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Efeito Estufa
Fonte : 10 em Tudo
1- Mississipi em chamas
Os deltas dos rios americanos devem ser invadidos pela ·gua salgada,
destruindo ecossistemas
2 - AmazÙnia sem chuvas
Uma desastrosa reduÁ„o da umidade nas florestas da AmÈrica do Sul È
quase certa
3 - Para o bem e o mal
As comunidades esquimÛs perder„o suas fontes de alimento no £rtico. Mas
o turismo poder· enriquecÍ-las
4 - Calor fatal
As ondas de calor podem matar milhares de pessoas nas cidades do Oriente
MÈdio, durante os verıes mais secos
5 - A guerra pela ·gua
PaÌses que beiram o Saara enfrentar„o grandes crises de abastecimento de
·gua. AlÈm das doenÁas, guerras podem surgir em torno dos mananciais
6 - Esquiar, n„o mais
As neves dos Alpes podem se reduzir em atÈ 95% atÈ 2100, afetando o
turismo e causando um desequilÌbrio nas terras baixas, que se encharcar„o
7 - Pestes tropicais
Dengue e mal·ria devem ter crescimento explosivo na £sia
8 - CemitÈrio de corais
A vida marinha ser· afetada de forma crÌtica na Austr·lia por causa do
aquecimento do oceano. Os corais podem desaparecer
9 - Ind˙strias na lama
Mais da metade das f·bricas japonesas est„o ao nÌvel do mar, sujeitas ‡
elevaÁ„o do oceano
10 - Adeus, paraÌso
Inundadas pelo mar, ilhas inteiras do PacÌfico Sul podem ter de ser
evacuadas para sempre
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QUÕMICA AMBIENTAL
EFEITO ESTUFA
Estufa
Recipiente fechado com paredes e teto, normalmente de vidro, deixando passar a radiaÁ„o solar (ondas
curtas, de grande penetraÁ„o) e retendo a radiaÁ„o infravermelha (ondas longas, de baixa penetraÁ„o), refletida
pela Terra.
… utilizada pelos jardineiros no cultivo de plantas exÛticas. Este efeito pode ser observado nos carros
expostos ao sol com as janelas fechadas.
Certos gases, especificados no prÛximo item, atuam como as paredes de vidro de uma estufa, retendo o
calor e provocando o aquecimento da superfÌcie terrestre ñ ver figura na abertura do CapÌtulo. Esse efeito estufa
natural È vital : sem ele a temperatura mÈdia da Terra que È de 15 C seria de ñ 18 C.Os constituintes mais
abundantes da atmosfera (nitrogÍnio, oxigÍnio e argÙnio) n„o participam do processo, pois n„o absorvem a
radiaÁ„o infravermelha.. Apenas os chamados gases traÁo (existem em quantidades t„o pequenas na atmosfera
que normalmente s„o assim representados) s„o considerados respons·veis pelo fenÙmeno.
ObservaÁıes :
a) Somente o CO2 È respons·vel por, aproximadamente, 50 % da composiÁ„o atual dos GEE.
b) Desses gases o CO2 È e o que tem o maior tempo de permanÍncia (ver quadro a seguir).
c) Com o aumento da populaÁ„o, acredita-se que dever· ocorrer um consider·vel aumento nos teores de
metano atmosfÈrico nos prÛximos anos. Cerca de 70% do metano atmosfÈrico provÈm de atividades
antropogÍnicas ( agrÌcolas, pastoris ou industriais).
d) Na Austr·lia, est· sendo aplicada uma vacina que age no tubo digestivo do gado, procurando reduzir em
20% as emissıes de metano por parte desses animais.
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janeiro/2005 37 S. MEDEIROS
QUÕMICA AMBIENTAL
… um fenÙmeno que provoca um aumento de temperatura na biosfera, causada pelo ac˙mulo dos GEE.
Desde o inÌcio da revoluÁ„o industrial (h· cerca de 300 anos) a concentraÁ„o de CO2 aumentou cerca de
25%. Isto deve-se, principalmente, ‡ utilizaÁ„o de petrÛleo, g·s e carv„o como combustÌveis.
Cerca de æ das emissıes anuais de CO2 de origem antropogÍnica vÍm da queima de combustÌveis
fÛsseis. O restante tem origem no extermÌnio de florestas, uma vez que elas regulam a temperatura e os regimes
de ventos e chuvas, afetando diretamente o clima do planeta.
Uma outra fonte vem ganhando import‚ncia : È a produÁ„o de cimento, quando rochas de carbonato de
c·lcio(calc·rio) s„o aquecidas para a obtenÁ„o de cal viva.
CaCO3 CaO + CO2 (reaÁ„o de pirÛlise ou calcinaÁ„o)
calc·rio cal viva
Conseq¸Íncias
A duplicaÁ„o da concentraÁ„o de CO2 aumentaria a temperatura mÈdia global entre 1,5 e 5,5 C ,
provocando : a) derretimento das calotas polares; b) aumento do nÌvel dos oceanos; c) inundaÁ„o de regiıes
baixas e litor‚neas.
TambÈm provocaria alteraÁıes significativas nas estruturas de diversos ecossistemas. Como exemplos,
citamos o fato de que algumas espÈcies animais n„o se adaptam a temperaturas elevadas e a particular
sensibilidade dos manguezais a alteraÁıes no nÌvel do mar.
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QUÕMICA AMBIENTAL
Em junho de 2002, o Jap„o ratificou o Protocolo de Kyoto e 15 paÌses da Uni„o EuropÈia apresentaram
conjuntamente sua ratificaÁ„o ‡ ONU recentemente.
A R˙ssia, no final de 2004, ratificou o Protocolo de Kyoto. Ver detalhes na p·gina 119.
Os CrÈditos de Carbono
A emiss„o per capita de CO2 nos paÌses desenvolvidos È cerca de 10 vezes maior que a observada nos
paÌses em desenvolvimento.
Como È necess·ria a aprovaÁ„o de paÌses respons·veis por 55% das emissıes totais de CO2 , em 1990, a
n„o-ratificaÁ„o dos EUA e da R˙ssia vem inviabilizando a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto .
Com isso surgiu no mundo um novo mercado, o de crÈditos de carbono, que pode gerar oportunidades
de ganhos ambiental, social, econÙmico e institucional em paÌses como o Brasil.
Reduzir a emiss„o de gases poluentes, ou criar mecanismos que os absorvam, pode ser muito mais f·cil
e barato em paÌses emergentes e tropicais (como o nosso) do que nas prÛprias naÁıes desenvolvidas E o
benefÌcio È o mesmo, uma vez que a atmosfera do planeta È uma sÛ. O processo utilizado È o seq¸estro de
carbono (captura de diÛxido de carbono da atmosfera pela fotossÌntese) e vem ocupando lugar de destaque na
pauta das discussıes ambientais.
CrÈditos de Carbono, de uma maneira simplista, s„o certificados que autorizam o direito de poluir. As
agÍncias de proteÁ„o ambiental reguladoras emitem certificados, autorizando que empresas possam emitir
toneladas de diÛxido de enxofre, monÛxido de carbono e outros gases poluentes, que ser„o negociados
posteriormente (o Point Carbon, um dos principais centros de estudos sobre o tema, estima que sÛ o mercado
anual de carbono da Uni„o EuropÈia cresÁa de 1 bilh„o de euros em 2005 para 7,4 bilhıes de euros em 2007,
sem contar o americano, o canadense e o japonÍs).
1) S„o selecionadas as ind˙strias que mais poluem no PaÌs e a partir daÌ s„o estabelecidas metas para a
reduÁ„o de suas emissıes.
2) As empresas recebem bÙnus, negoci·veis na proporÁ„o de suas responsabilidades. Cada bÙnus, quotado em
US$, equivale a uma tonelada de poluentes.
3) Quem n„o cumpre as metas de reduÁ„o progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das
empresas mais bem sucedidas.
O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleÁa seu prÛprio ritmo de adequaÁ„o ‡s
leis ambientais. Estes certificados podem ser comercializados atravÈs das Bolsas de Valores e de Mercadorias
… preciso saber , porÈm, que os projetos s„o arriscados, precisam ter escala e sua implantaÁ„o e
manutenÁ„o s„o dispendiosas. AlÈm disso, s„o os paÌses desenvolvidos, na condiÁ„o de compradores dos
crÈditos, que ditam os preÁos ñ È de US$ 5 por tonelada de carbono equivalente o preÁo mÈdio praticado hoje .
UM EXEMPLO CONCRETO
A Inglaterra , adoraria trocar sua matriz energÈtica poluidora, ‡ base de carv„o mineral (combustÌvel
fÛssil que, uma vez queimado, fica na atmosfera na forma de CO2) pelo carv„o vegetal, que È renov·vel( uma
nova ·rvore pode ser plantada no lugar daquela que deu origem ao carv„o, absorvendo o CO2 pela fotossÌntese).
A Inglaterra, assim como outros paÌses com histÛrico poluidor, pertencentes ao grupo chamado de
Anexo 1, precisa cumprir metas para a reduÁ„o da emiss„o de gases. Se n„o cumpri-las, ter· penalidades a pagar.
Em seu territÛrio, entretanto, n„o h· florestas suficientes de onde retirar carv„o vegetal.
E trocar sua matriz por alternativas solares e eÛlicas seria invi·vel economicamente.
O Brasil tem florestas de eucalipto e pinus, È capaz de gerar energia a partir do bagaÁo de cana, dos
ventos, do sol e do g·s metano que sai dos aterros sanit·rios. Ent„o, os paÌses Anexo 1 podem cumprir metas de
reduÁ„o de carbono ao financiar, no Brasil, projetos de produÁ„o alimentados por energia limpa. Esse
financiamento se d· pela compra de crÈditos de carbono gerados em paÌses em desenvolvimento como o nosso.
Esse processo È chamado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), ou Clean Development Mechanism
(CDM), proposto pela representaÁ„o brasileira, em conjunto com os Estados Unidos, ao ComitÍ Executivo das
NaÁıes Unidas que cuida da quest„o de mudanÁas clim·ticas. O MDL foi criado para ser adotado em paÌses em
desenvolvimento e menos poluidores, pertencentes ao grupo chamado de N„o-Anexo 1.
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QUÕMICA AMBIENTAL
O primeiro programa brasileiro, com resultados concretos, È o que est· sendo implementado no Centro
de Pesquisa CanguÁu na Ilha do Bananal. Outras experiÍncias em andamento s„o o da Central & South West
Corporation (CSW), segunda maior concession·ria de energia elÈtrica americana e o da montadora francesa
Peugeot, que desenvolvem programas no Paran· e no Mato Grosso, respectivamente.
Reflita !
Fonte : RelatÛrio do Pnuma (Programa das NaÁıes Unidas para o Meio Ambiente)
( * ) As naÁıes praticam o desenvolvimento sustentado, respeitam os tratados antipoluiÁ„o e todos reciclam o lixo.
(**) A economia segue as regras de mercado e a maior parte do lixo n„o È reciclado.
A onda de calor que devasta a Europa desde o inÌcio do ver„o provocou um estrago sem
precedentes. Pelo menos trÍs mil franceses, principalmente idosos, sucumbiram ‡s temperaturas
superiores a 40 C. A situaÁ„o caÛtica levou ‡ demiss„o do diretor da sa˙de na FranÁa, Lucien
Abenhaim, depois da enxurrada de crÌticas e da hipÛtese de que o saldo real de mortos esteja perto
dos cinco mil. O calor alterou o dia-a-dia dos europeus. Houve quem se despisse do pudor e
apelasse aos banhos p˙blicos. Foi assim em Paris, a capital da eleg‚ncia, na Espanha, na It·lia e na
Alemanha ...
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QUÕMICA AMBIENTAL
02 . (UF-MG/97) A queima de combustÌveis fÛsseis nos veÌculos automotores e nas ind˙strias e as grandes
queimadas nas regiıes de florestas tropicais s„o duas das principais causas do aumento da concentraÁ„o de
diÛxido de carbono na atmosfera. Esse aumento ñ cerca de 11% nos ˙ltimos trinta anos - contribui para a
elevaÁ„o da temperatura mÈdia do globo terrestre, atravÈs do efeito estufa.
Desse ponto de vista, o uso do ·lcool como combustÌvel em automÛveis È interessante, porque n„o contribui, de
forma permanente, para o aumento da concentraÁ„o atmosfÈrica de diÛxido de carbono.
A alternativa que melhor explica essa vantagem do uso do ·lcool etÌlico È:
I - O fenÙmeno, chamado de efeito estufa, ocorre naturalmente na Terra, mas tem sido agravado pela aÁ„o
humana.
II - A liberaÁ„o de g·s carbÙnico e metano na atmosfera È o que mais tem contribuÌdo para o aquecimento do
planeta.
III ñ O problema aumentou apÛs a revoluÁ„o industrial ( h· cerca de 300 anos), com a queima exagerada de
combustÌveis fÛsseis.
04. (UNESF-PE/2000) O CO2 tem sido considerado o principal respons·vel pelo efeito estufa, que tem
contribuÌdo para aumentar significativamente a temperatura mÈdia da Terra. Qual dos processos a seguir N O
produz CO2 ?
a) queimadas na AmazÙnia
b) respiraÁ„o dos animais
c) decomposiÁ„o da matÈria org‚nica
d)queima de combustÌveis fÛsseis
e) fotossÌntese dos vegetais
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QUÕMICA AMBIENTAL
05 . (UNESF-2001) ì ëSomos o maior poluidor do mundo, mas se for preciso, vamos poluir ainda mais para
evitar uma recess„o na economia americana ë. George Bush, presidente dos EUA, que se recusou a assinar o
Protocolo de Kyoto... Os EUA s„o respons·veis por 25% do CO2 despejado na atmosfera e teriam que
cortar 7% das emissıes...î Revista ISTO…,11/04/01
O ac˙mulo de CO2 na atmosfera produz um fenÙmeno conhecido como efeito estufa, sobre o qual È
INCORRETO afirmar :
a) A temperatura mÈdia da Terra - em torno de 15 C - pode ser explicada atravÈs de um efeito estufa natural.
b) O uso de combustÌveis como o g·s natural e o etanol, no lugar de gasolina e Ûleo diesel, contribuiria para
reduzir o ac˙mulo de CO2 na atmosfera.
c) As queimadas e desmatamentos agravam o efeito estufa.
d) Os projetos chamados de ì seq¸estro de carbono ì ñ processo de fotossÌntese de absorÁ„o de carbono e a
emiss„o de oxigÍnio pelas ·rvores ñ podem agravar o efeito estufa.
e) O agravamento do efeito estufa natural se deu apÛs a RevoluÁ„o Industrial, no sÈculo XVIII.
06 . (FUVEST-SP/1998) O agravamento do efeito estufa pode estar sendo provocado pelo aumento da
concentraÁ„o de certos gases na atmosfera, principalmente do g·s carbÙnico. Dentre as seguintes reaÁıes
quÌmicas:
a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) II e IV
07 . (FGV-SP/1997) Qual dos seguintes compostos n„o contribui com a tendÍncia de aquecimento global do
planeta Terra?
08 . (FATEC-SP/1998) No Estado de Roraima, a forte seca provocou um incÍndio que assustou o mundo.
Durante a queimada, o ar atmosfÈrico local sofreu um aumento na concentraÁ„o de
A intensificaÁ„o do efeito estufa, que pode vir a comprometer seriamente o clima do planeta, est· relacionada
com
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CapÌtulo 5
Chuva £cida
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QUÕMICA AMBIENTAL
CHUVA £CIDA
IntroduÁ„o
Esta È uma forma de contaminaÁ„o atmosfÈrica que ainda causa grandes controvÈrsias devido aos extensos
danos ao meio ambiente que lhe s„o atribuÌdos . Embora haja evidÍncias que, no sÈculo XVII, cientistas notaram
os efeitos que a ind˙stria e a poluiÁ„o ·cida j· estavam causando, a sua imensa capacidade destrutiva sÛ se tornou
evidente nas ˙ltimas dÈcadas, principalmente apÛs estudos realizados no norte da Europa. Forma-se quando
Ûxidos de enxofre e nitrogÍnio se combinam com o vapor dí ·gua da atmosfera gerando os ·cidos sulf˙rico e
nÌtrico, que podem ser conduzidos pelas correntes de ar a grandes dist‚ncias , antes de se depositarem em forma
de chuva.
O uso original da express„o chuva ·cida È atribuÌdo a um quÌmico e climatologista inglÍs, Robert Angus
Smith, que, em 1872, publicou o livro Rain Acid, descrevendo a poluiÁ„o em Manchester, Inglaterra. A nÌvel
mundial, porÈm, o despertar do problema sÛ aconteceu a partir da dÈcada de 1950, quando diversos ecossistemas
(lagos e florestas, principalmente) j· estavam seriamente comprometidos. Esta percepÁ„o tardia deve-se ao fato de
que os ambientes naturais possuem um longo tempo de resposta a agressıes como a acidificaÁ„o.
A ·gua e o solo possuem a capacidade de neutralizar adiÁıes de ·cidos e bases, e sÛ depois de esgotada esta
capacidade È que o pH destes ambientes sofre mudanÁas bruscas e acentuadas.
A Escala de pH
A escala de pH foi criada pelo quÌmico dinamarquÍs Peter Lauritz Sˆrensen em 1909 e se constitui na
forma mais usada para indicar o grau de acidez ou alcalinidade de uma soluÁ„o. Ela varia de 0 (muito ·cida) a
14 (muito alcalina), sendo 7 o ponto neutro(·gua pura e soluÁıes neutras) ; isto definido para a temperatura
ambiente (25 C).
A forma mais usual de se medir o pH de uma soluÁ„o È atravÈs do Papel Indicador Universal .
pH 0 7 14
acidez
alcalinidade
A ·gua da chuva n„o È completamente pura .Em geral, est„o presentes espÈcies (nas suas formas
iÙnicas), tais como : sÛdio, c·lcio, magnÈsio, pot·ssio , cloreto, sulfato, amÙnio e nitrato , que provocam
alteraÁ„o no seu pH.
AlÈm disso, o g·s carbÙnico (CO2) atmosfÈrico dissolve-se nas nuvens e na chuva para formar um ·cido
fraco: o ·cido carbÙnico (H2CO3).
Convencionalmente, È considerada como chuva ·cida natural aquela que apresenta valores de pH
maiores que 5,6 ñ ou seja , a ·gua de chuva pode ser classificada como ligeiramente ·cida .
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QUÕMICA AMBIENTAL
FenÙmenos naturais, como as erupÁıes de vulcıes e processos biolÛgicos produzidos por alguns tipos
de microorganismos podem aumentar a acidez das chuvas . Os oceanos e os litorais formados de p‚ntanos
salgados e manguezais s„o fontes significativas de liberaÁ„o de compostos ·cidos para a atmosfera.
Valores de pH inferiores a 5,6 indicam freq¸entemente que a chuva encontra-se poluÌda com ·cidos
fortes como o ·cido sulf˙rico (H2SO4) e o ·cido nÌtrico (HNO3) e, eventualmente, com outros tipos de ·cidos
como o clorÌdrico (HCl) e os ·cidos org‚nicos.
Da queima de combustÌveis fÛsseis, como o carv„o e o petrÛleo provÈm a maior parte da poluiÁ„o do ar.
Os dois mais importantes subprodutos da queima desses combustÌveis s„o enxofre e nitrogÍnio, que gerar„o
diÛxido de enxofre e Ûxidos de nitrogÍnio .
Os motores de veÌculos produzem Ûxidos de nitrogÍnio e , conseq¸entemente, tambÈm contribuem para
a formaÁ„o de chuvas ·cidas.
As reaÁıes podem ser representadas, de forma simplificada, pelas equaÁıes abaixo :
Numa vis„o mais complexa ,podemos dizer que os ·cidos sulf˙rico e nÌtrico s„o formados na atmosfera
atravÈs da oxidaÁ„o fotoquÌmica dos gases SO2, NO e NO2 com radicais livres (principalmente o radical
hidroxila -OH ) ou atravÈs da oxidaÁ„o destes gases ·cidos com o perÛxido de hidrogÍnio (H2O2), com o ozÙnio
(O3) ou com o oxigÍnio dissolvido no interior das nuvens, neblinas e na chuva, neste ˙ltimo caso, uma reaÁ„o
catalisada por espÈcies como Mn2+ , Fe2+ e Fe3+.
A ·gua e o solo tÍm capacidade de neutralizar adiÁıes de ·cidos e bases atÈ um certo limite . SÛ depois que
ele È ultrapassado, o pH destes ambientes sofre mudanÁas bruscas e acentuadas.
Apesar do termo chuva ·cida ter-se generalizado, a tendÍncia atual È us·-lo apenas para as deposiÁıes
˙midas dos compostos ·cidos.
A deposiÁ„o de poluentes ·cidos gasosos e particulados È chamada de " precipitaÁ„o / (deposiÁ„o)
seca (·cida)" e inclui a parte da poluiÁ„o que se precipita ao solo antes de ser absorvida pela umidade do ar.
Deposita-se nas ·rvores, edifÌcios e lagos, geralmente na ·rea onde foi produzida.
A parte da poluiÁ„o que n„o sofre precipitaÁ„o seca pode permanecer no ar por mais de uma semana,
sendo transportada pelo vento a longas dist‚ncias (o diÛxido de enxofre e os Ûxidos de nitrogÍnio podem ser
transportados atÈ cerca de 3.000 km ), dependendo da altura das chaminÈs das f·bricas, da freq¸Íncia das
chuvas, das condiÁıes da atmosfera, da presenÁa de catalisadores e outros fatores que afetam a eficiÍncia das
reaÁıes. A exportaÁ„o das chuvas ·cidas para regiıes n„o produtoras de poluiÁ„o foi a causa imediata para que o
problema fosse avaliado a nÌvel internacional.
Durante esse perÌodo as subst‚ncias quÌmicas (dos subprodutos) reagem com o vapor dí·gua na
atmosfera transformando-os nos ·cidos sulf˙rico e nÌtrico diluÌdos.
Conseq¸Íncias
5) Nos monumentos : os de m·rmore e pedra calc·ria s„o os mais atingidos (ver figura na abertura do
CapÌtulo).
6) Na sa˙de humana : partÌculas ·cidas v„o se acumulando no organismo . Um pH baixo favorece a mobilidade
de espÈcies met·licas, o que pode aumentar o nÌvel de metais tÛxicos, como alumÌnio, manganÍs, c·dmio e
merc˙rio. Regiıes onde foram relatados aumentos nas concentraÁıes de diÛxido de enxofre e Ûxidos de
nitrogÍnio registraram elevaÁıes de enfermidades respiratÛrias, especialmente em crianÁas.
Calagem È a adiÁ„o de calc·rio moÌdo - o CaCO3 possui aÁ„o anti·cida - e È capaz de reduzir a acidez
quando aplicado em lagos, rios ou solos.
… usada com mais freq¸Íncia na diminuiÁ„o da acidez de lagos. O pH considerado ideal para um lago È
em torno de 6,5. A quantidade necess·ria para corrigir a acidez varia de acordo com o tamanho e o grau de
acidez do lago. Estima-se que s„o necess·rias cerca de 4 toneladas por hectare para elevar o pH de 5,5 para 6,5.
Plantas e animais podem retornar imediatamente ao lago, apÛs a aplicaÁ„o. Os peixes podem se
reproduzir com Íxito, pois os metais tÛxicos ficam depositados no fundo do lago, afetando porÈm as espÈcies
que aÌ vivem.
Manter lagos em condiÁıes favor·veis , principalmente em regiıes remotas, leva tempo e È muito
dispendioso. AlÈm do que , n„o se ataca o problema na sua origem.
A calagem deve ser repetida em intervalos de dois a cinco anos.
PrevenÁ„o
O conhecimento das causas e efeitos da chuva ·cida j· foram alcanÁados h· algum tempo, porÈm as
providÍncias tomadas pelos governos s„o recentes e sÛ agora controles mais rÌgidos da poluiÁ„o de diÛxido de
enxofre est„o sendo realizados. J· a poluiÁ„o de Ûxidos de nitrogÍnio tem previs„o de aumento nos prÛximos
anos.
Como j· foi dito, a solubilidade de metais potencialmente tÛxicos para os seres vivos, entre eles o
alumÌnio, o manganÍs e o c·dmio depende do pH, aumentando rapidamente com a diminuiÁ„o do pH do solo.
O alumÌnio , por exemplo, È fitotÛxico : causa prejuÌzos ao sistema de raÌzes, diminuindo a capacidade
das plantas para absorver os nutrientes e a ·gua do solo, afetando o crescimento das sementes e a decomposiÁ„o
do folhedo, alÈm de interagir com os ·cidos , aumentando o prejuÌzo ‡s plantas e aos ecossistemas aqu·ticos.
Ocorre tambÈm o desmatamento : duas ou trÍs ·rvores morrem atingidas pela chuva (na realidade, a
chuva ·cida provocar· o enfraquecimento da ·rvore, matando as suas folhas, limitando os nutrientes
necess·rios ou envenenando o solo com subst‚ncias tÛxicas) , e como elas fazem parte de um sistema de
utilizaÁ„o m˙tua, outras ·rvores terminam sendo atingidas, terminando por formar uma clareira. Essas reaÁıes
podem destruir florestas.
Na agricultura a chuva ·cida afeta as plantaÁıes de maneira similar, sÛ que bem mais rapidamente, uma
vez que as plantas s„o do mesmo tamanho, tendo assim mais ·reas atingidas.
Na ·gua, a chuva ·cida tem efeitos devastadores : um lago ou uma represa acidificados parecem
limpos e cristalinos, mas praticamente n„o contÈm vida. A acidez da ·gua e sua influÍncia na solubilizaÁ„o e na
mobilizaÁ„o de metais tÛxicos comprometem toda a vida aqu·tica.
Normalmente, quando o pH da ·gua se aproxima de 6,0 algumas espÈcies de crust·ceos, insetos e
pl‚nctons comeÁam a desaparecer. Num pH perto de 5,0, acontecem variaÁıes mais significativas na
comunidade planctÙnica : algumas espÈcies de musgos e pl‚nctons comeÁam a proliferar,iniciando-se uma
crescente perda de algumas populaÁıes de peixes com menor toler‚ncia ‡ acidez. Quando o pH fica abaixo de
5,0, a ·gua j· est· praticamente desprovida de peixes e o fundo do lago fica recoberto com detritos org‚nicos,
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QUÕMICA AMBIENTAL
uma vez que as bactÈrias ,em ambientes ·cidos, tÍm suas funÁıes prejudicadas , provocando uma reduÁ„o na
taxa de decomposiÁ„o de matÈria org‚nica e um conseq¸ente aumento de detritos na ·gua.
As subst‚ncias tÛxicas, conduzidas ou produzidas, contribuir„o para o envenenamento dos peixes.
Reflita !
POLUI« O EXPORTADA
Em Juiz de Fora-MG, de 1983 a 1985, foi realizada uma pesquisa que mostrava que, j·
naquela Època, o Campus Universit·rio da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) estava
recebendo precipitaÁıes ·cidas. Juiz de Fora fica a 125 km do Rio de Janeiro, a 215 km de Belo
Horizonte e a 378 km de S„o Paulo, grandes centros industriais que devem ter ìexportadoî seus
poluentes.
Quase metade da precipitaÁ„o ·cida que cai no sudeste do Canad· est· relacionada ‡
atividade industrial de 7 estados americanos.
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, em torno de 35% dos ecossistemas europeus j·
encontram-se seriamente alterados, o mesmo acontecendo com cerca de 50% das florestas alem„s e
holandesas.
No Brasil, as chuvas ·cidas afetam principalmente Cubat„o (S„o Paulo), a Mata Atl‚ntica e
Candiota, municÌpio situado ao sul do Rio Grande do Sul, a 400 km de Porto Alegre.
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QUÕMICA AMBIENTAL
a) 1 e 2 b) 4 e 5 c) 7 e 8 d) 10 e 11 e) 13 e 14
02 . (FEI-SP/1994) Despejos de resÌduos gasosos nas ·reas industriais, as queimadas, a combust„o de carv„o e
derivados do petrÛleo, liberam fumaÁa contendo poluentes como Ûxidos de nitrogÍnio e de enxofre que sob a
aÁ„o da ·gua formam ·cidos, caracterizando:
04. (UFViÁosa-MG/1996) A chuva ·cida, grave problema ecolÛgico, principalmente em regiıes industrializadas,
È o resultado de reaÁıes de gases liberados na atmosfera, produzindo ·cidos. O Ûxido que pode estar relacionado
com a formaÁ„o da chuva ·cida È:
05. (VUNESP-SP/1998) Quando os gases NO2 e SO3 entram em contato com a umidade do ar, originam um
efeito de poluiÁ„o conhecido como "chuva ·cida". Isto ocorre porque se formam
06 . (FAAP-SP/1997 adaptada) Numa ·rea industrial, as chaminÈs das f·bricas soltam para a atmosfera diversos
gases e fumaÁas. Das misturas a seguir, a mais nociva È:
07 . (ITA-SP/1998 -adaptada) Em qual das regiıes a seguir discriminadas existe maior possibilidade de
ocorrÍncia de chuvas ·cidas ?
a) Deserto do Saara
b) Regi„o onde se usa muito carv„o fÛssil como combustÌvel
c) Regi„o onde sÛ se usa etanol como combustÌvel
d) Floresta AmazÙnica
e) Oceano Atl‚ntico no HemisfÈrio Sul
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QUÕMICA AMBIENTAL
a) Os ventos marinhos, carreando aerossol de cloreto de sÛdio, depositam-no sobre os monumentos, facilitando
a solubilizaÁ„o do CaCO3, constituinte do m·rmore.
b) A chuva ·cida, que È produto da poluiÁ„o do ar por monÛxido de carbono, ataca o carbonato de c·lcio.
c) O ozona, um poluente secund·rio, pertencente ao grupo dos oxidantes fotoquÌmicos, e formado pela reaÁ„o
entre Ûxidos e oxigÍnio do ar, atua nos monumentos histÛricos, da mesma forma que nos animais, nos quais
produz envelhecimento precoce.
d) O m·rmore È fundamentalmente NaNO3, que, embora pouco sol˙vel em ·gua, acaba danificado pelas
intensas chuvas ocorridas ao longo de milÍnios, acelerando-se progressivamente o desgaste em virtude de
caracterÌsticos do processo de eros„o hÌdrica.
e) A aÁ„o corrosiva È exercida pelo ·cido sulf˙rico formado pela interaÁ„o entre SO2 (oriundo do uso de
combustÌveis fÛsseis, ricos em derivados de enxofre), o oxigÍnio do ar e a umidade.
I. as chuvas ·cidas poderiam causar a diminuiÁ„o do pH da ·gua de um lago, o que acarretaria a morte de
algumas espÈcies, rompendo a cadeia alimentar.
II. as chuvas ·cidas poderiam provocar acidificaÁ„o do solo, o que prejudicaria o crescimento de certos
vegetais.
III. as chuvas ·cidas causam danos se apresentarem valor de pH maior que o da ·gua destilada.
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janeiro/2005 48 S. MEDEIROS