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AQUECIMENTO GLOBAL

Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e


da atmosfera da Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito
estufa, originados de uma série de atividades humanas, especialmente a queima
de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra, como o desmatamento, bem como
de várias outras fontes secundárias.

Essas causas são um produto direto da explosão populacional, do crescimento


econômico, do uso de tecnologias e fontes de energia poluidoras e de um estilo de
vida insustentável, em que a natureza é vista como matéria-prima para exploração. Os
principais gases do efeito estufa emitidos pelo homem são o dióxido de carbono (ou gás
carbônico, CO2) e o metano (CH4). Esses e outros gases atuam obstruindo a dissipação
do calor terrestre para o espaço. O aumento de temperatura vem ocorrendo desde
meados do século XIX e deverá continuar enquanto as emissões continuarem elevadas.

O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam


alterações importantes em virtualmente todos os sistemas e ciclos naturais da Terra.

Afetam os mares, provocando a elevação do seu nível e mudanças nas correntes


marinhas e na composição química da água,
verificandose acidificação, dessalinização e desoxigenação.

Interferem no ritmo das estações e nos ciclos da água, do carbono, do nitrogênio e


outros compostos. Causam o degelo das calotas polares, do solo congelado das regiões
frias (permafrost) e dos glaciares de montanha, modificando ecossistemas e reduzindo a
disponibilidade de água potável.

As mudanças produzidas pelo aquecimento global nos sistemas biológicos, químicos e


físicos do planeta são vastas, algumas são de longa duração e outras são irreversíveis, e
provocam uma grande redistribuição geográfica da biodiversidade, o declínio
populacional de grande número de espécies, modificam e
desestruturam ecossistemas em larga escala, e geram por consequência problemas sérios
para a produção de alimentos, o suprimento de água e a produção de bens diversos para
a humanidade, benefícios que dependem da estabilidade do clima e da integridade da
biodiversidade. Esses efeitos são intimamente inter-relacionados, influem uns sobre os
outros amplificando seus impactos negativos e produzindo novos fatores para a
intensificação do aquecimento global. O aquecimento e as suas consequências serão
diferentes de região para região, e o Ártico é a região que está aquecendo mais rápido. A
natureza e o alcance dessas variações regionais ainda são difíceis de prever de maneira
exata, mas sabe-se que nenhuma região do mundo será poupada de mudanças.

Muitas serão penalizadas pesadamente, especialmente as mais pobres e com menos


recursos para adaptação. Mesmo que as emissões de gases estufa cessem
imediatamente, a temperatura continuará a subir por mais algumas décadas, pois o efeito
dos gases emitidos não se manifesta de imediato e eles permanecem ativos por muito
tempo. É evidente que uma redução drástica das emissões não acontecerá logo, por isso
haverá necessidade de adaptação às consequências inevitáveis do aquecimento. Uma
vez que as consequências serão tão mais graves quanto maiores as emissões de gases
estufa, é importante que se inicie a diminuição destas emissões o mais rápido possível, a
fim de minimizar os impactos sobre esta e as futuras gerações.

A Organização das Nações Unidas publica um relatório periódico sintetizando os


estudos feitos sobre o aquecimento global em todo o mundo, através do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC

Terminologia

O termo "aquecimento global" é um tipo específico de mudança climática à escala


global. No uso comum, o termo se refere ao aquecimento ocorrido nas décadas recentes
devido à influência humana.[1] O termo "alteração climática antrópica" equivale às
mudanças no clima causadas pelo homem.

Já "antrópico" é referente àquilo que diz respeito ou procede do ser humano e suas
ações, de maneira mais genérica (do grego anthropikos, humano).[7][8] O dicionário
Michaelis define como "pertencente ou relativo ao homem ou ao período de existência
do homem na Terra".[9] O dicionário Houaiss traz até mesmo, em uma de suas
definições deste verbete, como "relativo às modificações provocadas pelo homem no
meio ambiente" — daí a preferência pelo termo "antrópico", neste artigo, para designar
as mudanças causadas pela influência humana.
HISTÓRIA DO CLIMA

Estimativas da variação da temperatura na Terra nos últimos 2000 anos

Variação da temperatura média global de 1880 até 2013

A Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande
amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções
teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com
vários graus acima da temperatura média atual, tão quente que em certos períodos o
planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há
milhões de anos, e suas causas foram naturais.

Cada uma das quatro últimas décadas têm sido mais quente do que a década anterior,
[12]
 recordes de temperatura têm sido batidos a cada ano nos últimos anos, e evidências
recentes apontam para uma tendência de aceleração na velocidade do aquecimento nos
últimos 15 anos.[15] Esse aumento não pode ser explicado satisfatoriamente sem
levarmos em conta a influência humana. De fato, há fortes evidências indicando que o
aquecimento antrópico tem sido tão importante que reverteu uma tendência natural dos
últimos 5 mil anos de resfriamento do planeta.[14]

Emissões antrópicas de alguns poluentes — em especial aerossóis de sulfato — podem


gerar um efeito refrigerante através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica
em parte o resfriamento observado no meio do século XX, embora isso possa também
ser atribuído em parte à variabilidade natural.[16]
O efeito estufa e o aquecimento global

Por efeito estufa entende-se a retenção de calor pela atmosfera, impedindo-o de se


dissipar no espaço. A origem primária deste calor é o Sol, que continuamente emite
imensas quantidades de radiação em vários comprimentos de onda, incluindo a luz
visível e a radiação térmica (calor), mas também em comprimentos não observáveis
pelo ser humano sem a ajuda de instrumentos, como o ultravioleta. Cerca de um terço
da radiação que a Terra recebe do Sol é refletida pela atmosfera de volta para o espaço,
mas dois terços dela chegam à superfície, sendo absorvida pelos continentes e oceanos,
fazendo com que aqueçam.

A atmosfera, por sua vez, é aquecida em parte pela radiação direta do Sol, mas
principalmente pelo calor refletido pela superfície da Terra, mas por virtude do efeito
estufa, ali fica retido e não se dissipa para o espaço.[17]

O efeito estufa é um mecanismo natural fundamental para a preservação da vida no


mundo e para a regulação e suavização do clima global, que oscilaria entre extremos
diariamente, caso ele não existisse. O efeito estufa funciona como um amortecedor de
extremos. Sem ele, a Terra seria cerca de 30 °C mais fria do que é hoje. Provavelmente
ainda poderia abrigar vida, mas ela seria muito diferente da que conhecemos e o planeta
seria um lugar bastante hostil para a espécie humana viver. [18] Porém, mudanças na
composição atmosférica podem desequilibrá-lo. O que ocorre hoje, em vista da
mudança na composição atmosférica provocada pela emissão continuada e massiva de
diversos gases, é sua intensificação, fazendo com que passe a abafar demais o planeta.
[16][19][20]

Vários gases obstruem a perda de calor da atmosfera, chamados em conjunto gases do


efeito estufa ou, abreviadamente, gases estufa. Eles têm a propriedade de serem
transparentes à radiação na faixa da luz visível, mas são retentores de radiação térmica.
Os mais importantes são o vapor d'água, o gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2),
o metano (CH4), o óxido nitroso (NO2) e o ozônio (O3).[21] Apesar de em proporções
absolutas o vapor d'água e o gás carbônico serem os mais efetivos, por existirem em
maiores quantidades, a potência desses gases, comparada individualmente, é muito
distinta. O metano, por exemplo, é de 20 a 30 vezes mais potente que o gás carbônico.
[16]
 Não só os gases estufa vêm aumentando. O crescimento das concentrações de
poluentes aerossóis, que bloqueiam parte da radiação solar antes que atinja a superfície,
e tendem a provocar um resfriamento, contribuiu para retardar o processo de
aquecimento global.[16]

Causas básicas

A emissão aumentada dos gases estufa decorre de uma série de mudanças introduzidas
pela sociedade contemporânea. O fator básico é a explosão populacional, que
desencadeou a exploração dos recursos naturais em escala cada vez maior e mais rápida
a fim de atender às crescentes necessidades de energia, alimento, transporte, educação,
saúde e materiais para construção de habitações e infraestruturas e para a produção de
uma série infindável de bens de consumo e mesmo luxos supérfluos, criando-se uma
civilização que prima pelo desrespeito à natureza, pelo consumismo,
pela insustentabilidade, pelos elevados índices de desperdícios e pela vasta produção
de lixo e poluição.

Evidências do aquecimento global

Recuo do Glaciar McCarty entre 1909 e 2004

Que está em andamento um aquecimento generalizado do planeta é fato comprovado


por várias evidências concretas, e reconhecido como inequívoco pelo consenso dos
climatologistas. As evidências são recolhidas através de estações meteorológicas,
registros de paleoclima, batitermógrafos, satélites, entre outros métodos de
medição. Elas incluem:

 O aumento na temperatura da atmosfera sobre terras e mares. Cada uma das


quatro últimas décadas foi mais quente que a década anterior. Entre 2001 e 2020
a média global de aumento da temperatura foi de 0,99 °C maior que no período
de 1850-1900. Entre 2011 e 2021 a média de aumento foi de 1,09 °C. Os
continentes estão aquecendo mais rápido do que os oceanos. Nos continentes a
média de aumento foi de 1,59 °C e nos oceanos de 0,88 °C.[12]

 O aumento no nível de umidade atmosférica, possível graças à capacidade do ar


quente reter mais vapor de água do que o ar frio;
 A retração da vasta maioria das geleiras;

 A diminuição da área coberta por neve;[16][30][32]

 A retração do gelo oceânico global;[16][30][33]

 Migração de muitas espécies animais e vegetais de climas mais quentes em


direção aos pólos, ou a altitudes mais elevadas;[16][34][35][36]

 O aumento da temperatura do mar, com o resultado de elevar-se o seu


nível pela expansão térmica;[16][30]

 O adiantamento da ocorrência de eventos associados à primavera, como as


cheias de rios e lagos decorrentes de degelo, brotamento de plantas e migrações
de animais.[16]

Esses dados dão provas materiais seguras de que o clima está realmente esquentando.

Evidências da origem humana do aquecimento

Em tese, vários fatores poderiam ser responsáveis por um aquecimento do sistema


climático terrestre. Modificações na composição do ar por causas naturais já ocorreram
antes na história da Terra, produzindo mudanças climáticas e ecológicas às vezes em
larga escala.[37] O diferencial contemporâneo é que mudanças importantes estão sendo
agora induzidas pelo homem, cujas atividades geram gases estufa e os liberam na
atmosfera, aumentando a sua concentração e provocando finalmente um aumento na
retenção geral de calor.[38] As evidências observadas, sintetizadas principalmente
no Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, apontam que o aquecimento é uma realidade inequívoca e que sua origem
deriva principalmente do efeito estufa intensificado pela atividade humana.[14] É
extremamente improvável que essas mudanças possam ser explicadas por causas
naturais, especialmente considerando que nos últimos 50 anos a tendência das causas
naturais sozinhas teria sido provavelmente resfriar o planeta.[39] A responsabilização das
atividades humanas por esta amplificação é apoiada por várias evidências:
Variação da concentração atmosférica de CO2 nos últimos 400 mil anos

Curvas de concentração na atmosfera de vários gases estufa no período 1976-2013:


CO2, N2O, CH4, CFC-12, CFC-11, HCFC-22 e HFC-134a. Apenas dois, dos menos
importantes, mostram declínio recente. Todos os outros, inclusive os mais potentes,
cresceram constantemente

 A composição isotópica do gás carbônico atmosférico (CO2) indica que tem


principalmente origem fóssil, derivando da combustão do petróleo, do gás
natural e do carvão mineral, combustíveis fósseis de uso generalizado na
sociedade moderna.

A quantidade de O2 também tem diminuído de forma consistente com a liberação de


CO2 por meio de combustão.[19][40] Nos últimos 800 mil anos a concentração de
CO2 atmosférico manteve-se relativamente estável, variando de 170 a 300 ppm (partes
por milhão). Contudo, desde a Revolução Industrial, iniciada em meados do século
XVIII, a concentração atmosférica aumentou aproximadamente 35%, ultrapassando as
410 ppm em 2011, resultado da emissão de cerca de 375 bilhões de toneladas de gás
desde 1750 até 2011 somente nas áreas de combustíveis fósseis e produção de cimento.
(Um bilhão de toneladas equivale a 1 gigatonelada). De 100 a 260 bilhões de toneladas
a mais foram emitidas no mesmo período por mudanças no uso da terra, principalmente
o desmatamento nas regiões tropicais.

Análise de hipóteses alternativas

Uma explicação "alternativa" popular é que o aquecimento recente poderia ser


originado por maior atividade solar. À luz das evidências, entretanto, esta hipótese não
se confirma. Neste caso, as temperaturas subiriam mais quando o sol está mais presente:
durante o verão, e durante o dia; não haveria aumento de retenção de energia na
atmosfera nas faixas de frequência dos gases estufa; e teria de haver aumento da
atividade solar que justificasse, quantitativamente, o aquecimento observado. Ao
contrário, não há tendência de aumento dessa atividade pelo menos nos últimos 60 anos.
É certo que, na história geológica de nosso planeta, variações de irradiância solar
tiveram consequências climáticas importantes. Todavia, o aquecimento das últimas
décadas não pode ser atribuído a isso.[19][53][54][55]
Distribuição geográfica

O aquecimento verificado não é globalmente uniforme, o que era previsto em teoria já


desde o trabalho seminal de Svante Arrhenius no fim do século XIX.[56] Os modelos
climáticos esperavam que as regiões polares fossem as mais afetadas,[16][57] que os
continentes aqueceriam mais do que os oceanos, e que o Hemisfério Norte aqueceria
mais que o Sul. Os registros confirmam a previsão e indicam que a região
do Ártico aumentou suas temperaturas duas vezes mais rápido do que a média mundial
nos últimos 100 anos.[16] Algumas partes do Ártico já se aqueceram 4 °C desde a década
de 1960, enquanto a média mundial elevou-se menos de 1 °C em todo o século XX.[60] A
maioria das projeções teóricas espera que o Ártico continue a experimentar os maiores
índices de aquecimento.

Perspectiva de aquecimento futuro

Por várias questões práticas, os modelos climáticos referenciados pelo IPCC


normalmente limitam suas projeções até o ano de 2100. São análises globais, e por isso
não oferecem grande definição de detalhes. Embora isso gere mais incerteza para
previsão das manifestações regionais e locais do fenômeno, as tendências globais já
foram bem estabelecidas e têm se provado confiáveis.[70] Os modelos usam para seus
cálculos diferentes possibilidades (cenários) de evolução futura das emissões de gases
estufa pela humanidade, de acordo com tendências de consumo, produção, crescimento
populacional, aproveitamento de recursos naturais, etc. Estes cenários são todos
igualmente plausíveis, mas não se pode ainda determinar qual deles se materializará,
uma vez que dependem de desdobramentos imprevisíveis, como a evolução tecnológica
e a adoção ou não de políticas de mitigação. Considerando estes vários cenários, em seu
5º Relatório o IPCC previu que até 2100 a temperatura média global deve ficar mais
provavelmente na faixa de 1,5 °C a 4 °C acima dos valores pré-industriais, com alguns
cenários indicando até 6 °C.[14] As estimativas mais recentes, contudo, apresentadas na
Conferência do Clima de 2019 pelo secretário-geral das Nações Unidas, apontam para
uma elevação de 3,4 °C a 3,9 °C até 2100.[71] Embora níveis mais elevados sejam
considerados menos prováveis, não está excluída a possibilidade de mudanças abruptas
e radicais imprevisíveis nos parâmetros do clima, e essa possibilidade aumenta à medida
que a temperatura aumenta.
Bases técnicas para medição e avaliação do aquecimento

Determinação da temperatura global à superfície

A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados recolhidos


em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos oceanos,
por meio de navios e batitermógrafos. É feita uma seleção das estações a considerar, que
são as tidas como mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas se
encontrarem perto de urbanizações, a fim de compensar o efeito de "ilha de calor"
criado nas cidades. As tendências de todas as seções são então combinadas para se
chegar a uma anomalia de temperatura global – o desvio apurado a partir de uma
determinada temperatura média de referência.

O método de cálculo varia segundo os procedimentos de cada instituição de pesquisa.


Por exemplo, no Met Office do Reino Unido, o globo é dividido em seções (por ex.,
quadriláteros de 5º latitude por 5º longitude) e é calculada uma média ponderada da
temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção. As seções para as
quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções
vizinhas, e não entram nos cálculos.

Sensibilidade climática

Várias estimativas de sensibilidade climática, a partir de diferentes abordagens. O


círculo representa o valor mais provável de cada estimativa. A faixa representa a
margem de incerteza abrangendo mais de 66% da probabilidade

Mudanças nas concentrações de gases estufa e aerossóis, na cobertura dos solos e outros
fatores interferem no equilíbrio energético do clima e provocam mudanças climáticas.
Essas interferências afetam as trocas energéticas entre o Sol, a atmosfera e a superfície
da Terra.

Modelos climáticos

Um modelo climático é uma representação matemática de cinco componentes do


sistema climático: atmosfera, hidrosfera (águas), criosfera (ambientes gelados),
superfície continental e biosfera (seres vivos).  Estes modelos se baseiam em princípios
físicos que incluem dinâmica de fluidos, termodinâmica e transporte radiativo. Podem
incluir componentes que representam os padrões de ventos, temperatura do ar,
densidade e comportamento de nuvens, e outras propriedades atmosféricas; temperatura

Consequências

Clima

Projeção das mudanças no regime anual de chuvas até o fim do século XXI. As zonas
mais azuis devem receber mais chuvas, e as mais alaranjadas devem experimentar a
maior redução.

O mapa mostra que praticamente toda a área de produção agropecuária do Brasil, e


grandes biomas úmidos que dependem vitalmente de água e chuva abundantes, como
o Pantanal e a Mata Atlântica, estão sob ameaça de tornarem significativamente mais
secos. Outros que naturalmente têm menos precipitação, como o Cerrado e a Caatinga,
também devem ter seu equilíbrio afetado negativamente.

O aquecimento da atmosfera aumenta sua capacidade de reter vapor d'água, bem como


aumenta a evaporação das águas superficiais (oceanos, lagos e rios).

O ciclone Nargis. O aumento da ocorrência ou intensidade de fenômenos de clima


extremo como esses é uma consequência provável do aquecimento global

Também estão previstas mudanças no padrão dos ventos e o aumento na frequência e


intensidade das tempestades severas e das ondas de calor extremo. Mesmo os eventos
climáticos normais devem sofrer alguma intensificação, pois todo o sistema do clima
está mais quente e úmido.

Mais umidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais
nuvens na atmosfera, o que, na média, poderia causar um efeito de arrefecimento. As
nuvens têm um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia
que entra e a que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra ao refletirem a luz solar para o
espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada pela
superfície, de um modo análogo ao dos gases estufa.
Ecossistemas e biodiversidade

Projeção do aquecimento global até meados do século XXI

O aumento da temperatura global, junto com seus efeitos secundários (diminuição da


cobertura de gelo, subida do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos, etc.),
provocam importantes alterações nas condições que mantém estáveis os ecossistemas,
influindo negativamente, por extensão, nas atividades humanas.[16] Uma consequência
abrangente do aquecimento é a "contração latitudinal", na qual as zonas
climáticas tendem a se deslocar em direção aos polos e às altitudes mais elevadas. Este
fenômeno já tem sido observado há algumas décadas, e tem impacto grave na
estabilidade dos ecossistemas.

A mudança nas zonas climáticas provoca em todas as regiões um desarranjo no ciclo


das estações. No Hemisfério Norte a primavera tem chegado de seis a dez dias mais
cedo do que o fazia na década de 1950. Os eventos associados à chegada são, por
exemplo, a data da última geada de inverno e o aparecimento dos primeiros brotos
novos nas plantas depois do período de perda das folhas. Da mesma forma, os eventos
associados à chegada do outono têm sofrido atraso de cerca de seis dias. O degelo
antecipado das neves tem causado inundações, e o maior calor tem ressecado mais os
solos, de modo que no fim do verão os estoques de água se tornam mais escassos e têm
ocorrido mais incêndios florestais. Nas regiões de tundra os rios têm degelado mais
cedo e alguns já não congelam completamente, e a área coberta por neve reduziu
significativamente nas últimas décadas.[142][143] Essas mudanças têm gerado efeitos
variados sobre a biodiversidade. A disponibilidade de alimento e os ciclos de
reprodução e crescimento dos animais e plantas estão intimamente ligados às estações e
aos parâmetros do clima. As aves, por exemplo, podem se ajustar com alguma
facilidade às mudanças nas estações voando para regiões onde as condições são
adequadas para a época de nascimento dos filhotes, mas nos novos locais a oferta de
alimento não é a mesma que em suas regiões originais, e o período de sua maior
abundância nem sempre coincide com o período de alimentação das ninhadas.[143] O
degelo antecipado dos rios interfere de maneira semelhante nos ciclos reprodutivos de
espécies aquáticas e no das que dependem delas para sua própria alimentação, como
aves e mamíferos.[143] Todas as espécies devem ser prejudicadas em alguma medida,
mas as espécies das zonas tropicais e equatoriais são especialmente vulneráveis porque
de modo geral têm baixa tolerância a mudanças duradouras nos padrões de temperatura
e, por conseguinte, baixa capacidade adaptativa, habituadas a viver em zonas cujo clima
normalmente pouco varia ao longo do ano.[144][145] Também são sensíveis espécies que já
estão ameaçadas ou são raras, as migratórias, as polares, montanhosas e insulares, as
geneticamente empobrecidas e as muito especializadas.[141]

Algumas espécies podem ser obrigadas a migrar até mil quilômetros ou mais em
questão de décadas a fim de encontrar zonas em que o clima seja semelhante ao da sua
região original. Poucas espécies terrestres não-voadoras terão capacidade de
mobilização tão ampla em tão exíguo intervalo de tempo, especialmente as plantas,
cujos indivíduos são imóveis e cujas espécies só migram através da dispersão de
sementes. A capacidade de mobilização das plantas é consideravelmente inferior à atual
velocidade das mudanças ambientais, e os problemas aumentam porque elas são a base
das cadeias alimentares e oferecem locais de descanso, nidificação e abrigo para
inúmeras outras espécies. Mesmo que as espécies possuam uma capacidade intrínseca
de migração rápida, em grande parte dos casos ela não ocorrerá porque os ecossistemas
mundiais foram largamente fragmentados e muitos corredores ecológicos até as zonas
mais favoráveis desapareceram pela própria mudança no clima ou
pelo desmatamento, urbanização e outras intervenções humanas, condenando
irremediavelmente as espécies que ficaram ilhadas ao declínio ou eventual extinção.[146]
 Quando chegam a ocorrer, as migrações tornam as espécies migrantes invasoras de
[147]

ecossistemas diferentes, entrando em competição com as espécies nativas, podendo


levar estas últimas a um declínio populacional ou extinção, mas nem sempre as
invasoras se adaptam bem aos novos ambientes e podem da mesma maneira
desaparecer. Uma vasta redistribuição geográfica da biodiversidade está ora em
andamento por força do aquecimento global.[141][148]

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