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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE

DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTÁBEIS E ATUARIAIS

AMANDA YUMI YOSHIHIRO RA00334724

GIOVANNA TRIZZI RA00331941

LETÍCIA GERALDINI RA00331816

FETICHISMO DA MERCADORIA E OS IMPACTOS NA SUBJETIVIDADE


HUMANA

SÃO PAULO
2023

Introdução
O conceito de “fetichismo da mercadoria" apresentado por Karl Marx em sua obra “O
Capital" em 1867 demonstrou como as mercadorias dentro do sistema capitalista possuem
influência no comportamento das relações sociais de trabalho e, por conseguinte, em toda a
sociedade.
A esse caráter que Marx atribui ao fetichismo como crítica ao sistema capitalista, de
predominância de valores de troca, opera-se a exploração do trabalho alienado que busca a
obtenção de lucro por parte do capitalista. O fetichismo é, portanto, para Marx, um conceito-
chave à compreensão de seu pensamento crítico, e, posteriormente, de muitos outros autores.´
Síntese
Para Marx, a mercadoria possui um caráter fetichista, em que à primeira vista, a
mercadoria se apresenta como algo óbvio e trivial. Em seu valor de uso, ela apenas satisfaz
necessidades humanas por meio de suas propriedades, visto que ela recebe suas propriedades
como produto do trabalho humano.

O caráter misterioso do produto do trabalho, assim que ele assume a forma-mercadoria


surge não de seu valor de uso, mas de sua própria forma de mercadoria. Portanto, esse caráter
misterioso da forma-mercadoria consiste no fato de que ela expressa os aspectos sociais do
seu próprio trabalho como particularidades de seus próprios produtos de trabalho, como
propriedades sociais que são naturais a essas coisas. Dessa forma, os produtos do trabalho se
tornam mercadorias.

A forma-mercadoria e a sua relação de valor dos produtos do trabalho não possuem


relação com a natureza física e com as relações materiais. Ela se caracteriza apenas como uma
relação social entre coisas, determinada pelos próprios homens, e não como relações diretas
entre os indivíduos, assumindo uma forma imaginária de tal relação entre os objetos. Como a
organização coletiva de produção deixou de existir a partir da economia mercantil capitalista,
surge a necessidade do mercado para organizar a economia de produção independente.

No fetichismo, os produtos do trabalho humano, frutos da imaginação do ser humano


aparentam ser dotados de vida própria, como figuras independentes que possuem relações
entre si e entre os homens. Somente através dos trabalhos privados realizados de forma
independente uns dos outros é que os objetos se tornam mercadorias, e esse conjunto de
trabalhos privados constitui o trabalho social.

Na economia capitalista, à medida que o ser humano é coisificado e as mercadorias,


animadas, o ser humano é deslocado para o segundo plano e as mercadorias para o primeiro
plano. Assim, as mercadorias assumem um papel predominante e se tornam responsáveis por
relacionar os seres humanos, o processo de produção passa a dominar os homens e a absorver
o trabalho humano. Os homens, subordinados ao objetivo de geração de mais valor, servem
apenas como um suporte das relações de valor
Sobre o fetiche da mercadoria, Marx destaca que o modo de produção capitalista
inverte a finalidade da economia social, pois a produção deixa de ter como finalidade atender
as necessidades dos indivíduos, e passa a apenas produzir mercadorias que geram lucro de
forma a aumentar a riqueza dos capitalistas.

Reflexões

O fetichismo da mercadoria, é muitas vezes visto como um avanço para o capitalismo,


porém, por essa ideia separar o humano do que ele consome e produz, ela traz vários impactos
para a subjetividade humana. Dessa maneira, é perceptível vários pontos que impactaram
negativamente na sociedade, que podem ser vistos no filme "Tempos Modernos" de Charlie
Chaplin, um filme que trata do capitalismo, da industrialização e da vida dentro das fábricas,
com a intenção de criticar a sociedade que ele estava inserido e que persiste até hoje.

Primeiramente, no filme conseguimos ver que os trabalhadores são forçados a tarefas


desumanas dentro das empresas, sendo obrigados a produzir em massa, em que os operários
muitas vezes nem sabem o produto produzido por eles. Um exemplo disso é quando o
personagem de Chaplin continua a fazer os movimentos repetidos mesmo fora da máquina,
pois aquilo é o que ele se acostumou a fazer sempre.

Para mais, a alienação presente nos trabalhadores também é representada, já que os


operários trabalham em uma linha de produção, em que fazem parte de apenas uma parte do
trabalho, não produzem o produto inteiro, o que distancia o produtor do produto, criando a
ideia de que a mercadoria é maior que o trabalhador. Isso acontece tanto no filme, quanto na
realidade da maioria das empresas de hoje em dia, as mercadorias são produzidas em grandes
quantidades e passam por diferentes mãos, tornando o processo de produção impessoal, e
fazendo com que a ideia de que as mercadorias são algo místico, em que não se sabe quem e
como foi produzida se torne mais presente. Dessa forma, passam a dedicar a produção de
mercadorias que resultam em lucros, de modo a enriquecer os capitalistas.

Por fim, o filme destaca que as mercadorias podem ser fetichizadas, tornando menos
visível as relações sociais subjacentes e a exploração do trabalho humano.
Conclusão

Em suma, tanto a análise de Marx, quanto o filme ‘‘Tempos Modernos’’ de Chaplin


trazem como o capitalismo desumaniza a sociedade, explorando trabalhadores e colocando
em primeira mão a mercadoria. Dessa forma, é visível que embora o capitalismo e o
fetichismo da mercadoria geram riqueza, ele também traz grandes impactos na subjetividade e
dignidade humana.

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