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Visão Global da Macroeconomia

A macroeconomia estuda o comportamento da economia como um todo, examinando as


forças que afetam o conjunto das empresas, dos consumidores e dos trabalhadores
ao mesmo tempo.
A microeconomia, por outro lado, estuda os preços, as quantidades e os mercadores
individualmente.

Ciclos económicos: as flutuações de curto prazo do produto, do emprego, das condições


financeiras e dos preços.
Os períodos de pico
económico chamam-se de
expansão.
Os períodos de queda
económica chamam-se de
recessão.

Nível de preços: numa economia de mercado os preços servem como medida de


referência para quantificar grandezas económicas e dirigir as empresas.
Crescimento económico: corresponde ao crescimento do potencial produtivo de uma
economia (determina o crescimento dos salários reais e do nível de vida). É também as
tendências de longo prazo nos produtos e nos níveis de vida.
O desenvolvimento da macroeconomia foi uma das maiores descobertas da ciência
económica do século XX, levando a uma melhor compreensão de como combater as
crises económicas e como estimular o crescimento económico a longo prazo.
A teoria de John Keynes (resposta à Grande Depressão) ajudou a explicar as forças
que produzem as flutuações económicas e sugeriu como os governos podem controlar
os piores excessos do ciclo económico.
Antes de Keynes, a maioria dos economistas e dos decisores políticos aceitava os altos
e baixos dos ciclos económicos como sendo tão inevitáveis como as marés.
Antes da Grande Depressão, surgiu a Lei de Say que consistia numa relação económica
que exprime a teoria macroeconómica da economia clássica (“A oferta cria a sua
própria procura”).
Segundo Say, os preços e os salários eliminam qualquer excesso de oferta ou de
procura e restabelecem o pleno emprego.
A Grande Depressão veio trazer grandes consequências:
• Diminuição das vendas (que levou a uma acumulação de stocks);
• Redução da produção;
• Falências de bancos e empresas;
• Despedimentos em massa (aumento do desemprego em 25%);
• Crash da Bolsa – mercados financeiros;
• Diminuição do produto (PIB nominal desceu 50% e PIB real desceu 30%);
• Diminuição do consumo;
• Diminuição do nível de preços (deflação).
Estas consequências diminuíram com o New Deal e terminaram apenas com a Segunda
Guerra Mundial.
A Economia Clássica relaciona-se com a Escola do pensamento económico fundada por
Adam Smith em 1776 e foi desenvolvida por David Ricardo, Thomas Malthus, Jean
Baptiste Say e John Stuart Mill e predominou até ao aparecimento do pensamento
económico de Keynes.
As suas ideias baseiam-se no conceito da “mão invisível” de Adam Smith e
particularmente na lei de Say:
• “preços e salários como são flexíveis eliminam os excessos de oferta ou procura
e restabelecem o pleno emprego e o produto de plena capacidade”;
• “política macroeconómica não é determinante na redução de desemprego ou na
estabilização das flutuações económicas”.
A lei de Say era, assim, o pensamento criticado por Keynes que afirma que a propensão
marginal a consumir é inferior a 1 (isto é, numa unidade monetária adicional de
rendimento nem tudo é gasto em consumo).
Segundo Keynes, a Economia pode experimentar períodos longos de desemprego
persistente devido à ausência dos mecanismos autocorretores clássicos (preços e
salários), bem como ter capacidade subutilizada. Em suma, políticas orçamentais e
monetárias é que conduziam ao pleno emprego, estimulavam a Economia nas
depressões ou combatiam a inflação.
Economia Keynesiana
Diz-nos que a diferença básica está no modo como analisa o comportamento da procura
agregada.
Ela ajuda a explicar as forças que produzem as flutuações económicas e sugere uma
abordagem para o controlo dos piores excessos do ciclo económico através da escolha
de política económicas apropriadas – papel das políticas monetárias e orçamental.
Em concorrência perfeita, e não existindo falhas de mercado, os mercados irão
conseguir obter dos recursos disponíveis tantos bens e serviços úteis quantos os
possíveis.
Os mercados a atuar livremente geram a melhor afetação de recursos possíveis e
aumenta o bem-estar económico. Contudo, é necessária uma intervenção estatal
apropriada para controlar as flutuações do mercado.
O pós 2ª Guerra Mundial refletiu tanto o aumento da influência das ideias keynesianas
como o medo de uma depressão. Assim, o congresso dos EUA proclamou formalmente
o papel do governo na promoção do crescimento do produto e do emprego e na
manutenção da estabilidade dos preços – responsabilização governamental pelo
desempenho macroeconómico.
Objetivos atuais:
• Produto – nível elevado e crescimento rápido do produto nacional;
• Emprego – nível elevado de emprego e desemprego involuntário reduzido;
• Estabilidade do nível de preços (ou com aumento suave).
Instrumentos:
• Política monetária – controlo da oferta de moeda para determinar as taxas de
juro;
• Política orçamental – despesa pública e impostos;
• Política comercial e de Finanças Internacionais.
A medida mais abrangente do produto total de uma economia é o Produto Interno Bruto
(PIB).
O PIB é a quantificação do valor de mercado de todos os bens e serviços finais. Pode
ser medido de duas formas:
• PIB nominal – é medido a preços correntes de mercado;
• PIB real – é calculado a preços constantes.
O PIB potencial representa o nível sustentado
Y < Y potencial – desemprego elevado
máximo de produto que a economia pode gerar.
Tende a crescer continuamente dado que os Y > Y potencial – inflação aumenta
fatores produtivos e o nível tecnológico variam (durante as expansões e em tempo de
lentamente ao longo do tempo. guerra)
Determinado pela capacidade produtiva da Durante a Grande Depressão o PIB
economia, que depende dos fatores produtivos efetivo foi inferior ao potencial, mas
disponíveis e da eficiência tecnológica da superior durante a 2ª Guerra Mundial
economia.
De todos os indicadores macroeconómicos, o desemprego é dos mais diretamente
sentidos pelas pessoas.
Manutenção da estabilidade dos preços
• Para registar os preços constroem-se índices de preços, ou medidas do nível
geral de preços.
• Um exemplo seria o Índice de preços no consumidor (IPC, IHPC) que quantifica o
preço médio de bens e serviços comprados pelos consumidores.
• Mede-se a estabilidade de preços pela taxa de inflação (variação percentual do
nível geral de preços de um ano para o seguinte).

Deflação – quando os preços diminuem (taxa de inflação < 0)


Hiperinflação – um aumento no nível de preços de mil ou de um milhão por cento
ao ano
Estagflação – coexistência de desemprego elevado e de inflação persistente

A estabilidade de preços é importante porque um sistema de mercado a funcionar sem


sobressaltos exige que os preços transmitam correta e facilmente informação. Se há
inflação elevada, há custos elevados numa economia.
Instrumento de política – é uma variável económica sob o controlo do Estado que pode
influenciar um ou mais objetivos macroeconómicos.
Os governos podem evitar os maiores excessos do ciclo económico através da
manipulação das políticas económicas.
A política orçamental, conduzida pelo Governo, consiste na despesa pública e nas
receitas públicas (impostos).
A política monetária, conduzida pelo Banco Central, determina a oferta de moeda e as
condições financeiras.
Política Orçamental
A despesa pública influencia a dimensão relativa do consumo pública e do consumo
privado.
Os impostos (receitas públicas) subtraem-se ao rendimento, reduzem a despesa
privada e afetam a poupança privada; além disso afetam o investimento e o produto
potencial.
A política orçamental é utilizada principalmente para influenciar o crescimento
económico de longo prazo, através do seu impacto sore a poupança nacional e sobre
os incentivos ao trabalho e à poupança.
A despesa pública:
• = despesa em bens e serviços (construção de estradas, pagamentos dos
funcionários públicos, …) + Transferências do Estado
• Determina a dimensão dos setores público e privado, isto é, que parcela do PIB
é consumida coletivamente e não de modo privado;
• Afeta o nível global da despesa na economia e, por isso, afeta o PIB.
Os impostos (receita pública):
• Afetam o rendimento disponível (Yd) das pessoas; afetam o montante que as
pessoas gastam em bens e serviços, bem como o montante da poupança
privada;
• O consumo e a poupança privados têm importantes efeitos sobre o
investimento e o produto no curto e no longo prazo;
• Afetam os preços dos bens e dos fatores de produção e, por isso, influenciam
os incentivos e o comportamento.
Política Monetária
Variações da oferta de moeda fazem variar as taxas de juro e afetam a despesa em
setores como o investimento das empresas, a habitação e o comércio internacional.
Conduzida através da gestão da moeda, do crédito e do sistema bancário do país ou
união monetária.
A moeda representa os meios de troca ou de pagamento, os quais podem ser
constituídos por numerário (notas e moedas, ou moeda fiduciária), depósitos à ordem e
a prazo e outros ativos. Ao alterar a oferta de moeda pode-se influenciar as taxas de
juro, os preços das ações e outros ativos mobiliários, os preços das habitações e as
taxas de câmbio.
Se o Banco Central decide diminuir a oferta de moeda (política monetária
contracionista), assistimos a um aumento das taxas de juro, uma diminuição do
investimento, uma diminuição do PIB, um aumento do desemprego e uma diminuição da
inflação.
Se a economia enfrentar uma recessão, então o Banco Central pode aumentar a
oferta de moeda (política monetária expansionista) e diminuir as taxas de juro para
estimular a atividade económica, ou seja, aumentar o investimento, o PIB e o emprego.
Política Comercial e de Finanças Internacionais
O bom funcionamento do sistema económico internacional para o crescimento e
desenvolvimento económico e para a sua estabilidade; quando deixa de funcionar bem,
a produção e os rendimentos retraem-se com repercussões em vários outros países.
Por isso, os países ponderam os impactos das políticas comerciais e de finanças
internacionais nos seus objetivos internos de produto, emprego e estabilidade.
Política comercial – consiste em impostos alfandegários, quotas e outras condições que
restringem ou incentivam as importações e as exportações.
O comércio internacional de um país é influenciado pela sua taxa de câmbio (preço da
sua moeda em termos de moedas de outros países). A taxa de câmbio resulta das
decisões de política monetária, sendo que os países adotam diferentes sistemas para
regular os seus mercados de câmbio.

A procura agregada (AD) refere-se ao montante total que os diferentes setores da


economia de um país estão dispostos a gastar num dado período, mantendo-se tudo o
resto constante.
Representa a soma da despesa efetuada em todos os setores produtivos pelos
consumidores, empresas e administração pública e depende do nível de preços, da
política orçamental, da política monetária e de outros fatores.
A AD representa a quantidade da despesa total desejada em todos os setores
produtivos da economia e que pode ser representada por: D = C+I+G+X-M, a diferentes
níveis de preços, mantendo-se os restantes fatores constantes.
A oferta agregada (AS) refere-se à quantidade total de bens e serviços que as
empresas de um país estão dispostas a produzir e a vender num dado período. Depende
do nível de preços, da capacidade produtiva da economia e do nível de custos.
A AS representa o que as empresas produzirão e venderão a diferentes níveis de
preços, mantendo-se tudo o resto constante.
O produto nacional (Y) e o nível geral de preços (P) são determinados pela interseção
das curvas AS e AD, no ponto de equilíbrio E. Este equilíbrio ocorre num nível geral de
preços em que as empresas estão dispostas a produzir e a vender o que os
consumidores e outros agentes da procura estão dispostos a adquirir.
Os preços e quantidades de produto agregado de
equilíbrio são determinados pela interseção da oferta e
da procura agregadas. Assim, um equilíbrio económico é
uma combinação da quantidade e preços globais com os
quais todos os compradores e vendedores estão
satisfeitos com as suas compras e vendas a um dado
nível de preços.
Se o nível de preços for superior ao preço de equilíbrio, as empresas passariam a
desejar vender em B, mas os compradores para um nível superior ao preço de equilíbrio
apenas desejariam comprar A, o que gera um excesso no mercado (oferta é superior
à procura de bens no mercado). Então, para um preço maior que o preço de equilíbrio,
os bens acumular-se-iam sob a forma de stocks se as empresas produzissem mais do
que os consumidores estariam dispostos a comprar.
As empresas acabariam por reduzir a produção e começariam a cortar nos seus
preços. Uma vez alcançado o equilíbrio, nem os compradores nem os vendedores
desejam alterar as suas quantidades procuradas ou vendidas e não existe pressão para
alteração do nível de preços.
Expansão em tempo de guerra
A despesa com material destinado à guerra (gastos do Estado) cresceu bastante,
provocando um aumento da procura agregada (AD), normalmente para níveis
superiores ao produto potencial e as suas consequências seriam um aumento do
produto e um aumento acentuado dos preços (pressão inflacionista). Ao aumentarem
os gastos públicos, a AD descola-se para cima e para a direita. Assim sendo, a expansão
em tempo de guerra é impulsionada pelo aumento da procura agregada. Passamos
assim a ter um novo equilíbrio macroeconómico determinado por um novo nível de
preços superior e uma nova quantidade de equilíbrio.
Política orçamental expansionista
Uma política orçamental expansionista pode ser um aumento dos gastos públicos ou
uma diminuição dos impostos. O efeito será similar ao observado no exemplo anterior.
Nos anos que antecederam o Europeu de Futebol de 2004 em Portugal, com a
construção dos vários estádios de futebol, o Estado aumentou em muito os seus gastos
públicos. Tal facto gerou um aumento acentuado da procura.
Política orçamental contracionista
Com a intervenção da Troika em Portugal, as medidas de austeridade foram
essencialmente ao nível de aumento da carga fiscal, pelo aumento dos impostos (política
orçamental contracionista). O aumento dos impostos repercutiu-se na diminuição da
procura agregada, deslocando-se o equilíbrio para baixo e para a esquerda, gerando
diminuição do produto nacional e do nível de preços.
Assim, a economia estaria a produzir abaixo do seu potencial o que, consequentemente,
gera desemprego.
O crescimento no século XX
No século XX verificou-se uma taxa de crescimento média muito elevada derivada do
crescimento em larga escala da produção à medida que os recursos produtivos
cresciam acentuadamente e, também, devido à ocorrência de inovações que tornaram
possível o aumento da eficiência.
Neste caso, deslocam-se em simultâneo e sistematicamente a curva da AS e a curva
da AD para cima e para a direita. É crescimento do produto nacional que determina o
desempenho económico de longo prazo.
O mercado do produto e o mercado monetário constituem os mercados do lado da
procura agregada. Logo, um aumento das componentes da despesa ou uma diminuição
dos componentes da receita ou da massa monetária nominal provocam uma deslocação
para a direita da curva AD.
A curva da oferta agregada é deduzida a partir do mercado de trabalho e de uma
função de produção neoclássica. A curva da procura de trabalho tem uma inclinação
negativa, o que implica que quando a taxa de salário real aumenta e a procura de
trabalho diminui, a mesma diminuiu.
Fatores que provocam a Fatores que provocam a
deslocação da curva AD deslocação da curva AS
• Política monetária – oferta de • Fatores de produção;
moeda; • Inovação tecnológica;
• Política orçamental – impostos e • Salários;
gastos públicos; • Preço das matérias-primas
• Alterações na balança comercial ou importadas;
exportações líquidas; • Custos de produção;
• Valor dos ativos; • Preço do petróleo;
• Rendimento disponível das famílias; • Reformas da regulação ambiental.
• Alterações dos níveis de confiança
dos consumidores e investidores.
Contabilidade Nacional
(falta a parte do post-it rosa)
A Contabilidade Nacional teve um grande desenvolvimento com a importância da
Macroeconomia, a partir de meados do século XX, como técnica para conhecer a
Economia e poder intervir.
A Contabilidade Nacional é uma técnica que tem por objetivo medir a atividade económica
de um país nas suas diversas vertentes: produto, despesa e rendimento. Funciona como
instrumento de análise da situação económica, de quantificação dos objetivos de política
económica e de controlo do modo como as metas económicas vão sendo cumpridas.
Ela resulta da necessidade de quantificação da atividade económica desenvolvida por
todos os agentes económicos. Para tal é necessário usar um conjunto de contas
articuladas que pretendem representar e
O produto interno é valorizado a
quantificar todas as atividades preços correntes quando os bens e
económicas de um país realizadas durante serviços produzidos em cada período
um período de tempo. são valorizados a preços desse mesmo
A ideia fundamental e intuitiva da ano.
Contabilidade Nacional é que tudo o que é
O produto interno é valorizado a
produzido vai ser adquirido, gerando
preços constantes quando os bens e
despesa, através dos rendimentos
serviços produzidos são valorizados a
necessários à remuneração dos fatores preços de um período de referência.
produtivos necessários à produção.
As receitas das empresas correspondem às suas vendas, enquanto os seus custos
correspondem à remuneração do trabalho, do capital e à compra de todos os outros
inputs de que necessita.
Mas os inputs que são comprados a outras empresas já foram produzidos por essas
outras empresas, não pelas empresas que os compra.
O valor dos inputs comprados tem de ser deduzido ao valor das vendas para encontrar
quanto vale a produção própria da empresa, o seu Valor Acrescentado.
O produto de uma empresa é dado pelo seu Valor Acrescentado, não pelo valor das
vendas totais. Se contabilizássemos o produto pelas vendas totais estaríamos a
contabilizar duas ou mais vezes produtos que foram produzidos anteriormente.

Líquido e Bruto
No decurso do processo produtivo, os equipamentos e infraestruturas sofrem um
desgaste de utilização – amortizações. Quando se expurga o Produto Bruto das
amortizações obtém-se o Produto Líquido.

Líquido = Bruto - Amortizações

Interno e Nacional
O território económico de um país é o espaço coberto pelo sistema de Contabilidade
Nacional que inclui o espaço delimitado pela sua fronteira geográfica, os enclaves
territoriais no estrangeiro e outras instituições o país possui.
As unidades institucionais residentes são aquelas que realizam operações económicas
no território económico de um país há, pelo menos, um ano.
As unidades institucionais não residentes são as que exercem operações económicas
fora do território económico do seu país de origem por um período inferior a um ano,
ou seja, continuam a ser unidades residentes do seu país.
O Produto Interno representa o valor do produto que tem por base a riqueza obtida
pelas unidades institucionais situadas no seu território económico. E o valor do Produto
Nacional tem por base a riqueza obtida pelas unidades institucionais residentes,
independentemente do território económico onde foi gerada a riqueza.

Interno = Nacional – Rendimentos Exterior


Custo de fatores e Preços de mercado
A custo de fatores está-se a avaliar o produto à saída da fábrica, antes de entrar no
mercado e a preço de mercado é a avaliação do produto no mercado. Isto quer dizer
que o valor de venda dos bens e serviços é diferente do seu valor de produção devido
à intervenção do Estado através dos impostos indiretos e dos subsídios à produção.
Os impostos diretos diferem dos impostos indiretos, sendo que os primeiros incidem
sobre o rendimento das pessoas e das empresas e os impostos indiretos são aqueles
que incidem sobre o consumo ou a despesa.
Preços Mercado = Custo Fatores + Impostos Indiretos – Subsídios

• Ótica da Produção – dá a conhecer o valor do produto, ou seja, o conjunto de


bens e serviços que foram produzidos durante um certo período de tempo.
• Ótica da Despesa – apresenta os gastos efetuados pelos diferentes setores
institucionais, ou seja, o modo como foram aplicados os rendimentos distribuídos.
• Ótica do Rendimento – permite conhecer o valor atribuído como remuneração
dos fatores de produção, ou seja, como foram repartidos pelos diversos
agentes os rendimentos, de trabalho e de capital, gerados na atividade produtiva.
Ótica da Produção
Um modo calcular o PIB é somando o Valor Acrescentado Bruto (VAB) de cada produtor
– que iguala o valor das suas vendas líquido dos produtos consumidos na produção.
O VAB é valorizado a custos de fatores, pois os impostos indiretos e os subsídios
apenas afetam aquilo que o utilizador final paga e não o que o produto recebe.
O problema da múltipla contagem pode ocorrer se, ao contabilizarmos os bens que são
incorporados no processo produtivo de outros bens, os incluirmos mais do que uma vez
na contagem da produção. Assim, consiste em registar várias vezes o valor do mesmo
bem ou processo de transformação ao longo do cálculo do valor do Produto.
Para evitar o problema da múltipla contagem, o Produto pode ser calculado de duas
formas:
• Método dos valores acrescentados – baseia-se na PNB = PIB + RLE
determinação do valor acrescentado por cada
unidade produtiva e é calculado através da PIL = PIB – Amort
diferença entre o valor das vendas e o valor das PNL = PINB – Amort
compras que foi necessário realizar para se
conseguir efetuar a produção. PIBpm = PIBcf + Ti - Sub
• Método dos produtos finais – determina-se o
valor do Produto através dos valores das vendas de bens e serviços de consumo
final, ou seja, não são considerados neste método os bens de consumo
intermédio.
Ótica da Despesa
São componentes da Despesa:
• Consumo Privado (C) – despesa nos produtos consumidos e pagos diretamente
pelos residentes;
• Consumo Público (G) – é a despesa feita pelo setor público em produtos,
essencialmente serviços, que fornece gratuitamente ou não, tais como
educação, policiamento, recolha de lixo, etc.;
• Investimento Bruto (Ib) – FBCF + Variação de existências;
• Variação de Existências – variação de stocks;
• Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – toda a despesa feita em aumentos de
maquinaria, edifícios e outro capital produtivo;
• Exportações (X) – correspondem às vendas ao RM de bens e serviços
produzidos internamente;
• Importações (M) – representam as compras de bens e serviços feitas ao RM.
A Procura Interna corresponde ao total das despesas realizadas por todos os
residentes.
Procura Interna = Consumo Privado + Consumo Público + Investimento

A Procura Global corresponde à despesa efetuada por todos os residentes e não


residentes em relações aos bens e serviços nacionais.
Procura Global = Procura Interna + Exportações
Assim teremos:
Despesa Interna = Procura Global - Importações

Ótica do Rendimento
Do VAB, uma parte destina-se a suportar as
Rendimento Nacional = PNLcf
amortizações, e o resto destina-se a pagar salários,
juros e rendas, e o remanescente é lucro. Segundo esta ótica, o valor do produto é
igual à soma das remunerações do trabalho e do capital.
A soma dos rendimentos gerados no país é igual à soma dos VAB subtraídos das
amortizações.
Rendimento Interno = PILcf = Salários + Rendas + Juros + Lucros

A partir da ótica do rendimento podemos conhecer o rendimento disponível dos


particulares. Se ao rendimento nacional subtrairmos os impostos diretos (Td), e
somarmos as transferências do Estado para as famílias (Trfg), e somarmos as
transferências líquidas do exterior (Trfe), obtemos o rendimento disponível (Rd ou Yd).
O Rendimento Disponível dos Particulares (RDP) corresponde ao rendimento colocado à
disposição das famílias e que está na base das suas decisões de consumo e poupança.

RDP = Remunerações trabalho e capital + Transferências externas e internas –


Impostos Diretos – Contribuições sociais

As Transferências Internas são as realizadas entre o Estado e as famílias e as


Transferências Externas são as realizadas entre as famílias e o RM.

Rendimento Disponível = RDP – Poupança – Consumo Privado

Poupança dos particulares = RDP – Consumo Privado

Rendimento Disponível (Rd) = RN – Td – CSS + Trfe + Trfg + JDP


Considerando apenas as famílias, temos o Rendimento Disponível das Famílias.
RDf = RI + RLE – Lucros não distribuídos – Tdf – CSSf + Trfg + JDP + Trfe

Acrescenta-se ainda que o rendimento disponível das famílias tem apenas dois destinos:
poupança (S) e consumo (C), o que permite escrever Ydf = Sf + C.
Preços constantes e Preços correntes
O Produto a preços correntes (ou produto nominal) é o produto valorizado a preços
nominais, isto é, aos preços em vigor no ano a que se refere e que incluem o valor da
inflação.
O Produto a preços constantes (ou produto real) é o produto contabilizado aos preços
de um ano-base, tomado como referência, e que serve para efeitos de cálculo da
evolução real da economia, permitindo retirar o efeito da inflação.

Produto a preços constantes = (Produto a preços correntes / Índice de preços) x 100

Taxa de crescimento real = ((Produto p.const. n – Produto p.const. n-1) / Produto p.const. n-1)) x100

Taxa de crescimento nominal = ((Produto p.cor. n – Produto p.cor. n-1) / Produto p.cor. n-1)) x100

Para comparar valores de variáveis reais em anos diferentes é necessário que estes
tenham os mesmos preços de base, para que se possa captar unicamente a variação
das quantidades.
Os preços constantes resultam da deflação ou valorização dos preços de um ano
relativamente ao ano base:
PIB preços constantes = (PIB preços correntes / Deflator do PIB) x 100

PIB preços reais = (PIB preços nominais / Deflator do PIB) x 100

O Índice de preços do PIB (Deflator do PIB) é o índice de preço de todos os bens e


serviços produzidos no país.
Deflator = (PIB preços correntes / PIB preços ano base) x 100
Saldo Orçamental = Td + CSS + Ti – G – JDP – TRfg – Sub

No contexto do comércio internacional, as balanças são representações do volume das


transações económicas de um país com o RM durante um determinado período de
tempo.
Permitem avaliar a evolução registada pela compra e venda de mercadorias, de serviços
ou capitais. Estes registos são fundamentais para a tomada de decisão pelas
autoridades competentes como o governo, as empresas e as instituições bancárias.
As balanças componentes da Balança de Pagamentos servem para registar as relações
entre o RM e as instituições financeiras, permitindo comparar a sua evolução ao longo
dos anos.
Quando uma balança é superavitária significa que a quantidade de divisas que entraram,
durante um determinado período de tempo, é superior à quantidade que saiu,
aumentando as reservas do país. Quando é deficitária ocorre o inverso e quando é
equilibrada a quantidade de divisas que saíram é igual às que entraram, mantendo o nível
de reservas do país estável.

Saldo da Balança Corrente = Saldo Balança Rendimentos + Saldo Balança Bens e Serviços
+ Saldo Balança Transferências Correntes = RLE + (Exportações – Importações) + Trfe

As variáveis fluxo medem-se ao longo de um período de tempo. Conta valores por


período, não se somando, e refere-se a transações ocorridas ao longo de determinado
período de tempo.
As variáveis stocks medem-se num determinado momento do tempo e são variáveis
cujo valor é acumulado em um determinado momento ou ponto específico no tempo.
1. Não permite o registo da economia subterrânea (fuga a pagamento de impostos e
descontos sociais);
2. Não permite registar a economia ilegal (tráfico de drogas ou prática ilegal de
medicina);
3. Não contabiliza a produção destinada ao autoconsumo;
4. Não leva em consideração a natureza dos bens obtidos e a sua importância social;
5. Não avalia os problemas ambientais resultantes dos diferentes processos
produtivos, ou seja, não contabiliza as externalidades.
A Moeda
A moeda é considerada um ativo que constitui o património dos agentes económicos e
cuja utilidade deriva das funções que desempenha. É objeto de procura e de oferta,
dando origem ao mercado monetário e à formação de equilíbrio neste mesmo mercado.

A moeda metálica
As sociedades primitivas tinham pouca especialização da produção e propriedade
comunitária, pelo que as trocas eram incipientes.
Conforme a produção se foi especializando e a propriedade do próprio trabalho se
individualizou, as trocas foram-se generalizando.
Aumento a especialização e as trocas, o mecanismo de trocas diretas tornou-se cada
vez mais inconveniente. A solução foi encontrar uma mercadoria que intermediasses
estas trocas.
Uma mercadoria que toda a gente precise e aceite receber, de forma que possamos
trocar o que temos por essa mercadoria e depois trocar a mercadoria pelo que
queremos.
As características duma mercadoria que possa servir de intermediária de trocas (meio
de pagamento) devem ser:
• Aceitação universal – todos os agentes a aceitarem;
• Durabilidade – não se estragar facilmente;
• Homogeneidade – todas as unidades terem o mesmo valor;
• Divisibilidade – poder ser dividida conforme a nossa conveniência.
Ao longo da história antiga vários bens com estas características foram utilizados:
conchas, setas, sal, cereais, azeite.
O desenvolvimento das economias e do comércio levou a que o valor das transações
aumentasse. Às características anteriores juntou-se outra que facilitava os
pagamentos:
• Elevado valor específico – se a moeda tiver elevado valor são necessárias
pequenas quantidades para fazer transações.
Assim, aos poucos, os bens escolhidos para servir de moeda passaram a ser apenas
os metais preciosos. O ouro e a prata foram os principais metais usados como moeda
durante séculos.
A moeda papel
No final da Idade Média, o crescimento do comércio a longa distância levantava a
questão da segurança em transportar significativas quantidades em ouro de uma ponta
à outra da Europa.
Alguns grandes e ricos comerciantes com armazéns ou escritórios em várias cidades
europeias procuravam facilitar as trocas, permitindo que outro agente depositasse
outro num escritório em Florença e depois levantasse uma quantidade idêntica em
Antuérpia.
Para isso emitiam cartas (bilhetes, notas) que diziam “O Sr. Fulano de Tal tem o direito
de levantar x onças de ouro em qualquer dos meus escritórios). Esses bilhetes
evoluíram: passaram a ser “Ao portador” e em quantidades estandardizados. Nasceu o
papel-moeda.
Monopólio da emissão
A emissão de moeda é e sempre foi uma atividade potencialmente muito lucrativa.
A cunhagem de moedas metálicas presta-se a falsificação do peso ou da qualidade do
metal utilizado. A emissão de papel-moeda permite que se emita mais notas do que o
outro que exista, fisicamente, nos cofres do emissor.
Para além destas hipóteses de falsificação, os banqueiros que recebem ouro e emitem
notas têm a possibilidade de utilizar esse outro em proveito próprio, lucrando, com isso,
mesmo que o reponham mais tarde.
Por estas razões, os soberanos (o poder político) sempre tiveram a tentação de
controlar a cunhagem de moedas e a emissão de notas.
Progressivamente, os Estados regularam e monopolizaram a atividade emissora,
atribuindo-a a si próprios ou concessionando-a a privados. Nasceram, assim, os Bancos
Emissores. Inicialmente, estes bancos eram só emissores. Aos poucos foram-lhe sendo
atribuídas funções reguladoras, transformando-se em Bancos Centrais.
Padrão-ouro
Desde a criação do papel-moeda, os bancos emissores garantiam o valor das notas com
o ouro depositado nos seus cofres.
Era o Padrão-Ouro. Cada nota tinha escrito o seu valor em ouro e os seus detentores
podiam trocá-las por ouro junto do banco emissor.
O banco emissor garantia o valor em ouro das notas. Os países que acumulavam défices
com outros podiam ser chamados a pagar entregando ouro. Se não tivessem ouro
suficiente podiam ir à falência, entrar em bancarrota.
Isso aconteceu várias vezes com Portugal no século XIX. Quando se esgotava o ouro, o
País tinha de recorrer a empréstimos. A Inglaterra funcionava então como banqueiro
internacional.
Portugal pedia empréstimos em Libras, que ficavam em reserva no Banco Emissor. A
Inglaterra garantia o valor das libras em ouro, a conversão das libras.
O Banco de Lisboa emitia Réis, garantindo o seu valor em libras. Como as libras valiam
como ouro, o valor dos réis era convertível, indiretamente, em ouro. Assim funcionava
o Padrão-Ouro, tendo a Inglaterra como centro.
Após a Grande Guerra (1918), a Inglaterra esgotou as suas reservas de ouro e, no final
da década de 1920, cancelou a conversão das libras em ouro. O centro do sistema
passou para os Estados Unidos, que continuaram a garantir a conversão dos dólares
em ouro.
Bretton-Woods e o fim do padrão-ouro
No final da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos detinham a esmagadora maioria das
reservas mundiais de ouro. Todos os outros países beligerantes estavam endividados.
Realizou-se então uma conferência em Bretton-Woods (perto de Washington) que
desenhou o novo sistema monetário e financeiro mundial.
Aí foram criados o Banco Mundial e o FMI. Os Estados-Unidos assumiram o papel de
banqueiro do resto do mundo, emprestando dólares aos outros países e garantindo a
conversão do dólar em ouro, ao preço de 1oz=USD35.
Este sistema funcionou até 1972. O dólar era utilizado como reserva por todos os
Bancos Centrais mundiais, no pressuposto que poderiam sempre trocar essas reservas
por ouro junto do Banco Central dos EUA (o Federal Reserve System).
Mas após décadas a emitirem dólares para financiarem défices correntes e após as
despesas das guerras da Coreia e do Vietnam, da Guerra Fria e da corrida espacial, os
EUA já não possuíam ouro suficiente para garantir a quantidade de dólares emitidos.
Em 1972, o então presidente Richard Nixon anunciou que os EUA deixavam de garantir
o valor do dólar em ouro. Acabou o Padrão-ouro.
Ao fim de mais de 2 mil anos de ligação entre o valor das moedas e uma certa
quantidade em ouro, essa ligação terminou em 1972.
Em poucas semanas o dólar desvalorizou, passando uma onça de ouro a custar mais de
USD800.
Hoje, o valor do ouro e das principais moedas varia constantemente de acordo com a
oferta e procura no mercado.
O valor de cada moeda depende, fundamentalmente, da confiança que os agentes
económicos tenham de que os bancos centrais farão uma gestão prudente da
quantidade de moeda emitida, preservando o seu valor e evitando a sua desvalorização.
Na zona euro, nos EUA, na Inglaterra ou no Japão, os bancos centrais são fortes e
prudentes, e têm como objetivo manter a inflação (desvalorização da moeda) abaixo ou
cerca dos 2% ao ano.
Países como a Argentina ou o Zimbabwe, em que os bancos centrais muitas vezes
emitem moeda para financiar livremente os défices do Estado, têm uma história de
elevada inflação e constantes desvalorizações da moeda. Tal como Portugal antes de
entrar no euro.

Em resumo:
Moeda mercadoria – moeda metálica (pesada, contada, cunhada) – moeda papel
(representativa, fiduciária, papel-moeda) – moeda escritural – moeda plástica – moeda
eletrónica
A evolução e sofisticação dos sistemas monetários fez com que a Moeda fosse
assumindo diferentes formas:
• Moeda metálica;
• Moeda fiduciária – notas e moedas emitidas pelo Banco Central, ou papel-moeda;
a moeda como estamos habituados a lidar no dia-a-dia.
• Moeda escritural – depósitos bancários movimentados por cheques,
transferências, cartões, internet. O montante desta moeda é equivalente ao
montante dos depósitos à ordem e a maneira de a movimentar é através de
ordens dadas aos bancos. Surge em finais do séc. XVIII e princípios de XIX.
• Moeda plástica – Já no séc. XX introduziu-se um novo meio de movimentar as
contas bancárias: o cartão de crédito e/ou débito.
• Moeda eletrónica – Na última década introduziu-se um novo meio de movimentar
as contas bancárias: através da Internet.

• Meio de pagamento – é a função principal da moeda e aquela que lhe é exclusiva.


Esta função permite a dispensabilidade da dupla coincidência de vontades entre
as partes e torna possível a divisão social do trabalho, a especialização, e a
melhoria da produtividade.
• Unidade de conta – a moeda é a unidade comum utilizada na aferição do preço
das coisas (medida de valor); é um verdadeiro denominador comum do valor, um
intermediário geral nas trocas; a moeda permite a existência de um sistema de
preços, em que a cada coisa corresponde um preço (um só) e não um número
indeterminado de preços.
• Reserva de valor – a moeda pode ser um meio de armazenar riqueza, uma
riqueza totalmente líquida, isto é, instantaneamente mobilizável como meio de
pagamento.
Inerente à moeda, enquanto reserva de valor, existe a Propriedade da Liquidez, a qual
consiste na capacidade que a moeda tem de ao ser reserva de valor se poder
transformar em qualquer outro ativo. A liquidez tem um custo de oportunidade que se
pode traduz pela taxa de juro. A taxa de juro traduz o preço/custo que o possuidor
da moeda atribui à perda/ganho de liquidez, e que está associada à moeda enquanto
meio de pagamento diferido no tempo.

A caracterização do Sistema Bancário varia de país para país. Em quase todos os países
existem cinco tipos de bancos:
• Banco Central – emissores de moeda fiduciária; Banco dos Bancos; autoridade
monetária; regulador dos pagamentos internacionais; banqueiro do Estado.
• Bancos comerciais – instituições privadas ou públicas com fins lucrativos que
aceitam depósitos e concedem crédito e ou participam no capital de outras
empresas.
• Bancos de investimento – instituições privadas ou públicas com fins lucrativos
que aceitam depósitos e concedem créditos, especialmente a médio e longo
prazo.
• Bancos especializados – especializados em determinadas atividades económicas.
• Bancos cooperativos ou montepios – geralmente não têm fins lucrativos, mas
em geral realizam lucros que autoinvestem;
• Outras instituições financeiras – organismos especiais de crédito, companhias
de seguros, associações de locação, sociedades de investimento.
Banco Central
As principais funções de qualquer Banco Central são:
• Emitir moeda – o Banco Central tem total monopólio sobre a emissão de moeda
no país;
• Executar as políticas monetárias e cambiais – regula a quantidade de moeda em
circulação, influencia as taxas de juro e controla a quantidade de moeda
estrangeira no país;
• Banqueiro do governo – guarda as reservas internacionais do governo em outro
ou moeda estrangeira e financia as contas do governo;
• Banco dos bancos – concede empréstimos aos bancos comerciais, além de
deter os depósitos compulsórios. Além disso regula as taxas de juro básicas ou
de referência do país.
A Base Monetária (BM) é o conjunto das notas e moedas metálicas
BM = NP + RB
emitidas no país, uma parte na posse das empresas e particulares
(NP, circulação monetária), outra constituída pelas reservas monetárias dos Bancos
Comerciais (RB). Onde NP – notas e moedas em poder de empresas e particulares e
RB – reservas bancárias ou reservas totais.
O Banco Central controla indiretamente as notas em circulação (NP) dado que tem
poder quanto à fixação das reservas obrigatórias ou legais. A BM é o principal item do
Passivo do Banco Central, uma vez que é uma responsabilidade pois este deve esse
valor a quem detém notas.
Exemplos de formas de alterar a Base Monetária
• BC diminui a sua dívida ao exterior e entrega reservas aos seus credores
estrangeiros, recebendo notas e diminuindo a BM;
• O Estado pede um empréstimo ao BC contra a entrega de mais títulos do Estado;
o BC credita a conta do Estado nos bancos comerciais, cujos depósitos junto do
BC aumentam, aumentando a BM;
• Os Bancos Comerciais pedem empréstimos suplementares junto do BC; o BC
empresta-lhes moeda fiduciária; aumentando a BM.
A maioria da Moeda hoje utilizada é moeda escritural, isto é, depósitos bancários que
utilizamos para fazer pagamentos, maioritariamente através de cartões (os
particulares) e de transferências (as empresas).
Esses depósitos aparecem no balanço dos bancos comerciais que, por isso, são parte
integrante e importante do sistema monetário. Parte dos depósitos são
obrigatoriamente mantidos em reserva pelos Bancos Comerciais (as Reservas
bancárias), o resto pode ser emprestado pelos bancos aos seus clientes.
Oferta de moeda e multiplicador monetário
A Base Monetária, BM = NP + RB, corresponde ao
M = NP + D e D = DO + DP
conjunto de notas e moedas metálicas emitidas no
país, ou seja, a quantidade de moeda emitida pelo Banco Central. A quantidade de moeda
oferecida pelo setor bancário a toda a economia corresponde:
O que liga as duas grandezas é precisamente o multiplicador m = M / BM
monetário.
M1 é o total dos meios de pagamento imediatos e M2 é o total
M1 = NP + DO
dos meios de pagamento mobilizáveis a curto prazo.
Vamos supor que o senhor Francisco deposita 100€ em dinheiro M2 = M1 + DP
no Banco BAA. O banco BAA é obrigado a depositar 10% dos 100€
junto do Banco Central na forma de reservas legais obrigatórias, sendo re a taxa de
reservas obrigatória. Fica com 90€ disponíveis que deposita no banco BAB. O banco
BAB vai ter de proceder ao mesmo depósito das reservas obrigatórias junto do Banco
Central e assim deposita 9€. Os restantes 81€ deposita no banco BAC. O banco BAC
por sua vez é obrigado a deixar 8,1€ junto do Banco Central e fica com o restante
disponível que deposita no banco BAD (72,9€) e assim sucessivamente.
Verificamos que o montante total de moeda gerado é de 343,9€ onde 100€
corresponde ao valor inicial de moeda fiduciária e, entretanto, criou-se moeda escritural
no valor de 243,9€.

RB = re x D D = 1/re RB re = RB / D n = NP / M re = rL + rX

Taxa de preferência por moeda fiduciária (n) – representa o montante de notas e


moedas que os agentes preferem deter relativamente ao montante de massa
monetária existente na economia.
Taxa de reserva total (re) – representa as reservas em percentagem sobre os
depósitos totais que as OIM têm de ter em seu poder em todo e qualquer momento.
Reservas Bancárias (RB) – são compostas pelas reservas legais (RL) impostas pelo
Banco Central e pelas reservas excedentárias (RX).
Taxa de reservas legais (rL) – consiste numa taxa ou percentagem que permite obter
reservas mínimas requeridas pelo Banco Central e constituem fundos que as OIM têm
de manter sempre em seu poder.
Taxa de reservas excedentárias (rX) – consiste numa taxa, ou percentagem, que
permite determinar reservas que as OIM podem por decisão própria constituir. O
montante destas reservas é uma decisão inteiramente da responsabilidade das OIM,
no sentido de gerirem as suas reservas de forma eficiente.
Para sabermos o número de vezes que a BM vai variar dando origem à M basta utilizar
as fórmulas e proceder à manipulação das mesmas.

m = 1 / (re + n(1 + re)) -> M = m x BM

Se aumentar re -> diminui m -> diminui M


Se aumentar n -> diminui m -> diminui M

O multiplicador monetário faz a ligação entre Base Monetária e a Massa Monetária, e


pode definir-se como o número de vezes que a Base Monetária é multiplicada numa
economia para obter a Massa Monetária total nessa economia.
Instrumentos de política monetária
O Banco Central, enquanto autoridade monetária, pode intervir na oferta de moeda
através de vários instrumentos de política monetária, uns afetando a dimensão da base
monetária, outros os efeitos do multiplicador.
Operações de Open Market – consistem na compra e venda de títulos por parte do
Banco Centra. Se o Banco Central acha excessiva a oferta de moeda, pode retirar
massa monetária vendendo títulos do Estado ou de ouros agentes que detém nos seus
ativos, recolhendo o dinheiro aos seus cofres ou diminuindo os depósitos das OIM. Se o
objetivo for aumentar a oferta de moeda o Banco Central irá comprar títulos.
Política de Redesconto – através da taxa de redesconto, que consiste na taxa cobrada
aos bancos comerciais quando estes recorrem a refinanciamento junto do Banco
Central contra a entrega de títulos, pagando um juro por esse financiamento do Banco
Central. Se a autoridade monetária acha que há excesso de oferta de moeda aumenta
a taxa de redesconto e assim os bancos «pedem» menos pois fica mais caro.
Taxa de Reserva Legal (rL) – se o Banco Central pretende aumenta a oferta de moeda
irá diminuir a taxa de reserva legal e o multiplicador de crédito e o multiplicador
monetário irão aumentar refletindo-se num aumento da oferta de moeda. São
consideradas uma variável de longo prazo, pois o Banco Central não altera com
frequência esta taxa. Ao aumentar a taxa de reserva legal as OIM têm de entregar
montantes superiores dos seus depósitos ao Banco Central e isso reduz a moeda
disponível.
Existem ainda outros instrumentos possíveis, mas menos comuns:
• Uma forma, bastante drástica, é atuar através de imposição de limites ao
crédito acordado pelos bancos do sistema. Imposta usualmente quando se pensa
que há excesso de oferta de moeda
• Finalmente, se o mercado financeiro é regulamentado administrativamente, o
Estado fixa a taxa de juro, e influencia assim a oferta e a procura de moeda
Política Monetária
Apesar de ter todos estes instrumentos, o Banco Central não consegue controlar
totalmente a Oferta de Moeda e as taxas de juros.
A taxa de juro (um dos preços da Moeda) depende, como qualquer outro preço, da
Oferta e da Procura. E o Banco Central nem sequer controla perfeitamente a oferta.
Mesmo controlando a Base Monetária, a Oferta depende do multiplicador monetário,
que por sua vez depende:
• da Preferência pelas notas;
• da Taxa de Reserva total.
Durante a crise financeira de 2008-09 o multiplicador monetário caiu dramaticamente.
Os agentes económicos perderam a confiança nos bancos, aumentando a preferência
pelas notas (n) e os bancos perderam a confiança nos clientes, emprestando menos e
aumentando as suas reservas extraordinárias (rX).
Como consequência o multiplicador caiu e fez diminuir a massa monetária (M).
A maioria dos Bancos Centrais reagiu aumentando a Base Monetária (BM), para tentar
manter o volume de meios de pagamento disponíveis.
Os Bancos Centrais também não controlam totalmente as taxas de juro no mercado
monetário. Vimos que o Banco Central define limites superiores e inferiores para os
juros de curto prazo.
Mas se fixar esses limites demasiado altos, isto é, se a taxa de absorção de liquidez
for muito alta, os bancos comerciais preferem depositar no Banco Central em vez de
emprestarem uns aos outros ou aos particulares.
Isto levará a uma falta de dinheiro para empréstimos, enquanto o Banco Central se
verá obrigado a receber um enorme volume de reservas. Situação insustentável, que
obrigará o BC a baixar as taxas.

A zona euro tem hoje um sistema monetário semelhante ao dos Estados Unidos:
• Um Banco Central (BCE, FRS), que toma as principais decisões de política
monetária (variação da base monetária e das taxas de juro de referência) e
que regula os principais bancos comerciais.
• Bancos emissores regionais (Banco de Portugal, de Espanha, etc., Banco Federal
de New York, San Francisco, Chicago, etc.), que funcionam como bancos
centrais na sua zona, mas debaixo da autoridade do banco central.
O Banco de Portugal empresta moeda e recebe depósitos dos bancos portugueses e
regula os pequenos bancos portugueses. Os grandes bancos são regulados diretamente
pelo BCE.
Os bancos regionais detêm o capital e compõem o Conselho de Administração do BCE.
O Banco Central Europeu gere o sistema monetário europeu, o euro, controlando a
Base Monetária e as taxas de referência.
O BCE faz esta gestão procurando conciliar a situação económica e as necessidades
dos diferentes países da zona euro:
• Países do Sul, como Portugal, Itália e Grécia, que preferiam ter um euro mais
fraco, juros baixos e mais inflação, para melhorarem a competitividade das
suas exportações e diluírem as suas dívidas;
▪ Países do Norte, como a Alemanha e a Holanda, que preferem um euro forte e
juros altos, para comprarem produtos mais baratos e manterem o valor dos
seus investimentos e empréstimos no resto da Europa e do Mundo.
O tratado de Maastrich, que criou o euro e o BCE, fixou como objectivo para a política
monetária manter a inflação “próxima, mas abaixo dos 2%”.
Como a inflação na zona euro tem estado muito abaixo desse valor, BCE tem seguido
recentemente políticas expansionistas:
• mantendo taxas de juros baixas;
• expandindo a base monetária (“quantitative easing” – compra de dívida dos
países europeus).
Equilíbrio Macroeconómico
Aqui colocam-se três perguntas fundamentais:
• Porque surgem crises económicas?
• Porque existe desemprego?
• Porque é que as economias não crescem sempre?
A teoria clássica não explicava as crises económicas. Os mercados deveriam equilibrar-
se por si só. Havendo excesso de oferta, os preços deveriam ajustar-se para
reequilibrar os mercados. Logo, o desemprego não deveria surgir.
Lei de Say
Em 1803, Jean-Baptiste Say publicou o seu “Traité d’économie politique”, que tornou
famosa a “Lei de Say”:
• Toda a oferta gera a sua própria procura
Esta ideia reflete-se na equivalência contabilística entre as 3 óticas de medição da
atividade económica: Produto => Rendimento => Despesa
No entanto, a oferta e a procura determinam-se a níveis diferentes. As empresas
decidem a oferta (produção); só depois as famílias decidem a procura (como querem
gastar o rendimento).
Se o total contabilístico tem de ser igual, as parcelas não. Algumas empresas (ou
sectores) poderão ter excesso de procura, outras excesso de oferta.
A igualdade entre oferta e procura agregada é garantida pela Variação de Stocks. Para
algumas empresas (ou sectores) esta variável é positiva, para outras negativa.
Sectores com excesso de stocks reduzem a produção no período seguinte e vice-
versa.
Normalmente estes desequilíbrios anulam-se, pelo que a Variação de Stocks agregada
é pequena.
Por vezes surgem situações em que os desequilíbrios são significativos, normalmente
devido a erradas avaliações e planeamento por parte das empresas e investidores.
Os investidores podem avaliar erradamente as perspetivas de crescimento de algum
sector, investindo demasiado, destruindo poupanças e criando excesso de produção.
Podem surgir novos sectores e produtos que alteram os hábitos dos consumidores e
tornam obsoletos produtos e setores antigos:
• caminhos de ferro vs carruagens a cavalos;
• motores de explosão vs máquina a vapor;
• eletricidade vs aquecimento e iluminação a óleo;
• banca online vs balcões.
Ciclos de crise
Durante o século XIX sucederam-se ciclos económicos, com pequenas crises deste
género, as quais eram normalmente ultrapassadas rapidamente (1-2 anos).
Recentemente tivemos a crise das “dot.com”, no início do século XXI, devido a excesso
de investimento em empresas de serviços via internet, mas a crise foi ultrapassada
rapidamente.
Uma crise deste tipo provoca uma quebra no consumo e no investimento, levando a
uma acumulação de stocks significativa e a uma espiral recessiva.
As empresas acumulam stocks, reduzem produção, despedem trabalhadores, o que
leva a menos rendimento e consumo. E assim sucessivamente.
Ao fim de alguns períodos (trimestres/semestres) de contração a economia bate no
fundo e as expectativas dos agentes invertem-se.
Os consumidores sentem-se seguros de que não vão ser despedidos e que podem
consumir de novo, trocar de carro ou de máquina de lavar, jantar fora e viajar. As
empresas aproveitam para modernizar equipamentos e aumentar a competitividade,
investindo de novo. O excesso de stocks é absorvido, a despesa, a produção e o
rendimento recuperam de novo até ao pleno emprego.
A maioria das crises começam por choques pequenos, em sectores pouco importantes
para a economia. Mas por vezes atingem proporções muito preocupantes,
especialmente se afetam sectores importantes, como o imobiliário ou a banca.
Isso aconteceu na última Grande Recessão e também na Grande Depressão de 1930.
O choque inicial foi muito forte e atingiu a solvabilidade da banca, repercutindo-se por
todos os sectores.
Na crise de 1929-36 nos EUA:
• o PIB real contraiu mais de 30%;
• o desemprego ultrapassou 25%;
• os preços desceram mais de 20%.
E quando a economia bateu no fundo demorou a recuperar. Os consumidores e as
empresas não inverteram as suas expectativas e acomodaram-se a um equilíbrio com
elevado desemprego, rendimentos baixos, baixo consumo e produção.
Os economistas clássicos não estavam preparados para lidar com uma crise desta
dimensão. Mas o economista inglês John Maynard Keynes avançou com uma hipótese
de solução. Keynes era já um famoso economista:
• participou nas negociações de paz após a 1ª Guerra Mundial;
• em 1933 publicou “The means to prosperity”;
• em 1936 publicou “The General Theory of Employment, Interest and Money”.

Keynes defendeu o papel do Estado na regularização da atividade económica, contra os


clássicos que defendiam que o Estado não devia intervir na economia. A ideia de Keynes
foi que, se a procura privada não aumenta, tem de aumentar a procura pública.
Aumentando o Consumo Público aumenta a despesa total, absorvendo qualquer excesso
de stocks e estimulando a produção.
Este aumento do Consumo Público tem um efeito sobre a Procura agregada que
ultrapassa o seu impacto imediato. Aumentando o Consumo Público aumenta logo o
Rendimento Nacional, o que faz aumentar o Consumo Privado e estimula o Produto.
Aumentar o Produto cria por sua vez mais Rendimento que vai aumentar de novo o
Consumo e por aí fora.
Surge um efeito multiplicador sobre a Despesa e, portanto, a Procura agregada.

∆Y = (1/1-c) ∆G

Aumentar os Gastos Públicos estimula a Procura. Quaisquer aumentos do consumo ou


do investimento (ou outros elementos da Procura Autónoma) também estimulam a
procura, mas são mais difíceis de induzir O estímulo inicial propaga-se depois pelo
consumo.
Mais Gastos Públicos mais Rendimento, mais Rendimento mais Consumo, mais Consumo
mais Produção, etc. Também se pode propagar pelo Investimento: mais Rendimento
mais Investimento, mais Investimento mais Produção, etc.
Também se pode propagar pelo Investimento: mais Rendimento mais I = I0 + k Y
Investimento, mais Investimento mais Produção, etc. Basta que
consideremos que o Investimento depende do Rendimento. Se
o estímulo também se propagar pelo investimento o 1/(1-c-k) > 1/(1-c)
multiplicador vai ser mais forte.
1/(1-c-k) > 1/(1-c(1-t)-k)
Se houver impostos diretos o multiplicador diminui.
Com impostos, parte do estímulo à procura é desviado
1/(1-c-k) > 1/(1-c-k+h)
para pagar impostos, diminuindo o multiplicador. O mesmo
se passa com economia aberta e importações: parte do estímulo à procura é desviado
para importações, em vez de aumentar a produção interna.
Quanto maior h (mais importações) menor o multiplicador.
Como Portugal é uma pequena economia aberta, qualquer estímulo à despesa através
dos Gastos Públicos é parcialmente desviado para as Importações, estimulando a
produção externa e não o PIB português. Esse era o problema com alguns dos grandes
investimentos públicos que estiveram previstos, como o TGV e o Novo Aeroporto de
Lisboa.
A maioria do investimento no TGV era importado, desde projeto, material circulante,
carris e catenárias. Quase o mesmo para o NAL: projeto, software, equipamentos
eram maioritariamente importados.
Esses investimentos teriam reduzido efeito multiplicador.
Já programas como a Parque Escolar ou a Reabilitação Urbana têm grande componente
interna e forte efeito multiplicador.
Acresce que Portugal estava sujeito a equilibrar as contas públicas, qualquer aumento
da despesa teria de ser compensado por igual aumento da receita (impostos).
Efeito multiplicador com orçamento equilibrado:
∆Y = 1/(1-c) x ( - c ∆T + ∆G)
∆G = ∆T

Não há efeito multiplicador.


Tendo de diminuir o défice, o Estado Português tem poucas armas para estimular a
economia. O estímulo à Procura Agregada tem vindo das Exportações e, no futuro, terá
de vir do Investimento privado.
As propostas de Keynes tiveram eco na política económica do Presidente Roosevelt, o
chamado New Deal.
Roosevelt propôs um ambicioso programa de obras públicas (autoestradas, barragens,
canais) para estimular a economia americana.
Eventualmente, foi o programa de rearmamento prosseguido na Europa e nos EUA a
partir de 1936 e a 2ª Guerra Mundial que permitiu ultrapassar a Grande Depressão.
Considerar que os juros sobem quando a Despesa aumenta conduz à situação conhecida
por “crowding-out”: aumentar o endividamento público aumenta a procura de capitais,
fazendo subir a taxa de juro e descer o investimento e o consumo privado.
Crowding-out: mais dívida pública expulsa o endividamento privado.
As teorias keynesianas foram contestadas pelos herdeiros da teoria clássica,
nomeadamente Milton Friedman e os Monetaristas. Os consumidores sabem que
qualquer aumento da despesa pública terá de ser posteriormente compensada por
aumento de impostos, anulando o efeito multiplicador.
Durante a Grande Depressão o Banco Central americano deixou que muitos bancos
comerciais falissem, o que contraiu a Oferta de Moeda. Esta contração levou à queda
dos preços (deflação) e à subida da taxa de juro real. Deflação provocou quebra dos
rendimentos e do consumo. Elevadas taxas de juro reais contraíram o investimento.
O debate entre keynesianos e monetaristas ajuda-nos a compreender como atuam as
políticas fiscal e monetária para estimular a Despesa agregada e, por arrasto, o
Produto e o Rendimento gerado.
Estas políticas estimulam a Procura agregada no curto prazo, quando existe um défice
de Procura face ao nível de pleno emprego. Não servem quando a economia está
próxima do pleno emprego.
Nestas situações é necessário que a Oferta agregada aumente para que a economia
cresça sem criar inflação, o que torna necessário analisar a interação entre Procura
e Oferta agregadas.

Os modelos keynesiano e monetarista mostram como se alteram a Despesa agregada


e a taxa de juro, dados vários parâmetros, nomeadamente: as Exportações (X), os
Gastos Públicos (G), a oferta de Moeda (Ms), o nível geral dos preços (P), etc..
Estes são os principais determinantes macroeconómicos da Procura agregada:
• As Exportações (X), os Gastos Públicos (G), a oferta de Moeda (Ms), estimulam
a Procura.
• O aumento do nível de preços diminui a Procura, pois diminui o rendimento real
e a oferta real de Moeda.
Os principais determinantes macroeconómicos da Oferta agregada são: a tecnologia,
os recursos existentes, os preços dos inputs e dos produtos finais.
O nível geral dos preços afeta quer a Procura, quer a Oferta. Mas enquanto um
aumento de preços diminui a Procura, um aumento de preços tende a aumentar a
Oferta.
A maior ou menor rigidez da Oferta depende fundamentalmente do comportamento
dos mercados dos fatores produtivos, especialmente do mercado de trabalho.
O nível de emprego na economia traduz-se depois no nível da Oferta (produção) através
da produtividade do trabalho (função de produção).
Mercados de trabalho
Mercados de trabalho mais rígidos (difícil baixar salários) obrigam que o ajustamento
em crise se faça com mais desemprego.
Se os salários não baixam também se criam menos empregos para recuperação das
crises. O rendimento que é garantido no desemprego diminui a oferta de trabalho
agravando a situação.
O mercado de trabalho nos EUA (e na Ásia) é muito mais flexível que o europeu. Os
salários flutuam mais e mais depressa. Os contratos de trabalho podem ser terminados
a qualquer momento. As crises são ultrapassadas muito mais rapidamente.

O mesmo choque pode afetar diferentemente economias diferentes. Numa economia


pode afetar mais a procura agregada, noutra mais a oferta agregada.
• Um choque expansionista da oferta aumenta o produto e diminui o nível de
preços;
• Um choque negativo da oferta diminui o produto e aumenta o nível de preços;
• Um choque positivo sobre a procura agregada tende a aumentar o produto e o
nível de preços;
• Um choque negativo na procura faz diminuir o produto e o nível de preços.
Inflação e Desemprego

• “refere-se a um aumento firme e continuado da oferta de moeda” – inflação


pela procura;
• “situação em que a procura excede persistentemente a oferta” – inflação pela
procura;
• “aumento contínuo e generalizado do nível de preços.
Assim, podemos dizer que a inflação corresponde a um aumento contínuo e
generalizado do nível de preços.
A taxa de inflação, por sua vez, resulta da variação percentual do nível de preços
entre dois momentos temporais distintos. Para medir o nível de preços usamos o IPC,
IHPC, IPP, deflator do consumo e deflator do produto.

Causas da inflação:
• Inflação de Inércia – é espetada e prevista nos contratos e acordos formais.
Se esta inflação permanecer, as expectativas das pessoas tendem a adaptar-
se, incorporando a inflação de inércia nas suas decisões até que ocorra um
choque, por via da procura ou por via da oferta.
• Inflação pela Procura – ocorre quando a procura agregada, por via de uma das
suas componentes aumenta mais rapidamente do que o potencial da economia,
fazendo subir os preços para equilibrar a oferta e procura agregadas.
• Inflação pelos Custos – resulta de um aumento dos custos durante períodos de
grande desemprego e fraca utilização de recursos.
Tipos de inflação:
Inflação Moderada:
• Aumento dos preços em ritmo lento;
• Taxa de inflação anual de um só dígito (entre 0% e 9%);
• Os agentes económicos acreditam na moeda e na conservação do seu valor.
Inflação Galopante:
• Aumento dos preços a um ritmo acelerado;
• Taxa de inflação anual de dois ou três dígitos (entre 1o % e 999% ao ano);
• A moeda perde rapidamente o seu valor;
• As pessoas deixam de acreditar na moeda e o entesouramento da moeda é
praticamente nulo;
• Ocorrem distorções económicas graves;
• As transações e contratos passam a estar indexados a um índice de preços ou
a uma moeda estrangeira (Dólar, Euro);
• Taxas de juro reais podem ser negativas;
• Enfraquecimento dos mercados financeiros.
Hiperinflação:
• Taxa de inflação anual superior a três dígitos (superior a 999%) ou mensais
superiores a 50%;
• Os preços aumentam a um ritmo bastante acelerado (podem aumentar um
milhão ou um bilião por cento ao ano);
• O dinheiro transforma-se numa «batata muito quente» que as pessoas evitam
guardar, o que leva à redução drástica da procura de moeda, e por vezes a
restabelecer a troca direta;
• Os salários variam de dia para dia.
Moeda e Hiperinflação na Alemanha:
A primeira ocorrência de Hiperinflação teve lugar na Alemanha do pós I Guerra Mundial,
na República de Weimar, entre 1922 e 1924. A Alemanha após ter sido derrotada e
devastada, pela I Guerra Mundial para proceder à sua reconstrução imprimiu moeda
em larga escala, o que originou uma grande oferta de moeda na economia, de forma
continuada. Isto levou a um aumento generalizado e continuado do nível de preços, de
modo que considerando um nível de preços base em janeiro de 1922 = 1, em setembro
de 1923 o nível de preços ultrapassou o valor de 1.ooo.ooo.ooo.
Custos e impactos económicos da inflação:
• Se a inflação é antecipada, ou prevista, ou não antecipada, o que condiciona os
devidos ajustamentos nos contratos e pensões, de forma que os custos
resultantes sejam mínimos.
• Se a inflação ocorre de forma equilibrada no preço de todos os bens ou não.
• Da categoria de inflação que se verifica, pois quanto mais elevado o seu valor
mais grave são os impactos na economia.
Impactos económicos da inflação:
Efeitos sobre:
• Redistribuição do rendimento e da riqueza – a inflação não antecipada ou não
prevista redistribui a riqueza dos credores para os devedores, ajudando quem
deve e prejudicando quem emprestou;
• Eficiência económica – distorções nos preços relativos e nas quantidades dos
diferentes bens;
• Atividade económica – efeitos sobre o produto e o emprego (limita o
crescimento da moeda: aumentando as taxas de juro, o que leva a uma redução
do Y e um aumento do desemprego).

É a percentagem de pessoas desempregadas em relação ao total da população ativa.

Taxa de Desemprego t = ((Pop Ativa t – Pop Empregada t) / Pop Ativa t) x 100

A população desempregada é constituída pela População Ativa com condições de estar


empregue e que não trabalha. Consideram-se como desempregados apenas os
indivíduos que fizeram diligências concretas para encontrar emprego nas últimas duas
semanas.
Os Empregados referem-se aos indivíduos que desempenham atividades remuneradas
em resultado do trabalho efetuado. A População Ativa é composta pelo total de
desempregados e empregados. A parte da população que não é aqui incluída representa
a População Não Ativa, ou seja, a parte da população não integrante na população ativa,
como sejam, as crianças, os estudantes, os idosos e reformados, os doentes, e outras
pessoas que não procuram desempenhar uma atividade remunerada.
Tipos de desemprego:
• Desemprego voluntário – quando trabalhadores que se encontram
desempregados encontram uma atividade remunerada, mas não estão dispostos
a trabalhar naquela atividade ao salário de mercado que lhe corresponde.;
• Desemprego involuntário – quando trabalhadores desempregados estão
dispostos a desempenhar qualquer atividade remunerada ao salário corrente de
mercado, mas não encontram nenhuma vaga disponível;
• Desemprego Friccional – desemprego que medeia entre duas atividades,
remuneradas ou não;
• Desemprego Estrutural – desemprego resultante de desajustamentos regionais
da localização da força de trabalho ou de qualificações profissionais e da
estrutura de disponibilidade dos trabalhadores;
• Desemprego Cíclico – o desemprego cíclico está associado às flutuações da
atividade económica, ou seja, do PIB;
• Desemprego Sazonal – ocorre de forma sistemática durante certas épocas do
ano, em virtude de alterações na procura de trabalho.
Impactos económicos do desemprego:
Os altos níveis de desemprego de uma parte expressiva da população ativa, são um
dos maiores problemas que enfrentam um significativo grupo de países.
• Efeitos sobre os desempregados
Eventuais problemas de ampliação das desigualdades sociais e do aumento da pobreza.
• Efeitos sobre trabalhadores
Estes terão de contribuir para pagar os custos do desemprego, através, por exemplo,
de um aumento dos impostos, gerando receitas para adicionar às das empresas e do
setor público.
• Efeitos sobre a economia
A ociosidade de mão-de-obra na Economia reduz de forma definitiva o PIB potencial,
gerando perdas para a sociedade, de bens que deixam de ser produzidos. Pode ainda
ser prejudicial, o facto de que os desempregados ao voltarem ao trabalho ativo,
reduzam a sua produtividade em função de perdas de rotinas e hábitos de trabalho,
com prejuízos na produção e produtividades das suas empresas.
Impactos sociais do desemprego:
Vários problemas sociais estão associados ao desemprego, entre eles o aumento do
alcoolismo, uso de drogas e até suicídio. O desempregado sente-se excluído da sociedade
e estes problemas tendem a ser mais intensos, quando o desemprego é de longa
duração ou ocorre em idades mais avançadas.
O desemprego tem uma distribuição desigual entre a população ativa.
Medidas para redução do desemprego:
• Melhoria da educação e da formação levada a cabo por instituições de ensino
intermédio e instituições de ensino superior;
• Melhoria de informação no mercado de trabalho com participação ativa de
associações sindicais e de trabalhadores, de associações, sites próprios, meios
de comunicação, jornais, etc.
• Melhoria dos incentivos para trabalhar, promovidos pelo governo e por
instituições especializadas nesta área.

A Curva de Phillips de curto prazo, mostra esta relação inversa existente entre inflação
dos salários nominais e desemprego.
A curva de Phillips mostra as combinações de cp de desemprego e inflação que
aparecem quando a procura agregada movimenta a economia ao longo da curva AS.
Quanto maior a AD por bens e serviços, maior é o produto da economia e maior é o
nível geral de preços. Um nível de produto mais alto resulta num nível de desemprego
mais baixo.
A Lei de Okun, desenvolvida pelo economista Arthur Okun, em 1962, admite a existência
de uma relação inversa entre desemprego e produto.
Diminuição do PIBreal  aumento da taxa de desemprego

“por cada 2% de redução do PIB relativamente ao PIB potencial, a taxa de


desemprego aumenta 1%”

Nos anos 1970, os decisores de política económica tinham duas escolhas quando a OPEP
aumentou os preços do petróleo:
• Combater o desemprego expandindo a procura agregada e acelerando a inflação
(política de acomodação).
• Combater a inflação contraindo a procura agregada e provocando um
desemprego ainda maior.
Para reduzir a inflação os decisores políticos têm de prosseguir políticas
contracionistas, ou seja, políticas que se vão refletir numa diminuição do produto, quer
por via de decisões ao nível de políticas orçamentais quer de políticas monetárias.
Quando o Banco Central reduz o crescimento da oferta de moeda, dá-se uma contração
da procura agregada. A redução da quantidade de bens e serviços que as empresas
produzem leva a um aumento no desemprego. A perda de produto e de emprego para
manter a estabilidade de preços representa um custo elevado para a sociedade.
No entanto, se os governos ou os bancos centrais optarem por políticas de rendimentos
baseadas em ações credíveis, seja por persuasão verbal ou por controlos legais e
incentivos, estas constituem políticas em que a sociedade acredita e que são
consideradas políticas de baixo custo.
Alguns exemplos que podem ocorrer são:
• Controlo de salários ou orientações para salários e preços acompanhados de
políticas restritivas;
• Estratégia de mercado baseada na concorrência;
• Políticas de rendimentos baseadas em impostos;
• Políticas de remunerações baseadas na partilha de lucros.

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