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1. Conceito
A inflação é caracterizada como um processo em que todos os preços sofrem
um aumento contínuo. Perceba que este aumento de preços é persistente e
generalizado, não se confundindo com altas de preços esporádicas, provo-
cadas por flutuações sazonais. O processo inflacionário, para configurar-se,
precisa abranger todas as esferas da economia, ou seja, produtos e serviços
dos três setores: primário, secundário e terciário.
Observe:
Três itens compõem, tecnicamente, o conceito de inflação:
1. É necessário que ocorra aumento de preços no custo de vida. Havendo queda de preços,
estaremos falando de deflação.
2. Persistente significa que os aumentos de preços não são verificados apenas em um dado
período. Sua caracterização depende de uma continuidade de aumentos e por mais de um
período.
3. A palavra generalizado significa dizer que o aumento de preços não é pontual, e sim
presente em diversos setores da economia.
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período de 1914 a 1923, a Alemanha sofreu a maior inflação registrada no
mundo: os preços cresceram um trilhão de vezes.
Entre esses níveis, a inflação crônica é visível em muitos países, os quais, por
meio de políticas de governo, atentam para seu controle e contenção. O Bra-
sil, desde a Segunda Grande Guerra, tem vivenciado processos inflacionários
de diferentes intensidades, e, em muitas situações, as autoridades monetárias
fizeram intervenções para que a inflação fosse controlada.
Em nosso país, por muitos anos, o índice oficial da inflação foi o Índice Geral
de Preços – IGP –, obtido através de uma média ponderada, composta de três
índices: Índice de Custo de Vida (ICV), Índice de Preços por Atacado (IPA) e
Índice Nacional da Construção Civil (INCC).
Criado a pedido da Federação dos Bancos, com uma cláusula que impede sua
modificação pelo Governo. Tinha como função servir de corretor de contra-
tos bancários aplicáveis no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divul-
gado e tem como base os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas
do dia 20 do mês anterior ao 20 do mês em questão.
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pio de São Paulo e afere o custo de vida de famílias com rendas de dois a seis
salários mínimos. Calcula os preços médios durante quatro semanas e divide
pela mesma média de quatro semanas anteriores. Trata-se, portanto, de uma
medida rápida das tendências de base dos preços.
Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a
1986.
Sucedeu ao INPC como índice oficial, até 1990 e difere apenas no período de
coleta dos preços.
Para três classes de renda: 1-3 salários mínimos, 1-5 e 1-30. Esse índice se dis-
tingue dos demais por incluir despesas com recreação, comunicação, cultura
e lazer como itens essenciais do custo de vida.
3. Consequências da Inflação
O processo inflacionário traz malefícios que prejudicam toda a estrutura
econômica do país: a desvalorização da moeda, a queda dos investimentos,
a queda do índice de emprego e muitas outras consequências danosas que
repercutem nos âmbitos político e social.
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pois conseguem mais facilmente recompor os seus preços, sendo que
os operários têm menores instrumentos para equilibrarem seu poder
aquisitivo. Os assalariados dependem de um rendimento fixo (salários),
com prazos legais para perceberem reajustes. Por isso, têm queda do
poder de compra porque seus ganhos são corrigidos após o período
inflacionário.
2 - Investimentos dos Empresários: a possibilidade de crescimento
econômico fica inibida, devido à política de juros elevados, geralmente
imposta pelo Governo. Estes juros altos diminuem a expectativa quanto a
lucros futuros do empresariado, que passam a não acreditar ser viável um
eventual investimento na capacidade produtiva. Este fator ampliado para
toda economia reduz sensivelmente a capacidade produtiva do sistema.
3 - Déficit na Balança Comercial: os preços internos aumentados
desenfreadamente pela inflação incentivam os comerciantes a
procurarem produtos de outros países, que, mais baratos, estimulam
os consumidores a adquiri-los. Isto ocasiona uma queda expressiva
nos negócios das empresas nacionais. Com a procura por mercadorias
importadas – e a consequente alta nas importações – o governo acaba
por desvalorizar nossa moeda frente ao dólar, para tentar incentivar as
exportações.
Esse fator, além de contribuir para a atrofia do parque industrial nacional, pro-
voca um déficit na Balança Comercial, porque há saída de divisas (remessa de
moeda) para importações desproporcionais às recebidas de exportações.
4. Tipos de Inflação
Em qualquer lugar do mundo, governantes precisam dar sinais de que es-
tão no poder para trazer o mínimo de padrão de vida às pessoas e que pos-
suem condições de conter o custo de vida delas. Todos assumem o poder
com esta retórica1, mas em muitas nações, a tarefa de se buscar equilíbrio
entre preços e salários tem sido apenas projeto eleitoral.
1. Retórica
Arte da oratória, arte do discurso.
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Causas primárias:
Inflação de demanda
Inflação de custos
Causas secundárias:
Inércia inflacionária
Conflito distributivo
2. Dispêndio
Aquilo que se gasta, se consome; gasto, consumo, despesa.
Fonte: dicionário Houaiss.
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Como combatê-la? O Governo utiliza duas medidas:
• Política Fiscal: aumentar impostos em geral, principalmente sobre a
renda mas também sobre os bens e serviços, para diminuir a renda das
pessoas e das empresas. Ou seja, esta é a ação de combate à inflação
pelo prisma do sacrifício dos contribuintes, “achatando” sua renda e
dificultando a circulação de bens e de serviços.
Completa esta política também procurando reduzir suas despesas como:
folha de pagamento do funcionalismo público e despesas correntes,
como materiais de escritório, gastos com obras etc. Aqui, vemos o Estado
tentando “enxugar a máquina”, cortando gastos que não alteram a efetiva
prestação do serviço público – função primeira do Estado. Observa-se que
este controle das despesas governamentais tem ficado mais nos projetos
do que nas ações.
• Política Monetária: diminuir a quantidade de emissão de papel moeda
pelo Banco Central (controle pelo Congresso Nacional), limitações ao
crédito (juros elevados, dificultar empréstimos, diminuir o número de
prestações para financiamentos, consórcios etc.) e aumentar a parcela dos
depósitos à vista que os bancos não podem emprestar (encaixe).
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tinha esta responsabilidade (para produtos industrializados), bem como a
SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento (para produtos da
agricultura e pecuária). Extintos com o Plano Real, departamentos variados
exercem a política de monitoração de preços.
Esta inflação é conhecida como uma resistência que os preços de uma eco-
nomia oferecem às políticas de estabilização, criadas para combater a infla-
ção de demanda e de custos, ou seja, as causas primárias. O componente que
causa esse processo é a indexação generalizada da economia, como acontece
no Brasil, através de inúmeros índices de correção de preços, muitas vezes
atendendo a interesses corporativos.
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INFLAÇÃO MENSAL (IPC-FIPE)
Comparação com planos de estabilização anteriores
Fonte: Fipe
TAXA DE INFLAÇÃO
Acumulada em 12 meses
5. Planos Econômicos
No início dos anos 80, a inflação brasileira disparou com taxas muito eleva-
das. As consequências foram tão nefastas que nossa indústria parou de cres-
cer e, para muitos economistas, a era de 80 ficou conhecida como “a década
perdida”. O período foi muito negativo para nossa economia, principalmente
porque o Governo, mesmo adotando fortes medidas contra a alta da inflação,
obteve pouco sucesso.
José Sarney herdou dois ministérios com seus titulares já definidos: no Ministério
da Fazenda, Francisco Dornelles, e, no Ministério do Planejamento, João Sayad.
Em 1985, Dornelles pede demissão e Dilson Funaro foi nomeado para a Fazenda.
No entanto, poucos meses depois, a inflação volta a crescer.
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Implementado pelo Decreto-lei nº 2.283 de 28/02/86, a unidade do sistema mo-
netário brasileiro foi modificada para o cruzado (Cz$), que cortou três zeros do
antigo cruzeiro, ou seja, Cz$ 1,00 correspondia a Cr$ 1.000,00.
3. Ágio
Lucro sobre a diferença de valor da moeda. Juro de dinheiro emprestado; usura. Especulação
sobre a alta ou a baixa dos fundos públicos
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O sucessor de Bresser Pereira foi Maílson da Nóbrega, que se concentrou
numa política simplista, sem medidas pirotécnicas. As preocupações eram
voltadas às questões sociais, por meio do crescimento econômico – abrindo
a economia para O sucessor de Bresser Pereira foi Maílson da Nóbrega, que
se concentrou numa política simplista, sem medidas pirotécnicas. As preo-
cupações eram voltadas às questões sociais, por meio do crescimento econô-
mico – abrindo a economia para o mercado externo, privatizando estatais e
cortando gastos públicos.
Essa medida, muito impopular, fez com que muitos se desesperassem. Nada
podia ser feito. Um dia antes, o Banco Central baixou norma, expedida em
caráter de urgência para todos os bancos, atribuindo a ordem da retenção
de todos os valores, os quais seriam devolvidos, depois de 18 meses e em 12
parcelas mensais.
Retornou-se ao cruzeiro (Cr$), com a seguinte paridade4: cada Cr$ 1,00 equi-
valia a NCz$ 1,00, ou seja, não houve corte de zeros.
Tudo isso, somado ao aumento das importações, causou aumento nos cus-
tos de produção, fazendo com que a inflação voltasse a subir.
4. Paridade
Estado de câmbio em que há equivalência de moedas.
5. Desindexar
Eliminar a correção monetária automática de preços e salários.
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5.5 Plano Collor II
Já em fevereiro de 1991, o governo Collor renovou seu antigo plano para es-
tabilização da economia com tímidas medidas: congelamento temporário de
preços, mas apenas de alguns bens, acompanhado por um moderado contro-
le de preços, mas esse plano não trouxe resultados concretos.
Com a interrupção do governo Collor, seu vice, Itamar Franco, assumiu a pre-
sidência com uma preocupação muito grande em controlar, combater e di-
minuir a inflação.
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►►5.6.1 Consequências do Plano Real
O Plano Real permanece em nossa atualidade, tendo sofrido vários ataques:
crises externas, aumento violento do dólar, entre outros. Conseguiu-se uma
queda substancial da inflação inercial, sendo que, em seus primeiros anos, o
plano obteve franca adesão, tanto por parte dos políticos quanto por parte da
sociedade.
Pode-se dizer que o desemprego teve seu crescimento tanto pelas medidas
conjunturais do Governo, como pela necessidade da busca de competitivida-
de do setor privado, que ficou mais vulnerável ao mercado exterior.
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