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Efeito estufa

Efeito estufa é um fenômeno natural essencial para a existência de vida


na Terra. No entanto, atividades humanas têm agravado esse fenômeno,
provocando inúmeros problemas ambientais.
O agravamento do efeito estufa é provocado pela emissão de gases
provenientes, principalmente, da ação humana.
O efeito estufa é um fenômeno natural de extrema importância para a
existência de vida na Terra. É responsável por manter as temperaturas
médias globais, evitando que haja grande amplitude térmica e possibilitando o
desenvolvimento dos seres vivos.
Esse fenômeno, no entanto, tem sido agravado pela ação antrópica, que
tem elevado as emissões de gases de efeito estufa à atmosfera, provocando
alterações climáticas em todo o planeta. Essa grande concentração de gases
dificulta que o calor seja devolvido ao espaço, aumentando,
consequentemente, as temperaturas do planeta.

Como funciona o efeito estufa?

Em decorrência da grande concentração de gases de efeito estufa na


atmosfera, a energia solar refletida pela superfície encontra dificuldades para
dispersar-se no espaço, ficando aprisionada.
O Sol emite calor à Terra. Parte desse calor é absorvida pela superfície
terrestre e pelos oceanos, outra parte é devolvida ao espaço. Contudo, uma
parcela da radiação solar irradiada pela superfície fica retida na atmosfera em
decorrência da presença de gases de efeito estufa, que impedem que esse
calor seja devolvido totalmente ao espaço. Dessa forma, mantém-se o
equilíbrio energético e evitam-se grandes amplitudes térmicas.
Para exemplificar melhor, imagine um carro estacionado em um dia
bastante ensolarado. Os raios solares atravessam os vidros e aquecem o
interior do veículo. O calor tende a ser devolvido para fora do carro, saindo pelo
vidro, contudo encontra dificuldades. Assim, parte do calor fica retido no interior
do carro, mantendo-o aquecido.
Fazendo uma analogia, os gases de efeito estufa presentes na
atmosfera funcionam como o vidro do carro, permitindo a entrada da radiação
solar e dificultando que toda ela seja devolvida ao espaço.

Gases de efeito estufa

Existem quatro principais gases de efeito estufa. São eles:

É o gás de maior abundância na atmosfera.


A queima de combustíveis fósseis é uma das principais atividades responsáveis
Dióxido de
por emitir esse gás.
carbono
Desde a era industrial, a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera
aumentou, aproximadamente, 35%.

É o segundo gás que mais contribui para o aumento das temperaturas globais,

com poder 21 vezes maior que o dióxido de carbono. Aproximadamente 60% da


Gás
emissão de metano provém de ações humanas ligadas a aterros sanitários e
metano
lixões.

Além disso, é eliminado por meio da digestão de ruminantes.

Pode ser emitido à atmosfera por meio de bactérias no solo ou no oceano.

Óxido Atividades agrícolas, como uso de fertilizantes nitrogenados, também são fontes

nitroso desse gás. O óxido nitroso pode colaborar cerca de 298 vezes mais que o

dióxido de carbono para o aumento das temperaturas.

Gases Os gases fluoretados são produzidos pelo homem a fim de atender às


fluoretados necessidades industriais. São exemplos desses gases: hidrofluorcarbonetos,
usados em sistemas de aquecimento e refrigeração; hexafluoreto de enxofre,
usado na indústria eletrônica; perfluorcarbono, emitido na produção de
alumínio; e os clorofluorcarbonos (CFCs), responsáveis pela destruição da
 camada de ozônio.

Bastante presente na atmosfera, é responsável por mais da metade do efeito


estufa.
Vapor
d'água O vapor d'água capta o calor irradiado pela superfície terrestre, distribuindo-o

para todas as direções e aquecendo a superfície.

Causas do efeito estufa


Nas últimas décadas, houve um aumento considerável da emissão de
gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, intensificando o efeito estufa.

A alta concentração desses gases está relacionada, principalmente, às


atividades industriais, realizadas, muitas vezes, por meio da queima de
combustíveis fósseis. Além disso, o crescimento da produção agrícola,
do desmatamento e do uso dos transportes também são responsáveis pela
intensificação da emissão de gases.

Efeito estufa e aquecimento global


O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera tem
provocado mudanças irreversíveis na dinâmica climática do planeta. De acordo
com dados do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, a
temperatura da Terra aumentou cerca de 0,85ºC nos continentes e 0,55ºC nos
oceanos em um período de cem anos.

Quanto mais gases de efeito estufa são emitidos à atmosfera, mais o


calor irradiado encontra dificuldades para dispersar-se no espaço, provocando
o aumento anormal das temperaturas e reafirmando a teoria do aquecimento
global.

É importante dizer, no entanto, que a relação entre efeito estufa e


aquecimento global não é unânime entre os estudiosos e as pessoas em geral.
Parte da população e da comunidade científica não acredita que o aumento
dos gases tem provocado a elevação das temperaturas, argumentando que o
aquecimento elevado é apenas uma fase de variação da dinâmica climática da
Terra.
As indústrias são as principais responsáveis pela emissão de gases de efeito
estufa à atmosfera, causando o aquecimento global.

Consequências do efeito estufa

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, são


consequências do efeito estufa:

1. Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.

2. Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as colheitas


e a pesca.

3. Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.

4. Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do mar,


provocando também ondas migratórias.

5. Escassez de água em algumas regiões.

6. Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.

7. Riscos de conflitos em decorrência da escassez de recursos


naturais.

8. Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.

9. Previsão de aumento da temperatura em 2ºC até 2100,


comparado ao período pré-industrial (1850 a 1900).

O derretimento das calotas polares e o consequente aumento do nível do


mar são consequências do efeito estufa.

Como evitar o efeito estufa?


Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, entre
os anos de 2010 e 2050, a emissão de gases de efeito estufa deve ser
reduzida de 40% a 70%. Para isso, os países devem estabelecer metas de
redução da emissão desses gases.

Uma das possibilidades, que já é realidade em alguns países, é o uso


de fontes alternativas de energia, renováveis e limpas, substituindo o uso de
combustíveis fósseis. Além disso, ações cotidianas podem colaborar para
conter o efeito estufa, por exemplo:
→ Reduzir a utilização de transportes em pequenos trajetos.

→ Optar pelo uso de bicicletas ou de transporte coletivo.

→ Usar produtos biodegradáveis.

→ Incentivar a coleta seletiva.

Mudanças climáticas: os efeitos alarmantes sobre o mundo hoje,


segundo novo relatório da ONU
Aquecimento causado por humanos causou danos irreparáveis à Terra
que podem piorar nas próximas décadas
O impacto adverso da humanidade sobre o clima é a "constatação
de um fato", declaram cientistas da Organização das Nações Unidas
(ONU) em um estudo histórico.
O relatório diz que as emissões contínuas de gases do efeito estufa
podem romper um importante limite de temperatura em pouco mais de uma
década.
Os autores também mostram que um aumento do nível do mar de cerca
de dois metros até o final deste século "não pode ser descartado".
Mas há uma nova esperança de que reduções profundas nas emissões
de gases de efeito estufa possam estabilizar o aumento das temperaturas.
Essa avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) está em um documento de 42 páginas conhecido como
Sumário para os Formuladores de Políticas.
É o primeiro de uma série de relatórios que serão publicados nos
próximos meses. Também é a primeira grande revisão da ciência das
mudanças climáticas desde 2013.
Seu lançamento ocorre menos de três meses antes de uma importante
cúpula do clima em Glasgow, na Escócia: a COP-26.
"O Relatório do Grupo de Trabalho 1 do IPCC de hoje é um 'alerta
vermelho' para a humanidade", disse o secretário-geral da ONU, António
Guterres.
"Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas,
como o relatório de hoje deixa claro, não há tempo para delongas e nem
espaço para desculpas. Conto com os líderes do governo e todas as partes
interessadas para garantir que a COP-26 seja um sucesso."
Em um tom forte e seguro, o documento do IPCC afirma "é inequívoco
que a influência humana aqueceu a atmosfera, os oceanos e o solo".
De acordo com um dos autores do relatório, o professor Ed Hawkins, da
University of Reading, no Reino Unido, os cientistas não podiam ser mais
claros neste ponto.
"É uma constatação de um fato, não tem como ter mais certeza. É
inequívoco e indiscutível que os humanos estão esquentando o planeta."
Legenda da foto,

O relatório aponta que incêndios florestais devem aumentar em muitas


regiões; na foto, um incêndio no norte da Inglaterra, em 2018
"Usando termos esportivos, pode-se dizer que a atmosfera foi exposta
ao doping, o que significa que começamos a observar extremos com mais
frequência do que antes", disse Petteri Taalas, secretário-geral da Organização
Meteorológica Mundial.
Os autores dizem que desde 1970, as temperaturas da superfície global
aumentaram mais rápido do que em qualquer outro período de 50 anos nos
últimos 2 mil anos.
Esse aquecimento "já está causando muitos extremos climáticos em
todas as regiões do globo".
Quer sejam ondas de calor como as vistas recentemente na Grécia e no
oeste da América do Norte, ou inundações como as da Alemanha e da China,
"sua atribuição à influência humana se fortaleceu" na última década.

Fatos-chave do relatório do IPCC

 A temperatura da superfície global foi 1,09ºC mais alta na década


entre 2011-2020 do que entre 1850-1900
 Os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados desde
1850
 A recente taxa de aumento do nível do mar quase triplicou em
comparação com o período entre 1901-1971
 A influência humana é "muito provavelmente" (90%) o principal
impulsionador do derretimento global das geleiras desde a década de 1990 e
da diminuição do gelo marinho do Ártico
 É "praticamente certo" que extremos de calor, incluindo ondas de
calor, tornaram-se mais frequentes e mais intensos desde a década de 1950,
enquanto os eventos frios se tornaram menos frequentes e menos graves.

O novo relatório também deixa claro que o aquecimento que


experimentamos até agora provocou mudanças irreversíveis em escalas de
tempo de séculos a milênios em muitos de nossos sistemas de suporte
planetários.
Os oceanos continuarão a aquecer e se tornar mais ácidos. As geleiras
montanhosas e polares continuarão derretendo por décadas ou séculos.
"As consequências continuarão a piorar a cada pequeno aquecimento",
diz Hawkins.
"E para muitas dessas consequências, não há como voltar atrás."
Quando se trata do aumento do nível do mar, os cientistas modelaram
uma faixa provável para diferentes níveis de emissões.
Mas um aumento de cerca de dois metros até o final deste século não
pode ser descartado. Nem mesmo um aumento de cinco metros até 2150.
Inundações recentes no centro da China causaram muitas mortes
Esses resultados, embora improváveis, ameaçariam com inundações
muitos milhões a mais de pessoas nas áreas costeiras até 2100.
Um aspecto fundamental do relatório é a taxa esperada de aumento da
temperatura e o que isso significa para a segurança da humanidade.
Quase todas as nações da Terra assinaram os objetivos do Acordo
climático de Paris em 2015, inclusive o Brasil.
Este pacto visa a manter o aumento das temperaturas globais bem
abaixo de 2°C neste século e buscar esforços para mantê-lo abaixo de 1,5 °C.
O novo relatório diz que em todos os cenários de emissões
considerados pelos cientistas, ambas as metas serão descumpridas neste
século a menos que grandes reduções de emissões de carbono ocorram.
Os autores acreditam que um aumento de 1,5ºC será alcançado até
2040 em todos os cenários. Se as emissões não forem reduzidas nos próximos
anos, isso acontecerá ainda mais cedo.
Manifestantes pedem ação por parte dos políticos antes da cúpula do
clima em novembro que acontecerá em Glasgow, na Escócia
Isso foi previsto no relatório especial do IPCC em 2018 e este novo
estudo agora o confirma a previsão.
"Alcançaremos um grau e meio [de aumento] anualmente muito antes.
Já atingimos durante dois meses no El Niño em 2016", disse o professor Malte
Meinshausen, um dos autores do relatório do IPCC da Universidade de
Melbourne, na Austrália.
"A melhor estimativa do novo relatório é que isso aconteça em meados
de 2034, mas a incerteza é enorme e varia entre agora e nunca."
As consequências de superar 1,5 ° C num período de anos seriam
indesejáveis. O mundo já experimentou um rápido aumento em eventos
extremos por causa de um aumento de temperatura de 1,1° C desde os tempos
pré-industriais.

O que é o IPCC?
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas é um órgão da
ONU criado em 1988 para avaliar a ciência em torno das mudanças climáticas.
O grupo fornece aos governos informações científicas que eles podem
usar para desenvolver políticas sobre o aquecimento global.
O primeiro de seus relatórios de avaliação abrangentes sobre as
mudanças climáticas foi lançado em 1992. O sexto desta série será dividido em
quatro volumes. O novo relatório - de cientistas do Grupo de Trabalho 1 do
IPCC - é o primeiro desses volumes a ser lançado.

"Veremos ondas de calor ainda mais intensas e frequentes", disse outro


dos autores do relatório do IPCC, Friederike Otto, da Universidade de Oxford,
no Reino Unido.
"Também veremos um aumento nos eventos de fortes chuvas em escala
global, além de mais tipos de secas em algumas regiões do mundo".
"O relatório mostra claramente que já estamos vivendo as
consequências das mudanças climáticas em todos os lugares. Mas vamos
experimentar mudanças adicionais e simultâneas que aumentam a cada nível
maior de aquecimento", disse a professora Carolina Vera, vice-presidente do
grupo de trabalho que produziu o documento.

Então, o que pode ser feito?

Embora este relatório seja mais claro e seguro sobre as desvantagens


do aquecimento, os cientistas estão mais esperançosos de que, se pudermos
cortar as emissões globais de gases do efeito estufa pela metade até 2030 e
zerar as emissões líquidas em meados deste século, poderemos interromper e
possivelmente reverter o aumento de temperaturas.
Zerar as emissões líquidas envolve a redução das emissões de gases
de efeito estufa tanto quanto possível usando tecnologia limpa e, em seguida,
enterrando quaisquer liberações restantes usando a captura e armazenamento
de carbono, ou absorvendo-as com o plantio de árvores.
CRÉDITO,EPA
Legenda da foto,

O presidente da COP-26, Alok Sharma, em visita à Bolívia


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Fim do Podcast
"A ideia anterior era que poderíamos obter temperaturas maiores mesmo
após zerar as emissões líquidas", diz outro coautor, Piers Forster, da
Universidade de Leeds, no Reino Unido.
"Mas agora esperamos que a natureza seja gentil conosco e se formos
capazes de atingir o zero líquido, esperamos não obter nenhum aumento
adicional de temperatura. Deveríamos eventualmente ser capazes de reverter
parte desse aumento de temperatura e resfriá-la um pouco."
Embora as projeções futuras de aquecimento sejam mais claras do que
nunca neste relatório e muitos impactos simplesmente não possam ser
evitados, os autores alertam contra o fatalismo.
"Reduzir o aquecimento global realmente minimiza a probabilidade de
atingirmos esses pontos de inflexão", diz Otto, da Universidade de Oxford.
"Não estamos condenados."
Um ponto de inflexão ou uma limiar de controle se refere a quando parte
do sistema climático da Terra sofre uma mudança abrupta em resposta a seu
aquecimento contínuo.
Para os líderes políticos, o relatório é mais um em uma longa história de
alertas. Com a aproximação da cúpula do clima COP-26 de novembro, ela
ganha um peso maior.
Cinco impactos futuros

 Em todos os cenários de emissões, as temperaturas chegarão,


em 2040, 1,5° C acima dos níveis de 1850-1900
 É provável que o Ártico esteja praticamente sem gelo em um
setembro, pelo menos em uma ocasião antes de 2050 em todos os cenários
avaliados
 Alguns eventos extremos "sem precedentes no registro histórico"
acontecerão com mais frequência com o aquecimento de 1,5° C
 Eventos extremos relacionados ao nível do mar que ocorreram
uma vez por século no passado recente devem ocorrer pelo menos anualmente
em mais da metade dos locais onde há medição de marés até 2100
 Provavelmente haverá aumentos de incêndios florestais em
muitas regiões
v

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