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Introdução

A energia hídrica é um dos mais antigos aproveitamentos energéticos a grande escala


e está enquadrada como uma energia renovável. A produção de energia hídrica é
principalmente efetuada através centrais hidroelétricas, que estão associadas a barragens de
grande ou média capacidade, que represam a água dos rios, constituindo um reservatório de
água, interrompendo pontualmente o fluxo de água. Estas centrais, usam a energia da
diferença de nível entre a albufeira e o rio, a jusante da central, que fazem rodar as turbinas e
os respectivos geradores, produzindo eletricidade.

Figura 1- Esquema de Central Hidroelétrica

Figura 2- Hidroelétrica de Cahora Bassa em Moçambique


Entretanto, as barragens são interrupções do curso natural da água, onde uma vez
construída, impacta a qualidade e a quantidade ofertada de diversos serviços ecossistêmicos,
reduzindo o bem-estar de milhares de pessoas, principalmente das que vivem próximas à área
destinada à construção da usina. As múltiplas funções ecológicas e serviços ambientais
prestados gratuitamente por cursos d’água são inúmeros e valiosos. Um rio não é um simples
canal de água, é um rico ecossistema moldado ao longo de milhões de anos, com ritmos
próprios de composição e decomposição. Verdadeiros corredores de biodiversidade fornecem
água, ar puro, alimentos, terras férteis, equilíbrio climático, fármacos animais e vegetais e
recreação, turismo ecológico, entre outros tantos serviços. Os sistemas hídricos propiciam
também estocagem e limpeza de água, recarga do lençol freático, regulagem dos ciclos
biogeoquímicos, estocagem de carbono e habitat para inúmeras espécies, endêmicas ou não.
Fornecem ainda outros benefícios tais como pesca, agricultura de subsistência, via de
transporte e auxílio na pecuária extensiva. Mexer com essa diversidade ecossistêmica única,
que propicia tantos serviços aos privilegiados que usufruem dessas benesses, provocam
discórdias de difícil consenso. A construção de reservatórios em cursos d’água para a geração
de energia elétrica é um feito da engenharia, são estruturas imensas e seus reservatórios
represam volumes incomensuráveis de água. Cada projeto tem suas especificidades, mas
como toda obra de grande porte, provoca inúmeros impactos ambientais, sociais, econômicos e
culturais que transformam as regiões onde se instalam. Determinados impactos são
irreversíveis, outros a capacidade de resiliência da natureza em conjunto com ações positivas
se encarrega de corrigir e/ou restaurar.
Contudo, este trabalho tem como objetivo elencar os diversos tipos de impactos
causados pela construção de uma barragem hidroelétrica desde as fases de construção,
operação e desativação do projeto, além de determinar quais os mais graves e indicar as
possíveis mitigações no intuito de se diminuir os danos.
Metodologia

Para a compreensão deste processo, o desenvolvimento metodológico foi composto


por quatro (5) etapas:

1- Foram divididas as áreas a serem analisadas os impactos como: meio físico, meio
biológico e socio-económica ;

2- Ao segmentar as áreas afetadas pela construção, foram identificados os riscos em


onde são abrangidos;

3- Com os impactos identificados, seguem a determinação em que tempo da fase do


projeto acontece o impacto: construção, implantação e desativação;
4- Foram classificados o grau de severidade dos danos;

5- E por fim, são buscadas as possíveis mitigações dos impactos e riscos.

Identificação
Severidade
segmentar dos impactos Quando Buscar
áreas elucidar os ocorrem? Classificação soluções
riscos
Análise dos
Fase Mitigação
impactos

Análise dos
impactos

Impactos Impactos
negativos positivos

Meio Físico Meio Sócio-


Biológico económico

Cronstrução

Fases Operação

Desativação
Impactos positivos
Visões reducionistas e radicais são incapazes de analisar novos projetos hidrelétricos,
principalmente quando se deve levar em conta a melhoria da qualidade de vida das maiorias.
Quanto às minorias prejudicadas, faz-se necessário, dentro do possível, dar-lhes todas as
condições de reconstituírem suas condições de vida originais. O mesmo vale para as questões
ambientais, que têm tido normalmente um tratamento superficial em relação aos impactos que
provocam. A seguir os principais pontos positivos desses empreendimentos.

1 – As hidroelétricas são consideradas uma fonte renovável de energia. Utiliza a energia de


água corrente para produzir eletricidade, sem, contudo, reduzir sua quantidade. Portanto, todos
os empreendimentos hidroelétricos, de pequeno ou grande porte, a fio d’água ou de
armazenamento, enquadram-se no conceito de fonte de energia renovável.

2 – Usinas hidroelétricas acarretam aumento da densidade populacional. Trabalhadores


chegam em grande quantidade ao local para participar da sua construção e, depois, para
mantê-la em funcionamento. Há necessidade de se criar toda uma infraestrutura incremental
para fornecer à nova população residências, escolas, hospitais, telecomunicação, luz elétrica e
áreas de lazer. Esses eventos provocam um efeito multiplicador de crescimento da economia
local.

3 – Usinas hidrelétricas usam tecnologia conhecida e segura há mais de um século, e sempre


incorporam novas tecnologias para ter sobrevida e diminuir custos de operação e manutenção.
Os seus impactos são bem compreendidos e administráveis, mediante medidas de mitigação e
compensação de danos, previstos em AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) e EIA (estudo de
Impacto Ambiental). Contribuem para o desenvolvimento sustentável, caso esses estudos de
impactos ambientais sejam elaborados em bases científicas, obedeçam a rígidas posturas
legais e tenham gestão constante do concessionário.

4 – A operação dos sistemas elétricos depende de fontes de geração rápidas e flexíveis para
atender às demandas de pico, manter os níveis de tensão do sistema e restabelecer
prontamente o fornecimento após um blecaute, condições essas atendidas pelas hidroelétricas.

5 – Os reservatórios de acumulação oferecem flexibilidade operacional incomparável, já que


podem responder imediatamente às flutuações de oferta e demanda de eletricidade. A
estabilidade, a flexibilidade e a capacidade de armazenamento dessas usinas possibilitam o
emprego paralelo de fontes intermitentes de energia renovável, como energia solar e eólica.

6 – A água dos rios é um recurso doméstico e, ao contrário de combustíveis fósseis (carvão,


petróleo e gás), não está sujeita a flutuações de mercado, o que assegura segurança
energética e estabilidade de preços.

7 – Os reservatórios das usinas hidrelétricas armazenam água da chuva, que pode ser usada
para consumo ou para irrigação. Ao armazenar e reter a água, eles protegem os aquíferos
contra o esgotamento e reduzem a vulnerabilidade a inundações e secas.

8 – O ciclo de vida da hidroeletricidade produz quantidades muito pequenas de gases do efeito


estufa (GEE). Ao emitir menos GEE que usinas movidas a gás, carvão ou petróleo, a
hidroeletricidade pode ajudar no combate às mudanças climáticas.

9 – As usinas hidroelétricas não produzem poluentes do ar, pelo contrário, melhoram o ar que
se respira. Muito frequentemente, elas substituem a geração a partir de combustíveis fosseis,
reduzindo assim a chuva ácida e a fumaça. Além disso, os empreendimentos hidroelétricos não
geram subprodutos tóxicos.

10 – Uma usina hidroelétrica possibilita usos múltiplos para o reservatório e, via de regra, cria
possibilidade de recreação, turismo e melhora o bem-estar da população.
11 – Com um tempo médio de vida útil de 50 a 100 anos, os empreendimentos hidrelétricos
são investimentos de longo prazo que podem beneficiar com energia limpa, segura e barata
diversas gerações.

12 – Usinas são estratégicas para a segurança energética de uma região. Os locais que têm o
privilégio de poder construí-las possuem esse diferencial fundamental para seu
desenvolvimento. As grandes usinas recebem compensações financeiras para sanar possíveis
danos ambientais provocados pela formação do reservatório da barragem.

13 – Os locais onde se instalam hidrelétricas podem transformar-se em centros de referências:


em desenvolvimento de tecnologia de ponta para o setor; na formação de mão-de-obra
qualificada; em desenvolvimento de estudos e projetos de preservação da flora e fauna locais;
implantar programas de educação ambiental para a comunidade; e no fomento do turismo de
lazer e ambiental, a exemplo do que ocorre com a usina de Itaipu no Brasil.

Impactos negativos
As barragens hidroelétricas desde a sua construção, operação e desativação tem se
observado a necessidade de contabilizar as perdas nas análises dos empreendimentos e de

como afetarão a todos, especialmente as populações locais. Embora, as usinas hidroelétricas


sejam julgadas como benéfico para a sociedade, as perdas devem ser contabilizadas e as
soluções apropriadas buscadas.

Organização social
Geralmente, as populações locais dependem fortemente do acesso a diversos recursos
naturais, principalmente as rurais, indígenas e ribeirinhas que precisam destes recursos para
sua subsistência. Dentre os diferentes impactos às populações locais, destacam-se os que
alteram a qualidade e a quantidade dos serviços ecossistêmicos providos localmente e que são
utilizados por essas populações. A vida das populações rurais, ribeirinhas e indígenas, está
pautada nos diversos serviços ecossistêmicos: a água é utilizada para consumo humano,
animal e para o deslocamento; o peixe é fonte de alimento e renda; os produtos retirados da
floresta podem servir de alimento, como matéria prima e ter uso medicinal; as diferentes
paisagens apresentam relevância religiosa e estão conectadas com as culturas tradicionais
locais; o turismo também se faz uma importante fonte de renda nas comunidades e dentre os
diferentes impactos às populações locais, destacam-se os que alteram a qualidade e a
quantidade dos recursos naturais providos localmente e que são utilizados por essas
populações. Modificações no provimento destes serviços causam profundas alterações no
bem-estar e sobrevivência dessas pessoas.

Desemprego
O índice de desemprego causado por perdas de renda por subsistência é evidente,
pois as populações locais que antes tinham renda através da pesca ou da agricultura na
margem dos rios são extintas. Em contrapartida, com a construção e operação das
hidroelétricas observa-se um crescimento de empregos formais e informais. No entanto, de
acordo com o estudo feito Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio/ Climate
Policy Initiative (NAPC/ CPI), através do projeto INPUT e em cooperação com o BNDES, que
avalia os efeitos locais da construção de usinas hidroelétricas a partir de indicadores como
economia local e contas municipais onde foram analisados 82 municípios, distribuídos em 13
estados, que tiveram área alagada por uma hidrelétrica cuja construção se iniciou entre 2002 e
2011,o impacto econômico gerado pelas usinas hidroelétricas em suas áreas de entorno varia
bastante, mas, na média, os resultados mostram que, nos municípios onde as usinas foram
construídas, os efeitos positivos e negativos são de curto prazo. O crescimento econômico que
ocorre durante os dois ou três primeiros anos após o início da obra tende a se dissipar depois
de cinco ou seis anos, o que geralmente coincide com o fim da construção.

Estrutura de Produção
Ao construir a barragem verifica-se um aumento considerável de áreas alagadas
devido ao represamento causado pela interrupção natural do curso da água, e desse modo, o
projeto pode causar a diminuição de território através de inundações em terras férteis (próprias
para o cultivo e pasto para a produção de animais). Ao alagar essas zonas produtivas, o
município deixa de produzir produtos alimentícios necessitando comprar de outros locais
gerando um aumento nos preços inflacionando o custo de vida local. Com a extinção de
inúmeras propriedades rurais, por não haver mais cultivo, provavelmente essas pessoas
tendem a sair do seu local para sair em busca de novas oportunidades de trabalho, e ao se
deslocar, encontram as cidades do entorno como morada aumentando as aglomerações
urbanas. Sem a estrutura adequada, (saneamento básico e vias de circulação) para a recepção
dessas novas famílias, estas cidades mudam toda sua estrutura paisagística podendo

ocasionar na formação de habitações informais. Os efeitos sociais são intangíveis da


relocação indiscriminada de grandes populações, especialmente comunidades tradicionais.

Mitigação dos impactos


Ao identificar as vulnerabilidades e impactos que compreendem a identificação de
fontes e perigos, a avaliação de incertezas, é possível determinar as possíveis medidas de
mitigação desses efeitos.
Referências

https://www.portal-energia.com/energia-hidrica-vantagens-e-desvantagens/

https://www.conservation-strategy.org/sites/default/files/field-file/
PORT_Serie_Tecnica_UHE_Tapajos_Set_2016.pdf
Balancing hydropower and biodiversity in the Amazon, Congo, and Mekong Article in Science · January
2016

Dissertação: “Potencial de repotenciação de usinas hidrelétricas no Brasil e sua viabilização”


Autora: Elisa de Podestá Gomes
Orientador: Sérgio Valdir Bajay
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)

http://www.adjorisc.com.br/jornais/folhasete/2.3024/geral/usinas-t%C3%AAm-vida-
%C3%BAtil-1.1878051

http://www.explicatorium.com/energia/energia-hidrica.html

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