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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Recuperação De Áreas Degradadas

A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração ecológica. Res-
tauração ecológica é o processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado,
danificado ou destruído. Um ecossistema é considerado recuperado – e restaurado – quando contém
recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios
adicionais.

A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º, distingue, para seus fins, um ecossistema
“recuperado” de um “restaurado”, da seguinte forma:

Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

[...]

XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma


condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais


próximo possível da sua condição original;

Base Legal

Acima de tudo, a recuperação de áreas degradadas encontra respaldo na Constituição Federal de


1988, em seu art. 225:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de de-
fendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies
e ecossistemas;

[...]

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. (grifo nosso)

Ademais, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Am-
biente, menciona:

[...]

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recupera-
ção da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios:

[...]

VIII - recuperação de áreas degradada

[...]

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

[...]

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e dispo-
nibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

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[...]

Ainda, a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção de vegetação nativa e
substitui o Código Florestal, alterada pela Medida Provisória nº 571, de 25 de maio de 2012, trata em
diversos artigos (por exemplo, nos artigos 1º-A, 7º, 17, 41, 44, 46, 51, 54, 58, 61-A, 64, 65 e 66) de
ações organizadas entre o setor público e a sociedade civil para promover a recuperação de áreas
degradadas.

Segundo o Decreto nº 3.420, de 20 de abril de 2000, que dispõe sobre a criação do Programa Nacional
de Florestas - PNF, e dá outras providências:

Art. 2º O PNF tem os seguintes objetivos:

[...]

II - fomentar as atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades rurais;

III - recuperar florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas;

Ações Do Ministério Do Meio Ambiente

Atualmente, estima-se que o Brasil possua um déficit de cerca de 43 milhões de hectares de Áreas de
Preservação Permanente (APPs) e de 42 milhões de hectares de Reserva Legal (RL).

Nesse contexto, o Ministério do Meio Ambiente objetiva promover a recuperação de áreas degradadas,
com ênfase nas APPs e na RL, por meio de pesquisa e instrumentos de adequação e regularização
ambiental de imóveis rurais, com base na Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

Para tanto, destacam-se as seguintes ações:

Implementar novos Centros de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas (CRADs) nos bio-
mas brasileiros;

Estabelecer métodos de recuperação de áreas degradadas para os biomas e Instituir plano nacional
de recuperação de áreas degradadas e restauração da paisagem.

O MMA também é parceiro do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (Pra-


dam), executado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O Brasil possui
cerca de 30 milhões de hectares de áreas de pastagens em algum estágio de degradação, com baixís-
sima produtividade para o alimento animal. O Pradam visa a recuperar 5 milhões de hectares dessas
áreas em cinco anos, reinserindo-as ao processo produtivo.

Metodologia Para Recuperação De Áreas Degradadas

A degradação do meio ambiente é de ocorrência mundial e, em muitos casos, é de grande impacto,


com redução ou eliminação do teor de matéria orgânica e exposição do subsolo. A Embrapa Agrobio-
logia desenvolve, desde a década de 1980, metodologia voltada para recuperar a funcionalidade am-
biental de áreas sob graus diversos de degradação, em decorrência de má utilização de terras agríco-
las, expansão urbana desordenada e ações de exploração dos recursos naturais. A metodologia para
recuperação dessas áreas é baseada na seleção e introdução de leguminosas arbóreas e arbustivas
capazes de crescer sob condições adversas. O êxito decorre da associação planta-rizóbio-fungo mi-
corrízico, que proporciona um crescimento rápido das plantas, independentemente do nitrogênio dis-
ponível no solo. Há aumento no conteúdo de matéria orgânica e na atividade biológica, por meio do
aporte de material vegetal, via serapilheira. Quando associadas com rizóbios, as leguminosas aumen-
tam a eficiência do processo de fixação do nitrogênio do ar. A Embrapa Agrobiologia dispõe, atual-
mente, de inoculantes para mais de cem leguminosas indicadas para plantio em áreas degradadas. Há
espécies arbóreas e arbustivas recomendadas para recuperação de diversos biomas do Brasil, como
Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Caatinga. Para cada espécie, foram selecionadas estirpes de
rizóbios para inoculação em viveiro, ainda na fase de semeadura das mudas, junto com a aplicação de
uma mistura de fungos micorrízicos. As leguminosas, quando associadas com os microrganismos, po-
dem se estabelecer e se desenvolver onde a matéria orgânica (principal fonte de nutrientes para as
plantas) do solo é escassa.

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Pode ser obtida, assim, uma rápida revegetação, mesmo onde o subsolo estiver exposto. As plantas
se multiplicam e são recuperadas as relações ecológicas entre os vegetais e os animais. A vegetação
condiciona o ambiente e as espécies locais podem colonizá-lo novamente, restabelecendo o equilíbrio
perdido. A tecnologia tem sido empregada em diversas regiões do Brasil para a contenção de encostas,
diminuindo o risco de deslizamentos de terra, em períodos chuvosos, em áreas urbanas, e para a re-
cuperação de áreas degradadas por mineração ou erosão severa do solo.

Como É Feita A Recuperação De Áreas Degradadas?

Em Gestão Ambiental

Áreas degradadas são aquelas que contam com ecossistemas danificados, transformados ou inteira-
mente destruídos pela ação humana e o dever de recuperá-las está previsto na Constituição Federal.

Devido às atividades de mineração, desmatamento e disposição de resíduos, as áreas degradadas


contam com a presença de processos erosivos, ausência e diminuição de cobertura vegetal e dificul-
dade no reestabelecimento de um equilíbrio sistêmico.

Dependendo do grau em que a área foi afetada, é possível empregar diversas técnicas de recuperação
que possibilitam sua regeneração.

A Recuperação de Áreas Degradadas

A recuperação de uma área degradada tem por objetivo permitir que o espaço danificado volte a contar
com recursos bióticos e abióticos suficientes para que se mantenha em equilíbrio. Ela deve prever a
sua nova utilização em consonância com um plano de uso do solo preestabelecido. Tal plano de recu-
peração deve ter como princípios o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação dos ecos-
sistemas como diretrizes para a recuperação.

Dependendo do nível de degradação, a área pode sofrer uma restauração visando o retorno a um
estado intermediário estável. A área também pode passar por uma reabilitação, na qual sofre um re-
torno ao estado intermediário das condições da vegetação. Por fim, poderá sofrer uma redestinação ou
redefinição, quando a presença humana é necessária para auxiliar o processo de restauração.

Para promover o processo de recuperação primeiramente é preciso identificar o local e o tipo de ecos-
sistema a ser restaurado. É necessário também identificar o agente causador da degradação e se
existe a necessidade de intervenções indiretas para a restauração. Para a recuperação são emprega-
das diversas técnicas que serão aplicadas de acordo com as condições da área degradada.

Tipos de Recuperação

1 – Condição da Regeneração Natural

De acordo com o nível de degradação é possível que uma área se regenere naturalmente. No entanto,
para que isso ocorra é necessário superar algumas barreiras que podem prejudicar o processo de re-
generação, tais como: ausência de sementes para a colonização do local, falha no desenvolvimento de
mudas jovens, falta de simbiontes, polinizadores, dispersadores, entre outros.

Este método vem sendo amplamente indicado no caso de recuperação de áreas de preservação per-
manente.

2 – Plantio por sementes

O plantio de sementes é outra técnica de regeneração. Para que seja bem sucedida, é preciso que seja
empregada sob condições mínimas que permitam o processo de regeneração, favorecendo o recruta-
mento de embriões vegetais e permitindo a substituição de simbiontes e polinizadores faltantes.

3 – Plantio de mudas

O plantio de mudas é uma das técnicas mais onerosas, do ponto de vista financeiro, porém uma das
mais efetivas para regenerar uma área degradada. O plantio de mudas nativas, em geral, apresenta
índices de alto crescimento, após 2 anos, em geral, a área já se encontra reestabelecida e em equilíbrio.

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O Papel do Gestor Ambiental na Recuperação

O gestor ambiental é um profissional que reúne tanto conhecimentos técnicos quanto habilidades para
coordenação de projetos ambientais. Assim, no que se refere à recuperação de áreas degradadas, sua
expertise se torna essencial, na medida em que é capaz de avaliar a regeneração da área, bem como
gerenciar ações a serem tomadas junto a outros profissionais.

Com as diretrizes impostas pelo Novo Código Florestal, as áreas ambientalmente protegidas deman-
dam uma atenção em especial no que se refere aos casos de regeneração, em especial as áreas de
reserva legal e áreas de preservação permanente. Deste modo, a demanda por este profissional tende
a ser crescente nos próximos anos. Para formação na área, o curso de graduação a distância em Ges-
tão Ambiental prepara o profissional para lidar com os desafios da recuperação de áreas degrada-
das entre outras demandas ambientais.

Recuperação de Áreas Degradadas

A degradação de uma área, independentemente da atividade implantada, é verificada quando a vege-


tação e, por consequência, a fauna, são degradadas, removidas ou expulsas, bem como a camada de
solo fértil é perdida, removida ou coberta, afetando a vazão e qualidade ambiental dos recursos hídri-
cos.

A recuperação de uma área degradada deverá ter por objetivo o retorno de tal área a uma forma de
utilização que esteja de acordo com o plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção
de um meio ambiente mais estável.

A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração ecológica, que
é o processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou des-
truído. Um ecossistema é considerado recuperado – e restaurado – quando contém recursos bióticos
e abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais.

Dessa maneira, a recuperação se dá através da definição de um plano que considere os aspectos


ambientais, estéticos e sociais, de acordo com a destinação que se pretende dar à área, permitindo um
novo equilíbrio ecológico. A ação de recuperação, cuja intensidade depende do grau de interferência
na área, pode ser realizada através de métodos edáficos (medidas de sistematização de terreno) e
vegetativos (restabelecimento da cobertura vegetal).

O dever de recuperar o meio ambiente degradado pela exploração de recursos minerais foi instituído
pela Constituição Federal, de 1998, em seu Art. 225, “Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
gado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão
competente, na forma da Lei.

A Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto Nº 99.274/90, dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Em seu Art.
4º, afirma que a Política Nacional do Meio Ambiente visará:

“VII – (..) obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.”

O Decreto Nº 97.632, de 10 de abril de 1989, que dispõe sobre a regulamentação do artigo 2º, inciso
VIII, da Lei Nº 6.938, determina:

“Art. 1º – Os empreendimentos que se destinem à exploração de recursos minerais deverão, quando


da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental – ELO e do Relatório de Impacto Ambiental – MAM,
submeter à aprovação do órgão ambiental competente um plano de recuperação de área degradada.”

Em seu Art. 2º, o mesmo decreto define o conceito de degradação:

“(…) são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos
quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade
produtiva dos recursos ambientais.”

Por fim, em seu Art. 3º, o decreto estabelece a finalidade dos PRAD:

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“A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de
acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do
meio ambiente.”

Os Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) são importantes instrumentos da gestão


ambiental para todos os tipos de atividades antrópicas. Nesse horizonte, a V&S Ambiental possui uma
equipe multidisciplinar composta de Engenheiros Agrônomos, Biólogos, Engenheiros Ambientais, En-
genheiros Civis, Técnicos Agrícolas altamente capacitadas para execução de programas voltados à
recuperação e restauração ambiental, aliando estratégias conservacionistas que resgatem o potencial
biológico e socioeconômico da área.

Considerações sobre o Plano de Recuperação de Área Degradada

O Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) foi criado para dar concretude ao desiderato
constitucional que obriga o explorador de recursos minerais a recuperar o meio ambiente degradado,
tendo em vista o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O objetivo é esta-
belecer as diretrizes para fazer com que o solo explotado volte a ter utilidade, devolvendo-lhe a função
social.

A despeito da exigência de recuperar a área degradada pela atividade minerária prevista no § 2º do art.
225 da Constituição da República de 1988, faltava um instrumento jurídico que viabilizasse esse obje-
tivo. Por essa razão, foi editado o Decreto 97.632/89, instituindo o PRAD:

Art. 1º. Os empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais deverão, quando da
apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório do Impacto Ambiental - RIMA,
submeter à aprovação do órgão ambiental competente, plano de recuperação de área degradada.
Parágrafo único. Para os empreendimentos já existentes, deverá ser apresentado ao órgão ambiental
competente, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da data de publicação deste De-
creto, um plano de recuperação da área degradada.

Esse documento estabelece, com base no critério da melhor técnica disponível, de que forma a área
degradada deve ser recuperada pelo degradador ou pelo responsável pelo lugar. Cuida-se de exigência
para toda e qualquer atividade minerária, independentemente da fase da interrupção da lavra, do porte
da jazida ou do tipo de minério a ser extraído. Entretanto, apesar de ser um instrumento de gestão
ambiental típico da mineração, com o tempo o PRAD passou a ser solicitado também em relação a
outras atividades.

Rodrigo Jorge de Moraes cita como exemplo de atividades sujeitas a essa obrigação os canteiros para
a construção de hidrelétricas, rodovias, usinas de açúcar e álcool etc. Isso implica dizer que, afora a
mineração, podem se submeter ao PRAD qualquer atividade que degrade o solo, como a agricultura,
a construção civil, a pecuária, a piscicultura, a silvicultura etc.

Existe uma discussão a respeito dos fins que a execução da recuperação da área degradada deve
almejar. Beatriz Lopes de Oliveira e Fernando Reverendo Vidal Akaoui[2], por exemplo, defendem que
o PRAD deve zelar sempre pelo retorno da área degradada pela mineração às suas condições primiti-
vas.

Ocorre que essa obrigatoriedade de procurar o retorno ao status quo ante é um equívoco, pois não há
qualquer texto normativo que imponha tal exigência, uma vez que somente a partir das peculiaridades
do caso concreto é que se definirão as medidas a serem tomadas. Não é outra a perspectiva do Decreto
97.632/89:

Art. 3º. A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradada a uma forma de utilização,
de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade
do meio ambiente.

Com efeito, recuperar é fazer com que uma área degradada volte a ter as características ambientais
anteriores ou compatíveis com a sua função social. Esse também é o entendimento da Lei 9.985/2000
(Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza):

Art. 2º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: (...)

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XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma


condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais


próximo possível da sua condição original;

Luís Enrique Sánchez defende que a recuperação é “o conjunto de ações que visam tornar a área apta
para algum uso produtivo, não necessariamente idêntico ao que antecedeu a atividade de mineração”.
Em igual sentido é o conceito utilizado pelo Ibama:

Recuperação significa que o sitio degradado será retornado a uma forma e utilização de acordo com
um plano preestabelecido para o uso do solo. Implica que uma condição estável será obtida em con-
formidade com os valores ambientais, estéticos e sociais da circunvizinhança. Significa, também, que
o sitio degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo
um novo solo e uma nova paisagem.

A justificativa disso é que na maioria dos casos o retorno ao status quo anteé de difícil ou mesmo
impossível implementação, tendo em vista a natureza extrativa da atividade minerária. Essa discussão
parte do pressuposto de que o retorno da área degradada pela mineração às condições originais seria
sempre o mais adequado, o que não é verdadeiro.

Por vezes tal medida nem é preferível, pois nem sempre essa será a solução técnica mais adequada.
A depender do caso concreto, é possível que após a execução do PRAD a área passe a ser mais rica
do ponto de vista ecológico.

De acordo com Marcelo Ribeiro Tunes, é provável que a origem da polêmica tenha sido a opção do
legislador pela terminologia “recuperação” ao invés de “reabilitação”, que é mais adequada sob o ponto
de vista técnico. No entanto, o uso daquela terminologia prevaleceu tanto em razão do maior uso lin-
guístico quanto da expressa referência constitucional.

A definição sobre como e quando a recuperação ambiental ocorrerá na mineração pertence ao órgão
ambiental competente para fazer o licenciamento ambiental, nos moldes do que reza o art. 17 da LC
140/2011. É claro que essa decisão deve ser justificada tanto jurídica quanto tecnicamente, na medida
em que a discricionariedade administrativa é mitigada pelo critério da melhor técnica disponível.

Nada impede, todavia, que o empreendedor ou responsável contribua com sugestões, que poderão ser
ou não acatadas. Na verdade, em homenagem ao princípio da participação, qualquer cidadão ou insti-
tuição pode se manifestar a esse respeito, sendo recomendável que a população do entorno seja ins-
tada a apresentar as suas considerações.

Por se tratar de uma determinação constitucional, tal recuperação deve ser a mais efetiva possível,
seja do ponto de vista qualitativo ou quantitativo. Isso implica dizer que a área a ser recuperada deve
corresponder exatamente à área que sofreu a degradação.

É evidente que o planejamento da recuperação ambiental deve ocorrer antes da pesquisa ou da lavra,
pois o empreendedor tem de se comprometer a executá-lo antes de sua liberação – até porque se trata
de um pré-requisito para isso. Porém, é possível que o PRAD sofra alterações quando chegado o mo-
mento de sua execução.

Isso se dá, sobretudo, em função das inovações técnicas e tecnológicas que precisam ser incorporadas
ao instituto, com o intuito de torná-lo mais eficiente. Por conseguinte, a atualização do PRAD poderá
ocorrer para facilitar a atuação do empreendedor ou responsável, desde que não comprometa a efici-
ência ecológica, bem como para aumentar a qualidade ambiental do trabalho.

Na hipótese de identificação de lavra clandestina a obrigação remanesce, não obstante a incidência


sobre os responsáveis das demais cominações legais. O texto constitucional é claro no sentido de que
toda área degradada por mineração deve ser recuperada, independentemente de qualquer coisa, ca-
bendo ao órgão administrativo de meio ambiente apenas definir a escolha técnica mais pertinente.

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Na realidade, a mineração ilegal exige ainda maiores cuidados, porquanto a degradação tendo a ser
maior em função da ausência de planejamento e de controle. Na hipótese de não identificação do mi-
nerador o proprietário do solo será responsabilizado por omissão, dado que a responsabilidade civil por
danos ambientais é objetiva e propter rem quando se versa questões imobiliárias.

No que tange ao momento de execução, a prática demonstra que na maioria dos casos a recuperação
da área degradada só começa quando da finalização completa da lavra. Contudo, não é prudente
aguardar o esgotamento da jazida ou a interrupção das atividades, conquanto nessa fase o empreen-
dedor ou responsável deixe de auferir lucros e, por isso, muitas vezes se sente tentado a simplesmente
abandonar a mina.

É por essa razão que Paulo Affonso Leme Machado[8] defende que a recuperação deve ocorrer de
forma simultânea à própria explotação da área. De fato, a exceção de minerações territorialmente res-
tritas, não faz mesmo sentido esperar o encerramento da lavra para começar a recuperação, especial-
mente porque são atividades de longa duração temporal. Isso implica dizer que a demora somente se
justifica se a recuperação ambiental impedir ou dificultar a atividade minerária, uma vez que os valores
ambientais não podem ser relegados ao segundo plano quando não houver uma justificativa de força
maior.

O DNPM ou os órgãos administrativos de meio ambiente poderão paralisar a atividade durante a lavra
caso a recuperação da área degradada não esteja ocorrendo, não precisando aguardar o final da lavra
para tomar medidas mais efetivas. Nessa situação o prejuízo à coletividade e ao meio ambiente será
definitivamente menor, pois o empreendedor que não segue o cronograma durante a lavra dificilmente
o fará depois.

Quanto à natureza jurídica, impende dizer que o PRAD é um estudo ambiental que deve ser utilizado
como meio de se atingir o cumprimento de uma obrigação constitucional de relevante interesse ambi-
ental. Cuida-se, portanto, de uma modalidade de avaliação de impactos ambientais (AIA) típica – mas
não exclusiva – da atividade minerária, e que deve prever como e quando a área degradada deve ser
recuperada.

Não é pertinente classificar o PRAD como condição de validade da licença ambiental na atividade mi-
nerária, já que a condicionante é a execução e não o estudo em si. Ademais, a exigência é cabível
mesmo se a lavra nunca foi legalizada, seja do ponto de vista da legislação ambiental ou minerária.

Assim como qualquer AIA, as diretrizes do PRAD devem ser estabelecidas no Termo de Referência –
TR determinado pelo órgão administrativo de meio ambiente responsável pelo licenciamento ambiental,
que estabelecerá nesse documento a abrangência, os procedimentos e os requisitos gerais a serem
seguidos pelo proponente da atividade. Normalmente, o TR básico da atividade minerária requer ao
menos as seguintes informações:

1 – Descrição geral do empreendimento

1.1 – Identificação do empreendimento

– Razão Social
– Endereço
– CNPJ
– Situação legal, etc.

1.2 – Localização e vias de acesso

1.3 – Coordenadas geográficas e seu ponto de amarração com mapa em escala 1:20.000

1.4 – Objetivo

1.5 – Justificativa (justificar a alternativa de reabilitação, em termos de importância no contexto ambi-


ental e sócio-econômico da região).

2 – Dados da área a ser reabilitada

2.1 – Volume da cava final

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2.2 – Volume de rejeito

2.3 – Dimensão da área a ser reabilitada

2.4 – Declividade dos taludes

2.5 – Concepção esquemática da área pós-lavra (apresentação de desenho em perspectiva da área


pós-lavra).

3 – Conformação topográfica e paisagística (apresentação de proposta de adequação paisagística e


topográfica para as áreas de influência direta).

4 – Metodologia (descrição da metodologia para o desenvolvimento do projeto).

Ex. Em caso de revegetação, informar todas as espécies a serem introduzidas, bem como método de
plantio, irrigação, etc.

– Cronograma de execução

Anexos:

– Documentação fotográfica.
– Documentação cartográfica (em escala 1:20.000).
– Planta de situação da Área do projeto.
– Detalhe da Área de lavra (enfatizando a topografia).
– ART do responsável técnico.

Cumpre observar que esse é o conteúdo mínimo, podendo e até devendo o empreendedor inserir ou-
tras informações que se mostrarem relevantes para a feitura e execução do PRAD. O TR precisa
considerar as peculiaridades de cada atividade minerária, especialmente em função das características
geológicas do terreno, da circunvizinhança, do método de lavra e do tipo de minério a ser explotado.

Com efeito, não é possível comparar a dimensão ecológica e econômica da extração de areia a outras
indústrias minerárias, a exemplo do ferro. Por isso, não é adequado a recomendação do mesmo modelo
de TR de PRAD para toda e qualquer atividade minerária, devendo o Poder Público levar em conside-
ração as particularidades do caso concreto.

O órgão responsável pelo licenciamento ambiental pode pedir esclarecimentos ou complementações


na hipótese de inadequação do PRAD ao TR, conforme determina o inciso IV do art. 10 da Resolução
n. 237/97 do CONAMA e o § 1º do art. 14 da LC 140/2011. Entretanto, somente a ele cabe aprovar o
PRAD, atuando o DNPM, os demais órgãos ambientais e o Ministério Público como instâncias de fis-
calização.

Da mesma forma que o PRAD só pode ser executado depois de aprovado, sob pena de causar prejuí-
zos ao meio ambiente, a sua execução deverá ser aprovada pelo órgão responsável pelo licenciamento
ambiental. É que o fato de estar bem feito não garante a sua execução correta, sendo essa a fase que
exige maior fiscalização.

Em vista disso, os problemas relacionados ao PRAD podem ocorrer tanto na fase de elaboração quanto
na de execução. Na fase de elaboração é possível constatar casos adaptações mal feitas ou mesmo
de plágio, afora a incompletude e a superficialidade de alguns estudos.

Tais falhas técnicas normalmente reduzem o estudo a um mero plano de reconformação topográfica e
de revegetação, ficando na prática as empresas livres para agirem como entenderem. Inobstante a
responsabilidade profissional do autor do estudo, não se pode deixar de observar o erro do órgão ad-
ministrativo de meio ambiente e dos servidores envolvidos, que aprovaram um estudo inconsistente e
que deverão ser responsabilizados por isso.

Contudo, é realmente na fase de execução que ocorrem os maiores problemas, porque muitas vezes
não se implementa ou se implementa apenas parte daquilo que foi planejado. Anelise Grehs Stifel-
man atribui o insucesso dessa determinação constitucional à ausência de uma constante fiscalização
por parte dos órgãos administrativos de meio ambiente e do DNPM. A dificuldade de fiscalização é,

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lamentavelmente, uma realidade explicada pela falta de estrutura dos órgãos encarregados, quadro
presente em praticamente todo o país.

O problema é que muitas vezes a atividade minerária ocorre em lugares recônditos, distantes das con-
centrações populacionais e do Poder Público, o que gera empecilhos à fiscalização e à participação
popular. É óbvio que somente o engajamento popular, juntamente com atuação do Ministério Público e
com a melhor estruturação do DNPM e dos órgãos administrativos de meio ambiente, é que se poderá
garantir a efetividade dos PRADs da atividade minerária.

A despeito disso, impõe esclarecer que o Poder Público poderá exigir o cumprimento do PRAD se
constatada a sua execução insuficiente, inexistindo prescrição quanto a essa obrigação. Na verdade,
ainda que o minerador tenha cumprido fielmente o PRAD, poderá ainda dele ser exigida algum tipo de
adequação ou complementação, pois o seu dever constitucional é recuperar a área degradada.

Em outras palavras, se o PRAD é um instrumento para a recuperação da área degradada, ele perde a
razão de existir caso não contribua efetivamente para o atingimento desse desiderato constitucional.
De mais a mais, cuida-se de um dever imprescritível, pois a qualquer momento se poderá exigir que o
solo explorado/explotado volte a ter relevância social.

O que é a degradação dos solos? Entenda suas causas e alternativas

O solo é um dos elementos naturais essenciais para a vida no planeta, sendo um componente funda-
mental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um excelente reservatório de água e de nutrientes, e
um suporte básico do sistema agrícola, além de servir de habitat para inúmeras espécies. Por essas
razões, e por também ser um recurso limitado e não renovável, a preocupação em torno de sua degra-
dação é cada vez maior.

A degradação do solo consiste em tudo aquilo que está relacionado à sua destruição. Ao degradar-se,
o solo perde sua capacidade de produção, que mesmo com grandes quantidades de adubo não é
recuperada para se tornar igual a um solo não degradado. Essa destruição pode ser ocasionada por
fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização), físicos (perda de estrutura, diminuição
da permeabilidade) ou biológicos (diminuição da matéria orgânica).

O desmatamento e a ação do ser humano são dois dos principais fatores que causam essa série de
consequências negativas ao solo, isso porque um dos elementos importantes que influenciam na for-
mação do solo é a vegetação presente no local. Ela é responsável pela circulação de nutrientes e pela
proteção do solo, então, uma vez em que há o desmatamento da área, o solo fica exposto, desprotegido
e mais suscetível à degradação.

Em entrevista, um dos representantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricul-
tura (FAO) no Brasil, relatou que 33% dos solos no mundo enfrentam uma degradação de moderada a
grave, na América do Sul, ela afeta 14% das terras.

O que causa a degradação do solo?

A degradação do solo pode ser causada de diversas maneiras por vários fenômenos diferentes, que
podem ocorrer de forma natural ou não, são eles:

Erosão

Trata-se de um procedimento natural, mas que é intensificado devido à ação humana. Ele se caracte-
riza pela transformação e desgaste do solo devido a ações de agentes externos (chuva, vento, gelo,
ondas, sol) e ocorre porque, normalmente, boa parte da água da chuva bate primeiro na copa das
árvores ou nas folhas da vegetação antes de cair no solo, funcionando com uma camada protetora e
diminuindo o impacto da água sobre a superfície. Com a destruição da vegetação natural, muitas vezes
para uso agrícola, perdemos essa proteção e o solo fica exposto, resultando em um desgaste da su-
perfície terrestre e, consequentemente, na perda da fertilidade do solo. Além da água das chuvas, a
copa das árvores também protege o solo contra o calor do sol e contra o vento.

Esse fenômeno gera uma série de outros problemas e impactos ambientais, geralmente se iniciando
com a intensificação da lixiviação, processo de lavagem superficial dos sais minerais do solo, podendo

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

causar a formação de voçorocas, grandes e extensos sulcos (fendas), provocados pelas chuvas inten-
sas. O assoreamento também é uma consequência da erosão, processo que se caracteriza pelo acú-
mulo de terra transportada pela água que se deposita no fundo dos rios obstruindo seu fluxo, prejudi-
cando a fauna local e contribuindo para seu transbordamento, que causa o alagamento das áreas vizi-
nhas. Há também o risco de ocorrer o deslizamento das encostas dos morros, provocando desaba-
mentos de terra e rochas, além da desertificação, processo no qual o solo começa a ficar cada vez
mais estéril, perdendo seus nutrientes e a capacidade de fazer nascer qualquer tipo de vegetação, com
isso ele vai ficando árido e sem vida, dificultando muito sua sobrevivência.

Salinização

Trata-se também de um fenômeno que ocorre naturalmente em diferentes áreas da superfície terrestre,
mas que é intensificado devido as ações humanas, principalmente pela adoção de métodos incorretos
na agricultura. É caracterizado pelo acúmulo de sais minerais no solo, geralmente provenientes das
águas das chuvas, oceânicas ou aquelas utilizadas para irrigação na agricultura.

O processo ocorre de forma natural, pois a água possui certa quantidade de sais minerais que se
depositam no solo, sendo todos eles de muita importância para o mesmo. O problema acontece quando
a taxa de evaporação da água é muito alta, ou seja, a água evapora mas os sais minerais não, provo-
cando seu acúmulo excessivo no solo. Isso ocorre muito comumente em regiões de clima árido ou
semiárido, pois além da evaporação ser muito elevada, a ocorrência de chuvas, que teriam a função
de “lavar” os solos e diminuir a concentração de sais, é menor.

A salinização é causada principalmente por causa da adoção de métodos de irrigação incorretos nas
práticas agrícolas, e outras possíveis causas são a elevação acentuada do nível freático, causando
maior concentração de água na superfície do solo e a evaporação de águas salgadas ou salobras
acumuladas de mares, lagos e oceanos, como no Mar Morto e no Mar de Aral, onde o clima é seco e
a evaporação das águas salgadas é muito intensa, acarretando no acúmulo de sais na superfície, que,
quando em contato com o solo, consequentemente causa a salinização.

Compactação

É mais uma vez um processo decorrente das ações humanas. É caracterizado pelo aumento da den-
sidade do solo, pela redução da sua porosidade e, consequentemente, de sua permeabilidade, que se
dá quando ele é submetido a um grande atrito ou a uma pressão contínua. Isso acontece, por exemplo,
em função do tráfego de tratores e máquinas agrícolas pesadas, do pisoteio do gado sobre o campo
ou do manejo do solo em condições inadequadas de umidade.

E esse fenômeno faz com que as características químicas, e principalmente as físicas, da camada mais
superficial do solo sejam alteradas devido à pressão, causando uma séries de consequências negativas
ao solo, influenciando negativamente o crescimento de raízes, fazendo com que a planta tenha proble-
mas em seu desenvolvimento. Ele também diminui a movimentação da água pelo solo, as trocas ga-
sosas, limita o movimento dos nutrientes, diminui a taxa de infiltração da água e pode aumentar a
ocorrência da erosão.

Contaminação Química

A contaminação do solo por agentes químicos é outro dos principais problemas ambientais da atuali-
dade, é também causada pela interferência do ser humano na natureza e resulta na improdutividade e
infertilidade do solo, além da provável perda da fauna local.

Além da contaminação através do uso indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e pesticidas pela


agricultura, podemos citar também como formas de contaminação o descarte incorreto de resíduos
industriais e de lixo eletrônico, a presença de lixões, as queimadas, usadas como forma de desmata-
mento para a agricultura e, embora pouco casos tenham ocorrido, acidentes envolvendo elementos
radioativos.

Além de tornar os solos improdutivos e afetar a qualidade de vida da população que vive sobre eles,
esse tipo de contaminação pode afetar o lençol freático, a vegetação de uma determinada localidade e
até a fauna, prejudicando o funcionamento dos ecossistemas.

Alternativas

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Para que não ocorra a degradação do solo ou pelo menos para contê-la e amenizá-la, existem algumas
técnicas de preservação e conservação, são elas:

Reflorestamento e Adubação Verde

A adubação verde consiste no cultivo de plantas que posteriormente serão incorporadas ao solo atra-
vés da decomposição, como as leguminosas, enriquecendo-os com os minerais que as plantas cultiva-
das necessitam para seu desenvolvimento, e o reflorestamento é o plantio de árvores e plantas em
locais que anteriormente haviam sofrido desmatamento.

Tais práticas trazem vários benefícios: filtram os sedimentos, protegem as beiras de rios, aumentam a
porosidade do solo devido à presença de raízes profundas e volumosas, diminuem o escoamento su-
perficial da água pelo solo, permitem a criação de refúgios para a fauna, favorecem a fertilidade natural
do solo, que fica rico em nutrientes, e também o protege de ação prejudicial de agentes físicos, espe-
cialmente a água.

Rotação de Culturas

O sistema de rotação de culturas consiste em alterar anualmente as espécies vegetais plantadas em


uma mesma área agrícola. Devem ser escolhidas plantas com raízes e exigências nutricionais diferen-
tes. São muitas as vantagens da rotação de culturas: proporciona a produção diversificada de alimen-
tos, melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, auxilia no controle de ervas dani-
nhas, doenças e pragas, repõe a matéria orgânica do solo, protege o solo da ação de agentes físicos
de intemperismo.

Curvas de Nível

São linhas de plantas dispostas em uma mesma altura, no sentido do fluxo da água. O plantio em níveis
cria obstáculos à descida das águas de enxurradas, o que diminui a velocidade de arraste das partícu-
las do solo e aumenta a infiltração da água no terreno.

Além dessas técnicas de conservação, precisamos também ter a consciência e fazer o uso da terra
segundo as suas aptidões naturais, visando o manejo adequado e a conservação do solo. A população
em geral desconhece a importância do solo, o que contribui para ampliar processos que levam à sua
alteração e degradação. O conhecimento e uso racional do solo é um plano de exploração das terras
sem desgastar a riqueza dos seus recursos e diminuir sua produtividade.

Conheça Os Impactos da Degradação do Solo e Suas Consequências

Conceitualmente, a degradação do solo ocorre quando sua capacidade produtiva é reduzida a zero por
diversas atividades climáticas e humanas. Este tipo de problema já vem sendo observado pela Orga-
nização das Nações Unidas há mais de 80 anos, porém, somente nos últimos vinte anos é que os
impactos da degradação do solo passaram a ser classificados com mais gravidade dentro dos proble-
mas ambientais do mundo. A situação é ainda mais alarmante em países subdesenvolvidos com gran-
des áreas de agricultura e clima semiárido, ou seja, a degradação do solo afeta economicamente e
socialmente vários países ao redor do mundo.

Os impactos da degradação do solo foram observados, em um primeiro momento, nos estados norte-
americanos do Colorado, Kansas, Oklahoma e Novo México. Nestes locais, fazendeiros reportaram a
perda progressiva de suas áreas férteis de plantação, devido ao clima mais seco e quente. Outro fenô-
meno ocorreu na década de 1970, no sul da África, na região de Sahel, onde, após um período de
grande seca, o solo ficou fragilizado e impossibilitou a atividade no campo. Com isso, mais de 500 mil
pessoas morreram de fome pouco tempo depois.

A degradação do solo, também chamada de “desertificação”, vem sendo discutida pelos líderes mun-
diais em congressos e reuniões, como na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro. Neste evento, inclusive,
o documento intitulado “Agenda 21” classificou os impactos da degradação do solo, também conside-
rando o fim de recursos hídricos, da vegetação local e a queda progressiva ou brusca da qualidade de
vida de quem vive em tais regiões afetadas. Atividades humanas e a variação climática são as principais
responsáveis pelo cenário preocupante, segundo a ONU.

Causas e Consequências da Degradação do Solo

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Podemos apontar diversas causas da degradação do solo, como o uso indevido e demasiado da terra
em determinadas regiões. Aqui no Brasil, por exemplo, este problema pode aparecer em monoculturas
comerciais como de soja, cana-de-açúcar e trigo. Também pode ser provocada por atividades de des-
matamento, queimadas naturais ou não, mineração, técnicas impróprias de agropecuária, exploração
de ecossistemas, poluição, seca e pelo uso descontrolado de agrotóxicos. Outros fenômenos naturais,
como o “El Niño”, podem sobrecarregar áreas semiáridas e provocar grandes períodos de seca, afe-
tando diretamente o solo.

Já os impactos da degradação do solo e suas consequências são constatados pela redução gradativa
de áreas de cultivo, diminuição na atividade agropecuária e aumento de poluição e areia nas áreas
afetadas, redução da disponibilidade de recursos hídricos e destruição da flora e fauna. Todos estes
fatores provocam grande migração social de pessoas para áreas urbanas (cidades), crescimento da
pobreza em metrópoles e quedas no potencial agrícola e das receitas econômicas do país.

A Nucleação Como Técnica Auxiliar Para A Recuperação De Áreas Degradadas Da Mata Atlân-
tica.

A restauração de áreas degradadas é uma importante ferramenta para a conservação ambiental atra-
vés do uso de técnicas capazes de facilitar o processo sucessional envolvendo organismos produtores,
consumidores e decompositores. Normalmente o que se vê são programas de restauração onde o
custo econômico é alto e a eficiência dos resultados são baixos, pois em vez de serem feitos projetos
pequenos onde a eficácia é comprovada com a efetiva restauração da biodiversidade, em grande parte
os projetos propõem refazer os ambientes distintos dos naturais.

A maior parte dos trabalhos chamados de “recuperação” envolve o plantio de espécies de hábito arbó-
reo, entretanto, muitos problemas têm sido evidenciados nestas práticas devido à desconsideração de
premissas ecológicas tais como o próprio processo denominado de sucessão ecológica. Muitos empre-
endimentos iniciam-se de tal forma que ocorre o plantio de espécies inaptas para determinados ambi-
entes, como é o caso de espécies que necessitam de sombreamento nos estágios iniciais de seu de-
senvolvimento. Isso obviamente ocasionará perdas econômicas e de tempo, prejudicando os propósi-
tos da recuperação. Em outras circunstâncias a inadequação de estratégias conduzirá à necessidade
de manutenções frequentes aumentando custos ou mesmo inviabilizando as atividades.

O uso de espécies arbustivas em regiões de Mata Atlântica tem sido defendido como ideais para rea-
bilitação desta área, envolvendo seu enquadramento no estágio sucessional da região e suas condi-
ções de adaptabilidade.

As espécies rústicas herbáceas e subarbustivas foram submetidas a um conjunto de fatores ambientais


para que ocorra um estado sucessão ecológica, dentre esses fatores está incluído ciclagem de nutri-
entes, clima e solo. Porém em alguns casos pode-se observar que se estas espécies forem submetidas
condições adversas (o fogo, por exemplo, na Ilha da Madeira/ RJ) elas não possuem a mesma resis-
tência que as espécies pioneiras, sendo então esta uma alternativa na qual não se deve ser emprega-
das isoladamente. Uma das alternativas possíveis seriam as técnicas de nucleação que são indicadas
para serem empregadas em conjunto com outras técnicas. A nucleação é definida como uma forma de
sucessão em que a colonização de uma espécie pioneira em uma área sem vegetação provoca trans-
formações no ambiente de forma a propiciar condições para uma primeira comunidade natural, ou seja,
facilita a chegada de outras plantas, animais e microrganismos.

Utilizando o conceito de nucleação surgiram diferentes técnicas tal como a transposição de serrapi-
lheira, a instalação de poleiros, a coleta de “chuva-de-sementes”, a transposição de galharia, transpo-
sição de solo, entre outros procedimentos.

Estas técnicas têm em comum o fato de, além de normalmente representarem um processo ecológico,
serem procedimentos de baixo custo, pois utilizam materiais comumente de fácil acesso e obtenção.
Outro aspecto positivo a ser realçado é a possibilidade de aplicação dessas técnicas em pequenas
áreas, tal como pequenas propriedades.

Descrição das Técnicas

Transposição De Serrapilheira

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A serrapilheira compreende o conjunto de materiais que recobre o solo das formações florestais inclu-
indo folhas, frutos, sementes e outros componentes vegetais assim como eventualmente exemplares
de insetos e outros organismos. IBAMA (1990) ressalta ainda que a serrapilheira constitui-se pelo ma-
terial solto encontrado no solo da floresta, que contém sementes de plantas herbáceas, arbustivas e
arbóreas. A técnica de transposição de serrapilheira pode fornecer um grande enriquecimento florístico
e faunístico ao ambiente a ser recuperado.

Instalação De Poleiros

Diversos grupos de animais possuem o hábito de pousar sobre determinadas superfícies, como por
exemplo, poleiros. Este hábito está relacionado ao comportamento de repouso assim como as ativida-
des de alimentação, demarcação de território, entre outras.

Nesse processo estes animais costumam defecar e este comportamento poderá enriquecer a área com
novas espécies de plantas. Como alguns desses animais possuem vôo consideravelmente longo, po-
dem trazer propágulos de regiões longínquas. Os Poleiros podem ser artificiais, naturais (poleiros vivos)
secos (bambus, galhos, etc.) e sua constituição pode ser bastante simples. maximizar sua função, pro-
piciando um ambiente favorável para que as sementes depositadas sob os poleiros possam germinar
e produzir plantas nucleadoras.

“Chuva De Sementes”

Tal atividade consiste na colocação de recipientes, como por exemplo, telas ou malhas finas sob a copa
de árvores com especial capacidade de atração de aves. Estas árvores muitas vezes são denominadas
de “Bagueiras” (REIS et al, 1999). A intensa atividade das aves nessas copas contribuirá com sementes
de várias espécies de plantas, na medida em que elas defecam. Como aspecto positivo dessa técnica
tem-se a obtenção de sementes de espécies que talvez não sejam comumente cultivadas em viveiros.
Além disso, algumas espécies de plantas possuem a necessidade de quebra de dormência que poderá
então ter sido realizada através do processo digestivo dessas aves.

Transposição De Galharias

Na transposição das galharias, os resíduos da exploração florestal são enleirados, que ao passar do
tempo entrarão em decomposição e incorporarão a matéria orgânica ao solo afetado. Este método
possibilita o rebrote e a germinação de espécies vegetais além de servir de abrigo para fauna e auxiliar
a dispersão natural de sementes.

Transposição De Solo

Na transposição de solo, estão sendo depositadas porções de solo não degradado nas áreas afetadas,
que estão possibilitando a recolonização das áreas pela reintrodução de populações de diversas espé-
cies de micro, meso e macro fauna, além de sementes e propágulos de espécies vegetais. Esta ação
é parte integrante de um programa de resgate da biota, pois representa uma forma eficiente de garantir
a sobrevivência de muitas populações de micro, meso e macrorganismos que vivem no solo, dentro
disto podem ser colocada também a semeadura direta ou hidrosemeadura são técnicas que ainda
compões a transposição do solo e permite ainda mais intensificar um aumento na colonização da área
degradada (Reis et al. 2001b).

Plantios De Mudas De Espécies “Bagueiras”.

O termo “Planta Bagueira” refere-se à denominação popular para plantas que tem grande capacidade
de atração de animais. Essas plantas que se destacam nas comunidades por serem altamente facilita-
doras no processo de recuperação ambiental. Já que possuem tal atributo, tais plantas podem ser
introduzidas em uma área através de plantio, podendo então contribuir com o processo de enriqueci-
mento de espécies na área.

Recuperação De Áreas Degradadas: Tecnologia X Técnica

Tenho falado tanto das minhas sacadas de empreendedorismo na consultoria ambiental nessa página,
mas penso que também precisamos falar um pouco de técnicas, afinal a falta de experiência é um fator
muito limitante no momento de se abraçar oportunidades, não é mesmo? Então pretendo regularmente
fazer um post sobre estudos de caso, testes e experiências positivas e negativas que eu e minha equipe

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experimentamos ao longo de nossa carreira na consultoria ambiental, para trazer mais clareza a vocês
a respeito da vida prática.

Então Vamos Falar Um Pouco Sobre Restauração Ambiental?

Sempre que possível tenho participando de eventos ligados ao mercado de restauração ambiental e
visitado projetos implantados de empresas parceiras. E de 2 anos pra cá tenho percebido uma tendên-
cia na utilização de tecnologias e técnicas cada vez mais avançadas na implantação de projetos de
reflorestamento, as quais tenho utilizado com algum (mas não todo) sucesso. Quero aqui dar a vocês
2 exemplos para discutirmos.

(1) Na primeira foto anexa eu mostro um plantio realizado de forma tradicional (gradagem + sulcamento
+ calcário + NPK) em época de estiagem, que precisou ser regado por um grande período de tempo.
Resolvemos testar o produto Hydroplan-EB HB10 que é um pó que ao ser misturado com a água,
aumenta a sua viscosidade de tal maneira que a evaporação se torna até 20 vezes mais lenta. Assim,
ao regar as coroas, elas permanecem úmidas por um período prolongado chegando a 2 dias em ambi-
ente muito seco. Foi um produto que deu resultados não só econômicos (reduziu em mais de 20%
nosso custo com irrigação) mas também nas taxas de pegamento das mudas. Foi uma experiência
muito boa que atendeu a um momento emergencial com a qualidade que precisávamos. A técnica de
plantio, contudo, no médio prazo se mostrou deficiente, pois a cobertura do solo e o desenvolvimento
das plantas não permitiu no prazo de 24 meses do contrato o estabelecimento de uma fisionomia flo-
restal vigorosa. Ganhamos de um lado, e perdemos do outro. A técnica precisava ser aprimorada,
apesar de que a tecnologia nos ajudou quando precisamos.

(2) A segunda foto mostra um projeto plantado com altíssima tecnologia dentro da cova (ou berço) -
gradagem, sulcamento, calcariação para correção do solo, aplicação de substrato orgânico, aplicação
de adubo de liberação controlada OSMOCOTE 15-09-12 + micronutrientes liberação de 12 meses e
hidrogel agrícola. Esta modalidade já testamos em vários lotes de plantio porém em 50% dos casos ela
surte resultados extremamente bons, e nos outros 50%, resultados extremamente ruins. É um trata-
mento muito caro para não dar certo, então quero discutir um pouco o que acontece nos casos em que
ele não dá certo - pois vale MUITO a pena quando ele dá certo...

Basicamente nossa experiência mostra que a fração orgânica do solo, que sustenta a vida, é quem
manda no sucesso de um plantio. Hoje em dia, em áreas extremamente degradadas e sem regenera-
ção natural significativa (geralmente pastos), estamos começando a fazer plantios mistos de legumino-
sas de adubação verde - crotalária, feijão de porco, feijão guandú, estilozantes, etc - para iniciar a
sucessão ecológica herbácea e reduzir (ou até eliminar) a concorrência com o capim. Uma vez esta-
belecido esse plantio inicial, aí sim procedemos com o plantio "high tech" (que por sinal é super denso,
cobre o solo rapidamente e por consequência diminui muito a necessidade de manutenção. Essa é
uma nova tendência e que tem dado muito certo - trazendo de volta as condições mínimas de pH,
nutrição (enriquecimento com nitrogênio) e microbiota do solo para o estabelecimento até das espécies
arbóreas mais rústicas nas fases iniciais, abrindo condições para entrarmos, numa segunda fase, com
o plantio de enriquecimento que vai nos permitir conduzir o ecossistema para uma fisionomia florestal.

Percebemos na tentativa e erro que nem só a técnica, e nem só a tecnologia funcionam bem sozinhas
- mostrando que a nossa experiência de 10 anos na implantação de florestas está servindo para corro-
borar todas as novas tendências que a ciência nos apresenta, onde e a utilização de plantios mistos de
leguminosas de adubação verde para tratamento do solo antes da implantação de uma restauração
altamente tecnológica nos permita entregar florestas de grande qualidade em curtos intervalos de
tempo - 24 a 36 meses (veja a terceira foto um plantio com 24 meses!). Note que a regeneração natural
pode ser um grande aliado no processo de restauração, porém estamos focando aqui os prazos reais
em que os compromissos ambientais geralmente são estabelecidos - 12, 24 e raramente 36 meses -
então estou tratando de uma abordagem onde o fator tempo é crucial pois ele é fixado em contrato.

Então é isso - restauração bem feita usa técnicas recentes e tecnologia de ponta, e não é necessaria-
mente mais cara do que os métodos tradicionais porque (a) a taxa de sucesso é infinitamente maior e
(b) o custo de manutenção é muito menor. E ao sabermos utilizar a técnica e a tecnologia em nosso
favor, é possível se fazer bons projetos dentro dos prazos exigidos nos termos de compromissos e
contratos.

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Mais informações sobre restauração ecológica recomendo a leitura na Resolução SMA 32/2014 vigente
no Estado de São Paulo, mas que serviria para qualquer projeto no Brasil - um dos dispositivos mais
modernos no que se trata de técnicas e princípios de restauração.

Recuperação de Áreas Degradadas

Área degradada é aquela que sofreu, em algum grau, perturbações em sua integridade, sejam elas de
natureza física, química ou biológica. Recuperação, por sua vez, é a reversão de uma condição degra-
dada para uma condição não degradada (Majoer, 1989), independentemente de seu estado original e
de sua destinação futura (Rodrigues & Gandolfi, 2001). A recuperação de uma dada área degradada
deve ter como objetivos recuperar sua integridade física, química e biológica (estrutura), e, ao mesmo
tempo, recuperar sua capacidade produtiva (função), seja na produção de alimentos e matérias-primas
ou na prestação de serviços ambientais. Nesse sentido, de acordo com a natureza e a severidade da
degradação, bem como do esforço necessário para a reversão deste estado, podem ser considerados
os seguintes casos, de acordo com Aronson et al., 1995 e Rodrigues & Gandolfi, 2001:

Restauração: retorno completo da área degradada às condições existentes antes da degradação, ou a


um estado intermediário estável. Neste caso, a recuperação se opera de forma natural (resiliência),
uma vez eliminados os fatores de degradação.

Reabilitação: retorno da área degradada a um estado intermediário da condição original, havendo a


necessidade de uma intervenção antrópica.

Redefinição ou redestinação: recuperação da área com vistas ao uso/destinação diferente da situação


pré-existente, havendo a necessidade de uma forte intervenção antrópica.

Na Embrapa Meio Ambiente as pesquisas nesta linha temática estão voltadas para o emprego de téc-
nicas convencionais e alternativas na recuperação de áreas degradadas, como no uso de lodo de es-
goto ou na avaliação e estabilização de processos erosivos.

Recuperação De Áreas Degradadas Pela Mineração

Modo com que os empreendimentos minerários tratam das áreas degradadas detectando todos os
contornos desta atividade com base na legislação ambiental e uso inapropriado dos recursos naturais.

As atividades de extração mineral são de grande relevância para o produto interno bruto do país, porém,
as principais consequências para o ambiente causadas por este setor são a perda da biodiversidade,
a perda da fertilidade natural do solo e a interferência nos recursos hídricos da região. O ser Humano
dentre todas as espécies existente no planeta e a única capaz de se adaptar ao meio natural, isso só
e possível porque o homem sempre criou em seu entorno um meio ambiente próprio diferente do meio
em o encontrou.

Quando as primeiras indústrias surgiram, os problemas ambientais eram de pequena dimensão, a po-
pulação era pouco concentrada e a produção era de baixa escala, as exigências ambientais eram mí-
nimas ou inexistentes e o símbolo do progresso, veiculada nas propagandas de algumas indústrias,
era a fumaça saindo das chaminés. A poluição não era foco da atenção da sociedade industrial e inte-
lectual da época. O surgimento de uma ideologia consumista nas linhas de produção capitalistas, deu
origem às primeiras reflexões quanto a atuação danosa do homem sobre a Natureza. As décadas de
70 e 80 do século XX, coincidem com a gestação do pensamento ambientalista da sociedade moderna
aos problemas do meio. Sabendo que a primeira vez, foi nos anos 70, busca proteger os grandes
componentes da natureza e prioriza o mar, as águas continentais, o ar ou a vida selvagem. A segunda
(anos 80) conferencia de Nairóbi – criando a unidade de conservação e recuperação de áreas degra-
dadas, está mais voltada a combater a problemática dos produtos químicos, resíduos, materiais radio-
ativos e outras substâncias perigosas.

Quatro fatores principais resumem a preocupação com a questão ambiental: o crescimento populacio-
nal e a infraestrutura; o esgotamento dos recursos naturais; o esgotamento da capacidade da biosfera
em absorver resíduos e poluentes; e as desigualdades sociais. (FEIJÓ, 2010 p.127)

Segundo Oliveira, (2012), a preocupação com a preservação do meio-ambiente pode-se dizer, que
ficou bem acirrado durante nas últimas décadas, e a mineração tem uma grande parcela em desfavor
do meio ambiente.

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As principais ações para que as áreas degradadas possam voltar a ser produtivas consiste no desen-
volvimento e estabelecimento de sistemas de manejo do solo seguido da revegetação do local de ma-
neira inclusive, a propiciar o retorno da fauna.

Gomes-Pompa (1979), apontam os estudos sobre solos como ponto relevante para a regeneração dos
ecossistemas tropicais e subtropicais, devendo ser considerados para o melhor entendimento e plane-
jamento dos processos ecológicos. Neste contexto, para uma eficiente recomposição da vegetação das
áreas degradadas e o desenvolvimento de novas tecnologias e formas de manejo da vegetação e do
material orgânico para a recuperação de áreas degradadas, é necessária a busca continua proporcional
a extração mineraria que contemplem, entre outras linhas, a interação dos conhecimentos sobre a fí-
sico-química e microbiologia do solo, a ciclagem de nutrientes e a autoecologia das espécies vegetais.

Objetivos

Objetivo Geral

Caracterizar as tecnologias de recuperação da qualidade ambiental para áreas degradadas pela mine-
ração, como subsídio ao planejamento dos usos futuros das áreas recuperadas.

Objetivos Específicos

Propor e priorizar ações que garantam a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;

Estimular a capacidade crítica, a criatividade e a autonomia ideológica.

Analisar as causas dos efeitos da tecnologia sobre o equilíbrio ecológico, dos problemas ambientais e
sociais.

Atuar em prol da preservação e conservação da biodiversidade, analisando a diferença entre susten-


tabilidade e desenvolvimento sustentável, viabilizando ações de melhoria da qualidade de vida;

Propiciar uma sólida fundamentação dos conteúdos básicos e específicos;

Justificativa

Tendo em vista que a atividade de lavra é um processo de grande degradação ambiental fazem-se
interessante realizar um diagnóstico das alterações para dessa forma avaliar com maior exatidão as
mudanças decorrentes do processo de exploração. Desmatar uma área ou deteriorar as propriedades
de um solo podem ser degradações ou perturbações, a depender da intensidade do dano. Caso o
ambiente não se recupere sozinho em um tempo razoável, diz-se que ele está degradado, e a inter-
venção humana é necessária. Se o ambiente mantém sua capacidade de regeneração ou depuração
(resiliência), diz-se que ele está perturbado, e a intervenção humana apenas acelera o processo de
recuperação. A degradação intensa, com perda de resiliência, resulta notadamente em áreas degrada-
das (CORRÊA, 2006).

A recuperação é uma atividade que exige uma abordagem sistemática de planejamento e visão a longo
prazo e não apenas uma tentativa limitada de remediar um dano. Com a consciência da extinção em
massa de espécies no mundo todo, está crescendo a importância de se manter a diversidade biológica.
A intervenção em áreas degradadas, através de técnicas de manejo, pode acelerar o processo de
regeneração, permitir o processo de sucessão e evitar a perda de biodiversidade (BARBOSA et al.,
2005).

Controle Ambiental no Brasil

Segundo KAWA (2015) A história do Brasil tem intima relação com aproveitamento dos seus recursos
minerais fazendo parte da ocupação territorial e da história nacional. O subsolo brasileiro possui impor-
tantes depósitos minerais. Partes dessas reservas são consideradas expressivas quando relacionadas
mundialmente. Com base nesse patrimônio mineral o Brasil produz cerca de setenta substâncias,
sendo vinte e uma do grupo de minerais metálicos, quarenta e cinco dos não metálicos e quatro dos
energéticos. O Brasil é possuidor das maiores reservas de nióbio (98,2%), barita (53,3%) e grafita na-
tural (50,7%) em relação ao resto do mundo. O país se destacou também por suas reservas de tântalo
(36,3%) e terras raras (16,1%), ocupando a posição de segundo maior detentor destes bens minerais.

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Os minérios de níquel, estanho e ferro também apresentaram participação significativa de valores de


reserva a nível mundial em 2013. (DNPM, 2014)

De uma maneira geral, cada país tem suas particularidades no tratamento das concessões minerais e
no gerenciamento ambiental dessa atividade. Os principais países com relevância na produção mineral
se destacam: a África do Sul, Austrália, Brasil Canadá e Estados Unidos. No Brasil e na África do Sul,
o Governo Central possui órgãos federais concedentes, enquanto nos demais países os Estados, Pro-
víncias e Territórios têm o controle da atividade mineral. Com relação a gestão ambiental na mineração,
é bem variada a atuação governamental.

Na África do Sul, o Governo Central estabelece normas gerais através do Departamento de Negócios
Ambientais e Turismo. Cada governo defende a sua região. Na Austrália, o Ministério de Recursos
Naturais e o Ministério do Meio Ambiente trabalham em conjunto nas questões de controle ambiental
na mineração, (TEIXEIRA, 1997).

A Legislação Ambiental Brasileira é considerada uma das mais bem elaboradas do mundo, sendo seu
texto bastante exigente no que se refere à recuperação de áreas degradadas. O Governo Federal,
através do CONAMA, estabelece normas gerais, a mineração, de um modo geral, está submetida a um
conjunto de regulamentações, onde os três níveis de poder cabendo aos Estados e Municípios fixarem
procedimentos de seu interesse. Os estados e muitos municípios apresentam procedimentos e legisla-
ções próprias para atividades potencialmente poluidoras. Estatal possuem atribuições com relação à
mineração e o meio ambiente bem como licenciar, controlar e fiscalizar.

A legislação federal estabelece que os recursos minerais pertencem à União, quem cabe a prerrogativa
de autorizar e conceder o aproveitamento de jazida (artigo 176, caput e parágrafo 1ª) e competência
exclusiva da União legislar sobre “jazidas minas e outros recursos minerais e metalurgias” (Artigo 22
incisos XII). Aos Estados e municípios e permitido apenas, em competência comum com a União, “re-
gistrar acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídri-
cos e minerais em seus territórios” (Artigo 23, item XII).

Os Estados e Municípios têm poder constitucional para legislar sobre mineração e meio ambiente. Seria
exaustivo enumerar estes órgãos estaduais e municipais. Além desses órgãos do poder executivo, nos
três níveis, o Ministério Público Federal e Estadual também fiscaliza, emitem normas e diretrizes, sendo
a maioria delas conflitantes entre si.

A análise conjunta da legislação ambiental vigente, conforme visto notadamente o art. 225 da Consti-
tuição Federal brasileira, a Lei n.º 6.938/81 e os Decretos Regulamentadores nº 97.632/89 e 99.274/90,
apontam para a obrigatoriedade de recuperação daqueles impactos ambientais.

A legislação mineral brasileira tem como base o Código de Mineração (Decreto-Lei Federal 227/67),
com suas sucessivas alterações e atualizações posteriores dispondo sobre o regime de aproveitamento
dos recursos minerais explorados encontrados na superfície ou no subsolo nacional. A Lei Nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto Nº 99.274/90, dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Em seu Art. 4º, afirma que a
Política Nacional do Meio Ambiente visará:

VII - (..) obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

O Decreto Nº 97.632, de 10 de abril de 1989, que dispõe sobre a regulamentação do artigo 2º, inciso
VIII, da Lei Nº 6.938, determina:

Art. 1º - Os empreendimentos que se destinem à exploração de recursos minerais deverão, quando da


apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - ELO e do Relatório de Impacto Ambiental - MAM,
submeter à aprovação do órgão ambiental competente um plano de recuperação de área degradada.

Em seu Art. 2º, ele define o conceito de degradação:

(...) são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos
quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade
produtiva dos recursos ambientais.

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Art. 3º, o decreto estabelece a finalidade dos PRAD: A finalidade dos PRAD consiste em possibilitar o
retorno do sítio degradado a um estado satisfatório de estabilidade do ambiental.

Assim, quando da elaboração dos projetos de exploração e obtenção das licenças (inclusive ambien-
tais), a empresa mineradora deverá elaborar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
com o intuito de minimizar os impactos ambientais decorrentes da sua atividade.

Impacto ambiental pode ser definido como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente resultantes de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as con-
dições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. (Resolução
CONAMA n.º 01 de 23/01/86).

EIA - Estudo de Impacto Ambiental: A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001/86 define que o Estudo de Im-
pacto Ambiental (EIA) é o conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas, com
dados técnicos detalhados. O acesso a ele é restrito, em respeito ao sigilo industrial.

O estudo de impacto ambiental inclui medidas compensatórias: entre as medidas mitigadoras previstas,
o EIA deve compreender a compensação do dano provável, sendo esta uma forma de indenização. A
Resolução 10/87 prevê que para o licenciamento de empreendimentos que causem a destruição de
florestas ou outros ecossistemas, haja como pré-requisito a implantação de uma estação ecológica
pela entidade ou empresa responsável, de preferência junto à área. Como exemplo, podemos citar a
construção de um shopping center na cidade de Ribeirão Preto, que para derrubar uma mata remanes-
cente de cerrado na área do empreendimento, teve como uma das exigências, construir e gerenciar
um parque ecológico na referida cidade.

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental: O relatório de impacto ambiental, RIMA, refletirá as conclusões
do estudo de impacto ambiental (EIA). O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a
sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por ma-
pas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam en-
tender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação.

Objetivos da Recuperação

A recuperação, como já vimos, deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de
utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma
estabilidade do meio ambiente.

Todavia, os Planos de Recuperação de Áreas Degradadas também são importantes instrumentos da


gestão ambiental para outros tipos de atividades, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos,
terraplenagem, exploração jazidas de empréstimos e bota-foras.

Em qualquer dos casos, os PRAD são muito mais voltados para aspectos do solo e da vegetação,
muito embora possam contemplar também, direta e indiretamente, a reabilitação ambiental da água,
do ar, da fauna e do ser humano.

Diante desta problemática, a Constituição Federal de 1988, visando amenizar o ônus social e acres-
centar condições de sustentabilidade à mineração, no capítulo dedicado ao meio ambiente, incluiu no
parágrafo 2º do artigo 225, a obrigação daquele que explorar os recursos minerais de recuperar o meio
ambiente degradado.

(...)§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

A matéria está regulamentada pelo Decreto nº 97.632, de 10.04.1989, eis que não existe a lei infra-
constitucional específica disciplinando a recuperação de áreas degradadas pela mineração. A lei ex-
plica ainda à responsabilidade do minerador pelo cumprimento da obrigação de executar o plano de
recuperação de área degrada aprovado pelo órgão ambiental competente. (Souza, op. cit,)

Manejo E Recuperação De Areas Degradadas Pela Mineração

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

A imagem da mineração como uma atividade agressiva ao meio ambiente e aos interesses do desen-
volvimento tem suas raízes na intensa demanda pelos bens minerais que vigorou no passado, associ-
ada à falta tanto, de soluções tecnológicas adequadas, quanto de prioridade para a conservação am-
biental na agenda dos governos. Esta combinação de fatores induziu o desenvolvimento de uma indús-
tria mineral predatória, bastante generalizada no até épocas recentes da história da humanidade. Esta
realidade está mudando a medida que a indústria mineral se modernizar e que o controle se tornar
mais efetivo, esta imagem tornar-se-á coisa do passado. Porém essas atividades de remoção do solo
gera a necessidade de recuperação de Área degradada.

Como vimos anteriormente degradação é uma denominação recente para as práticas utilizadas em
recursos naturais. São consideradas áreas degradadas, extensões naturais que perderam a capaci-
dade de recuperação natural após sofrerem distúrbios MOREIRA (2004). Moreira reforça sua tese em
cima da seguinte conceituação:

"A degradação é um processo induzido pelo homem ou por acidente natural que diminui a atual e futura
capacidade produtiva do ecossistema. De acordo com Belensiefer (1998) áreas degradadas são aque-
las que perderam sua capacidade de produção, sendo difícil retornar a um uso econômico. O termo
degradar conforme Ferreira (1986) pode ser interpretado como: estragar, deteriorar, desgastar, atenuar
ou diminuir gradualmente" (MOREIRA, 2004).

Uma definição bastante simples, mas completa e de fácil aplicação nos e dada por Sánchez (2008,
p.27):

[...] degradação ambiental pode ser conceituada como qualquer alteração adversa dos processos, fun-
ções ou componentes ambientais, ou como uma alteração adversa da qualidade ambiental. Em outras
palavras, degradação ambiental corresponde o impacto ambiental negativo.

KAGEAMA (1992) define: “áreas degradadas, e, que após distúrbios teve eliminados seus meios de
regeneração natural apresentando baixo pode de recuperação. ”

Conceito

• Área degradada: área impossibilitada de retornar por uma trajetória natural, a um ecossistema que se
assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado, conforme
Instrução Normativa nº04/2011 do IBAMA;

• Área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda mantém meios de regeneração biótica,
ou seja, possui capacidade de regeneração natural, conforme Instrução Normativa nº 04/2011 do
IBAMA;

• Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condi-


ção não degradada, que pode ser diferente de sua condição original, conforme Lei nº 9.985 de 2000;

• Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais pró-


ximo possível da sua condição original, conforme Lei nº 9.985 de 2000;

• Degradação e solo: "Alterações adversas das características do solo em relação aos seus diversos
usos possíveis, tanto estabelecidos em planejamento quanto os potenciais" (ABNT, 1989).

A degradação da área é inerente ao processo de mineração, independentemente da atividade implan-


tada, verifica-se quando:

a) a vegetação e, por consequência, a fauna, são destruídas, removidas ou expulsas;

b) a camada de solo fértil é perdida, removida ou coberta, afetando a vazão e qualidade ambiental dos
corpos superficiais e/ou subterrâneos d’água. Quando isso ocorre, reflete-se na alteração das caracte-
rísticas físicas, químicas e biológicas da área, afetando seu potencial socioeconômico.

A intensidade desta degradação depende do volume, do tipo de mineração e dos rejeitos produzidos.
A recuperação destes estéreis e rejeitos deve ser considerada como parte do processo de mineração.
Esta recuperação resulta numa paisagem estável, em que: a poluição do ar e da água é minimizada, a

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

terra volta a ser autossuficiente e produtiva, o habitat da fauna é restabelecido, e uma paisagem este-
ticamente agradável é estabelecida. A mineração e demais atividades de remoção do solo gera a ne-
cessidade de recuperação de Área degradada. Que é uma denominação recente para as práticas utili-
zadas em recursos naturais (CAMARGO, 2003, 72p).

A ação de recuperação, cuja intensidade depende do grau de interferência havida na área, pode ser
realizado através de métodos edáficos (medidas de sistematização de terreno) e vegetativos (restabe-
lecimento da cobertura vegetal). Em essência, é imprescindível que o processo de revegetação receba
o mesmo nível de importância dado à obtenção do bem mineral.

No processo extrativo, a restauração da área é algo impossível de acontecer, pois restaurar implica na
reprodução exata das condições do local antes da alteração sofrida. A reabilitação, que segundo Kope-
zinski (2000) parece ser a proposta mais próxima da realidade, está ligada ao uso e ocupação do solo,
ou seja, uma reutilização do local minerado como área de lazer, residencial, comercial, industrial, entre
outros. Ver figura 1

Já a recuperação, por sua vez, implica em colocar no local alterado condições ambientais as mais
próximas possíveis das condições anteriores.

Figura 1 RAD área restaurada e recuperada

Depois de iniciado o processo de aproveitamento econômico dos recursos minerais, o encerramento


de suas atividades é elemento certo a ocorrer, seja pelo exaurimento da jazida, ou devido a fatores
políticos, econômicos ou ambientais, gerando para o minerador a obrigação de recuperar a área la-
vrada. (FERREIRA, Luiz e FERREIRA, Natália, 2008).

Segundo Brun et al (2000), Para que seja possível obter-se novo uso da área, é necessário que ela
esteja em condições de estabilidade física (morro, aterro, depressão de terreno) e estabilidade química
(a área não deve estar sujeita a reações químicas que possam gerar problemas nocivos à saúde hu-
mana e ao ecossistema, drenagens ácidas de pilhas de estéril ou rejeitos). Dependendo do uso pós-
mineração, podem-se adicionar os requisitos de estabilidade geológica (áreas utilizadas com a finali-
dade de conservação ambiental). No caso do empreendimento mineiro, a participação do homem deve
iniciar ao se ao planejar a mina e finalizar quando as relações fauna, flora e solo estiverem em equilíbrio
e em condições de sustentabilidade

A recuperação de área degrada e apenas a tentativa limitada de reparar um dano. Decorrente a isso
tudo são inseridos aspectos jurídicos que compõem um conjunto de leis ambientais com objetivo de
definir o poluidor pagador, assim normalizando e atribuindo a atividade mineradora de qualquer em-
presa tem que se responsabilizar pela conservação, manutenção e recuperação do bioma local.

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

A recuperação de áreas degradadas pela mineração, não deverá ser entendida como desencadea-
mento de ações, nos âmbitos político, legislativo e social, que culminaram na percepção da necessi-
dade, do estudo e do desenvolvimento de técnicas hábeis a recuperar as áreas degradadas pela mi-
neração e por diversos outros tipos de intervenção humana.

Conforme o art. 2º da Lei nº 9985, de 17 de Julho de 2000:

XIII - Restauração: Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem altera-
das pela intervenção. A recuperação, portanto, deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a
uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à ob-
tenção de uma estabilidade do meio ambiente.

XIV – Recuperação: Local alterado destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto
prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de reaproveitar a
área para outra finalidade.

Para que tenhamos melhores condições de vida é preciso trabalhar o ecossistema onde vivemos dentro
de modelos ambientais sustentados. Como pressuposto para a exploração ambiental, mais especifica-
mente com a exigência de apresentação do PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) pelos
empreendimentos destinados à exploração de recursos minerais.

No Brasil, a partir de 1989, segundo o decreto lei 97.632, todas as empresas de mineração são obriga-
das a apresentar ao órgão ambiental um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), docu-
mento que recomenda a adoção de procedimentos para estabelecer ou restabelecer a cobertura vege-
tal nas áreas degradadas, prática conhecida como revegetação.

No entanto, na implementação das medidas propostas nos PRADs é frequente a ocorrência de dificul-
dades relativas ao manejo do solo e das plantas, que chegam a comprometer o sucesso da revegeta-
ção. Existem ainda no Brasil empresas que almejam implantar projetos efetivos de recuperação ambi-
ental, mas falta-lhes o conhecimento técnico para realizá-los com eficiência, especialmente no que se
refere aos procedimentos de revegetação. A mineração e a relevância de seus efeitos pós operacionais
justificam o tratamento indispensado pela Constituição Federal a esta atividade econômica, sendo ex-
tremamente necessário acrescentar os contornos da sustentabilidade a este segmento.

Contribuir para a garantia do direito fundamental a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e


para a construção de um modelo de desenvolvimento econômico capaz de assegurar a produção de
riquezas e a preservação ambiental representa o grande desafio da mineração moderna. Sendo que a
atividade mineradora tem uma tendência muito grande à modificação do meio ambiente, porém são
adotadas diretrizes e metodologias para que ocorra, de forma correta, eficaz e suprindo o desenvolvi-
mento sustentável, disponibilizando programas eficientes de recuperação do meio ambiente afetado.

Segundo Silva (2007), A mineração contribui de forma decisiva para o bem-estar e a melhoria da qua-
lidade de vida das presentes e futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma
sociedade. Os principais problemas oriundos da mineração podem ser englobados em quatro catego-
rias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, e subsidência do terreno.

Em geral, a mineração provoca um conjunto de efeitos não desejados que podem ser denominados de
externalidades. Algumas dessas externalidades são: alterações ambientais, conflitos de uso do solo,
depreciação de imóveis circunvizinhos, geração de áreas degradadas e transtornos ao tráfego urbano.
Neste contexto, a reabilitação da área, dando um novo uso para ela, se torna necessária. Estas exter-
nalidades geram conflitos com a comunidade, que normalmente têm origem quando da implantação do
empreendimento, pois o empreendedor não se informa sobre as expectativas, anseios e preocupações
da comunidade que vive nas proximidades da empresa de mineração. (BITAR, 1997).

A recuperação de áreas degradadas pela mineração normalmente envolve atividades que têm o obje-
tivo de restabelecer a vegetação. Segundo Oliveira Jr (2001), “minerar é assegurar, economicamente,
com mínima perturbação ambiental, justa remuneração e segurança, a máxima observância do princí-
pio da conservação mineral a serviço do social”.

E notável que quando ele diz com mínima perturbação ambiental e conservação mineral, esta referindo
dentro desse contexto que o minério de hoje pode produzir rejeito para o minério de amanhã. Porque
hoje com toda tecnologia disponível não é suficiente para aproveitar todo recurso mineral, portanto

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esse rejeito do qual ele refere pode ser aproveitado em um futuro como minério economicamente la-
vrável, com o uso de novas tecnologias.

Diversos são os processos de recuperação das áreas degradadas. Neste contexto, alguns dos resul-
tados contribuem significativamente para o desenvolvimento harmônico da região, evitando sobrema-
neira problemas de desertificação causadas pelo uso inadequado do solo, práticas erradas da minera-
ção, e manejo do solo e vegetação. “A recuperação de áreas degradadas requer a utilização de princí-
pios ecológicos e práticas silviculturas oriundos do conhecimento básico do ecossistema que se vai
trabalhar, com descrição das espécies a serem utilizadas na aplicação de modelos de recuperação”
(LIMA, 2004, p.72).

Observa-se que a questão ambiental foi negligenciada ao longo dos tempos, com relação à mínima
perturbação ambiental, vem sendo imposta, de forma gradativa e irreversível, nas modernas empresas
de projetos de mineração como elemento preponderante.

Com relação à recuperação de áreas degradadas dessa atividade, observa-se que muitos estudos
passaram da teoria à prática e, nos últimos vinte anos, têm atingido alto grau de especificidade visando
à redução destes desses impactos.

Os processos de recuperação de uma área degradada podem ser iniciados através de diferentes mé-
todos, os principais são por meio de medida das de intervenção do homem através do reflorestamento
com mudas e manejo adequado, regeneração natural da vegetação ainda existente. A rapidez da re-
cuperação via regeneração natural dependerá do processo de intemperização dos solos, da proximi-
dade de árvores porta sementes e do banco de sementes. (Sales et al, 2008)

De um modo geral, uma sociedade ambientalistas preocupados com a questão, envolvendo as áreas
lavradas cujas cavas secas e inundadas ou até mesmo frente de lavras , trincheiras, galerias em lavras
subterrânea, áreas de deposição de resíduos sólidos, como: pilhas de disposição bota foras, solos
superficiais, estéreis, bacias de decantação e sedimentação de rejeitos dique de contenção da agua
das chuvas de beneficiamento deve ser observadas pois incluir as áreas de funcionamento de unidades
de beneficiamento, áreas de estocagem e expedição de minérios, vias de circulação de máquina e
equipamentos moveis, escritórios, oficinas , áreas de circulação de maquinas etc.

A recuperação dessas áreas degradadas deve ser planejada antes da implantação do empreendi-
mento, isso vai desde a pesquisa, extração, recuperação da área a fim de prever a desativação das
atividades mineiras e a reabilitação dos terrenos remanescente. O sucesso de um programa de vege-
tação pode ser avaliado segundo diferentes pontos de vista. A recuperação de áreas degradadas pode
ser mais rápida e eficiente ao se usar espécies nativas (AITA et al., 2001).

Os possíveis níveis de recuperação de uma área podem se dividir em:

a) Nível básico - prevenção de efeitos maléficos para a área ao redor do local, porém sem medidas
para recuperação do local que foi minerado.

b) Nível parcial - recuperação da área a ponto de habilita-la para algum uso, mas deixando-a ainda
bastante modificada em relação a seu estado original.

c) Recuperação completa - restauração das condições originais do local (especialmente topografia e


vegetação).

d) Recuperação que supera o estado original da paisagem antes da mineração. Conforme Gripp &
Nonato (1993), o art. 3º do Decreto 97.632/89 estabelece que “a recuperação deverá ter por objetivo o
retorno do sítio degradado a uma forma de utilização de acordo com um plano preestabelecido para
uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”. Em certos casos, o empenho
em recuperar uma área já minerada resulta em melhoramento da estética do local em relação ao estado
original. Em certas situações, as ações de recuperação podem levar um ambiente degradado a uma
condição ambiental melhor que a situação alterada inicial (Sánchez, 2008).

Alguns dos principais problemas constatados na exploração mineral são: assoreamento dos leitos dos
rios por material de capeamento (solo vegetal e solo residual) e por rejeitos da mineração.

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Utilização de monitores hidráulicos para efetuar desmonte da cobertura do solo, carreando volumes
enormes de lama para cursos de água, causando turbidez elevada a jusante das trabalhosas matas
ciliares não protegidas ambientalmente dentro do que determina a legislação, e não raro utilizam estas
áreas como bota-fora dos rejeitos ou estéreis. Desprezo da terra fértil, quando da limpeza de uma nova
frente de trabalho. Águas perenes e pluviais espraiando-se pelo pátio de obras. Falta de um lugar de-
finido como local de bota-fora dos rejeitos.

Portanto, o planejamento ou programa prévio de recuperação é benéfico tanto para a comunidade,


poder público e proprietário do terreno, como para o minerador, que conduzirá suas atividades e o
desenvolvimento da lavra, de acordo com o previsto no programa de recuperação, economizando
tempo e dinheiro.

As técnicas utilizadas para assegurar o uso adequado do solo são numerosas, mas no geral todas
compreendem as seguintes etapas: desmatamento, remoção e estocagem do capeamento do solo,
remodelagem final da área e revegetação. Ver figura 2

Figura 2 Estágios de recuperação das áreas degradadas

Surgem destas observações dois termos muito empregados na recuperação de áreas degradadas.

- Reabilitação orientada de acordo com o plano prévio

Com base em decisões expressas em documento previamente discutido entre o minerador e o pode
publico. Pode se propor a reabilitação da área atribuindo a ela uma função adequada ao uso humano
e reestabelecendo suas principais características conduzindo-a a uma situação alternativa e estável
(MINTER/IBAMA 1990)

- Reabilitação simultânea a extração

Corresponde à incorporação de técnicas disponíveis nas várias etapas que compõem a mineração. A
recuperação simultânea à lavra é amplamente aplicada principalmente em minerações de grande e
médio portes, por facilitar o desenvolvimento da lavra, e principalmente por razões de ordem econômica
e legal.

Etapas Da Recuperação

A recuperação de áreas degradadas requer a utilização de princípios ecológicos e práticas silviculturas


oriundos do conhecimento básico do ecossistema que se vai trabalhar, com descrição das espécies a
serem utilizadas na aplicação de modelos de recuperação. Todavia, para se alcançar pleno êxito nesta

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

tarefa, além do conhecimento das causas da degradação e formas de recuperação, é preciso, também,
conhecer as necessidades sociais, econômicas e os aspectos culturais da comunidade humana local.

A exploração mineral gera a perda da vegetação, dos meios de regeneração bióticos (banco de se-
mentes, plântulas, rebrota) e da camada superficial do solo rica em matéria orgânica, além dos hori-
zontes mais profundos, proporcionando alterações nas propriedades edáficas, sinalizando, desta ma-
neira, para uma redução da capacidade produtiva do ecossistema (FRANCO et al., 1992; RUIVO, 1998)

BARBOSA et al. (1992) recomenda para os trabalhos de recuperação os seguintes passos: Pré-plane-
jamento, desmatamento, remoção e estocagem do capeamento do solo, Obras de engenharia na re-
cuperação, Manejo de solo orgânico, Preparação do local para plantio, Seleção de espécies de plantas,
Propagação de espécies, Plantio, e acompanhamento. Ver figura 3.

Figura 3 Etapas da recuperação de áreas degradadas.

Pré–Planejamento

O pré-planejamento é essencial em recuperação, pois permite a identificação de área problemática


antes que apareça. O pré-planejamento pode assumir várias formas, e uma legislação recente exige o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e o Plano de Recupera-
ção.

Os estudos descrevem as condições ambientais antes de se iniciarem as atividades, sendo a base para
determinação de impactos e da recuperação. Deverão ser identificadas durante estes estudos as áreas
de referência ou as que não serão alteradas durante a mineração e que poderão ser usadas para
orientar o recobrimento vegetal, com fontes de sementes, etc. O Relatório de Impacto Ambiental iden-
tifica e, dentro do possível, quantifica todos os impactos associados com a mineração e atividades
relacionadas, tais como a efetivação de medidas mitigatórias.

Os dois documentos acima citados são utilizados para preparar o plano de recuperação. Este plano
deve conter uma orientação, passo a passo, para os procedimentos que serão empregados para recu-
perar todas as áreas degradadas pela mineração e atividades correlatas.

Objetivos a curto e a longo prazo:

Os objetivos de recuperação são uma parte muito importante do processo de planejamento e devem
ser explicitamente declarados no plano de recuperação ambiental. O processo de recuperação deve
ser direcionado para dar suporte à realização deste objetivo. Segundo FONSECA et al. (2001), a recu-
peração ambiental é a reconstrução de um ambiente que sofreu diferentes graus de alteração, com ou

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

sem intervenção humana, visando à reativação da dinâmica natural da comunidade local, similar àquela
preexistente

Remoção e Estocagem do Capeamento do Solo

Segundo BLUN (2000), O revestimento vegetal do local minerado pode corrigir ou diminuir, substanci-
almente, os impactos provocados pela mineração sobre os recursos hídricos, e visuais da área. Nor-
malmente, a vegetação existente no início da mineração é eliminada no começo das atividades.

Blun et al (2000), recomenda alguns procedimentos para remoção da vegetação e das lavras:

Retirar qualquer material com valor comercial, como a madeira, para depois remover completamente a
cobertura vegetal.

Remover completamente todo solo orgânico.

Remover o solo estéril e o minério. A deposição de solo estéril ocorre ao mesmo tempo em que ocorre
a escavação. Esta fase é decisiva para a recuperação, pois a futura paisagem estará sendo definida.
Sempre que possível, o estéril deve ser depositado na mesma sequência que foi retirado - isto vai
garantir que o melhor material esteja depositado na superfície. Ver figura 4

Figura 4 - Remoção e armazenamento do material orgânico do de capeamento.

Obras de Engenharia na Recuperação

Do ponto de vista ecológico, o controle de taludes e de água parece ser um fator importante para
alcançar a estabilidade de áreas mineradas. Segundo FREITAS Rodrigo, et al (2009), Em situações de
mineração nos trópicos, a água parece ser o fator que mais cria instabilidade. Isto se manifesta através
de deslizamentos de superfície e transporte de partículas ou movimentos de massa dos depósitos es-
téreis, em virtude da saturação e/ou das condições lubrificantes da água, causando sedimentação nos
cursos de águas. As técnicas para controle da sedimentação nos cursos de água, controle de taludes
e águas são as seguintes:

Instalar represas ou escavações de lagoas (ver figura 5), para facilitar a deposição do sedimento pro-
veniente das lavras, antes que este se deposite nos córregos ou rios, Pode, também, elaborar projetos
que minimizem a modificação da área durante a extração de minerais. Deve evitar modificações no
leito original dos cursos d’água criando pontes ou outras obras quando estradas de acesso passarem
pelos mesmos.

Figura 5 Represa de captação de água.

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Griffith et al (2009), recomenda que caso já ocorra problema de assoreamento, deve-se remover do
leito natural, o entulho já depositado, o que envolverá catação de grandes blocos de limpeza com re-
troescavadeira de material granulado. O trabalho de desmonte hidráulico é inadmissível sem prévia
decantação em barreiras adequadamente dimensionadas e construídas, segundo diversas tecnologias
disponíveis. O mais adequado é a construção de barragens com estéril e rejeitos provenientes da frente
de lavra.

Modificar o mínimo possível da área durante a mineração. As áreas já conturbadas devem ser recupe-
radas progressivamente, sem esperar seu abandono após a mineração. A área minerada deve ficar
exposta o mínimo de tempo possível.

Freitas Rodrigo (2009) recomenda implantar, progressivamente, os trabalhos de gradagem e revesti-


mento, colocando, pelo menos, vegetação temporária ou cobertura morta por cima da área, se houver
demora no estabelecimento da vegetação permanente. Nos últimos anos foi desenvolvida uma nova
técnica de gradagem com aparelhos que sulcam e alisam o terreno simultaneamente.

Evitar a colocação dos restos das escavações nos cursos de água.

Evitar a modificação do leito original dos cursos de água; quando as estradas de acesso passarem por
cima ou acima dos cursos d'água, as pontes ou outras obras devem ser construídas de modo que a
drenagem não atinja o curso de água que está abaixo. Também se deve evitar que os cursos de água
sejam poluídos durante a construção da ponte ou a instalação de canalização.

Todo estéril deve ser depositado de maneira controlada, envolvendo uma camada drenante na base
da pilha, algum tipo de drenagem interna, uma base estabilizada de rocha, bancadas que drenem de
fora para dentro e para as laterais do depósito.

A construção de terraços também é reconhecida como uma prática viável para recuperação de áreas
que sofreram mineração. (A formação de terraços aumenta a estabilidade e favorece a recuperação. A
largura dos terraços varia de 3 a 15m, com uma média de 10m. A distância vertical varia de 8 a 20m,
deve-se evitar o alto grau de declividade entre os terraços).

Construir terraços ou banquetas com solo compactado e coberto com vegetação vigorosa ao pé das
escavações da mineração. Estes terraços diminuirão a velocidade da enxurrada e receberão seus de-
pósitos de sedimentação antes que estes atinjam o curso de água.

Manejos de Solo Orgânico

A mineração de superfície exige a retirada da vegetação e da capa superior do solo existente sobre o
minério. Esta capa enriquecida com material orgânico é deslocada para qualquer posição, o que, muitas
vezes, favorece sua perda. O manejo do solo e da matéria orgânica influencia tanto os rendimentos
obtidos na produção agrícola como a qualidade ambiental, (Pinto e Crestana, 1996).

O ideal para armazenagem de solo orgânico é removê-lo e armazená-lo misturado com a vegetação
do mesmo local, convertida mecanicamente em cobertura morta. O solo pode ser amontoado em ca-
madas de terra de até 1,5 metros de altura e de 3 a 4m de largura, com qualquer comprimento. O solo
armazenado deve ser protegido dos raios solares com cobertura de palha.

Segundo ALCANTARA et al (2008), O manejo do solo é o conjunto de todas as práticas aplicadas a


um solo visando a produção agrícola. Inclui operações de cultivo, práticas culturais, práticas de corre-
ção e fertilização, entre outras.

Antes da reposição do solo orgânico que tinha sido armazenado, a superfície do depósito de estéril a
ser recuperado deverá ser escarificada em curvas de nível a uma profundidade de pelo menos 1 metro,
para atenuar a compactação. Depois da aplicação do solo orgânico, a escavação deverá ser repetida.
Para o cultivo de gramíneas, recomenda-se que esses solos sejam espalhados numa capa de 5 a 8
cm. Para plantio de árvores ou arbustos, a profundidade deve ser superior a 30 cm. Ver figura 6

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Figura 6 Recolocações da camada orgânica sobre a área a revegetar

Preparações Do Local Para Plantio

É essencial que se conheçam as características químicas do material que será o meio de crescimento
e o como isso afeta o crescimento das plantas. O fertilizante mais usado nas minas é o composto de
nitrogênio-fósforo-potássio (NPK). Usa-se também uma rocha fosfática, especialmente no plantio de
espécies arbóreas. Este fertilizante tem uma solubilidade lenta, é usado para garantir um suplemento
de fósforo a longo prazo.

Outro corretivo agrícola utilizado em problemas edáficos provenientes de alta acidez é o calcário. O
tratamento dos solos com cinzas industriais pode corrigir, pelo menos parcialmente, a acidez dos solos
minerados. O uso de resíduos de esgoto sanitário, aplicação de cavacos de madeira dura, esterco,
bagaço de cana, serragem e outros materiais também são medidas potenciais para a redução da acidez
do solo.

Com a escarificação profunda, os corretivos deverão ser incorporados com o uso de máquinas que se
movimentem ao longo das curvas de nível. A superfície final deverá ser áspera, tanto para interromper
o escoamento das águas pluviais como para criar micro-habitat para germinação de sementes. Reco-
menda-se que toda gama de corretivos de solo seja investigada e aplicada em uma base quantitativa,
de acordo com as necessidades pré-determinadas. Deve-se dar maior ênfase ao uso de corretivos
orgânicos, especialmente ao uso de produtos residuais orgânicos da vizinhança. Afinidades microbio-
lógicas devem ser investigadas, começando com micorrizas e progredindo para a comunidade geral de
decompositores. Deve-se dar maior ênfase à criação de diversidade dentro do habitat da recuperação.

Seleções de Espécies de Plantas

A escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradadas deve ter como ponto de
partida estudos da composição florística da vegetação remanescente da região. Segundo DAVIDE
(1999), A escolha de espécies vegetais para utilização em recuperação de áreas degradadas deve ter
como ponto de partida estudos da composição florística das matas remanescentes da região.

A partir destes levantamentos, experimentos silviculturas devem ser montados procurando explorar a
variação ambiental e níveis de tecnologia, sendo que as espécies pioneiras e secundárias iniciais de-
verão ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies para a região. Todavia, para se alcançar
pleno êxito nesta tarefa, além do conhecimento das causas da degradação e formas de recuperação,
é preciso, também, conhecer as necessidades sociais, econômicas e os aspectos culturais da comuni-
dade da região local. Uma comunidade pobre, que dependa exclusivamente do recurso natural como
a vegetação para sua sobrevivência, deve utilizá-lo de forma racional a fim de mantê-lo para as próxi-
mas gerações. Isto sé é necessário que se explore apenas o suficiente e que haja reposição do que foi
retirado (LIMA, 2004).

A recuperação de solos degradados pode ser buscada por meio da cobertura que tenham facilidade de
estabelecimento, rápido desenvolvimento de cobertura e que melhorem as condições físicas, biológicas
do solo. Por outro lado, comenta Davide (1994), que as espécies pioneiras e secundárias iniciais deve-
rão ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies. Podem-se buscar três opções que poderão
ser utilizadas isoladamente ou em conjunto:

a) Utilização de espécies florestais para aplicação no modelo de sucessão secundária.

b) Espécies florestais para formação de povoamentos puros.

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c) Utilização de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas. O ponto de maior importância a ser consi-
derado com relação ao revestimento vegetal de áreas mineradas é a sobrevivência das plantas nas
condições extremamente adversas do local. A escolha da espécie deve considerar: valor econômico
potencial da espécie; a influência da planta sobre a fertilidade do solo; a utilidade da planta como abrigo
e alimento para fauna; e o efeito estético. Ver figura 7.

Figura 7 Pilhas de estéril em fase de recuperação

Espécies nativas devem ter preferência sobre as introduzidas. Estas em geral criam problemas em
algum ponto do futuro, como, por exemplo, a susceptibilidade a doenças ou a insetos, a exclusão de
outra vegetação desejável, inibição do ciclo de nutrientes, susceptibilidade ao fogo, exclusão da fauna,
uso excessivo de água, interrupção e supressão de interação biológica, etc.

As espécies introduzidas podem contribuir mais significativamente na procura de objetivos em curto


prazo. As gramíneas podem ser descritas como espécies que apresentam crescimento rápido, baixa
exigência em fertilidade, alta capacidade de perfilhamento e sistema radicular que proporciona melhor
suporte mecânico para o solo, além do perfilhamento contribuir para a sustentabilidade do sistema, por
meio do fornecimento de matéria orgânica, devido à grande capacidade de produção de biomassa
(Pereira, 2006). Depende do objetivo da recuperação, se a produção de lenha é o objetivo a curto
tempo, o eucalipto aparece insuperável em termos de produção.

As espécies lenhosas usadas em recuperação são predominantemente árvores nativas. Estas são al-
gumas das mais utilizadas: Mimosa scabrella, Eucalyptus spp, Tabebuia spp, Inga spp, Pinus spp,
Acacia spp, Parapiptadenia rigida, Peltophorum dubium, Leucaena leucocephala, Balfourodendron rie-
delianum.

Outras espécies utilizadas: Schinus terebinthifolius, Eugenia uniflora, Psidium catleianum, Vitex mega-
potamica, Luehea divaricata e Cupania vernalis.

Quase a totalidade das minas utiliza espécies de gramíneas introduzidas, pois a falta de sementes, a
ausência de conhecimento sobre adequação das espécies e os problemas de germinação têm desen-
corajado o uso das gramíneas nativas e, consequentemente, promovido uma dependência de espécies
introduzidas. Algumas espécies de gramíneas úteis para revestimento vegetal de taludes (Ambiente
Brasil, 2010):

Segundo MENDES (2009), É preciso considerar a importância das leguminosas lenhosas e herbáceas
na seleção de espécies, em virtude da possibilidade de fixar o nitrogênio da atmosfera. Um bom exem-
plo de herbácea nativa que deve ser utilizada é a Schrankia spp. Exemplos de leguminosas de verão:
milheto e mucuna-preta; leguminosas de inverno: aveia preta e ervilhaca. Grande parte dessas espé-
cies apresenta elevada produção de biomassa com significativo aporte de folhas ao solo, proporcio-
nando assim rápida formação de litter, e consequentemente intensa ciclagem de nutrientes.

As gramíneas do gênero Brachiaria se destacam pela capacidade de adaptação aos diferentes ambi-
entes, facilidade de manejo e aceitabilidade econômica. A Brachiaria decumbens possui crescimento
decumbente, cobrindo rapidamente o solo, tolerância ao sombreamento, à seca e à baixa fertilidade do
solo, e adaptação em regiões de clima tropical, com temperaturas elevadas e precipitação anual entre
de 800 e 1.200 mm (Pereira, 2006).

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A fauna deve ser considerada quando se selecionam espécies de plantas para recuperação. A recupe-
ração não deve somente empenhar-se em estabelecer o habitat faunístico, mas atrair a fauna para os
locais recuperados, com o propósito de incrementar a diversidade de espécies de plantas conforme a
necessidade local.

Propagações de Espécies

A propagação de espécies refere-se ao crescimento de espécies lenhosas em um viveiro para plantio


posterior em áreas a serem recuperadas. A altura média das mudas deve ser de 50 cm. Plantam-se
mudas maiores quando há competição grave de gramíneas ou quando pode haver danos por animais
ou pelo próprio homem. A mistura mais usada nos viveiros para preencher os saquinhos é a seguinte:
solo vegetal enriquecido com material como esterco, húmus de minhoca, serragem, vegetação, vege-
tação morta e uma camada de terriço da floresta. Todos os viveiros aplicam nitrogênio, fósforo e po-
tássio à mistura de solo e alguns adicionam uma mistura de micronutrientes.

Plantio

Usa-se em recuperação duas técnicas básicas de cultivo: semeadura ou plantio de mudas. A escolha
do método depende de fatores como a natureza da área a ser semeada, o tamanho e a capacidade
germinativa das sementes e as características de propagação de espécies individuais. Ferreira et al.
(2007), afirmam que a semeadura direta pode ser utilizada em situações onde não pode ocorrer a
regeneração natural e nem o plantio de mudas, além de ser um método versátil e barato. Mas apesar
das vantagens apresentadas, a técnica de semeadura direta apresenta em contra partida uma germi-
nação irregular e com predominância de poucas espécies, sendo em muitas vezes necessário fazer
uma reposição das sementes que não germinaram, para que se chegue ao resultado esperado. A se-
meadura pode ser feita a lanço ou por hidro-semeadura. Em vez de enterrar sementes em sulcos, a
semeadura a lanço as deixa exposta na superfície do local, exigindo a colocação de uma cobertura de
solo. Veremos na figura 8 e 9.

Figura 8 Cobertura feita com hidro-semeadura

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Figura 9 Cobertura colocada sobre o solo

Freitas et al (2009), a hidro-semeadura é uma técnica mecanizada, semelhante à semeadura a lanço.


O aparelho utilizado consta de um tanque, de uma bomba, de agulheta e motor. A mistura de sementes,
água e fertilizantes pode ser lançada a uma distância de 60 metros. As vantagens da hidro-semeadura
são: capacidade de cobrir áreas inacessíveis (declives íngremes, por exemplo), rapidez e economia.
Outros cuidados que devem ser tomados no processo de semeadura direta consistem na escolha de
espécies vegetais que possuam maior resistência e que possuam fácil germinação.

Em geral, é melhor plantar as gramíneas um pouco antes da época chuvosa, quando se pode contar
com a precipitação. Uma cobertura de gramíneas pode também ser obtida por meios vegetativos,
usando placas de grama ou estolões. Mas são medidas extremamente onerosas.

O plantio de mudas envolve em primeiro lugar a escavação de uma cova, o espaçamento médio deve
ser de aproximadamente 4 x 4 metros. O espaçamento depende das espécies selecionadas e do uso
futuro escolhido do solo. As plantações de eucalipto têm espaçamento mais fechado, enquanto as ár-
vores nativas têm espaçamento mais amplo.

A prática do plantio de árvores juntamente com gramíneas é recomendada, uma vez que as gramíneas
asseguram uma boa proteção do solo, enquanto as árvores estão crescendo. RODRIGUES et al, (2009)
citado por RIBEIRO Castro (2012), traz uma das vantagens de se adotar o método de plantio direto de
mudas, é que logo após o desenvolvimento das espécies pioneiras o solo. Onde desenvolverá camadas
de serapilheira e húmus, o que atrairá animais dispersores de sementes, como aves e roedores, que
acelerarão o processo de sucessão vegetal e a completa recuperação da área degradada após alguns
anos.

Recuperar uma coisa que não houve planejamento e por isso degradou aleatoriamente e muito mais
caro e difícil. Aqueles que planejaram saíram muito bem e o fizeram com mais facilidade por que já
sabia como recuperar, o que recuperar e quanto ia gastar pra recupera.

Recuperação executada simultaneamente à mineração, e não a restringindo ao final do empreendi-


mento e o tipo ideal e que atendes as leis ambientais. Recuperação orientada de acordo com um plano
prévio: execução com base em decisões expressas em documento previamente discutido e definido
entre minerador, poder público e comunidade envolvida, apontando para o aproveitamento das áreas
degradadas – PRAD (Programas de Recuperação de Áreas Degradadas).

Custos Associados À Recuperação De Áreas Degradadas

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Em relação a recuperação de áreas degradadas, Gama (2011) informa que a identificação, a avaliação
da importância relativa e o monitoramento dos impactos ambientais, no sentido de minimizá-los, eli-
miná-los ou administrá-los de modo a proteger efetivamente o meio ambiente, devem ter seus custos
incorporados aos estudos de viabilidade econômica do projeto mineiro.

Por outro ângulo, Carter et al (1989), enfatiza a necessidade de pensar em meio ambiente e suas
correlações econômicas no início dos projetos mineiros, pois nesse momento as empresas estão capi-
talizadas e o meio ainda não foi degradado; além de possibilitar a execução de estudos ambientais
simultâneos a outros relativos a atividade em si e suas operações.

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