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Apresentação das Bacias Hidrográficas do Atlântico Leste, Atlântico

Sudeste e Paraná

Maria Eduarda Silva Marinho de Lima


Taise Emanuele Henrique Silva
Yasmin Varela da Silva

1. INTRODUÇÃO

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A região da Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste (mapa 1) abrange as capitais
de Sergipe e Bahia, bem como várias áreas urbanas importantes e um parque
industrial significativo. Nesta região, encontram-se parcial ou integralmente 526
municípios. A área total da região é de 388.160km², equivalente a 4,5% do território
brasileiro. Em 2010, a população da Região Hidrográfica Costeira do Leste era de
15.066.543 habitantes, representando 7,9% da população do Brasil. A maior parte
dessa população, cerca de 75%, vivia em áreas urbanas, especialmente nas regiões
metropolitanas de Salvador e Aracaju. A densidade populacional na região atinge 39
habitantes por quilômetro quadrado, em comparação com a média nacional de 22,4
habitantes por quilômetro quadrado. A região abriga 468 sedes municipais,
correspondendo a 8% do total do país. A distribuição territorial na bacia hidrográfica é
a seguinte: Sergipe - 3,8%, Bahia - 66,8%; Minas Gerais - 26,2%, e Espírito Santo -
3,2%.
Mapa 1: Região da Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste.
Fonte: ANA - agência Nacional de Águas

A região da Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste (mapa 2) cobre uma área de


214.629km², o que corresponde a 2,5% do território nacional. Seus principais rios
incluem Paraíba do Sul e o Doce, com 1.150 e 853 quilômetros de extensão,
respectivamente. Além desses, a região também é composta por vários rios menores
que formam diferentes bacias, como São Mateus, Santa Maria, Reis Magos,
Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira, e áreas litorâneas do Rio de
Janeiro e São Paulo. Em 2010, cerca de 28,2 milhões de pessoas viviam na região,
representando 14,8% da população do Brasil, sendo que a maioria residia em áreas
urbanas, atingindo densidades populacionais significativas, especialmente nas
Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro, Vitória (ES) e Baixada Santista (SP). A
Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste é conhecida por sua densa população e sua
indústria desenvolvida. Entretanto, esse crescimento traz desafios em relação ao
fornecimento de água. Isso ocorre porque, apesar de uma alta demanda por água na
região, ela possui uma oferta relativamente baixa. Nesse cenário, é um grande
desafio promover o uso sustentável da água na região, permitindo que ela seja usada
de várias maneiras, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Isso envolve
implementar práticas de gestão que equilibrem o crescimento econômico e
populacional com a conservação ambiental.

Mapa 2: Região da Bacia Hidrográfica do Atlântico Sudeste.


Fonte: ANA - agência Nacional de Águas

A região da Bacia Hidrográfica do Paraná (mapa 3), com 32,1% da população


do Brasil, é a área de maior desenvolvimento econômico do país. Esta região abrange
sete estados: São Paulo (25% da região), Paraná (21%), Mato Grosso do Sul (20%),
Minas Gerais (18%), Goiás (14%), Santa Catarina (1,5%) e o Distrito Federal (0,5%).
Em 2010, aproximadamente 61,3 milhões de pessoas viviam nesta região, o que
representava 32% da população do Brasil, sendo a maioria (93%) vivendo em áreas
urbanas. Cidades como São Paulo, Curitiba e Campinas têm experimentado
crescimento significativo, mas isso tem colocado pressão sobre os recursos hídricos
devido ao aumento das demandas e à contaminação da água. Originalmente, a região
hidrográfica do Paraná possuía coberturas vegetais diversas, incluindo a Mata
Atlântica e o Cerrado, mas ao longo dos ciclos econômicos do país, houve um grande
desmatamento e transformações no uso da terra. Essa região tem a maior demanda
por água do Brasil, representando 31% da demanda nacional, com uso predominante
para irrigação (42%) e abastecimento industrial (27%).

Mapa 3: Região da Bacia Hidrográfica do Paraná.


Fonte: ANA - agência Nacional de Águas

2.1 CLIMA
2.1.1 Clima da Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste
A Região Hidrográfica Atlântico Leste é uma área de extrema importância no
cenário geográfico e climático do Brasil. Ela engloba as capitais dos estados de
Sergipe e Bahia, juntamente com diversos núcleos urbanos e um parque industrial
considerável, abrangendo um total de 526 municípios. Esta região ocupa uma área de
aproximadamente 374.677 km², correspondendo a cerca de 4% do território brasileiro.
A vazão média de longo período estimada para essa região é de aproximadamente
1.400,43 m³/s, o que representa aproximadamente 0,9% do total de recursos hídricos
do país.
O clima predominante nessa região é o tropical, caracterizado por
temperaturas elevadas e alta umidade ao longo do ano. A temperatura média anual é
de aproximadamente 24,5°C, com uma amplitude térmica anual relativamente baixa,
variando entre 5°C a 2°C. Essa variação é típica de regiões intertropicais. Há uma
notável variação nas médias de temperatura ao longo da região, com médias anuais
de temperatura inferiores a 20°C nas áreas da Chapada Diamantina (BA) e Serra do
Caparaó (MG). Por outro lado, as maiores médias anuais de temperatura são
observadas nas áreas litorâneas da Bahia e Sergipe, onde as temperaturas podem
superar os 25°C (MMA, 2006)
Quanto à precipitação, a região apresenta uma ampla variação. Nas áreas
costeiras da Bahia e no extremo sul da bacia, a precipitação anual atinge valores em
torno de 2.400 mm, o que contribui para um clima quente e úmido nessas áreas. No
entanto, no alto curso do rio Vaza-Barris, a precipitação anual é notavelmente menor,
chegando a cerca de 400 mm. A evapotranspiração, que representa a perda de água
da superfície para a atmosfera devido à evaporação e transpiração das plantas,
também varia consideravelmente na região. Em cidades costeiras como Salvador e
Aracaju, a evapotranspiração pode alcançar valores superiores a 1.400 mm anuais
devido ao clima quente e úmido. Em contraste, em áreas como a Chapada
Diamantina e o planalto de Vitória da Conquista, a evapotranspiração é
consideravelmente menor, com valores inferiores a 900 mm anuais (INMET, 2023).
Dessa forma, a região pode ser caracterizada por quatro tipos básicos de
clima: super-úmido, úmido, semi-úmido e semiárido.
O clima árido, localizado apenas em pequenas manchas no alto rio Vaza-Barris
e na margem do rio Itapicuru-Paraguaçu, ocorre somente no Estado da Bahia sendo
pouco representativo na região hidrográfica de estudo (BAHIA, 2004). O clima úmido
localiza-se principalmente em uma faixa a leste da região junto ao litoral. Essa estreita
faixa vai desde a Sub-bacia do Recôncavo 02 até o litoral sul da Bahia. Devido à
altitude e a orografia ocorre também em uma mancha no alto rio Paraguaçu, em sua
divisa com o rio Contas. Caracteriza-se por um alto grau de umidade (precipitações
anuais de aproximadamente 1.400 mm) e as temperaturas variam de 23ºC a 25ºC
com um índice hídrico anual positivo (BAHIA, 2004). O clima úmido a sub-úmido
apresenta-se em uma faixa adjacente ao clima úmido que se inicia nas imediações da
cidade de Aracaju e estende-se longitudinalmente até o limite meridional da área de
estudo. Compreende, portanto, uma estreita faixa no conjunto de todas as bacias
contidas na Região Hidrográfica Atlântico Leste. As temperaturas variam de 22ºC a
25ºC e os índices pluviométricos variam entre 1.000 mm e 1.400 mm, os déficits
hídricos são ainda pouco expressivos (BAHIA, 2004). O clima sub-úmido a seco
abrange parte relativamente grande da Bacia. A precipitação média anual varia entre
800 mm e 1.200 mm. A redução dos índices pluviométricos já é reflexo da
continentalidade que passa a ser marcante nos padrões climáticos a partir do domínio
analisado. Nessa faixa, o déficit hídrico e a evapotranspiração aumentam no mesmo
sentido. A temperatura média oscila entre 24ºC e 25ºC. Apresenta-se paralelo à Faixa
Atlântica, como transição entre áreas úmidas e mais secas, concentrando quase toda
a costa oeste do Atlântico Leste, inclusive as bacias do rio Mucuri e médio-baixo
Jequitinhonha, próximo à divisa Minas-Bahia. O clima semi-árido é caracterizado na
porção oeste da região de estudo. Ocupa maiores extensões no Estado da Bahia nas
bacias dos rios Vaza-Barris, Itapicuru, Paraguaçu e Contas. Ocorre também em uma
mancha no médio Jequitinhonha, na região próxima à divisa das sub-bacias
Jequitinhonha 1, 2 e 3. De forma geral, apresenta déficit hídrico com altas
temperaturas (superiores a 25ºC) e baixas precipitações (abaixo de 800 mm) (BAHIA,
2004).

2.1.2 Clima da Bacia Hidrográfica do Atlântico Sudeste


A topografia, ou a forma da superfície terrestre, tem uma influência significativa
no clima de uma determinada região. Isso ocorre porque o relevo afeta vários fatores
climáticos, como temperatura, precipitação, ventos e umidade.
A topografia da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste apresenta
características notavelmente acidentadas, o que promove um aumento nas
precipitações devido à turbulência atmosférica causada pela elevação do terreno,
chamada de ascendência orográfica. A topografia acidentada ao longo do litoral,
combinada com os ventos constantes do leste e nordeste, conhecidos como alísios, e
a localização na trajetória de frentes polares, onde atuam os sistemas de anticiclones
polar e atlântico sul, resultam em uma notável diversidade climática na Região.
As precipitações nas Serras do Mar e Mantiqueira exercem uma influência
significativa. Os índices pluviométricos aumentam com a altitude (NIMER, 1979). Nas
partes mais elevadas da Serra da Mantiqueira, a precipitação média varia de 2.000 a
2.500mm, enquanto na Serra do Mar, pode atingir 4.500mm. O Vale do Paraíba,
situado entre as duas serras, tem uma pluviosidade que varia entre 750 e 1.000mm
por ano. Em relação às variações de temperatura, é possível identificar pelo menos
quatro domínios climáticos: clima quente, clima subquente, clima mesotérmico brando
e clima mesotérmico médio, cada um com subdomínios determinados pela duração
da estação seca ao longo do ano (NIMER, 1979).
A região de clima quente abrange praticamente toda a Bacia do Rio Doce,
variando de úmido na região da foz a semiúmido no curso médio e superior. As
nascentes dessa bacia estão sob a influência do clima subquente semiúmido,
caracterizado por quatro a cinco meses de estiagem por ano. A diversidade climática
atinge seu ponto máximo nas áreas das Serras do Mar e Mantiqueira. Desde o
sul/sudeste do estado do Espírito Santo, passando pela Mantiqueira até a divisa dos
estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o clima varia de quente úmido
a quente superúmido e subquente úmido nas áreas mais elevadas, como nas
nascentes dos rios Itapemirim, Itabapoana, Pomba e Muriaé. Nas regiões de picos,
como na Serra de Castelo, o clima característico é o mesotérmico brando
superúmido, podendo chegar ao clima mesotérmico médio nos picos da Serra da
Mantiqueira, na região da divisa dos três estados. Na faixa litorânea, do norte do Rio
de Janeiro ao norte do Paraná, o clima varia de quente úmido a subquente e
superúmido (MMA, 2006. NIMER, 1979)

2.1.3 Clima da Bacia Hidrográfica do Paraná


A Bacia Hidrográfica do Paraná é predominantemente caracterizada por um
clima tropical, com algumas pequenas áreas apresentando variações próximas ao tipo
subtropical temperado, basicamente nos Estados de Paraná e Santa Catarina.
A precipitação média é de 1.511 mm/ano, com valores acima de 2.000 mm
junto à Serra do Mar que define o limite com a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste.
O período mais chuvoso ocorre entre novembro a fevereiro. A evapotranspiração real
é de 1.101 mm/ano, correspondente a 73% da precipitação (ANA, 2005a). A Região
Hidrográfica do Paraná apresenta variações espaciais e temporais quanto aos
parâmetros climáticos, com repercussão direta na disponibilidade hídrica natural, e
que se refletem na estrutura produtiva e nos usos da água. Cerca de 70% de sua área
encontra-se ao norte do Trópico de Capricórnio, no cinturão tropical, onde a energia
solar é maior que nas latitudes médias. O clima regional é resultante das condições
meteorológicas comandadas pelas interações dos sistemas atmosféricos Tropical
Atlântico, Polar Atlântico, Tropical Continental, Equatorial Continental e as
correspondentes perturbações frontais. No verão, os centros de ação meteorológica,
às vezes por vários dias, estacionam as frentes da Zona de Convergência do Atlântico
Sul – ZCAS. Nestas condições, o avanço da massa Equatorial Continental provoca
intensas chuvas, especialmente à altura do Estado de São Paulo. De modo geral, as
condições de tempo na Região Hidrográfica do Paraná dependem do controle da
massa Tropical Atlântica, da invasão das frentes frias, das incursões da massa de ar
Tropical Continental associada à Baixa do Chaco, da permanência das ZCAS e das
perturbações originadas pelo relevo. Desta forma, ante este conjunto de variáveis, as
condições climáticas na região são bastante instáveis e de dinâmica complexa,
alternando situações bem diferenciadas, tais como secas e enchentes (FGV, 1998).
A temperatura média anual é de 22°C, oscilando entre 16° C e 28°C
(PNRH-DBR, 2005). A apresenta isotermas de temperatura média plurianual (FGV,
1998), sendo as maiores médias concentradas na parte central (calha do rio Paraná e
arredores) e noroeste da Região Hidrográfica do Paraná.
A precipitação média anual nas diferentes unidades hidrográficas da bacia
varia entre 1.410 e 1.690 mm, sendo que em algumas áreas próximas à Serra do Mar,
que marca a fronteira com a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, os valores podem
ultrapassar os 2.000 mm anuais. O período chuvoso ocorre principalmente entre os
meses de novembro a fevereiro, enquanto os demais meses apresentam estiagem.
Em relação à evapotranspiração real, a região registra uma média de
aproximadamente 1.139 mm. Esse dado reflete a quantidade de água que é perdida
para a atmosfera devido à evaporação da superfície da terra e à transpiração das
plantas. Essas características climáticas desempenham um papel fundamental na
dinâmica dos recursos hídricos da Bacia do Paraná. O regime de chuvas e o balanço
hídrico da região têm influência direta nas disponibilidades de água, nos padrões de
escoamento dos rios e no funcionamento dos ecossistemas aquáticos e terrestres.
Portanto, compreender esses aspectos climáticos é crucial para a gestão sustentável
dos recursos hídricos da bacia (INMET, 2023)

2.2 GEOMORFOLOGIA, GEOLOGIA E PEDOLOGIA


2.2.1 Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste
2.2.2 Bacia Hidrográfica do Atlântico Sudeste
A bacia hidrográfica do Atlântico Sudeste é uma região geograficamente
diversa localizada na parte sudeste do Brasil, abrangendo partes dos estados de
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Sua geomorfologia é
influenciada por uma variedade de fatores geológicos, climáticos e tectônicos.
Segundo Ab'Sáber (1970) uma característica proeminente da geomorfologia do
Atlântico Sudeste é a presença das Serras do Mar e da Mantiqueira. Essas serras
estendem-se ao longo da costa e formam uma barreira natural entre o oceano e o
planalto interior. Elas são marcadas por relevos montanhosos, picos elevados e vales
profundos.
A Serra da Mantiqueira, que faz parte do Escudo Brasileiro, se estende na
divisa dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Na região de Zona
da Mata em Minas Gerais, ela se torna menos elevada devido à presença dos rios
Pomba e Muriaé. No entanto, ela se eleva novamente na fronteira entre Minas Gerais
e Espírito Santo, conhecida como Serra do Caparaó, e continua no estado capixaba
até a região de Vitória, onde assume o nome de Serra do Castelo. As altitudes ao
longo dessa cordilheira variam de 1.200m a 2.800m (MMA, 2006).
Próxima à costa, surge outra escarpa, da Serra do Mar, que corre
paralelamente à Serra da Mantiqueira, desde a região do alto curso até o médio curso
do rio Paraíba do Sul. Esta cordilheira recebe diferentes nomes em diferentes
segmentos, incluindo Serra dos Órgãos, Serra do Rio Preto e Serra da Bocaina. Suas
altitudes máximas variam de 800m a 1.800m, embora existam picos que ultrapassam
os 2.200m. No geral, a Serra do Mar se apresenta como uma parede íngreme e
contínua, mas apresenta dois rebaixamentos significativos na caracterização do clima:
um entre a Serra do Rio Preto e a Serra dos Órgãos, onde o rio Macabu forma um
profundo desfiladeiro, e outro entre as Serras dos Órgãos e a Serra da Bocaina, onde
os ribeirões das Lajes, Lapa e Piraí escavaram seus leitos a profundidades inferiores
a 500m. Entre as escarpas da Mantiqueira e da Serra do Mar, encontra-se o Vale do
Rio Paraíba do Sul. A Serra do Espinhaço delimita as nascentes dos afluentes do Rio
Doce, especialmente os rios Piracicaba, Santo Antônio e Suaçui Grande, fazendo
fronteira com as bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha. À medida que o rio
Doce avança desde o médio curso, ele atravessa áreas de altitudes moderadas, não
ultrapassando os 250m.
2.2.3 Bacia Hidrográfica do Paraná
Na Região Hidrográfica do Paraná, há desde rochas cristalinas, ígneas e
metamórficas, do embasamento Pré-Cambriano constituinte da Plataforma
Sul-Americana, até rochas sedimentares das seqüências Paleozóica e Mesozóica da
Bacia Sedimentar do Paraná, além de rochas básicas intrusivas, extrusivas e os
sedimentos Cenozóicos (FGV, 1998).
As rochas Pré-Cambrianas do Embasamento Cristalino ocorrem em todo o
bordo norte e leste da Região Hidrográfica do Paraná, nas áreas das cabeceiras e
nos altos cursos dos principais rios. São rochas ígneas e metamórficas, subdivididas
em blocos justapostos em consequência da intensa movimentação tectônica e dos
eventos regionais de formação, metamorfismo, deformação, remobilização, intrusão e
extrusão de rochas. A região de domínio dessas rochas cristalinas encontra-se
afetada por intenso tectonismo, marcado por extensos falhamentos do tipo
transcorrente e inverso, responsáveis pela compartimentação em blocos tectônicos.
Toda esta estruturação Pré-Cambriana sofreu reativações, afetando a
compartimentação estrutural original por deformações rúpteis, aspecto bastante
importante para as condições de ocorrência de água subterrânea no Cristalino.
Mais da metade da Região Hidrográfica do Paraná situa se sobre rochas
sedimentares e rochas ígneas intrusivas a extrusivas, que constituem geologicamente
a Bacia Sedimentar do Paraná, uma unidade do tipo intracratônico e de grande
extensão, e que se instalou sobre as rochas Pré Cambrianas do Embasamento
Cristalino. Suas diferentes formações geológicas estão posicionadas na forma de um
amplo homoclinal com seu eixo longitudinal coincidindo aproximadamente com o eixo
da drenagem principal (calha do rio Paraná) e com um mergulho suave, a partir de
suas bordas leste e oeste, em direção ao centro da bacia. Coberturas sedimentares
Cenozóicas encontram-se assentadas sobre as diversas unidades litoestratigráficas
da Região Hidrográfica do Paraná. Em geral, são formadas por sedimentos de origem
predominantemente fluvial, depositados sobre áreas de extensão bastante variada e
constituídos por arenitos imaturos, com lentes lamíticas e leitos conglomeráticos
subordinados, que alcançam espessuras de até 30m. Além destes, ocorrem
sedimentos recentes das planícies aluvionares da rede de drenagem atual,
constituídos por areias, lentes de conglomerados e argilas, com espessura de até 20
m e assentados tanto sobre os terrenos sedimentares, quanto sobre as áreas do
Embasamento Cristalino.
Aspectos lito-estratigráficos e geotectônicos na Região Hidrográfica do Paraná
podem ser verificados em Schneider et al. (1974), Fúlfaro et al. (1980), IPT (1981a),
Radambrasil (1983), Zalán et al. (1986, 1987, 1990), CPRM (2001), entre outros.
A geomorfologia da Região Hidrográfica do Paraná é caracterizada por uma
sucessão de regiões morfo-estruturais, com formas de relevo distintas e continuadas,
que incluem o Planalto Atlântico (desde a cota 1.800 m e correspondendo aos
terrenos Pré-Cambrianos e sedimentos recentes), a Depressão Periférica (até a cota
450 m) e as Cuestas Basálticas, além do Planalto Ocidental, que se estende a partir
da cota 1.000 m até a faixa central da Região Hidrográfica do Paraná, defi nida pela
calha do rio Paraná nas cotas 350 a 150 m (FGV, 1998). Características mais
detalhadas sobre a geomorfologia regional podem ser observadas em IPT (1981b),
Radambrasil (1983) e Ross & Moroz (1999), entre outras referências. FGV (1998),
adotando Radambrasil (1992), apresenta os seguintes principais grupos de solos
existentes na Região Hidrográfica do Paraná, considerando as características
pedológicas e outros fatores (geologia, geomorfologia, topografia e clima): Latossolos
Roxos, Podzólicos Vermelho Amarelados, Terras Roxas Estruturadas, Latossolos
Vermelho-Escuros, Latossolos Vermelho-Amarelados, Podzólicos Vermelho-Escuros,
Cambissolos, aluviões recentes, entre outros. Outras referências trazem informações
sobre os solos da região, como IAC (1999).

2.3 FITOGEOGRAFIA
2.3.1 Fitogeografia Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste
A Região Hidrográfica Atlântico Leste abriga uma diversidade de biomas e
ecossistemas que têm sido historicamente afetados pela ação humana. Esta região
engloba fragmentos dos Biomas Floresta Atlântica, Caatinga, Cerrado, além de
abranger Zonas Costeiras e Insulares.
A Caatinga, caracterizada por sua vegetação xerófita adaptada a climas áridos
e semiáridos, foi historicamente impactada pela expansão da pecuária que invadiu as
regiões sertanejas. O desmatamento e a conversão de áreas naturais em pastagens
tiveram um grande impacto na vegetação nativa e na biodiversidade única desta
região. O Recôncavo Baiano e a Zona da Mata sofreram desmatamento significativo
para a implantação da cultura canavieira, que foi uma das principais atividades
econômicas durante períodos históricos. Isso resultou na perda de extensas áreas de
floresta e na transformação do ambiente natural. A região também abrigava matas
úmidas no sul da Bahia, que foram substituídas por plantações de cacau, mais uma
vez representando uma mudança drástica no uso da terra e na paisagem (MMA,
2006)
A Região Hidrográfica Atlântico Leste é caracterizada por ter como formação
vegetal predominante a Mata Atlântica, embora seus remanescentes estejam
atualmente dispersos e fragmentados. Originalmente, a Mata Atlântica cobria uma
extensa área no Brasil, mas hoje restam menos de 8% de sua extensão original.
Esses remanescentes estão distribuídos de forma esparsa ao longo da costa
brasileira, no interior das regiões Sul e Sudeste, assim como em fragmentos
significativos no sul dos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, além de áreas
isoladas nos estados do Nordeste. É importante destacar que as florestas situadas ao
sul da Bahia e ao norte do Espírito Santo são particularmente interessantes do ponto
de vista fitogeográfico. Nessas regiões, é possível encontrar a coexistência de táxons
amazônicos com espécies tipicamente atlânticas, criando um ambiente de alta
biodiversidade. Um exemplo impressionante dessa diversidade é a descoberta de 458
espécies vegetais catalogadas em apenas um hectare no sul da Bahia. Devido à
intensa pressão humana sobre os remanescentes da Mata Atlântica, especialmente
ao longo da faixa litorânea que se estende do sul da Bahia até o rio Doce, no Espírito
Santo, e, a partir daí, até o norte do estado do Paraná, foi considerada uma área
prioritária para a formação de um corredor ecológico de proteção e conservação da
biodiversidade desse bioma, conforme diretrizes estabelecidas pelo IBAMA em 2000.
Esse corredor ecológico visa promover a conexão entre os fragmentos
remanescentes da Mata Atlântica, permitindo que a fauna e a flora da região possam
se deslocar e manter sua diversidade genética. Essas ações são cruciais para
preservar e recuperar esse bioma tão ameaçado e essencial para a conservação da
biodiversidade brasileira (IBAMA, 2020)

2.3.2 Fitogeografia da Bacia Hidrográfica do Atlântico Sudeste


Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Região Hidrográfica Atlântico
Sudeste constitui-se pelo bioma da Mata Atlântica, que abrange uma diversidade
impressionante de ecossistemas costeiros, florestas exuberantes e áreas de transição
para o Cerrado.
A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste está situada no bioma da Mata
Atlântica. Nessa região, ocorrem variações e transições nos ecossistemas costeiros.
Estes se estendem desde o litoral do Espírito Santo até a Baía de Paranaguá, no
Paraná. Além disso, essas transições se manifestam nas áreas próximas às encostas
da Serra do Espinhaço, localizadas na porção noroeste da Região Hidrográfica, nas
divisas com as bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha. Nesses locais, a Mata
Atlântica revela sua transição para o vasto Cerrado do interior brasileiro, exibindo uma
diversidade única de ecossistemas e paisagens. As formações florestais da Mata
Atlântica estendem-se desde o litoral norte do Paraná até a divisa entre os estados do
Rio de Janeiro e Espírito Santo. Isso engloba várias regiões serranas, incluindo
trechos da imponente Serra do Mar, com diversas denominações regionais e serras
interiores ao longo do percurso. Essa área é notável por ser uma das regiões mais
bem preservadas de floresta ombrófila densa no Brasil. O que a torna ainda mais
especial é a presença de amplas áreas de transição, conhecidas como ecótonos,
onde a Mata Atlântica se encontra com a floresta estacional semidecidual. Esses
ecossistemas de transição são áreas de grande importância ecológica, pois abrigam
uma riqueza única de biodiversidade, combinando características de ambos os tipos
de floresta (MMA, 2006)
Esse bioma, a Mata Atlântica, é o lar de uma incrível diversidade de vida
selvagem. Ele abriga aproximadamente 1.800 espécies de vertebrados, sendo que
389 delas são endêmicas, ou seja, encontradas apenas nesta região. Essa
exclusividade biológica representa 7% do total de espécies do planeta, uma prova da
singularidade e importância da Mata Atlântica. No entanto, essa riqueza de
biodiversidade também traz consigo um desafio significativo. Apesar de sua notável
diversidade, a Mata Atlântica enfrenta uma séria ameaça à sua fauna. Cerca de 10%
das aves e 14% dos mamíferos que habitam esse bioma estão classificados em
alguma categoria de ameaça de extinção. Isso destaca a necessidade premente de
esforços de conservação para proteger essas espécies e manter a riqueza biológica
desse bioma único.
A Serra do Mar, que corresponde ao maior trecho contínuo de Mata Atlântica,
foi identificada pelo Programa de Conservação da Biodiversidade (Probio) do
Ministério do Meio Ambiente em 2002 como uma área de extrema importância
biológica, caracterizada por um alto nível de integridade ambiental. Esta região abriga
uma ampla variedade de ecossistemas, incluindo campos de altitude, florestas
submontanas e montanas, afloramentos calcários, restingas e manguezais. O que a
torna ainda mais especial é a convergência de diferentes formações florestais, como a
floresta ombrófila densa, a floresta ombrófila mista e a floresta estacional
semidecidual. Essa mistura de habitats cria condições propícias para uma diversidade
excepcional de vida selvagem (MMA, 2006)
A Serra do Mar também é o lar de várias espécies endêmicas, ou seja, que são
encontradas apenas nessa região, além de abrigar uma riqueza biótica notável. Além
disso, a presença de uma rede importante de Unidades de Conservação na área
sugere um grande potencial para a criação de corredores de biodiversidade, o que
pode ajudar a proteger e preservar as espécies e os ecossistemas únicos
encontrados na Serra do Mar.
A Serra dos Órgãos, localizada no Estado do Rio de Janeiro, é uma área
contínua de floresta montana e alto-montana que se destaca por abrigar uma notável
riqueza de invertebrados, bem como diversas espécies endêmicas e ameaçadas de
mamíferos, anfíbios e répteis. Esta região montanhosa é um verdadeiro tesouro em
termos de biodiversidade, oferecendo um habitat vital para uma variedade de formas
de vida. Por outro lado, a Zona Costeira, composta por estuários, baías e lagoas, é
intrinsecamente frágil e já sofreu consideráveis alterações devido à ocupação
desordenada do espaço regional. Nessa categoria, os manguezais se destacam por
sua importância crucial na reprodução e manutenção da fauna associada. A
fragilidade natural desses ecossistemas enfatiza a necessidade premente de
conservação e proteção.
A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste exibe uma grande diversidade
topográfica, caracterizada por extensos maciços rochosos que se estendem
paralelamente à linha de costa. Apesar das diferenças físicas entre essas áreas, uma
característica comum é que suas nascentes se encontram em regiões serranas e os
solos são frágeis, tornando-os suscetíveis a processos erosivos. Esses desafios são
agravados pelo mau uso e conservação da terra, pelo relevo irregular da região e
pelas chuvas intensas durante o verão. O intenso e desordenado processo de uso e
ocupação das terras ao longo dos rios na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
resultou na presença de apenas pequenos trechos de vegetação ciliar ao longo
desses corpos de água, e esses trechos geralmente estão em estado precário de
conservação. Esse cenário é preocupante, pois as matas ciliares desempenham um
papel vital na proteção dos cursos d'água e na manutenção da qualidade da água.
De fato, dos 507 municípios que têm sede nessa região, 283 reconhecem o
problema do assoreamento, que é o acúmulo de sedimentos nos corpos de água, em
seus territórios. Desses, 206 apontam a ausência da mata ciliar como uma das
causas desse processo. A vegetação ciliar atua como uma barreira natural que
impede o carreamento excessivo de sedimentos para os rios e contribui para a
estabilidade das margens. No entanto, a topografia acidentada da região muitas
vezes limita as opções dos agricultores e proprietários de terras, levando-os a utilizar
as áreas de mata ciliar devido à topografia plana e à fertilidade do solo. Essas áreas
são particularmente atrativas para a agricultura e a pecuária.
A resistência por parte dos produtores rurais é um desafio significativo
enfrentado pelas campanhas promovidas por órgãos estaduais responsáveis pela
fiscalização e preservação das áreas de proteção permanente, incluindo as matas
ciliares. A conciliação entre a necessidade de produção agrícola e a conservação
dessas áreas críticas é uma questão complexa que exige esforços conjuntos de
educação, conscientização e regulamentação para garantir a preservação adequada
desses ecossistemas essenciais.

2.3.3 Fitogeografia Bacia Hidrográfica do Paraná


A região hidrográfica do Paraná possui uma rica diversidade de cobertura
vegetal e biomas. Originalmente, antes das transformações decorrentes das
atividades econômicas e do desenvolvimento humano, essa região era caracterizada
pela coexistência dos biomas de Mata Atlântica e Cerrado, bem como pela presença
de cinco tipos distintos de cobertura vegetal. Originalmente, a região hidrográfica do
Paraná apresentava os biomas de Mata Atlântica e Cerrado, e cinco tipos de
cobertura vegetal: Cerrado, Mata Atlântica, Mata de Araucária, Floresta Estacional
Decídua e Floresta Estacional Semidecídua. O uso do solo na região passou por
grandes transformações ao longo dos ciclos econômicos do País, que ocasionou
grande desmatamento. Dos biomas representados nesta Região Hidrográfica, o
Cerrado é o que ocupa maior extensão, estendendo-se desde as nascentes do rio
Paraná até o interior do estado de São Paulo, fazendo limite com a região do
Pantanal Mato-grossense, que é constituído por um mosaico de ecossistemas ,
muitos dos quais constituem um prolongamento dos cerrados. A diversidade de
espécies no Cerrado e no Pantanal pode ser exemplificada pelos dados de ictiofauna.
Estimativas para a América do Sul apontam para a ocorrência de quase 3.000
espécies de peixes, sendo que cerca de 780 podem ser encontradas no Cerrado e no
Pantanal. Esses dados têm sofrido constantes alterações com descobertas recentes
de várias espécies (IBGE, 2010. IBAMA, 2018. MMA, 2006)
A interação desses biomas na região hidrográfica do Paraná conferia uma
notável riqueza de biodiversidade. O Cerrado, em particular, é um dos hotspots de
biodiversidade do mundo, abrigando uma grande variedade de espécies vegetais e
animais adaptadas às condições desse ambiente único.
Na Região Hidrográfica do Paraná há as ecorregiões aquáticas do Iguaçu, que
coincide com a Sub 1 homônima e a do Alto Paraná, que compõem o restante da
área. A seguir são apresentadas informações destas duas ecorregiões com base em
recente publicação do MMA, em conjunto com outras instituições (MMA, 2006). Inclui
a bacia do rio Iguaçu e todos os seus tributários, das Cataratas do Iguaçu até as suas
cabeceiras, situadas na RM-Curitiba. Possui drenagem de alto curso favorecida pelas
Escarpas e Reversos da Serra do Mar. O médio e baixo curso desenvolve-se sobre
terrenos do Patamar Oriental da Bacia do Paraná, Bacias e do Planalto das
Araucárias.

2.4 HIDROGRAFIA
2.4.1 Bacia Hidrográfica do Atlântico Leste
A região em questão abrange várias unidades hidrográficas e bacias fluviais
nos estados da Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Espírito Santo, Brasil. Começando
com a Unidade Hidrográfica Litoral SE 2, que drena a maior parte de sua área de
5.702 km² em Sergipe, é notável pelo rio Sergipe, cuja nascente fica na Bahia, mas
que ocupa uma grande porção de Sergipe, cerca de 16,7% de seu território.
A Unidade Hidrográfica Litoral SE 1, por sua vez, é composta pelos rios Real e
Piauí, desaguando no oceano Atlântico no estuário do Mangue Seco, abrangendo
uma área de 9.449 km², dividida entre Sergipe e Bahia. Ela é delimitada ao norte pela
Bacia do rio Vaza-Barris e ao sul pela Bacia do rio Itapicuru, esta última situada
inteiramente na Bahia, com uma área de drenagem de 35.691 km².
A Bacia do rio Paraguaçu, localizada exclusivamente na Bahia, cobre uma
vasta área de 54.528 km². Outra unidade relevante, a Unidade Hidrográfica
Recôncavo 01, inclui rios como Jaguaribe, Jiquiriçá e Jequié, drenando 17.788 km². A
Unidade Hidrográfica Recôncavo 02 é composta por diversas pequenas bacias, entre
elas as dos rios Inhambupe, Subaúma, Sauípe, Pojuca, Joanes, Subaé e Açu,
abrangendo uma área de 16.803 km².
A Unidade Hidrográfica Contas 1, situada inteiramente na Bahia, drena uma
vasta extensão de 64.933 km² e inclui os rios de Contas, Almada, Colônia, Mamão,
Maruim, São Pedro e Doce.
A Bacia do rio Pardo, com sua área de drenagem de 32.334 km², se estende
predominantemente na Bahia e é delimitada ao norte pela Bacia do rio Contas, a
oeste pela Bacia do rio São Francisco e ao sul pela Bacia do rio Jequitinhonha. Esta
última, uma das maiores da região, abrange tanto Minas Gerais quanto Bahia, com
uma área total de 69.948 km², e é subdividida em Jequitinhonha 01, 02 e 03. As
bacias do rio Mucuri e Itaúnas, com áreas de drenagem de 15.413 km² e 5.369 km²,
respectivamente, encontram-se na fronteira entre Bahia e Minas Gerais e Bahia e
Espírito Santo. A Bacia do rio São Mateus, nascedouro em Minas Gerais e deságua
no Espírito Santo, drena 13.480 km².
Além disso, é importante destacar que, para uma gestão mais precisa dos
recursos hídricos, a Unidade Hidrográfica Contas 1 foi subdividida em rio das Contas
e Leste no Plano Estadual de Recursos Hídricos da Bahia (BAHIA, 2004). Essa
subdivisão reflete a importância de gerenciar adequadamente os recursos hídricos
nessa rica e diversificada região.

2.4.2 Bacia Hidrográfica do Atlântico Sudeste


A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste desempenha um papel de extrema
importância no contexto nacional devido a vários fatores. Primeiramente, essa região
é caracterizada por abrigar uma população significativamente grande e possuir uma
relevância econômica considerável. Além disso, é nessa área que se encontra um
parque industrial diversificado e de grande porte. No entanto, essa concentração
populacional e industrial vem acompanhada de desafios consideráveis relacionados
ao uso da água. Por um lado, a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste enfrenta uma
das maiores demandas por recursos hídricos em todo o país, devido à sua densidade
populacional e atividades econômicas intensivas que consomem água em larga
escala. Por outro lado, enfrenta uma das menores disponibilidades relativas de água.
Isso significa que a gestão dos recursos hídricos nessa região é altamente
complexa e sujeita a potenciais conflitos, uma vez que a demanda por água muitas
vezes supera a capacidade de fornecimento sustentável. Portanto, é crucial
implementar políticas e práticas de gestão eficazes para garantir o uso adequado e
sustentável dos recursos hídricos na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, a fim de
atender às necessidades da população e da economia sem comprometer o ambiente
e o abastecimento futuro de água.
De acordo com a Resolução nº 30 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), foi adotado o sistema de subdivisão e codificação das bacias hidrográficas
criado pelo engenheiro brasileiro Otto Pfafstetter. A Resolução nº 32 da CNRH,
emitida em 2003, introduziu o conceito de Divisão Hidrográfica Nacional,
estabelecendo 12 Regiões Hidrográficas para o Brasil, incluindo a Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste. Cada uma dessas Regiões Hidrográficas foi posteriormente
subdividida em dois níveis, denominados nível Sub 1 e nível Sub 2. A Região
Hidrográfica Atlântico Sudeste (quadro 1), por exemplo, foi dividida no nível Sub 1 em
seis Sub-regiões hidrográficas e no nível Sub 2 em 26 Sub-regiões hidrográficas. As
Regiões do nível Sub 2 foram agrupadas para formar as Regiões do nível Sub 1. A
Sub 1 Doce é composta principalmente pela bacia hidrográfica do rio Doce, que
deságua no distrito de Regência, localizado no município de Linhares, no norte do
Estado do Espírito Santo. Além disso, a Sub 1 Doce também abrange a Bacia do Rio
Barra Seca, que desemboca ao norte da foz do rio Doce, também no município de
Linhares. A Sub 1 Litoral ES engloba toda a área de drenagem dos rios que
deságuam ao sul do rio Doce na costa do Espírito Santo e abrange partes dos
estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro nas bacias dos rios Itapemirim e
Itabapoana. A Sub 1 Litoral RJ abrange toda a costa carioca ao sul da foz do rio
Paraíba do Sul até a divisa com São Paulo, incluindo as bacias dos rios que nascem
nas encostas orientais da Serra do Mar e desaguam no oceano ou nas baías de
Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande. A Sub 1 Paraíba do Sul engloba a totalidade da
bacia do rio Paraíba do Sul, abrangendo áreas nos estados de Minas Gerais, São
Paulo e Rio de Janeiro, onde o rio tem seu maior curso até desaguar no oceano. Por
sua vez, a faixa estreita do litoral paulista entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico,
desde a divisa com o Rio de Janeiro até as divisas com as bacias dos rios Juquiá e
Una da Aldeia, forma a Sub 1 Litoral SP, incluindo a Baixada Santista. Por fim, a Sub
1 Ribeira do Iguape drena áreas do Estado do Paraná e do litoral sul de São Paulo,
incluindo contribuições para o rio Ribeira do Iguape e Una da Aldeia.
sub 1 sub 2 Principais cursos de água Obs
Barra seca Rio Barra Seca

Doce 1 Rio Piranga; Rio Casca; Rio Matipó


Doce 2 Rio Piracicaba; Rio Santa Bárbara
Afluentes e
doce Doce 3 Rio Santo Antônio; Rio do Peixe; Rio Guanhães
formadores do
Rio Suaçui Pequeno; Rio Suaçui Grande; Rio Rio
Doce 4
Itambacuri Doce
Doce 5 Rio Caratinga; Rio Eme; Rio Manhuaçu
Doce 6 Rio Guandu; Rio Pancas; Rio São José
Itabapoana Rio Itabapoana
Itapemirim Rio Itapemirim
Jucu Rio Jucu
Litoral ES
Litoral ES 01 Rio Benevente
Litoral ES 02 Rio Piraque-açu; Rio Fundão e Rio Riacho
Santa Maria Rio Santa Maria
Rio São Pedro; Rio do Imbé; Lagoa de Cima;
Litoral RJ 01
Lagoa Feia; Rio Macaé; Rio Macabu
Litoral RJ 02 Rio São João; Rio Una, Lagoa de Araruama

Litoral RJ Rio Macacu; Baía de Guanabara; Sistemas


Litoral RJ 03
lagunares de Marica e Jacarepaguá
Rio Guandu; Represa do Ribeirão das Lajes; Baía
Litoral RJ 04 de Sepetiba; Baía da Ilha Grande; Rio
Mambucaba
Litoral Norte SP
01 Baía de Ubatuba; Canal de São Sebastião
Litoral SP
Litoral Norte SP
02 Baía de Santos; Rio Preto; Rio Branco
Rio Ribeira do Iguape; Rio Juquiá; Rio Ribeira da
Litoral SP PR Ribeira do Iguape
Aldeia
Represa de Santa Branca; Represa de
Paraíba do Sul 01 Paraitininga; Represa do Rio Jaguari; Rio
Afluentes e
Paraitininga
formadores do
Represa do Funil (Rio Paraíba do Sul); Rio do Rio
Paraíba do Sul 02
Braço; Rio Piraí; Rio Piabanha Paraíba do Sul
Paraíba do Sul 03 Rio Pirapetinga; Rio Negro; Rio Grande
Paraíba do Rio Glória; Rio Carangola (formadores do Rio
Sul Paraíba do Sul 04 Muriaé); Rio Muriaé (afluente do Rio Paraíba do
Sul)
Rio Xopotó; Rio Novo (formadores do Rio
Pomba Pomba); Rio Pomba (afluente do Rio Paraíba do
sul)
Preto-Paraíba do Rio do Peixe; Rio Paraibuna; Rio Cágado
Sul (formadores do Rio Preto); Rio Preto (afluente do
Rio Paraíba do sul)
Quadro 1: Principais rios da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste por Sub1 e Sub2
Fonte: Bases do PNRH (2005)

2.4.3 Bacia Hidrográfica do Paraná


Com uma extensão de 879.860 km², a região hidrográfica do Paraná abrange
uma parte significativa do território brasileiro, equivalente a cerca de 10,3% do país,
tornando-a a terceira maior região hidrográfica em termos de área, é marcada por
uma série de fronteiras naturais e políticas. Ela compartilha limites com outras regiões
hidrográficas do Brasil, bem como com países vizinhos, como Uruguai, Argentina e
Paraguai.
A área de drenagem da Região Hidrográfica do Paraná abrange o Alto Paraná,
uma parte crucial da Bacia do Rio da Prata. Essa área é de grande importância,
representando aproximadamente 59% da Bacia do Rio Paraná e 29% da Bacia do Rio
da Prata como um todo. A Região Hidrográfica do Paraná desempenha um papel vital
na gestão dos recursos hídricos e na preservação do meio ambiente, uma vez que
engloba diversas bacias hidrográficas e rios de grande importância para a região sul
do Brasil. Além disso, seu território é compartilhado com países vizinhos, destacando
a necessidade de cooperação internacional para a conservação e o uso sustentável
desses recursos.
A Região Hidrográfica do Paraná é dividida em seis unidades hidrográficas
principais (divisões nível 1 ou Sub 1 do PNRH): Grande, Iguaçu, Paranaíba,
Paranapanema, Paraná e Tietê. Quanto à distribuição de área, a maior unidade
hidrográfica Sub 1 é a do Paraná, com 31,0% de sua extensão, seguida do Paranaíba
(25,4%) e Grande (16,3%). Paranapanema (11,6%), Tietê (8,2%) e Iguaçu (7,5%) são
as menores unidades. A distribuição das unidades hidrográficas Sub 1 por Unidade da
Federação é apresentada no Quadro 4. As maiores extensões são: Paraná no Estado
de MS (18,4%); Paranaíba em GO (16,1%); Grande em MG (9,8%); Paraná no PR
(8,4%); e Tietê em SP (8,1%). As menores são: Tietê em MG (0,1%, correspondente à
porção mineira das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí); Paranaíba no DF
(0,4%, correspondente a toda extensão do DF na RH-PR) e MS (0,9%); e Iguaçu em
SC (1,2%, correspondente a toda extensão de SC na RH-PR). As seis unidades
hidrográficas principais (divisões Sub 1) são subdivididas em 53 unidades Sub 2,
discriminadas no Quadro 5 (nome e código de PNRH-BASE, 2005, além de dados de
área e relação dos principais rios)
O rio Paraná tem por principais formadores os rios Paranaíba e Grande, que se
juntam para formar o Paraná no tríplice limite entre os Estados de São Paulo, Minas
Gerais e Mato Grosso do Sul. Possui extensão de 2.570 km até sua foz no rio da
Prata, que, somados aos 1.170 km do Paranaíba, totalizam 3.740 km, sendo o
terceiro rio mais extenso das Américas. Destacam-se, ainda, os rios Tietê,
Paranapanema e Iguaçu, afluentes da margem esquerda do rio Paraná.

3. USO E OCUPAÇÃO
identificando potenciais e fragilidades da(das) bacia(s)

4. OBRAS DE ENGENHARIA
estacando casos de sucesso (ou não) e sua importância na organização do espaço

5. IMPACTOS E AÇÕES ANTRÓPICAS


como poluição, assoreamento e mudanças climáticas

6. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
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BAHIA. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (SEMARH). Plano
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BOFF, Leonardo. Ecologia: Grito da Terra Grito dos Pobres. Rio de Janeiro: Sextante,
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Projeto de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – Probio. 2002.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Águas – ANA, Secretaria
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Base de Referência. Brasília, 2003.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS


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MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba: Imprensa Ofi cial, 2002. 3
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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Biodiversidade brasileira - Avaliação e
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PNRH-DBR Documento Básico de Referência do Plano Nacional De Recursos


Hídricos – PNRH-DBR (2005). SRH/MMA/ANA/ CNRH, versão repassada pela SRH
em maio de 2005.

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