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… Pesqui

Efeito estufa
fenômeno atmosférico que causa aquecimento
planetário

… … …

O efeito estufa (português brasileiro) ou efeito de


estufa (português europeu) é um processo físico
que ocorre quando uma parte da radiação
infravermelha (percebida como calor) é emitida
pela superfície terrestre e absorvida por
determinados gases presentes na atmosfera,
os chamados gases do efeito estufa ou gases
estufa. Como consequência disso, parte do
calor é irradiado de volta para a superfície, não
sendo libertado para o espaço. O efeito estufa
dentro de uma determinada faixa é de vital
importância pois, sem ele, a vida como a
conhecemos não poderia existir. Serve para
manter o planeta aquecido e, assim, garantir a
manutenção da vida.

Uma representação esquemática das trocas de


energia entre o espaço sideral, a atmosfera e a
superfície da Terra. A capacidade da atmosfera
terrestre para captar e reciclar energia emitida pela
superfície do planeta é a característica do efeito de
estufa.

Atividades humanas como a queima de


combustíveis fósseis, o emprego de certos
fertilizantes, o desmatamento e o grande
desperdício contemporâneo de alimentos, que
têm entre seus resultados a elevação nos
níveis atmosféricos de gases estufa, vêm
intensificando de maneira importante o efeito
estufa e desestabilizando o equilíbrio
energético no planeta, produzindo um
fenômeno conhecido como aquecimento
global.

Os pesquisadores do IPCC (Painel


Intergovernamental para as Mudanças
Climáticas), estabelecido pela Organização das
Nações Unidas e pela Organização
Meteorológica Mundial, que representam em
seu conjunto a maior autoridade internacional
sobre este tema, no seu Quinto Relatório,
publicado em 2014, afirmam que estas
emissões devem parar de crescer em cinco
anos (até 2019), serem reduzidas em 70% até
2050 e reduzidas a zero até 2100, a fim de que
os efeitos dessa intensificação não produzam
consequências catastróficas para a
preservação dos sistemas vitais do planeta,
com repercussão direta sobre a sociedade
humana.[1]

Definição e mecanismo

O efeito estufa e o
aquecimento global

Ver artigo principal: Aquecimento global e Quinto


Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas

Variação de temperatura na Terra de


1860 até 2004.

Nuvem de poluição sobre Kuala


Lumpur. Além de causarem a maior
parte do aquecimento global, as
emissões gasosas derivadas da
combustão de combustíveis fósseis,
usados por exemplo em automóveis,
indústrias e usinas termoelétricas, são
uma das maiores causas da poluição
atmosférica.[6]

Embora o efeito estufa seja um mecanismo


natural e necessário à vida, em tempos
recentes ele tem sido desequilibrado pelo
homem, o que tem provocando graves
consequências daninhas para o equilíbrio dos
ecossistemas e, por extensão, para a
sociedade humana. Este desequilíbrio se deve
ao aumento da concentração de gases estufa
na atmosfera, sendo produzidos
continuamente em grandes quantidades por
certas atividades humanas. Em virtude dessa
concentração aumentada, a temperatura
terrestre tem se elevado, fenômeno conhecido
como aquecimento global.[2]

A implicação do homem no aumento recente


da concentração dos gases estufa tem sido
documentada por múltiplas fontes de alto nível
e atualmente é considerada indiscutível pelo
consenso esmagador dos melhores cientistas
em atividade. As poucas vozes em contrário
que ainda são ouvidas em geral estão de várias
maneiras comprometidas com grandes
conglomerados empresariais e grupos de
lobby político e não são, portanto, confiáveis.
Não obstante, devido ao grande poder
econômico e político que as sustenta, elas
conseguem atingir e influenciar uma vasta
população. De fato, muitas já foram as
denúncias de que tais grupos empreendem
campanhas milionárias de propaganda
enganosa com o objetivo de confundir
deliberadamente o público, impedindo-o de
conhecer o assunto com bases sólidas e de
agir coerentemente em resposta.[7][8][9][10]

Aquela conclusão a respeito da causa humana


foi o resultado da atividade do
Intergovernmental Panel on Climate Change -
IPCC (Painel Intergovernamental sobre as
Mudanças Climáticas), uma cooperação entre
a Organização Meteorológica Mundial e o
Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, reunindo dados de milhares de
cientistas das mais destacadas instituições de
pesquisa do mundo.[4] O IPCC desde 1990
produziu cinco grandes relatórios sobre o
aquecimento global, que representam o estado
da arte sobre esta questão, oferecendo um
panorama completo do fenômeno, suas
causas, efeitos e maneiras de enfrentá-lo,
recebendo o Prêmio Nobel da Paz pelo seu
relevante trabalho em benefício da sociedade
mundial.[11] De acordo com o IPCC, também é
inequívoca a elevação da temperatura terrestre
no último século em virtude do aumento da
concentração desses gases.[3][4] Entre 1880 e
2012 a temperatura média da Terra subiu
0,85 °C, com uma faixa de variação de 0,65 °C
a 1,06 °C.[4] As conclusões do IPCC foram
apoiadas pelas maiores organizações e
academias científicas do mundo, e não existe
autoridade maior do que a sua neste campo de
estudo.[3][7][12][13][14][15]

Varição da concentração
atmosférica de CO2 nos últimos
400 mil anos. Note-se o
aumento exponencial na
concentração em tempos
recentes.

Influência de cada gás no


agravamento do efeito estufa.

Várias atividades humanas estão envolvidas no


incremento da concentração dos gases estufa.
As principais são a queima de combustíveis
fósseis e os processos industriais, que emitem
grandes quantidades de gás carbônico na
atmosfera, o principal componente de origem
humana em todo este problema, além emitirem
diversos outros poluentes. Nos últimos 800 mil
anos a concentração de CO2 atmosférico
manteve-se relativamente estável, variando de
170 a 300 ppm (partes por milhão). Contudo, a
Revolução Industrial, iniciada em meados do
século XVIII, fez uso intensivo do carvão
mineral, e no século XX a exploração do
petróleo, gás natural e outros combustíveis
fósseis deu maciça contribuição adicional,
fazendo com que a concentração atmosférica
se elevasse aproximadamente 35%,[16]
ultrapassando as 400 ppm em 2013,[17] os
níveis mais elevados nos últimos 800 mil
anos.[1] Mudanças no uso da terra e o
desperdício de alimentos também têm emitido
significativas quantidades de gás
carbônico.[18]

A elevação do metano se origina no uso de


combustíveis fósseis, na agricultura, no
desperdício de alimentos e na decomposição
do lixo orgânico, tendo passado de
aproximadamente 722 ppb (partes por bilhão)
pré-industrial para 1893-1762 ppb em 2014.[19]
O papel do metano vem sendo reavaliado, e
prevê-se que ele aumente muito sua
contribuição para o efeito estufa à medida que
derrete o solo permafrost das regiões frias,
que armazenam um vasto estoque potencial
deste gás na matéria orgânica congelada; em
condições normais a matéria orgânica
permanece em estado inerte, mas quando o
solo derrete, os materiais se decompõem e o
gás é liberado.[4] A elevação do óxido nitroso
se deve principalmente ao uso de fertilizantes,
variando de 270 pré-industrial para cerca de
325 ppb em 2005. Os níveis de ozônio
aumentaram de 237 para 337 ppb no mesmo
período. Todos os clorofluorocarbonetos,
inexistentes no período pré-industrial, se
elevaram também, a exemplo do CFC-11
(CCl3F), que chegou a 236-234 ppb em 2014,
e o CFC-12 (CCl2F2), que atingiu as 527 ppb na
mesma data.[19]

Consequências

Biodiversidade

Ver artigo principal: Declínio contemporâneo da


biodiversidade mundial, Acidificação oceânica

São múltiplas as consequências da


intensificação do efeito estufa para a vida na
Terra e para o homem e sua sociedade, e em
sua vasta maioria, negativas, com
repercussões biológicas, sociais, culturais e
econômicas de larga escala. As espécies que
florescem hoje no mundo dependem de
condições climáticas razoavelmente estáveis
para sobreviver. A rapidez com que a elevação
recente da temperatura média mundial vem
ocorrendo impede que as espécies se adaptem
a tempo, necessariamente gerando impacto
negativo sobre o equilíbrio ecológico,
desestruturando as cadeias alimentares,
interferindo no balanço químico e energético
das comunidades vivas, provocando sua
redistribuição geográfica, favorecendo a
proliferação de espécies invasivas e de muitas
outras formas, fazendo com que numerosas
espécies sofram pronunciado declínio
populacional ou mesmo cheguem à extinção.
Essas interferências podem ser graves ao
ponto de causar o colapso irreversível de
ecossistemas inteiros, como já foi observado
em vários casos.[20][21][22][23] Projeções da
União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais indicam que
um aquecimento mundial acima de 3,5 °C
causará um empobrecimento generalizado na
biodiversidade terrestre, com uma extinção
provável de até 70% de todas as espécies
conhecidas.[24] O IPCC indicou que esta é uma
possibilidade real, prevista em alguns dos
modelos utilizados, embora as projeções mais
consensuais apontem para uma elevação de
pouco mais de 2 °C até o ano de 2100. Mesmo
assim, esta elevação deverá causar efeitos de
grande monta em todo o planeta.[4]

Animais mortos por hipóxia no


fundo do oceano.

A zona morta do Golfo do México,


uma das maiores do mundo.

Os gases atmosféricos estão em constante


estado de troca dinâmica com os gases
dissolvidos nas águas do mundo. O gás
carbônico em particular tem a propriedade da
provocar a acidificação da água, e a elevação
de sua concentração no ar por consequência
direta tem causado o aumento da acidez dos
oceanos e outros corpos líquidos. O IPCC
calcula que os oceanos absorveram cerca de
30% do gás carbônico emitido pelo homem
para a atmosfera, e se acidificaram 26% a mais
em relação ao seu estado pré-industrial. Cerca
de metade desta acidificação ocorreu nos
últimos 40 anos.[4] Da mesma forma que as
espécies terrestres precisam de condições
estáveis para sua vida, o mesmo se dá no caso
das aquáticas, e a acidificação tem gerado
uma quantidade de efeitos indesejáveis.
Animais que possuem esqueletos e carapaças
calcárias, como os corais, moluscos e
esponjas, são os mais profundamente
afetados, sofrendo com a dissolução ou
enfraquecimento das suas estruturas
corporais. Ao mesmo tempo, o aumento da
concentração do gás na água
automaticamente diminui a quantidade de
oxigênio, um gás vital, causando morte por
hipóxia (desoxigenação), alterações em seu
metabolismo e no seu comportamento,
surgimento de doenças e redução no
crescimento, entre outros efeitos, que
conduzem por fim igualmente ao declínio ou
extinção das populações. Esses impactos,
somados à grande descarga de poluição de
variadas naturezas nos oceanos de todo o
mundo, mais a pesca excessiva e predatória,
potencializam os efeitos
desastrosos.[25][26][27][28][29] Já existem mais
de 400 zonas mortas em vários oceanos, onde
a vida não consegue prosperar, devido a uma
combinação de impactos produzidos pelo
homem.[30]

Por outro lado, a elevação da temperatura


atmosférica faz com que a umidade do ar
aumente, pois o ar quente tem maior
capacidade de reter umidade do que o ar frio,
e como o vapor d'água é o mais importante
dos gases estufa, maiores concentrações de
vapor no ar terão como resultado uma
amplificação do efeito estufa. É importante
compreender que os sistemas naturais estão
todos intimamente inter-relacionados, e
mudanças em um elemento inevitavelmente
acarretam mudanças em uma série de outros
em um efeito de cascata. Muitas delas são
imprevisíveis e outras desencadeiam efeitos
gigantescos para mudanças aparentemente
insignificantes a uma apreciação superficial. O
próprio aquecimento global é uma prova disso,
pois a elevação de menos de um grau Celsius
na média atmosférica desde o fim do
século XIX, que para muitos pode parecer
desprezível, está provocando o derretimento
da maioria dos glaciares do mundo,
perturbações climáticas importantes em todo
o globo e a extinção de várias espécies, entre
muitos outros efeitos.[4]

Nível do mar

Ver artigo principal: Subida do nível do mar

Elevação recente do nível médio dos


oceanos.

O aquecimento atmosférico tem outro efeito


sobre as águas: ele as aquece também, e por
uma reação física os corpos aquecidos se
expandem. Isso faz com que o nível dos
oceanos esteja em elevação. Uma vez que
grande parte da população mundial vive em
zonas litorâneas ou ilhas, essa elevação irá
causar o alagamento de vastas áreas
habitadas, desencadeando uma série de
efeitos colaterais, tais como forçando
migrações em massa, prejudicando a
economia e a segurança social, e exigindo o
dispêndio de enormes recursos para
compensar as zonas perdidas ou combater o
avanço das águas. Este efeito tem sido
ampliado pelo derretimento acelerado de todas
as geleiras continentais do mundo e das capas
de gelo das regiões polares, que contribuem
despejando água adicional nos
oceanos.[4][31][32][33] As projeções do IPCC
indicam uma elevação média do nível do mar
de aproximadamente 40 a 60 cm até 2100,
com uma faixa de variação de 26 a 98 cm, e é
virtualmente certo que a elevação continuará
depois de 2100.[34]

Sociedade

Crianças subnutridas em um orfanato


da Nigéria na década de 1960. A fome,
que sempre assombrou a humanidade,
e que hoje ainda aflige mais de 800
milhões de pessoas,[35] deve piorar se
o aquecimento global não for
combatido. O Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
publicou em 2013 seu Relatório de
Desenvolvimento Humano prevendo
que o aquecimento global em
combinação a outros problemas
ambientais jogará cerca de 3 bilhões de
pessoas na pobreza extrema em 2050,
um terço da população mundial
projetada para aquela data, se as
tendências continuarem inalteradas.[36]

Bairro de New Orleans, nos Estados


Unidos, com casas com água até o teto
após a passagem do furacão Katrina.
Eventos desastrosos como este estão
com tendência de aumentar em número
e potência em virtude do efeito estufa
amplificado.

Como o ser humano depende largamente da


natureza para sua própria sobrevivência, os
impactos negativos do efeito estufa
amplificado necessariamente afetarão a vida
humana, como já vêm afetando. Com o declínio
populacional ou extinção de inúmeras espécies
valiosas para o homem como alimento, espera-
se que se as emissões de gases estufa não
cessarem num futuro muito breve, o
aquecimento global provocará uma
desestruturação nos ecossistemas mundiais
em escala tão vasta, afetando da mesma forma
os sistemas de produção alimentar agrícola e
pecuária, que a sociedade passará a
experimentar níveis de fome muito maiores dos
que hoje já enfrenta, quando mais de 800
milhões de pessoas no mundo padecem de
subnutrição crônica. Diante da escassez
generalizada de recurso tão básico, espera-se
que se intensifiquem os conflitos violentos
entre as nações, que competirão por comida, a
segurança social será abalada, a incidência de
doenças aumentará, e a economia mundial
sofrerá significativo declínio. Além disso, o
aumento das temperaturas terá forte influência
sobre o clima em geral, tornando-o mais
imprevisível e desafiador, aumentando a
ocorrência e a intensidade de desastres
climáticos, como ondas de calor extremo,
secas prolongadas, chuvas torrenciais e tufões
devastadores. Esses efeitos combinados se
reforçam mutuamente, amplificando ainda
mais os impactos, que incidirão sobre as
populações mais pobres com maior
severidade, já que elas têm menor capacidade
de se adaptarem, e também mais sobre as
zonas urbanas do que sobre as rurais, em
virtude da forte tendência atual de
concentração da população nas cidades, que
em geral estão despreparadas para enfrentar
as mudanças e assim expõem um maior
número de pessoas aos riscos
aumentados.[4][37][38][39][40]

Um estudo desenvolvido em 2012 por mais de


50 cientistas estimou que, à época, o
aquecimento custava para o mundo
diretamente mais de 1,2 trilhão de dólares ao
ano, com tendência a aumentar esta conta,[41]
a Federação Internacional da Cruz Vermelha
fez mais de 30 milhões de atendimentos em
2014 a vítimas de desastres naturais derivados
do aquecimento global,[42] e em 2010 os
efeitos do problema causaram a morte de 5
milhões de pessoas.[43]

Já é sabido também que a elevação da


temperatura vai continuar além do ano de 2100
mesmo se as emissões cessarem agora,
devido a um efeito retardado, e sabe-se que
muitos dos efeitos secundários da elevação
serão irreversíveis nos horizontes da presente
civilização, pois os mecanismos naturais
compensatórios levarão milhares de anos para
devolver o mundo ao seu estado pré-industrial
— mas isso se as emissões cessarem. Se não
cessarem, os efeitos negativos se prolongarão
por um tempo indeterminado. Se as piores
previsões se concretizarem — o que cada dia
parece mais provável em virtude da inação da
sociedade — a biodiversidade mundial sofrerá
perdas tão vastas que serão precisos muitos
milhões de anos para a Terra recuperar um
nível de riqueza biológica comparável ao que
ela tem hoje, e que é uma das principais fontes
diretas da riqueza e bem estar das nações. O
destino das futuras gerações está, portanto,
diante de uma grave ameaça.[4]

Em 2013 o presidente do Banco Mundial fez


um apelo a todas as nações, dizendo que "as
mudanças climáticas devem estar no topo da
agenda internacional, pois o aquecimento
global põe em risco qualquer desenvolvimento
que for conseguido em outros setores,
inclusive o econômico".[44] O diretor do Centre
National de la Recherche Scientifique (CNRS),
Michael Löwy declarou que o enfrentamento
dos problemas climáticos, assim como da
questão ambiental em geral, requer uma
mudança nos próprios fundamentos da
economia, com alteração dos hábitos de
consumo e da relação do homem com a
natureza.[45] Estas opiniões já são um
consenso entre os especialistas no assunto.[4]

Eles acrescentam que à medida que o tempo


passa, os riscos decorrentes da negligência ou
demora no enfrentamento deste desafio se
tornam maiores, e quanto maior a demora,
maiores se tornarão os custos para a resolução
dos problemas. Eles advertem ainda que
subsiste algum tempo para a sociedade reagir
e evitar a materialização das projeções mais
pessimistas, mas esse tempo se escoa dia a
dia, e se nada for feito com energia e decisão
em uma escala realmente mundial, num
esforço coordenado entre todos os países e
todos os estratos da sociedade, uma crise

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