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EFEITO ESTUFA

Efeito Estufa

Uma representação esquemática das trocas de energia entre o espaço sideral, a atmosfera e a super-
fície da Terra. A capacidade da atmosfera terrestre para captar e reciclar energia emitida pela superfí-
cie do planeta é a característica do efeito de estufa.

O efeito estufa ou efeito de estufa é um processo físico que ocorre quando uma parte da radiação in-
fravermelha (percebida como calor) é emitida pela superfície terrestre e absorvida por determina-
dos gases presentes na atmosfera, os chamados gases do efeito estufa ou gases estufa. Como con-
sequência disso, parte do calor é irradiado de volta para a superfície, não sendo libertado para o es-
paço. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida como
a conhecemos não poderia existir. Serve para manter o planeta aquecido e, assim, garantir a manuten-
ção da vida.

Atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, o emprego de certos fertilizantes, o des-
matamento e o grande desperdício contemporâneo de alimentos, que têm entre seus resultados a ele-
vação nos níveis atmosféricos de gases estufa, vêm intensificando de maneira importante o efeito es-
tufa e desestabilizando o equilíbrio energético no planeta, produzindo um fenômeno conhecido
como aquecimento global.

Os pesquisadores do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), estabelecido


pela Organização das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial, que representam em
seu conjunto a maior autoridade internacional sobre este tema, no seu Quinto Relatório, publicado em
2014, afirmam que estas emissões devem parar de crescer em cinco anos (até 2019), serem reduzidas
em 70% até 2050 e reduzidas a zero até 2100, a fim de que os efeitos dessa intensificação não produ-
zam consequências catastróficas para a preservação dos sistemas vitais do planeta, com repercussão
direta sobre a sociedade humana.

Definição e Mecanismo

Por efeito estufa entende-se a retenção pela atmosfera de radiação emitida pela superfície terrestre,
impedindo-a de ser liberada para o espaço. A origem primária desta radiação é o Sol, que continua-
mente emite para o espaço imensas quantidades de radiação em vários comprimentos de onda, inclu-
indo a luz visível, mas também comprimentos não observáveis pelo ser humano sem a ajuda de instru-
mentos, como o ultravioleta. Cerca de um terço da radiação que atinge a Terra proveniente do Sol é
refletida de volta para o espaço assim que alcança a atmosfera, mas dois terços penetram na atmosfera

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e chegam à superfície terrestre (continentes e oceanos). Por isso, a superfície é aquecida. Uma pe-
quena parte dessa radiação que chega do Sol também aquece diretamente a atmosfera.

A fim de que o seu equilíbrio energético seja mantido, a Terra deve irradiar de volta para o espaço
muito da energia que chega à superfície. Porém, a radiação que devolve ao espaço está em compri-
mentos de onda diferentes, e é principalmente composta de radiação térmica, que está na faixa do in-
fravermelho. A radiação que os oceanos e as massas continentais devolveriam ao espaço, contudo,
em parte fica retida pela própria atmosfera, mecanismo ao qual se dá o nome de efeito estufa. Este
efeito mantém a temperatura da Terra em níveis estáveis e é natural e necessário para a manutenção
da vida sobre o planeta. Se o efeito estufa não existisse, a Terra seria cerca de 30 °C mais fria do que
é hoje. Provavelmente ainda poderia abrigar vida, mas ela seria muito diferente da que conhecemos e
o planeta seria um lugar bastante hostil para a espécie humana viver.

Ao contrário do significado literal da expressão "efeito estufa", a atmosfera terrestre não se comporta
como uma estufa (ou como um cobertor). Numa estufa, o aquecimento dá-se essencialmente porque
a convecção é suprimida, ou seja, não há troca de ar entre o interior e o exterior. Embora a temperatura
aumente em ambos os casos, os processos físicos são bastante distintos.

Os Gases do Efeito Estufa

Nem todos os gases presentes na atmosfera produzem o efeito estufa. O nitrogênio e o oxigênio, que
são largamente preponderantes, correspondendo respectivamente a 78% e 21% do ar seco, pratica-
mente não têm ação neste mecanismo. Ele se deve à ação de outros, muito menos comuns e de mo-
léculas mais complexas, que não obstante produzem reações em larga escala.

Os principais gases produtores do efeito estufa (abreviadamente, gases estufa) são o vapor d'água
(H2O) e o gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2). O metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozô-
nio (O3), os vários clorofluorocarbonetos e diversos outros, presentes em pequenas quantidades, tam-
bém contribuem para a produção do efeito. Eles têm as propriedades de serem transparentes à radia-
ção na faixa da luz visível, mas são retentores de radiação térmica. Grande parte da absorção da radi-
ação terrestre acontece próximo à superfície, isto é, nas partes inferiores da atmosfera, onde ela é mais
densa, pois em maiores altitudes a atmosfera é rarefeita demais para ter um papel importante como
absorvedor de radiação. O vapor d'água, que é o mais poderoso dos gases estufa, também está pre-
sente nas partes inferiores da atmosfera, e desta forma a maior parte da absorção da radiação se dá
na sua base.

Apesar de em proporções absolutas o vapor d'água e o gás carbônico serem os mais efetivos, por
existirem em maiores quantidades, a potência desses gases, comparada individualmente, é muito dis-
tinta. O metano, por exemplo, é cerca de 20 vezes mais potente que o gás carbônico. Ele tem várias
origens, entre elas a decomposição do lixo orgânico, o derretimento do solo permafrost, a camada de
solo congelado das regiões frias, onde originalmente ficava estocado na matéria orgânica inerte, e
a flatulência dos ovinos e bovinos, sendo que a pecuária representa 16% das emissões mundiais dos
gases do efeito estufa.

O efeito estufa e o aquecimento global

Variação de temperatura na Terra de 1860 até 2004.

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Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de causarem a maior parte do aquecimento global, as
emissões gasosas derivadas da combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automó-
veis, indústrias e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição atmosférica

Embora o efeito estufa seja um mecanismo natural e necessário à vida, em tempos recentes ele tem
sido desequilibrado pelo homem, o que tem provocando graves consequências daninhas para o equi-
líbrio dos ecossistemas e, por extensão, para a sociedade humana. Este desequilíbrio se deve ao au-
mento da concentração de gases estufa na atmosfera, sendo produzidos continuamente em grandes
quantidades por certas atividades humanas. Em virtude dessa concentração aumentada, a temperatura
terrestre tem se elevado, fenômeno conhecido como aquecimento global.

A implicação do homem no aumento recente da concentração dos gases estufa tem sido documentada
por múltiplas fontes de alto nível e atualmente é considerada indiscutível pelo consenso esmagador
dos melhores cientistas em atividade. As poucas vozes em contrário que ainda são ouvidas em geral
estão de várias maneiras comprometidas com grandes conglomerados empresariais e grupos de lo-
bby político e não são, portanto, confiáveis. Não obstante, devido ao grande poder econômico e político
que as sustenta, elas conseguem atingir e influenciar uma vasta população. De fato, muitas já foram
as denúncias de que tais grupos empreendem campanhas milionárias de propaganda enganosa com
o objetivo de confundir deliberadamente o público, impedindo-o de conhecer o assunto com bases
sólidas e de agir coerentemente em resposta.

Aquela conclusão a respeito da causa humana foi o resultado da atividade do Intergovernmental Panel
on Climate Change - IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas), uma coopera-
ção entre a Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambi-
ente, reunindo dados de milhares de cientistas das mais destacadas instituições de pesquisa do mundo.
O IPCC desde 1990 produziu cinco grandes relatórios sobre o aquecimento global, que representam
o estado da arte sobre esta questão, oferecendo um panorama completo do fenômeno, suas causas,
efeitos e maneiras de enfrentá-lo, recebendo o Prêmio Nobel da Paz pelo seu relevante trabalho em
benefício da sociedade mundial. De acordo com o IPCC, também é inequívoca a elevação da tempe-
ratura terrestre no último século em virtude do aumento da concentração desses gases.Entre 1880 e
2012 a temperatura média da Terra subiu 0,85 °C, com uma faixa de variação de 0,65 °C a 1,06 °C. As
conclusões do IPCC foram apoiadas pelas maiores organizações e academias científicas do mundo, e
não existe autoridade maior do que a sua neste campo de estudo.

Varição da concentração atmosférica de CO2 nos últimos 400 mil anos. Note-se o aumento exponencial
na concentração em tempos recentes.

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Influência de cada gás no agravamento do efeito estufa.

Várias atividades humanas estão envolvidas no incremento da concentração dos gases estufa. As prin-
cipais são a queima de combustíveis fósseis e os processos industriais, que emitem grandes quantida-
des de gás carbônico na atmosfera, o principal componente de origem humana em todo este problema,
além emitirem diversos outros poluentes. Nos últimos 800 mil anos a concentração de CO2 atmosférico
manteve-se relativamente estável, variando de 170 a 300 ppm (partes por milhão). Contudo, a Revolu-
ção Industrial, iniciada em meados do século XVIII, fez uso intensivo do carvão mineral, e no século
XX a exploração do petróleo, gás natural e outros combustíveis fósseis deu maciça contribuição adici-
onal, fazendo com que a concentração atmosférica se elevasse aproximadamente 35%, ultrapassando
as 400 ppm em 2013, os níveis mais elevados nos últimos 800 mil anos. Mudanças no uso da terra e
o desperdício de alimentos também têm emitido significativas quantidades de gás carbônico.

A elevação do metano se origina no uso de combustíveis fósseis, na agricultura, no desperdício de


alimentos e na decomposição do lixo orgânico, tendo passado de aproximadamente 722 ppb (partes
por bilhão) pré-industrial para 1893-1762 ppb em 2014. O papel do metano vem sendo reavaliado, e
prevê-se que ele aumente muito sua contribuição para o efeito estufa à medida que derrete o solo per-
mafrost das regiões frias, que armazenam um vasto estoque potencial deste gás na matéria orgânica
congelada; em condições normais a matéria orgânica permanece em estado inerte, mas quando o solo
derrete, os materiais se decompõem e o gás é liberado. A elevação do óxido nitroso se deve principal-
mente ao uso de fertilizantes, variando de 270 pré-industrial para cerca de 325 ppb em 2005. Os níveis
de ozônio aumentaram de 237 para 337 ppb no mesmo período. Todos os clorofluorocarbonetos, ine-
xistentes no período pré-industrial, se elevaram também, a exemplo do CFC-11 (CCl3F), que chegou
a 236-234 ppb em 2014, e o CFC-12 (CCl2F2), que atingiu as 527 ppb na mesma data.

Consequências

Biodiversidade

São múltiplas as consequências da intensificação do efeito estufa para a vida na Terra e para o homem
e sua sociedade, e em sua vasta maioria, negativas, com repercussões biológicas, sociais, culturais e
econômicas de larga escala. As espécies que florescem hoje no mundo dependem de condições cli-
máticas razoavelmente estáveis para sobreviver. A rapidez com que a elevação recente da temperatura
média mundial vem ocorrendo impede que as espécies se adaptem a tempo, necessariamente gerando
impacto negativo sobre o equilíbrio ecológico, desestruturando as cadeias alimentares, interferindo no
balanço químico e energético das comunidades vivas, provocando sua redistribuição geográfica, favo-
recendo a proliferação de espécies invasivas e de muitas outras formas, fazendo com que numerosas
espécies sofram pronunciado declínio populacional ou mesmo cheguem à extinção.

Essas interferências podem ser graves ao ponto de causar o colapso irreversível de ecossistemas in-
teiros, como já foi observado em vários casos. Projeções da União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais indicam que um aquecimento mundial acima de 3,5 °C causará
um empobrecimento generalizado na biodiversidade terrestre, com uma extinção provável de até 70%
de todas as espécies conhecidas. O IPCC indicou que esta é uma possibilidade real, prevista em alguns
dos modelos utilizados, embora as projeções mais consensuais apontem para uma elevação de pouco
mais de 2 °C até o ano de 2100. Mesmo assim, esta elevação deverá causar efeitos de grande monta
em todo o planeta.

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Animais mortos por hipóxia no fundo do oceano.

A zona morta do Golfo do México, uma das maiores do mundo.

Os gases atmosféricos estão em constante estado de troca dinâmica com os gases dissolvidos nas
águas do mundo. O gás carbônico em particular tem a propriedade da provocar a acidificação da água,
e a elevação de sua concentração no ar por consequência direta tem causado o aumento da acidez
dos oceanos e outros corpos líquidos. O IPCC calcula que os oceanos absorveram cerca de 30% do
gás carbônico emitido pelo homem para a atmosfera, e se acidificaram 26% a mais em relação ao seu
estado pré-industrial. Cerca de metade desta acidificação ocorreu nos últimos 40 anos. Da mesma
forma que as espécies terrestres precisam de condições estáveis para sua vida, o mesmo se dá no
caso das aquáticas, e a acidificação tem gerado uma quantidade de efeitos indesejáveis.

Animais que possuem esqueletos e carapaças calcárias, como os corais, moluscos e esponjas, são os
mais profundamente afetados, sofrendo com a dissolução ou enfraquecimento das suas estruturas cor-
porais. Ao mesmo tempo, o aumento da concentração do gás na água automaticamente diminui a
quantidade de oxigênio, um gás vital, causando morte por hipóxia (desoxigenação), alterações em
seu metabolismo e no seu comportamento, surgimento de doenças e redução no crescimento, entre
outros efeitos, que conduzem por fim igualmente ao declínio ou extinção das populações. Esses im-
pactos, somados à grande descarga de poluição de variadas naturezas nos oceanos de todo o mundo,
mais a pesca excessiva e predatória, potencializam os efeitos desastrosos.Já existem mais de 400
zonas mortas em vários oceanos, onde a vida não consegue prosperar, devido a uma combinação de
impactos produzidos pelo homem.

Por outro lado, a elevação da temperatura atmosférica faz com que a umidade do ar aumente, pois o
ar quente tem maior capacidade de reter umidade do que o ar frio, e como o vapor d'água é o mais
importante dos gases estufa, maiores concentrações de vapor no ar terão como resultado uma ampli-
ficação do efeito estufa. É importante compreender que os sistemas naturais estão todos intimamente
inter-relacionados, e mudanças em um elemento inevitavelmente acarretam mudanças em uma série
de outros em um efeito de cascata. Muitas delas são imprevisíveis e outras desencadeiam efeitos gi-
gantescos para mudanças aparentemente insignificantes a uma apreciação superficial. O próprio aque-
cimento global é uma prova disso, pois a elevação de menos de um grau Celsius na média atmosférica
desde o fim do século XIX, que para muitos pode parecer desprezível, está provocando o derretimento
da maioria dos glaciares do mundo, perturbações climáticas importantes em todo o globo e a extinção
de várias espécies, entre muitos outros efeitos.

Nível do Mar

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Elevação recente do nível médio dos oceanos.

O aquecimento atmosférico tem outro efeito sobre as águas: ele as aquece também, e por uma reação
física os corpos aquecidos se expandem. Isso faz com que o nível dos oceanos esteja em elevação.
Uma vez que grande parte da população mundial vive em zonas litorâneas ou ilhas, essa elevação irá
causar o alagamento de vastas áreas habitadas, desencadeando uma série de efeitos colaterais, tais
como forçando migrações em massa, prejudicando a economia e a segurança social, e exigindo o
dispêndio de enormes recursos para compensar as zonas perdidas ou combater o avanço das águas.
Este efeito tem sido ampliado pelo derretimento acelerado de todas as geleiras continentais do mundo
e das capas de gelo das regiões polares, que contribuem despejando água adicional nos oceanos.As
projeções do IPCC indicam uma elevação média do nível do mar de aproximadamente 40 a 60 cm até
2100, com uma faixa de variação de 26 a 98 cm, e é virtualmente certo que a elevação continuará
depois de 2100.

Sociedade

Crianças subnutridas em um orfanato da Nigéria na década de 1960. A fome, que sempre assombrou
a humanidade, e que hoje ainda aflige mais de 800 milhões de pessoas, deve piorar se o aquecimento
global não for combatido.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento publicou em 2013 seu Relatório de Desen-
volvimento Humano prevendo que o aquecimento global em combinação a outros problemas ambien-
tais jogará cerca de 3 bilhões de pessoas na pobreza extrema em 2050, um terço da população mundial
projetada para aquela data, se as tendências continuarem inalteradas.

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Bairro de New Orleans, nos Estados Unidos, com casas com água até o teto após a passagem do fu-
racão Katrina. Eventos desastrosos como este estão com tendência de aumentar em número e potên-
cia em virtude do efeito estufa amplificado.

Como o ser humano depende largamente da natureza para sua própria sobrevivência, os impactos
negativos do efeito estufa amplificado necessariamente afetarão a vida humana, como já vêm afetando.
Com o declínio populacional ou extinção de inúmeras espécies valiosas para o homem como alimento,
espera-se que se as emissões de gases estufa não cessarem num futuro muito breve, o aquecimento
global provocará uma desestruturação nos ecossistemas mundiais em escala tão vasta, afetando da
mesma forma os sistemas de produção alimentar agrícola e pecuária, que a sociedade passará a ex-
perimentar níveis de fome muito maiores dos que hoje já enfrenta, quando mais de 800 milhões de
pessoas no mundo padecem de subnutrição crônica.

Diante da escassez generalizada de recurso tão básico, espera-se que se intensifiquem os conflitos
violentos entre as nações, que competirão por comida, a segurança social será abalada, a incidência
de doenças aumentará, e a economia mundial sofrerá significativo declínio. Além disso, o aumento das
temperaturas terá forte influência sobre o clima em geral, tornando-o mais imprevisível e desafiador,
aumentando a ocorrência e a intensidade de desastres climáticos, como ondas de calor extremo, secas
prolongadas, chuvas torrenciais e tufões devastadores.

Esses efeitos combinados se reforçam mutuamente, amplificando ainda mais os impactos, que incidirão
sobre as populações mais pobres com maior severidade, já que elas têm menor capacidade de se
adaptarem, e também mais sobre as zonas urbanas do que sobre as rurais, em virtude da forte ten-
dência atual de concentração da população nas cidades, que em geral estão despreparadas para en-
frentar as mudanças e assim expõem um maior número de pessoas aos riscos aumentados.

Um estudo desenvolvido em 2012 por mais de 50 cientistas estimou que, à época, o aquecimento
custava para o mundo diretamente mais de 1,2 trilhão de dólares ao ano, com tendência a aumentar
esta conta, a Federação Internacional da Cruz Vermelha fez mais de 30 milhões de atendimentos em
2014 a vítimas de desastres naturais derivados do aquecimento global, e em 2010 os efeitos do pro-
blema causaram a morte de 5 milhões de pessoas.

Já é sabido também que a elevação da temperatura vai continuar além do ano de 2100 mesmo se as
emissões cessarem agora, devido a um efeito retardado, e sabe-se que muitos dos efeitos secundários
da elevação serão irreversíveis nos horizontes da presente civilização, pois os mecanismos naturais
compensatórios levarão milhares de anos para devolver o mundo ao seu estado pré-industrial — mas
isso se as emissões cessarem.

Se não cessarem, os efeitos negativos se prolongarão por um tempo indeterminado. Se as piores pre-
visões se concretizarem — o que cada dia parece mais provável em virtude da inação da sociedade —
a biodiversidade mundial sofrerá perdas tão vastas que serão precisos muitos milhões de anos para a
Terra recuperar um nível de riqueza biológica comparável ao que ela tem hoje, e que é uma das prin-
cipais fontes diretas da riqueza e bem estar das nações. O destino das futuras gerações está, portanto,
diante de uma grave ameaça.

Em 2013 o presidente do Banco Mundial fez um apelo a todas as nações, dizendo que "as mudanças
climáticas devem estar no topo da agenda internacional, pois o aquecimento global põe em risco qual-
quer desenvolvimento que for conseguido em outros setores, inclusive o econômico". O diretor do Cen-
tre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Michael Löwy declarou que o enfrentamento dos
problemas climáticos, assim como da questão ambiental em geral, requer uma mudança nos próprios
fundamentos da economia, com alteração dos hábitos de consumo e da relação do homem com a na-
tureza. Estas opiniões já são um consenso entre os especialistas no assunto.

Eles acrescentam que à medida que o tempo passa, os riscos decorrentes da negligência ou demora
no enfrentamento deste desafio se tornam maiores, e quanto maior a demora, maiores se tornarão os
custos para a resolução dos problemas. Eles advertem ainda que subsiste algum tempo para a socie-
dade reagir e evitar a materialização das projeções mais pessimistas, mas esse tempo se escoa dia a
dia, e se nada for feito com energia e decisão em uma escala realmente mundial, num esforço coorde-
nado entre todos os países e todos os estratos da sociedade, uma crise global de proporções nunca
vistas será inevitável e irreversível. Já são muitos os estudos que declaram que as conclusões do IPCC,
por mais graves que já sejam, são conservadoras, e os efeitos negativos previstos serão ainda piores,

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apontando para uma grande desestruturação da sociedade mundial, podendo por fim levar ao colapso
da civilização como hoje a conhecemos, se a elevação contínua dos níveis de gases estufa não ces-
sar.Nas palavras de Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU,

"As tendências atuais estão nos levando cada vez mais perto de potenciais pontos de ruptura, que
reduziriam de maneira catastrófica a capacidade dos ecossistemas de prestarem seus serviços essen-
ciais. Os pobres, que tendem a depender mais imediatamente deles, sofreriam primeiro e mais seve-
ramente. Estão em jogo os principais objetivos delineados nas Metas de Desenvolvimento do Milênio:
segurança alimentar, erradicação da pobreza e uma população mais saudável".

História da pesquisa científica sobre o efeito estufa

Jean-Baptiste Fourier, um físico e matemático francês nascido em 1768, foi o primeiro a formalizar
uma teoria sobre o efeito estufa entre 1824 e 1827. Ele mostrou que o efeito de aquecimento do ar
dentro das estufas de vidro, utilizadas para manter plantas de climas mais quentes no clima mais frio
da Europa, se repetiria na atmosfera terrestre.Em 1860, o cientista britânico John Tyndall mediu a ab-
sorção de calor pelo dióxido de carbono e pelo vapor d'água. Ele foi o primeiro a introduzir a ideia que
as grandes variações na temperatura média da Terra que produziriam épocas extremamente frias ou
extremamente quentes, como as chamadas "idades do gelo" ou muito quentes (como a que ocorreu na
época da transição do Cretáceo para o Terciário), poderiam ser devidas às variações da quantidade de
dióxido de carbono na atmosfera.

No seguimento das pesquisas sobre o efeito estufa, o cientista sueco Svante Arrhenius, em 1896, cal-
culou que a duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera aumentaria a sua temperatura de 5 °C a
6 °C. Este número está bastante próximo do que está sendo calculado com os recursos científicos
atuais. Os relatórios de avaliação do Intergovernmental Panel on Climate Change 2001 situam estes
números entre 1,5 °C - melhor dos cenários e 4,5 °C - no pior, com uma concentração de cerca de 900
ppm de CO2 na atmosfera no ano de 2100.

O passo seguinte na pesquisa foi dado por G. S. Callendar, na Inglaterra. Este pesquisador calculou o
aquecimento devido ao aumento da concentração de CO2 pela queima de combustíveis fósseis, fenô-
meno que ficou conhecido como Efeito Callendar. Pesquisadores estadunidenses, no final da década
de 1950 (século XX) observaram que, com o aumento de CO2 na atmosfera, os seres humanos esta-
vam conduzindo um enorme (e perigoso) experimento geofísico.

A medição de variação do CO2 na atmosfera iniciou-se no final da década de 1950 no observató-


rio de Mauna Loa no Havaí, depois que os Estados Unidos lançaram em seu primeiro satélite espa-
cial (Explorer I) no Cinturão de Van Allen.

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