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Clima
As condições gerais do clima nos Açores são determinadas pela sua situação
geográfica no contexto da circulação global atmosférica e oceânica e pelo efeito da
enorme massa de água que a rodeia. Na parte setentrional do Atlântico, está em
constante atividade um processo de troca de massas de ar, entre o ar quente e húmido
proveniente das regiões equatorial e subtropical e o ar frio e seco proveniente da região
ártica. A separação das duas massas de ar constitui a "frente polar", onde o confronto
das massas de ar se exterioriza sob a forma de chuvas mais ou menos abundantes, vento
mais ou menos violento, nuvens baixas e má visibilidade. Estes fatores, condicionam o
clima açoriano na medida em que resulta uma diferenciação entre as diferentes ilhas do
arquipélago, relativamente à distribuição da radiação solar e da circulação atmosférica e
oceânica. É também importante referir, em termos mais específicos, as particularidades
resultantes da orografia e orientação do relevo de cada ilha, ou da influência recíproca
entre as ilhas mais próximas, além disso a altitude, a topografia, o grau de exposição do
relevo, a distância à linha de costa, a geologia e o coberto vegetal são também fatores
que condicionam o clima das diferentes ilhas.
Quando abstraídas as condicionantes locais, os elementos climáticos
(temperatura, humidade, pressão atmosférica e vento), com exceção para a pluviosidade,
que é marcadamente mais intensa no Grupo Ocidental do arquipélago que no extremo
oposto, não apresentam diferenças significativas de ilha para ilha. Assim o Arquipélago
dos Açores conta com um clima temperado marítimo, o que se reflete pela baixa
amplitude térmica anual, elevadas pluviosidades, sendo que entre outubro e março
ocorre cerca de 75% da precipitação total anual, humidade relativa e ventos persistentes.
Distinguem-se também quatro estações do ano, características dos climas temperados:
inverno, outono, primavera e inverno. Outras características do clima açoriano são a
baixa amplitude térmica anual, uma vez que a temperatura varia entre os 13º no inverno
e os 25º no verão; elevada pluviosidade ao logo de todo o ano; a elevada humidade
relativa pois a evaporação é elevada e os ventos persistentes, mais intensos no inverno,
mas presentes em todas as estações do ano. Importante também ressaltar o forte
contraste entre uma estação seca e uma estação húmida, resultado da variação estacional
do clima da região, consequência da oscilação anual do posicionamento do Anticiclone
dos Açores.
O Arquipélago dos Açores tem então uma temperatura média anual de
aproximadamente 17,5°C, sendo a temperatura média mensal mais elevada registada em
agosto (22,0°C) e a mais baixa em fevereiro (14,5°C), nas mesmas condições de
altitude. Relativamente à precipitação, a média anual no conjunto das ilhas é
aproximadamente igual a 1075 mm, variando entre 775 mm na ilha de Santa Maria e
1700 mm na ilha das Flores.
Relevo
A paisagem dos Açores é caracterizada, em traços gerais, por uma orografia
vigorosa e movimentada, onde a elevada altitude está associada ao relevo acidentado,
com linhas de relevo orientadas na direção leste-oeste, coincidentes com as linhas de
fratura que estão na génese das ilhas. Estas ilhas resultam dos movimentos das placas
oceânicas, tendo origem em material eruptivo do fundo do mar sendo então vulcânicas,
emergem bruscamente do oceano, apresentando grande desenvolvimento vertical. O
vulcanismo e a tectónica regional e local explicam a disposição e o alinhamento dos
edifícios insulares; as formas de relevo refletem os estilos eruptivos (efusivos e
explosivos), a dinâmica evolutiva e a atuação dos agentes erosivos. O interior
montanhoso encontra-se sulcado por profundas ravinas, que rasgam as encostas até ao
nível do mar. As áreas planas são pouco desenvolvidas, sem grande representação no
território insular. Os casos a destacar ocorrem em Santa Maria (setor Oeste), São
Miguel (região de Ponta Delgada e Graben da Ribeira Grande) e Terceira (Graben da
Praia da Vitória). As regiões planálticas têm alguma importância nas Flores (Planalto
Central), Pico (Planalto da Achada) e na metade Oeste de São Miguel (Planalto dos
Graminhais e Achada das Furnas). A altitude máxima das ilhas é bastante variável,
oscilando entre os 402 m na Graciosa e 2 351 m na montanha do Pico. Santa Maria e
Graciosa são as ilhas que registam menor variação do nível altitudinal e a ilha do Pico a
de maior variação e é aí que se encontra o ponto mais alto do arquipélago e também de
todo o país, a Montanha do Pico com uma altitude de 2352 metros. Esta ilha é a mais
excêntrica em termos altimétricos com 16% da sua área acima dos 800m. As formas de
relevo mais comuns são as arribas que surgem ao longe da costa e por vezes devido à
erosão marinha formam-se nas bases das fajãs, as lagoas que se desenvolveram nas
crateras de abatimento e as caldeiras que se podem encontrar por todo o território.
Solos
O solo é um recurso natural finito e não renovável, bem como um sistema muito
dinâmico e complexo que cumpre numerosas funções, desempenhando um papel crucial
para as atividades humanas e a sobrevivência dos ecossistemas, constituindo um
substrato essencial para os organismos vivos, além de ser fundamental para a dinâmica e
funcionamento do ciclo hidrológico na medida em que também condiciona a quantidade
e qualidade da água, em particular da subterrânea. A Botânica, de que o arquipélago é
um dos raros santuários onde se preservam ainda retratos vivos das últimas florestas
virgens da Europa, constitui um valioso património natural universal.
Os solos presentes nas nove ilhas dos Açores pertencem na sua maioria à
categoria Andossolos que se formam quase exclusivamente a partir de rochas vulcânicas
sendo os produtos de origem explosiva e fragmentária, designados em geral por
materiais piroclásticos. Estes são uma das fases de criação de um solo de origem
vulcânica, surgem por norma 200 anos após uma erupção vulcânica, alcançando o topo
das suas características cerca de cento e cinquenta mil anos após a erupção. As ilhas que
compõem a Região Autónoma dos Açores estão muito expostas a processos de
degradação do solo, principalmente através da erosão hídrica e da erosão do litoral. Este
facto justifica-se pelas características topográficas, litológicas e climáticas das ilhas. As
condições metrológicas das ilhas açorianas, com chuvas frequentes e bem distribuídas
ao longo do ano, permitem ter pastagens sempre verdes e produtivas que devido ao
facto de serem terras vulcânicas, são por essa consequência muito férteis facilitando o
crescimento da erva ao longo de todo o ano, tanto junto ao mar como em altitude.
Recursos Hídricos
A água é um recurso natural essencial para a satisfação das necessidades
humanas básicas e para o desenvolvimento de atividades económicas (como a
agricultura, a pesca, a produção de energia, a indústria e o turismo), sendo o suporte de
vida para todos os ecossistemas. Em regiões insulares, como o arquipélago dos Açores,
a água assume maior relevância pela vulnerabilidade dos ecossistemas aquáticos e a
exiguidade de alternativas de origens.
O Arquipélago dos Açores, devido sobretudo à sua elevada pluviosidade e
humidade, é uma zona insular que não sofre com a escassez de água, muito pelo
contrário encontrando-se, por isso, numa situação confortável relativamente a este
aspeto, o que acaba por contrariar grande parte do continente.
Os recursos hídrios do arquipélago caracterizam-se então pela existência de: águas
superficiais, constituídas por: cursos de água, isto é qualquer corpo de água fluente,
como rios, córregos, riachos, regatos, ribeiros, ribeirões, entre outros, são também
maioritariamente de caudal não permanentes e de regime torrencial; lagoas naturais que
são um corpo d'água natural ou feito pelo homem que está entre 1 e 20 000 metros
quadrados de área e que retém água por cerca de quatro meses; águas de transição, ou
seja, massas de águas de superfícies adjacentes à foz dos rios, apresentando carácter
misto devido a mistura de águas costeiras com cursos de água doce; águas costeiras que
são águas de superfície que se encontram entre terra e uma linha cujos pontos estão à
distância de uma milha náutica, na direção do mar, a partir do ponto mais próximo da
linha de base de delimitação das águas territoriais, estendendo-se, quando aplicável, até
ao limite exterior das águas de transição; e lagoas artificiais, o mesmo é dizer, um lago
de origem artificial, localizado a jusante de uma barragem ou represa, normalmente
concebido para armazenar água numa região seca. Caracterizam-se também pela
existência de águas subterrâneas, das quais fazem parte, os aquíferos que são uma
formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea, são
rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água; as nascentes, ou seja, os locais onde
se inicia um curso de água, seja grande ou pequeno; e por fim os furos de captação, uma
alternativa viável na captação de água subterrânea, pois permite o abastecimento
contínuo de água, sem necessidade de existir um sistema de bombagem, com esta
solução, a água pode subir de forma espontânea porque é extraída de um aquífero
confinado, saindo naturalmente.
Nos Açores, as águas subterrâneas constituem a principal origem de água de
abastecimento público para consumo humano, estima-se cerca de 98% de água
fornecida às populações. O facto de algumas ilhas estarem quase na sua totalidade
dependentes das águas subterrâneas para o abastecimento público contribui para
sublinhar a importância dos recursos hídricos subterrâneos nos Açores. Neste contexto,
a água subterrânea é um recurso natural de importância estratégica e o seu valor para a
sociedade
foi, desde a descoberta e povoamento das ilhas, indiretamente reconhecido pelas
múltiplas utilizações deste recurso.
Morfologia Agrária
Predominam campos de pequena dimensão- minifúndios- de forma regular
(geométrica). Prevalecem campos fechados (cerrados) por sebes de arbustos ou muros
de pedra. O relevo condiciona a prática agrícola, quer pela sua configuração, quer pelas
condições climáticas que lhe estão associadas, dando origem ao escalonamento de
culturas, em função da altitude e das respetivas características. As razões que o
justificam são a elevada humidade, fertilidade dos solos, elevada densidade
populacional fatores históricos relacionados com a forma de povoamento da ilha.
Formas de exploração
A exploração agrícola é composta pelas atividades socioeconómicas que
permitem obter riqueza da terra. Aos produtos obtidos através das explorações agrícolas
dá-se-lhes o nome de produtos agropecuários, ao incluir a produção agrícola e a criação
de gado.
As atividades agropecuárias fazem parte do setor primário da economia, que implica a
transformação dos recursos naturais em produtos não elaborados. A agricultura, a
criação de gado, a apicultura, a caça, a pesca e as explorações florestais estão incluídos
no setor primário. A exploração agrária pode ser direta (se o proprietário for o
responsável direto da exploração) ou indireta (quando se arrenda ou se cede o uso da
terra). O aumento da competitividade do sector da agricultura não requer apenas um
aumento da produtividade da mão-de-obra, mas também da produtividade do capital
físico. A modernização das explorações agrícolas, é crucial para promover a
performance económica através de uma melhor gestão dos factores de produção,
incluindo a introdução de novas tecnologias, qualidade na cadeia alimentar, agricultura
biológica e na diversificação, incluindo os sectores não produtivos e “energy crops”,
bem como para promover a qualidade ambiental, segurança no trabalho e bem-estar
animal.
Esta medida tem como principais objetivos: melhorar o desempenho económico das
explorações através de uma melhor gestão dos factores de produção, incluindo a
introdução de novas tecnologias; melhorar os rendimentos agrícolas e as condições de
vida e de trabalho; manter e reforçar um tecido económico e social viável nas zonas
rurais; melhorar a competitividade dos sectores estratégicos da Região; promover o
desenvolvimento de atividades e práticas potenciadoras do aproveitamento das
condições edafo-climáticas da Região, da preservação do meio ambiente e da criação de
ocupações e rendimentos alternativos para os agricultores; produzir produtos de
qualidade e com elevado valor acrescentado, de acordo com a procura crescente destes
produtos por parte dos consumidores e incentivar um modelo de desenvolvimento rural
abrangente dos diversos tipos de agricultores e zonas rurais.
Técnicas Agrícolas
As técnicas agrícolas utilizadas nos Açores são maioritariamente rudimentares,
devido aos terrenos serem sobretudo minifúndios o que impede a utilização de
maquinarias e a modernização do setor. Assim, são utilizados principalmente
instrumentos como enxadas, foices, arados entre outros.
Rendimento e produtividade
Objetivo da produção
O objetivo da produção realizada na RAA é destinado ao autoconsumo, ou seja,
designa a satisfação das necessidades de um determinado indivíduo através do consumo
de produtos ou serviços produzidos por ele próprio. O autoconsumo é muito comum na
atividade agrícola, sobretudo nos meios rurais e em economias menos desenvolvidas,
em que uma parte mais ou menos substancial da produção é consumida pelo agricultor e
pelos seus familiares. Uma das grandes vantagens da produção agrícola para
autoconsumo é, além da diversidade e da poupança que proporciona, a garantia de
imunidade contra grandes oscilações no preços dos produtos no mercado. Nos últimos
anos a expressão vulgarizou-se também na área da produção energética, devido às
políticas estatais de incentivo à produção elétrica para autoconsumo com recurso a
equipamentos para aproveitamento da energia eólica e da energia solar. O objetivo
destas políticas é o de promover o uso de fontes de energia renováveis, contribuindo
assim para a redução na emissão de gases com efeitos de estufa, repartindo os custos
com os próprios consumidores.
Tipo de povoamento
O povoamento rural da ilha dos Açores, pode ser caracterizado como um
povoamento misto. É também importante ter em conta os aspetos morfológicos muito
diversificados desta ilha, uma vez que tem origem vulcânica e existem ainda alguns
vulcões ativos, a dispersão de habitações e edifícios de trabalho em algumas áreas é
muito elevada. Assim sendo, o povoamento é aglomerado em pequenas aldeias e
noutras disperso, é ainda ordenado ao longo das vias de comunicação.