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BACHARELADO EM AGRONOMIA
Avaliação de Impactos Ambientais
PRAD
08 de Agosto de 2022
1. INTRODUÇÃO
A propriedade com área 4,72 hectares foi adquirida pelo atual proprietário há alguns anos e
desenvolve atualmente atividades de olericultura irrigada. No que se refere a uma avaliação
histórica de uso do solo, o GOOGLE EARTH possui imagens que comprovam que no ano de 2002
a citada propriedade já desenvolvia atividades de olericultura irrigada e a área já se encontrava
desmatada (Figura 1).
O presente PRAD visa detalhar as ações necessárias a recuperação de área degradada
próxima a curso d'água, que segundo o Relatório de Auditoria e Fiscalização do IBRAM, indicou
desmatamento de vegetação nativa feita pelo proprietário para implantação de cultivos de milho e
hortaliças na Área de Preservação Permanente. Vale destacar que historicamente a propriedade foi
utilizada para a produção e comercialização de hortaliças (Imagem 1).
Segundo a Lei Complementar nº 803 de 25 de abril de 2009 (PDOT), a área está localizada
na Zona Urbana de Expansão e Qualificação. De acordo com o Plano de Manejo da APA do
Planalto Central, aprovado pela Portaria nº 28/2015-ICMBio, a área está localizada na Zona de
Proteção de Mananciais (ZPM). Vale destacar que uma avaliação histórica de imagens áreas obtidas
pela programa GOOGLE EARTH (Imagem 1) indica se tratar de um desmatamento feito em
período anterior ao ano 2002, e, somado a isso, a mesma possui dimensões inferiores a 1 (um)
módulo fiscal e é gerenciada por agricultora familiar.
Com isso, o objetivo desse PRAD é a realização da limpeza e coleta de lixo oriundo de
enxurradas do córrego Vicente Pires; Proteção das margens da APP contra entrada de animais
(cavalo); Estabilização do solo presente nas margens do curso d'água; e adensamento da vegetação,
por meio do plantio e manutenção de sementes florestais nativas do cerrado.
Figura 1: visualização aérea da área (Google
Earth) no ano 2002.
3. PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO
4. TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO
O primeiro passo da recuperação da área será feita pela limpeza e coleta de lixo oriundo de
enxurradas do córrego Vicente Pires, sendo importante destacar que essa atividade possui um
caráter permanente e será executada após cada período chuvoso. Em seguida, será montada e
mantida em operação cerca elétrica visando a proteção das margens da APP contra entrada de
animais (cavalo). Em terceiro lugar, será feito o plantio de capim vetiver (Chrysopogon zizanioides)
visando a estabilização de solos existentes nos 5 metros de APP (164 metros lineares das margens
do córrego / 723 m²), sendo indicado o espaçamento de 1 metro x 1 metro para o uso dessa planta
que historicamente vem sendo utilizada em projetos de engenharia civil por possuir elevada
capacidade de enraizamento / fixação de taludes.
Por fim, uma vez que o solo esteja estabilizado, será feito o plantio e manutenção de plantas
nativas do cerrado, seja por semeadura direta ou mudas visando o atendimento do inciso 13-IV do
Art. 61-A da LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE
2012 e LEI Nº 12.727, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012. Art. 61-A:
§ 13. A recomposição de que trata este artigo poderá ser feita, isolada ou
conjuntamente, pelos seguintes métodos:
IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, exóticas
com nativas de ocorrência regional, em até 50% (cinquenta por cento) da área total a
ser recomposta, no caso dos imóveis a que se refere o inciso V do caput do art. 3º ;
A recuperação da área com espécies nativas será feito com o semeio direto de sementes
(florestais e plantas de cobertura) seguindo as indicações feitas por SILVA (2017), feitos em
covas/berços com dimensões estimadas de 40 cm x 40 cm x 40 cm e distância entre covas/berço
variável.
Figura 4: densidade
de semeio (kg/hectare) e os respectivos nomes populares, científicos, grupos ecológicos/funcionais
e comportamento quanto ao armazenamento das espécies utilizadas no PRAD
Para o monitoramento da eficácia das ações propostas neste PRAD serão usados os
parâmetros definidos na Nota técnica COFLO/SUGAP/IBRAM nº 01/2018 - indicadores ecológicos
para a recomposição da vegetação nativa no Distrito Federal.
O Protocolo de monitoramento da recomposição da vegetação nativa no Distrito Federal
(Souza;Vieira, 2017) é resultante de trabalhos integrados entre instituições no âmbito da Aliança
Cerrado, o qual conta com contribuição técnica do IBRAM e consiste na publicação oficialmente
adotada para avaliação dos resultados da recomposição da vegetação nativa. Entre os procedimentos
estabelecidos, cabe destacar a delimitação do polígono de recomposição, que é uma área
ambientalmente homogênea com relação à vegetação e uso do solo, que receberá o mesmo método
de recomposição em um mesmo período, e para o qual será identificada a formação de vegetação a
ser recomposta e serão aferidos os indicadores ecológicos. Pelo método de interceptação de pontos
em linha de 25 m será aferido o indicador de cobertura de copas e do solo e por meio de parcelas
amostrais de 100m2 serão aferidos os indicadores de densidade de regenerantes e número de
espécies, cujos procedimentos, número e distribuição das parcelas amostrais em função do tamanho
dos polígonos de recomposição estão especificados no Protoloco de Monitoramento (Souza;Vieira,
2017).
A definição dos indicadores ecológicos para as formações campestres, savânicas e florestais
que compõe o bioma Cerrado, fundamentou-se nas seguintes constatações e recomendações (Vieira
et al 2017):
Para formações florestais a cobertura de 80% de copas tem potencial de inibir
significativamente a presença de gramíneas exóticas invasoras, atrair dispersores de sementes e
recuperar a qualidade do habitat favorecendo o ingresso de novas espécies; a densidade de
regenerantes acima de 3.000 indivíduos por hectare poderá garantir que os indivíduos do dossel já
formado sejam substituídos e o número mínimo de 20 espécies pode garantir a presença de
diferentes classes sucessionais cumprindo diferentes funções ecológicas.
Para formações savânicas e campestres as medidas de cobertura devem contemplar os
estratos herbáceo e arbustivo predominantes nessas formações identificando: lenhosas nativas,
capim nativo, vegetação nativa, gramíneas exóticas e cobertura total (nativas ou exóticas), e que a
proporção destes componentes seja equilibrada, com porcentagem mínima de 30% de capins
nativos e lenhosas nativas para formações savânicas, nas quais os valores de densidade regenerantes
de 3.000 indivíduos por hectare e o mínimo de 20 espécies nativas devem ser mantidos. Assume-se
que a cobertura do solo de 80% por espécies nativas para ambas formações irá garantir a resiliência
a mudanças ambientais e a invasões de espécies exóticas. Para os capins exóticos recomenda-se
fixar os valores máximos de forma que não comprometam a área restaurada ao longo do tempo.
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