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VOLUME

1 Aspectos
Gerais da
Restauração
A recomposição
da vegetação
nativa é uma
obrigação
legal que

FOTO: LERF/LCB/ESALQ/USP
VOLUME contribui para
Apresentação
1
a produtividade
agrícola

A série Saberes da Restauração é uma realização do Pacto pela Restaura-


ção da Mata Atlântica que teve como base os módulos do curso de capaci-

1 Por que restaurar?


tação oferecido às Unidades Regionais do movimento, ao longo de 2021.

A
Ao todo, são oito fascículos que abordam diferentes aspectos envolvi-
dos nas ações de restauração ecológica, consolidando um conhecimento restauração florestal é uma dade em uma grande oportunidade
técnico específico e a experiência de pesquisadores e especialistas, em das atividades rurais que para as próximas décadas no país,
linguagem acessível para o público interessado no desenvolvimento de mais crescem no mundo e a em especial, no bioma brasileiro
iniciativas de restauração, especialmente no bioma. Mata Atlântica é o bioma prioritário mais ameaçado.
para restauração no Brasil. Além de
Entre os públicos prioritários do material estão membros de organiza- promover a recomposição de pai- Demandas legais
ções não-governamentais, proprietários rurais, técnicos extensionistas, sagens e habitats para espécies da A adequação ambiental de pro-
equipes de órgãos do poder público e também da iniciativa privada que fauna e flora nativa, a restauração priedades rurais é uma obrigatorie-
planejem a realização de projetos de restauração em diferentes escalas. tem sido motivada por fatores que dade definida na Lei de Proteção da
incluem benefícios ambientais e so- Vegetação Nativa (LPVN) desde
O Volume 1 traz um panorama geral sobre o contexto em que se expan- ciais, geração de trabalho e renda, 2012. Áreas de preservação perma-
dem as ações de recuperação de áreas degradadas no bioma, introduzindo aproveitamento econômico e tam- nente (APP) e reservas legais (RL)
temas como obrigatoriedade e benefícios da restauração, métodos e técni- ACESSE! bém demandas legais. constituem a maior parte da exten-
Lei de Proteção da
cas para alcançar os objetivos de cada iniciativa. Vegetação Nativa são de áreas que devem ser restau-
(2012) Veja os principais aspectos rela- radas na Mata Atlântica, conforme
Aproveite e dissemine este conteúdo na Década das Nações Unidas da bit.ly/LPVN-2012 cionados que transformam a ativi- os critérios definidos na legislação.
Restauração de Ecossistemas (2021-2030)!

Para conhecer os outros Recomposição de APP e RL é prioridade


volumes da série, acesse
pactomataatlantica.org.br/acervo APPs | As Áreas de Proteção Permanente (APPs) são RL | Segundo a Lei, todo proprietário de imóvel rural
áreas com funções ambientais importantes onde a deve manter um percentual de sua área com a vege-
vegetação nativa deve ser sempre mantida ou recom- tação nativa. É a Reserva Legal (RL), e seu tamanho
posta, caso tenha sido desmatada. Exemplos são mar- varia conforme a localização da propriedade. No bio-
EXPE DI E N T E gens de rios, entorno de lagos, reservatórios d’água ma Mata Atlântica, a proporção de vegetação nativa a
FOTO Realização: Pacto pela Restauração da Mata Atlântica • Supervisão: Ludmila Pugliese e nascentes; encostas, chapadas e topos de morro; ser preservada em cada propriedade rural é de pelo
• Organização: Alex Mendes • Conteúdo original: Ricardo Ribeiro Rodrigues
DE CAPA além das restingas e manguezais. menos 20% do imovel rural.
• Adaptação: Thadeu Melo • Projeto gráfico e diagramação: Meme Comunicação
Daniel Hunter/ • Revisão técnica: Julio R. C. Tymus e LERF/LCB/ESALQ/USP
WRI Brasil
1 Por que restaurar?
Serviços ambientais áreas de baixa aptidão para uso agro-
Déficits de APP e RL na Mata Atlântica O Brasil é um país com forte vo-
pecuário, mas de alto valor ambiental,
que hoje se encontram em diferentes
do estado de São Paulo (2019) cação agrícola, com um histórico estágios de degradação, ameaçando a
de desenvolvimento e ocupação oferta dos serviços ambientais que ga-
No total de No de propriedades Déficit (ha) do solo relacionado à produção em rantem as condições para que o Brasil
propriedades com déficit larga escala de commodities como se mantenha como potência global na
açúcar, café, laranja e grãos, estan- produção de alimentos.
do hoje entre os maiores produtores
APP 206.558 656.796 mundiais de soja, milho e carne bo- Ao mesmo tempo que garantem a
297.379 vina, por exemplo. sustentabilidade agropecuária, as flo-
RL 7.933 367.403 restas nativas oferecem serviços rela-
A pujança e a produtividade rural cionados ao combate e mitigação dos
ÁREA TOTAL* brasileira derivam do desenvolvi- efeitos do aquecimento global, con-
A SER Déficit APP em SP* Déficit RL em SP* mento e adoção de tecnologias agrí- trolam doenças, oferecem polinização
colas e da dedicação do trabalhador e aumentam a fertilidade do solo. Ao
RESTAURADA e do proprietário rural, assim como controlar a erosão, por exemplo, elas
EM SP 59% 71% também usufrui da existência de diminuem a quantidade de sedimen- ARTIGO
recursos naturais em abundância, tos – terra e solo – que entram nos WRI Brasil
ATÉ 2040 como terras férteis, disponibilidade rios, melhorando a qualidade da água
(2018)

1.135.984 ha 90% do hídrica e polinização. como um todo. Por essas e outras ra-
‘Florestas como
infraestrutura
passivo de zões, os aportes em restauração estão natural’
100% do
Média de 60 mil APP está Em constante expansão, a fronteira sendo considerados como investi- bit.ly/WRI-infra
passivo de agrícola acabou por ocupar também mentos em infraestrutura natural.
hectares por ano! em 14% das
propriedades
34% RL está
em 2% das
75% do total
INFRAESTRUTURA

FOTO: MARIZILDA CRUPPE/WRI BRASIL


propriedades Um estudo do WRI
está em áreas de
7% 29% Brasil mostrou que
a restauração e
pastagem e de conservação em
10% em outras
cana-de-açúcar
propriedades
10% áreas prioritárias
dos reservatórios de
abastecimento de
*Inclui Cerrado
*Inclui Cerrado GRANDES MÉDIAS PEQUENAS OUTRAS água, por exemplo,
reduz em até
Fonte: SPADOVEK et al. (2020) Programa Biota/Fapesp ‘Áreas prioritárias para compensação de Reserva Legal’ 36% o aporte de
sedimentos, baixando

A situação é semelhante em quase todos


os custos com
produtos químicos
os estados do Brasil. Se resolvermos o déficit no tratamento. Isso
poderia resultar
de APP em todas as pequenas propriedades, em economias de
não resolveremos nem 10% do problema.” R$ 156 milhões em
São Paulo e R$ 69
Ricardo Ribeiro Rodrigues, pesquisador da ESALQ/USP milhões no Rio de
1 Por que restaurar?

Benefícios socioeconômicos 2 Cenário atual


H
Além das demandas legais e dos A restauração produtiva, que inclui ACESSE! oje restam apenas 12,4% Ainda assim, os últimos índices de
serviços ambientais que motivam a silvicultura de espécies nativas e Relatório Temático da floresta que existia origi- desmatamento indicam o aumento
ações de restauração na Mata Atlân- o manejo florestal para aproveita- sobre Restauração nalmente, segundo o mape- da degradação na maior parte dos
tica, outros benefícios socioeconômi- mento e comercialização de madei- de Paisagens e
amento anual da SOS Mata Atlântica estados que abrigam o bioma. No
Ecossistemas -
cos justificam o forte investimento do ra, fibras, frutas, resinas e princípios BPBES (2019)
e do Instituto Nacional de Pesquisas período 2019/2020, foram desflo-
poder público e da iniciativa privada ativos é mais um motivador econô- bit.ly/relatoriobpbes Espaciais (Inpe). Para que a situação restados mais de 13 mil hectares,
no setor. mico para a recuperação de áreas de- do bioma não evolua para um ponto sendo os três primeiros estados no
gradadas improdutivas, que podem de degradação e extinção em massa ranking do desmatamento Minas
O desenvolvimento da cadeia também ser configuradas no formato de espécies, estima-se que seja ne- Gerais (4.701 ha), Bahia (3.230 ha)
ACESSE!
produtiva para atender a demanda de sistemas agroflorestais (SAFs) cessário conservar ao menos 30% e Paraná (2.151 ha). Junto de Santa Atlas dos
por produtos e serviços ligados às produtivos e lucrativos. da área original, o que sugere a ne- Catarina e do Mato Grosso do Sul, Remanescentes
ações de adequação ambiental de cessidade de integração de esforços respectivamente o quarto e o quinto Florestais da Mata
propriedades é uma oportunidade em larga escala para restauração de da lista, eles acumulam 91% da per- Atlântica - 2019-2020

de negócios e geração de trabalho e VEJA TAMBÉM parcela significativa da paisagem em da de vegetação da Mata Atlântica
SOS Mata Atlântica/
Inpe
renda para profissionais especializa- Vol. 8: Financiamento da restauração poucas décadas. entre 2019 e 2020. bit.ly/Atlas-2020
dos, técnicos e trabalhadores rurais. e restauração produtiva

FOTO: ©ERIK LOPES/️TNC


Instrumentos legais
MATA ATLÂNTICA,
FAÇA AS O conjunto de leis e dispositivos legais que determinam e
direcionam os aspectos da restauração ecológica na Mata
BIOMA NACIONAL!
Ela abrange cerca
CONTAS Atlântica vão desde a Constituição Federal, de 1988, que de 15% do território
2/3 da área define os biomas brasileiros como Patrimônio Nacional, nacional, em 17
passando pela Lei da Mata Atlântica, de 2006, a LPVN, de estados, além de
agrícola do Brasil 2012, a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Na- possuir porções
são pastagens tiva (Proveg), de 2017, e o Plano Nacional de Recuperação da no Paraguai e na
Argentina. É o lar de
de baixa Vegetação Nativa (Planaveg), também de 2017.
72% dos brasileiros
produtividade. Além disso, os estados da federação também possuem
e concentra 70%
legislação própria e instrumentos legais que permitem a do Produto Interno
Assim, a regulamentação, desenvolvimento e fiscalização de ativida- Bruto (PIB) nacional.
tecnificação da des com impacto sobre a vegetação nativa. Sem ela, a regulação
pecuária significa do clima do planeta,
as atividades de
liberação de ACESSE! agricultura e energia
áreas para A Reserva Legal que elétrica, bem como
queremos para a Mata
restauração Atlântica - Pacto pela
o abastecimento
de água do
florestal e Restauração da Mata
país, ficariam
Atlântica (2018)
agricultura. bit.ly/RLqueremos comprometidos.
2 Cenário Atual

A
Potencial de regeneração natural
Prioridade Global
restauração da Mata Atlântica Áreas potenciais
REMANESCENTES
FLORESTAIS DA
foi identificada pelo Instituto para restauração
Internacional para Sustenta-
MATA ATLÂNTICA - 2015
bilidade (IIS), em 2020, como priori- Em 2009, o PACTO identificou cerca de 15 milhões de
(MAPBIOMAS)
dade global nas ações de recuperação hectares potenciais para restauração florestal no
dos ecossistemas, pois o retorno de bioma, incluindo áreas:
parte da floresta é uma contribuição
significativa para mitigação dos efei- próximas a unidades de conservação
tos nocivos das mudanças climáticas. com ocorrência de espécies endêmicas
e/ou ameaçadas
que promovam a conectividade entre
O bioma é considerado uma das re-
remanescentes significativos de floresta nativa
giões do planeta onde as iniciativas de
de preservação permanente (matas ciliares e
restauração vão fazer mais diferença de topo de morro, áreas com declividade acima de 45°)
para o clima, pela oportunidade que degradadas, com baixa aptidão agrícola e/ou elevada
existe em promover principalmente aptidão florestal (áreas de pastagens abandonadas)
o sequestro do carbono da atmosfe- que reúnem condições favoráveis à implementação
ra, por meio do plantio de mudas e de esquemas de Pagamento de Serviços Ambientais
da regeneração natural de paisagens com potencial de regeneração natural
em uma vasta extensão do continen- onde já existem projetos de restauração
te sul-americano. A prioridade vem florestal no bioma
também da existência de uma cadeia
econômica da restauração florestal VEJA TAMBÉM
estabelecida e em desenvolvimento. Vol. 6: Ecologia de paisagem

ACESSE!

FOTO: ©️ERIK LOPES/TNC


Resultados Mapa de Áreas
Potencias para
De 2011 a 2015 Restauração Florestal -
Pacto pela Restauração
740 mil ha em processo da Mata Altântica
(2009)
de restauração na bit.ly/mapa-pacto
POTENCIAL DE REGENERAÇÃO Mata Atlântica
NATURAL DA MATA ATLÂNTICA - 2015 Fonte: Crouzeilles et al. (2019)
(IIS)
Desafio ARTIGO
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
do PACTO Strassburg
et al. (2020)
Até 2025 + 1 milhão ha ‘Global priority areas
for ecosystem
em processo de restoration’
Elaboração: Instituto restauração na Mata bit.ly/ISS-artigo
Internacional para
Sustentabilidade (IIS) Atlântica
3 Como restaurar? Métodos e técnicas

H A
á diversas formas de restaurar ou Regeneração natural assistida ou res- definição dos méto- generação natural estão ou presença de banco de
recuperar paisagens, por múltiplos tauração assistida: onde já são necessárias dos e das técnicas não presentes na área. sementes de espécies
modelos e possibilidades, de acordo algumas intervenções liberando as travas da para a implantação nativas na área a ser res-
com as necessidades, objetivos e interesses. sucessão ecológica, com controle de competi- de um projeto de restaura- Para escolha do método, taurada, em condições de
Esses modelos podem ser fundamentalmente dores, controle de espécies exóticas, enrique- ção ecológica começa com é necessário avaliar a exis- germinar no solo, mas que
ecológicos, para recuperar ecologicamente cimento etc., pois a área foi medianamente o diagnóstico da área degra- tência de quatro descritores é um descritor difícil de
um ecossistema, ou econômicos, com finali- degradada, mas ainda apresenta potencial de dada. Nessa etapa, é feita a importantes na área a ser res- ser avaliado.
dade principalmente de exploração de produ- regeneração natural;. avaliação do potencial de taurada:
tos florestais madeireiros e não-madeireiros, expressão da regeneração na- presença de rebrota de Quanto mais esses descri-
ou mistos, integrando os dois benefícios de Restauração ativa: que por ter sido his- tural, ou capacidade de resili- espécies nativas a partir tores estiverem presentes na
forma equilibrada. Conforme as caracterís- toricamente muito degradada, vai necessitar ência, que pode ser classifica- da raiz e/ou caule; área, maior a probabilidade
ticas da área que será recuperada, da paisa- de muitas ações operacionais que coloquem da entre baixa, média e alta, de sucesso na restauração,
gem onde ela está inserida e de acordo com a área numa trajetória desejada de restauração a partir da identificação do presença de regenerantes com menores intervenções,
o interesse do proprietário da área, é possível ecológica; histórico de uso e uso atual de espécies nativas; logicamente considerando o
escolher alguns caminhos: da área, das características isolamento prévio da área,
Silvicultura com espécies nativas: a pro- da paisagem onde a área está possibilidade de chegada dos fatores de degradação
Regeneração natural ou restauração dução de madeira de qualidade dentro de uma inserida e das características de propágulos (semen- (herbívora de animas e in-
passiva: onde apenas o isolamento da área área que está sendo restaurada com maior ou ambientais locais da área tes), a partir da dispersão, setos, presença de espécies
dos fatores de degradação permitirá a sua menor diversidade natural; (solo, clima, tipo de vegeta- oriundos de remanescen- competidoras/invasoras, de-
recuperação, pelo fato da área não ter sido ção dominantes), que, juntas, tes florestais bem conser- riva de agrotóxicos de áreas
muito degradada; Sistemas agroflorestais: modelos que in- definem se os vetores de re- vados próximos; vizinhas etc.).
tegram árvores nativas e lavouras temporárias
de forma integrada no tempo e no espaço;
Técnicas de restauração ecológica
FOTO: DANIEL HUNTER/WRI BRASIL

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Manejo Manejo da Semeadura Plantio


(iLPF): técnica que permite integrar, num da rebrota dispersão direta de mudas
mesmo espaço, produção agrícola, criação (raiz ou caule) (sementes)
de gado e silvicultura de espécies exóticas
ou nativas; ACESSE!
Referencial dos
Em todas essas metodologias, com exceção conceitos e ações
da restauração passiva, é possível aplicar vá- de restauração
florestal - Pacto
rias técnicas de restauração ecológica, como a pela Restauração
semeadura direta ou muvuca (como é conhe- da Mata Atlântica
Regeneração Banco de
cida), usando apenas sementes, o plantio de (2009)
natural sementes
mudas, ou o plantio de sementes e mudas, de- bit.ly/
ReferencialPacto
pendendo do grupo funcional ou da espécie.
Restauração Passiva ou Restauração Assistida Restauração Ativa
(ou Regeneração Natural Assistida)
3 Como restaurar
Alta expressão de regeneração natural

N
os casos em que é diagnos- (restauração com fins econômicos,
ACESSE!
ticado um elevado potencial ou sistema agroflorestal biodiverso), Restauração da
de expressão de regeneração deverá ser usado o método de restau- Vegetação Nativa no
natural na área a ser restaurada, o que ração assistida ou regeneração natu- Brasil - relatório de
Baixa expressão
ocorre, geralmente, em áreas agríco- ral assistida, introduzindo de forma pesquisa - The Nature

T
las desmatadas recentemente (últimas intercalada na regeneração natural,
Conservancy (2018) de regeneração natural
bit.ly/TNC-relatorio
décadas) ou áreas agrícolas pouco as espécies de interesse econômico errenos com baixa expressão
tecnificadas pela agricultura (revol- (por exemplo, em modelos de siste- de regeneração natural, pois
vimento constante do solo, aplicação mas agroflorestais). foram historicamente muito
de herbicidas, uso de fogo etc.), por degradados, pelo uso intensivo ou
serem de baixa aptidão agrícola (de- pela tecnificação agrícola da área,
REGENERAÇÃO NATURAL OU RESTAURAÇÃO PASSIVA
clivosas, ou com afloramento rocho- mas também pela degradação da
so etc.), recomenda-se a aplicação do Método indicado para áreas com alto potencial paisagem regional, reduzindo for-

FOTO: ©️ERIK LOPES/TNC


método de restauração passiva. de regeneração natural, sem interesse de temente o potencial de regeneração
aproveitamento econômico dos recursos natural dessa área a ser restaurada.
Se nessa área tem-se o propósito de florestais. Não demanda ação adicional, além Nessas situações, o método mais
aproveitamento econômico sustentá- da proteção da área. adequado é o de Restauração Ativa.
vel de madeireiros e não madeireiros

Média expressão de regeneração natural

A
RESTAURAÇÃO ATIVA
diversidade de ce- Nessas áreas, é necessário aplicar as técnicas que recoloquem as espécies nativas
nários que podem novamente na área a ser restaurada, ou com sementes (semeadura direta), ou com mudas
ser encontrados REGENERAÇÃO NATURAL ASSISTIDA OU RESTAURAÇÃO ASSISTIDA (plantio de mudas) ou com sementes e mudas, dependendo da espécie e do grupo funcional.
em campo permite a iden- Método que requer ações que promovam o destravamento
tificação de situações em da expressão da regeneração natural, como o controle de Plantio de Mudas irrigação, controle de pragas (ervas daninhas
que o terreno possui média competidores, controle de herbívoros (gado, formigas e O plantio de mudas depende de etapas e insetos) e a manutenção periódica, ao
expressão de regeneração outros) e o favorecimento da chegada de novas espécies prévias, que incluem a produção de longo de um período médio de 18 a 24
natural. Ou seja, ele pode (poleiros naturais ou artificiais) ou o enriquecimento mudas nativas, feita a partir de sementes meses, dependendo das condições de cada
expressar algum potencial com novas espécies produtoras de matérias-primas de coletadas em áreas de remanescentes local, que inclui o fechamento das copas e
de resiliência da vegetação maior valor econômico, quando o objetivo é a exploração florestais, que passam por beneficiamento, presença de fatores de degradação.
nativa, mas não o suficien- econômica sustentável da área. cultivo, rustificação e cuidados de técnicos
te para alcançar resultados
viveiristas, até que estejam em condições O plantio de mudas nativas apresenta
satisfatórios de cobertura Para todas essas situações é necessário o isolamento de serem transplantadas para o terreno em custos significativamente maiores que os da
da área em um período de de fatores de degradação. processo de restauração. regeneração natural, devendo ser escolhido
tempo razoável. Nesses ca-
e aplicado com acompanhamento técnico
sos, aplica-se o método co- Obs.: Este método também pode ser aplicado nas áreas com Para garantir a sobrevivência da muda em adequado que propicie melhores condições
nhecido como Regeneração alto potencial de regeneração natural onde se deseja fazer campo, pode ser necessário o tratamento da de fixação e desenvolvimento das
Natural Assistida, também aproveitamento econômico dos recursos florestais. área, abertura de berços ou covas, adubação, mudas plantadas.
chamado de Restauração
Assistida.
3 Como restaurar
Avaliação da capacidade de resiliência da ACESSE!
Conheça a iniciativa
paisagem, chegada e estabelecimento sementes

I
Semeadura Direta direto é a chamada ‘muvuca’, em que são Caminhos da Semente!
Técnicas de semeadura direta de sementes misturadas sementes de espécies nativas caminhosdasemente.
nativas têm sido aplicadas com sucesso na a outras sementes que podem ser de uso ndependentemente do méto- Essa chegada, se ocorrer em quan- org.br

Mata Atlântica. Também é necessário coletar agrícola, como leguminosas e grãos, cujo do escolhido para implantação tidade e diversidade adequada, vai
as sementes em remanescentes florestais, crescimento inicial consorciado auxilia na do projeto de restauração, é promover o enriquecimento natural
necessário fazer pelo menos mais da área, garantindo sustentabilidade ARTIGO
beneficiar e preparar para a dispersão em fixação e desenvolvimento das sementes Oliveira et
campo, que pode ser de forma mecanizada nativas. uma avaliação da chegada de novas temporal. Se a chegada natural de al. (2021)
ou manual, por colocação ou ‘a lanço’, novas espécies na área em restaura- novas sementes não for suficiente, ‘A regeneração

quando são espalhadas de forma aleatória, A semeadura direta também exige ção, através da dispersão de semen- será necessário aplicar técnicas de natural assistida,

sem planejamento da localização futura de acompanhamento de campo e tes oriundas de fragmentos naturais enriquecimento artificial, com o seus benefícios e
seu poder para dar
cada planta. manutenção periódica para garantir o bem conservados da paisagem, caso plantio de espécies nativas de diver- escala à restauração’
desenvolvimento das mudas, conforme as existam. sidade (com sementes e/ou mudas). bit.ly/artigo-WRI-RNA

Outra técnica empregada para o cultivo condições de cada local.

Plantio de Sementes e Mudas


Síntese de critérios para escolha
de métodos e técnicas de restauração
FOTO: DANIEL HUNTER/WRI BRASIL

A combinação do plantio de sementes e


mudas é aplicada em situações em que
é desejado o alcance de uma diversidade MÉTODOS TÉCNICAS CRITÉRIOS PARA ESCOLHA
de espécies que contemple tanto as mais
comuns quanto as mais raras e ameaçadas Regeneração natural Condução da regeneração natural Áreas de declividade
na natureza. Nesse caso, utiliza-se as ou Restauração passiva Manejo da dispersão de espécies nativas mais elevada
sementes das espécies de recobrimento Histórico de uso com
Indução do banco de sementes e
e das de diversidade mais comuns, ao Regeneração natural práticas agrícolas não
rebrota (raiz e caule) de espécies nativas
passo que as espécies mais raras, que assistida ou tecnificadas
Adensamento, plantio de espécies já
possuem sementes mais caras e com baixo Restauração assistida Desmatamento recente
existentes na área nos vazios que não
potencial germinativo, são introduzidas
se regeneraram naturalmente, com Presença de remanescentes
já como mudas com maior resistência e
sementes e/ou mudas florestais conservados
probabilidade de desenvolvimento.
Enriquecimento artificial, com próximos
sementes e/ou mudas, quando o
IMPORTANTE! enriquecimento natural não ocorreu ou
Em todas as atividades são necessários cuidados e foi insatisfatório
o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), Poleiros naturais ou artificiais
como botas resistentes, luvas, perneiras, óculos de Desmatamento antigo
Restauração ativa Semeadura direta (sementes) ou
segurança e chapéu ou capacete, se necessário. Muvuca de sementes Histórico de uso e uso atual
O manuseio e aplicação de produtos químicos Plantio de mudas com agricultura de elevada
também deve ser realizado com cuidado, de forma Plantio de sementes e mudas, tecnificação
dependendo do grupo funcional e da Áreas de mineração,
a se evitar ao máximo a exposição direta e o
espécie erodidas
contato com produtos.
4 Lições aprendidas CENA 1 - RESTAURAÇÃO PASSIVA
(Condução da regeneração natural)

E
m mais de 20 anos de pes- cobertas que podem auxiliar na de-
quisas na área de restaura- cisão sobre os melhores métodos e
ção florestal, o Laboratórioa técnicas a serem combinadas para o
ACESSE! de Ecologia e Restauração Florestal sucesso de projetos de restauração,
Conheça o da LERF/Esalq/USP adquiriu co- em longo prazo, assim como situa-
Laboratório nhecimento relevante e pioneiro so- ções onde foi necessário a aplicação
de Ecologia
e Restauração
bre diferentes situações encontradas de técnicas de manejo adaptativo
Florestal (LERF)! no território da Mata Atlântica. Co- para corrigir eventuais desvios da
lerf.eco.br nheça algumas das principais des- trajetória de restauração desejada.

FOTOS: LERF/LCB/ESALQ/USP
1
Pastagem de baixa qualidade, com roçado manual. Área de baixa aptidão agrícola e
elevado potencial de regeneração natural, pois não foi tecnificada devido à inclinação
do terreno. Histórico de uso indicou Condução da regeneração natural

2
FOTO: DANIEL HUNTER/WRI BRASIL

Cinco anos depois, a área apresenta bom desenvolvimento de espécies pioneiras de


recobrimento, mas com baixa diversidade, o que pode comprometer a perenidade da
restauração. Assim, é necessário promover o enriquecimento, plantando mudas ou
sementes de espécies diversificadas que vão aproveitar o sombreamento existente
para se desenvolver e ocupar a paisagem e perpetuar-se.
4 Lições aprendidas

CENA 2 - RESTAURAÇÃO ASSISTIDA


(Condução da regeneração natural)

1 Área de pastagem sem


uso, com fragmento
2 Após 2 anos e
meio, o processo
florestal próximo. Foi de regeneração
feito o isolamento da natural progrediu.
área, para impedir acesso
do gado, protegendo
o desenvolvimento de
regenerantes de forma
FOTOS: LERF/LCB/ESALQ/USP

natural. Após 1 ano, a


paisagem resultou no
chamado pasto sujo.

3 Após o estabelecimento
da vegetação de
recobrimento, foi
realizado o processo
de enriquecimento da
diversidade da área,
com plantio de mudas
de espécies para uso
comercial.
4 Lições aprendidas

CENA 4 - CANA-DE-AÇÚCAR RESISTENTE

CENA 3 - RESTAURAÇÃO PASSIVA FALHOU


FOTOS: LERF/LCB/ESALQ/USP

O abandono da área por 4 anos não O uso intensivo do solo para plantio de cana-de-açúcar
resultou no crescimento de espécies de deixou o terreno com baixo potencial de regeneração nessa
vegetação nativa, devido ao histórico de área de APP. Após 8 anos de abandono, a cana-de-açúcar
uso intenso do terreno. Ou a resistência persistiu e foi necessário adotar técnicas de restauração
da espécie gramínea ou o trato da área ativa. A escolha inicial do proprietário, sem a aplicação de
impediram o sucesso da restauração um diagnóstico da capacidade de resiliência, fez os custos
passiva. Foi necessário adotar técnicas de restauração aumentarem cerca de 30%, além de retardar
de restauração ativa para permitir o o processo de restauração da área. Isso exemplifica a
estabelecimento da paisagem florestal. importância da escolha do método adequado no início do
projeto, para evitar desperdício de recursos e tempo.
4 Lições aprendidas

CENA 5 - RESTAURAÇÃO ATIVA MANUAL CENA 6 - RESTAURAÇÃO ATIVA MECANIZADA

FOTOS: LERF/LCB/ESALQ/USP

O proprietário não preservou a


mata ciliar e a área evoluiu para
baixo potencial de regeneração
natural pelo uso histórico. Para
o desenvolvimento da cobertura
inicial, foi feita semeadura direta
organizada, em linha, após o
cercamento da área.

Em alguns casos, é possível ,e às vezes necessário, utilizar


maquinário agrícola para otimizar o processo de preparação do solo
para implantação da técnica de restauração definida.
A série Saberes da Restauração
é uma realização do PACTO e
apoiadores para ampliar a escala
e qualidade das ações de restauração
na Mata Atlântica, durante a
Década das Nações Unidas da
Restauração de Ecossistemas.

Para mais informações sobre termos


e definições utilizadas na série,
acesse o Glossário Online.
pactomataatlantica.org.br/glossario

pactomataatlantica.org.br

APOIO REALIZAÇÃO

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