livro After Capitalism que a menos que
a ideia seja que algumas das colheitas produzidas pela combinação de
terra e trabalho agrícola sejam queimadas como um “sacrifício ao Deus
na Terra”, a contribuição da terra parece bastante irrelevante em
questões de distribuição.
Na mesma linha, G. A. Cohen argumenta que não importa a acusação
de exploração se os trabalhadores da indústria automobilística estão
produzindo valor diretamente ou simplesmente produzindo carros que
têm valor (e transportando os carros e vendendo-os). Na verdade, não
dar atenção às análises marxistas da exploração através de suposições
do século XIX sobre equilíbrio de preços simplifica a questão e
aperfeiçoa a analogia original de Marx entre feudalismo e capitalismo.
Tal como acontece com os camponeses feudais, os operários são
privados do controle sobre o produto, e, portanto, sobre qualquer
preço que ele alcance se a pessoa que o controla vende-lo.

➔ Análise de Gerald Allan "Jerry" Cohen sobre a falta de liberdade da


classe operária:
Esclarecendo, nem Marx nem Cohen pensavam que os trabalhadores
deveriam receber todo o produto de seu trabalho. Marx argumentava
que isso seria impraticável e errado por uma série de motivos. Um deles
seria a manutenção dos equipamentos antigos de uma fábrica. Ou a
construção de novas fábricas. E as “necessidades comuns” como
escolas e hospitais ou as necessidades de consumo daqueles que não
podem trabalhar?
O que faz com que a entrega de parte do valor produzido por
trabalhadores ou do valor das mercadorias que eles produzem seja
uma exploração é o fato de que ela é apreendida. Só que isso não
acontece num processo democrático em que os beneficiários devem
apresentar argumentos convincentes. Ela é tomada como
consequência do poder que uma classe tem sobre outra.

A verdadeira questão, então, é se a parte do valor controlada pelo


capitalista é voluntariamente entregue pelo trabalhador. Na verdade,
Cohen argumenta que se a LTV (a teoria do valor-trabalho) fosse
verdadeira, ela não faria nada para fortalecer a acusação de exploração.
Para ver por que não, vejamos uma explicação de valor simplesmente
“marginalista”, na qual o valor é produzido pelo desejo dos
consumidores. Isso de alguma forma dá aos consumidores o direito
às coisas que desejam? É claro que não. A verdadeira questão é
quem produz os bens e serviços, e se os arranjos pelos quais
esses produtos ficam sob o controle de outros capitalistas são
arranjos aceitos de livre e espontânea vontade pelos trabalhadores.
O filósofo libertário Robert Nozick argumentou que alguém só pode ser
“coagido” a fazer algo se os seus direitos de propriedade não forem
respeitados, porém Cohen argumenta em um brilhante artigo de 1983
que isso faz com que as coisas retrocedam, e não é só porque as
teorias libertárias dos direitos de propriedade sejam profundamente
implausíveis. Podemos e devemos estabelecer se algo é coercitivo
antes de nos perguntarmos se algo poderia justificar essa coerção.
Um serial killer, por exemplo, é forçado a ficar afastado da sociedade, e
isso é bom.
Também não dá para dizer que o trabalhador que não tenha uma
capacidade realista para iniciar um negócio próprio tenha ao menos
outras opções além de trabalhar para um capitalista, como, por exemplo,
“receber seguro-desemprego, mendigar ou simplesmente não se
preparar para o futuro e confiar na sorte”. Poderia-se dizer também que
uma caixa de banco que tivesse uma arma na cabeça e fosse forçada a
entregar o código do cofre não fosse realmente forçada, porque ela tinha
a opção de tentar arrancar a arma do ladrão ou dar a vida pelo banco.
Quando dizemos que alguém foi forçado a fazer algo, ressalta
Cohen, geralmente não queremos dizer que eles literalmente não
tinham outras opções, apenas que não tinham opções aceitáveis.
Cohen acha que o melhor argumento contra a afirmação de que os
trabalhadores são forçados a se submeter ao domínio dos capitalistas e,
portanto, forçados a desistir da parte do produto de seu trabalho que não
está sob seu controle, é o simples fato da mobilidade ascendente.
Alguns trabalhadores, mesmo alguns que começam em posições muito
desesperadas, acabam conseguindo chegar a uma posição mais alta na
estrutura de classes; por exemplo, abrindo seus pequenos negócios
próprios.
Mas Cohen defende um ponto crucial: é estruturalmente impossível
numa economia moderna complexa que todos sejam donos de
seus próprios pequenos negócios. Ou a força de trabalho controla
coletivamente os meios de produção ou, então, eles serão
dominados por capitalistas que podem, então, extrair o mais-
trabalho. O mais-trabalho é o trabalho que não é usado para atender
suas próprias necessidades, mas que vai para o restante da receita de
uma empresa, seja ela mantida pelos capitalistas ou reinvestida. E isso
está fora do alcance do controle dos trabalhadores.
“O capitalismo requer uma força de trabalho contratada considerável”,
escreve Cohen, “que deixaria de existir se mais do que alguns
trabalhadores ascendessem”. Isso significa que, embora existam
alguns botes salva-vidas, a classe operária está coletivamente
presa a bordo do navio do trabalho assalariado.

Ele apresenta uma analogia: Dez pessoas são colocadas em uma sala,
cuja única saída é uma porta trancada, enorme e pesada. Lá dentro da
sala, encontra-se uma única chave pesada. Quem pegar essa chave (e
todos são fisicamente capazes de fazê-lo, com diferentes graus de
esforço) e levá-la até a porta, encontrará, após considerável dedicação,
uma forma de abrir essa porta e sair da sala. Mas se essa pessoa fizer
isso, só ela poderá sair. Dispositivos fotoelétricos instalados por um
carcereiro garantem que a porta se abrirá apenas o bastante para que
só uma pessoa saia. Em seguida, ela se fecha e ninguém dentro da sala
poderá abri-la novamente.
Há um consenso de que qualquer um desses prisioneiros pode escapar.
Mas também há uma noção clara de que, coletivamente, eles não são
livres. Um prisioneiro no quarto hipotético de Cohen, como um
trabalhador sob o capitalismo, pode ser capaz de escapar
individualmente, mas não pode escapar com seus companheiros de
prisão.
A única maneira dos trabalhadores serem livres e escaparem
juntos, segundo Cohen, é alcançando um “tipo mais profundo de
liberdade”; a liberação da sociedade de classes.

Capitalismo na história do Brasil


O no Brasil, no período colonial, haveria uma conotação nítida da
violência empregada em vista do desejo e/ou ambição capitalista,
nesse sentido, o País se constrói a partir da exploração das riquezas
naturais e da mão de obra, inicialmente indígena, posteriormente
demais raças e etnias, assim, logo se tem uma raça a qual se coloca em
condições de superioridade, onde explora, escraviza e, de troco
oportuniza a estes escravizados as mazelas sociais daquele período, ou
seja, fome, misérias, doenças, violência, a exclusão social e demais.

O capitalismo mercantil, foi sempre o modo de produção e


dominação na formação social colonial. Assim, o que se via era uma
exploração de bens natural e humana, tendo em vista a já um sistema
capitalista europeu enraizado à serviço do capitalismo mercantil.
Formando assim uma sociedade de povos subordinados a uma elite
mercantil, formando grupos pobres e sem renda.

Com a abolição da Escravatura, o que se tem é uma sociedade ainda


mais dividida, é uma nova forma de subordinação, a qual, o Negro
pobre e liberto, se viu diante de um novo sistema capitalista a qual
lhes obrigava a manter vínculos semelhantes a escravidão, com
mesmos requintes de crueldade.

O crescimento econômico e ascensão social, parecia, portanto, uma


utopia à população negra, reafirmando-os a condições de pobreza e, os
colocando em situação de submissão. Destaca-se que este processo,
criar e construí ao longo da história uma massa populacional sem
grandes oportunidades e uma grande desigualdade social.

A formação social do Brasil, no que se refere a questões como exclusão


social, está enraizado no processo de formação da sociedade
brasileira, uma vez que o que se percebe, é que haveria dois lados
distintos neste sistema, um explorador a qual detinha o lucro e o capital
econômico e outro, a mão de obra, mas que tinha o mínimo valor
possível, assim, formando os grupos sociais a qual se tem até a
atualidade, pobres e ricos.

A hegemonia do capitalismo e os processos de produção do


capital, detinham a exploração da mão de obra e reafirmava,
portanto, além da divisão do trabalho a divisão de classes, trouxe a
população do campo, ou seja, da zona rural para experimentar novas
formas de vida na grande cidade, mas que se viram a um sistema que
os mantinham submissos, à condições de sobrevivência.

A miséria, portanto, constituía na falta de recursos e estruturas mínimas


para sobrevivência em dignidade, desta forma, as cidades e a sua
sociedade, via-se diante da ausência de ações do Estado e a
construção da desigualdade social cada vez mais solida, além dos
trabalhadores que mantinha o básico que por muito não era o
necessário ou suficiente, teria aqueles marginalizados.

Compreende-se que a pobreza torna o indivíduo excluído, e a exclusão


social cria um largo espaço entre este sujeito e seus direitos sociais, ou
seja, as políticas públicas e sociais, Educação, Saúde, Assistência
Social, Habitação, dentre outros. Nesse contexto, grupos
populacionais a qual a história do Brasil por si só contribui para os
seus processos de marginalização, sem a atenção do Estado,
mediante políticas públicas e sociais, cada vez mais se tornarão
imersos a exclusão social.

A Pobreza, sob uma visão de desigualdade de renda, é compreendido à


partir do desenvolvimento econômico do Brasil, onde o sistema
capitalista cumpre o dever de excluir e separar classes sociais,
assim, o que se percebe, é que a desigualdade de renda, é também a
desigualdade social, de acesso a serviços, políticas públicas e gozo de
direitos.

Música Ideologia – Cazuza


“Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito”

Existe também uma clara alusão ao sistema capitalista e à necessidade de


trocar ambições e planos pelo trabalho diário, as obrigações cotidianas, a
sobrevivência.
Música O Tempo Não Para - Cazuza
“A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para”

Se dirige à sociedade brasileira, através do uso dos pronomes possessivos


"tua" e "tuas". Uma piscina é um sinal exterior de posses, de luxo, que
contrasta com a presença de ratos, normalmente associados à sujeira, ao
esgoto. A piscina cheia de ratos parece metaforizar a vida das classes
sociais endinheiradas cujos recursos financeiros não conseguem
disfarçar a podridão, os segredos encobertos, os episódios
escandalosos.
Além das falsas aparências, menciona também as contradições e os
preconceitos. Declara que as ideias do interlocutor "não correspondem aos
fatos", que ele está enganado e a realidade não é do jeito que ele acredita.

“Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro


Transformam um país inteiro num put****
Pois assim se ganha mais dinheiro”

Tece também uma forte crítica aos governantes e ao modo como sacrificam
os interesses do país e do povo em função da ganância e das motivações
econômicas.

Governo de João Goulart


Jango tinha um discurso com apelo bem popular, por isso era apoiado pelas
classes mais pobres e por camponeses. O trabalhador rural tornou-se uma
grande preocupação de seu governo. Ao assumir o governo, em 1963,
instituiu o Estatuto do Trabalhador Rural, que garantia o registro em carteira
dos trabalhadores rurais, a regulamentação da jornada de trabalho, o
salário mínimo, o repouso semanal e as férias. A organização desses
trabalhadores teve como consequência a formulação de uma proposta de
reforma agrária, que procurava garantir o acesso à terra a milhões de
trabalhadores rurais, desapropriando as terras declaradas de necessidade
pública ou interesse social, com prévia indenização em dinheiro aos antigos
proprietários. Mas os latifundiários eram extremamente influentes na
política brasileira e não concordavam com esse projeto.

João Goulart, em seu discurso no Comício das reformas, anunciou, além da


agrária, outras reformas importantes para o brasileiro, principalmente
àquele menos favorecido. Consideradas como a base para modernizar o
capitalismo brasileiro, João Goulart propôs ampliar o direito de voto aos
cidadãos analfabetos, aos soldados, aos cabos e aos sargentos das Forças
Armadas; ampliar o monopólio da Petrobras, a fim de garantir que todos os
produtos derivados de petróleo comercializados em postos de combustíveis
também fossem produzidos pela Petrobras; nacionalizar as empresas
prestadoras de serviços públicos e a indústria farmacêutica; limitar a remessa
de lucros das empresas estrangeiras para o exterior.
Essas e outras propostas tinham por objetivo diminuir as desigualdades
sociais, mas foram interpretadas como ameaças comunistas e duramente
combatidas por setores conservadores da sociedade brasileira. A
população menos favorecida não só apoiou as reformas como também
passou a se manifestar a favor delas. O ano de 1963 registrou mais de 170
greves, que representavam o crescimento da influência do PTB e a insatisfação
popular com o aumento da inflação.
Como não haveria apoio do Congresso para aprovar essas reformas, Jango
decidiu implantá-las por meio de decretos, anunciados em grandes comícios.
Os dois primeiros foram assinados no dia 13 de março de 1964: um transferia o
controle das refinarias privadas à Petrobras, o outro determinava as áreas que
seriam desapropriadas para a reforma agrária.
Militares, empresários e membros da classe média urbana reagiram
imediatamente ao anúncio desses decretos. Temendo que eles se
tornassem uma ameaça comunista, começaram a organizar
manifestações pelo país.
No dia 19 de março, os setores mais conservadores da sociedade reagiram e
milhares de famílias saíram às ruas pedindo a saída de Jango do governo. Era
a Marcha da família com Deus pela liberdade, realizada em São Paulo. O
país vivia uma situação internamente crítica e isso agravou-se quando
começaram a circular rumores de que os militares planejavam intervir na
política e derrubar João Goulart.
A radicalização de grupos políticos se intensificou, até que no dia 31 de
março de 1964, o golpe, tantas vezes anunciado, realmente ocorreu. João
Goulart, deposto do poder pelos militares, seguiu para o exilio no Uruguai
e o Brasil passou a ser administrado pelos militares.

Trabalho análogo à escravidão


Nos últimos cinco anos, todas as instâncias da Justiça do Trabalho julgaram
10.482 processos sobre trabalho análogo à escravidão. E o número de
ações cresceu 41% entre os anos de 2020 e 2021.
Dados do MPT (ministério público do trabalho) mostram que, desde 1995, pelo
menos 57 mil trabalhadores foram resgatados no Brasil em condições análogas
à escravidão. Ainda de acordo com o MPT, em 2021, foram recebidas 1.415
denúncias sobre o trabalho escravo, aliciamento e tráfico de trabalhadores,
número 70% maior do que o registrado em 2020.

Trabalho infantil
Em 2019, o Brasil tinha 1,8 milhão de crianças e adolescentes em situação
de trabalho infantil. O número representa 4,6% desta população.
Os dados foram divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) Contínua – Trabalho das Crianças e Adolescentes, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, a operação de
tratores e máquinas agrícolas, o beneficiamento do fumo, do sisal e da cana-
de-açúcar, a extração e corte de madeira, o trabalho em pedreiras, a produção
de carvão vegetal, a construção civil, a coleta, seleção e beneficiamento de
lixo, o comércio ambulante, o trabalho doméstico e o transporte de cargas são
algumas das atividades elencadas.

Exemplos de Violação de Leis Trabalhistas


• não pagamento de horas extras;
• ambiente coercitivo (respeito aos direitos trabalhistas);
• diferença de salário;
• assédio moral.

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