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Líquido e Bruto
No decurso do processo produtivo, os equipamentos e infraestruturas sofrem um
desgaste de utilização – amortizações. Quando se expurga o Produto Bruto das
amortizações obtém-se o Produto Líquido.
Interno e Nacional
O território económico de um país é o espaço coberto pelo sistema de Contabilidade
Nacional que inclui o espaço delimitado pela sua fronteira geográfica, os enclaves
territoriais no estrangeiro e outras instituições o país possui.
As unidades institucionais residentes são aquelas que realizam operações económicas
no território económico de um país há, pelo menos, um ano.
As unidades institucionais não residentes são as que exercem operações económicas
fora do território económico do seu país de origem por um período inferior a um ano,
ou seja, continuam a ser unidades residentes do seu país.
O Produto Interno representa o valor do produto que tem por base a riqueza obtida
pelas unidades institucionais situadas no seu território económico. E o valor do Produto
Nacional tem por base a riqueza obtida pelas unidades institucionais residentes,
independentemente do território económico onde foi gerada a riqueza.
Ótica do Rendimento
Do VAB, uma parte destina-se a suportar as
Rendimento Nacional = PNLcf
amortizações, e o resto destina-se a pagar salários,
juros e rendas, e o remanescente é lucro. Segundo esta ótica, o valor do produto é
igual à soma das remunerações do trabalho e do capital.
A soma dos rendimentos gerados no país é igual à soma dos VAB subtraídos das
amortizações.
Rendimento Interno = PILcf = Salários + Rendas + Juros + Lucros
Acrescenta-se ainda que o rendimento disponível das famílias tem apenas dois destinos:
poupança (S) e consumo (C), o que permite escrever Ydf = Sf + C.
Preços constantes e Preços correntes
O Produto a preços correntes (ou produto nominal) é o produto valorizado a preços
nominais, isto é, aos preços em vigor no ano a que se refere e que incluem o valor da
inflação.
O Produto a preços constantes (ou produto real) é o produto contabilizado aos preços
de um ano-base, tomado como referência, e que serve para efeitos de cálculo da
evolução real da economia, permitindo retirar o efeito da inflação.
Taxa de crescimento real = ((Produto p.const. n – Produto p.const. n-1) / Produto p.const. n-1)) x100
Taxa de crescimento nominal = ((Produto p.cor. n – Produto p.cor. n-1) / Produto p.cor. n-1)) x100
Para comparar valores de variáveis reais em anos diferentes é necessário que estes
tenham os mesmos preços de base, para que se possa captar unicamente a variação
das quantidades.
Os preços constantes resultam da deflação ou valorização dos preços de um ano
relativamente ao ano base:
PIB preços constantes = (PIB preços correntes / Deflator do PIB) x 100
Saldo da Balança Corrente = Saldo Balança Rendimentos + Saldo Balança Bens e Serviços
+ Saldo Balança Transferências Correntes = RLE + (Exportações – Importações) + Trfe
A moeda metálica
As sociedades primitivas tinham pouca especialização da produção e propriedade
comunitária, pelo que as trocas eram incipientes.
Conforme a produção se foi especializando e a propriedade do próprio trabalho se
individualizou, as trocas foram-se generalizando.
Aumento a especialização e as trocas, o mecanismo de trocas diretas tornou-se cada
vez mais inconveniente. A solução foi encontrar uma mercadoria que intermediasses
estas trocas.
Uma mercadoria que toda a gente precise e aceite receber, de forma que possamos
trocar o que temos por essa mercadoria e depois trocar a mercadoria pelo que
queremos.
As características duma mercadoria que possa servir de intermediária de trocas (meio
de pagamento) devem ser:
• Aceitação universal – todos os agentes a aceitarem;
• Durabilidade – não se estragar facilmente;
• Homogeneidade – todas as unidades terem o mesmo valor;
• Divisibilidade – poder ser dividida conforme a nossa conveniência.
Ao longo da história antiga vários bens com estas características foram utilizados:
conchas, setas, sal, cereais, azeite.
O desenvolvimento das economias e do comércio levou a que o valor das transações
aumentasse. Às características anteriores juntou-se outra que facilitava os
pagamentos:
• Elevado valor específico – se a moeda tiver elevado valor são necessárias
pequenas quantidades para fazer transações.
Assim, aos poucos, os bens escolhidos para servir de moeda passaram a ser apenas
os metais preciosos. O ouro e a prata foram os principais metais usados como moeda
durante séculos.
A moeda papel
No final da Idade Média, o crescimento do comércio a longa distância levantava a
questão da segurança em transportar significativas quantidades em ouro de uma ponta
à outra da Europa.
Alguns grandes e ricos comerciantes com armazéns ou escritórios em várias cidades
europeias procuravam facilitar as trocas, permitindo que outro agente depositasse
outro num escritório em Florença e depois levantasse uma quantidade idêntica em
Antuérpia.
Para isso emitiam cartas (bilhetes, notas) que diziam “O Sr. Fulano de Tal tem o direito
de levantar x onças de ouro em qualquer dos meus escritórios). Esses bilhetes
evoluíram: passaram a ser “Ao portador” e em quantidades estandardizados. Nasceu o
papel-moeda.
Monopólio da emissão
A emissão de moeda é e sempre foi uma atividade potencialmente muito lucrativa.
A cunhagem de moedas metálicas presta-se a falsificação do peso ou da qualidade do
metal utilizado. A emissão de papel-moeda permite que se emita mais notas do que o
outro que exista, fisicamente, nos cofres do emissor.
Para além destas hipóteses de falsificação, os banqueiros que recebem ouro e emitem
notas têm a possibilidade de utilizar esse outro em proveito próprio, lucrando, com isso,
mesmo que o reponham mais tarde.
Por estas razões, os soberanos (o poder político) sempre tiveram a tentação de
controlar a cunhagem de moedas e a emissão de notas.
Progressivamente, os Estados regularam e monopolizaram a atividade emissora,
atribuindo-a a si próprios ou concessionando-a a privados. Nasceram, assim, os Bancos
Emissores. Inicialmente, estes bancos eram só emissores. Aos poucos foram-lhe sendo
atribuídas funções reguladoras, transformando-se em Bancos Centrais.
Padrão-ouro
Desde a criação do papel-moeda, os bancos emissores garantiam o valor das notas com
o ouro depositado nos seus cofres.
Era o Padrão-Ouro. Cada nota tinha escrito o seu valor em ouro e os seus detentores
podiam trocá-las por ouro junto do banco emissor.
O banco emissor garantia o valor em ouro das notas. Os países que acumulavam défices
com outros podiam ser chamados a pagar entregando ouro. Se não tivessem ouro
suficiente podiam ir à falência, entrar em bancarrota.
Isso aconteceu várias vezes com Portugal no século XIX. Quando se esgotava o ouro, o
País tinha de recorrer a empréstimos. A Inglaterra funcionava então como banqueiro
internacional.
Portugal pedia empréstimos em Libras, que ficavam em reserva no Banco Emissor. A
Inglaterra garantia o valor das libras em ouro, a conversão das libras.
O Banco de Lisboa emitia Réis, garantindo o seu valor em libras. Como as libras valiam
como ouro, o valor dos réis era convertível, indiretamente, em ouro. Assim funcionava
o Padrão-Ouro, tendo a Inglaterra como centro.
Após a Grande Guerra (1918), a Inglaterra esgotou as suas reservas de ouro e, no final
da década de 1920, cancelou a conversão das libras em ouro. O centro do sistema
passou para os Estados Unidos, que continuaram a garantir a conversão dos dólares
em ouro.
Bretton-Woods e o fim do padrão-ouro
No final da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos detinham a esmagadora maioria das
reservas mundiais de ouro. Todos os outros países beligerantes estavam endividados.
Realizou-se então uma conferência em Bretton-Woods (perto de Washington) que
desenhou o novo sistema monetário e financeiro mundial.
Aí foram criados o Banco Mundial e o FMI. Os Estados-Unidos assumiram o papel de
banqueiro do resto do mundo, emprestando dólares aos outros países e garantindo a
conversão do dólar em ouro, ao preço de 1oz=USD35.
Este sistema funcionou até 1972. O dólar era utilizado como reserva por todos os
Bancos Centrais mundiais, no pressuposto que poderiam sempre trocar essas reservas
por ouro junto do Banco Central dos EUA (o Federal Reserve System).
Mas após décadas a emitirem dólares para financiarem défices correntes e após as
despesas das guerras da Coreia e do Vietnam, da Guerra Fria e da corrida espacial, os
EUA já não possuíam ouro suficiente para garantir a quantidade de dólares emitidos.
Em 1972, o então presidente Richard Nixon anunciou que os EUA deixavam de garantir
o valor do dólar em ouro. Acabou o Padrão-ouro.
Ao fim de mais de 2 mil anos de ligação entre o valor das moedas e uma certa
quantidade em ouro, essa ligação terminou em 1972.
Em poucas semanas o dólar desvalorizou, passando uma onça de ouro a custar mais de
USD800.
Hoje, o valor do ouro e das principais moedas varia constantemente de acordo com a
oferta e procura no mercado.
O valor de cada moeda depende, fundamentalmente, da confiança que os agentes
económicos tenham de que os bancos centrais farão uma gestão prudente da
quantidade de moeda emitida, preservando o seu valor e evitando a sua desvalorização.
Na zona euro, nos EUA, na Inglaterra ou no Japão, os bancos centrais são fortes e
prudentes, e têm como objetivo manter a inflação (desvalorização da moeda) abaixo ou
cerca dos 2% ao ano.
Países como a Argentina ou o Zimbabwe, em que os bancos centrais muitas vezes
emitem moeda para financiar livremente os défices do Estado, têm uma história de
elevada inflação e constantes desvalorizações da moeda. Tal como Portugal antes de
entrar no euro.
Em resumo:
Moeda mercadoria – moeda metálica (pesada, contada, cunhada) – moeda papel
(representativa, fiduciária, papel-moeda) – moeda escritural – moeda plástica – moeda
eletrónica
A evolução e sofisticação dos sistemas monetários fez com que a Moeda fosse
assumindo diferentes formas:
• Moeda metálica;
• Moeda fiduciária – notas e moedas emitidas pelo Banco Central, ou papel-moeda;
a moeda como estamos habituados a lidar no dia-a-dia.
• Moeda escritural – depósitos bancários movimentados por cheques,
transferências, cartões, internet. O montante desta moeda é equivalente ao
montante dos depósitos à ordem e a maneira de a movimentar é através de
ordens dadas aos bancos. Surge em finais do séc. XVIII e princípios de XIX.
• Moeda plástica – Já no séc. XX introduziu-se um novo meio de movimentar as
contas bancárias: o cartão de crédito e/ou débito.
• Moeda eletrónica – Na última década introduziu-se um novo meio de movimentar
as contas bancárias: através da Internet.
A caracterização do Sistema Bancário varia de país para país. Em quase todos os países
existem cinco tipos de bancos:
• Banco Central – emissores de moeda fiduciária; Banco dos Bancos; autoridade
monetária; regulador dos pagamentos internacionais; banqueiro do Estado.
• Bancos comerciais – instituições privadas ou públicas com fins lucrativos que
aceitam depósitos e concedem crédito e ou participam no capital de outras
empresas.
• Bancos de investimento – instituições privadas ou públicas com fins lucrativos
que aceitam depósitos e concedem créditos, especialmente a médio e longo
prazo.
• Bancos especializados – especializados em determinadas atividades económicas.
• Bancos cooperativos ou montepios – geralmente não têm fins lucrativos, mas
em geral realizam lucros que autoinvestem;
• Outras instituições financeiras – organismos especiais de crédito, companhias
de seguros, associações de locação, sociedades de investimento.
Banco Central
As principais funções de qualquer Banco Central são:
• Emitir moeda – o Banco Central tem total monopólio sobre a emissão de moeda
no país;
• Executar as políticas monetárias e cambiais – regula a quantidade de moeda em
circulação, influencia as taxas de juro e controla a quantidade de moeda
estrangeira no país;
• Banqueiro do governo – guarda as reservas internacionais do governo em outro
ou moeda estrangeira e financia as contas do governo;
• Banco dos bancos – concede empréstimos aos bancos comerciais, além de
deter os depósitos compulsórios. Além disso regula as taxas de juro básicas ou
de referência do país.
A Base Monetária (BM) é o conjunto das notas e moedas metálicas
BM = NP + RB
emitidas no país, uma parte na posse das empresas e particulares
(NP, circulação monetária), outra constituída pelas reservas monetárias dos Bancos
Comerciais (RB). Onde NP – notas e moedas em poder de empresas e particulares e
RB – reservas bancárias ou reservas totais.
O Banco Central controla indiretamente as notas em circulação (NP) dado que tem
poder quanto à fixação das reservas obrigatórias ou legais. A BM é o principal item do
Passivo do Banco Central, uma vez que é uma responsabilidade pois este deve esse
valor a quem detém notas.
Exemplos de formas de alterar a Base Monetária
• BC diminui a sua dívida ao exterior e entrega reservas aos seus credores
estrangeiros, recebendo notas e diminuindo a BM;
• O Estado pede um empréstimo ao BC contra a entrega de mais títulos do Estado;
o BC credita a conta do Estado nos bancos comerciais, cujos depósitos junto do
BC aumentam, aumentando a BM;
• Os Bancos Comerciais pedem empréstimos suplementares junto do BC; o BC
empresta-lhes moeda fiduciária; aumentando a BM.
A maioria da Moeda hoje utilizada é moeda escritural, isto é, depósitos bancários que
utilizamos para fazer pagamentos, maioritariamente através de cartões (os
particulares) e de transferências (as empresas).
Esses depósitos aparecem no balanço dos bancos comerciais que, por isso, são parte
integrante e importante do sistema monetário. Parte dos depósitos são
obrigatoriamente mantidos em reserva pelos Bancos Comerciais (as Reservas
bancárias), o resto pode ser emprestado pelos bancos aos seus clientes.
Oferta de moeda e multiplicador monetário
A Base Monetária, BM = NP + RB, corresponde ao
M = NP + D e D = DO + DP
conjunto de notas e moedas metálicas emitidas no
país, ou seja, a quantidade de moeda emitida pelo Banco Central. A quantidade de moeda
oferecida pelo setor bancário a toda a economia corresponde:
O que liga as duas grandezas é precisamente o multiplicador m = M / BM
monetário.
M1 é o total dos meios de pagamento imediatos e M2 é o total
M1 = NP + DO
dos meios de pagamento mobilizáveis a curto prazo.
Vamos supor que o senhor Francisco deposita 100€ em dinheiro M2 = M1 + DP
no Banco BAA. O banco BAA é obrigado a depositar 10% dos 100€
junto do Banco Central na forma de reservas legais obrigatórias, sendo re a taxa de
reservas obrigatória. Fica com 90€ disponíveis que deposita no banco BAB. O banco
BAB vai ter de proceder ao mesmo depósito das reservas obrigatórias junto do Banco
Central e assim deposita 9€. Os restantes 81€ deposita no banco BAC. O banco BAC
por sua vez é obrigado a deixar 8,1€ junto do Banco Central e fica com o restante
disponível que deposita no banco BAD (72,9€) e assim sucessivamente.
Verificamos que o montante total de moeda gerado é de 343,9€ onde 100€
corresponde ao valor inicial de moeda fiduciária e, entretanto, criou-se moeda escritural
no valor de 243,9€.
RB = re x D D = 1/re RB re = RB / D n = NP / M re = rL + rX
A zona euro tem hoje um sistema monetário semelhante ao dos Estados Unidos:
• Um Banco Central (BCE, FRS), que toma as principais decisões de política
monetária (variação da base monetária e das taxas de juro de referência) e
que regula os principais bancos comerciais.
• Bancos emissores regionais (Banco de Portugal, de Espanha, etc., Banco Federal
de New York, San Francisco, Chicago, etc.), que funcionam como bancos
centrais na sua zona, mas debaixo da autoridade do banco central.
O Banco de Portugal empresta moeda e recebe depósitos dos bancos portugueses e
regula os pequenos bancos portugueses. Os grandes bancos são regulados diretamente
pelo BCE.
Os bancos regionais detêm o capital e compõem o Conselho de Administração do BCE.
O Banco Central Europeu gere o sistema monetário europeu, o euro, controlando a
Base Monetária e as taxas de referência.
O BCE faz esta gestão procurando conciliar a situação económica e as necessidades
dos diferentes países da zona euro:
• Países do Sul, como Portugal, Itália e Grécia, que preferiam ter um euro mais
fraco, juros baixos e mais inflação, para melhorarem a competitividade das
suas exportações e diluírem as suas dívidas;
▪ Países do Norte, como a Alemanha e a Holanda, que preferem um euro forte e
juros altos, para comprarem produtos mais baratos e manterem o valor dos
seus investimentos e empréstimos no resto da Europa e do Mundo.
O tratado de Maastrich, que criou o euro e o BCE, fixou como objectivo para a política
monetária manter a inflação “próxima, mas abaixo dos 2%”.
Como a inflação na zona euro tem estado muito abaixo desse valor, BCE tem seguido
recentemente políticas expansionistas:
• mantendo taxas de juros baixas;
• expandindo a base monetária (“quantitative easing” – compra de dívida dos
países europeus).
Equilíbrio Macroeconómico
Aqui colocam-se três perguntas fundamentais:
• Porque surgem crises económicas?
• Porque existe desemprego?
• Porque é que as economias não crescem sempre?
A teoria clássica não explicava as crises económicas. Os mercados deveriam equilibrar-
se por si só. Havendo excesso de oferta, os preços deveriam ajustar-se para
reequilibrar os mercados. Logo, o desemprego não deveria surgir.
Lei de Say
Em 1803, Jean-Baptiste Say publicou o seu “Traité d’économie politique”, que tornou
famosa a “Lei de Say”:
• Toda a oferta gera a sua própria procura
Esta ideia reflete-se na equivalência contabilística entre as 3 óticas de medição da
atividade económica: Produto => Rendimento => Despesa
No entanto, a oferta e a procura determinam-se a níveis diferentes. As empresas
decidem a oferta (produção); só depois as famílias decidem a procura (como querem
gastar o rendimento).
Se o total contabilístico tem de ser igual, as parcelas não. Algumas empresas (ou
sectores) poderão ter excesso de procura, outras excesso de oferta.
A igualdade entre oferta e procura agregada é garantida pela Variação de Stocks. Para
algumas empresas (ou sectores) esta variável é positiva, para outras negativa.
Sectores com excesso de stocks reduzem a produção no período seguinte e vice-
versa.
Normalmente estes desequilíbrios anulam-se, pelo que a Variação de Stocks agregada
é pequena.
Por vezes surgem situações em que os desequilíbrios são significativos, normalmente
devido a erradas avaliações e planeamento por parte das empresas e investidores.
Os investidores podem avaliar erradamente as perspetivas de crescimento de algum
sector, investindo demasiado, destruindo poupanças e criando excesso de produção.
Podem surgir novos sectores e produtos que alteram os hábitos dos consumidores e
tornam obsoletos produtos e setores antigos:
• caminhos de ferro vs carruagens a cavalos;
• motores de explosão vs máquina a vapor;
• eletricidade vs aquecimento e iluminação a óleo;
• banca online vs balcões.
Ciclos de crise
Durante o século XIX sucederam-se ciclos económicos, com pequenas crises deste
género, as quais eram normalmente ultrapassadas rapidamente (1-2 anos).
Recentemente tivemos a crise das “dot.com”, no início do século XXI, devido a excesso
de investimento em empresas de serviços via internet, mas a crise foi ultrapassada
rapidamente.
Uma crise deste tipo provoca uma quebra no consumo e no investimento, levando a
uma acumulação de stocks significativa e a uma espiral recessiva.
As empresas acumulam stocks, reduzem produção, despedem trabalhadores, o que
leva a menos rendimento e consumo. E assim sucessivamente.
Ao fim de alguns períodos (trimestres/semestres) de contração a economia bate no
fundo e as expectativas dos agentes invertem-se.
Os consumidores sentem-se seguros de que não vão ser despedidos e que podem
consumir de novo, trocar de carro ou de máquina de lavar, jantar fora e viajar. As
empresas aproveitam para modernizar equipamentos e aumentar a competitividade,
investindo de novo. O excesso de stocks é absorvido, a despesa, a produção e o
rendimento recuperam de novo até ao pleno emprego.
A maioria das crises começam por choques pequenos, em sectores pouco importantes
para a economia. Mas por vezes atingem proporções muito preocupantes,
especialmente se afetam sectores importantes, como o imobiliário ou a banca.
Isso aconteceu na última Grande Recessão e também na Grande Depressão de 1930.
O choque inicial foi muito forte e atingiu a solvabilidade da banca, repercutindo-se por
todos os sectores.
Na crise de 1929-36 nos EUA:
• o PIB real contraiu mais de 30%;
• o desemprego ultrapassou 25%;
• os preços desceram mais de 20%.
E quando a economia bateu no fundo demorou a recuperar. Os consumidores e as
empresas não inverteram as suas expectativas e acomodaram-se a um equilíbrio com
elevado desemprego, rendimentos baixos, baixo consumo e produção.
Os economistas clássicos não estavam preparados para lidar com uma crise desta
dimensão. Mas o economista inglês John Maynard Keynes avançou com uma hipótese
de solução. Keynes era já um famoso economista:
• participou nas negociações de paz após a 1ª Guerra Mundial;
• em 1933 publicou “The means to prosperity”;
• em 1936 publicou “The General Theory of Employment, Interest and Money”.
∆Y = (1/1-c) ∆G
Causas da inflação:
• Inflação de Inércia – é espetada e prevista nos contratos e acordos formais.
Se esta inflação permanecer, as expectativas das pessoas tendem a adaptar-
se, incorporando a inflação de inércia nas suas decisões até que ocorra um
choque, por via da procura ou por via da oferta.
• Inflação pela Procura – ocorre quando a procura agregada, por via de uma das
suas componentes aumenta mais rapidamente do que o potencial da economia,
fazendo subir os preços para equilibrar a oferta e procura agregadas.
• Inflação pelos Custos – resulta de um aumento dos custos durante períodos de
grande desemprego e fraca utilização de recursos.
Tipos de inflação:
Inflação Moderada:
• Aumento dos preços em ritmo lento;
• Taxa de inflação anual de um só dígito (entre 0% e 9%);
• Os agentes económicos acreditam na moeda e na conservação do seu valor.
Inflação Galopante:
• Aumento dos preços a um ritmo acelerado;
• Taxa de inflação anual de dois ou três dígitos (entre 1o % e 999% ao ano);
• A moeda perde rapidamente o seu valor;
• As pessoas deixam de acreditar na moeda e o entesouramento da moeda é
praticamente nulo;
• Ocorrem distorções económicas graves;
• As transações e contratos passam a estar indexados a um índice de preços ou
a uma moeda estrangeira (Dólar, Euro);
• Taxas de juro reais podem ser negativas;
• Enfraquecimento dos mercados financeiros.
Hiperinflação:
• Taxa de inflação anual superior a três dígitos (superior a 999%) ou mensais
superiores a 50%;
• Os preços aumentam a um ritmo bastante acelerado (podem aumentar um
milhão ou um bilião por cento ao ano);
• O dinheiro transforma-se numa «batata muito quente» que as pessoas evitam
guardar, o que leva à redução drástica da procura de moeda, e por vezes a
restabelecer a troca direta;
• Os salários variam de dia para dia.
Moeda e Hiperinflação na Alemanha:
A primeira ocorrência de Hiperinflação teve lugar na Alemanha do pós I Guerra Mundial,
na República de Weimar, entre 1922 e 1924. A Alemanha após ter sido derrotada e
devastada, pela I Guerra Mundial para proceder à sua reconstrução imprimiu moeda
em larga escala, o que originou uma grande oferta de moeda na economia, de forma
continuada. Isto levou a um aumento generalizado e continuado do nível de preços, de
modo que considerando um nível de preços base em janeiro de 1922 = 1, em setembro
de 1923 o nível de preços ultrapassou o valor de 1.ooo.ooo.ooo.
Custos e impactos económicos da inflação:
• Se a inflação é antecipada, ou prevista, ou não antecipada, o que condiciona os
devidos ajustamentos nos contratos e pensões, de forma que os custos
resultantes sejam mínimos.
• Se a inflação ocorre de forma equilibrada no preço de todos os bens ou não.
• Da categoria de inflação que se verifica, pois quanto mais elevado o seu valor
mais grave são os impactos na economia.
Impactos económicos da inflação:
Efeitos sobre:
• Redistribuição do rendimento e da riqueza – a inflação não antecipada ou não
prevista redistribui a riqueza dos credores para os devedores, ajudando quem
deve e prejudicando quem emprestou;
• Eficiência económica – distorções nos preços relativos e nas quantidades dos
diferentes bens;
• Atividade económica – efeitos sobre o produto e o emprego (limita o
crescimento da moeda: aumentando as taxas de juro, o que leva a uma redução
do Y e um aumento do desemprego).
A Curva de Phillips de curto prazo, mostra esta relação inversa existente entre inflação
dos salários nominais e desemprego.
A curva de Phillips mostra as combinações de cp de desemprego e inflação que
aparecem quando a procura agregada movimenta a economia ao longo da curva AS.
Quanto maior a AD por bens e serviços, maior é o produto da economia e maior é o
nível geral de preços. Um nível de produto mais alto resulta num nível de desemprego
mais baixo.
A Lei de Okun, desenvolvida pelo economista Arthur Okun, em 1962, admite a existência
de uma relação inversa entre desemprego e produto.
Diminuição do PIBreal aumento da taxa de desemprego
Nos anos 1970, os decisores de política económica tinham duas escolhas quando a OPEP
aumentou os preços do petróleo:
• Combater o desemprego expandindo a procura agregada e acelerando a inflação
(política de acomodação).
• Combater a inflação contraindo a procura agregada e provocando um
desemprego ainda maior.
Para reduzir a inflação os decisores políticos têm de prosseguir políticas
contracionistas, ou seja, políticas que se vão refletir numa diminuição do produto, quer
por via de decisões ao nível de políticas orçamentais quer de políticas monetárias.
Quando o Banco Central reduz o crescimento da oferta de moeda, dá-se uma contração
da procura agregada. A redução da quantidade de bens e serviços que as empresas
produzem leva a um aumento no desemprego. A perda de produto e de emprego para
manter a estabilidade de preços representa um custo elevado para a sociedade.
No entanto, se os governos ou os bancos centrais optarem por políticas de rendimentos
baseadas em ações credíveis, seja por persuasão verbal ou por controlos legais e
incentivos, estas constituem políticas em que a sociedade acredita e que são
consideradas políticas de baixo custo.
Alguns exemplos que podem ocorrer são:
• Controlo de salários ou orientações para salários e preços acompanhados de
políticas restritivas;
• Estratégia de mercado baseada na concorrência;
• Políticas de rendimentos baseadas em impostos;
• Políticas de remunerações baseadas na partilha de lucros.