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Planejamento e elaboração de

Planos de Recuperação de Áreas


Degradadas -PRAD

Prof. Dra. Erika Cortines


Instituto Três Rios – UFRRJ - Gestão Ambiental
Departamento de Ciências do Meio Ambiente
Motivos para se recuperar...
 Termos de Ajuste de Conduta;
 Recomposição de RL e APP (Adequação ao Cód. Florestal);
 Restauração de parte de UC`s;
 Projetos de pagamento por serviços ambientais;
 Projetos voluntários;
 Neutralização de carbono;
 Plano de bacias hidrográficas.
Conceitos de RAD

Degradação → As atividades que


transformam o ambiente de tal maneira que
ele por si só não consegue retomar seu
equilíbrio;

Perturbação → Modificação parcial do


ambiente onde ainda restam condições de
restauração deste ambiente sem necessidade
da intervenção humana.
Área Degradada
BABEL DE CONCEITOS - Grimm & Wissel (1997)

• KAGEYAMA et al., 1992; ARPANELLI et al., 1990; CARPANEZZI et al. (1990)


- aquela que, após o distúrbio, teve eliminado, juntamente com a
vegetação, os seus meios de regeneração bióticos, como o banco de
sementes, banco de plântulas, chuvas de sementes e rebrota,
apresentando baixa capacidade de voltar ao seu estado anterior.

• DUBOIS et al. (1996) – áreas estragadas ou desgastadas, ou seja, áreas


que perderam boa parte ou toda sua capacidade produtiva.

• FAO (1992) - redução da quantidade e qualidade da capacidade atual e


futura do solo para produção vegetal.

• PINHEIRO, 2004; SILVA, 2002 – aqueles cujas ações antrópicas


modificaram o ecossistema de tal maneira que os mecanismos naturais
são perdidos e, por isso, há necessidade de nova intervenção antrópica
para reversão da situação presente.
Resiliência
• CAPACIDADE de um ecossistema se RECUPERAR de flutuações
internas provocadas por distúrbios naturais ou antrópicos (Tivy,
1993)

• Indica a CAPACIDADE de se recuperar quando o SISTEMA é


desequilibrado por uma perturbação (Odum, 1983)

• É a medida da CAPACIDADE de um ecossistema ABSORVER


TENSÕES ambientais sem mudar seu estado ecológico
perceptivelmente para um estado diferente (Zedler & Cooper,
1980)

• Quanto menos resiliente, mais FRÁGIL o ecossistema e mais


sujeito a degradação (Tivy, 1993)
< resiliência > resiliência

Imagem do Lmbh
Restauração/recuperação da paisagem
Objetivos
• Restaurar a heterogeneidade da paisagem ao propiciar o
reestabelecimento do regime natural da perturbação (Baker,
1994);

• Recuperar parte da diversidade biológica ao restabelecer os


fluxos biológicos (Dobson et al., 1997);
• Recuperar os processos naturais de uma paisagem saudável
(Aronson & Le Floc’ h, 1996);

• Restabelecer a beleza cênica em áreas intensamente


degradadas pelas atividades antrópicas (Harker et al., 1993);
Fragmentação
• É o processo de ruptura na continuidade espacial de
habitats naturais (Lord & Norton, 1990);
• Esta descontinuidade geralmente provoca ruptura dos
fluxos genéticos entre as populações deste habitat;
Fonte: @arvoresertecnologico
Fragmentação Florestal
Conectividade
• Capacidade de uma paisagem de facilitar os fluxos de
organismos, sementes e grãos de pólen (Urban &
Shugart, 1986) apresentando aspectos estruturais e
funcionais (Wiens et al., 1997).
Conectividade
• Quando o efeito da fragmentação se torna muito
intenso, haverá necessidade de intervenções para
aumentar a diversidade biológica e os seus fluxos;
Quando é necessário restaurar?
• Para uma determinada espécie, considera-se que a
restauração torna-se necessária quando a distância
média entre os fragmentos torna-se maior do que a
distância que a espécie é capaz de atravessar fora do
seu habitat natural;
• Ou seja, quando a conectividade não compensa mais
os efeitos da fragmentação (Metzger & Decámps,
1997);
• A partir deste momento a diversidade tende a cair
rapidamente.
Em fragmentos muito pequenos o efeito de
borda aumenta o risco de extinção das espécies
Estratégias complementares
Redução do risco de extinção
• Aumento da área efetiva do fragmento;
• Proteção das bordas do fragmento;

Fonte: Metzger, 2008.


Zona tampão
• Pode-se estabelecer uma zona tampão ao redor do
fragmento;
• Com isso reduz-se o efeito de borda, alteração do
microclima, aumento da mortalidade, predação e
parasitismo;
• Nesta zona tampão, pode-se trabalhar com espécies de
valor econômico garantindo um retorno $ e uma
amenização do efeito de borda;

Fragmento florestal

Ex: Agrofloresta
Ampliação do fragmento
Estratégias para aumentar a conectividade

Fonte: Metzger, 2008.


Importância dos corredores de biodiversidade
Aumento da área / plantio na borda do fragmento /
corredores ecológicos
I – Fragmento bom, deveria ser conservado;
II – Ações de restauração p/ < risco de extinção;
III – Ações p/ > da conectividade;
IV – condições mais críticas – rede de fragmentos (Metapopulações)
Técnicas de restauração diferentes
• Cada tipo de estratégia escolhida irá utilizar uma
determinada técnica de restauração;
Recuperação x Restauração x Reabilitação

• Recuperação → Busca recuperar a função do


ecossistema; ex.: estabilização de superfícies, controle
de poluição, melhoria visual e aumento da
produtividade do sítio.

• Restauração → Busca restaurar a estrutura e função


original do ecossistema; Precisa ter resiliência
ambiental para se atingir as metas; Quanto menor for o
dano causado, mais fácil a restauração.

• Reabilitação →Busca dar nova destinação a área


degradada; A área nem com auxílio do homem
consegue retomar sua função e características originais.
Deslizamento em Zona Intangível do
Parque Nacional da Serra dos Órgãos

2015

2018

Fotos: Luis Fernando, 2021


Pedreiras Reabilitadas em Curitiba - PR
Pedreiras Reabilitadas em Curitiba -PR
Técnicas de recuperação
• Biológicas – uso de espécies vegetais e ou
animais na recuperação (plantio direto,
transposição de serrapilheira, etc...);

• Físico-biológicas - Aliam técnicas físicas com


materiais biológicos (ex. Bioengenharia);

• Físicas - São obras de engenharia civil agindo na


recuperação (Diques, escadas, muros de
contenção, etc...)
Medidas biológicas

Viveiro de mudas

Plantio das mudas

Plantios diversos

Foto: Acervo LMBH


Foto: Acervo LMBH
Cinturão verde:
Tem função estética
(obstrução visual)
ANTES

NA IMPLANTAÇÃO

DEPOIS
Foto: Acervo LMBH
Formas de plantio
PLANTIO ILHA DE ILHA MAIS
TOTAL DIVERSIDADE MANCHAS

P + NP P MATRIZ

Kageyama & Gandara (2000)


Plantio com linhas de preenchimento
Plantios com linhas de diversidade
Transposição de horizonte superficial e serrapilheira

• Nas áreas com autorização para supressão de vegetação, se remove a camada


superficial do solo e serrapilheira, realocando-a em área de restauração;
• A remoção de serrapilheira em áreas naturais não pode prejudicar os processos
ecológicos locais.
• Traz para a área degradada matéria orgânica, fauna do solo, sementes, etc...
Medidas Físico-Biológicas
Medidas físico-biológicas

Almofadas

Foto: Acervo LMBH


Foto: Acervo LMBH
Medidas Físicas

Muros

Gabiões
Dique

Canaletas
A técnica empregada dependerá do
grau de resiliência da área
Lei de Proteção a vegetação nativa
Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012

• Art. 1º - Esta Lei estabelece normas gerais sobre a


proteção da vegetação, áreas de Preservação
Permanente e as áreas de Reserva Legal; a
exploração florestal, o suprimento de matéria-
prima florestal, o controle da origem dos produtos
florestais e o controle e prevenção dos incêndios
florestais, e prevê instrumentos econômicos e
financeiros para o alcance de seus objetivos.
Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012
• Área de Preservação Permanente - APP: área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas;
APP de margem de rio

Largura da APP

Largura de recomposição da vegetação de APP


APP de nascentes
• III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade
ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa;
Art. 29. É criado o
Cadastro Ambiental Rural (CAR)
• Registro público eletrônico de âmbito nacional,
obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade
de integrar as informações ambientais das propriedades e
posses rurais, compondo base de dados para controle,
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e
combate ao desmatamento.
Portal da Restauração Florestal - RJ
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD
Objetivos
• Estabelecer critérios para a apresentação de
Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas para
análise pelo INEA;
• O TR será aplicado em projetos de recuperação,
recomposição, reabilitação ou restauração ecológica
de áreas degradadas, alteradas, perturbadas ou
desflorestadas.
Resolução INEA No 36/2011

Art. 1º-O Termo de Referência (TR) é exigido para:


 I - projetos que visem à reparação de danos ambientais que
forem objeto de autuações administrativas de
desmatamentos, queimadas e infrações similares;
 II - projetos de recomposição de florestas em área de reserva
legal;
 III - projetos de reposição florestal, implantação de
corredores ecológicos e restauração de áreas de
preservação permanente, exigidos como condicionantes em
processos de licenciamento ambiental;
 IV - projetos de recomposição florestal previstos em Termo
de Ajustamento Ambiental - TAC ou como condicionantes de
Autorizações de Supressão de Vegetação - ASV.
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD

Formulário
Requerimento
(disponível em www.inea.gov.rj)
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
2.1. DIAGNÓSTICO REGIONAL
• Clima, regime de precipitação, formação vegetal
predominante (IBGE, 1991), identificação das espécies
vegetais predominantes na região destacando as
endêmicas, raras, ou ameaçadas;
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD

2.2. DIAGNÓSTICO DO SÍTIO

• coordenadas (UTM) dos vértices das áreas a serem recuperadas,


orientação geral das encostas, vegetação atual predominante,
relevo (declividade média), microbacia onde o sítio está
inserido, cursos d`água, nascentes e drenagens naturais,
pedologia com análise físico-química do solo, principais
indicadores de degradação (erosão, gramíneas, fonte de
propágulo, regeneração, etc...), Inserção da área em UC’s,
Corredores ecológicos ou áreas prioritárias para conservação.
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD
2.3. PLANTA DE SITUAÇÃO DA ÁREA
• Curvas de nível, APP’s, hidrografia, afloramentos
rochosos, estradas, vias de acesso, remanescentes
florestais próximos (impresso e em meio digital).

3. MÉTODO
 Detalhar as estratégias de restauração (plantio de
mudas, semeadura direta, nucleação, condução
regeneração, etc..);
 Detalhar as medidas físicas (obras) para disciplinamento
da rede de drenagem, contenção da erosão,
reconformação topográfica, em etapa anterior ao plantio;
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD
3.1. ESPÉCIES VEGETAIS A SEREM EMPREGADAS
NO PROJETO
• Tabela com o nome científico e nome vulgar, se fazem
parte ou não da flora regional, grupo ecológico;
• Justificativa da escolha de espécies, da diversidade
proposta, da proporção por grupo ecológico adotada,
com base nas características físicas, químicas e
biológicas da área;
• Procedência e tamanho das mudas e/ou das sementes;
• Espaçamento, forma de plantio, e se for o caso indicar a
distribuição espacial de espécies por grupo ecológico.
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD
3.2. SETORIZAÇÃO DO REFLORESTAMENTO
• Área de cada setor (ha);
• Justificativa da setorização proposta conforme
características e particularidades físicas e ambientais
de cada setor;

Área de empréstimo
para construção da
UHE-Tucuruí, PA.
Fonte: ACERVO, LMBH
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD

4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS, DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS E DAS


OPERAÇÕES DE CAMPO.

• Atividades a serem desenvolvidas – cercamento,


aceiro, limpeza, calagem adubação, preparo de
propágulos, transporte, controle fitossanitário, plantio,
semadura, manutençaõ e manejo;
• Definir técnicas e equipamentos utilizados,
periodicidade da operação, etc...;
• Planejamento da manutenção e monitoramento até o
sombreamento das gramíneas invasoras e
sustentabilidade do projeto;
Resolução INEA No 36/2011
Termo de Referência PRAD

• 5. CRONOGRAMA
• Apresentar cronograma físico por etapa (implantação,
manutenção, manejo e monitoramento).
• 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
• 7. EQUIPE TÉCNICA – responsável técnico pela
elaboração, execução e acompanhamento, formações
acadêmicas e titulações;

Ex.: PRAD apresentado na disciplina TR 371 – Recuperação de Áreas Degradadas


Gestão Ambiental/UFRRJ
PLANAVEG
• https://www.gov.br/mma/pt-
br/assuntos/servicosambientai
s/ecossistemas-
1/conservacao-1/politica-
nacional-de-recuperacao-da-
vegetacao-
nativa/planaveg_plano_nacion
al_recuperacao_vegetacao_na
tiva.pdf
Sistema Estadual de Monitoramento
de Áreas em Restauração Florestal
• https://89e3409d-9b49-4673-8d99-
be2ef391e458.filesusr.com/ugd/3c5cc7_99df9cc985094bef9a414e767bbbf27d.pdf?index=true
Pacto para restauração da Mata Atlântica
• https://pactomataatlantica.org.br/
Atlas dos Mananciais de Abastecimento
Público do Rio de Janeiro
• http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2019/01/Livro_Atlas-dos-
Mananciais-de-Abastecimento-do-Estado-do-Rio-de-Janeiro.pdf
Pacto Pelas Águas- INEA-RJ
• https://inea.maps.arcgis.com/apps/MapSeries/index.html?appid=bfe87a4210b34
2f9b094f62e3938e299
Áreas Prioritárias para restauração na
RH IV- Piabanha
Há muito trabalho pela frente....

Mas uma nova realidade é possível.

Área Restaurada na Reserva Ecológica de Guapiaçú –


REGUA, RJ
Foto: Erika Cortines
VAMOS REFLORESTAR?

OBRIGADA!
Erika Cortines
ecortines@ufrrj.br

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