Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
sido escrito por Karl Marx entre 1863 e 1867, com o título “Resultado do processo de produção
imediato”, definido por alguns como uma ponte entre o livro 1 e o livro 2 de O capital. Nele são
abordadas algumas questões fundamentais do modo de produção capitalista, a começar pela
mercadoria, que é também por onde se inicia a análise do livro 1, a forma elementar da riqueza
no capitalismo.
O mercado e a mercadoria, assim como o dinheiro, não são criações originais do capitalismo.
Mercadorias existem desde a antiguidade, passando pelo escambo no comunismo primitivo,
evoluindo com a intermediação do dinheiro já no escravismo e depois no feudalismo, antes de
chegarem ao capitalismo, onde adquirem nova dimensão e qualidade. Pela primeira vez na
história, a produção de mercadoria passa a ser o objetivo imanente da produção capitalista, o
que é uma questão central na análise de Marx.
As mercadorias possuem duas características (valor de uso e valor de troca), e o trabalho tem
duplo caráter (trabalho concreto e trabalho abstrato). Para o capitalista, o que importa é o
valor de troca e o trabalho abstrato, que o produz.
Sob o capitalismo, quase tudo que se produz é mercadoria. Como diz Marx, tal como na lenda
do rei Midas, tudo que o capital toca vira mercadoria e, na sequência, ouro. O ser mercadoria
invade e domina áreas como educação, saúde, saneamento. A privatização transforma em
propriedade privada capitalista todas as atividades à sua frente. Uma das características do
capitalismo, a crise de superprodução, só ocorre porque a finalidade da produção é a feitura de
mercadorias e não de valores de uso.
***
A mercadoria onipresente
D´-M´-D´´ (onde M´é a mercadoria utilizada no processo de produção de uma nova mercadoria,
por exemplo, o fio usado na produção do tecido).
Da interação dos valores de uso das mercadorias compradas pelo capital surge um valor novo.
O valor de uso do capital (meios de produção, trabalho pretérito – capital constante, e força de
trabalho, trabalho vivo – capital variável) é a autovalorização, ou seja, a produção de mais
valor.
***
O capital não é uma coisa, embora apareça ora sob a forma de capital-mercadoria, ora sob a
forma de capital-dinheiro. Esta é uma das causas da confusão que Marx observa entre os
economistas – matérias-primas, o dinheiro ou a força de trabalho (comprada com o capital
variável), isoladamente, não são capital, embora sejam vistos como sinônimos de capital. Nem
a mercadoria nem o dinheiro são, em si, capital (o salário e a mercadoria para consumo). O
capital é uma relação social de produção
***
O capitalismo se consolida no momento que o produtor já não vende a mercadoria que produz,
mas a própria força de trabalho.
“Apenas quando o trabalhador, em vez de vender o produto do seu trabalho, passa a vender
sua própria capacidade de trabalho, somente então em sua totalidade a produção de
mercadorias em toda a sua profundidade e amplitude transforma todos os produtos em
mercadoria e as próprias condições objetivas de cada esfera individual de produção entram
nela como mercadoria”.
***
Existem muitos outros exemplos, entre eles o do professor. O professor do setor público não
produz mais valor e, portanto, realiza trabalho improdutivo, ao passo que o professor do setor
privado produz mais valor, ou seja, realiza um trabalho produtivo
Este é um aspecto essencial para Marx. Sob o capitalismo e para o capitalismo, trabalho
produtivo é o que produz mais valor, mas é preciso lembrar que há outras questões a
considerar quando se analisa, por exemplo, o trabalho do comerciário, do carcereiro, do
guarda, da polícia, do bancário e inúmeros outros casos de trabalho improdutivo.
***
Capital: trabalho pretérito (meios de produção – capital constante) e trabalho vivo (força de
trabalho – capital variável) são dois modos de existência do capital na forma mercadoria.
O capital emprega trabalho – mesmo essa relação em sua simplicidade denota a personificação
das coisas e coisificação das pessoas.
***
Hoje assistimos novidades a este respeito, com o surgimento de ramos em que a forma
assalariada não é imprescindível à exploração.
O trabalho necessário do motorista, no caso, é o trabalho que produz o valor com o qual ele
próprio se paga, ou que ele embolsa, sendo que deste valor deve ser subtraído também as
despesas com manutenção do veículo e combustível.
São novas relações sociais de produção que emergiram com o capitalismo de plataformas,
deslocando com um só golpe o Direito do Trabalho. Significam novas formas de exploração do
trabalho, mas que podem mudar com a regulamentação se o APP, por exemplo, tiver de pagar
salário mínimo (como na Inglaterra) previdência, seguro, auxílio alimentação, que são formas
indiretas de salário, ou seja, constituem capital variável.
Uma parte do trabalho realizado pelo trabalhador vai ser trabalho necessário (??? Explicar)
A regulamentação provocaria naturalmente uma redução das taxas de mais valor e também
das fabulosas taxas de lucros no chamado capitalismo de plataforma – o que não quer dizer
que ele vá à falência. A Uber, na Inglaterra, vangloria-se hoje de “conceder direitos” e continua
funcionando e lucrando, só que menos.
Daí a renhida luta dos proprietários das plataformas para manter o status quo, na qual
procuram também envolver os “colaboradores” que se julgam empreendedores, com uma
consciência típica da pequena burguesia.