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REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU

GUINÉ-BISSAU 2025
PLANO ESTRATÉGICO E OPERACIONAL
2015-2020 “Terra Ranka”
DOCUMENTO II : RELATÓRIO FINAL

Março de 2015

(*)Sol Na Iardi, o sol irradia na Guinée-Bissau


SUMÁRIO

Lista de figuras ........................................................................................................... 4


Lista de tabelas .......................................................................................................... 5
Lista de caixas ........................................................................................................... 5
Lista de abreviaturas ................................................................................................... 6
RESUMO EXECUTIVO ................................................................................................... 11

VISÃO : UMA GUINÉ-BISSAU POSITIVE, POLITICAMENTE ESTABILIZADA PELO DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO,


BOA GOVERNAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.................................................................................................. 12

O DESAFIO DA EXECUÇÃO. ..................................................................................................................................................................... 22

I. A VISÃO: A Guiné-Bissau em 2025......................................................................... 24


II. IMPLEMENTAR UMA GOVERNAÇÃO A SERVIÇO DO CIDADÃO ..................................... 40

A. REFORMAR E MODERNIZAR A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................................................................................................... 42


B. ASSEGURAR UMA BOA GESTÃO DA SEGURANÇA E DA DEFESA ............................................................................................ 52
C. REFORMA DO SISTEMA JUDICIÁRIO E CRIAÇÃO DO REGIME DE DIREITO. ......................................................................... 58
D. MELHORAR A GESTÃO MACROECONÓMICA E REFORMAR A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS .............................. 61
E. PROMOVER O DESENVOLVIMENTO LOCAL, A DESCENTRALIZAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS ............... 65

III. ASSEGURAR UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL DO CAPITAL NATURAL E PRESERVAR A


BIODIVERSIDADE ................................................................................................ 68

A. ESTABELECER UM ÂMBITO NORMATIVO E INSTITUCIONAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DA


PROTECÇÃO DA BIODIVERSIDADE. ................................................................................................................................................ 71

B. ADMINISTRAR DUPLAMENTE OS ECOSSISTEMAS.......................................................................................................................... 79

IV. CONSTRUIR UMA REDE NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURAS MODERNA E COMPETITIVA ........ 84

A. CONSTRUIR UMA REDE NACIONAL MODERNA DE TRANSPORTE MULTIMODAL. ................................................................ 84


B. GARANTIR UM SERVIÇO ACESSÍVEL E DE QUALIDADE EM ENERGIA E ÁGUA ..................................................................... 91
C. GENERALIZAR O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO .............................................................. 97
D. ASSEGURAR A RENOVAÇÃO URBANA E UMA DISTRIBUIÇÃO EQUILIBRADA E SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO.......... 100

V. REFORÇAR O CAPITAL HUMANO E MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DE CADA


CIDADÃO ....................................................................................................... 104

2
A. CONSTRUIR UM SISTEMA EDUCACIONAL DE QUALIDADE ORIENTADO PARA O EMPREGO ......................................... 104
B. MELHORAR A SAÚDE ...................................................................................................................................................................... 110
C. REFORÇAR A PROTEÇÃO SOCIAL E REDUZIR CONSIDERAVELMENTE A POBREZA .......................................................... 116
D. PROMOVER O RENASCIMENTO CULTURAL, REDINAMIZAR O DESPORTO E REINICIAR UMA POLÍTICA EM PROL
DA JUVENTUDE.................................................................................................................................................................................. 121

VI. CRIAR UM SECTOR PRIVADO SÓLIDO E UMA ECONOMIA DIVERSIFICADA ..................... 124

A. CRIAR UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS FAVORÁVEL AO DESENVOLVIMENTO DO SECTOR PRIVADO. ......................... 124


B. VALORIZAR PLENAMENTE O POTENCIAL AGRÍCOLA DO PAÍS. ............................................................................................ 128

i. Maximizar a criação de valor no sector do caju .............................................................................. 133


ii. Obter auto-suficiência em arroz em 2020 .............................................................................................. 141
iii. Outros sectores agrícolas ................................................................................................................................... 146
C. DESENVOLVER UM SECTOR DE PESCA SUSTENTÁVEL E DE FORTE VALOR AGREGADO ................................................. 150
D. FAZER DE BIJAGÓS, E COM O TEMPO DA GUINÉ-BISSAU, UM DESTINO DE ECOTURISMO DE PRIMEIRA
CLASSE ................................................................................................................................................................................................ 156

E. VALORIZAR O SEU POTENCIAL DE MINERAÇÃO DENTRO DAS RÍGIDAS NORMAS AMBIENTAIS. ................................. 167

VII. COMANDAR A MUDANÇA: AGENDA GUINÉ-BISSAU 2015-2020 .................................. 171


AQUI TERMINA A PARTE DA IZABEL ............................................... Error! Bookmark not defined.
ANEXO: Carteira de projectos do Plano Operacional Guiné-Bissau 2015-2020 (etapa 1)Error! Bookmark not def

3
Lista de figuras
Figura 1 : Mapa dos pólos económicos previstos para 2025 ........................................ 16
Figura 2 : A Casa Guiné-Bissau 2025 ....................................................................... 17
Figura 3 : Ciclo vicioso: má governação-pobreza ..................................................... 26
Figura 4 : Círculo virtuoso boa governação-progresso económico e social .................... 28
Figura 5 : Mapa dos pólos económicos previstos para 2025 ........................................ 35
Figura 6 : Estratégia de construção da Casa Guiné-Bissau prevista para 2025 ................ 39
Figura 7 : Custos das operações portuárias na África Ocidental (em ) .......................... 85
Figura 8: Principais corredores da Guiné-Bissau (projectos) ......................................... 87
Figura 9 : Esquema direcror do desenvolvimento de capacidades da produção até 2020
na Guiné-Bissau.................................................................................................. 94
Figura 10 : Arquitetura multicanal: caso do órgão nacional de promoção do empego e
competências (ANAPEC) em Marrocos. ............................................................... 109
Figura 11 : Parte dos investimentos estrangeiros directos na economia de vários países da
África Subsariana (como percentagem do PÍB). ..................................................... 125
Figura 12 : Modelo de estruturação duma cadeia de valor do arroz com o apoio duma
assistência técnica. .......................................................................................... 132
Figura 13: A produção de caju em todo o território. ................................................ 134
Figura 14: Unidades de transformação paradas na Guiné-Bissau ............................... 136
Figura 15: Amostra potencial de médias empresas garantem uma transformação local de
caju ............................................................................................................... 140
Figura 16: números-chave na produção e na demanda de arroz .............................. 142
Figura 17: Projecções de preços de cereais secos no período de 2014-2023
(USD/toneladas) ............................................................................................... 143
Figura 18: Grupo de pesca actual da Guiné-Bissau ................................................. 152
Figura 19: Evolução da distribuição de turistas internacionais por região entre 1990 e 2012.
..................................................................................................................... 157
Figura 20: Chegadas turísticas (em milhares) e peso do turismo na economia de países
insulares. ......................................................................................................... 158
Figura 21: Principais países emissores de turistas com destino à Guiné-Bissau em 2008 .... 158
Figura 22: Principais elementos de implementação duma oferta turística .................... 159
Figura 23: Objectivos globais previstos para 2025 .................................................... 162
Figura 24: Bijagós; objectivos previstos para 2025 .................................................... 165
Figura 25: Principais sítios de mineração identificados na Guiné-Bissau neste estágio ..... 168

4
Lista de tabelas

Tabela 1: Hipótese de evolução de superfícies dedicadas a arroz ............................. 144


Tabela 2: Capacidades de hospedagem actuais em Guiné-Bissau ............................ 161
Tabela 3: Carteira de projectos do Plano Operacional Guiné-Bissau 2015-2020 (etapa 1)
................................................................................... Error! Bookmark not defined.

Lista de caixas
Caixa 1 : Principais projectos para o desenvolvimento do transporte rodoviário na Guiné-
Bissau ............................................................................................................... 90
Caixa 2 : Principais projectos de infra-estruturas sanitárias na Guiné-Bissau ................. 114
Caixa 3: Acompanhamento técnico para a melhoria de todos os níveis da cadeia de valor
de arroz: o exemplo de Mozacaju em Moçambique. .............................................. 137
Caixa 4: A pesca desportiva constitui um nicho muito lucrativo: exemplo da Costa-Rica.
..................................................................................................................... 160
Caixa 5: As prioridades dos seis (06) primeiros meses .............................................. 172

5
Lista de abreviaturas

AGETIP Agência de Execução de Trabalhos Públicos

ANAPEC Agência Nacional de Promoção do Emprego e de Competências

BOAD Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento

BOP Base da Pirâmide

BOT Build, Operate and Transfer (Construir, Operar e Transferir)

BTS Base Transceiver Station (Estação de Transmissão de Base)

CDMT Quadro de Despesas no Médio Prazo

CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CIPA Centro de Investigações Aplicadas da Pesca

CNSL Cashew Nut-Shell Liquid (Óleo casca da castanha de caju)

CO2 Dióxido de carbono

CSRP Comité Sub-Regional da Pesca

DGCI Direcção-Geral das Contribuições e Impostos

EAGB Empresa de Electricidade e Águas da Guiné-Bissau

Emergency Electricity and Water Rehabilitation Project (Projecto de Reabilitação dos


EEWRP
Sectores da Água e da Electricidade)

FBG Fundação para a Biodiversidade na Guiné-Bissau

FDS Forças da Defesa e Segurança

FISCAP Serviço Nacional de Fiscalização de Actividades de Pesca

HFO Heavy Fuel Oil (Combustível pesado)

HIMO Alta Intensidade da Mão-de-Obra

6
IBAP Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas

IDE Investimento Estrangeiro Directo

INEC Instituto Nacional de Estatísticas e Censos

INN Pesca ilegal, não declarada e não regulamentada

ISP Internet Services Provider (Provedor de Serviços de Internet)

ITIE Iniciativa para a Transparência das Indústrias Extractivas

Japan International Cooperation Agency (Agência de Cooperação Internacional


JICA
do Japão)

KOR Kernel Output Ratio (Rendimento das amêndoas)

MAB Man and the Biosphere (O Homem e a Biosfera)

MW Megawatts

O&M Exploração e Manutenção

OHADA Organização para a Harmonização em África do Direito dos Negócios

OMVG Organização para o Desenvolvimento do Rio Gâmbia

PANA Programa da Acção Nacional de Adaptação

PAP Projecto de Acções Prioritárias

PCB Bifenilos policlorados

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

PMH Bombas Hidráulicas Mecanizadas

PNDS Programa Nacional de Desenvolvimento Sanitário

PNIA Programa Nacional de Desenvolvimento Agrícola

PPP Parceria Público-Privada

7
PRAO Projecto Regional de Pescas na África Ocidental

R&D Investigação e Desenvolvimento

RCCM Registo do Comércio e do Crédito Mobiliário

Rural Community-Driven Development (Projecto de Desenvolvimento Rural Comuni-


RCDD
tário)

RFID Radio Frequency Identification (Identificação por Rádio Frequência)

RSE Responsabilidade Social das Empresas

SI Sistema de informação

SIGFIP Sistema Integrado de Gestão das Finanças Públicas

SIMOFLOR Sistema de Acompanhamento da Vegetação Florestal da Guiné-Bissau

TED Tortoises Exclusion Device (Dispositivo de Exclusão de Tartarugas)

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

TNT Televisão Digital Terrestre

UEMOA União Económica e Monetária da África Ocidental

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

USD Dólar dos Estados Unidos da América

VMS Vessel Monitoring System (Sistema de Monitorização de Embarcações por Satélite)

Worldwide Interoperability for Microwave Access (Interoperabilidade Mundial para


WIMAX
Acesso por Microondas)

WTTC Conselho Mundial de Viagens e Turismo

ZEe Zonas Económicas Especiais

ZTE Zonas Turísticas Especiais

8
Mensagem do Dr. José Mario Vaz, Presidente da República

Todo povo necessita duma visão colectiva que lhe mostre o caminho a percorrer rumo a
um futuro melhor. O Plano Estratégico Guiné-Bissau 2025 "Terra Ranka" cumpre esta função.
Ele indica a rota para que em breve cada tabanca1 de Guiné-Bissau possa ter um novo
ponto de partida.

Terra Ranka permite-nos aproveitar a oportunidade que a história nos oferece, uma segun-
da chance de realizar as aspirações de bem-estar que trouxe a independência do nosso
país. Estas estratégias apoiam-se primeiro numa visão que representa o modelo de socie-
dade que nós desejamos ver estabelecido em menos de 10 anos.

Em 2025 nosso país terá começado a sua transição para uma sociedade próspera e solidá-
ria, na qual o desenvolvimento terá como base a valorização sustentável da excepcional
biodiversidade terrestre e marítima do nosso país. Nosso povo será unido e nossos jovens
terão oportunidades de emprego e um ambiente de paz no qual poderão evoluir.

Este objectivo é fruto de reflexões profundas e dum longo debate com todas as partes
nacionais e internacionais envolvidas. Este processo nos tem ajudado a retomar a consci-
ência dos nossos potenciais humanos e naturais e avaliar como fortalecê-los de modo que,
com esta base, saibamos desenvolver os sectores económicos robustos que possibilitarão a
criação de valor e de empregos essencial à realização de nossa ambição comum. É neste
sentido que consideramos esta visão como realista. É possível, pois dispomos de directrizes
precisas e coerentes.

O processo de preparação do Plano Guiné-Bissau "Terra Ranka" permite-nos identificar


claramente onde concentrar estrategicamente os nossos recursos e esforços. Com esta
disciplina fortaleceremos a Governação e a Paz, as nossas infra-estruturas, o nosso capital
humano, que desenvolveremos as nossas cidades e sectores económicos, quer se trate da
agro-indústria, da pesca, do turismo ou do sector de mineração. "Terra Ranka" também nos
permitirá saber o quanto a adopção de princípios do desenvolvimento sustentável dos
nossos recursos naturais renováveis fortalece a coerência do conjunto do nosso projecto. É
neste sentido que o Estado se empenhou em ser o principal responsável pelo respeito des-
ses princípios no dia-a-dia. Estamos convencidos de que esta exigência de coerência
também é a melhor garantia duma mobilização sustentável de recursos indispensáveis à
implementação do plano.

Minha fé no sucesso desta estratégia e na realização dos nossos objectivos emana da


minha confiança inabalável no espírito do nosso povo, especialmente dos nossos jovens,
que demonstram ousadia e empreendedorismo. Este plano é para os jovens e para as
gerações futuras, pois como disse Antoine de Saint Exupéry, herdamos tão pouco da nossa
Guiné que todos os dias tomamos emprestado das gerações futuras. Convido todos a
cumprir o seu papel e a assumir todas as suas responsabilidades. Em nome do país, agra-
deço-lhes antecipadamente. Viva à República, viva à Guiné-Bissau!

Mensagem do Primeiro-Ministro Engº Domingos Simões Pereira

1
bairro, vila em Guinée-Bissau

9
2015 – 2025: dez anos de reformas e investimentos para concretizar a renovação da Guiné-
Bissau. Dez anos, é ao mesmo tempo um período longo e curto.

Longo, pois será necessário que todos os cidadãos do país e todas as partes interessadas
apoiem ao longo dos anos um esforço inédito que com frequência nos exigirá a mudança
dos nossos hábitos, talvez renunciar a certas práticas ou ainda tentar seguir caminhos des-
conhecidos. Para os Poderes Públicos que nós representamos, o desafio será tornar o inves-
timento um sucesso de longo prazo e garantir a constante adesão de todos à mudança.
O Governo está convicto de que este compromisso será renovado e a dinâmica mantida
toda vez que os resultados previstos forem um sucesso. É neste sentido que estamos cons-
cientes da nossa importante responsabilidade neste processo histórico: garantir o controlo
da implementação dum plano que seja rigoroso e vise a resultados para sermos em 2025
uma Guiné positiva, politicamente estabilizada pelo desenvolvimento inclusivo, boa gover-
nação e preservação da biodiversidade. É a excelência da implementação que será a
criadora da dinâmica de mudança que todos gostariam de ver aplicada. Amanhã será o
primeiro dia do resto desta década histórica e vou assegurar que este estado de espírito,
dia após dia, guie a acção de cada membro do governo, de cada funcionário público.
Dez por cento de inspiração, 90% de transpiração é o que costumam dizer os anglo-saxões.
Chegou o momento de todos arregaçarem as mangas. Eu comprometo-me a que todos
do meu Governo o façam.

O nosso outro desafio será inscrever constantemente o quotidiano de responsabilidades do


Executivo na perspectiva da visão ambiciosa e realista que adoptamos; não esquecer
jamais e enfrentar o desafio de proceder a arbitragens da acção governamental segundo
uma exigência que aceitamos hoje como nossa referência fundamental comum; em par-
ticular, estamos empenhados em conduzir o desenvolvimento económico e social do país
com base na valorização sustentável dos recursos naturais renováveis enraizados cada vez
mais profundamente numa biodiversidade que nos cabe tornar cada dia mais fecunda.

Dez anos também é um período muito curto na escala da história duma nação. O impulso
nacional ao qual nós aspiramos traz a esperança dum futuro melhor que se inscreve no
longo prazo. Nesta perspectiva, 10 anos de investimento, dez anos de esforços não são
muito tempo. O Governo aceitou a nobre missão de conduzir as primeiras etapas do plano
estratégico Guiné-Bissau 2025 "Terra Ranka". Assumimos esta responsabilidade com toda
determinação e compromisso que a questão requer; também a cumprimos com confian-
ça, uma vez que sabemos qual é a estratégia precisa para as acções prioritárias.
Com o conjunto de forças vivas da nação, o Governo trabalhará para utilizar a dinâmica
de nossa renovação e deixar para os jovens um país no qual eles possam realizar os seus
sonhos. Agradeço todas as contribuições e a boa vontade do país e da comunidade in-
ternacional, sem a qual este plano não teria sua qualidade essencial, a saber, ser doravan-
te um bem nacional voltado para o mundo e perante o qual os servidores do Estado se
podem comprometer plenamente. Agradeço antecipadamente todas as contribuições,
por menores que sejam, as quais no futuro tornarão evidente para todos do país, do conti-
nente e do mundo, que o sol brilha na Guiné-Bissau.

10
RESUMO EXECUTIVO

A luta pela independência da Guiné- nação guineense. O ciclo negativo


Bissau trouxe consigo uma grande ainda não é insuperável, porque a
meta de progresso social e de apro- história da humanidade oferece
priação do futuro. O projecto dos exemplos de sobra dum esforço na-
pais da pátria era oferecer um futuro cional conducente a períodos de
melhor aos guineenses para que to- prosperidade durável.
dos pudessem reconhecer no seu
país a própria casa. Nas palavras de A estratégia Guiné-Bissau 2025 tem
Amilcar Cabral, “nossa independên- como meta cumprir esta promessa
cia nos permitirá desenvolver a nossa de progresso social. Oferece um pro-
jecto comum aos guineenses, acto-

“Como todos os povos do mundo, nós queremos vi-


ver em paz, nós queremos trabalhar em paz, nós
queremos construir o progresso do nosso povo.” »
Amilcar Cabral, discurso em Dar-es-Salam, 1965.

própria cultura, desenvolver-nos por res da transformação e responsáveis


nós mesmos e desenvolver o nosso pela realização colectiva. Visa a ca-
país, tirando o povo do sofrimento, talisar todas as energias positivas tan-
da miséria e da ignorância.” Quaren- to no interior como no exterior do
ta anos após a independência, a país numa linha de acção ambiciosa
Guiné-Bissau ainda não concretizou e coerente que permita à Guiné-
estas aspirações. As dificuldades Bissau responder enfim às suas aspi-
económicas intensificaram as tensões rações de prosperidade e paz. Permi-
sociais, favoreceram o isolamento tirá superar o círculo vicioso da insta-
étnico e levaram a erupções de vio- bilidade e da pobreza para adoptar
lência. O ciclo negativo foi assim re- finalmente uma perspectiva de de-
forçado e impediu a realização das senvolvimento durável.
aspirações progressistas legítimas da
A juventude é o ponto de tratégia Guiné-Bissau
impulso nacional da Es- 2025.

11
Na Guiné-Bissau o impulso nacional do tipo que constrói com a extraordi-
está nas mãos da juventude. Mais de nária biodiversidade do país e não
60% da população tem menos de 25 na dependência dela. Em 10 anos
anos e o início duma transição de- uma estratégia concertada, a impul-
mográfica no próximo decénio ofe- sionar simultaneamente estas três
rece novas oportunidades. Estes jo- dinâmicas, permitirá integrar definiti-
vens não conheceram a colonização vamente a Guiné-Bissau num círculo
portuguesa nem a luta pela inde- virtuoso de progresso.
pendência. Vivem numa época em
que a informação e os valores do
mundo inteiro circulam e se mes-
clam. Esta juventude não é respon- VISÃO : Uma Guiné-
sável pelo círculo vicioso que tem Bissau positive, politica-
predominado nos últimos decénios,
mente estabilizada pelo
embora tenha sofrido as consequên-
cias. Está decidida a não reproduzir desenvolvimento inclusi-
os erros do passado e a enfrentar o vo, boa governação e
desafio dum destino melhor para o preservação da biodiver-
povo da Guiné-Bissau. A Estratégia
sidade.
Guiné-Bissau 2025 é a ferramenta
que permitirá à juventude canalizar A Guiné-Bissau está em condições
essa aspiração à mudança e ao im- de influenciar de forma sustentável a
pulso nacional. Para sair do círculo sua trajectória de desenvolvimento.
vicioso acima descrito a Guiné-Bissau Dispõe dum capital natural conside-
deverá utilizar dinâmicas positivas rável. Tem importantes recursos hídri-
que se reforçam mutuamente e con- cos (130 km³/ano de água de super-
vergem para uma prosperidade par- fície e 445 km³/ano de água subter-
tilhada. Será preciso: i. implementar rânea), um vasto e rico território marí-
sectores de criação de riquezas timo (105.000 km² em 270 km de lito-
apoiadas na valorização perdurável ral), biodiversidade excepcional que
do seu capital natural; ii. reformar a presta serviços de ecossistema ao
governação destas instituições com conjunto da África Ocidental. Quase
base num modelo inclusivo, partici- 10% do seu território é coberto de
pativo, aberto ao diálogo democrá- mangues, talvez a proporção mais
tico e respeitoso das diferenças de importante do mundo; 13% (na reali-
opinião e de interesse dos compo- dade 26%) do seu território terrestre e
nentes demográficos, o qual garanti- marítimo é um santuário de preser-
rá a paz social; e iii. basear a activi- vação da biodiversidade; e o Arqui-
dade colectiva do povo guineense pélago Bolama-Bijagós, sítio natural
em sinergia com o seu meio ambien- excepcional de 80 ilhas e ilhotas, é
te natural duma riqueza inestimável,

12
reconhecido em UNESCO MAB (Man onde as desigualdades sociais serão
& Biosphere) e várias ilhas (e sítios ter- contidas. Oferecerá um quadro em
restres) são classificados como RAM- florescimento no qual a cultura será
SAR (zonas húmidas de importância dinâmica e valorizada. Em 2025 a
internacional). A economia actual da Guiné-Bissau será um refúgio natural
Guiné-Bissau fundamenta-se inteira- onde a biodiversidade será protegi-
mente no seu capital natural que da, com ecossistemas saudáveis que
representa 47% da riqueza por habi- permitirão a gestão sustentável des-
tante, talvez a parte mais importante ses recursos preciosos e renováveis,
da África Ocidental2. A Guiné-Bissau oferecerão serviços ao conjunto de
tornou-se assim o quarto produtor toda a sub-região e contribuirão
mundial de caju bruto, a explorar as significativamente para os grandes
características naturais do seu solo. A equilíbrios ambientais do planeta. Em
análise mostra, no entanto, que ao 2025 a Guiné-Bissau será um edifício
melhorar a qualidade da sua produ- estabilizado sobre fundamentos sóli-
ção de caju e ao transformar local- dos que permitirão à população es-
mente uma parte, poderá até 2025 crever uma nova página da história
quadruplicar as receitas provenientes colectiva da nação.
deste sector. Mas mostra sobretudo
que a Guiné-Bissau dispõe doutros Em 2025 a Guiné-Bissau será um mo-
verdadeiros motores de crescimento delo de desenvolvimento sustentável,
e que a pesca, o arroz e o turismo – e cuja biodiversidade será preservada
talvez as minas – serão os “cajus” de e regenerada para manter de forma
amanhã. O futuro económico da durável o potencial de criação do
Guiné-Bissau dependerá da sua ca- valor dos seus recursos renováveis e
pacidade de assegurar a gestão sus- instalar o país neste círculo virtuoso
tentável dos seus recursos naturais da prosperidade. Para conseguir isso,
renováveis. o rendimento e a qualidade do caju
serão reforçados (espaçamento dos
Em 2025 a Guiné-Bissau será um país cajueiros e horticultura correlata); a
atraente, unido e bem governado. exploração de recursos haliêuticos
Será um lugar em que é bom viver, será regulada de modo a permitir
com um nível de vida de país com uma gestão sustentável (conserva-
rendimento intermediário, que ofere- ção dos mangues e espécies mari-
ce oportunidades à juventude e aos nhas, cotas de pesca, controle rigo-
investidores tanto nacionais como roso do território marítimo; e a quali-
estrangeiros. Em 2025 a Guiné-Bissau dade excepcional dos sítios de eco-
será um país solidário, no qual a po- turismo será preservada (transforma-
breza terá sido fortemente reduzida e ção em santuários e gestão das
2
áreas protegidas tanto terrestres co-
Banco Mundial, Banco de Dados de Conta-
bilização da Riqueza.
mo marítimas e diversidade das es-

13
pécies para a pesca desportiva). Da caju e arroz. Ao exportar somente a
mesma forma, qualquer que seja o castanha-de-caju a Guiné-Bissau
potencial de criação das riquezas, os capta hoje menos de 10% do valor
recursos do subsolo (minas, hidrocar- agregado deste sector. A meta do-
bonetos) somente serão valorizados ravante é quadruplicar até 2025 a
se demonstrarem capacidade de riqueza gerada por este sector do
exploração responsável e com um caju. Este objectivo será alcançado
impacto ambiental plenamente con- por meio do seguinte: i. valorizar mais
trolado. A Guiné-Bissau tomou cons- a produção agrícola mediante me-
ciência do seu potencial em matéria lhor qualidade da castanha, maior
de desenvolvimento sustentável, tem safra da produção e negociação
consciência de poder ser um modelo mais eficaz dos preços; ii. transformar
pioneiro e salutar para o continente, localmente pelo menos 30% da pro-
uma proposição de desenvolvimento dução nacional; e iii. integrar-se nos
harmonioso para as populações, cul- circuitos comerciais dos mercados
turas e biodiversidade local. A sua mais lucrativos. Essa integração será
opção primordial para o desenvolvi- possível mediante o desenvolvimento
mento baseada nos recursos naturais de parcerias técnicas e financeiras
renováveis conduz o país a salva- com os referidos actores internacio-
guardar com prioridade o seu capital nais e implementação do rótulo “Ca-
natural e a sua biodiversidade. Isso ju da Guiné-Bissau”. Para além disto,
inspirará a nova governação do país, a Guiné-Bissau planeia obter a auto-
presidirá às escolhas principais de suficiência em arroz a partir de 2020
infra-estrutura, de desenvolvimento com uma produção de 450.000 tone-
urbano e de desenvolvimento huma- ladas em comparação com as
no, notadamente no tocante às po- 200.000 de hoje e tornar-se exporta-
pulações destituídas que serão dor líquido em 2025 com uma produ-
acompanhadas nos seus processos ção superior a 500.000 toneladas.
de empoderamento. Assim a Guiné- Estes resultados serão obtidos, por um
Bissau distinguir-se-á pela sua partici- lado, gestão de 54.000 hectares de
pação no desenvolvimento sustentá- planícies pluviais e mangues e, por
vel, pedra angular do seu desenvol- outro, melhoria das práticas orizícolas
vimento. e a reconstituição do capital semen-
te do país. Por outro lado, os sistemas
Em 2025 a Guiné-Bissau será uma de armazenagem e de distribuição
economia diversificada que se apoi- serão reorganizados. Enfim, uma polí-
ará nos quatro motores do cresci- tica de apoio ao sector de orizicultu-
mento: agricultura e agro-indústria, ra será promovida, sobretudo em prol
pesca, turismo e mineração. A agri- dos jovens produtores e pela imple-
cultura e a agro-indústria repousarão mentação de mecanismos de finan-
no desenvolvimento dos sectores de

14
ciamento de campanhas de comer- turismo da Guiné-Bissau no âmbito
cialização e transformação do arroz. duma Zona Turística Especial criada
por um órgão dedicado. Este órgão
A pesca e aquacultura serão o se- assegurará a promoção das Ilhas Bi-
gundo motor do crescimento da Gui- jagós, destinada a tornar-se a marca
né-Bissau. A sua vasta plataforma duma oferta mundialmente reco-
continental e os seus recursos fluviais nhecida de ecoturismo de primeira
constituem para a Guiné-Bissau um classe e de pesca desportiva. Para
importante recurso natural do qual isso, o arquipélago será objecto dum
até hoje a Guiné-Bissau pouco tem programa de urgência de desenvol-
beneficiado. Para o país optimizar a vimento das suas estruturas e se de-
valorização deste recurso implica senvolverá como modelo de exce-
doravante assegurar uma supervisão lência na gestão responsável dos
estrita do seu território marítimo, reco- ecossistemas, desenvolvimento parti-
lher integralmente as royalties, definir cipativo e inclusivo, bem como flo-
as regras de gestão sustentável do rescimento de comunidades locais.
recurso haliêutico e incentivar os in-
vestimentos privados. O apoio ao Em 2025 o sector de minas será o
financiamento dos operadores será quarto motor do crescimento da Gui-
inicialmente orientado para a trans- né-Bissau. O potencial de mineração
formação artesanal e aquacultura, da Guiné-Bissau parece considerável.
os elementos mais intensivos em ma- Contudo, será valorizado sobre a ba-
téria de mão-de-obra e posterior- se dum quadro normativo no tocante
mente numa segunda etapa, após às exigências do país em matéria de
2020, na transformação industrial no desenvolvimento sustentável. Por
âmbito duma Zona Económica Espe- conseguinte, a partir desta data até
cial para Bissau. A meta prevista para 2020 será promovida a exploração
2025 é produzir 250.000 toneladas de das minas artesanais e de materiais
frutos do mar, triplicar o facturamen- de construção e a exploração das
to do sector e criar 100.000 empregos grandes minas dará preferência aos
directos e indirectos. fosfatos (Farim) depois da bauxita no
médio prazo. Neste ínterim serão rea-
O turismo desempenhará o papel de lizados estudos de viabilidade, im-
terceiro motor do crescimento. Ao pacto e oportunidades no tocante
apoiar-se na sua biodiversidade ex- aos hidrocarbonetos.
cepcional, a Guiné-Bissau visa a tor-
nar-se em 2025 um destino mundial- Em 2025 haverá um novo
mente reconhecido de ecoturismo e
balneário turístico. A partir de agora mapa económico da
e até 2020 o Arquipélago dos Bijagós Guiné-Bissau baseado
servirá de “cabeça-de-ponte” do

15
em nove pólos económi-
cos.
A estratégia da Guiné-Bissau 2025
transformará o mapa económico da
Guiné-Bissau. Hoje em dia, para além
da produção de caju e arroz, as ac-
tividades económicas e as infra-
estruturas produtivas da Guiné-Bissau
são fortemente concentradas ao re-
dor de Bissau, a sua capital. A Figura
1 mostra que a implementação da
Estratégia Guiné-Bissau 2025 favore-
cerá o surgimento dum novo mapa
económico com nove pólos econó-
micos espalhados em todo o território
e que serão as bacias dinâmicas de
actividades económicas, de empre-
go e da vida urbana. Os nove pólos
identificados são: Bissau, Arquipélago
Bolama-Bijagós, Biombo, Cacheu,
Farim, Bafatá, Gabú, Catio e Buba.

Figura 1 : Mapa dos pólos económicos previstos para 2025

16
Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

Figura 2 : A Casa Guiné-Bissau 2025

17
18
A Visão Guiné-Bissau 2025 indica o (fundamentos e pilares) que serão
destino futuro e o plano operacional necessários para construir a casa
2015-2020 dos grandes eixos que o Guiné-Bissau 2025 e que convergem
constituem (as orientações estratégi- para um desenvolvimento sustentá-
cas). A Figura 2 sintetiza a estratégia vel e solidário.
da Guiné-Bissau: mostra seis eixos
Estratégia 2015-2025 : constituem os cinco outros eixos es-
tratégicos: paz e governação; biodi-
Como construir a Casa versidade e capital natural; infra-
Guiné-Bissau 2025 estruturas e desenvolvimento urbano;
desenvolvimento humano; e ambien-
Os pilares mostram o surgimento em
te de negócios.
2025 duma economia diversificada
ao lado de sectores domésticos tra- A Paz e a Governação representam
dicionais (moradia e construção, uma prioridade do mais alto nível.
comércio) e sectores de apoio crítico Sem a paz e sem uma boa governa-
para a competitividade (energia, ção a confiança interna e externa
digital), os quatro grandes motores não pode ser restabelecida e nada
do crescimento. Para atender às ex- sustentável poderá ser iniciado. Paz e
pectativas legítimas das populações governação são o ponto de partida
foram definidos para 2020 objectivos do estabelecimento do círculo virtuo-
intermediários sólidos e concretos em so de que necessita a Guiné-Bissau.
cada um dos motores do crescimen- Trata-se não somente de estabelecer
to: auto-suficiência em arroz, dobro de forma permanente instituições
das receitas do caju, desenvolvimen- autenticamente republicanas, espe-
to do turismo em Bijagós (20.000 turis- cialmente as Força Armadas, mas
tas em 2020), dobro das receitas e do também de dotar a Administração
valor agregado da pesca e desen- de capacidades para conduzir a
volvimento do sector de materiais de transformação profunda do país. Este
construção e de um sítio de fosfato fundamento gira em torno de cinco
em Farim. campos de acção: i. reforma e mo-
dernização da Administração; ii, Paz,
Para desenvolver plenamente os mo-
Defesa e Segurança com uma série
tores do crescimento é necessário
de projectos que visem especialmen-
que os fundamentos da competitivi-
te à reforma das Forças Armadas e à
dade estejam implementados. Por
reinserção de militares; iii. Justiça; iv.
exemplo, a pesca não pode desen-
gestão macroeconómica e reforma
volver-se sem uma gestão sustentável
da gestão das finanças públicas; e v.
dos recursos haliêuticos a garantir a
promoção do desenvolvimento local,
renovação da espécie. Cinco fun-
da descentralização e da participa-
damentos foram definidos, os quais
ção dos cidadãos. O reforço da go-
vernação, para além da segurança delo de governação e financiamen-
e da estabilidade social a que se vi- to inovador que lhe confiram o status
sa, deve permitir a criação duma de país africano na vanguarda mun-
administração moderna, a assumir a dial em matéria de desenvolvimento
direcção das suas missões de contro- sustentável; e ii. a gestão sustentável
lo e de regulamentação e inteira- de ecossistemas que implique o se-
mente orientada para o atendimen- guinte: conhecer estes ecossistemas
to dos seus utilizadores. Deve-se tam- e a biodiversidade para melhor sal-
bém traduzir num alinhamento da vaguardar os recursos vulneráveis;
gestão macroeconómica com as implementar a Estratégia Nacional
melhores práticas, a fim de promover de Áreas Protegidas para valorizar
um crescimento sólido, sustentável e estas zonas que passarão de 13% a
resiliente. Neste quadro, a Guiné- 26% do território nos próximos anos;
Bissau melhorará as suas capacida- favorecer a preservação dos ecossis-
des de mobilização de recursos fi- temas em todo o território, a garantir
nanceiros, a controlar ao mesmo o respeito dos equilíbrios biológicos; e
tempo a dívida pública. As medidas finalmente implementar um Plano
visarão especialmente ao seguinte: i. Climático para aumentar a resiliência
reforçar as ferramentas de planea- do território nacional frente à mu-
mento, programação e condução dança climática. Depois de Bangla-
de políticas públicas; ii. reforçar as desh a Guiné-Bissau é o segundo país
competências e os meios do Estado do mundo mais exposto aos efeitos
na arrecadação dos recursos fiscais; dos distúrbios climáticos. Um plano
iii. assegurar uma execução transpa- de protecção do litoral e um plano
rente e eficaz da despesas públicas. de adaptação e mitigação serão
implementados para responder aos
O eixo Biodiversidade e Capital Natu- riscos enfrentados pelo homem e pe-
ral tem por objectivo preservar e va- lo território.
lorizar de forma sustentável os recur-
sos naturais do país. Este eixo definiu O eixo Infra-estruturas e Desenvolvi-
as normas que regulam as activida- mento Urbano visa a dotar o país de
des humanas para limitar as pressões infra-estruturas logísticas, energéti-
antrópicas sobre o meio ambiente e cas, digitais e urbanas necessárias
aumentar a resiliência do território ao seu desenvolvimento. A Guiné-
frente aos perigos climáticos. Gira em Bissau sofre hoje dum profundo défi-
torno de dois campos principais de ce de infra-estrutura. Para assegurar
acção: i. o desenvolvimento instituci- a actualização requerida, este fun-
onal que visa sobretudo a instaurar damento gira em torno de quatro
um quadro normativo e institucional campos de acção: i. transportes,
de referência e a dotar a Guiné- onde os pontos de estrangulamento
Bissau dum corpo jurídico, dum mo- serão eliminados (reabilitação do

20
porto e das vias urbanas de Bissau, Plano Director será elaborado e im-
vias terrestres prioritárias e vias fluvio- plementado um sistema eficaz de
marítimas de navegação); ii. energia controlo e monitorização, bem como
e recursos hídricos, onde se trata de projectos relacionados com a infra-
fazer uma reviravolta importante estrutura, medicamentos e grandes
mediante o desenvolvimento de 90 endemias; iii. protecção social para
MW até 2020 e melhoria significativa redução em grande escala da po-
do acesso à água potável e ao es- breza por meio da criação tanto
goto; iii. sistema digital, a fim de trans- duma rede de segurança como de
formar o sistema digital numa verda- verdadeiras oportunidades de em-
deira alavanca de crescimento para poderamento para os mais destituí-
o conjunto da economia; e iv. gestão dos; e iv. cultura, juventude e despor-
do território e do desenvolvimento tos que serão especialmente porta-
urbano, cujo objectivo imediato é dores duma grande renovação cul-
renovar e construir os centros urbanos tural. Será implementado um plano
a fim de os dotar de infra-estruturas e nacional de desenvolvimento social,
sistemas funcionais e os estabelecer por um lado com um componente
como epicentros da actividade eco- de Protecção Social baseado no
nómica. Neste quadro o desenvolvi- modelo Bolsa Família do Brasil e, por
mento do Arquipélago Bolama- outro, um componente de Empode-
Bijagós e dos cinco principais centros ramento que apoiará as populações
urbanos constituirão prioridade. guineenses mais destituídas (“a base
da pirâmide”) mediante a criação
O eixo Desenvolvimento Humano visa dum ecossistema de projecto inova-
a valorizar o potencial da população dores e empresariais em campos
guineense, assegurar o atendimento como educação, acesso a esgoto,
das suas necessidades básicas, im- água potável, energia ou moradia.
plementar uma rede social de segu-
rança e desenvolver as suas compe- O eixo Simplificação do Âmbito de
tências, produtividade e empregabi- Negócios e Desenvolvimento do Sec-
lidade. Divide-se em quatro campos tor Privado” visa a implementar um
de acção: i. educação e emprego, ambiente propício para o sector pri-
nos quais, paralelamente aos projec- vado. Trata-se de criar as condições
tos em andamento, um Plano Direc- favoráveis para o florescimento do
tor da Educação 2015-2025 permitirá sector privado, essencial para o de-
reduzir um plano operacional de re- senvolvimento dos investimentos e
formas e investimento alinhado à Es- posicionamento dos motores do
tratégia 2025, ao passo que um Escri- crescimento. A simplificação do âm-
tório Nacional de Emprego reforçará bito de negócios gira em torno de
a acção pública neste sector crítico três programas: i. elaboração dum
de emprego; ii. a saúde, onde um âmbito jurídico nacional propício e

21
coerente; ii. reforma do âmbito de das populações nas Autoridades e
negócios; e iii. implementação de garantir a dinâmica da mudança.
plataformas económicas integradas
com a criação duma Zona Económi- Portanto, o segundo horizonte do Pla-
ca Especial multissectorial em Bissau. no será anual. As prioridades serão
definidas anualmente e os resultados
anuais deverão ser claramente co-
mensuráveis e visíveis para as popu-
O desafio da execução. lações. Neste âmbito foram definidas
as prioridades de 2015: nove projec-
O Plano Guiné-Bissau 2025 “Terra tos permitirão enfrentar as urgências
Ranka” representa um plano ambici- imediatas e nove programas iniciar a
oso de transformação da Guiné- reviravolta estratégica da Guiné-
Bissau num decénio. Divide-se no pe- Bissau.
ríodo 2015-2020 em seis eixos, vinte e
três (23) campos de acção, cinquen- Nestes seis primeiros meses do Plano
ta e três (53) programas e 115 projec- nove projectos deverão permitir en-
tos a um custo de 1.305 biliões FCFA. frentar as urgências imediatas. É críti-
Este plano é claro, global e coerente. co atender imediatamente à urgên-
Mas a verdadeira batalha será a da cia social, em acompanhamento da
execução. Para ter êxito, está previs- desmobilização e reinserção de
ta uma implementação por etapas combatentes, como reforço ao
com resultados comensuráveis a ca- acesso das populações urbanas à
da uma destas etapas. 2025 é o hori- água e electricidade e como incen-
zonte do plano de transformação. tivo à redução dos custos e tarifas de
Mas 2020 foi definido como primeiro telecomunicações que impactam
horizonte intermediário com os prin- hoje uma grande maioria das popu-
cipais objectivos fortes e estruturais (a lações. É igualmente indispensável
saber, desenvolvimento do turismo atender à urgência financeira e au-
nas Ilhas Bijagós, auto-suficiência ali- mentar as receitas do Estado. Con-
mentar, dobro das receitas do sector segue-se isto por meio do controlo
do caju, dobro das receitas e do va- das receitas da pesca (vigilância e
lor agregado da pesca e lançamen- controlo do território marítimo e ges-
to dum sítio de fosfatos em Farim. A tão das licenças de pesca) e da re-
agenda de transformação da Guiné- organização e fortalecimento das
Bissau integra assim um dos princípios capacidades da administração fis-
precípuos do êxito dum processo de cal. Por último, é igualmente inelutá-
mudança, a saber, a obtenção rápi- vel atender à urgência económica e
da dos principais resultados visíveis, os eliminar os gargalos de estrangula-
quais permitem reforçar a confiança mento da economia (EAGB, porto de
Bissau, Saltinho 86 MW).

22
Ao mesmo tempo, nos seis primeiros Para além disto, serão necessárias
meses nove programas permitirão quatro alavancas para enfrentar o
iniciar a reviravolta estratégica da desafio da execução: i) vontade po-
Guiné-Bissau. Três deles dotarão o lítica e exemplaridade para sempre
Estado guineense de alavancas críti- manter nas decisões do dia-a-dia o
cas de controlo e implementação da objectivo da visão e da estratégia,
Estratégia Guiné-Bissau 2025: i. im- bem como dar o exemplo, princi-
plementação, duma célula de palmente no âmbito dos valores, das
acompanhamento do Plano Estraté- atitudes e dos comportamentos; ii)
gico, o qual será encarregado ime- alinhamento da acção pública à es-
diatamente da definição dos planos tratégia em todos os seus níveis: os
directores operacionais; ii. consolida- objectivos estratégicos devem ser
ção da gestão das finanças públicas definidos no nível central a envolver
com a criação do sistema de infor- todas as estruturas intermediárias. A
mação e gestão das finanças públi- implementação da acção pública
cas; e iii. criação dos três grandes constitui uma longa cadeia na qual
registos do Estado (pessoas físicas, cada elo é importante para o resul-
registo de dados geo-referenciados tado global. Neste sentido, a impli-
do território e pessoas jurídicas), ala- cação e a mobilização de todos são
vancas críticas para a eficácia de fundamentais; e iii. a responsabiliza-
todas as políticas públicas. Dois pro- ção e a prestação de contas. Os ac-
gramas permitirão iniciar a constru- tores de cada nível devem ser ple-
ção de fundamentos críticos e sus- namente responsabilizados e prestar
tentáveis no nível da biodiversidade contas em conformidade com as
(Lei Quadro de Desenvolvimento Sus- disposições dos contratos de desem-
tentável e Fortalecimento do IBAP e penho. Entre eles os agentes respon-
da Fundação BioGuiné) e do desen- sáveis pelos 53 programas terão um
volvimento social (plano de empode- papel especialmente crítico e deve-
ramento das populações destituídas. rão desempenhar a verdadeira fun-
Por último, quatro programas permiti- ção de agentes da mudança na
rão acelerar o crescimento mediante administração; e iv. controlo por re-
a liberação do potencial do sector sultados. Neste âmbito um Serviço de
digital, início das reformas arrojadas Acompanhamento do Plano apoiará
do âmbito de negócios, melhoria das na implementação dum dispositivo
cadeias de valor agrícolas (sectores rigoroso de participação, controlo e
do arroz e do caju) com o apoio de auto-avaliação do Plano.
parcerias técnicas e implementação
do Programa de Turismo de Bijagós,
notadamente a Zona Turística Espe-
cial.

23
I. I A VISÃO: A Guiné-Bissau em 2025

Em que Guiné-Bissau desejamos a transformação económica e


viver amanhã tanto nós como nos- social profunda, a preservação da
sos filhos? É a primeira pergunta a biodiversidade única do país e o
que a Estratégia Guiné-Bissau 2025 fortalecimento da identidade co-
traz uma resposta por meio da de- mum partilhada por todos os gui-
finição da meta a ser alcançada, neenses. Este capítulo descreve
especialmente uma visão que se esta visão e indica os principais
traduz numa forte aspiração para eixos da transformação que traz
o país prevista para 2025, e do consigo.
caminho para lá chegar, a saber,

24
Em 2025 a Guiné-Bissau será uma biodiversidade e está a caminho
sociedade solidária que respeita a da prosperidade.

“Como todos os povos do mundo, nós queremos viver em


paz, nós queremos trabalhar em paz, nós queremos
construir o progresso do nosso povo.”

Amilcar Cabral, discurso em Dar-es-Salam, 1965.

A luta pela independência da linha de acção ambiciosa e coe-


Guiné-Bissau trouxe consigo uma rente que permita à Guiné-Bissau
grande meta de progresso social. responder enfim às suas aspirações
O projecto dos pais da nação gui- de prosperidade e paz. Permitirá
neense era oferecer um futuro me- superar o círculo vicioso da má
lhor para as populações do país e governação-pobreza para adop-
pôr fim ao ciclo histórico de cinco tar finalmente uma perspectiva de
séculos de explorações. Nas pala- desenvolvimento durável.
vras de Amilcar Cabral, “nossa in-
dependência nos permitirá desen- O subdesenvolvimento caracteri-
volver a nossa própria cultura, de- za-se por dinâmicas negativas que
senvolver-nos por nós mesmos e se nutrem e se reforçam mutua-
desenvolver o nosso país, tirando o mente e levam todo o país para
povo do sofrimento, da miséria e baixo. Historicamente a falta de
da ignorância.” Quarenta anos investimento no capital produtivo
após a independência, a Guiné- e humano criou uma economia
Bissau ainda não concretizou estas pouco competitiva e com baixa
aspirações. produção de riquezas; a competi-
tividade social neste contexto de
A estratégia Guiné-Bissau 2025 tem penúria criou comportamentos de
como meta cumprir esta promessa “curto prazo” e accionistas. Essa
de progresso social. Oferece um má governação suscitou descon-
projecto comum aos guineenses, fiança por parte dos investidores
actores da própria transformação privados tanto nacionais como
e garantidores da sua realização estrangeiros, bem como de par-
colectiva. Visa a catalisar todas as ceiros no desenvolvimento, contri-
energias positivas tanto no interior buindo para manter um nível baixo
como no exterior do país numa de investimento e de resultados

25
económicos fracos. As dificulda-
des económicas intensificaram as
tensões sociais, favoreceram o
isolamento étnico e levaram a
erupções de violência. O ciclo ne-
gativo foi assim reforçado (ver Fi-
gura 3) e impediu a realização das
aspirações progressistas legítimas
da nação guineense. O ciclo ne-
gativo não é insuperável. De fac-
to, a história da humanidade ofe-
rece exemplos de sobra dum es-
forço nacional conducente a pe-
ríodos de prosperidade durável.

Figura 3 : Ciclo vicioso: má governação-pobreza

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

A juventude é o ponto de impulso nacional da Estratégia


Guiné-Bissau 2025.

Na Guiné-Bissau o impulso nacio- menos de 25 anos. Estes jovens


nal está nas mãos da juventude. não conheceram a colonização
Mais de 60% da população tem portuguesa nem a luta pela inde-

26
pendência. Vivem numa época ciso: i. implementar etapas de cri-
em que a informação e os valores ação de riquezas apoiadas na
do mundo inteiro circulam e se valorização perdurável do seu ca-
mesclam. Esta juventude não é pital natural; ii. reformar a gover-
responsável pelo círculo vicioso nação destas instituições com ba-
que tem predominado nos últimos se num modelo inclusivo, partici-
decénios, embora tenha sofrido as pativo, aberto ao diálogo demo-
consequências. Está decidida a crático e respeitoso das diferenças
não reproduzir os erros do passado de opinião e de interesse dos
e a enfrentar o desafio dum desti- componentes demográficos, o
no melhor para o povo da Guiné- qual garantirá a paz social; e iii.
Bissau. A Estratégia Guiné-Bissau basear a actividade colectiva do
2025 é a ferramenta que lhes per- povo guineense em sinergia com o
mitirá canalizar essa aspiração à seu meio ambiente natural duma
mudança e ao impulso nacional. riqueza inestimável, do tipo que
constrói com a extraordinária bio-
Até 2025 a Guiné-Bissau estará diversidade do país e não na de-
definitivamente ancorada num pendência dela. Em 10 anos uma
ciclo virtuoso de progresso. Para estratégia concertada, a impulsio-
sair do círculo vicioso a Guiné- nar simultaneamente estas três
Bissau deverá utilizar dinâmicas dinâmicas, permitirá integrar defi-
positivas que se reforçam mutua- nitivamente a Guiné-Bissau num
mente e convergem para uma círculo virtuoso de progresso.
prosperidade partilhada. Será pre-

27
Figura 4 : Círculo virtuoso boa governação-progresso económico e social

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

Dinâmica positiva 1 : Valorizar de forma sustentável


os recursos naturais renováveis e estruturar sectores
criadores de novas riquezas e de emprego.

Estruturar sectores criadores de né-Bissau quadruplicará a riqueza


riquezas e de emprego é indispen- gerada por este sector mediante o
sável para sair do ciclo vicioso do seguinte: valorizar mais a produ-
subdesenvolvimento. Quatro sec- ção agrícola mediante a promo-
tores de actividades têm dotações ção de melhor qualidade da cas-
iniciais de capital, um nível de ma- tanha, de maior safra da produ-
turidade dos operadores e oportu- ção e duma negociação mais
nidades comerciais suficientemen- eficaz dos preços; ii. transformar
te importantes para o país desen- localmente 30% da produção na-
volver vantagens comparativas. cional; e iii. integração nos circui-
Trata-se, em primeiro lugar, dos tos comerciais dos mercados mais
sectores agrícolas de castanha- lucrativos. Essa integração será
de-caju e arroz, os quais apresen- possível mediante o desenvolvi-
tam igualmente oportunidades na mento de parcerias técnicas e
agro-indústria, principalmente a financeiras com os referidos acto-
castanha de caju. Até 2025 a Gui- res internacionais e implementa-

28
ção do rótulo “Caju da Guiné- ral do qual até hoje pouco tem
Bissau”. Para além disto, a Guiné- beneficiado. Para o país optimizar
Bissau planeia obter a auto- a valorização deste recurso impli-
suficiência em arroz a partir de ca doravante assegurar uma su-
2020 com 450.000 toneladas em pervisão estrita do seu território
comparação com as 200.000 de marítimo, recolher integralmente
hoje e, em seguida, desenvolver a as royalties, definir as regras de
exportação com uma produção gestão sustentável do recurso ha-
superior a 500.000 toneladas. Estes liêutico e incentivar os investimen-
resultados serão obtidos, por um tos privados. O apoio para o fi-
lado, gestão de 54.000 hectares nanciamento de operadores será
de planícies pluviais e mangues e, inicialmente orientado para a
por outro, melhoria das práticas transformação artesanal e de
orizícolas e a reconstituição do aquacultura de mão-de-obra mais
capital semente do país. Por outro intensiva. Numa segunda fase,
lado, os sistemas de armazena- pós-2020, os investimentos públicos
gem e de distribuição serão reor- manterão a transformação indus-
ganizados. Enfim, uma política de trial dos produtos da pesca no no
apoio ao sector de orizicultura será âmbito duma Zona Económica
promovida pelo Governo, sobre- Especial para Bissau. A meta pre-
tudo em prol dos jovens produtores vista para 2025 é produzir 250.000
e pela implementação de meca- toneladas de frutos do mar, tripli-
nismos de financiamento de cam- car o facturamento do sector e
panhas de comercialização e criar 100.000 empregos directos e
transformação. indirectos.

O segundo motor do crescimento O turismo desempenhará o papel


– os sectores da pesca e da de terceiro motor do crescimento.
aquacultura – apresentam um im- Ao apoiar-se na sua biodiversida-
portante campo de criação de de excepcional, a Guiné-Bissau
riquezas e empregos remunerados visa a tornar-se em 2025 um desti-
de longa duração, se estes secto- no mundialmente reconhecido de
res forem regulados de modo que ecoturismo e balneário turístico. A
a exploração dos mesmos não partir de agora e até 2020 o Ar-
prejudique a renovação dos recur- quipélago dos Bijagós servirá de
sos. A sua vasta plataforma conti- “cabeça-de-ponte” do turismo da
nental e a sua bacia hidrográfica Guiné-Bissau no âmbito duma Zo-
fluvial constituem para a os seus na Turística Especial criada por um
recursos fluviais são para a Guiné- órgão dedicado. Este órgão asse-
Bissau um importante recurso natu- gurará a promoção duma oferta

29
mundialmente reconhecida de negociação de contratos que tra-
ecoturismo de primeira classe e de gam lucros ao povo guineense e
pesca desportiva. Para isso, o ar- protejam o meio ambiente, a
quipélago beneficiará dum pro- construção da infra-estrutura de
grama de urgência de moderni- extracção e o transporte e a for-
zação das suas estruturas e se de- mação da mão-de-obra nacional.
senvolverá como modelo de exce- A exploração de recursos minerais
lência na gestão responsável dos será progressiva, por um lado de-
ecossistemas, desenvolvimento vido às razões técnicas descritas
participativo e inclusivo, bem co- acima e, por outro, em decorrên-
mo florescimento de comunidades cia da escolha estratégica que
locais. atribui prioridade à valorização
dos recursos naturais renováveis.
O sector da mineração é o quarto Portanto, a partir de agora até
motor do crescimento. O potencial 2020 será atribuída prioridade, por
de mineração da Guiné-Bissau um lado, à exploração de minas
parece considerável. Contudo, a artesanais e de materiais de cons-
exploração racional do subsolo trução, bem como à mina de fos-
guineense passará à situação an- fatos de Farim, cujo potencial e
terior por um trabalho de inventá- características técnicas e ambien-
rio preciso e de estudo das condi- tais são conhecidos. No médio
ções técnicas, ambientais e eco- prazo a exploração da bauxita
nómicas da extracção. A bauxita, será considerada. Para além disto,
os fosfatos e a areia pesada são as os estudos de viabilidade, de im-
principais oportunidades de explo- pacto e de oportunidades reque-
ração. No entanto, uma explora- rem a exploração de hidrocar-
ção racional deverá implementar buretos.
um quadro jurídico favorável à

Dinâmica positiva 2 : Uma governação reformulada e


um pacto social consolidado para assegurar uma paz
durável.
A Guiné-Bissau deve integrar de forma sustentável os requisitos da seguran-
ça, estabilidade política e diálogo democrático pacífico e produtivo com o
seguinte: 1. Forças Armadas Republicanas permanentemente dedicadas à
evolução pacífica e democrática do país; ii. liderança política (executivo e
legislativo, governo e oposição), económica e da sociedade civil, sempre

30
mais competente, responsável e participante da concretização duma visão
nacional partilhada; iii. debate democrático pacífico para assegurar a reali-
zação fluida dos programas governamentais e, se for o caso, uma mudança
democrática serena. Estes requisitos permitirão à Guiné-Bissau dispor duma
governação acreditável capaz de comandar a profunda transformação
económica e social prevista até 2025.

A colaboração e a pedagogia da visão Guiné-Bissau 2025 constituirão a


base dum pacto de confiança nacional entre os diferentes componentes da
população nacional. Este pacto de confiança nacional permitirá superar as
divisões sociais, ideológicas e de identidade para fazer o país convergir no
sentido dum interesse superior comum partilhado. Este novo pacto social
será consolidado por um dispositivo rigoroso de controlo e de governação
da visão, especificada numa estratégia e num plano operacional preciso,
vinculados a um plano de investimento económico e humano calculado e
priorizado. A implementação eficaz da visão, se transformada em impactos
positivos na realidade quotidiana das populações, reafirmará a sua adesão
ao projecto colectivo. Isso garantirá a adesão do povo às mudanças indivi-
duais e colectivas indispensáveis ao impulso nacional.

Dinâmica positiva 3 : Integrar as actividades humanas


num procedimento sistemático de desenvolvimento
durável e de respeito à biodiversidade.

As1.700.00 pessoas que em 2015 Bissau de 64 espécies de mamífe-


vivem na Guiné-Bissau povoam ros, 374 espécies de pássaros e 39
um território de 36.125 km² rico em espécies de répteis. Os mangues
biodiversidade excepcional. A cobrem 10% do território e prestam
cobertura florestal ocupa 57% do serviços ecossistémicos importan-
território terrestre e constitui uma tes ao conjunto do Golfo da Gui-
barreira verde ao avanço da zona né. Estes serviços de ecossistema
saheliana. Estas florestas abrigam recuperam o sequestro de carbo-
uma fauna emblemática formada no, a regulamentação da polui-
por elefantes, búfalos, antílopes, ção aquática graças à capaci-
chimpazés e várias outras espécies dade dos mangues de absorver
de símios. O último inventário da poluentes orgânicos ou ainda a
biodiversidade terrestre (1989) renovação de lagos e mangues
constatou a existência na Guiné- ricos em nutrientes, a constituir as-

31
sim uma zona de reprodução privi- Consciente da sua interdepen-
legiada de peixes. O país conta dência com as outras espécies
com 270 km de litoral e um territó- que vivem no seu território, o povo
rio marítimo de 105.000 km². O lito- da Guiné-Bissau planeia trabalhar
ral abriga espécies animais raras, para manter os equilíbrios ecológi-
tais como certas espécies de tar- cos.
tarugas marítimas, hipopótamos
de água salgada, lontras de bo- Mais do que outros países a Guiné-
checha branca, golfinhos- Bissau sofre vulnerabilidades am-
corcundas, crocodilos do NIlo, pa- bientais importantes e está expos-
ra além de diferentes espécies de ta aos riscos vinculados aos distúr-
pássaros. bios climáticos. O seu território tem
um arquipélago com 88 ilhas ex-
A Visão Guiné-Bissau faz do res- postas ao risco da elevação do
peito à biodiversidade e aos equi- nível do mar. A população do país
líbrios ecológicos o elemento es- está principalmente concentrada
trutural do seu procedimento. De no seu litoral, vulnerável à erosão
facto, esta visão aplica-se de ma- do solo. Mais de 90% da popula-
neira holística ao conjunto da ção vive de actividades depen-
ecosfera do território da Guiné- dentes directamente do clima,
Bissau, no qual o homem é um quer se trate da agricultura ou da
elemento importante, embora não pesca. A salinização do solo e da
exclusivo, do restante da biodiver- água doce, a poluição ou empo-
sidade. As culturas tradicionais brecimento dos elementos nutriti-
guineenses sempre valorizaram o vos biológicos das águas e das
respeito da natureza e a respon- terras e as estiagens fora do co-
sabilidade do homem na preser- mum são outras ameaças directas
vação dos equilíbrios do seu lugar às condições de sobrevivência da
na vida. Cabe às gerações con- população. Neste sentido, a pre-
temporâneas actualizar estes tra- servação dos equilíbrios ecológi-
ços culturais singulares e estas res- cos é uma questão de sobrevi-
ponsabilidades ao integrar a sua vência imediata para a Guiné-
acção numa abordagem de pre- Bissau, o que justifica estar no cen-
servação e valorização de diferen- tro da sua Visão 2025.
tes formas e vida que coabitam na
Guiné-Bissau. A Visão 2025 tem por As diferentes actividades humanas
objectivo construir o futuro do po- basear-se-ão no procedimento
vo guineense em sinergia com a integrado de desenvolvimento sus-
sua ecosfera e não em detrimento tentável. A agricultura natural será
da biodiversidade do seu território. privilegiada e o uso de pesticidas

32
e fertilizantes químicos estará sujei- aplicadas para restabelecer os
to a um controlo rigoroso. A pesca equilíbrios ambientais. Nas zonas
respeitará o repositório biológico de monocultura do caju e de cul-
das espécies para assegurar uma turas associadas, de uso comercial
renovação sustentável. O ecotu- ou não, serão assim restabelecidos
rismo respeitará a preservação dos os equilíbrios ecológicos dos solos.
sítios naturais protegidos. A esco- Esta política ambiciosa e singular
lha da exploração de recursos na- no tocante às experiências doutros
turais não renováveis será deverá países em vias de desenvolvimen-
acompanhar a capacidade de to servirá aos interesses das gera-
dominar os impactos ambientais ções tanto actuais como futuras.
negativos vinculados ao seu de- O capital natural do país que
senvolvimento. Medidas ambicio- constitui 43% do total do seu esto-
sas de “assoreamento” dos ecos- que de capital, um recorde para
sistemas, ou seja, correcções das África, será mantido, valorizado e
degradações existentes, serão até mesmo enriquecido.

VISÃO : Uma Guiné-Bissau positive, politicamente estabi-


lizada pelo desenvolvimento inclusivo, boa governação
e preservação da biodiversidade.

Em 2025 a Guiné-Bissau será uma te reduzida e onde as desigualda-


sociedade solidária que respeita a des sociais serão contidas. Ofere-
biodiversidade e está a caminho cerá um quadro em florescimento
da prosperidade. Em 2025, graças no qual a cultura será dinâmica e
a estas três dinâmicas integradas valorizada. Em 2025 a Guiné-Bissau
no decorrer dos próximos 10 anos, será um refúgio natural onde a
a Guiné-Bissau será um país atra- biodiversidade será protegida
ente, unido e bem governado. com ecossistemas saudáveis que
Será um lugar em que é bom viver, permitirão a gestão sustentável
com um nível de vida de país com desses recursos preciosos e reno-
rendimento intermediário, que ofe- váveis, oferecerão serviços ao
rece oportunidades à juventude e conjunto de toda a sub-região e
aos investidores tanto nacionais contribuirão significativamente
como estrangeiros. Em 2025 a Gui- para os grandes equilíbrios ambi-
né-Bissau será um país solidário, no entais do planeta. Em 2025 a Gui-
qual a pobreza terá sido fortemen- né-Bissau será um edifício estabili-

33
zado sobre fundamentos sólidos os recursos do subsolo (minas, hi-
que permitirão à população es- drocarburetos) somente serão va-
crever uma nova página da histó- lorizados se demonstrarem capa-
ria colectiva da nação. cidade de exploração responsável
e com um impacto ambiental ple-
Em 2025 a Guiné-Bissau será um namente controlado. A Guiné-
modelo de desenvolvimento sus- Bissau tomou consciência do seu
tentável, cuja biodiversidade será potencial em matéria de desen-
preservada e regenerada para volvimento sustentável, tem cons-
manter de forma durável o poten- ciência de poder ser um modelo
cial de criação do valor dos seus pioneiro e salutar para o continen-
recursos renováveis e instalar o te, uma proposição de desenvol-
país neste círculo virtuoso da pros- vimento harmonioso para as popu-
peridade. Para conseguir isso, o lações, culturas e biodiversidade
rendimento e a qualidade do caju local. A sua opção primordial para
serão reforçados (espaçamento o desenvolvimento baseada nos
dos cajueiros e horticultura correla- recursos naturais renováveis con-
ta); a exploração de recursos ha- duz o país a salvaguardar com
liêuticos será regulada de modo a prioridade o seu capital natural e
permitir uma gestão sustentável a sua biodiversidade. Isso inspirará
(conservação dos mangues e es- a nova governação do país, presi-
pécies marinhas, cotas de pesca, dirá às escolhas principais de infra-
controle rigoroso do território marí- estrutura, de desenvolvimento ur-
timo; e a qualidade excepcional bano e de desenvolvimento hu-
dos sítios de interesse ecoturístico mano, notadamente no tocante
será preservada (transformação às populações destituídas que se-
em santuários e gestão das áreas rão acompanhadas nos seus pro-
protegidas tanto terrestres como cessos de empoderamento. Assim
marítimas e diversidade das espé- a Guiné-Bissau distinguir-se-á pela
cies para a pesca desportiva). Da sua participação no desenvolvi-
mesma forma, qualquer que seja o mento sustentável, pedra angular
potencial de criação das riquezas, do seu desenvolvimento.

34
Em 2025 haverá um novo mapa económico da Guiné-
Bissau baseada em nove pólos económicos.

A estratégia da Guinée-Bissau 2025 to dum novo mapa económico


transformará o mapa económico com nove pólos económicos, ba-
da Guinée-Bissau. Hoje em dia, pa- cias dinâmicas de actividades
ra além da produção de caju e económicas, de emprego e da
arroz, as actividades económicas e vida urbana espalhados no conjun-
as infra-estruturas produtivas da to do seu território. Os nove pólos
Guiné-Bissau são fortemente con- identificados são: Bissau, Arquipé-
centradas ao redor da capital Bis- lago Bolama-Bijagós, Biombo, Ca-
sau. A Figura 5 mostra que a im- cheu, Farim, Bafatá, Gabú, Catio e
plementação da Estratégia Guiné- Buba.
Bissau 2025 favorecerá o surgimen-

Figura 5 : Mapa dos pólos económicos previstos para 2025

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

35
Em 2025 Bissau será um pólo eco- ecossistemas do arquipélago, em
nómico dinâmico e diversificado, particular suas áreas protegidas –
dotado duma Zona Económica Es- garantia principal duma oferta
pecial (ZES) multissectorial. Em 2025 ecoturística excepcional e de ca-
Bissau será o primeiro eixo da Gui- tegoria internacional – será priori-
né-Bissau com o porto de Pikil e o dade absoluta. Assim, um número
Aeroporto Internacional de Bissau preciso (25.000 turistas em 2020 3
(no longo prazo, esta situação de 40.000 em 2025) minimizará a pres-
eixo poderá evoluir se o porto de são sobre os ecossistemas terrestres
Buba e um novo aeroporto inter- e marinhos e favorecerá a manu-
nacional virem a luz do dia). A sua tenção dum posicionamento de
Zona Económica Especial sediará, gama alta e outros sítios na parte
em primeiro lugar, actividades continental atenderão à clientela
agro-industriais (transformação da de gama média (a saber, um gru-
castanha-de-caju, transformação po hoteleiro do tipo Club MEd em
de produtos da pesca), mas tam- Varela). Para favorecer a sua visibi-
bém todas as actividades industri- lidade internacional e o desenvol-
ais susceptíveis de beneficiarem vimento da sua oferta, o Arquipé-
dos seus serviços e das actividades lago Bolama-Bijagós será colocado
que apoia. De facto, para além na Zona Turística Especial com uma
dos incentivos administrativos e das agência dedicada à sua gestão,
vantagens fiscais clássicas, a ZES aumento do seu valor turístico e
fornecerá uma série de infra- promoção. Para além disto, o ar-
estruturas e serviços eficazes, entre quipélago será objecto dum pro-
os quais figuram construção, ener- grama integrado de desenvolvi-
gia, água, transporte, sistema digi- mento das suas infra-estruturas,
tal de alta velocidade e serviços de programa de urgência que lhe de-
promoção e formação. O desen- verá permitir até 2017 oferecer aos
volvimento deste pólo económico investidores hoteleiros e aos turistas
apoiar-se-á na renovação e no os serviços de saúde, segurança,
desenvolvimento dum pólo urbano transporte, energia e telecomuni-
e cultural dinâmico em Bissau. cações de que necessitar. Neste
sentido, o aeroporto de Bubaque
Em 2025 o Arquipélago Bolama- será melhorado e poderá receber
Bijagós será um pólo turístico de voos regionais. Ademais, Bolama,
grande importância, dedicado ao antiga capital da Guiné Portugue-
ecoturismo sustentável e à pesca sa e candidato à inscrição no Pa-
desportiva de primeira classe. Nes- trimónio da Humanidade da UNES-
te sentido, a gestão sustentável dos CO, será objecto duma redinami-

36
zação económica (turismo, pesca lo Cacheu-Farim-Casamance nu-
artesanal, caju) e duma verdadeira ma nova zona de co-prosperidade
renovação urbana, arquitectural e entre Guiné-Bissau e o Senegal.
cultural.
Em 2025 o pólo económico de Fa-
Em 2025 o pólo económico de Bi- rim será um pólo mineiro e comer-
ombo será um pólo agrícola impor- cial. Situado na região de Oio, este
tante, dedicado aos sectores de pólo contribuirá também para os
arroz e caju. Sidja será um grande intercâmbios transfronteiriços com
pólo de caju. Não será apenas o Senegal e para o desenvolvimen-
uma produção mais bem enqua- to da nova zona de co-
drada e de maior remuneração, prosperidade entre os dois países.
mas também trará o desenvolvi- Um sítio de mineração (fosfato), a
mento da safra e da principal trans- ser desenvolvido e explorado em
formação da castanha-de-caju. Farim, contribuirá para o desenvol-
Para além disto, o desenvolvimento vimento de infra-estruturas e activi-
da produção de arroz permitirá dade económica da região. Cor-
contribuir para o objectivo nacio- redores rodoviários ligarão este pó-
nal de auto-suficiência alimentar lo ao futuro porto de exportação
em 2020. de produtos de mineração.

Em 2025 o pólo económico de Ca- Em 2025 o pólo económico de Ba-


cheu será um grande pólo agríco- fatá será um grande pólo agrícola
la, turístico e comercial. Uma pro- e logístico. A região de Bafatá será
dução agrícola dinâmica, mais o traço de união entre Bissau e o
bem enquadrada e a beneficiar leste do país, bem como com a
duma primeira transformação nas metade norte e metade sul do pa-
unidades industriais locais, permitirá ís. Esta posição geográfica no cen-
transformar este pólo numa região tro dos futuros corredores logísticos
agrícola próspera. Por outro lado, o da Guiné-Bissau será um importan-
seu potencial turístico será valoriza- te eixo de transporte e comércio
do, especialmente ao redor do (caju, arroz e gado). O pólo de Ba-
Parque de Varela com a implanta- fatá acolherá igualmente grandes
ção de cadeias de turismo de ca- campos agrícolas no quadro do
tegoria internacional. Um corredor projecto sub-regional de gestão
rodoviário para este pólo tornará a integrada de recursos hídricos da
ligar Bisssau a Casamance, a trans- bacia da vertente fluvial Kayanga-
formar este pólo em pólo logístico e Geba. Concentrará também uma
comercial de trânsito e o vasto pó-

37
importante produção de castanha- de envergadura regional e um pólo
de-caju de qualidade. agrícola e haliêutico dinâmico. Um
estudo sobre impacto e viabilidade
Em 2025 o pólo económico de deverá dividir os sítios de Buba e
Gabú será um pólo logístico e agrí- Pikil para substituir Bissau como
cola. No cruzamento dos corredo- principal porto de exportação da
res que ligam a Guiné-Bissau à Guiné-Bissau. Para além disto, o
Guinée-Conakry planeia-se um nó porto de Buba dispõe de vanta-
do comércio regional (gado, arroz). gens físicas para tornar-se amanhã
O seu papel será reforçado tam- um grande pólo logístico regional
bém no sector do caju, o qual, jun- e, em particular, o pólo logístico da
tamente com uma produção de vasta bacia mineral que abrange a
qualidade e uma safra melhorada, Guiné, Mali e Senegal e Guiné-
produzirá o início duma actividade Bissau (bauxita de Boé). Este posici-
industrial local duma transforma- onamento, juntamente com os por-
ção importante. tos de Conakry, Dakar e Abidjan,
deverá porém ser objecto de ne-
Em 2025 o pólo económico de Ca- gociação tanto com os vizinhos
tio será um pólo agrícola, haliêutico regionais como com os grandes
e turístico. Para o desenvolvimento actores privados, especialmente
da gestão do arroz nas planícies nos sectores da mineração e trans-
pluviais e mangues e o aumento porte ferroviário. Portanto, Buba
dos rendimentos, este pólo da regi- deverá tornar-se amanhã um im-
ão sul de Tombali contribuirá forte- portante pólo económico de pro-
mente para alcançar o objectivo dução e exportação de arroz, de
nacional de auto-suficiência ali- caju e de produtos da pesca e,
mentar. Será também desenvolvida talvez, com o tempo uma impor-
neste pólo uma actividade dinâmi- tante plataforma logística regional
ca de produção e transformação de produtos da mineração.
do caju. Para além disto, uma zona
de desembarque da pesca artesa- A Visão Guiné-Bissau 2025 indica o
nal permitirá valorizar os importan- destino colectivo do país. O plano
tes recursos haliêuticos. Enfim, a operacional detalha por sua vez o
gestão e a valorização do turismo caminho exacto e as acções con-
nos parques nacionais permitirão cretas para a sua realização. A Fi-
desenvolver a oferta do ecoturismo gura 6 acima sintetiza a estratégia
e dinamizar a bacia de emprego. da Guiné-Bissau: mostra os funda-
mentos e os pilares que serão ne-
Em 2025 o pólo económico de Bu- cessários para construir a Casa
ba será uma plataforma logística

38
Guiné-Bissau 2025. Os fundamentos gia, digital) e os quatro grandes
mostram o surgimento em 2025 motores do crescimento (agricultu-
duma economia diversificada ao ra e agro-indústria, pesca, turismo e
lado de sectores domésticos tradi- mineração). O conjunto do edifício
cionais (habitação e construção, converge para um desenvolvimen-
comércio), sectores de apoio críti- to sustentável e solidário.
co para a competitividade (ener-

Figura 6 : Estratégia de construção da Casa Guiné-Bissau prevista para 2025

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

39
II. IMPLEMENTAR UMA GOVERNAÇÃO A
II. SERVIÇO DO CIDADÃO

O futuro imediato da Guiné-Bissau ção? Como criar a confiança en-


dependerá da sua governação. tre o país e os seus parceiros inter-
nacionais? Como criar uma admi-
Como virar definitivamente a pá- nistração eficaz, uma administra-
gina das crises e conflitos e mobili- ção verdadeiramente a serviço do
zar todos os filhos do país sob um cidadão? Este capítulo responde
projecto comum e mobilizador? a estas perguntas e define os fun-
Como reconciliar os cidadãos damentos da nova governação
com os seus dirigentes, com o seu que deve cumprir a meta da Estra-
exército, com a sua administra- tégia Guiné-Bisssau 2025.

A Guiné-Bissau deve normalizar e estabilizar a sua gover-


nança para consolidar a paz, favorecer o crescimento
económico e reduzir a dependência da ajuda externa.

O restabelecimento recente da da sua diáspora, parceiros no de-


ordem constitucional representa senvolvimento e investidores naci-
uma oportunidade importante pa- onais e internacionais. A melhoria
ra instaurar um âmbito de boa go- da governança permitirá à Guiné-
vernação e tirar o país permanen- Bissau valorizar de forma sustentá-
temente da sua situação de fragi- vel as suas potencialidades natu-
lidade. As crises políticas e militares rais e económicas e de reduzir
recorrentes que afectaram a Gui- progressivamente a sua depen-
né-Bissau após a sua independên- dência da ajuda pública para o
cia resultam principalmente duma desenvolvimento. Em 2014 cerca
governação fraca e do não res- de 90% do programa de investi-
peito aos princípios dl Regime de mento ainda era financiado pela
Direito. O Estado guineense deve ajuda externa.
recuperar a confiança da sua po-
pulação, especialmente dos gru-
pos mais vulneráveis, bem como

40
As capacidades de gestão das finanças públicas são redu-
zidas e isto limita a eficácia da Administração.

A Administração da Guiné-Bissau do desenvolvimento. O volume


caracteriza-se por capacidades salarial da função pública pesa
financeiras, humanitárias e institu- sobre as finanças do Estado: em
cionais limitadas. Os recursos inter- 2013 representou mais de dois ter-
nos são insuficientes para financiar ços das receitas públicas, um nível
o investimento público, a saber, muito superior à norma da UEMOA
uma taxa de pressão fiscal de 8%, (35%). Por conseguinte, os serviços
inferior ao limiar do critério de aos utilizadores da administração
convergência da União Económi- são ao mesmo tempo insuficientes
ca e Monetária da África Ociden- e de baixa qualidade. As estrutu-
tal (UEMOA) (17%). A administra- ras descentralizadas e desconcen-
ção pública sofre dum défice de tradas no território são pouco ope-
recursos humanos qualificados. A racionais. O acompanhamento da
ausência dum sistema de gestão avaliação das políticas públicas é
de empregos e carreiras represen- limitado por uma capacidade
ta um freio à evolução no sentido muito reduzida do sistema nacio-
duma verdadeira administração nal de estatísticas.

Cinco campos de acção para implementar uma governação


a serviço do cidadão e do desenvolvimento local.

O objectivo do Governo é cons- tes: i. reformar e modernizar a ad-


truir, em colaboração com a soci- ministração pública; ii. assegurar
edade civil e com os parceiros no uma boa gestão da segurança e
desenvolvimento instituições sóli- da defesa; iii. reformar o sistema
das e críveis, afiançadoras da paz judiciário e construir um Regime de
social, da coesão nacional e da Direito; iv. melhorar a gestão ma-
justiça, bem como duma gover- croeconómica e reformar a ges-
nação democrática e responsável tão das finanças públicas; e v.
fundamentada nos princípios do promover o desenvolvimento lo-
desenvolvimento sustentável. Nes- cal, a descentralização e a parti-
te quadro o Governo buscará al- cipação cidadã.
cançar cinco objectivos importan-

41
a. Reformar e modernizar a administração pública

Uma Administração debilitada que presta serviços de má


qualidade.

Os numerosos anos de conflito e limitavam o desempenho e a pro-


instabilidade reduziram fortemente dutividade, a Administração é ho-
a capacidade da Administração je vista como ineficaz pelos cida-
de prestar serviços de qualidade dãos e operadores económicos. A
aos seus utilizadores. O aparato colocação muito baixa a Guiné-
administrativo foi fortemente afec- Bissau na classificação Mo Ibrahim
tado nos períodos de instabilidade, da Governança em África em
a acarretar perda dos seus valores 2014 (48ª entre 52 países) atesta
morais e éticos, bem como um sem dúvida a ineficácia da sua
êxodo dos seus melhores quadros Administração. Em particular, no
para o estrangeiro em busca de tocante ao critério de “responsabi-
melhores condições de vida. A lização”, os seus serviços públicos
dispor de capacidades institucio- classificam-se entre os últimos de
nais e humanas insuficientes que África (50ª entre 52 países).

Uma reforma da Administração pública é indispensável.


A reforma e modernização da administração; e iii. implementa-
Administração visarão, por um la- ção de três grandes registos do
do, a tornar eficaz a administração Estados.
pública mediante controlo estra-
tégico e acompanhamento efica- Programa 1: Planos de
zes de diferentes políticas públicas operacionalização – con-
e, por outro, prestar aos cidadãos
e às empresas serviços com as me-
trolo estratégico e acom-
lhores condições de custo, de pra- panhamento de políticas
zo e de qualidade. A estratégia de públicas
reforma será elaborada com base
em três programas: i. controlo es-  11 planos directores para a
tratégico e acompanhamento das operacionalização imediata
políticas públicas; ii. reforma e for- do Plano Guiné-Bissau 2025.
talecimento das capacidades de

42
A implementação eficaz do Plano de modo a preceder e acompa-
Guiné-Bissau 2025 supõe uma divi- nhar o surgimento progressivo dos
são do plano estratégico em pla- pólos económicos. Portanto, o ca-
nos directores precisos, priorizados lendário de implementação será
e quantificados. Como constituem primordial para assegurar a siner-
uma etapa prévia essencial para gia de cada projecto de transpor-
a implementação, estes planos te com os projectos de desenvol-
directores serão elaborados ou vimento económico para os quais
actualizados a partir de 2015. Para foi criado, para além da sua com-
isso um procedimento coordena- plementaridade com os outros
do será implementado com uma projectos de transporte e logística.
plataforma comum de dados, Um esquema director de infra-
avaliações e metodologias para estruturas de transporte será reali-
assegurar o máximo de sinergias zado com toda prioridade em
entre os esquemas directores com 2015 e servirá de quadro de pro-
tempo e custo optimizados. Um gramação para o conjunto de
sistema de informação geográfica infra-estruturas de transporte a ser
será utilizado para elaborar uma realizado até 2025 a fim de cons-
visão cartográfica do conjunto de truir uma rede nacional de infra-
projectos de investimento e facili- estruturas de transporte moderno.
tar o acompanhamento. A selecção e a priorização de pro-
jectos serão realizadas com base
 Esquema director das infra- em critérios que integram o seu
estruturas de transporte e ges- impacto económico (desenvolvi-
tão do território mento de pólos económicos,
acesso aos mercados nacionais e
A elaboração dum esquema di-
regionais), o seu impacto social
rector para o planeamento do
(melhor acesso aos serviços de
conjunto de investimentos na infra-
saúde, fortalecimento da segu-
estrutura para os próximos 10 anos
rança e redução de desigualda-
será um requisito. A rede de infra-
des territoriais) e o seu impacto
estruturas a construir abrangerá o
ambiental/ecológico. A elabora-
conjunto de redes de transporte
ção dum esquema directo de
(rodoviária, aérea, fluviomarítima e
transportes permitirá formular uma
ferroviária) no quadro duma lógi-
estratégia de financiamento des-
ca multimodal. Neste quadro as
tes projectos e assim controlar me-
oportunidades que oferece esta
lhor a implementação deste vasto
vasta rede fluvial interna serão
programa de infra-estruturas. Um
plenamente integradas. Para além
esquema director de gestão do
disto, os projectos serão planeados

43
território, a integrar as infra- Garantir às populações o acesso
estruturas de transporte, será tam- generalizado à água potável e aos
bém elaborado para dar coerên- serviços de saneamento constitui
cia às acções de desenvolvimento um dos eixos principais da estra-
e aos procedimentos que estrutu- tégia de desenvolvimento social
rarão o território até 2025. da Guiné-Bissau. O Plano Director
de água potável permitirá dar co-
 Esquema Director de Electrici- erência à implementação dos pro-
dade jectos de produção e distribuição
em andamento, bem como identi-
A realização da meta da Guiné-
ficar novamente projectos para
Bissau no sector da electricidade
melhorar o acesso à água potável
depende dum Plano Director que
e ao saneamento. Os projectos
organize a coerência do conjunto
actualmente previstos constituem
de projectos previstos até 2025. O
um programa de água potável,
Plano Director permitirá assim har-
saneamento e higiene, a fase 2
monizar o desenvolvimento dos
dum programa rural hidráulico e a
projectos em andamento e os no-
gestão integrada das bacias hi-
vos projectos. Os projectos actu-
drográficas de Curubal. Outros
almente em consideração inte-
projectos-chave poderá ser identi-
gram a reabilitação do parque de
ficados no âmbito da elaboração
produção, a construção de novas
do Esquema Director.
unidades térmicas de HFO (BOAD
e EEWRP), a construção da central  Plano Económico Digital
solar de Bissau, a interconexão
com Kaleta e Sambangalou e a A elaboração dum Plano Econó-
construção da represa de Saltinho. mico Digital, em conjunto com
Acrescentam-se a isto as novas operadores privados, permitirá de-
propostas, tais como a localização terminar as metas do Estado pre-
de grupos de HFO, a ampliação vistas para 2025. Este plano defini-
de novas capacidades térmicas rá os objectivos do Estado em ma-
de HFO ((até 30 MW previstas), a téria de desenvolvimento das TIC,
elaboração duma verdadeira polí- sobretudo em termos de cobertura
tica de controlo da energia e o do territórios pelas redes de tele-
desenvolvimento de novos projec- comunicações, bem como as op-
tos que exploram a energia solar e ções restantes relacionadas ao
a biomassa. acesso à conectividade internaci-
onal. O ambiente jurídico e norma-
 Esquema Director de Água tivo será actualizado a fim de in-
Potável tegrar a evolução do sector e a

44
presença de diferentes tipos de palmente do número previsto de
operadores [operadores de infra- alunos. O mapa integrará um
estruturas alternativas (ISP)]. Este componente importante de reco-
novo âmbito atrairá investidores, a lha e acompanhamento de esta-
favorecer o desenvolvimento de tísticas educacionais, a saber, o
alta velocidade e a implementa- sistema de informação e gestão
ção dum ambiente digital de con- da educação, ferramenta essen-
fiança, propício para a promoção cial do controlo do sistema edu-
de soluções que atendam às ne- cacional.
cessidades dos cidadãos e dos
actores económicos. Para além  Plano Director da Saúde
disto, o operador histórico das te-
O Plano de Desenvolvimento da
lecomunicações será privatizado e
Saúde enfocará o fortalecimento
reforçado o órgão de regulamen-
do sistema de saúde, o seu contro-
tação das telecomunicações.
lo e os seus meios materiais e hu-
 Plano Director da Educação manos. A Guiné-Bissau está no seu
segundo plano de desenvolvimen-
Um Plano Director da Educação é to da saúde, o PNDS II (2013-2017),
necessário para melhorar o con- cujo objectivo principal é melhorar
trolo do sistema educacional. Este a situação da população para o
plano definirá uma visão exacta fortalecimento do sistema nacio-
da educação prevista para 2025 e nal de saúde (serviços de assistên-
avaliará de maneira precisa as cia, estruturas de gestão e as suas
necessidades em número de alu- conexões funcionais). A estratégia
nos a formar e em infra-estruturas 2015-2020 pretende ser uma conti-
educacionais a serem construídas nuação do plano em andamento
em todo o território. O plano defini- e apoiar-se-á na implementação
rá as reformas necessárias para um dum dispositivo de controlo eficaz
controlo eficaz da educação e da do sistema sanitário por meio du-
formação profissional: quadro insti- ma avaliação e dum plano de
tucional, manuais jurídicos e nor- melhoria de resultados. Para além
mativos relativos à organização, da governação do sistema de sa-
funcionamento e gestão da edu- úde, as acções de curto prazo
cação. O plano permitirá a elabo- visarão ao desenvolvimento de
ração de um novo mapa escolar infra-estruturas sanitárias de quali-
para definir da melhor forma a dade, à colocação ao alcance
distribuição das infra-estruturas de das populações de medicamentos
educação e as suas capacidades de qualidade e à realização de
de acolhimento em função princi- programas especiais de saúde. O

45
objectivo no longo prazo é refor- Destituídas para reforçar as siner-
çar os meios, a organização e o gias e o impacto dos projectos
funcionamento do sistema nacio- BoP. Este plano será definido numa
nal de saúde, especialmente o carteira de projectos BoP destina-
primeiro escalão da pirâmide sani- dos a elevar dezenas de milhares
tária; aumentar o número, as de guineenses ao nível da classe
competências, a motivação e a média. Cada projecto será apre-
fidelidade do pessoal da saúde; sentado com um modelo de fi-
melhorar a governação em todos nanciamento que visa à autono-
os níveis, graças à utilização judi- mia económica no médio prazo.
ciosa das TIC; implementar um sis- Serão assim priorizados os modelos
tema de assistência técnica e economicamente viáveis ou ge-
manutenção das infra-estruturas e radores de rendimentos que co-
equipamentos; e implementar brem uma parte significativa dos
uma política nacional de cobertu- custos.
ra sanitária nacional.
 Plano Sectorial da Agricultura
 Plano Director da Protecção e Agro-Indústria
Social e Plano de Empodera-
mento das Populações Desti- O Plano Sectorial da Agricultura e
tuídas. Agro-Indústria visa a implementar
uma estratégia que promove o
O Plano Estratégico Guiné-Bissau aumento do valor agregado agrí-
2025 reforçará o seu enfoque de cola e agro-alimentar, especial-
redução da pobreza mediante a mente no sector do caju, e a res-
implementação de medidas de tabelecer a auto-suficiência em
empoderamento das populações matéria de produtos alimentícios
mais destituídas. Medidas desta (arroz, raízes e tubérculos, produtos
natureza já têm sido tomadas na hortícolas), bem como produtos
Guiné-Bissau como parte do Rural da criação. Este Plano Sectorial
Community-Driven Development terá como objectivo tornar a Gui-
(Projecto de Desenvolvimento Ru- né-Bissau exportadora líquida de
ral Comunitário – RCDD) que pres- produtos agrícolas transformados,
ta assistência às comunidades lo- a manter o respeito dos princípios
cais em matérias essenciais e na de preservação da biodiversidade
solução dos seus problemas mais mediante a implementação duma
urgentes. Uma força-tarefa BpP agricultura equilibrada e de de-
(base da pirâmide socioeconómi- senvolvimento sustentável. Neste
ca) elaborará um Plano Director âmbito a Guiné-Bissau iniciou a
Nacional de Apoio às Populações elaboração do Plano Nacional de

46
Investimento Agrícola (PNIA). Este e indirectos). Quatro acções serão
plano permitirá definir os objecti- implementadas para alcançar
vos a serem alcançados em todos estes objectivos: i. melhorar a go-
os sectores agrícolas e determinar vernação do sector; ii. desenvolver
os investimentos e financiamentos a investigação e a certificação
requeridos. O plano integrará Qualidade; iii. desenvolver a pesca
também a participação do sector artesanal e valorizar a pesca indus-
privado no desenvolvimento e na trial; e iv. desenvolver a aquacultu-
diversificação dos produtos agrí- ra. O Plano Sectorial da Pesca e
colas. Será elaborado um Plano Aquacultura detalhará estes qua-
Sectorial Específico para a Indus- tro programas de grande enver-
trialização do Sector do Caju com gadura no intuito de destacar os
o objectivo de melhorar o controlo imperativos da preservação da
da qualidade da produção de biodiversidade, principalmente por
caju e de transformar localmente meio da vigilância marítima a fim
30% da produção em 2025. Será de eliminar a pesca ilegal. Este
elaborado também um Plano Na- plano será o único documento de
cional de Auto-Suficiência em Ar- referência do Sector da Pesca e
roz com o objectivo de conseguir Aquacultura.
auto-suficiência neste produto e
integrar a participação do sector  Plano Sectorial do Turismo
privado na produção, organiza-
A Guiné-Bissau dispõe dum enor-
ção do sector, mecanização e
me potencial turístico, a saber,
acesso às melhores tecnologias de
uma biodiversidade excepcional.
produção (sementes melhoradas,
Este trunfo posiciona o país como
observância dos itinerários técni-
um destino importante do ecotu-
cos e gestão das terras).
rismo, mas também turismo bal-
 Plano Sectorial da Pesca e neário de primeira classe graças
Aquacultura ao carácter insular do território. No
entanto, vários obstáculos impe-
O objectivo da Guiné-Bissau é tor- dem hoje a valorização deste po-
nar a pesca um sector dinâmico, tencial. O destino sofre em particu-
sustentável e de forte valor agre- lar dum défice de imagem e inse-
gado para atingir em 2025 o dobro gurança, O acesso aéreo ao des-
da produção (250.000 toneladas tino não é fácil, uma vez que o
de capturas), o triplo do volume país está fracamente conectado
de negócios (300 milhões de FCFA) aos mercados emissores internaci-
e o quíntuplo do número de em- onais. As vias aéreas, rodoviárias e
pregos (100.000 empregos directos fluviomarítimas para os sítios de

47
interesse turístico não são desen- de serviços de qualidade que cria-
volvidas. A oferta de hospedagem rão um número elevado de em-
– aí incluídos outros segmentos em pregos tanto directos como indi-
desenvolvimento, especialmente o rectos nas profissões do turismo
turismo de negócios, é fraca e (serviços de bufete, lazer, serviços
com uma relação qualida- logísticos, etc.). O Plano Sectorial
de/preço pouco competitiva. Pa- do Turismo definirá igualmente a
ra além disto, a oferta de acordos estratégia detalhada do desen-
é insuficiente e pouco diversifica- volvimento duma oferta turística
da. A elaboração do Plano Secto- nas Ilhas Bijagós que serão trans-
rial de Turismo visa assim a cons- formadas em Zona Turística Espe-
truir: i. uma imagem internacional cial.
de qualidade em torno desta na-
tureza e biodiversidade excepcio-  Plano Sectorial das Minas
nais; ii. recursos humanos e com-
O Plano Sectorial das Minas tem
petências sólidos em engenharia
como objectivo promover e valori-
turística e na gestão do destino; iii.
zar o potencial mineiro e industrial
investimento significativo em hos-
da Guiné-Bissau num quadro glo-
pedagem de qualidade para re-
bal de desenvolvimento sustentá-
forçar e diversificar a oferta, eco-
vel e de preservação da biodiver-
turismo de primeira classe nas Ilhas
sidade. A Guiné-Bissau dispõe de
Bijagós numa primeira fase depois
reservas importantes em minerais
de sítios com Varela, Parque Naci-
não explorados (fosfatos e bauxi-
onal de Cantanhez ou de Pecixe
ta). A actividade mineira é embri-
numa segunda fase; iv. visibilidade
onária e hoje inclui somente pe-
para os grandes mercados emisso-
quenas minas e pedreiras. O Plano
res (promoção) e desenvolvimento
Guiné-Bissau 2025 atenderá a uma
da comercialização associada a
necessidade importante em mate-
uma oferta competitiva de trans-
riais de construção de base para a
porte aéreo para o destino da
edificação de novas infra-
Guiné-Bissau; v. implementação
estruturas (rodovias, portos, aero-
dum conjunto de serviços de
portos, etc.). Trata-se também de
acordo com os padrões de quali-
desenvolver as competências na-
dade e segurança requeridos (ser-
cionais nos campos das minas e
viços de recepção no aeroporto,
da indústria e de favorecer o sur-
agências de viagens, veículos de
gimento dum empresariado local.
ligação, embarcações e táxis, ser-
Enfim, por meio deste plano o Go-
viço de bufete, guias, etc.). O ob-
verno prevê a identificação e im-
jectivo será desenvolver conjuntos
plementação de todas as acções

48
de base e de todas as condições deverão ser reforçadas segundo
prévias necessárias para uma ex- os planos académicos e logísticos,
ploração sustentável dos recursos a fim de assegurar aos estudantes
minerais até 2020. um nível de prestação satisfatória.
Com excepção da actualização
das referias Escolas, o fortaleci-
mento das capacidades deverá
Programa 2: Reorganiza- incluir a reabilitação do conjunto
de infra-estruturas do Governo e
ção e reforço das capaci-
das suas estruturas descentraliza-
dades de administração das.
fiscal
O fortalecimento das capacidades
A reforma e o fortalecimento das incluirá também a implementação
capacidades e a condução da dum sistema de informação mo-
mudança contribuirão para o de- derno que integre os diferentes
senvolvimento do capital humano trabalhos da Administração. Este
e da boa governação. Trata-se sistema de informação (SI) deverá
sobretudo de fortalecer a Adminis- ser a única ferramenta para a ges-
tração segundo o plano institucio- tão dos recursos humanos, para a
nal por meio da revisão dos seus gestão financeira e para a gestão
diferentes quadros orgânicos e de das bases de dadores sectoriais. A
uma divisão mais equilibrada das implementação deste SI será pre-
competências entre as estruturas cedida antecipadamente pela
centrais e as estruturas descentrali- elaboração dum esquema direc-
zadas. O fortalecimento institucio- tor que será o quadro único de
nal incluirá especialmente a actu- referência de tudo o que diz res-
alização das competências dos peito à informatização da Adminis-
funcionários por meio da imple- tração.
mentação dum dispositivo de for-
mação contínua. Este dispositivo A modernização da Gestão de
poderá ficar sob o controlo do Recursos Humanos visa a criar um
Ministério encarregado da função quadro propício à aquisição e ao
pública em coordenação com os desenvolvimento de competên-
outros órgãos da Administração. cias dos funcionários do Estado.
Em conexão com o componente Numa primeira etapa trata-se de
importante do dispositivo de for- atribuir um lugar central à Gestão
mação contínua, as Escolas Naci- de Recursos Humanos que deverá
onais de Formação Administrativa ser modernizada e reconhecida
na Administração como função-

49
chave. Será preciso desenvolver Os dois processos-chave a serem
um verdadeiro profissionalismo modernizados incluem principal-
neste campo com vistas a renova mente o seguinte: i. recrutamento
profundamente o conjunto de de funcionários, o que deverá ser
processos da Gestão de Recursos feito com base nas aptidões reais
Humanos. A fim de atender melhor dos candidatos e não com base
às necessidades de competências nos seus diplomas; e ii. gestão das
(recrutamento, formação e carrei- carreiras, o que deverá ser feito
ra profissional), será necessário re- com base nas competências e no
definir o quadro de emprego de desempenho dos funcionários e
trabalhos da Administração públi- não na simples base da antigui-
ca que constitui uma ferramenta dade.
importante para produzir melhores
recursos humanos. Este quadro de Para garantir a adesão às acções
emprego permitirá especialmente a serem empreendidas, o fortale-
identificar com precisão os em- cimento das capacidades deverá
pregos indispensáveis para a reali- ser acompanhado dum vasto pro-
zação das missões do Estado. Nu- grama de condução da mudança.
ma segunda etapa as Autoridades As mudanças vinculadas à imple-
farão um recenseamento dos fun- mentação da Reforma serão de
cionários do Estado e implementa- três tipos: mudanças organizacio-
rão um ficheiro único de referên- nais, mudanças ligadas aos traba-
cia. O recenseamento permitirá lhos e competências e mudanças
elaborar uma cartografia dos fun- associadas à cultura e ao compor-
cionários da Administração em tamento. Produzirão impactos no
termos tanto de números como de nível da Administração, dos utiliza-
competências. Servirá de base dores e do conjunto de actores
para definir uma estratégia de parceiros. Por conseguinte, a con-
formação contínua de funcioná- dução da mudança deverá ser
rios do Estado, principalmente pa- objecto duma estratégia coerente
ra a utilização de novas tecnolo- que deverá levar à evolução e
gias que permitam a formação à adaptação das mentalidades, da
distância (e-learning). cultura e das atitudes das pessoas
ao seu novo ambiente de traba-
Será igualmente importante mo- lho, a permitir assim que as medi-
dernizar os processos de gestão das de reforma produzam os resul-
dos recursos humanos na perspec- tados esperados para superar os
tiva de os adaptar à cultura do receios e as resistências.
desempenho e de promover o de-
senvolvimento de competências.

50
Programa 3: Produzir os três mente estratégica por se tratar do
fundamento da nação; mas é um
grandes registos do Estado. processo complexo e pesado que
requer uma actualização do qua-
O Governo implementará três
dro jurídico. Por isso parece indis-
grandes registos: i. registo de pes-
pensável iniciar este empreendi-
soas físicas, constituído de várias
mento sem demora a começar
partes distintas que conviria im-
por estudos preliminares e investi-
plementar em várias fases; ii. regis-
gação do financiamento. Em últi-
to de pessoas jurídicas, constituído
ma análise um estado civil moder-
dum registo do comércio e do
no, acompanhado duma cartão
crédito mobiliário (RCCM), bem
de identidade biométrica, oferece
como duma identidade fiscal; e
o benefício dum recenseamento
iii. registo de dados geo-
em tempo real da população cujo
referenciados do território (carto-
número flutua em função do regis-
grafia nacional de base digital)
to automático de nascimentos e
constituído de dados geográficos
óbitos. Antes da cartão de identi-
em todas as escalas e precisões
dade nacional biométrico havia
necessárias para o conhecimento
todos os outros ficheiros de pesso-
aperfeiçoado dos espaços ecoló-
as físicas, tais como passaporte,
gicos, gestão do território, plane-
carta de condução, ficheiros dos
amento urbana e com base na
funcionários públicos, ficheiros do
preservação da biodiversidade.
pessoal das empresas, carteiras
A primeira fase prioritária do regis- escolares e de estudantes, etc. Ao
to das pessoas físicas é a imple- se estabelecer um vínculo obriga-
mentação do cartão de identida- tório entre o cartão de identidade
de nacional biométrico. Justifica- e estes outros ficheiros obtém-se
se a decisão de modernizar com um conjunto fiável e coerente e,
prioridade o cartão de identidade por conseguinte, uma melhoria na
nacional por incluir toda a popu- segurança de todas as activida-
lação activa. Por conseguinte, se- des socioeconómicas.
rá necessário completar o registo
O registo das pessoas jurídicas é
de pessoas físicas antes e depois
constituído por um registo do co-
da cartão de identidade. Inicial-
mércio e do crédito mobiliário
mente a identidade nacional ba-
(RCCM) e duma identidade fiscal.
seia-se no estado civil com o regis-
A implementação do registo é
to de nascimento, matrimónio,
mais fácil porque o RCCM já está
divórcio e óbito. A reformulação
totalmente codificado pela Orga-
completa do estado civil é alta-
nização para a Harmonização em

51
África do Direito dos Negócios cional permitirá recolher de forma
(OHADA) e está sob a responsabi- coordenada e coerente os níveis
lidade da autoridade judiciária. O sectoriais de informação com uma
RCCM pode ser considerado co- dimensão espacial que terá como
mo equivalente ao livro de família efeito mudar radicalmente as ca-
da pessoa moral. Registam-se aí o pacidades de compreensão dos
nascimento da empresa, a com- fenómenos e, como consequên-
posição dos seus órgãos delibera- cia, a pertinência das decisões de
tivos, a geografia do seu capital, orientação das políticas públicas.
os diversos balanços anuais, a evo-
lução do seu estatuto e o fim das Os dados dos grandes registos se-
suas actividades. Quanto à identi- rão gerados por meio de sistemas
dade fiscal das pessoas jurídicas, de informação e de gestão fiáveis,
ela substitui o departamento minis- seguros e regularmente actualiza-
terial encarregado das finanças dos. Mas a coerência deste con-
públicas e permite determinar os junto requer a fiabilidade de cada
proventos e vantagens fiscais das uma das partes envolvidas. À gui-
empresas. No entanto, cumpre sa de ilustração, consideremos um
assinalar que nos países em de- título imobiliário. Baseia-se numa
senvolvimento a fiabilidade e a substituição cadastral que deve
exaustividade do registo das pes- ter precisão centimétrica, caso
soas jurídicas dependem da ca- contrário pode tornar-se objecto
pacidade do Estado de integrar as de conflitos de sobreposições de
empresas do sector informal. terrenos; o título imobiliário implica
a identidade do proprietário que
O registo de dados geo- pode ser uma pessoa física ou jurí-
referenciais (cartografia nacional dica. Se o verdadeiro proprietário
de base digital) é constituída de não for aquele cuja identidade
dados geográficos em todas as consta do título imobiliário, pode-
escalas e de precisões necessárias se imaginar facilmente as dificul-
para o conhecimento detalhado dades para os serviços fiscais de
dos espaços ecológicos, gestão arrecadar o imposto, bem como
do território, planeamento urbano os problemas jurídicos que isso po-
e acompanhamento da preserva- de acarretar no momento das
ção da biodiversidade. Uma vez transacções de venda ou de he-
implementada, a cartografia na- rança.

b. Assegurar uma boa gestão da segurança e da defesa

52
A estabilidade política e social não favoreceram esta separação.
guineense foi por muito tempo de- Alimentaram o descontentamento
pendente do peso importante re- popular, exacerbaram a incerteza
presentado pelo Exército no Esta- e a instabilidade e também favo-
do. A forte implicação política das receram o status quo de implica-
forças de defesa e de segurança ção militar no processo político
(FDS) é uma das principais causas (realimentação da instabilidade e
dum ciclo de instabilidade que ausência de desenvolvimento
provocou 17 golpes de Estado ou económico). As falhas estruturais
tentativas de golpe de Estado das forças de defesa e de segu-
após a independência do país. O rança (FDS) têm impedido a Gui-
Exército, cuja existência precedeu né-Bissau de sair deste círculo vici-
e até mesmo permitiu a do Estado oso. As lacunas no enquadramen-
guineense, herdou seu papel polí- to e na gestão das FDS alimentam
tico da luta pela independência. a perturbação do processo políti-
No entanto, a sua reconversão em co: i. a pirâmide dos efectivos mili-
forças de segurança interna e de tares está invertida, a conduzir a
defesa pós-independência não o uma super-representação das pa-
conseguiu transformar num poder tentes superiores (oficiais) e a uma
estabilizador a serviço do Estado hierarquia difícil de controlar, com
republicano. A revisão constitucio- as influências rivais a serem fontes
nal de 1991, a qual aboliu o regi- de instabilidade. A reforma das
me de partido único e abriu o FDS apresenta-se complicada: o
caminho para o pluralismo demo- facto de todos os oficiais benefici-
crático, apenas definiu os novos arem dum certo grau de autori-
contornos dum processo político dade e/ou de vantagens impor-
repleto de rivalidades e de influ- tantes poderia causar um turbilhão
ência do Exército. Concebido co- em caso de eliminação destas
mo o ramo armado duma luta po- últimas; ii. a localização e a impor-
lítica e militar de liberação nacio- tância numérica dos efectivos fa-
nal, o Exército conservou uma di- zem parte duma estratégia antiga
mensão política profundamente de protecção hipotética das fron-
ancorada. teiras terrestres, ao passo que o
território marítimo e insular do país
As tentativas de reforma dos últi- concentra a grande maioria das
mos três decénios não consegui- riquezas nacionais a serem prote-
ram assegurar a separação efecti- gidas, as quais estão à mercê de
va do Exército do processo políti- operadores económicos ilegais de
co. Os débeis progressos sociais e toda espécie, tais como pescado-
económicos dos últimos 40 anos

53
res de arrastão e traficantes de duzida pelos recursos naturais do
drogas. A proporção exorbitante país para despesas improdutivas.
do efectivo do Exército reduz os A instabilidade causada pelas la-
recursos disponíveis por cabeça, cunas estruturais das forças de de-
conduz à deterioração das condi- fesa e de segurança abalou pro-
ções de vida e de trabalho dos fundamente a confiança dos ci-
funcionários e alimenta um des- dadãos guineenses no seu futuro.
contentamento que somente o Para construir o bem-estar das po-
exercício de prerrogativas militares pulações no longo prazo e renovar
sobre a política nacional (Golpe o pacto de confiança entre os
de Estado) ou a vida social (chan- cidadãos, as instituições republi-
tagem, corrupção) pode acalmar. canas e o Exército, será essencial
Por outro lado, o fraco nível de a reforma das forças de defesa e
formação e a deficiência das ins- de segurança. A reforma do siste-
tâncias de formação limitam as ma de segurança é indispensável
vias profissionais alternativas a que para garantir a participação de
os militares têm acesso e os entrin- todas as partes interessadas no
cheiram numa posição de de- processo republicano – e sobretu-
pendência vital do Exército, a do os cidadãos – num projecto de
acentuar assim o seu apego ao sociedade partilhado e viável.
poder. A debilidade do quadro
institucional e regulamentar é As forças de defessa e de segu-
igualmente responsável por uma rança serão reformadas e moder-
má gestão dos recursos disponí- nizadas para assegurar a partici-
veis. O conjunto do quadro jurídico pação estável do Regime de Direi-
e normativo deverá ser optimizado to guineense no caminho da re-
para conduzir as reformas neces- conciliação nacional, da paz du-
sárias. rável e do desenvolvimento prós-
pero.
A reforma das forças de defesa e
de segurança (FDS) parece inevi- Para realizar a sua visão, as Auto-
tável para assegurar o desenvol- ridades guineenses, apoiadas es-
vimento sustentável e próspero. A pecialmente nas Nações Unidas,
instabilidade política diminuiu con- na CEDEAO, na União Europeia e
sideravelmente a confiança dos noutros parceiros, estão empe-
cidadãos no Exército. Desacelerou nhadas num processo de reforma
também de forma considerável o das suas forças armadas. Já
desenvolvimento socioeconómico acompanharam certos progressos,
do país ao desencorajar os inves- entre os quais figuram a racionali-
timentos e desviar a riqueza pro- zação da gestão de recursos, a

54
melhoria das condições de vida base quer em recrutamento de
dos militares e a melhoria das rela- novos candidatos quer na forma-
ções entre civis e militares. No intui- ção e reconversão de alguns mili-
to de aprofundar estas mudanças tares actuais. Esta força especial
positivas, as Autoridades projec- será destinada especificamente à
tam a reorganização, a moderni- vigilância das zonas marítimas e
zação e o redimensionamento das insulares do país. Estas forças,
capacidades humanas e materiais apoiadas por meios aéreos e na-
do sector da defesa e da segu- vais, terão por vocação a realiza-
rança, bem como a organização ção das operações regulares de
da reconversão das mais antigas. reforço e controlo das actividades
O objectivo é criar forças de defe- económicas legais nestes espaços
sa e de segurança republicanas e a repressão das consideradas
que respeitem de forma sustentá- ilegais, tais como o tráfico de dro-
vel e incondicional o Regime de gas e a pesca ilícita.
Direito, a cidadania e as institui-
ções da República. A restruturação. o redimensiona-
mento e a modernização das FDS
visam a organizar o sector da de-
fesa e da segurança em conformi-
Programa 4: Reformar as dade com uma estrutura racional.
forças de defesa e de se- Serão orientadas pelo seguinte: A
primazia do direito, juntamente
gurança
com a implementação dum novo
âmbito jurídico, faz parte dum
A reforma das forças de defesa e
conjunto de leis adoptado pela
de segurança para construir uma
Assembleia Nacional, tais como a
paz duradoura será implementada
lei do serviço militar obrigatório, a
por meio de três grandes eixos: i.
lei do dispositivo de base que criou
restruturação, redimensionamento
a organização das Forças Arma-
e modernização das forças de
das, a lei da defesa nacional ou
defesa e de segurança; ii. imple-
ainda a lei da defesa nacional e
mentação dum fundo de pensões
do status das Forças Armadas; ii.
e gratificação, previsto principal-
elevação do nível geral da edu-
mente para a desmobilização e
cação nas FDS por meio da for-
inserção dos antigos combatentes
mação contínua ou volta ao nível
da liberdade; iii. constituição du-
das formações clássicas; iii. melho-
ma força especial da Marinha,
ria das condições de vida dos fun-
apoiada por meios aéreos e novas
cionários e modernização das in-
tecnologias de comunicação com
fra-estruturas e dos equipamentos.

55
A seguir esta lógica de restrutura- Gabu. Impõe-se uma ruptura em
ção com base no direito, as FDS termos de melhoria das condições
poderão criar uma hierarquia na de vida nas FDS, notadamente
qual se justifique cada posto pelas para as mulheres, que deverão
operações precisas, bem defini- beneficiar duma política fortemen-
das, avaliáveis e programáveis por te firmada na igualdade de géne-
um oficial responsável a consolidar ro. A situação de degradação
assim o princípio da institucionali- social exige uma solução endóge-
zação hierárquica. Quanto à res- na perante as dificuldades finan-
truturação das FDS, será elabora- ceiras actuais do Estado. Para
do um novo mapa de implanta- além disto, a implementação dum
ção das guarnições militares e po- programa de produção agro-
liciais. A nova orientação levará à industrial moderna deverá contri-
desmilitarização de Bissau, a capi- buir para tornar as forças armadas
tal, para incluir as zonas marítimas mais autónomas no plano alimen-
e insulares nas perspectivas de tar. Este programa já prevê uma
defesa dos recursos económicos produção de 2.500 toneladas de
do país que aí se concentram arroz por ano, o que representa
principalmente para combater a um excedente anual de 400 tone-
pesca ilícita não declarada e não ladas estimadas em 90 milhões de
regulamentada, bem como o trá- FCFA. Este projecto de produção
fico de drogas. Assim certas estru- agrícola está é igualmente previs-
turas militares, tais como o Estado- to noutros campos, tais como a
Maior da Marinha, o batalhão de produção animal, de tubérculos
comboios, o batalhão de enge- (mandioca, batata-doce) e pro-
nharia, o centro de formação de dutos hortícolas (tomate, cebola e
oficiais, bem como o depósito de cenoura).
munições serão transferidos para o
interior do país. O processo de re- O projecto do Fundo de Pensões e
organização dotará as FDS de de gratificações visa a assegurar
meios humanos e materiais para melhores condições de vida aos
pôr fim à proliferação de armas veteranos da luta de liberação
leves e finalizar os trabalhos de nacional mediante o depósito du-
remoção de minas recém- ma pensão. Prevê igualmente uma
recomendados por uma missão de subvenção a ser feita, aos antigos
peritos das Nações Unidas. Isto tor- combatentes em função dos anos
na-se indispensável à luz dos últi- passados nas fileiras do Exército de
mos acidentes letais de explosão Liberação Nacional, assistência
de minas ocorridos em Incheia e médica, alocações familiares e
alocações de habitação. Este pro-

56
jecto facilitará a sua democratiza- tabilidade. Isto incluirá igualmente
ção e reinserção social. A desmo- um grande acesso à informação e
bilização terá grande amplidão. a promoção da sociedade civil
Deverá incluir 2.282 elementos das por meio de fóruns de participa-
Forças de Defesa e de Segurança, ção cidadã ou outros grupos de
cujos 1.575 militares – entre os discussão com as comunidades.
quais 583 antigos combatentes e Estas acções visarão a incentivar a
901 não-combatentes – e 707 poli- participação cidadã, promover
ciais – entre eles 213 combatentes boas práticas de diálogo e con-
e 213 não-combatentes. certação, bem como reforçar as
capacidades de todos os compo-
O terceiro elemento da moderni- nentes da sociedade em matéria
zação das Forças Armadas tem de diálogo social e de prevenção
origem na criação de forças es- e gestão de conflitos, especial-
peciais apoiadas por aeronavais mente no nível local.
capazes de patrulhar mais de 12
milhas (19 km) de costas sem re-
curso à localização de meios téc-
nicos dos parceiros regionais da
Guiné-Bissau.

Programa 5: Promoção da
reconciliação e do diálogo
nacional.

O Governo deseja promover a re-


conciliação, o diálogo nacional, a
paz e a estabilidade mediante a
institucionalização do pluralismo
político e promoção do intercâm-
bio de ideias que servirão de im-
pulso para a construção da Casa
Guiné-Bissau. Neste sentido criará
fóruns de diálogo cidadão e refor-
çará o Comité para a Paz e a Es-

57
c. Reforma do sistema judiciário e criação do Regime de
Direito.

Um sistema judiciário desacreditado, ineficaz e pouco


inclusivo.

A ineficácia e a falta de credibili- O sistema judiciário é afectado por


dade do sistema judiciário refor- múltiplos males que devem ser
çam o sentimento de impunidade abordados de maneira sistémica.
e enfraquece o Regime de Direito A falta de formação de recursos
e ambiente de negócios. Apesar humanos, a debilidade das estru-
de a Constituição guineense esti- turas, a falta de estruturação e a
pular no seu artigo 59 que os qua- lentidão dos processos tornam o
tro órgãos da governação sobe- sistema judiciário ineficaz e consti-
rana são a Presidência da Repú- tuem freios estruturais à sua trans-
blica, a Assembleia Nacional Po- formação. A própria estrutura jurí-
pular, o Governo e os tribunais, a dica precisa de revisão. É de facto
interdependência do sistema judi- obsoleta com procedimentos bu-
ciário tem sido repetidamente rocráticos penalizantes e um cor-
transgredida pelo Executivo ou po legislativo às vezes desadapta-
pelo Exército. O desfuncionamen- do. Certas categorias de crimes,
to do sistema judiciário e a sua tais como a criminalidade organi-
ausência de representatividade zada, não são suficientemente
nas diversas partes do território cobertas no plano penal. Para
originaram um sentimento de im- além disto, os direitos do homem e
punidade, até mesmo uma prolife- as liberdades públicas não estão
ração de crimes graves, corrup- ancorados de forma suficiente
ção e tráfico de drogas. Segundo como fonte de direito no sistema
o relatório Transparência Interna- legislativo e judiciário. Assim, ape-
cional de 2014, a Guiné-Bissau faz sar da ratificação de convenções
parte dos 15 países menos transpa- internacionais, certas violações
rentes do mundo, classificação continuam muitas vezes impunes,
esta que evidencia a impotência entre as quais cumpre mencionar:
e a falta de credibilidade do sis- violações de direitos humanos,
tema judiciário, bem como o seu abuso da autoridade dos poderes
défice de integridade. públicos ou certas violências con-
tra a mulher (mutilação genital,

58
levirato, casamentos precoces ou a incluir: i. um sistema de coorde-
forçados e violências domésticas). nação entre as instituições judiciá-
As leis são pouco divulgadas e rias; ii. um serviço de recensea-
somente uma minoria educada mento de criminosos; iii. um Medi-
da população as compreende, a ador Público para a defesa das
deixar a maior parte, moradores populações vulneráveis; e iv. um
das zonas rurais em particular, na mecanismo de solução dos atrasos
ignorância dos seus direitos. procedimentais hoje crónicos. Pro-
cederá igualmente ao reforço ins-
A fim de instalar de forma perma- titucional da polícia judiciária.
nente um sistema judiciário equita- Uma reforma carcerária, a prever
tivo e eficaz e de proteger os direi- especialmente programas de for-
tos de todos os cidadãos, prevê-se mação dos detidos e o respeito
a implementação de dois progra- dos seus direitos fundamentais,
mas prioritários: i. reforma da justi- contribuirá para aumentar a efi-
ça; e ii. protecção dos direitos hu- cácia do sistema judiciário e pe-
manos e das liberdades públicas. nal. O desmembramento e o re-
forço do conjunto destas medidas
no nível regional, bem como uma
campanha de conscientização a
Programa 6: Reforma da
respeito dos direitos dos cidadãos
justiça 2015-2019. e a promoção do acesso à justiça
reforçarão a acessibilidade do
As autoridades guineenses dese- sistema judiciário a um grande
jam reestruturar o sistema judiciá- número de pessoas. Um quadro
rio a fim de reforçar a sua inde- jurídico ampliado permitirá prote-
pendência, transparência, eficá- ger melhor os direitos das popula-
cia, acessibilidade e alcance. Um ções mais vulneráveis.
quadro institucional sólido permiti-
rá reforçar a independência, efi- A renovação das infra-estruturas e
cácia e carácter inclusivo do sis- a disponibilidade de meios mate-
tema judiciário. A independência riais eficientes permitirão aumentar
da justiça será reforçada median- as capacidades materiais e refor-
te a revisão das disposições legisla- çar a eficácia da justiça. Estes pro-
tivas existentes para fixar a dura- jectos incluem especialmente a
ção dos mandatos dos procurado- construção dum palácio da justiça
res e assegurar a autonomia fi- e de tribunais regionais. Para ga-
nanceira dos tribunais. Para refor- rantir o bom funcionamento das
çar a eficácia da justiça, o Gover- infra-estruturas judiciárias, o Go-
no implementará novos processos verno prevê assegurar o forneci-

59
mento de energia estável e de gência do país. A problemática
dotar os locais de meios modernos vinculada ao género será integra-
de gestão, a incluir um sistema de da em todas as etapas da refor-
informática e de colecta de esta- ma, especialmente na promoção
tísticas. O Programa de Reforma do acesso à formação e do forta-
visa igualmente a assegurar o bom lecimento das capacidades das
funcionamento do sistema judiciá- mulheres no campo político. Serão
rio para reforçar as capacidades multiplicadas as campanhas de
humanas do sector, o qual consisti- conscientização a respeito da dis-
rá em vincular recursos existentes, criminação e da violência contra
um plano global de fortalecimento as mulheres e às raparigas. Serão
das competências e a instauração adoptadas medidas para lutar
progressiva da paridade entre contra a impunidade e promover
homens e mulheres no sistema ju- uma cultura de diálogo e tolerân-
diciário. cia. O Governo deseja aderir às
normas internacionais de protec-
ção das populações vulneráveis e
de implementar um dispositivo le-
Programa 7: Protecção dos gislativo para combater a discrimi-
direitos humanos e das li- nação positiva contra as mulheres.
berdades públicas.
Para além disto, o Governo está
empenhado em assegurar o res-
O Governo desenvolverá um qua-
peito dos direitos humanos e a li-
dro institucional, judiciário e estra-
berdade de expressão. Neste sen-
tégico de direitos humanos e reali-
tido, as capacidades e os meios
zará campanhas de promoção
da média e das associações de
destes direitos e dos grupos vulne-
defesa dos direitos humanos serão
ráveis (mulheres, crianças, defici-
reforçadas para garantir que as
entes e terceira idade). O objecti-
graves violações dos direitos hu-
vo é erradicar a violência e a dis-
manos sejam denunciadas e puni-
criminação contra estes grupos,
das pelos tribunais. Será iniciada
especialmente contra as mulheres
uma reforma do quadro jurídico
e crianças, bem como os ajudar a
da imprensa, a fim de pôr fim à
serem autónomos e os tornar
impunidade dos crimes contra a
componentes essenciais da emer-
liberdade de expressão.

60
d. Melhorar a gestão macroeconómica e reformar a gestão
das finanças públicas

Desempenhos económicos afectados pela pouca diversida-


de sectorial, instabilidade política e ineficiência da gestão
das finanças públicas.

A economia da Guiné-Bissau é muito A fragilidade da economia foi


pouco diversificada. Caracteriza-se acentuada pela instabilidade polí-
pela predominância do sector tica. A suspensão do apoio finan-
primário que contribui com cerca ceiro das parcerias tradicionais
de 50% ao PIB, seguido pelo sector após o golpe de Estado de 2012
terciário (38%) e pelo secundário causou um défice da balança de
(12%). A castanha-de-caju, que pagamentos de 7,4% do PIB em
constitui o sector de receitas de 2012, apesar do apoio de parcei-
gestão média e tem representado, ros regionais (Nigéria e CEDEAO).
em média, dois terços das expor- Foi preciso compensar a queda
tações de 2011-2013, tem um im- das receitas fiscais e das doações
pacto determinante sobre o cres- em 2012 e 2013 por uma contrac-
cimento económico e equilíbrios ção das despesas públicas de ca-
externos. A baixa simultânea do pital e um aumento dos atrasos de
volume de produção e de preços pagamentos da dívida anterior.
pesou assim fortemente sobre a No entanto, estes reajustes não
contracção do PIB em 2012 (-1,5%) foram suficientes para evitar um
e sobre o crescimento do défice aumento do défice orçamental.
da balança comercial e da ba-
lança corrente. O preço da casta- Apesar do progresso registado na
nha-de-caju para exportação bai- gestão das finanças públicas, o
xou de 20% ao ano de 2011 a desempenho orçamental ainda é
2013, a contribuir para défices ele- fraco em comparação com as
vados, apesar da baixa das impor- normas de convergência definidas
tações. Duma situação de quase pela UEMOA. Em particular, a ine-
equilíbrio em 2011, o défice da ficiência da arrecadação da re-
balança comercial elevou-se a ceita pública e a debilidade da
8,1% do PIB em 2012 e permane- poupança interna que ela induz
ceu elevado em 2013 (5,8% do contribuem para os défices inter-
PIB). nos e externos. A taxa de pressão
fiscal continua a ser a mais fraca

61
da UEMOA e tende a degradar-se Programa 8: Fortalecimen-
(as receitas fiscais passaram de
8,7% do PIB em 2011 para 7,4% em
to da gestão macroeco-
2013). O coeficiente de salários e nómica
ordenados, que deve ser limitado
a 35% das receitas fiscais, repre- Um objectivo principal do Plano
senta dois terços das receitas pú- Estratégico Guiné-Bissau 2025 visa
blicas. Por outro lado, a gestão da a conseguir um crescimento eco-
função pública é limitada por um nómico sólido, sustentável e inclu-
défice de recursos humanos quali- sivo, a favorecer a criação de
ficados, uma fraca capacidade emprego e a redução da pobreza
de absorção e um défice de co- num contexto de estabilidade
ordenação da ajuda num contex- macroeconómica. Neste quadro a
to em que 90% do Programa de diversificação económica, com o
Investimento são financiados pela desenvolvimento de novos moto-
ajuda externa. Em contrapartida, res de crescimento e fortalecimen-
graças ao facto de ter atingido o to das condições de competitivi-
ponto de culminação em 2010 e a dade serão as alavancas dum
redução da dívida consentida pe- quadro macroeconómico estabili-
los dadores, o coeficiente dívida- zado. No médio prazo, no período
PIB passou de 138,4% em 2009 pa- 2015-2020 a meta do Governo é
ra 28,7 em 2011, mas começa já conseguir uma taxa de crescimen-
em 2012 um aumento (53,7%). O to de 7,5% como média anual. A
objectivo global do Governo é segunda fase de implementação
promover um crescimento sólido, do plano visa a um crescimento
sustentável e resiliente, bem como de 10% de 2020 a 2025. Neste
de melhorar as capacidades de quadro a parte dos sectores moto-
mobilização dos recursos financei- res do crescimento passará de 22%
ros e o impacto das despesas pú- do PIB em 2014 a 27% e 35% em
blicas. As medidas visarão especi- 2020 e 2025, respectivamente. As
almente ao seguinte: i. reforçar as exportações serão menos depen-
ferramentas de planeamento, dentes de forma exclusiva da cas-
programação e condução de po- tanha-de-caju bruta, mas incluirá
líticas públicas; ii. reforçar as com- doravante as amêndoas da cas-
petências e os meios do Estado na tanha de caju. A transformação
arrecadação dos recursos fiscais; deste produto deverá atingir 30%
iii. assegurar uma execução trans- em 2020. O aumento do valor das
parente e eficaz da despesas pú- exportações do sector do caju, tal
blicas. como a interrupção das importa-
ções de arroz (legais e ilegais) a
partir de 2020 e as exportações de

62
produtos da pesca permitirão re- senvolvimento e melhoria dos
duzir o desequilíbrio da balança principais instrumentos necessários
comercial. para o controlo da economia
(modelo de previsão e de enqua-
Da mesma forma, a melhoria da dramento macroeconómico, su-
gestão das finanças públicas per- pervisão da evolução da dívida
mitirá reforçar a eficácia das des- pública e plano de acções priori-
pesas públicas e favorecer uma tárias (PPA) e Programa de Inves-
gestão prudente da dívida. Enfim, timentos Públicos (PIP); e iii. forta-
o crescimento da produção local lecimento das capacidades o Insti-
e o surgimento de novos motores tuto de Estatísticas. O controlo efi-
do crescimento que favorecem o caz do programa de investimento
emprego desenvolverão o consu- supõe a implementação dum sis-
mo doméstico. O Governo benefi- tema de apresentação regular de
ciará dum quadro fiscal renovado relatórios e da avaliação de im-
em matéria de gestão das finan- pactos na realização de projectos
ças públicas, da redução da de- e receberá um reforço de capa-
pendência dos meios internacio- cidades proporcionado pelo Insti-
nais de produtos de rendimento e tuto de Estatísticas. Este acompa-
do crescimento da produtividade nhamento da avaliação será
nacional no controlo da inflação efectuado com base em indica-
mediante o simples facto de dores mais pertinentes segundo os
adoptar os critérios de conver- campos do plano estratégico:
gência da União Económica e fundamentos da competitividade,
Monetária da África Ocidental sectores de crescimento e outros
(UEMOA). sectores de actividade. Será defi-
nido o quadro institucional que
Para alcançar estes objectivos
permite uma participação real e
ambiciosos necessitará dotar-se
regular das partes interessadas na
de capacidades fortes de gestão
implementação de projectos e
e ’atteinte de ces objectifs am-
programas do plano.
bitieux nécessitera de se doter de
capacités fortes de gestion et de
cadrage macroéconomique e en-
quadramento macroeconómico. Programa 9: Reforma da
O programa a ser implementado
gestão das finanças públi-
neste óptica inclui três eixos: i. re-
crutamento e formação de qua- cas
dros na análise, previsão macroe-
Uma melhor gestão das finanças
conómica, formulação de políticas
públicas passará pelo seguinte: i.
e planeamento estratégico; ii. de-

63
melhoria da arrecadação fiscal; e das prioridades sectoriais; iii. me-
ii. melhoria da execução das des- lhoria da supervisão orçamental; e
pesas públicas. O Governo guine- iv. controlo e publicação regular
ense deve melhorar a arrecada- das contas de gestão e da exe-
ção de receitas fiscais para aten- cução do orçamento. Na melhoria
der às necessidades de funciona- da qualidade e transparência das
mento e investimento. Será neces- despesas públicas, as Autoridades
sário neste quatro ampliar as ma- accionarão ou adoptarão as cin-
térias colectáveis, incluindo-se aí co medidas seguintes: i. Unifica-
impostos imobiliários e prediais; ção da folha de pagamento do
reforçar a aplicação rigorosa de Ministério das Finanças e da Fun-
disposições fiscais e alfandegárias ção Pública; ii. pagamento de sa-
e a cobertura de actividades ac- lários com base na presença física
tualmente informais; assegurar as em certos ministérios; iii. implemen-
receitas por meio da centralização tação do sistema de contabilida-
de pagamentos à DGCI; e racio- de pública em conformidade com
nalizar e acompanhar as exonera- o Sistema de Gestão Integrada
ções alfandegárias e financeiras. das Finanças Públicas (SIGFIP); iv.
O controlo fiscal deverá também transparência na gestão dos bens
ser reforçado e melhorada a sua públicos e responsabilização sis-
eficácia. O Estado favorecerá temática, especialmente por meio
igualmente, por meio de medidas da apresentação anual das con-
de informação e conscientização, tas públicas sob controlo do Par-
um comportamento mais respon- lamento e do Tribunal de Contas;
sável por parte dos cidadãos na e v. saneamento das contas pú-
contribuição aos recursos públicos. blicas e elaboração dum plano
As novas tecnologias da informa- crível para liquidação progressiva.
ção serão também utilizadas para
melhorar a arrecadação e o con-
trolo.
Programa A 3 : Reforço da
Para consolidar e reforçar a eficá- gestão de mercados públi-
cia da gestão orçamental, as me-
cos
didas serão orientadas à consecu-
ção de quatro (4) objectivos: i. ali-
Uma governação transparente e
nhamento das prioridades orça-
eficaz requer uma adaptação do
mentais definidas no plano estra-
sistema de adjudicação de con-
tégico; ii. implementação do qua-
tratos públicos de acordo com os
dro de despesas no médio prazo
melhores padrões internacionais.
(CDMT)a fim de melhorar o plane-
amento das despesas no âmbito 3
Financiamento obtido

64
Esta adaptação será feita no âm- tratos e um enquadramento rigo-
bito do cumprimento das normas roso do recurso a procedimentos
da UEMOA na matéria e dos prin- excepcionais da execução orça-
cípios de eficácia da assistência mental. Uma segunda parte inclui
pública. Uma primeira parte visa à o fortalecimento das capacidades
gestão dos contratos públicos pa- da unidade a cargo da gestão
ra conseguir maior transparência e dos contratos públicos.
coesão na adjudicação de con-

e. Promover o desenvolvimento local, a descentralização e


a participação dos cidadãos

Participação fraca dos cidadãos e risco de o Estado perder


a legitimidade e a credibilidade.

A centralização e a concentração forte concentração e centraliza-


administrativa excessiva limitam o ção da Administração que se tra-
desenvolvimento e o exercício da duzem por dificuldades de acesso
cidadania. De facto, embora a aos seus serviços por parte dos
Assembleia Nacional Popular te- administrados e uma fraca partici-
nha adoptado leis sobre a descen- pação da população na gestão
tralização depois de 1995, a Gui- de assuntos e no processo político.
né-Bissau não conta hoje com co- Uma das consequências é tam-
lectividades locais dirigidas por bém a taxa de percepção de im-
pessoas eleitas. Actualmente o postos locais, resultante, entre ou-
país está organizado em quatro tros, da falta de meios financeiros
províncias e oito regiões adminis- para as iniciativas de desenvolvi-
trativas, elas próprias divididas em mento local. No final, a situação
sectores. A região constitui o único que prevalece produz perda de
núcleo administrativo operacional, legitimidade e credibilidade do
o Estado, que é representado por Estado, enfraquecendo o senti-
um Governador pertencente ao mento de pertencer à nação e
Ministério da Administração Territo- terminando numa fraca participa-
rial. Resulta desta situação uma ção cidadã.

65
Restaurar a confiança dos cidadãos e oferecer um melhor
serviço ao público de atendimento.

Dois programas foram elaborados bre esta base; e de instituir um


para iniciar um desenvolvimento quadro político, estratégico e insti-
local participativo, oferecer melhor tucional para o modelo da nova
serviço de atendimento, promover Administração Territorial e Pública.
a participação cidadã e restaurar O Estado definirá as estratégias de
a confiança dos cidadãos: i. re- implementação das novas medi-
forma da Administração Territorial das e as aplicará a utilizar o poder
e reforço das capacidades finan- legislativo e da sociedade civil
ceiras institucionais, técnicas e com o objectivo de conduzir à
humanas das colectividades loais; realização de eleições locais. Com
e ii. descentralização e promoção o tempo o resultado esperado é o
do desenvolvimento participativo. fortalecimento da participação
dos cidadãos no processo político
e na gestão dos assuntos públicos.
Programa 10: A reforma da
As colectividades locais deverão
Administração Territorial e
ser dotadas de capacidades fi-
dotação das colectivida- nanceiras, técnicas e humanas
des locais de capacidades que lhes permitam assegurar um
financeiras, institucionais, serviço de proximidade eficiente,
responsável e transparente. Neste
técnicas e humanas.
sentido será necessário garantir
uma melhor recebimento dos im-
Para reformar a administração ter-
postos locais e uma melhor aloca-
ritorial e reforçar as capacidades
ção dos orçamentos do Estado,
das comunidades locais, deverá
possibilidade de empréstimos de
ser feita uma análise da situação
instituições financeiras ou financi-
destes lugares: o Estado fará uma
amento proporcionado pelos par-
revisão do processo de descentra-
ceiros para a realização de pro-
lização e uma avaliação da sua
jectos locais. A implementação
implementação após a aplicação
destes programas permitirá cum-
da lei em 1995. Trata-se principal-
prir os objectivos da descentraliza-
mente de fazer uma auditoria da
ção, a saber, uma melhor conside-
Administração Territorial e das re-
ração das necessidades dos ad-
comendações para os processos;
ministrados e um melhor serviço
de actualizar as leis sobre descen-
público. Esta implementação de-
tralização e desconcentração so-

66
verá também ser feita em total sentimento de cidadania e de
transparência a fim de evitar o convergência no tocante aos va-
clientelismo e sentar as bases du- lores do progresso e da democra-
ma gestão local ética e eficaz. cia. As colectividades locais deve-
Enfim, serão implementados siste- rão se acompanhadas por um en-
mas de informação destinados a tidade ou uma Direcção Geral
simplificar e racionalizar os proce- encarregada do desenvolvimento
dimentos administrativos. local que as apoiará na elabora-
ção de programas de desenvolvi-
mento, busca de financiamento,
Programa 11: Descentrali- implementação de projectos e
zação e promoção do de- fortalecimento de capacidades.

senvolvimento participati- As autoridades implementarão


vo. também um projecto de reforço
da participação das mulheres nas
A instalação de conselhos munici- eleições. Este projecto visa a tornar
pais, representativos das comuni- efectiva a paridade e a equidade
dades locais, permitirá transmitir de género nos partidos políticos e
de maneira participativa as ac- nas instâncias locais de tomada
ções prioritárias a serem realiza- de decisão; a participação equi-
das. Os projectos prioritários serão tativa das mulheres na política e
seleccionados, planeados, imple- no governo permanecem essenci-
mentados e dirigidos pelos comités ais para edificar e manter a de-
consultivos em total transparência. mocracia. Um dos resultados dese-
Os interesses dos grupos da popu- jados é a emergência das mulhe-
lação identificados como vulnerá- res e raparigas suficientemente
veis ou com necessidades especí- formadas e informadas capazes
ficas deverão ser levados em con- de participar dos processos locais
ta. Os benefícios directos serão de tomada de decisão numa
percebidos pelas populações, o perspectiva de fortalecimento da
que reforçará o sentimento de sua participação no processo de
pertinência à comunidade e ao desenvolvimento e de controlo da
país, bem como desenvolverá um acção pública.

67
III. ASSEGURAR UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL
III. DO CAPITAL NATURAL E PRESERVAR A BI-
ODIVERSIDADE

Para oferecer a todos os seus cidadãos condições propícias e oportunida-


des de acesso à criação de riquezas, a Guiné-Bissau deverá empenhar-se
em preservar de forma sustentável o seu rico capital natural e o valorizar.
Este capítulo descreve neste quadro os desafios, mas também os procedi-
mentos a serem implementados.

A Guiné-Bissau é um refúgio natural que deve ser preser-


vado.

A Guiné-Bissau representa uma e 31 espécies de anfíbios, das


excepção ecológica na África quais pelo menos são espécies
Ocidental. A sua cobertura flores- endémicas. A fauna aquática é
tal serve de fronteira entre o Sahel igualmente muito diversificada
e a floresta tropical húmida da Muitos rios e cursos d'água ba-
África Ocidental. O seu território é nham a Guiné-Bissau, do norte ao
ao mesmo tempo continental e sul do país, principalmente Ca-
insular. A sua vasta zona de man- cheu, Mansoa, Geba, Corubal,
gues que cobre todo o seu litoral é Grande de Buba, Cumbijã, Tom-
um lugar de reprodução privilegi- bali e Cacine. A flora compreende
ado para o recurso pelágico do 1.186 espécies recenseadas, per-
conjunto do Golfo da Guiné. Em- tencentes a 160 famílias. Doze des-
bora os inventários da biodiversi- tas espécies são endémicas. O
dade permaneçam lacustres, os Arquipélago dos Bijagós oferece
trabalhos indicam que os ecossis- uma mescla especialmente origi-
temas abrigam uma fauna diversi- nal de ecossistemas e paisagens:
ficada de 64 espécies de mamífe- grandes feixes tirados dos man-
ros, das quais 11 são espécies de gues; savanas salpicadas de ar-
primatas, bem como 374 espécies bustos, flores húmidas, penhascos
de pássaros, 85 espécies de répteis escarpados e zonas de plantação

68
agrícola de palmeiras. Este ambi- vo da Guiné-Bissau tem consciên-
ente único revela-se um refúgio cia do privilégio de habitar um ter-
natural para os hipopótamos, tar- ritório tão excepcional, rico em
tarugas marinhas, peixes-boi, lon- biodiversidade vibrante. Está
tras, macacos, golfinhos e cente- igualmente consciente das res-
nas de pássaros que vivem em ponsabilidades implícitas neste
harmonia com os bijagós e outros privilégio.
habitantes do arquipélago. O po-

Foram implementadas medidas ambiciosas de protecção.

Desde 1992 a Guiné-Bissau está forçadas em 2004 com a criação


empenhada na identificação de do Instituto da Biodiversidade e
ecossistemas cuja protecção da das Áreas Protegidas (IBAP), órgão
biodiversidade justifica o status de encarregado da gestão operaci-
áreas protegidas. Portanto, os onal da custódia das áreas prote-
mangues do Rio Cacheu (540 gidas. No entanto, este dispositivo
km²); as Ilhas de Orango no Arqui- ambicioso de protecção da biodi-
pélago de Bijagós (680 km²); as versidade enfrenta insegurança
Lagoas de Cufada (990 km²); a em matéria de financiamento que
densa floresta de Cantanhés (650 depende quase exclusivamente
km²); as florestas claras de Dulombi da ajuda de dadores internacio-
(1.770 km²) onde se encontra a nais. Os meios utilizados para a
maior diversidade de vertebrados, custódia das áreas protegidas po-
são santuários constituídos por lei dem igualmente ser reforçados
no quadro do Sistena Nacional de para assegurar uma maior eficá-
Áreas Protegidas (SNAP). Os par- cia da protecção destes ecossis-
ques nacionais representam 12% temas. Enfim, o meio ambiente da
do território nacional. Em 1996 o Guiné-Bissau sofre de importantes
Arquipélago de Bijagós foi decla- vulnerabilidades, vinculadas à
rado reserva da biosfera, status pressão antrópica e aos riscos cli-
concedido sob o patrocínio da máticos que superam muito o pe-
UNESCO. Esta medidas foram re- rímetro das áreas protegidas.

69
A actividade do homem gera perturbações importantes no
meio ambiente.

Oitenta por centro da população co-químicos (oxigénio, turvação,


guineense vivem no litoral, a cau- eutrofização) dos mangues. No
sar uma pressão antrópica impor- tocante à floresta húmida, de
tante sobre o meio ambiente. 30.000 a 60.000 hectares desapa-
Grande parte desta população recem anualmente com os efeitos
vive da actividade agrícola ou da negativos sobre a capacidade
pesca e utiliza técnicas cuja con- corrente de sequestro estimados
sequência é o desmatamento, a em 15.738,43 Gg CO2 atmosférico
pesca excessiva, a poluição de (PANA, 2006). Para além disto, a
camadas freáticas e do solo, bem monocultura da castanha contri-
como a erosão dos solos. Assim bui fortemente para a perda da
fortes pressões são exercidas sobre diversidade vegetal e empobrece
os mangues em consequência do o solo. Estas diferentes vulnerabili-
procedimento de defumação da dades contribuem para diminuir o
pesca. A poluição orgânica cau- estoque de recursos naturais reno-
sadas por acampamentos da váveis e põem em perigo as con-
pesca contribui igualmente para a dições de vida, ou mesmo de so-
modificação dos parâmetros físi- brevivência da população.

O meio ambiente continua sob ameaça de distúrbios


climáticos.

Na Guiné-Bissau o biótipo está su- ção entre a terra e o mar, a exis-


jeito a perturbações importantes tência dum delta marinho activo e
vinculadas aos distúrbios climáti- a geomorfologia do litoral o tor-
cos. Todo ano a linha do litoral re- nam particularmente sensível à
cua cerca de 5 a 10 metros, a erosão. As inundações das terras
provocar a inundação das terras baixas aumentam as concentra-
baixas, perda de mangues, des- ções de sal no solo e contribuem
truição da infra-estrutura construí- para reduzir a fertilidade e a esta-
da no litoral e a ameaçar o modo bilidade do solo. As plantações de
de vidas dos seres humanos e da arroz tiveram de ser abandonadas
fauna. A profunda interpenetra- devido à salinidade demasiada-

70
mente elevada do solo. Os distúr- tas duas tendências afectam o
bios climáticos causam também a funcionamento dos ecossistemas
diminuição da pluviometria, acen- com a consequência da migra-
tuada pela tendência à elevação ção, adaptação e/ou desapare-
da temperatura média anual. Es- cimento de certas espécies.

Quatro (4) orientações principais para a preservação da


biodiversidade e desenvolvimento sustentável.

Estas vulnerabilidades antrópicas e do desenvolvimento sustentável e


climáticas devem ser abordadas da protecção da biodiversidade;
no âmbito dum procedimento ii. conhecer, assegurar e organizar
global e integrado de protecção os ecossistemas; iii. regular a ex-
do meio ambiente e da biodiversi- tracção de recursos naturais reno-
dade. Tal procedimento, que con- váveis para assegurar a renova-
tribuirá para o objectivo global do ção biológica; e iv. implementar
desenvolvimento sustentável da um Plano Climático para aumen-
Guiné-Bissau, divide-se em quatro tar a resiliência do território nacio-
acções principais: i. instaurar um nal ou à mudança climática.
ambiente normativo e institucional

a. Estabelecer um âmbito normativo e institucional do de-


senvolvimento sustentável e da protecção da biodiversi-
dade.

Programa 12: Reformas ins- Foram assim ratificadas a Conven-


ção-Quadro sobre a Mudança
titucionais e quadro nor- Climática ou Protocolo de Kyoto, a
mativo da gestão ambien- Convenção sobre a Diversidade
tal e do desenvolvimento Biológica ou Convenção sobre a
Desertificação. A Guiné-Bissau é
sustentável.
igualmente signatária do Protoco-
A Guiné-Bissau ratificou os princi- lo de Cartagena sobre Biossegu-
pais tratados internacionais de rança e Biotecnologia; da Con-
protecção do meio ambiente e de venção de Viena sobre a Protec-
combate à mudança climática. ção da Camada de Ozónio; e da

71
Convenção de RAMSAR sobre a
Protec

72
ção de Zonas Húmidas. Contudo, des locais e a participação das
estas diferentes convenções não mesmas em actividades geradoras
se traduziram ainda em textos le- de receitas no local onde vivem
gislativos e disposições regulamen- ou ainda a obrigação de supervi-
tares que transformam os estes são das externalidades ambientais
princípios no direito aplicável no negativas das actividades huma-
nível nacional. Para remediar esta nas serão alguns dos meios previs-
situação, duas leis de orientação – tos para este efeito. Portanto, a lei
uma sobre o desenvolvimento sus- determinará os requisitos em maté-
tentável e a outra sobre a protec- ria de eliminação de dejectos e
ção do meio ambiente e da bio- produtos perigosos, bem como os
diversidade – definiram o âmbito limites de poluição abaixo dos
legislativo nacional de aplicação quais deverão ser implementadas
dos tratados ratificados e serão acções de reparação. Enfim, a lei
definidas nos diferentes códigos de orientação sobre o desenvol-
sectoriais pelas disposições norma- vimento sustentável indicará as
tivas que precisarão os pormeno- ferramentas e as instâncias de
res. prestação de contas ambientais
junto às instituições internacionais
A lei de orientação sobre o desen- a respeito das actividades da Gui-
volvimento sustentável será a pe- né-Bissau em matéria de desen-
dra angular do modelo de desen- volvimento sustentável.
volvimento da Guiné-Bissau. Ela
definirá os princípios de preserva- A lei relativa à protecção do meio
ção, valorização e reabilitação ambiente e da biodiversidade in-
dos ambientes naturais e estabe- cluirá as medidas de preservação
lecerá as responsabilidades dos ambiental e de salvaguarda da
diferentes actores, tanto públicos biodiversidade. Esta lei determina-
como privados, participantes da rá as medidas do combate à polu-
implementação do desenvolvi- ição e danos, de proteção da sa-
mento sustentável na República lubridade do meio ambiente e da
da Guiné-Bissau. Neste sentido, salvaguarda da biodiversidade.
determinará os meios de acção Ela definirá nomeadamente no
dos poderes públicos, dos opera- direito natural as acções previstas
dores económicos e da sociedade pela Convenção de Estocolmo
civil para garantir o respeito do sobre a Poluição Ambiental no
bem-estar das gerações actuais e que diz respeito à utilização de
futuras nas diferentes actividades produtos químicos. A lei sobre a
humanas em andamento. A obri- protecção do meio ambient
gação de consultar as comunida-

73
74
e proibirá o uso de substâncias
químicas muito poluentes que fa-
zem parte dos vários vilões identifi-
cados na Convenção de Estocol-
mo: aldrina, clordano, dieldrina,
endrina, heptacloro, hexacloro-
benzeno, mirex, toxafeno e os bi-
fenilos policlorados (PCB). Incluirá
sobremaneira a utilização do DDI.
Para além disto, determinará o uso
sistemático de estudos sobre im-
pacto ambiental e preservação
da biodiversidade em todas as
actividades económicas cujo

75
investimento atingir um limite con- Serão especificados os poderes
siderado significativo. Anunciará públicos em matéria de protecção
medidas de promoção da conser- de zonas de reprodução e de
vação de recursos genéticos. In- crescimento de filhotes pelágicos;
cluirá igualmente as medidas de supervisão e repressão de acam-
salvaguarda das diferentes áreas pamentos de pesca ilegal; con-
protegidas, quer se trate de par- cessão de licenças de pesca e
ques nacionais, de zonas húmidas acompanhamento das capturas;
da RAMSAR ou de zonas de repro- e controlo sanitário dos produtos
dução e de crescimento de filho- da pesca. Serão aplicadas dispo-
tes pelágicos. sições semelhantes para assegurar
uma gestão sustentável das flores-
As orientações destas duas leis tas, uma agricultura biológica sa-
serão definidas nos diferentes có- dia, bem como uma exploração
digos sectoriais que incluirá a acti- de minérios sem poluição no âmbi-
vidade humana com impacto so- to dos diversos códigos sectoriais
bre o meio ambiente. O código da em questão.
pesca, o código da agricultura, o
código florestal, o código da caça Para além do âmbito jurídico, um
e o código da mineração serão dispositivo institucional reforçado
criados ou actualizados para se- garantirá a protecção eficaz do
rem aplicados aos sectores indi- meio ambiente. A Guiné-Bissau
cados nas orientações da lei- será dotada dum dispositivo insti-
quadro sobre o desenvolvimento tucional que permita a dissuasão,
sustentável, bem como protecção a tributação, o controlo e a re-
do meio ambiente e da biodiversi- pressão eficaz para enfrentar o
dade. Assim, por exemplo, o códi- saque dos recursos e os diversos
go da pesca proibirá as técnicas actos ilícitos no território tanto ma-
nocivas aos ecossistemas, tais co- rítimo como terrestre. Este reforço
mo pesca de arrasto, que reco- do quadro institucional passa pelo
lhem de forma desproporcionada seguinte: i. perenização do finan-
os recursos pesqueiros (redes de ciamento da protecção ambien-
deriva, redes de monofilamentos, tal por meio da criação do Fundo
linhas longas...) Será obrigatório o Nacional do Meio Ambiente; ii.
recurso às técnicas e ferramentas actualização do Plano Nacional
que contribuem para uma extrac- para a conservação das biodiver-
ção mais sustentável do recurso, sidade para a transformar em ins-
tal como o dispositivo de exclusão trumento de política geral coeren-
das tartarugas (TED) das redes de te com as ambições do país; iii.
barcos de pesca do camarão. reforço institucional da investiga-

76
ção e fiscalização dos ecossiste- utilidade pública no Reino Unido e
mas; e iv. reforço da capacidade na Guiné-Bissau. Tem um Conselho
interna de gestão de dejectos. de Administração no qual se reú-
nem várias instituições multilaterais
e ONG de protecção da natureza.
Programa 13: Reforço das A finalidade da FBG é funcionar
capacidades de gestão do como fundo fiduciário para a con-
servação da biodiversidade na
capital natural.
Guiné-Bissau. Utiliza e aplica um
O reforço das capacidades de capital a ela confiado para finan-
gestão sustentável do capital na- ciar um capital de giro como o
tural é primordial a levar em conta IBAP por meio de rendimentos re-
a forte dependência dos recursos gulares dos seus investimentos fi-
naturais. Isto passará especialmen- nanceiros. O processo de dotação
te pelo seguinte: i. capitalização do capital semente da FBG está
da Fundação BioGuiné (FBG); ii. re- em vias de finalização junto a par-
forço do Instituto da Biodiversida- ceiros no desenvolvimento susten-
de e das Áreas Protegidas ('IBAP); tável da Guiné-Bissau num mon-
iii. reforço institucional da adminis- tante de cerca de 5 milhões de
tração encarregada das florestas. FCFA (7,5 milhões de euros). A FBG
poderá igualmente ser comple-
O financiamento perene de ac- mentada por reconversões de dí-
ções de preservação da biodiver- vidas de parceiros financeiros bila-
sidade e do meio ambiente é in- terais, mecanismos de que podem
dispensável para a sustentabilida- beneficiar países africanos como o
de do procedimento da Guiné- Gabão.
Bissau. O Sistema Nacional de
Áreas Protegidas (SNAP) é há mui- Para além da FBG outros tipos de
to financiado por dadores interna- financiamento inovadores deverão
cionais com financiamentos de ser mobilizados para acompanhar
curto prazo, irregulares e que o plano de acção do meio ambi-
ente e da biodiversidade. A Guiné-
atendem às prioridades fixadas no
exterior. Conscientes desta vulne- Bissau acompanhará a mobiliza-
rabilidade, a Guiné-Bissau e os seus ção de recursos externos para a
parceiros criaram um mecanismo recolha de recursos próprios desti-
inovador de financiamento por nados a manter o processo de
meio da FBF. A FBG é uma funda- desenvolvimento sustentável. As
ção privada sem fins lucrativos de royalties sobre a pesca constituem
direito inglês, reconhecida como a primeira fonte de rendimentos
mobilizáveis, quer se trate de royal-

77
ties provenientes de acordos de tecção do meio ambiente e da
autorização da pesca – como o biodiversidade.
da União Europeia – ou vinculadas
a um melhor controlo de pescado- Perante a caça ilegal e o contra-
res artesanais que deverão pagar bando, convém reforçar os meios
patentes para obter licenças de humanos e materiais confiados ao
pesca e pagar as taxas vinculadas IBAP, a fim de que este possa as-
às suas capturas, arrecadadas no sumir plenamente a sua missão de
local de desembarque da pesca. salvaguardar as áreas protegidas.
As taxas ligadas às concessões de A extracção do recurso da fauna
sítios de turismo impostas a opera- e vegetal alimenta um tráfico na-
dores privados, bem como as ta- cional e internacional de meios
xas sobre os direitos de entrada financeiros, materiais – aí incluídos
nos parques nacionais constituirão armados – significativos. A missão
uma segunda fonte de rendimen- de protecção da biodiversidade
tos endógenos. Enfim, a imposição deve levar o IBAP a coordenar
de taxas sobre as actividades que estudos científicos para melhorar o
causam danos ambientais, nota- conhecimento da fauna e da flora
damente no sector da mineração, nacionais que precisam de finan-
contribuirá para financiar as ac- ciamentos importantes. Ademais
ções de supervisão ou reparação das áreas protegidas, as patrulhas
destas externalidades negativas. do exército, da alfândega e das
Estes diversos recursos próprios se- forças da polícia terão um papel
rão destinados, dum lado, ao or- importante a desempenhar para
çamento nacional e, doutro, à controlar o respeito à jurisdição
FGB, segundo uma chave de re- nacional em todo o território naci-
partição a ser definida caso por onal nele compreendida a Zona
caso de cada taxa. No total, as Económica Exclusiva. Uma instân-
necessidades de financiamento cia de coordenação destas diver-
estimadas para a protecção da sas entidades administrativas to-
natureza elevam-se a 25 bilhões mará medidas para que o trata-
de FCFA por ano (37 milhões de mento da informação seja centra-
euros). O reforço das dotações lizado, a fim de mobilizar da me-
orçamentárias e das capacidades lhor forma possível os recursos pú-
financeiras do FBG correspondem blicos para as patrulhas de dissua-
ao objectivo de manter de forma são, apreensão e repressão de
sustentável a concretização ope- criminosos. No tocante ao comba-
racional das instituições de pro- te à poluição ambiental, a inspec-
ção da Direcção Geral do Meio
Ambiente desempenhará um pa-

78
pel determinante de controlo dos gestão das florestas tanto primárias
níveis de toxicidade da água, do como secundárias às populações
solo e do ar, bem como na identi- rurais. Os recursos destas florestas
ficação das fontes de poluição e não são suficientemente conheci-
detecção de poluentes. Esta fun- dos, as poucas informações reco-
ção estratégica no que diz respei- lhidas baseiam-se em encontros
to ao âmbito jurídico necessitará com autoridades locais e no mate-
de competências de ponta e de rial publicado, ao passo que a
meios materiais sofisticados a se- demanda das populações locais
rem mobilizados. Enfim, as adminis- está a crescer. Sem uma racionali-
trações regulares dos sectores da zação da exploração destas flo-
agricultura, pesca, florestas e mi- restas há forte motivo para recear
nas farão inspecções regulares nos a sua perenidade. Nesta perspec-
locais de actividade para assegu- tiva a Direcção Geral das Florestas
rar o respeito das regras de desen- e Caça, administração encarre-
volvimento sustentável e de pro- gada das florestas, verá as suas
tecção do meio ambiente. capacidades de orientação e
planeamento da exploração das
A considerar que está desprovida florestas reforçadas para dirigir
de meios humanos e financeiros, a melhor a gestão destes ecossiste-
administração florestal delegou a mas.

b. Administrar duplamente os ecossistemas

Programa 14: Conheci- aquáticos (cartografia dos recur-


sos hídricos e inventário dos recur-
mento e supervisão dos re- sos haliêuticos) permitirá compre-
cursos naturais. ender melhor as modalidades de
preservação e/ou de valorização
Salvaguardar a qualidade do seu do meio ambiente guineense. Este
meio ambiente requer conhecer inventário permitirá identificar os
melhor o seu biótipo e os compo- hábitats e as espécies ameaça-
nentes da sua biodiversidade. Para das. Para além disto, um sistema
isto as autoridades públicas farão de acompanhamento da vegeta-
inventários dos ecossistemas e da ção florestal da Guiné-Bissau (SI-
sua biodiversidade a começar pe- MOFLOR) será implementado para
lo inventário e pela caracteriza- conhecer melhor os ecossistemas
ção dos recursos haliêuticos. O florestais.
conhecimento dos ecossistemas

79
Este conhecimento será comple- pesca, cooperação regional,
tado por um conhecimento dos etc.).
fluxos de extracção. No caso dos
recursos haliêuticos, um observató-
rio da pesca recenseará a infor- Programa 15: Gestão de
mação sobre os níveis de captura. áreas protegidas (Imple-
Este observatório produzirá uma
mentação do SNAP).
análise actualizada do seguinte: i.
rendimentos equilibrados máximos; O IBAP definiu um Plano Estratégi-
ii. limites de mortalidade da pesca co para 2014-2020 cujos pilares II e
e nível de resiliência das espécies III tratam respectivamente da ges-
sensíveis; e iii. periodicidade e nível tão das Áreas Protegidas e da mo-
máximo de capturas a ser aplica- nitorização, conhecimento e valo-
do nas diferentes zonas de pesca. rização das Áreas Protegidas (Bio-
diversidade e Serviços Ecossisté-
Uma supervisão e controlo rigoro-
micos). Quanto aos parques exis-
sos do território marítimo permitirão
tentes, o Sistema Nacional de
à Guiné-Bissau assegurar uma ex-
Áreas Protegidas será ampliado
ploração sustentável dos seus re-
com a criação de dois novos par-
cursos haliêuticos. As autoridades
ques nacionais e de três corredo-
guineenses implementaram um
res da fauna. Esta ampliação das
dispositivo completo de vigilância
áreas protegidas incluirá princi-
e controlo para enfrentar o saque
palmente o Arquipélago dos Bija-
dos recursos e a pesca ilícita, não
gós. Em 2012 a Guiné-Bissau sub-
declarada e não regulamentar.
meteu à UNESCO uma proposta
Este reforço adopta especialmen-
de inscrição do Arquipélago Bo-
te a implementação da vigilância
lama-Bijagós na lista do património
de barcos por satélite que fornece
mundial da humanidade. A can-
a intervalos regulares dados sobre
didatura já foi aprovada na primei-
a sua posição, a rota e a veloci-
ra fase. Em 15 de Abril de 1996 a
dade dos barcos às autoridades
UNESCO reconheceu o Arquipéla-
da pesca (VMS) e o reforço dos
go dos Bijagós como Reserva da
meios logísticos e humanos da Fis-
Biosfera. A importância desta re-
calização e Controlo das Activi-
serva na salvaguarda a vida na
dades das Pescas (FISCAP), órgão
terra levou a WWF a inscrever o
de controlo e vigilância, para con-
Arquipélago dos Bijagós na lista
trolo no mar e ao longo das costas
das suas 200 eco-regiões. Esta im-
(meios de navegação, radares,
portância para a conservação da
rádios, estações de vigilância da
vida permitiu ao Estado criar nesta

80
Reserva de Biosfera dois parques zação institucional. Tratar-se-á de
naicionais marinhos – João Viera- manter a autonomia administrati-
Poilão e Orango – e uma Área Ma- va e financeira, bem como preser-
rinha Protegida Comunitária nas var a liderança nas questões de
Ilhas de Formosa, Nago e Tchediã biodiversidade. O fortalecimento
(Urok). Estes esforços serão ampli- da autonomia institucional incluirá
ados com a criação duma enti- uma adesão rigorosa dos melhores
dade para a conservação de fi- padrões de transparências e de
lhotes de tartaruga marinha em responsabilidade. A diversificação
Unhocomo e Unhocomozinho. das parcerias e das fontes de fi-
nanciamento e a obtenção duma
A missão do IBAP no Plano Guiné- parte dos fundos da FBG permiti-
Bissau 2025 será assegurar a ges- rão aumentar a resiliência do IBAP.
tão das áreas protegidas e a pro-
moção da biodiversidade para as
transformar em fundamentos do Programa 16: Preservação
desenvolvimento sustentável a
dos ecossistemas (não li-
serviço das gerações futuras. O
seu papel não é investir directa- gada à gestão das áreas
mente no desenvolvimento das protegidas e ecossistemas
áreas protegidas, mas facilitar e agro-pecuários )
coordenar a intervenção dos sec-
tores, assegurar o acompanha- Para além das áreas protegidas, a
mento e a avaliação contínuos de extracção de recursos será estrei-
projectos nelas desenvolvidos e tamente regulada. Com base no
ajudar a fazer respeitar as leis per- conhecimento adquirido dos re-
tinentes. A estas responsabilidades cursos naturais serão determinadas
acrescentam-se os projectos de quotas limites da pesca, caça,
promoção do desenvolvimento exploração florestal, ocupação do
sustentável. Por exemplo, o IBAP solo pela agricultura e frequência
poderá pôr à prova práticas de dos sítios protegidos pelo sector do
desenvolvimento sustentável des- ecoturismo. Nesta perspectiva vá-
tinadas a serem replicadas fora rios projectos serão implementa-
das áreas protegidas. dos, a saber: i. um projecto de ges-
tão de recursos naturais; ii. um pro-
No intuito de reforçar a participa- jecto de conservação da biodiver-
ção no longo prazo do IBAP no sidade financiado pelo Banco
desenvolvimento sustentável na Mundial que desempenha um pa-
Guiné-Bissau, uma parte importan- pel determinante na conservação
te a estratégia será a sua pereni-

81
de ecossistemas e espécies de pensável empenhar-se em neutra-
importância mundial; iii. um projec- lizar estas situações conflitantes,
to de gestão sustentável de recur- dando preferência à conscienti-
sos florestais e da fauna; e iv. pro- zação e reforço das capacidades
jectos de co-gestão da pesca nos locais na gestão dos recursos natu-
rios da Guiné-Bissau. Esta regula- rais. Neste sentido os parceiros in-
mentação traduzir-se-á em limita- ternacionais apoiarão o fortaleci-
ções dos períodos de extracção, mento das capacidades da soci-
dos volumes a serem extraídos por edade civil a fim de que ela assu-
um determinado recurso e períme- ma plenamente o seu papel neste
tro autorizado de exploração. Por- processo.
tanto, não será permitido pescar
em qualquer lugar e certas zonas Esta iniciativa será especialmente
de reprodução deverão ser cons- expressa no quadro de acção da
tantemente protegidas. A regula- educação ambiental que visa a
mentação especificará medidas colocar as estruturas nacionais e
para que as pressões antrópicas as organizações locais de educa-
não impeçam a renovação dos ção e de participação comunitá-
recursos. No caso da pesca o Es- ria em condições de transmitir às
tado definirá, em função da resili- gerações jovens os elementos da
ência das diferentes espécies ha- compreensão dos desafios vincu-
liêuticas, as quotas anuais de cap- lados à conservação dos patrimó-
tura, os períodos de autorização nios da zona costeira da África
da pesca, espécie por espécie, a Ocidental.
repartir em função do estoque
Por outro lado, serão implementa-
existente, da migração, dos perío-
dos programas nacionais de parti-
dos de reprodução e do número
cipação das comunidades rurais
de explorações recenseadas. Estes
em actividades de agricultura bio-
projectos contribuirão para dotar
lógica, pesca sustentável e ecotu-
a Guiné-Bissau de medidas e mei-
rismo a fim de que estas comuni-
os para combater a poluição e
dades rurais sejam actores inte-
preservar os seus ecossistemas vul-
grais da dinâmica de desenvolvi-
neráveis.
mento sustentável por meio dos
Os recursos naturais são objecto principais motores de crescimento
de usos diversificados, às vezes identificados.
contraditórios, que podem levar a
situações conflitantes. Num con-
texto de economia de penúria e
de situação pós-conflito é indis-

82
Programa 17: Elaboração e Neste âmbito a protecção do lito-
ral desempenhará um papel de-
implementação dum Plano terminante no fortalecimento da
Climático. resiliência do território aos perigos
climáticos. Esta protecção inclui: 1.
“A beleza dos pequenos Estados uma questão económica porque
insulares em desenvolvimento re- contribuirá para manter e reforçar
side na engenhosidade dos seus as instalações de diferentes activi-
povos, no seu espírito de empre- dades económicas concentradas
endimento, na sua capacidade de em mais de 80% do litoral; ii. uma
enfrentar inúmeros desafios oriun- questão social, porque reafirma a
dos da mudança climática, de se mobilidade da população e con-
reinventar e recuperar a resiliência tribui proativamente para a segu-
das suas instituições, dos vínculos rança alimentar; e iii. uma questão
sociais, dos recursos e das parceri- ecológica, porque favorece a
as de reciprocidade.” Carlos Lo- manutenção do equilíbrio dos
pes, Secretário Executivo da Co- ecossistemas costeiros e marinhos.
missão Económica das Nações Para responder a estes desafios, o
Unidas para África. plano de protecção do litoral de-
finirá inicialmente o quadro jurídico
A mudança climática impõe à
de protecção e gestão da zona
humanidade restrições económi-
costeira, a interditar certas activi-
cas e materiais. Para e adaptar a
dades prejudiciais, tais como pe-
este contexto, a comunidade in-
dreiras de areia nas zonas vulnerá-
ternacional empenhou-se, por
veis ou corte de madeira para de-
meio da Convenção Quadro das
fumação de peixe.
Nações Unidas sobre a Mudança
Climática, num processo de adap- Por outro lado, um projecto espe-
tação do território à mudança cífico permitirá reforçar as capa-
climática e à atenuação das emis- cidades de adaptação das comu-
sões de gás de efeito estufa. A nidades e a resiliência dos ecossis-
elaboração e implementação do temas costeiros guineenses face
plano nacional de adaptação à às mudanças climáticas. As ac-
mudança climática permitirão de- ções de adaptação à mudança
finir a estratégia nacional da Gui- climática serão igualmente desen-
né-Bissau neste sentido. Implemen- volvidas nos diferentes sectores de
ta acções de prevenção da vul- actividade, notadamente na agri-
nerabilidade do território e de ges- cultura e na pesca. Os serviços de
tão dos perigos climáticos. dessalinização do solo e do reser-
vatório hidrográfico continental

83
contribuirão, por exemplo, a com- dos perigos climáticos sobre as
bater os impactos mais negativos populações rurais.

IV. CONSTRUIR UMA REDE NACIONAL DE INFRA-


IV. ESTRUTURAS MODERNA E COMPETITIVA

A ausência de infra-estruturas críti- electricidade, rodovias, portos e


cas, a começar pela energia, im- aeroportos, hábitat e desenvolvi-
pede a decolagem da economia mento urbano e conectividade
guineense. Actualizar estas infra- digital. Quais são as necessidades?
estruturas é um imperativo. Mas Quais serão mais críticas para os
será necessário ir mais longe. A motores do crescimento e para o
ambição da Guiné-Bissau 2025 desenvolvimento social?
necessita implementar um vasto
programa de desenvolvimento Este capítulo identifica as grandes
das infra-estruturas em todo o terri- necessidades das infra-estruturas
tório tanto em termos de água, previstas para 2025 e o processo
para as priorizar e as implementar.

a. Construir uma rede nacional moderna de transporte mul-


timodal.

Infra-estruturas e um sector de transportes pouco desen-


volvidos.

As actuais infra-estruturas de tinente) e 28% de rodovias asfalta-


transporte da Guiné-Bissau não das num total de 3 455 km. A rede
permitem valorizar o vasto poten- de rodovias principais é global-
cial económico do país. A rede mente adequada e melhor do
rodoviária é pouco densa 12,3 km que a média da UEMOA. No en-
de rodovias para 100 km² no con- tanto, a rede actual, especialmen-

84
te a rede secundária e rural, está vel por 85% das exportações e 90%
consideravelmente deteriorada, das importações do país, tem bai-
como resultado de uma manu- xo desempenho. Ultrapassa 300%
tenção, assistência e reabilitação as suas capacidades anuais com
insuficientes e com frequente so- equipamentos superexplorados e
brecarga nos eixos. Esta deteriora- decadentes. O acesso ao porto é
ção é particularmente marcante dificultado pela ausência de ma-
no sul do país que tornam difícil o nutenção, de dragagem de ca-
acesso durante a época de chu- nais e de ferramentas adequadas.
vas, a tornar difícil o transporte da A despeito destas lacunas e da
produção agrícola das zonas de baixa qualidade do serviço, os
forte produção (Quinara, Tombali) custos das operações portuárias
para as zonas de consumo e de em Bissau estão entre as mais altas
exportação (principalmente Biss- da sub-região, como mostra a Fi-
sau). O porto de Bissau, responsá- gura 8.

Figura 7 : Custos das operações portuárias na África Ocidental (em )

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

Os meios de transporte não são aeroporto internacional que funci-


suficientemente desenvolvidos. A ona abaixo das suas capacida-
Guiné-Bissau dispõe dum único des. Precisa de trabalhos de re-

85
forma e melhoria de serviços. Há al, mas tais vias de acesso ainda
no interior do país alguns aeró- estão inexploradas ou abandona-
dromos, mas precisam igualmente das, especialmente as do sul. Para
de trabalhos de reforma e actuali- além das infra-estruturas, o sector
zação, especialmente os de Cufar de transportes está precariamente
e Bubaque. Estes trabalhos permiti- desenvolvido. O parque de veícu-
rão apoiar, entre outros, o desen- los é muito antigo (90% dos veícu-
volvimento duma actividade turís- los têm mais de 10 anos) e Bissau,
tica nas Ilhas Bijagós. A grande a capital, não tem sistema de
parte das pequenas cidades são transporte público oficial.
acessíveis por via marítima e fluvi-

Construir uma rede nacional moderna de transporte


multimodal.

O desenvolvimento dum conjunto mente reforçar os intercâmbios


do território guineense torna indis- comerciais da Guiné-Bissau com
pensável uma rede nacional mo- os mercados regionais, especial-
derna de transporte multimodal. A mente da Guinée-Conakry, Mali e
Guiné-Bissau dispõe dum potencial Senegal Enfim, favorecerá o de-
económico importante no conjun- senvolvimento de serviços de
to do seu território. Portanto, a vi- transportes eficazes ao serviço das
são 2025 prevê o desenvolvimento populações urbanas e rurais da
de novos pólos económicos repar- Guiné-Bissau.
tidos no conjunto do país e apoia-
se na valorização do seu potencial Esta nova rede de infra-estruturas
agrícola e agro-industrial, haliêuti- será formada ao redor de cinco
co, turístico e de mineração. A corredores principais de desenvol-
construção desta nova carta eco- vimento. Um primeiro corredor que
nómica supõe, no entanto, o de- atravessará o país de oeste a leste
senvolvimento duma rede nacio- ligará a capital Bissau a Bafatá,
nal de infra-estruturas modernas Gabu e aos países fronteiriços da
para ligar os diferentes pólos e in- Guiné e do Mali. Bafatá será liga-
terconectar as zonas de produção do por um segundo corredor ao
às de transformação, comerciali- sul do Senegal que facilitará o
zação ou exportação. Esta rede acesso ao mercado regional de
de infra-estruturas permitirá igual- Diaobé. Gabu será igualmente

86
servida por um corredor norte-leste cine e será igualmente ligado ao
para o sudeste da Guiné, a ligar primeiro corredor a permitir assim
assim ao Senegal e à Guiné. Um desenvolver o sul do país. Esta re-
terceiro corredor de Bissau a pas- de fará então a junção entre as
sar por Farim para o Senegal per- principais pequenas cidades, prin-
mitirá igualmente ligar ao merca- cipais aeroportos e aeródromos e
do de Diaobé, bem como trans- as regiões fronteiriças do Senegal
portar fosfatos de FArim ao porto e da Guiné e do Mali. A rede fluvi-
de Bissau. Um quarto corredor liga- al e marítima permitirá ligar as pe-
rá Bissau a Casamance ao sudoes- quenas cidades do lado oeste do
te do Senegal a passar por Ca- país, bem como as Ilhas Bijagós.
cheu. Enfim, um quinto corredor Dois programas permitirão construir
ligará Bissau, Bolama, Buba e Ca- esta nova rede de infra-estruturas.

Figura 8: Principais corredores da Guiné-Bissau (projectos)

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

87
Programa 18: Reformas e Para além disto, as capacidades
institucionais do país no sector dos
fortalecimento institucional
transportes deverão ser reforça-
do sector de transportes.
das. A Direcção Geral das Estradas
As reformas institucionais favore- e Transportes Terrestres serão assim
cem o desenvolvimento dos servi- reformada e reforçado o acom-
ços de transporte no conjunto do panhamento estatístico do sector.
território. O desenvolvimento das Para além disto, a implementação
infra-estruturas e dos serviços de do esquema director das infra-
transporte na Guiné-Bissau supõe a estruturas de transportes será um
implementação de reformas ade- vasto empreendimento que deve-
quadas. Portanto, um quadro pro- rá ficar a cargo das estruturas
pício deverá ser definido pelas adequadas, particularmente os
Parcerias Público-Privadas para órgãos dedicados.
favorecer o desenvolvimento de
infra-estruturas básicas de trans-
portes (auto-estradas, portos, ae-
roportos...). Para além disto, o âm-
Programa 19: Implementa-
bito de negócios deve incentivar ção do esquema director
os investimentos privados nos sec- de infra-estrutura de trans-
tores de transportes e favorecer
portes.
uma prestação diversificada de
serviços de transporte privado (ro- Um importante programa de de-
doviário, aéreo, fluviomarítimo). senvolvimento rodoviário será rea-
Enfim, as políticas deverão favore- lizado segundo as prioridades de-
cer a protecção e a segurança finidas no quadro do esquema di-
dos transportes e estar harmoniza- rector das infra-estruturas de trans-
das com as normas em matéria de portes. Nos próximos 10 anos a
livre circulação de bens e pessoas Guiné-Bissau deve construir os seus
nas comunidades regionais das corredores de desenvolvimento, a
quais a Guiné-Bissau é membro saber, as infra-estruturas rodoviá-
(UEMOA /CEDEAO). Neste contex- rias, marítimas e ferroviárias que
to os estudos realizados com o permitirão ligar entre si de maneira
apoio dos parceiros no desenvol- óptima os nove pólos económicos
vimento já permitiram identificar e com os principais mercados ex-
uma série de reformas necessárias. teriores. A caixa 01 mostra uma
Trata-se aqui de implementar de série de projectos prioritários já de-
forma diligente e em conjunto finidos, bem como estruturas rodo-
com todos os actores envolvidos. viárias, pistas rurais, terminais de

88
passageiros e transporte público assim as operações de importa-
urbano em Bissau ou estruturas im- ção e exportação. As vias fluvio-
portantes (pontes, viadutos, túneis, marítimas de navegação e as in-
barragens, cais...). Para além disto, fra-estruturas portuárias de cabo-
serão tomadas medidas para re- tagem nacional serão igualmente
forçar a gestão do Porto de Bissau reabilitadas. Para fluidificar o trá-
(concessão da gestão), moderni- fego aéreo e o dotar de vias inter-
zar com novos equipamentos, pla- nacionais de acesso mais eficien-
near e construir a sua extensão, tes, as capacidades aeroportuá-
bem como melhorar as suas vias rias serão reforçadas futuramente
de acesso com dragagens mais se os estudos confirmarem a sua
regulares. Como são limitadas as viabilidade para a construção
possibilidades de extensão do Por- dum novo aeroporto. O esquema
to de Bissau, serão realizados estu- director de transportes permitirá
dos para a construção de novos identificar e planear o conjunto
portos em Pikil e Buba. Para além destes investimentos, bem como
disto, será implementado um gui- outros projectos e investimentos
ché único de comércio exterior requeridos. O Estado guineense
para o trâmite electrónico de au- empenhar-se-á plenamente em
torizações, permissões, certificados implementar o referido esquema
ou outros documentos alfandegá- com o apoio do conjunto dos seus
rios para os organismos competen- parceiros.
tes do Estado, a facilitar e agilizar

89
Caixa 1 : Principais projectos para o desenvolvimento do transporte rodo-
viário na Guiné-Bissau

No quadro do esquema director, serão realizados estudos para a construção de


diferentes infra-estruturas rodoviárias com base nas necessidades já identifiadas
para as autoridades guineenses e perspectivas de desenvolvimento económico
do país.

Projecto 1: Reabilitar e reforçar a rede rodoviária nacional


 Reabilitar e construir 145 km de rodovias nacionais (a sber, Buba-
Fulacunda-SãoJoão/Tite, Mampata-Cacine, São Domingos Varela, Qui-
nhamel Biombo, Bedanda-Cacine, Ingoré Farim, Bissau Jugudul).
 Reabilitar e construir 498km de rodovias regionais (a saber, Gabu-
Tchétché-Beli-Venduleidi-Koumbia, Gabu-Buruntuma-Kandika-Koundara,
Gabu_Pirada_Wassadou_Kabendou, Tanta cossé _ Cambadju _Sélékénie
_CFRN6, Farim_Saré N'Diaye_Bantankountouel).
 Reabilitar e construir 300 km de pistas rurais (a saber, Batambali/Madina
de Baixo, Fulacunda/Gampara, Timbo/Catio, Quinhamel/Pikil, Bran-
dão/Djabada).
 Construir as pontes de Farim, Contuboel e Tche Tche, bem como 100
aquedutos / pontes pequenas.
 Adquirir novas embarcações (barcaças) para as travessias Cubumba /
Argile, St. John / Bolama, Bissau / Enxudé, Tche Tche e Fulamori.
Projecto 2: Reabilitar e construir pistas rurais
 Construir 300 a 352 km de pistas regionasi em todo o território.
Projecto 3: Construir terminais de passageiros
 Criar duas estações de passageiros em Bissau (capacidade parra 20 a 50
autocarros, 9.000 passageiros por dia).
 Criar 10 terminais de passageiros no interior do país (Prabis, Quinhamel,
Bafata, Gabu, Catio, Buba, Canchungo, Bula, Mansoa e Bissorã).
 Criar um terminal para veículos utilitários.
Projecto 4: Desnvolver os transportes públicos em Bissau
 Actualizar o estudo sobre a construção de 46,85 km de rotas urbanas em
Bissau.
Projecto 5: Assegurar a proteção e segurança dos transportes rodoviários (sinali-
zação, centro de controlo, controlos rodoviários, etc.).

90
b. Garantir um serviço acessível e de qualidade em energia
e água

Uma situação energética crítica que asfixia a competitivi-


dade e o crescimento

A insuficiência do sector de elec- domicílio dos utilizadores; e iv. nível


tricidade resulta dum conjunto de elevado de dívida e impregnação
vários factores. A situação energé- duma cultura interna desajustada
tica da Guiné-Bissau é crítica: um com roubos de combustível orga-
sector eléctrico estruturalmente nizados dentro da empresa. As
enfraquecido que onera a sua limitações técnicas recaem tanto
competitividade e denigre a ima- sobre produção quanto o trans-
gem do país junto aos investidores. porte. Do lado da produção as
Tanto o desempenho operacional dificuldades manifestam-se por um
do operador histórico (EAGB) co- importante desequilíbrio entre a
mo as orientações políticas, sobre- oferta e demanda (respectiva-
tudo as relativas à estruturação do mente 5,5 MW em comparação
quadro sectorial, são insuficientes. com 40 MW); baixa disponibilidade
No plano operacional a EAGB en- de instalações (5,5 MW de potên-
frenta dois desafios principais: o cia efectiva sobre 11 MW de po-
seu mau desempenho económico tência instalada); nível elevado da
e financeiro e a sua falta de de- demanda latente com cerca de
sempenho técnico. As dificuldades 30 MW utilizados em autoprodu-
económicas e financeiras da ção por grupos electrógenos e
EAGB são oriundas de diversos fac- descontrolo da demanda de
tores: i. nível elevado de custos de energia. O transporte caracteriza-
produção com um parque de se pelo seguinte: subcapacidade
produção dominado pelo DO e da rede eléctrica subdimensiona-
tarifas que se elevam a quase 492 da; concentração na região de
FCFA/kWh; ii. descontrolo da clien- Bissau; importância de perdas téc-
tela, aliado à ineficácia do factu- nicas; inadaptação às intercone-
ramento com taxas de recupera- xões que requerem actualização
ção muito baixas; iii. precampo de das infra-estruturas. No nível institu-
perdas comerciais estimadas em cional, contrariamente ao que se
50% e causadas, entre outros, por observa no referido país, não exis-
múltiplas conexões clandestinas e te na Guiné-Bissau um regulador
pela ausência de contagem no do sector da electricidade e o

91
quadro normativo não favorece o da independente.
surgimento duma produção priva-

Acesso ainda muito precário à água e ao saneamento.

Na Guiné-Bissau o acesso ao sa- A ausência do plano director de


neamento é ainda muito precário esgoto acarreta insuficiência das
tanto tanto na zona urbana como redes de drenagem das águas
na zona rural. Uma pequena parte usadas, ausência de redes de es-
da população está conectada à goto e inadaptação de obras de
rede pública, mas a maioria deve esgoto individual: 33% da popula-
recorrer aos fontanários e aos po- ção urbana dispõem de formas de
ços públicos pouco salubres. As- saneamento e somente 8% na zo-
sim, cerca de 50% da população na rural.
rural não dispõe de água potável.

Até 2020 desenvolver o oferecimento e eliminar este


gargalo de estrangulamento.

Garantir às populações o acesso actual). Por outro lado, os projec-


universal à água potável e aos tos previstos na Estratégia Guiné-
serviços de saneamento e de Bissau 20225 (mina de Farim, indús-
electricidade constitui um dos ei- tria agro-alimentares, zona eco-
xos principais da estratégia de de- nómica especial de Bissau, zona
senvolvimento social da Guiné- turística das Ilhas Bijagós...) não
Bissau. O país deverá enfrentar, poderão ser realizados sem uma
por um lado, um forte demanda possibilidade de energia adicional
hoje não atendida e, por outro, competitiva. Portanto, a meta pa-
um crescimento acelerado da ra atender a esta demanda é
demanda resultante da nova di- conseguir uma produção de 100
nâmica de desenvolvimento. A MW en 2020. O acesso à água de-
realização da tendência actual verá ser também fortemente ge-
levará a uma demanda de cerca neralizado. Neste sentido, serão
de 70 MW em 2020 (com base implementados quatro programas
num aumento de 7% da demanda até 2020: i. reformas e reforço insti-

92
tucional do sector de electricida- criação de estruturas operacionais
de e de água; ii. produção adici- encarregadas da execução dos
onal de 90 MW no âmbito do es- principais programas do sector. A
quema director Energia; iii. reforço criação duma entidade de regu-
do acesso mediante a reabilita- lamentação permitirá assegurar o
ção das redes de água e electri- equilíbrio financeiro do sector, de
cidade; e iv. desenvolvimento da velar pelos interesses dos consumi-
produção d'água no âmbito do dores e de conquistar o respeito
esquema director Água. Estes qua- dos compromissos dos actores do
tro programas são apresentados a sector. A promoção da produção
seguir. privada será feita mediante a de-
finição do estatuto dos actores,
AQUI PODE COMEÇAR A PAR- das suas modalidades de acção e
TE DA IZABEL das suas relações com o operador
(EAGB). As estruturas operacionais
ou órgãos nacionais de execução
Programa 20: Reformas e serão encarregados de realizar os
fortalecimento institucional programas de promoção de cer-
do sector de electricidade tas camadas do sector, tais como
energias renováveis, electrificação
e de água
das zonas rurais e controlo da
energia.
Reformas e fortalecimento institu-
cional do sector de electricidade
O quadro institucional do sector da
e de água i. actualização do
água e esgoto será igualmente
quadro normativo e institucional
reformado para permitir uma me-
de electricidade; ii. reforma do
lhor gestão do recurso. Estas re-
quatro institucional e normativo da
formas serão feitas por meio da
água; e iii. restruturação da l'EAGB.
modificação do papel do Estado,
actualização do quadro jurídico e
A reforma do sector de electrici-
maior participação das comuni-
dade na Guiné-Bissau requer uma
dades, da sociedade civil e do
actualização do quatro normativo
sector privado. Isto incluirá nota-
e a implementação de instituições
damente a implementação de
adaptadas. Será elaborada uma
estruturas descentralizadas de ges-
nova lei de orientação que trará
tão próximas dos utilizadores; a
no mínimo a criação dum comité
definição de responsabilidade e
de regulamentação, a redefinição
competências e a formalização
da governação do sector, a pro-
clara das relações entre as diver-
moção da produção privada e a
sas instituições que intervêm no

93
sector; o desenvolvimento das ca- específicas tais como exploração
pacidades nacionais de planea- e manutenção (O & M), gestão da
mento, de organização e de ges- tesouraria (cash management) e
tão nas políticas relacionadas com facturamento e colecta.
a água; e a definição do quadro
jurídico nos decretos de implemen-
tação e aplicação efectiva do Programa 21: Implementa-
Código da Água. ção do esquema director
A EAGB, operadora da água e de energia - projectos de
electricidade, será inteiramente produção
reestruturada. Neste quadro estão
previstas duas reformas importan- O atendimento da demanda de
tes. Levando em consideração os energia nacional exige a imple-
custos elevados da produção, a mentação dum ambicioso plano
implementação dum plano de de desenvolvimento da produção.
transição para a utilização do HFO Assim, a Guiné-Bissau prevê um
como principal combustível do desenvolvimentwo significativo da
parque térmico constitui priorida- sua produção até 2020 por meio
de absoluta. A seguir, parece dos quatro projectos principais:
igualmente necessária a passa- barragens hydroélectricas de Kale-
gem a uma gestão assegurada ta, Sambangalou (projectos
por um operador privado, mantida OMVG, mínimo 9 e 18 MW) e Salti-
por compromissos de desempe- nho (+19 MW); novas centrais tér-
nho. Tal controlo de gestão permi- micas a combustível pesado (+20
tirá assumir a direcção da raciona- MW); central fotovoltaica(+10
lização das despesas da socieda- MW); 4 projectos de micro-
de, a redução de perdas, a restru- hidráulica e energia de biomassa
turação das dívidas, o planeamen- (mínimo +10 MW); e por último um
to dos investimentos e a optimiza- melhor controlo da energia (apa-
ção das actividades realizadas gão de 3 MW). Este esquema de
internamente mediante recurso à desenvolvimento é ilustrado na
subcontratação de certas funções Figura 7.

Figura 9 : Esquema direcror do desenvolvimento de capacidades da produção até


2020 na Guiné-Bissau

94
Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

Programa 22: Implementa- mentação do seguinte: i. um pro-


grama de água, esgoto e higiene;
ção do esquema director ii. um programa de reabilitação e
de abastecimento de água reforço das infra-estruturas hidráu-
– projectos de produção licas; e iii. novos projectos identifi-
cados no quadro do esquema
As Autoridades, em associação director. A reabilitação e o reforço
com os parceiros técnicos e finan- das infra-estruturas hidráulicas ru-
ceiros, implementarão o esquema rais permitirão apoiar a hidráulica
director a ter em vista o desenvol- agro-pastoril. Portanto, o controlo
vimento das infra-estruturas de da captação, armazenagem e
água e electricidade das grandes distribuição da água será melho-
cidades e a democratização do rado, a fim de atender adequa-
acesso individual à água e aos damente às necessidades das po-
serviços de saneamento nas zonas pulações e dos sectores agrícola e
periurbanas e nos meios rurais po- pastoril.
bres. Atingir estes objectivos, prin-
cipalmente em proveito das popu-
lações pobres, implicará a imple-

95
Programa 23: Reabilitação Banco Mundial baseia-se princi-
palmente na restauração e reabili-
e fortalecimento das redes tação no curto prazo das infra-
de água e de electricidade estruturas de produção e distribui-
ção de electricidade. Para além
O desenvolvimento das capaci- disto, vários projectos melhorarão
dades de produção e os projectos o aumento do acesso das popula-
de reabilitação serão acompa- ções à água potável e ao esgoto.
nhados da implementação da re- Portanto, o apoio ao acesso à
de de distribuição para melhorar o água na zona rural será efectuado
acesso à eletricidade. As autori- mediante a realização de 100
dades implementarão vários pro- perfurações equipadas de bom-
jectos para permitir a evacuação bas de mecanização hidráulica
de energia dos centros de produ- (PMH) nos diversos locais e medi-
ção para os utilizadores, bem co- ante o apoio ao desenvolvimento
mo para garantir um serviço ener- da comunidade de Quinara-
gético de qualidade, especial- Tombali. Para incluir o acesso à
mente o seguinte: i. melhoria do electricidade e à água no desen-
serviço de electricidade na cida- volvimento sustentável dos territó-
de de Bissau; ii. instalação de kits rios rurais, as Autoridades apoiarão
solares e de iluminação pública; e a implementação de projecos mis-
iii. electrificação das zonas rurais. tos que incluam os dois sectores.
Para além disto, o funcionamento Neste quadro será reaslizado um
das infra-estruturas urbanas de projeto de urgência para melhorar
electricidade serão melhorado no os serviços de água e electricida-
quadro do projecto multissectorial de e será implementado um pro-
de reabilitação das infra- jecto de apoio ao sector de água
estruturas. O segundo componen- e à energia solar e hidráulica.
te deste projecto financiado pelo

96
Generalizar o uso de tecnologias da informação e comuni-
cação

A operação digital é um acelerador do desenvolvimento.

A passagem para a economia di- tráfego; iii. não efectividade da


gital, essencial à emergência da mutualização das infra-estruturas
Guiné-Bissau, enfrenta desafios existentes por parte dos operado-
ligados às infra-estruturas. Na era res; e iv. debilidade e até mesmo
da revolução digital e da globali- falência do operador histórico nas
zação, o desenvolvimento dum diversas tentativas de viabilização
país inclui a integração maciça ou de privatização que até agora
digital em todos os processos cul- não produziram o resultado espe-
turais, económicos e sociais. Por rado. No entanto, em vista das
esta razão, cabe o Estado desem- potencialidades económicas no-
penhar o papel primordial de im- táveis, esta situação a priori difícl
plementar as condições dum meio pode transformar-se em trunfo,
ambiente propício ao desenvolvi- porque é possível capitalizar as
mento digital para permitir uma experiências de outros países para
sólida participação dos actores da adoptar directamente as soluções
sociedade civil e do sector priva- mais eficientes e cobrir rapida-
do, a fim de que estes últimos invis- mente o hiato digital. Em breve a
tam, operem em boas condições economia digital será essencial
e realizem os serviços acessíveis a para o desenvolvimento da Guiné-
todas as camadas da população. Bissau. O elemento digital permitirá
No entanto, a situação específica reforçar a atracção do país frente
da Guiné-Bissau ressalta os desafi- ao investimento estrangeiro direc-
os, a a saber: i. défice duma ener- to (IDE); criar novos empregos; me-
gia eléctrica de qualidade que lhorar a prestação de serviços vi-
aumenta o custo de exploração e tais, tais como educação, saúde e
encarece as tarifas dos utilizado- justiça; e acesso mais fácil e mais
res; ii. ausência dum ponto de equitativo aos serviços da Adminis-
aterramento de cabos submarinos tração.
que limitam consideravelmente o
acesso de alta velocidade; as op- A Guiné-Bissau disporá, até 2025,
ções disponíveis de passagem pa- duma infra-estrutura moderne de
ra os países limítrofes oferecem telecomunicações e tirará proveito
apenas baixas capacidades de dos avanços da economia digital.
A economia será conectada aos

97
mercados regionais e internacio- Programa 25: Desenvolvi-
nais. Trata-se de tornar o sector
digital um serviço universal, tal
mento da infra-estruturas
como a água e a electricidade e digitais de base.
uma alavanca central da trans-
formação do país. Neste contexto A disponibilidade das infra-
três programas serão implementa- estruturas digitais de base permiti-
dos. rá à Guiné-Bissau acesso aos ser-
viços de telecomunicações de
grande capacidade, essenciais à
Programa 24: Reformas e emergência duma economia mo-
derna e competitiva. As infra-
fortalecimento institucional
estruturas digitais actuais são muito
do sector digital. limitadas e impedem a eclosão do
sector. Para renovar a capacida-
Será implementado um quadro
de digital física da Guiné-Bissau,
favorável ao desenvolvimento das
será desenvolvido o acesso aos
infra-estruturas numéricas e do
cabos submarinos após o estudo
sector privado. A nova meta da técnico e a definição do modelo
Guiné-Bissau no sector digital su-
de negócios. As Autoridades pla-
põe a instauração dum ambiente
nearão e instalarão uma rede na-
digital de confiança, propício à
cional de fibra óptica terrestre,
promoção de soluções que aten-
apoiada na rede de telecomuni-
dam às necessidades dos cida-
cações (antena BTS...). A instala-
dãos e dos actores económicos.
ção da rede de fibra óptica terres-
Ela passará por reformas institucio-
tre (backbone nacional) será feita
nais, notadamente a implementa-
em conjunto com a da rede eléc-
ção dum quadro institucional e trica, a fim de optimizar os custos e
normativo favorável ao sector pri-
criar sinergias na exploração e
vado, a promover um desenvolvi-
manutenção das redes. A cober-
mento significativo das infra-
tura do território pelos serviços de
estruturas em todo o território, telecomunicação será controlada
principalmente na velocidade e a
por uma Tower Company, socie-
assegurar uma concorrência sadia
dade proprietária e operadora
na prestação de serviços. Neste
das redes e infra-estruturas de te-
quadro o operador histórico das lecomunicações com fio e sem fio
telecomunicações será privatizado
(antenas BTS, fibra óptica,
e reforçado o órgão de regula-
WIMAX...). Esta sociedade será
mentação das telecomunicações.
criada no âmbito duma parceria
público-privada entre o Estado e

98
os operadores de telecomunica-
ções presentes na Guiné-Bissau.
Enfim, na escala da União Econó-
mica e Monetária da África Oci-
dental (UEMOA), a transição do
componente analógico para o
digital no caso da televisão está
em andamento com a meta de
concretizar em toda a região a
Televisão Digital Terrestre (TNT) an-
tes de Junho de 2015. Para além
disto, as infra-estruturas de obser-
vação meteorológica serão reabi-
litadas.

Programa A4: Promoção de


utilizações das TICs.

A Guiné-Bissau adoptará uma polí-


tica dinâmica de baixo custo dos
factores e das tarifas. A finalidade
é promover o uso maciço do
componente digital, favorecer a
criação de empresas e aumentar
a produtividade, especialmente
nos principais sectores responsá-
veis pelo crescimento económico
do país. Se elas forem adoptadas
e valorizada rapidamente e em
grande escala, as TICs têm poten-
cial considerável para a criação
de valor. Permitirão , por outro la-
do, acompanhar a evolução me-
teorológica, a elaborar um sistema
de divulgação de boletins meteo-
rológicos.

4
Financiamento obtido

99
c. Assegurar a renovação urbana e uma distribuição equi-
librada e sustentável do território.

Centros urbanos pouco desenvolvidos e deteriorados.

As infra-estruturas urbanas da Gui- planos directores de urbanização.


né-Bissau são estruturalmente insu- As entidades culturais – tais como
ficientes. Enquanto o êxodo rural bibliotecas, cinemas, centros cultu-
se intensifica e a população de rais e museus – deixaram de existir
Bissau aumenta consideravelmen- e as actividades culturais do país
te, a atingir quase 25% da popula- estão acantonadas em locais im-
ção nacional, tanto a capital co- provisados, equipados com mate-
mo os principais centros urbanos rial precário. A reabilitação e ma-
continuam a carecer de equipa- nutenção das estruturas datam da
mentos funcionais. As infra- época colonial, tais como o Palá-
estruturas urbanas são com fre- cio de Bolama, o Hospital 3 de
quência precariamente mantidas Agosto ou o Monumento aos Már-
e a qualidade e quantidade das tires de Pindjiguite requerem or-
habitações continuam a ser noto- çamentos à altura. Os monumen-
riamente insuficientes. Em 2009 a tos, praças ou jardins famosos do
cidade de Bissau tinha cerca de património cultural guineense – tais
222.000 habitações, a maior parte como a Granja de Pessubé – co-
precária, com instalações sanitá- nhecidos como os “pulmões de
rias em grande parte deficientes. Bissau” – desparecem progressi-
Para uma população de 375.000 vamente, substituídos por constru-
habitantes, estima-se o défice de ções modernas. O país perde as-
habitações em Bissau de 20.000 a sim um património cultural precio-
30.000. so para a sua identidade. O pla-
neamento do desenvolvimento
Após a independência a falta de das cidades; a classificação do
investimentos nas infra-estruturas património imobiliário em monu-
acarretou a deterioração contínua mentos históricos; a construção de
dos centros urbanos. Poucas políti- redes de infra-estruturas urbanas e
cas urbanas foram implementa- de hotelaria e o convite ao inves-
das, quer no nível cadastral, de timento serão outros eixos-chave
concepção ou de realização de

100
da política de urbanização e Programa 27: Programa de
transformação do país.
urgência de desenvolvi-
O Plano Estratégico Bissau 2025 mento integral do Arquipé-
prevê até 2020 quatro programas
lago de Bijagós
para reactivar o desenvolvimento
urbano, a saber: i. reformas e re- O Arquipélago de Bijagós será ob-
forço institucional do sector de jecto dum programa de desenvol-
urbanização e da habitação; ii. vimento urgente das suas estrutu-
programa de urgência do desen- ras. Isso permitirá até 2017 oferecer
volvimento integral do Arquipéla- aos investidores hoteleiros e aos
go de Bijagós; iii. elaboração de turistas os serviços de saúde, segu-
esquemas directores da gestão rança, transporte, energia ou tele-
urbana dos cinco principais cen- comunicações de que têm neces-
tros urbanos; e iv. promoção de sidade. Nesta perspectiva o aero-
programas de habitação e cons- porto de Bubaque será moder-
trução, especialmente para o sec- nizddo e adaptado às normas e
tor privado. poderá receber directamente vo-
os regionais, juntamente com voos
de Bissau, Praia, Dakar, Cap Skir-
ring e Banjul, os quais facilitarão o
Programa 26: Reformas e acesso à clientela internacional.
fortalecimento institucional Para além disto, um transporte in-
tra-insular e extra-insular será de-
Uma estrutura jurídica e normativa senvolvido em parceria com os
precisa será implementada para sítios hoteleiros. O acesso a um
proporcionar um desenvolvimento serviço de electricidade de quali-
urbano ao mesmo tempo dinâmi- dade necessitará de investimentos
co e coerente, principalmente por específicos com a implementação
meio dos códigos da propriedade de sistemas híbridos descentraliza-
pública, mobiliário, de urbanismo dos em cada ilha. Estes sistemas
e da habitação. Para além disto, poderão combinar instalações
os procedimentos de construção e individuais privadas e públicas
atribuição de títulos mobiliários (grupos electrógenos) e sistemas
serão racionalizados com recurso solares, eólicos ou térmicos com
adicional à informática e sector base na energia de biomassa. Po-
digital. Será também criado um derão também ser lucrativos para
fundo autónomo de apoio ao de- apoiar o desenvolvimento das in-
senvolvimento regional. fra-estruturas de telecomunica-

101
ções. O acesso aos serviços de cluirão especialmente disposições
saúde serão igualmente reforça- para a implementação de infra-
dos. Serão implementadas plata- estruturas da habitação, circula-
formas médicas de qualidade, a ção urbana, conectividade digital
permitir assumir os cuidados de e transporte; iniciativas que pro-
emergência. Um centro de forma- movem a educação, formação,
ção profissional no ramo do turis- turismo, implantação do sector
mo a ser aí criado permitirá pro- terciário e actividades comerciais
porcionar mão-de-obra qualifica- urbanas; espaços dedicados aos
da aos hotéis, restaurantes e outros serviços administrativos e aos
serviços turísticos a serem instala- eventos urganos, bem como par-
dos nas Ilhas Bijagós. Est centro ques industriais nos pólos econó-
possibilitará igualmente a inserção micos.
profissional das populações locais
no sector. Ademais, Bolama, anti-
ga capital da Guiné Portuguesa e
candidato à inscrição no Patrimó- Programa 29: Habitação e
nio da Humanidade da UNESCO, construção.
será objecto duma redinamização
económica (turismo, pesca arte- O Estado guineense incentivará
sanal, caju) e duma verdadeira fortemente o desenvolvimento, por
renovação urbana, arquitetural e parte do sector privado, de pro-
cultural. gramas de habitação para aten-
der às necessidades das diferentes
categorias da população. Neste
Programa 28: Esquema di- âmbito, serão propostas soluções
rector de gestão urbana. de financiamento no longo prazo
para a habitação social, a fim de
Estes esquemas directores deter- facilitar o acesso à habitação dal-
minarão as orientações estratégi- gumas camadas da população
cas para as cidades de Bissau, com rendimento médio ou baixo.
Cacheu, Bolama, Bafatá e Buba Para além disto, um programa de
(prioritárias nesta primeira fase) e obras públicas com uso intenso da
determinarão, no longo prazo, o mão-de-obra (HIMO)/AGETIP
destino geral dos solos. Permitirão permitirá acelerar a renovação
também coordenar os programas urbana e criar empego para os
locais de urbanização com a polí- jovens. O conjunto destas iniciati-
tica nacional de gestão do territó- vas deverá incentivar a implemen-
rio. Estes esquemas directores in- tação dum sector habitacional e

102
construção dinâmica, capaz de país e proporcionar emprego e
acompanhar a reconstrução do rendimento.

103
V. REFORÇAR O CAPITAL HUMANO E MELHO-
V RAR A QUALIDADE DE VIDA DE CADA CI-
DADÃO

A Visão 2025 não terá valor real se não transformar o quotidiano dos cida-
dãos guineenses. Como? Este capítulo mostra isso por meio das políticas so-
ciais que serão implementadas em matéria de educação, saúde, emprego,
juventude, desportos, cultura e protecção social.

a. Construir um sistema educacional de qualidade orienta-


do para o emprego

No último decénio progressos importantes foram freados


por debilidade das capacidades institucionais, financeiras
e humanas.

A debilidade da capacidades ins- coeficiente de desempenho do


titucionais, financeiras e humanas ciclo primário que dobrou no
representa um freio importante à mesmo período, de 29% para 67%,
melhoria do sistema educacional a indicar os esforços do Governo e
da Guiné-Bissau. De 2000 a 2010 dos seus parceiros. No entanto, os
houve progresso importante em desempenhos globais apresentam
matéria de educação, especial- ainda margens importantes de
mente uma forte progressão do progresso, por um lado, graças ao
pessoal em todos os níveis do ensi- acesso universal ao ensino primário
no (pré-escolar, primário, secundá- e, por outro, devido à formação
rio e superior). A taxa de alfabeti- da mão-de-obra pronta para o
zação dos jovens (5 a 24 anos de emprego. A educação nacional
idade) passou de 59% em 2000 sofre igualmente dum défice de
para 71% em 2010. A taxa líquida visão estratégica no longo prazo,
de matrículas passou, no grupo bem como dum sistema de ges-
indicado, de 51% a 74% com um tão, de controlo e de obtenção

104
de estatísticas da educação. O te o território com infra-estruturas
sector beneficia somente de fi- antigas e desprovidas de equipa-
nanciamentos e investimentos mentos, mobília e manuais escola-
precários. A percentagem de 14% res, especialmente nas zonas ru-
para a educação no orçamento rais. O resultado é uma capacida-
Estado é insuficiente e inferior ao de limitada para receber alunos,
limiar de 20% requerido para al- ao passo que aumentam as ne-
cançar o ensino primário universal. cessidades com o crescimento
Em termos de despesas correntes, demográfico. A análise do sistema
a educação representa apenas educcacional, feita no âmbito do
11% dos gastos (em comparação documento sobre estratégia de
com 85% destinados ao pagamen- redução da pobreza, demonstrou
to de salários). a insuficiência do sistema caracte-
rizadas pelas elevadas taxas de
Para além disto, o Estado encontra repetição e deserção. Para além
muitas dificuldades no pagamento disto, as taxas de deserção per-
de salários dos funcionários em manecem elevadas, especialmen-
geral e dos professores em parti- te entre as raparigas. As taxas de
cular, e com frequência solicita a conclusão do ciclo primário é de
ajuda de parceiros para cumprir 75% para os rapazes e somente de
as suas obrigações. Assim a edu- 59% para as raparigas.
cação nacional sofre a falta de
financiamento crítico e depende A falta de infra-estruturas de for-
consideravelmente das parcerias mação profissional e técnica; a
técnicas e financeiras para o in- falta de participação do sector
vestimento, despesas pedagógi- privado no ensino superior e na
cas e despesas administrativas das formação profissional; a inade-
estruturas de formação. A baixa quação da formação universitária
proporção de professores qualifi- com as necessidades do mercado
cados no sistema educacional de emprego e da economia; e o
(somente 39% de professores quali- défice de recursos humanos quali-
ficados nas escolas primárias) e o ficados representam problemas de
número elevado de estudantes acesso ao ensino superior, de qua-
por professor (1 professor para 52 lidade da educação, de qualida-
alunos) são os obstáculos a uma de da mão-se-obra e de capaci-
educação de qualidade. A rede dade de gestão, especialmente
escolar cobre de forma insuficien- no sector privado.

105
Proporcionar formação de qualidade a todos a fim de
assegurar um desenvolvimento humano e social inclusivo.

Para assegurar um desenvolvimen- mentação, a permitir às Autorida-


to económico e social inclusivo des agir com conhecimento de
será necessário proporcionar uma causa e transmitir rapidamente as
formação geral ou profissional de diretivas apropriadas a um nível do
qualidade à juventude e à popu- projecto.
lação activa. A implementação
de dois (2) programas de grande As Autoridades guineenses deter-
envergadura permitirá alcançar os minaram os objectivos de conse-
seguintes objectivos: i. Reforma e guir uma educação universal, me-
fortalecimento institucional da lhorar a taxa de retenção no ensi-
educação e do emprego; e ii. im- no primário e alfabetizar de forma
plementação do esquema direc- permanente os alunos. Quanto aos
tor. aspectos da qualidade, será ne-
cessário revisar e melhorar os currí-
culos de formação em todos os
Programa 30a: Reformas e níveis e colocar à disposição dos
alunos manuais escolares e mate-
fortalecimento institucional
riais didáticos. Serão implementa-
Para fazer a reforma do sector da dos programas de incentivo, tais
educação, as Autoridades deve- como cantinas escolares ou as
rão dotar-se duma capacidade de redes sociais especializadas na
acompanhamento e controlo. A escolaridade das crianças. Certos
implementação dum sistema de obstáculos, tais como ausência de
informação permitirá aos órgãos estruturas administrativas para a
da Educação Nacional e aos utili- obtenção de documentos de es-
zadores fazerem um acompa- tado civil ou conservação insufici-
nhamento contínuo e assim co- ente de raparigas no sistema edu-
municar os diversos indicadores de cacional serão objecto de políti-
sucesso em tempo real para criar cas específicas de acompanha-
um banco de estatísticas da edu- mento. A melhoria do acesso a
cação e proporcionar melhor visi- uma educação secundária de
bilidade às instâncias de controlo qualidade e a um número maior
do sector. Facilitará assim uma beneficiará a promoção das car-
comunicação eficaz entre as ins- reiras científicas, o acesso facilita-
tâncias de controlo e de imple- do aos manuais escolares – espe-

106
cialmente para estudantes desfa- mão-de-obra qualificada. Para
vorecidos – e a introdução de no- assegurar a inserção dos jovens no
vas tecnologias da informação e mercado de trabalho, uma orien-
comunicação nos métodos de tação prioritária do Governo será,
ensino. portanto, desenvolver a formação
profissional em estreita colabora-
A melhoria do acesso ao ensino ção com o sector privado.
superior de qualidade é essencial
para atender às necessidades dos A melhoria da qualidade da edu-
quadros nacionais, bem como à cação primária, secundária e téc-
necessidade de promoção da in- nica, superior e da formação pro-
vestigação científica. Isto precisa fissional depende do fortalecimen-
da definição duma política de to da formação dos alunos. Esta
ensino superior e da investigação acção permitirá especialmente
científica, melhoria e moderniza- um alinhamento dos programas
ção dos recursos pedagógicos, educacionais com as orientações
formação contínua dos estudan- estratégicas constantes do es-
tes, adopção de padrões interna- quema director da educação.
cionais em matéria de ensino uni- Dependerá da formalização do
versitário e diversificação da oferta curso de docente e do fortaleci-
da formação. É igualmente fun- mento da formação contínua dos
damental assegurar uma melhor estudantes e professores em acti-
adequação entre a oferta de for- vidade.
mação e as necessidades do
mercado de trabalho. O emprego representa uma ques-
tão central do desenvolvimento
A implementação de carreiras de humano e um critério importante
formação profissional e técnica é do êxito do Plano Guiné-Bissau
necessária para acompanhar o 2025 com mais de 200.000 empre-
desenvolvimento dos motores do gos até 2025. Para além disto, o
crescimento da Guiné-Bissau até Plano Educação terá como objec-
2025. A implementação do Plano tivo orientar melhor o sistema edu-
Estratégico terá como resultado a cacional guineense para estas
criação de mais de 200.000 em- futuras necessidades do mercado
pregos na agricultura e na agro- de trabalho. No entanto, o encon-
indústria (castanha-de-caju, arroz, tro harmonioso da oferta e da
peca, turismo e minas). Novos pó- procura de emprego supõe a pre-
los económicos surgirão progressi- sença dum Escritório Nacional de
vamente no território e necessita- Emprego eficaz como órgão de
rão da disponibilidade local de intermediação encarregado de

107
facilitar a inserção dos que procu- deve dispor duma rede de con-
ram emprego no circuito econó- tactos diversificados e de sistemas
mico. Nesta perspectiva este Escri- modernos de gestão. Este Escritório
tório é encarregado de fazer a elaborará um mapa dos que pro-
prospecção junto às empresas, de curam emprego, possibilitado por
recolher os oferecimentos de em- um recenseamento nacional que
prego e de assegurar o relacio- utiliza tecnologias móveis. Esta
namento com os que procuram identificação permitir-lhe-á criar
emprego. Aconselha as empresas um banco de dados repleto de
na definição das suas necessida- candidatos ao emprego com in-
des em concorrência e contribui formação sobre o perfil típico de
para a implementação de pro- cada um deles. Este banco permi-
gramas de adaptação profissional tirá optimizar a localização e nú-
e de formação-inserção em liga- mero das suas estruturas de aco-
ção com os estabelecimentos de lhimento no território. Portanto,
formação. Assegura também o para além do seu sítio na Internet,
acolhimento, a informação e a o Escritório poderá desenvolver
orientação dos que procuram uma estratégia multicanal para
emprego. apoiar o máximo de candidatos a
emprego e prestar-lhes serviços
O Escritório Nacional de Emprego personalizados com um quadro de
representa uma alavanca crítica pessoal reduzido, cada candidato
na luta por um emprego. Para a emprego ou empregador a utili-
cumprir com êxito a sua missão, o zar o canal que lhe convier me-
Escritório Nacional de Emprego lhor.

108
Figura 10 : Arquitetura multicanal: caso do órgão nacional de promoção do em-
pego e competências (ANAPEC) em Marrocos.

Fonte: Análises do Grupo de Desempenho

Para além disto, o Escritório Nacio- empregadores, programas de pré-


nal deve dispor de assessores recrutamento com o objectivo de
competentes. O Escritório deve formar um certo número de jovens
desempenhar um papel de asses- em preparação para o lançamen-
sor e acompanhar os candidatos to duma actividade nova e ao
a emprego. Neste sentido, deverá término da formação manter so-
dispor duma equipa competente mente os melhores candidatos.
e em dia com questões de em- Este tipo de programa poderá ser
prego e empregabilidade, capa- financiado parcialmente pela cri-
zes de ouvir e acompanhar os ação dum fundo especial e com-
candidatos na sua inserção. Pode- pletado com o financiamento da
rá elaborar os programas específi- estrutura privada adjudicatária. O
cos para o fortalecimento das ca- bom resultado desta missão supõe
pacidades dos candidatos a em- igualmente uma relação de confi-
prego, mas também para estar em ança com as empresas mediante
dia com as necessidades dos em- a organização, em colaboração
pregadores. Poderá igualmente com elas, de campanhas de co-
desenvolver, em parceria com os municação para se tornar conhe-

109
cido, mas sobretudo para garantir um impacto real no emprego e
dispor do pessoal competente e na inserção de jovens guineen-
qualificado para atender às suas ses no mercado de trabalho.
necessidades. Neste sentido, o
Escritório deverá dispor dum ban-
co de dados de currículos dos Programa 30b: Implemen-
quais poderá lançar mão no caso
tação do esquema director
de pedido duma empresa. O Escri-
tório poderá também acompa- Educação
nhar os candidatos a emprego no
Para um acesso generalizado à
campo do empresariado median-
educação, em acompanhamento
te a implementação de progra-
das necessidades identificadas no
mas específicos de acompanha-
esquema director, as infra-
mento de aprendizes e empresá-
estruturas e as capacidades de
rios na concepção do seu projec-
acolhimento serão reforçadas em
to e na formação em técnicas de
todos os níveis. A melhoria do
administração e gestão de negó-
acesso a uma educação secun-
cios. Prevê-se, portanto, para o
dária de qualidade e num maior
desenvolver o emprego e a inser-
número dependerá da extensão
ção de jovens, a criação na Gui-
das capacidades de acolhimento,
né-Bissau dum Escritório Nacional
em particular do Programa Coo-
de Emprego equipado e eficaz.
peração Japonesa (JICA) e da
Um projecto inicial permitirá construção de 500 salas de aula.
realizar o estudo de viabilidade Na parte superior, as infra-
estruturas serão reforçadas pela
e definir a estratégia e as ne-
construção e equipamento das
cessidades exactas do Escritório
universidades e em primeiro lugar
Nacional de Emprego da Gui-
a Universidade Amilcar Cabral.
né-Bissau. Trata-se, a seguir, de Para além disto, novos centros de
implementar a estrutura, no in- formação de profissionais serão
tuito de respeitar rigorosamente construídos nos diferentes sectores
as exigências em matéria de em conformidade com o esque-
governança, das competên- ma director e em coordenação
cias e prestação de contas, a com o sector privado.
fim de permitir ao Escritório ter

b. Melhorar a saúde

110
Um sistema sanitário precário e atrasado.

O sistema sanitário guineense con- O país sofre de condições sanitá-


tinua precário e atrasado com re- rias precárias. De facto, o seu
lação aos países de nível seme- meio ambiente natural é propício
lhante de desenvolvimento. Em à transmissão de doenças infecci-
2014, de acordo com a Organiza- osas e parasitárias; para além dis-
ção Mundial da Saúde (OMS), o to, o acesso à água potável e ao
país regista indicadores de saúde esgoto é reduzido para a maior
entre os mais deteriorados da Áfri- parte da população; enfim, o
ca Subsariana: a expectativa de analfabetismo propicia as atitudes
vida é de 54 anos em oposição a e as práticas nocivas à saúde.
58 no nível da África Subsariana; a
mortalidade de crianças menores Contudo, certos campos, como a
de 5 anos é de 129/1000 versus saúde materno-infantil, registam
uma média de 95/1000; a mortali- progressos. Os esforços do Gover-
dade materna situa-se em 560/100 no e dos parceiros têm permitido
000 versus 500/100 000 para a re- melhorar o acesso aos cuidados
gião; e a predominância do palu- da saúde por parte das gestantes
dismo é de 28 000/100 000 em e reduzir a mortalidade infantil.
oposição a uma taxa regional de Assim em 2010 a cobertura de va-
19 000/100 000. A subnutrição cró- cinas contra tétano, difteria e co-
nica atinge 26% das crianças com queluche (DTCP3) era de 63% e a
menos de 5 anos de idade. O percentagem de consulta pré-
VIH/SIDA continua a ser um desafio natais elevava-se a 70%. A taxa de
de grandes proporções para o predominância de anticoncepci-
país que em 2012 tinha uma taxa onais passou de 10% em 2010 para
de predominância estimada em 14% em 2013 (UNICEF). No entanto,
2% para o VIH2 e 4% para o VIH1. A os resultados são insuficientes.
tuberculose é a doença mais letal
O país permanece distante das
entre jovens e adultos. As mutila-
normas preconizadas pela OMS
ções genitais femininas são ainda
em termos de infra-estruturas sani-
extensamente praticadas e afec-
tárias e de pessoal médico. A situ-
tam consideravelmente o bem-
ação é ainda mais precária na
estar da mulheres e a saúde re-
zona rural. O problema de dispo-
produtiva (em 2010 45% das de 14
nibilidade de pessoal médico qua-
a 49 anos de idade eram mutila-
lificado é particularmente agudo:
das).
o país conta apenas com sete

111
médicos por cada 10.000 habitan- uma parcela diminuta do orça-
tes com fortes disparidades territo- mento nacional alocada à saúde
riais e muito longe das normas de e com a ausência dum sistema de
23 médicos recomendadas pela gestão e de controlo eficaz (siste-
OMS. Para além disto, a popula- ma centralizado de recolha de
ção carece de meios financeiros dados). A utilização óptima de
para ter acesso aos cuidados da recursos; o oferecimento de servi-
saúde, especialmente nas áreas ços médicos diversificados e de
rurais mais pobres que não dispõ- qualidade em todo o território; a
em muitas vezes de centro de sa- coordenação entre os diferentes
úde no seu local. parceiros; e o acompanhamento-
avaliação dos programas conti-
O sistema de saúde e o controlo nuam a ser verdadeiros desafios
do mesmo permanecem frágeis. O para o sistema de saúde guineen-
sistema tem dificuldades em en- se.
frentar os múltiplos desafios com

Melhorar a situação da saúde da população mediante o


fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde.

O Plano de Desenvolvimento da plano de melhoria de resultados.


Saúde deverá permanecer centra- Para além da governação do sis-
lizado no fortalecimento do siste- tema de saúde, as acções de cur-
ma de saúde, no seu controlo e to prazo visarão ao desenvolvi-
nos seus meios materiais e huma- mento de infra-estruturas sanitárias
nos. A Guiné-Bissau está no seu se- de qualidade, à colocação ao
gundo plano de desenvolvimento da alcance das populações de me-
saúde, o PNDS II (2013-2017), cujo ob- dicamentos de qualidade e à rea-
jectivo principal é melhorar a situação lização de programas especiais de
da população para o fortalecimento
saúde. O objectivo no longo prazo
do sistema nacional de saúde (servi-
é reforçar os meios, a organização
ços de assistência, estruturas de ges-
e o funcionamento do sistema na-
tão e as suas conexões funcionais). A
cional de saúde, especialmente o
estratégia 2015-2020 pretende ser
primeiro escalão da pirâmide sani-
uma continuação do plano em
tária; aumentar o número, as
andamento e apoiar-se-á na im-
competências, a motivação e a
plementação dum dispositivo de
fidelidade do pessoal da saúde;
controlo eficaz do sistema sanitário
melhorar a governação em todos
por meio duma avaliação e dum

112
os níveis, graças à utilização judi- tros de saúde, disponibilidade de
ciosa das TIC; implementar um sis- recursos humanos, disponibilidade
tema de assistência técnica e e medicamentos…) de modo a
manutenção das infra-estruturas e assegurar uma alocação óptima
equipamentos; e implementar dos recursos. Para além disto, o
uma política nacional de cobertu- quadro normativo do sector da
ra sanitária nacional. saúde será actualizado para inte-
grar as evoluções recentes e en-
frentar os novos riscos sanitários
Programa 31: 28. Reformas (p.ex. Ebola). Para além disto, as
e fortalecimento institucio- normas e procedimentos sanitários
serão claramente definidos para
nal
garantir a qualidade dos cuida-
A governação do sector da saúde dos.
será reforçada. Uma política eficaz
de saúde baseia-se principalmen-
Programa 32a: Implemen-
te num controlo adequado. Por-
tanto, um sistema de informação tação do esquema director
nacional da saúde será implemen- Saúde
tado a aproveitar as oportunida-
des oferecidas pelas TICs. O equi- A disponibilidade das infra-
pamento dos centros de saúde estruturas sanitáris bem equipadas
em ferramentas digitais permitirá e funcionais é indispensáel para o
reforçar de maneira significativa a fortalecimento do sisema de saú-
eficácia das políticas sanitárias. de da Guiné-Bissau. O Programa
Este sistema possibilitará, por meio Nacional de Desenvolvimento Sa-
da monitorização em tempo real, nitário (PNDS) já prevê diversos
facilitar a formulação geral e a projectos de infra-estrutura nacio-
avaliação de políticas e progra- nal e regional, especificados na
mas da saúde. Obterá informa- Caixa 02. Trata-se de determinar a
ções vinculadas a investimentos, situação de progresso das realiza-
intervenções efectuadas, resulta- ções previstas para este plano, a
dos alcançados e impacto destes fim de determinar os défices a
programas sobre o estado da saú- preencher e as necessidades futu-
de da população. Permitirá dispor ras a atender por meio duma aná-
de informações completas e pre- lise em profundidade do nome,
cisas sobre os recursos disponíveis repartição, situação e nível dos
no país e na sua divisão geográfi- equipamentos das infra-estruturas
ca (taxas de frequência aos cen- existentes. Após essa análise, reali-

113
zada no âmbito do esquema di- mental de construção, equipa-
rector Saúde, será elaborado e mentos e reabilitação das infra-
implementado um plano orça- estruturas.

Caixa 2 : Principais projectos de infra-estruturas sanitárias na Guiné-Bissau

No quadro do esquema director serão realizados estudos para a construção de


diferentes infra-estruturas sanitárias com base nas necessidades já identifiadas
pelo PNDS II e nas perspectivas de desenvolvimento do sistema sanitário.

Projecto 1: Construir e reabilitar as infra-estruturas sanitárias nacionais


 Construir um hospital moderno em Bissau;
 Construir e equipar hospitais e centros especializados, entre os quais figu-
ram um hospital de medicina interna com uma unidade de hemodiálise,
um centro de diálise, um laboratório moderno e um centro médico de
emergência;
 Reabilitar o centro de doenças tropicais; e
 Reabilitar o Hospital 3 de Agosto.

114
Principais projectos de infra-estruturas sanitárias na Guiné-Bissau (cont.)

Projecto 2: Construir e reabilitar as infra-estruturas sanitárias regionais


 Reabilitar e equipar os estabelecimentos de saúde (centros de saúde,
hospitais do sector e hospitais regionais), segundo um programa a ser
adaptado anualmente;
 Construir e equipar um hospital regional em Buba;
 Construir e equipar um centro de saúde de classe “A” em Bolama;
 Construir habitações para o pessoal de saúde nas regiões;
 Reabilitar e equipar centros de saúde “A” em Bubaque e Farim;
 Desenvolver e equipar o Hospital Regional de Mansoa;
 Adquirir equipamentos para o HNSM e para o Hospital Regional de Ba-
fatá, de Canchungo, de Catió e de Gabu;
 Comprar mobília e equipamentos (automóveis e motocicletas) para as
direcções regionais da saúde;
 Adquirir duas ambulâncias para as regiões sanitárias de Bijagós e Bola-
ma;
 Electrificar as formações sanitárias por meio da energia solar; e
 Definir um modelo arquitectural e de equipamento por tipo de forma-
ção sanitária (hospital, centro de saúde, Unidade de Saúde Comunitária
de Base).

Programa 32b : Medica- médico, vacinas e produtos anti-


concepcionais do país. Esta esti-
mentos e instalações. mativa será acompanhada pelo
orçamento correcto que fará par-
O novo plano deverá fazer um di-
te integrante do orçamento global
agnóstico preciso da política na-
do plano que será discutido com
cional em matéria de medica-
os parceiros técnicos e financeiros
mentos e examinar o sistema de
do país.
aquisições, armazenagem, distri-
buição e acompanhamento do
consumo para conseguir uma es-
Programa 33: Programas
timativa melhor e uma qualifica-
ção mais exacta das necessida- especiais da saúde
des de medicamentos, material

115
É necessário proceder à avaliação a Guiné-Bissau; ii. Programa Naci-
do desempenho dos vários pro- onal de Combate ao VIH/SIDA
gramas especiais e prioritários em mediante o fortalecimento das
andamento. O exercício visa a intervenções previstas no âmbito
identificar as dificuldades e lacu- do Programa de Apoio Conjunto
nas possíveis que estes programas da ONU para a resposta ao VIH en
encontram para propor medidas Guiné-Bissau; iii. Programa de
de melhoria e/ou aceleração da Combate ao Paludismo (apoiado
sua implementação. Os principais pelo Fundo Mundial); iv. Programa
programas identificados são: i. de Combate à Tuberculose; e v.
Programa Ampliado de Vacina- Programa de Planeamento Familai
ção para o qual se trata de conti- integrado às intervenções de saú-
nuar e reforçar a implementação de da reprodução.
do Plano Plurianual 2013–2017 para

c. Reforçar a proteção social e reduzir consideravelmente a


pobreza

Uma população guineense vulnerável e entre as mias


pobres do mundo.

Os indicadores de pobreza mone- pela instabilidade política, social e


tária e não-monetária, de saúde e económica que o país conheceu
educação da Guiné-Bissau estão nos últimos anos. O nível de pobre-
entre os mais baixos da África za parece ter aumentado na dé-
Subsariana. A situação da maioria cada de 2000 a passar de 15% em
da população guineense é muito 2002 para 33% em 2010. A expec-
frágil. Os indicadores de pobreza tativa de vida é de 54 anos e a
monetária e não-monetária, de taxa de mortalidade infantil conti-
saúde e educação da Guiné- nua alta (78 % em 2012). Assim,
Bissau estão entre os mais baixos independentemente do empenho
da África Subsariana como reflec- para elevar o nível global de vida
te o Índice de Desenvolvimento das populações, parece urgente
HUmano (IDH) de 0,396 (177º/187) implementar redes de segurança
em 2013. Esta situação frágil dos social para as populações mais
domicílios guineenses foi agravada vulneráveis. Para uma população

116
afectada por anos de instabilida- dade Social da Empresa (RSE). De-
de, a protecção social aparece verá igualmente conscientizar as
como um meio de promover a paz organizações não-
e reconstituir o capital social. Por governamentais, as parcerias no
esta razão as novas Autoridades desenvolvimento e todos os acto-
desejam implementar nos próxi- res envolvidos a respeito da im-
mos cinco ano um sistema de se- plementação. Esta mobilização
gurança social centrado na priori- em grande escala permitirá cons-
dade dos grupos mais vulneráveis, truir sinergias sólidas com base na
particularmente as mulheres, as participação cidadã e nas iniciati-
crianças e os refugiados. vas dum multidão de actores. Esta
promoção ampla permitirá travar
a batalha contra a pobreza ns
Programa 34a : Promoção questão nacional no período 2015-
da estratégia nacional de 2020.

desenvolvimento social
Programa 34b : Melhoria e
Será promovida em grande escala
uma estratégia nacional de de- extensão da protecção
senvolvimento social, estruturada social
no Plano Nacional de Protecção
Social e na Estratégia Nacional de A Guiné-Bissau planeia implemen-
Empoderamento das Populações tar um sistema te protecção social
mais Desfavorecidas. A combina- (redes sociais previsíveis) eficazes
ção dos dois enfoques – protec- que reduza drasticamente a po-
ção social e empoderamento – breza. A Guiné-Bissau deseja inspi-
permitirá mobilizar com base num rar as melhores práticas para criar
projecto de redução da pobreza uma estratégia nacional de pro-
a mesclar socorro de urgência e tecção social e de empodera-
soluções sustentáveis para as po- mento. Neste sentido, serão im-
pulações desfavorecidas. A meta plementados programas condici-
do Governo guineense é colocar onais de ajuda do tipo Bolsa Famí-
a batalha social e o combate à lia do Brasil e Visão 2020 Umurenge
pobreza no centro da agenda da do Ruanda, os quais têm permitido
reviravolta estratégica. Esta bata- aos respectivos governos reduzir
lha social deverá ser uma priorida- consideravelmente a pobreza.
de partilhada com o sector priva- Estes programas expandem-se
do, especialmente no âmbito dos cada vez mais e demonstram a
seus Programas de Responsabili- sua eficácia (redução da pobreza

117
da ordem de 12% no Ruanda). As poderamento progressivo das po-
transferências directas de dinheiro pulações mais vulneráveis por
para os mais pobres são organiza- meio do desenvolvimento de acti-
das e condicionadas a certas vidades geradoras de renda e da
obrigações em matéria de escola- protecção do seu capital social.
rização ou de acompanhamento Paralelamente o Governo orienta-
sanitário. A sua implementação rá os projectos de assistência soci-
apoia-se no uso de novas tecno- al em andamento para os grupos
logias que permitem, ao reduzirem vulneráveis e fortalecimento da
as tarefas de administração e ao resiliência das comunidades, es-
responsabilizarem os beneficiários, pecialmente as mulheres, crianças
oferecer um apoio específico, rá- e refugiados, bem como no cam-
pido e eficaz contra a pobreza. No po hospitalar. A elaboração da
intuito de implementar um sistema estratégia nacional de protecção
de protecção social mais bem social permitirá levar cada vez
adaptada ao seu contexto, a Gui- mais coerência e eficiência ao
né-Bissau realizará um estudo com conjunto destes projectos e propor
os seus parceiros ao levar em con- uma fórmula adequada para a
ta as boas práticas internacionais implementação duma cobertura
e as suas problemáticas de vulne- contra doenças para a popula-
rabilidade. Este novo sistema tam- ção.
bém terá como objectivo o em-

Uma cobertura objectiva das necessidades específicas das


populações na base da pirâmide económica BoP)* estará
no âmago da Estratégia Guiné-Bisssau 2025.
*BoP significa “Base da Pirâmide”, termo popularizado por C.K. Prahalad na sua obra The Fortune at the Base of the Pyramid (A
fortuna na base da pirâmide).

Alcançar a prosperidade compar- mundo. Trinta e três por centro da


tilhada passará não somente pelo sua população é extremamente
desenvolvimento estruturador dos pobre, a viver com menos de USD
sectores motores do crescimento, 1 por dia e 70% da população vive
mas também por uma atendimen- abaixo do limiar da pobreza com
to específico das necessidades menos de USD 2 por dia. Estas es-
das populações na base da pirâ- tatísticas parecem ter-se deterio-
mide económica. A Guiné-Bissau é rado nos últimos 10 anos (em 2002
um dos países mais pobres do a taxa de pobreza foi estimada

118
em 65%). O Plano Guiné-Bissau vamente uma divisão encarrega-
2025 prevê colocar o país de for- da de vender serviços e bens aos
ma sustentável no caminho da beneficiários na Base da Pirâmide.
prosperidade partilhada até 2025. Na zona rural da Índia a empresa
Esta passará não somente pelo Drishtee vende lucrativamente os
desenvolvimento estruturador dos serviços Web e distribui os bnes de
sectores motores do crescimento, consumo. Nas Filipinas a Gawad
mas também por uma atendimen- Kalinga construiu um milhão de
to específico das necessidades habitações sociais com base num
das populações na base da pirâ- modelo de negócio social. No Mé-
mide económica. De facto, o mo- xico a CEMEX desenvolveu uma
do de funcionamento das popu- iniciativa de grande porte de
lações pobres e dos mercados construção de habitações nas fa-
que as atendem é com frequên- velas. No Brasil a iniciativa Bolsa
cia distinto daquele accionado Família contribuiu para tirar 50 mi-
pela estratégicas clássicas de de- lhões de pessoas da pobreza em
senvolvimento dos sectores de cinco anos por meio de transfe-
crescimento. Nos dois últimos de- rências monetárias condicionadas.
cénios presenciou-se o surgimento
duma tendência mundial que
consiste em abordar as problemá- Programa 34c : Monitoriza-
ticas da pobreza não apenas por ção e Género (Plano Naci-
meio da filantropia, das doações
onal Director de Apoio às
ou da assistÊncia, mas promover o
desenvolvimento de modelos em- Populações Necessita-
presariais economicamente viáveis das/BOP)
e que visem à solução de proble-
mas específicos em campos como A implementação do esquema
educação, acesso a esgoto, director de empoderamento do
água, energia, habitação, etc. Por BoP estará associada aos projec-
exemplo, no Quénia 150.000 alun- tos que visam liberar o potencial
sos beneficiam a formação de económico das populações vulne-
excelência nas escolas privadas ráveis, especilamente das mulhe-
do tipo “Bridge Academies” (Aca- res. O plano de empoderamento
demias Ponte) por meio de taxas começará com a implementação
escolares de USD 5 por aluno e por de projectos de fortalecimento do
mês. Codensa, a empresa de ambiente económico no qual tra-
electricidade da cidade de Bogo- balham as mulheres, principalmen-
tá, Colômbia, desenvolveu lucrati- te na zona rural. Os instrumentos

119
essenciais e inovadores, tais como lhes possam criar oportunidades
o material da pequena irrigação económicas e assegurar-lhes um
ou a produção de energia reno- bem-estar humano básico. O en-
vável, serão postos à disposição foque recairá sobre três desafios
das agricultoras. Os projectos em principais a serem superados: i.
andamento, se bem-sucedidos, identificar as alavancas de forte
continuarão a atender às necessi- impacto para tirar o máximo de
dades mais prementes das popu- pessoas da pobreza em coerência
lações rurais. Ao assegurar o forta- com a estratégia nacional; ii. iden-
lecimento das capacidades para tificar os sectores para os quais as
o desenvolvimento local e ao criar soluções na base da pirâmide se
um fundo de investimento dedi- adaptarão da melhor forma à
cado, o projecto RDCC permitiu o Guiné-Bissau; e, por fim, iii. promo-
atendimento de urgências sociais ver, adaptar e acompanhar a im-
por meio de microprojectos dirigi- plementação.
dos pelos habitantes das regiões
de Biombo e Cacheu. Apoiada no Um enfoque específico será siste-
êxito regional obtido, a Guiné- maticamente integrado em cada
Bissau pode planear a realização um dos pilares e fundamentos. No
dum projecto de envergadura na- caso dos sectores motores do
cional de empoderamento das crescimento será reforçada a in-
populações na base da pirâmide clusão das populações na base a
que permitam solucionar os pro- pirâmide. Por exemplo, pergunta-
blemas socioeconómicos mais se como maximizar o papel eco-
imediatos que impedem o bem- nómico das populações na base
estar e a criação de valor genera- da pirâmide na prstação de bens
lizado. e serviços ao sector hoteleiro nas
Ilhas Bijagós (pesca, agricultura,
O objectivo do plano director na transporte, hotelaria, artesanato,
base da pirâmide é reforçar as energia); como maximizar os ren-
sinergias e o impacto dos projec- dimentos na base da pirâmide
tos que visem a levar às popula- mediante a pesca artesanal,
ções na base a pirâmide soluções aquacultura ou minas: como ace-
económicas e sociais específicas, lerar a adopção, por parte dos
economicamente viáveis, de im- pequenos agricultores, de boas
pacto positivo rápido e realizáveis práticas no cultivo do caju e o co-
em larga escala. Trata-se de refor- desenvolvimento da horticultura.
çar a resposta às problemáticas Da mesma forma, no caso dos
das populações na base da pirâ- “fundamentos” que atendem às
mide por meio de modelos que necessidades básicas do bem-

120
estar procurar-se-á promover o de maneira ineficaz a despeito de
acesso, por parte da populações, meios financeiros investidos fre-
aos serviços de base (saúde, edu- quentemente significativos. A solu-
cação, serviços bancários, água e ção de problemáticas tão com-
esgoto, serviços e utilidade pública plexas não pode ser realmente
e habitação) ou a adopção, por eficaz a não ser por meio duma
parte das mesmas, de práticas de acção aoncertada e sinérgica
desenvolvimento sustentável (enfoque do Impacto Colectivo).
(educação e formação profissio-
nal). Quanto às problemáticas na- O plano na base da pirâmide aju-
cionais, tais como a paz civil, edu- dará transformar a Guiné-Bissau
cação, emprego dos jovens, a num pioneiro, um dos primeiros
iniciativa na base da pirâmide países a desenvolver uma estraté-
permitirá a coalizão de vários par- gia nacional integrada de solu-
ticipantes actuais (público, ONG, ções dedicadas às populações
sector privado, sociedade civil) em pobres e às mulheres. Está em jo-
torno dum objectivo mobilizador. go algo importante: conseguir tirar
Trata-se de reconhecer que os ac- a população guineense da pobre-
tores participantes duma proble- za no prazo mais curto possível e
mática cooperam com frequência instalar de forma sustentável a
classe média.

d. Promover o renascimento cultural, redinamizar o despor-


to e reiniciar uma política em prol da juventude

Promover o renascimento cultural.

A cultura constitui um alicerce im- guineense de amanhã. A meta de


portante na Visão Guiné-Bissau vir a ser um grande país do ecotu-
2025. A resiliência do povo guine- rismo supõe criar uma oferta cultu-
ense permitiu-lhe enfrentar as múl- ra sólida, aa apoiar-se na riqueza
tiplas crises que abalaram a sua e na diversidade das culturas da
história. Será uma alavanca-chave Guiné-Bissau, na riqueza potencial
no futuro. Para além disto, o turis- cultural da diáspora (artistas, ho-
mo cultural é um componente mens de cultura e desportistas de
fundamental da visão do turismo destaque) e num património cultu-

121
ral restaurado e renovado. Portan- Redinamizar o desporto e a políti-
to, neste quadro prevê-se um pro- ca em prol da juventude. O des-
grama de grande envergadura: porto é uma alavanca do desen-
promover o renascimento cultural. volvimento: é necessário ao bem-
estar individual (lazer, saúde); con-
tribui para a visibilidade internaci-
onal e para a diplomacia das na-
Programa 35a : Cultura. ções; e destaca-se como um ver-
dadeiro sector da economia. No
Este programa visa a tornar a cul- âmbito deste novo projecto de
tura uma alavanca-chave de re- desenvolvimento a Guiné-Bissau
construção e transformação Gui- deseja utilizar plenamente este
né-Bissau. Neste quadro a cultura potencial, especialmente em
do país, com toda a sua diversi- apoio a uma política mais ambici-
dade, será destacada e promovi- osa e mais dinâmica em prol da
da. Neste sentido, será organizada juventude do país. Neste sentido,
anualmente uma semana da cul- prevê-se neste quadro uma ação
tura, reunindo o conjunto de po- de grande envergadura: redinami-
vos e grupos culturais da Guiné- zar o desporto e a política em prol
Bisssau para promover as culturas da juventude.
locis e apoiar melhor a criação
cultural. Para além disto, será lan-
çado um vasto programa de re-
novaçaõ do património cultural Programa 35b : Juventude
com o objectivo de restaurar a
e Desporto
preciosidade histórica e arquitec-
tural da Guiné-Bissau (a exemplo Este programa visa primeiro a in-
de Bolama, antiga capital, que centivar a prática desportiva e o
contribuirá com um forte compo- esplendor do desporto guineense
nente cultural à oferta do turismo no nível internacional. Neste qua-
do Arquipélago Bolama-Bijagós). dro as infra-estruturas desportivas
Neste sentido, o Estado guineense (campos de jogos, estádios) serão
mobilizará o conjunto de talentos fortemente reforçadas em todas
do país aí compreendidos vários as localidades. Para além disto, o
artistas e homens de cultura da apoio aos desportos principais será
diáspora guineense. Para além mais bem canalizado e reforçado.
disto, serão construídos dois novos Da mesma forma, a política em
locais de cultura: o Palácio da Cul- prol da juventude será redinami-
tura e a Biblioteca Nacional. zada por meio da multiplicação

122
de centros da juventude, organi- da biodiversidade) e apoio adici-
zação anual duma semana naci- onal às questões de saúde repro-
onal da juventude, desenvolvi- dutiva. Neste quadro serão dispen-
mento de projectos cidadãos para sados à juventude feminina aten-
mobilizar os jovens (vinculados à ção e apoio especiais.
preservação do meio ambiente e

123
VI. CRIAR UM SECTOR PRIVADO SÓLIDO E
VI. UMA ECONOMIA DIVERSIFICADA

A economia guineense depende hoje em dia de algumas matérias-primas,


especialmente o caju. Diversificar a economia com base nos motores do
crescimento sustentáveis constitui um imperativo. Este capítulo identifica os
motores do crescimento da economia guineense de amanhã e o quadro a
ser implementado para promover a inclusão.

a. Criar um ambiente de negócios favorável ao desenvol-


vimento do sector privado.

O ambiente de negócios na Guiné-Bissau é percebido como


um dos menos favoráveis do mundo.

Um ambiente de negócios favorá- gem da Guiné-Bissau nas classifi-


vel ao desenvolvimento do sector caçõse internacionais é pouco
privado é essencial para a criação favorável. Figura no fim da lista do
de riquezas e emprego. Os países Doing Business 2015 (179º entwre
que oferecem os melhores climas 189 países). Até mesmo os serviços
de negócios alcançam os melho- básicos como electricidade, água
res níveis de produtividade, inves- ou transporte são deficientes e
timento, desenvolvimento do em- caros. A Guiné-Bissau está atrasa-
presariado e das pequenas e mé- da na reestruturação das suas
dias empresas (PMEs) e, por con- empresas públicas (telecomuni-
seguinte, mais emprego, mais ri- cações, portos e electricidade).
quezas e menos pobreza. Na Gui- No final, a economia é dominada
né-Bissau o longo período de ins- 70% pelo sector informal e somen-
tabilidade e a situação de fragili- te 166 empresas privadas constitu-
dade decorrentes não permitiram em o repertório do país. A adminis-
a criação dum ambiente de ne- tração pública é o principal em-
gócios atraente. Portanto, a ima- pregador do sector formal. Para

124
além disto, a parte dos investimen- bem abaixo da média dos países
tos estrangeiros directors na eco- da África Subsariana.
nomia é especialmente fraca (2%),

Figura 11 : Parte dos investimentos estrangeiros directos na economia de vários paí-


ses da África Subsariana (como percentagem do PÍB).

Fonte: Dados do Banco Mundial 2012.

Reformas arrojadas serão imple- uma lei sobre as BOT. Outras re-
mentadas para atrair o investimen- formas estão planeadas, a saber:
to privado e dinamizar as fontes de adopção dum novo código de
crescimento da Guiné-Bissau. investimentos; actualização do
código mobiliário e de proprieda-
As primeiras reformas foram feitas de pública; criação dum tribunal e
com o objectivo claro de diminuir dum centro de arbitragem co-
o tempo de criação de empresas. mercial; e criação dum fundo de
Foi estabelecido um guiché único apoio à promoção das PMEs. Mas
de formalidades das empresas, a o Governo guineense deseja ir
permitir a criação duma empresa muito mais longe e criar um ambi-
em 24 horas. Na perspectiva de ente de negócios realmente favo-
desenvolver as parcerias público- rável ao sector privado, à altura
privadas, foi também adoptada das novas metas de desenvolvi-

125
mento e da valorização dos recur- respectivos sectores. Como este
sos do país. A meta é doravante empreendimento constitui uma
conseguir até 2020 uma classifica- premissa, será realizado no âmbito
ção mínima entre os primeiros 50 dum programa integrado, a fim de
lugares do Doing Business. Neste dispor duma metodologia comum
sentido, três programas de grande e proorcioanr o máximo de siner-
envergadura serão implementa- gias no apoio aos ministérios en-
dos: i. elaboração dum quadro carregados de elaborar novos có-
normativo nacional propício e co- digos sectoriais. Este procedimento
erente; ii. implementação duma permitirá também optimizar os cus-
dinâmica arrojada e direccionada tos do programa e aumentar a
a reformas no âmbito do diálogo visibilidade da acçã governamen-
público-privado; iii. implementa- tal.
ção de plataformas económicas
integradas (zonas económicas
especiais). Programa 37: Reforma do
âmbito de negócios.
Programa 36 : Elaboração A dinâmica de reformas será con-
duma estrutura jurídica na- tinuada no âmbito dum diálogo
público-privado, a fim de abordar
cional propícia e coerente.
o conjunto dos principais obstácu-
Será implementado um quadro los à instauração dum ambiente
normativo especialmente propício de negócios competitivo. As re-
para atrair o investimento privado formas abordarão em carácter
na Guiné-Bissau. Para valorizar as prioritário as questões relativas ao
suas riquezas, a Guiné-Bissau dese- seguinte: serviços de administra-
ja incentivar os investimentos pri- ção relacionados com as empre-
vados, tanto nacionais como es- sas; implementação de incentivos
trangeiros, e a primeira alavanca fiscais; redução de custos dos fac-
será a criação dum quadro jurídi- tores de produção (particularmen-
co favorável ao influexo de inves- te da electricidade); actualização
timentos privados. Neste sentido, do código de trabalho; promulga-
um quadro normativo alinhado ção da lsita das parcerias público-
aos novos planos sectoriais será privadas (PPP); e implementação
elaborado na agricultura e na dum dispositivo eficaz de apoio ao
agro-indústria, na pesca, no turis- sector privado. Neste âmbito, o
mo e nas minas. Será actualizado Governo criará um Agência de
o conjunto de textos e códigos nos Promoção de Investimentos, a in-

126
tegrar o centro de facilitaçaõ das em Bissau. A ZTE das Bigajós permi-
empresas existente. Esta Agência tirá criar condições para um de-
terá como missão promover a senvolvimento rápido mais en-
Guiné-Bissau como destino atraen- quadrado na oferta turística das
te de investimentos. O apoio às Bigajós em sintonia com a meta
PMEs será igualmente reforçado de fazer dela até 2020 um destino
com a implementação duma in- de referência mundial para a pes-
cubadora de PMEs; desenvolvi- ca desportiva e o ecoturismo de
mento de produtos e serviços fi- primeira classe. A ZEE de Bissau
nanceiros inclusivos e inovadores; permitirá contornar os inúmeros
e melhoria da estruturação o sec- obstáculos actuais ao investimento
tor Comércio. O diálogo abordará industrial e oferecer num só lugar
igualmente questões específicas toda a infra-estrutura, os serviços,
dos sectores prioritários, como, por instalações e vantagens fiscais de
exemplo, para o sector do caju a que necessitam as indústrias para
definição de restrições e de sobre- transformar localmente o caju e os
taxas da exportação da casta- produtos a pesca ou fabricar ou-
nha-de-caju bruta ou o reinvesti- tros produto industrial. Uma oferta
mento das receitas fiscais geradas logística óptima será assegurada
com o apoio do sector industrial com uma conectividade aos
local. grandes eixos de transporte do
país. Os centros de formação pro-
fissional nas proximidades da ZEE
Programa 38: Plataformas permitirão actualizar as compe-
económicas integradas tências do pessoal das empresas
(agentes de execução e técni-
para adelerar o investi-
cos). Um guiché único que rea-
mento privado. grupe os serviços descentralizados
da administração serã instalado
A implementação de plataformas
na ZEE para facilitar os procedi-
económicas integradas visa a co-
mentos dos investidores. Serviços
locar à disposição dos investidores
gerais (telecomunicações, ban-
um ambiente competitivo e espa-
cos, restauração, serviços de saú-
ços de acolhimento adaptados
de) e serviços de apoio aos indus-
para o lançamento rápido das su-
triais (assistência técnica e manu-
as actividades. Neste âmbito pre-
tenção, bem como engenharia)
vê-se numa primeira etapa uma
serão também disponibilizados na
Zona Turística Especial (ZTE) nas
zona. Será promovida uma parce-
Ilhas Bijagós e uma Zona Económi-
ria público-privada (PPP) para a
ca Especial (ZEE) mujltissectorial

127
construção e gestão da ZEE de Bissau.

b. Valorizar plenamente o potencial agrícola do país.

A agricultura, sector dominante da economia de potencial


sub-explorado.

A Guiné-Bissau dispõe dum vasto produtividade das terras é fraca. O


potencial agro-pastoril. A agricul- sector é prejudicado pela falta de
tura domina a economia com 69% acompanhamento técnico, finan-
do PIB, mas 90% das receitas de ceiro e administrativo. Os agriculto-
exportação e 85% dos empregos res têm pouco ou nenhum acesso
directos e indirectos. Pode apoiar- aos meios de produção modernos
se num vasto potencial natural. De capazes de optimizar a qualidade
facto, o país é dotado duma bio- e a safra. A falta de acesso à in-
diversidade preservada, de terras formação sobre os mercados, à
férteis e bem regadas, bem como organização em cooperativas e
dum clima tropical propício a uma aos conselhos técnicos impede as
variedade importante de cultivos. capacidades de previsão e de
Sem acção nacional concertada, negociação, a obrigar a venda de
a produção de caju aumentou colheitas a preços baixos em mo-
140.000 toneladas no período de mentos inoportunos. Investimentos
15 anos, a passar de 60.000 tone- insuficientes nas infra-estruturas
ladas em 2000 para 200.000 tone- rurais; transporte; gestão do territó-
ladas em 2014 e a colocar a Gui- rio e dos programas de acesso ao
né-Bissau no quarto lugar da pro- financiamento que limitam o de-
dução mundial. O país detém um senvolvimento em grande escala
importante potencial de orizicultu- das actividades agrícolas, em par-
ra e poderá contar com o desen- ticular as actividades não pluviais.
volvimento da horticultura, frutas A dependência alimentar da Gui-
florestais e criação de animais nos né-Bissau é aumentada pelo
anos futuros. abandono do cultivo de arroz em
favor do caju; pelo êxodo rural;
A Guiné-Bissau valoriza somente pela falta de mão-de-obra qualifi-
uma pequena parte do seu poten- cada; e pela importação do arroz
cial natural. Somente 50% das ter- por atacadistas do caju por meio
ras cultiváveis são exploradas e a do sistema de troca caju-arroz.

128
Assim, 40% do consumo de arroz A meta da Guiné-Bissau no sector
são hoje importados. O sector agrícola necessita duma governa-
agrícola tem pouca diversidade e ção sólida dotada dum quadro
depende fortemente da produ- normativo adequado. O Plano
ção de caju que representa a me- Guiné-Bissau 2025 prevê a imple-
tade das superfícies cultivadas. mentação dum quadro normativo
Para além disto, a baixa integra- reformado e adaptado que permi-
ção disponível às cadeias de valor ta um desenvolvimento agrícola
reduz a criação da riqueza domés- sólido. A actualização do dispositi-
tica. Portanto, um productor de vo normativo permitirá reforçar a
caju guineense capta apenas 11% atracção do sector agrícola junto
do valor das amêndoas de caju aos investidores privados tanto
vendidas nos mercados finais, a nacionais como internacionais e,
tornar a industrialização um dos portanto, o acesso ao financia-
maiores desafios do sector. mento de operadores locais. Tex-
tos alinhados à nova estratégia
A meta da Guiné-Bissau é desen- sectorial serão elaborados e publi-
volver a sua produção, aumentar cados para facilitar o criação de
as suas rendas agrícolas e garantir parcerias público-privadas (PPP)
a sua auto-suficiência alimentar. do tipo ganha-ganha, mediante a
Foram elaboradas estratégias sec- aplicação das melhores práticas
toriais específicas ao caju, arroz, internacionais dos sectores porta-
criação de animais e horticultura. dores de crescimento. A actuali-
Para as apoiar, três (3) programas zação das normas internacionais
transversais e complementares do dispositivo sanitário e das estru-
serão implementados, a saber: i. turas do sector de criação permiti-
reforma e fortalecimento instituci- rá uma maior valorização do sec-
onal do sector agrícola; ii. gestão tor ao reforçar a sua integridade e
sustentável dos ecossistemas o seu potencial de exportação.
agro-pastoris; e iii. reforço do dis-
positivo de apoio ao sector agríco- A meta de explorar de forma óp-
la. tima e sustentável o potencial do
sector agrícola necessita dum
quadro institucional adaptado e
Programa 39 : Reformas e coerente que facilite a coordena-
fortalecimento institucional ção das funções e responsabilida-
des de cada uma das partes
do sector agrícola.
componentes do sector agrícola e
agro-industrial. O programa de
recolha de estatísticas agrícolas,

129
apoiado pelas TICs, facilitará a signação do território na determi-
elaboração e o acompanhamen- nação dos campos críticos da
to de políticas agrícolas adapta- R&E, Os resultados destes esforços
das às realidades do terreno. de investigação permitirão orientar
Cumpre ressaltar que o Instituto os operadores para os melhores
Nacional de Estatísticas e Censos itinerários técnicos dos sectores
(INEC) realizará investigações agrí- existentes, a saber, para os novos
colas para acompanhar a vulne- sectores promissores.
rabilidade das actividades rurais e
ajudar no planeamento meteoro- Programa 40a : Gestão sus-
lógico. A implementação de acti- tentável dos ecossistemas
vidades tais como um serviço de
estatísticas dedicado e eficaz
agro-pecuários.
permitirá dotar os departamentos
A resiliência de longo prazo do
sectoriais de gestão eficazes. Para
sector agrícola depende da pre-
garantir a segurança alimentar da
servação de ecossistemas agro-
Guiné-Bissau a coordenação da
pastoris, especialmente da água e
segurança alimentar e nutricional
dos solos. Uma estratégia judiciosa
será reforçada no nível institucio-
de gestão integrada de recursos
nal. Será criado um laboratório de
hídricos permitirá o controlo da
análise da qualidade dos produ-
utilização dos recursos hídricos nas
tos, solos e sementes para ajudar
actividades agrícolas nos níveis. As
os produtores e os actores agro-
políticas sectoriais preservarão os
industriais na certificação da qua-
recursos aquáticos de poluentes
lidade.
tais como os produtos de extrac-
Os resultados da investigação ção de mineração, os fertilizantes
agrícola alimentarão o dispositivo ou as cascas de castanha-de-
de designação do território e en- caju. Para reduzir a degradação
quadramento dos operadores. dos solos, as práticas agrícolas no-
Com o tempo o Instituto de Institu- civas, tais como a monocultura ou
to de Investigação e Desenvolvi- a queima do terreno, serão deses-
mento (R&D) agrícola será restau- timuladas. O mangue, ecossistema
rado e reforçado para apoiar os frágil e precioso, será valorizado
produtores nas melhores escolhas na produção de arroz. O compo-
de tecnologias agrícolas. A missão nente agrícola do Plano Nacional
deste Instituto será explorar as es- de Gestão Territorial será regular-
tatísticas agrícolas recolhidas a fim mente actualizado tendo em con-
de orientar os conselhos agrícolas ta os níveis de preservação de
e o componente agrícola da de-

130
ecossistemas agro-pastoris e de dispositivo de investigação ade-
redes hidráulicas. quado de assessoria e de enqua-
dramento ao longo das cadeias
Programa 40b: Fortaleci- de valor. Mas a qualidade desta
assistência é crítica e dependerá
mento do dispositivo de
muito da competência dos agen-
apoio ao sector agrícola tes que assegurarão o seu desen-
volvimento.
O objectivo ambicioso de desen-
volvimento da agricultura e da Para sectores agrícolas como o da
agro-indústria guineense requer castanha-de-caju e o do arroz, o
apoio e enquadramento adapta- Estado formalizará uma assistência
do. A assistência aos produtores técnica a fim de apoiar a estrutu-
individuais, às cooperativas e às ração de cadeias de valor. Esta
associações sectoriais constitui assistência terá por objectivos or-
uma alavanca-chave de optimi- ganizar os produtores, desenvolver
zação da produtividade agrícola: a transformação e criar vínculos
os serviços de apoio permitem dar contratuais entre os transformado-
recomendações aos produtores res, produtores ou compradores
sobre os melhores itinerários técni- nos mercados finais de consumo.
cos, substâncias e tecnologias. O A figura abaixo ilustra um modelo
bom resultado destas necessida- de assistência técnica para estru-
des supõe a implementação dum turar a cadeia de valor do arroz.

131
Figura 12 : Modelo de estruturação duma cadeia de valor do arroz com o apoio
duma assistência técnica.

Possibilité d'intégration
2 4 de l'usinage par la
C C Structure faîtière structure faîtière
d'agrégation
3 (coopérative agricole)
C C

1 Assistance technique Transformation


Marchés/
/conditionne-
C consommateurs
.. Intermédiaires ment

Chaine de valeur Nouvelle Chaine de


existante valeur
1 Organisation et renforcement des capacités 3  Fonctions de la structure faîtière
des coopératives – Identification des marchés
– Identifier /constituer les coopératives – Contrôle qualité et calibrage
– Former les producteurs aux itinéraires – Système d'information marchés
techniques de production et aux opérations – Approvisionnement en intrants
post-récoltes (récolte, calibrage, usinage…)
– Identifier des marchés et appui à l'accès aux
marchés
– Compétences en marketing et gestion
commerciale

2 Agrégation physique de l'offre 4  Identifier les marchés, contractualisation,


usinage, conditionnement,
commercialisation

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

A assistência técnica incluirá um Campanhas de promoção com


componente de fortalecimento de vistas ao incentivo da sua utiliza-
capacidades de serviços de en- ção serão realizadas pelas entida-
quadramento do Ministério da des públicas encarregadas do de-
Agricultura. Por esta razão, serão senvolvimento agrícola e rural.
operadas transferências de com-
petências que permitirão sustentar O governo realizará uma estraté-
o apoio aos produtores e transfor- gia de financiamento para forne-
madores, assim que terminarem os cer equipamentos modernos aos
períodos de assistência técnica. O pequenos produtores e abastecer-
sucesso destas instâncias de con- lhes todos os anos com melhores
selho, do apoio ao desenvolvimen- sementes. Um sistema de informa-
to agrícola e o enquadramento ção de mercado viável será im-
dependerá também da generali- plementado para melhorar seu
zação das suas actividades na conhecimento de mercado, es-
amostra de operadores nacionais. pecialmente os preços e facilitar o

132
transporte da sua produção para armazenagem seguros e secos,
os mercados com maior valor serão construídas para o transpor-
agregado O governo examinará te, armazenagem e transforma-
com seus parceiros privados e pú- ção da produção. O Estado facili-
blicos a implementação dum sis- tará a implementação de plata-
tema de garantia indexada a formas ao partilhar o suprimento
permitir cobrir os riscos para os pe- de substâncias, de conselhos agrí-
quenos produtores em caso de colas, armazenagem de colheitas,
clima desfavorável. Enfim, as infra- de contacto com os serviços de
estruturas básicas, tais como rodo- apoio e de enquadramento da
vias funcionais e entrepostos de Administração.

i. Maximizar a criação de valor no sector do caju

A castanha-de-caju, principal riqueza da Guiné-Bissau,


apresenta um forte potencial de desenvolvimento.

A valorização do sector do caju para aperitivos, populares na Eu-


representa uma oportunidade ropa, nos Estados Unidos e nas
considerável para a Guiné-Bissau. classes médias de países emergen-
Com 200.000 toneladas de casta- tes, ou de acordos nas prepara-
nhas-de-caju produzidas em mais ções culinárias tradicionais, espe-
de 210.000 ha em 2013, o país é o cialmente as indianas e as asiáti-
quarto productor mundial. O caju cas. O consumidor final dispõe de
gera 18% do PIB, 90% das receitas três tipos de canais (comércio de
de exportação e 33% dos rendi- retalho para 80%, hotelaria e res-
mentos das famílias. A vasta maio- tauração para 10%, indústria agro-
ria de agricultores guineenses par- alimentar para 10%). A castanha-
ticipa da produção do caju (cf. de-caju de Guiné-Bissau é muito
Figura 1) Os volumes de produção competitiva no mercado interna-
de castanhas-de-caju cresceram cional com um KOR (Kernel Output
6% ao ano em média desde 1995, Ratio), unidade de medida da
ou seja, no mesmo ritmo do mer- qualidade da castanha-de-caju,
cado mundial de consumo final. entre as melhores do mundo. Esta
Esta demanda mundial é proveni- qualidade distintiva é frequente-
ente principalmente da alimenta- mente atribuída às características
ção humana, na forma de misturas naturais "bio" do caju guineense,

133
produto sem substâncias químicas são, o desenvolvimento do sector
e cultivado pelos pequenos agri- do caju representa uma oportuni-
cultores. Também participaram do dade importante da criação de
desenvolvimento com apoio de valor para o país. Para além disto,
segmentos dos mercados "prémio" a forte disponibilidade da mão-de-
exigentes em matéria de origem, obra rural representa uma oportu-
rastreabilidade, qualidade e de- nidade para o desenvolvimento
senvolvimento sustentável. Com da transformação local.
um mercado final em forte expan-

Figura 13: A produção de caju em todo o território.

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

No entanto, a Guiné-Bissau capta são tem pouca consciência das


hoje somente uma parte mínima melhores práticas de optimização
do valor agregado do sector. A da qualidade e do valor da cas-
actividade se limita principalmente tanha-de-caju, entre as quais as
à colheita e à venda de casta- técnicas de melhoria dos rendi-
nhas-de caju, a transformação em mentos, da qualidade (especial-
amêndoas pretas para consumo é mente o tamanho) ou da limita-
quase inexistente. Os productores ção de perdas na cadeia de valor

134
nacional (secagem, embalagem, de-obra sem formação profissio-
armazenagem, transporte). Por nal), uma variedade de factores
outro lado, a pressa de obter o explicam esta situação, entre as
produto final das colheitas (explo- quais: i. ausência de financiamen-
rações insuficientes, incentivos pa- tos, especialmente da necessida-
ra a colheita de frutas imaturas de de capital de giro, ii. o défice
criados pelos programas de troca de infra-estruturas funcionais (se-
caju contra arroz), uma falta de cagem, estocagem, vias secundá-
transparência nas informações do rias), iii. insuficiência de compe-
mercado no âmbito dos pequenos tências técnicas gerenciais, de
produtores e uma relação de for- R&D (pesquisa e desenvolvimento)
ças desigual com os negociantes e de controlo de qualidade, de
internacionais, com frequência generalização das boas práticas
conduzem os agricultores a prati- agrícolas e industriais, iv. o carác-
car preços inferiores aos que eles ter pouco propício ao ambiente
poderiam obter em condições de negócios, (flexibilidade salarial,
optimizadas. Enfim, das 200 000 possibilidade de introduzir a eficá-
toneladas produzidas em 2013, cia de serviços portuá-
apenas algumas centenas foram rios/aduaneiros) v. a dificuldade
objecto de transformação local. de acesso aos mercados finais, vi.
De facto, embora as 18 unidades a falta dum quadro institucional de
de transformação recenseadas no apoio ao sector, vii. a concorrên-
país acumula uma capacidade cia no abastecimento com os ne-
teórica próxima das 12.000 tonela- gociantes internacionais.
das, nenhuma é realmente funci-
onal. Além da escolha fundamen- Enfim, o produto "castanha-de-
tal dos modelos industriais geral- caju de origem da Guiné-Bissau"
mente inadaptados (tamanho in- está totalmente ausente nos mer-
suficiente, impróprio à mecaniza- cados de consumo final e não é
ção e a impor uma dependência promovido por nenhum actor do
excessiva da qualidade de mão- sector.

135
Figura 14: Unidades de transformação paradas na Guiné-Bissau

Fonte: Governo Guiné-Bissau

No modelo actual de transforma- programa Mozacaju (cf. caixa), o


ção e de comercialização, os que representa para o país lucros
operadores internacionais pro- cessantes significativos. Assim, no
põem produtos misturados com modelo actual, a Guiné-Bissau
castanha-de-caju guineenses e perde a oportunidade de posicio-
castanha-de-caju de outras ori- nar um produto nacional "prémio"
gens. Esta situação tem como de alto valor agregado e encon-
consequência tirar da Guiné- tra-se confinada ao único elo
Bissau a oportunidade de propor "agrícola" da cadeia de valor, ou
aos mercados de consumo uma seja, somente 10% do valor do sec-
oferta de origem nacional, contro- tor, os 90% restantes foram capta-
lada, rastreável e de qualidade dos fora do país por transformado-
homogénea, como reflexo do que res, transportadores, negociantes e
realizou Moçambique com o seu distribuidores.

136
Caixa 3: Acompanhamento técnico para a melhoria de todos os níveis
da cadeia de valor de arroz: o exemplo de Mozacaju em Moçambique.

Apesar das perdas do sector do caju em 1995 ou do sector do caju em queda,


Moçambique tornou-se o primeiro exportador africano de amêndoas de caju
(quarto mundial) graças ao programa Mozacaju de Technoserve, que acom-
panha os empresários locais e as instituições de apoio ao sector.

Mozacaju

• Vinte um transformadores locais apoiados desde 1998: acompanha-


mento da elaboração e da implementação do plano de negócios.
• 5.000 empregos criados, dos quais 70% de mulheres
• 100.000 agricultores beneficiários directos
• Um sistema integrado de rastreabilidade permite o acompanhamento
completo de toda a cadeia de valor, a facilitar a venda nos mercados
prémio e a captação dum máximo de valor por productor e empresá-
rio.
• Apoio ao governo na elaboração de regulamentações favoráveis e na
disponibilização de capitais.

137
Enfim, além duma escala e duma onal que acelerará a profissionali-
experiência consideráveis, os paí- zação do sector.
ses mais competitivos (Índia e Vi-
etname) beneficiam dos merca-
dos nacionais a valorizar os sub- Programa 41: Optimização
produtos do sector (p. ex., valori- e valorização da cadeia de
zação do óleo da casca do caju – valor do caju
CNSL – Cashew Nut-Shell Liquid –
pela indústria de tintas e vernizes O Plano visa a quadruplicar o valor
actualmente proveniente da cas-
Para tornar a castanha-de-caju de
tanha-de-caju para gerar 550 M$
Guiné-Bissau um produto competi-
de rendimentos ao ano e alcançar
tivo no mercado internacional,
uma taxa de transformação de
respeitado por sua alta qualidade
30% até 2025. A realização deste
e criador de valor, estão previstos
objectivo passa pelo acompa-
dois programas-chave: i. estrutura-
nhamento do sector em todos os
ção dum grupo de caju competi-
níveis da cadeia de valor: i. a assis-
tivo, em parte por meio do au-
tência à produção, ii. a estrutura-
mento dos rendimentos, da quali-
ção das actividades de transfor-
dade da castanha-de-caju e do
mação doméstica, iii a comerciali-
poder de negociação dos produ-
zação duma amêndoa de casta-
tores e de outra parte por meio do
nha-de-caju guineense com forte
desenvolvimento dum ecossistema
valor agregado. Um Programa de
de transformação industrial local
Reabilitação do Sector Privado e
com base num modelo de parce-
de Desenvolvimento do Agro-
ria entre as unidades regionais se-
Negócio, focado na assistência à
mi-mecanizadas e de tamanho
produção e na estruturação de
médio, para intervir no mercado
actividades de transformação
internacional. Uma entidade es-
doméstica, é apoiado actualmen-
pecializada em desenvolvimento
te pelo Banco Mundial. Para asse-
de sectores agrícolas (provedor
gurar um acompanhamento
Business Development Services -
completo, será implementada
BDS), se possível, especialista em
uma parceria estratégica com um
caju, será retida para acompa-
fornecedor do Business Deve-
nhar o processo de transformação.
lopment Services (BDS) Internacio-
ii. Elaboração dum quadro norma-
nal, especializo na valorização de
tivo propício para motivar os inves-
sectores agrícolas
tidores nacionais e atrair uma par-
ceria industrial catalítica internaci-

138
A assistência à produção de cas- panhamento técnico, financeiro e
tanha-de-caju será organizada gerencial de transformadores de
com base em dois eixos: o enqua- todos os níveis do processo indus-
dramento técnico da produção trial. Isso passará por: acompa-
(rendimentos e qualidade) e o for- nhamento da qualidade dos pro-
talecimento do poder de negoci- dutores pelos transformadores, fa-
ação de produtores. O enqua- cilidade pela proximidade geográ-
dramento técnico tem como ob- fica (cf. Figura 3) e instauração de
jectivo fortalecer os rendimentos e preços diferenciais em função da
a qualidade da produção com: a qualidade produzida, a estrutura-
formação de produtores com itine- ção de soluções financeiras para
rários técnicos apropriados (espe- os investimentos e a gestão de
cialmente espaçamento dos ca- necessidades de capital de giro,
jueiros e associação de culturas acompanhamento para a imple-
alimentícias), a implementação de mentação duma amostra de acti-
infra-estruturas de armazenagem, vidades apoiam incentivar os pro-
a estruturação de serviços de en- vedores de serviços (serviços de
sacamento, de transporte, a im- apoio aos abastecimentos, à ven-
plementação de laboratórios de da, à distribuição e ao marketing),
pesquisa e de controlo de quali- bem como a coordenação das
dade e a diferenciação de preços organizações existentes (Ministério
recebidos pelos produtores segun- da Agricultura, ANCA) e o apoio à
do a qualidade do produto. O for- criação de organizações novas
talecimento do poder de negoci- (cooperativas). A exemplo de paí-
ação dos produtores tem por ob- ses mais competitivos, a Guiné-
jectivo melhorar os termos de in- Bissau poderá valorizar a termo os
tercâmbio entre os produtores e os subprodutos do sector, tais como
comerciantes de castanha-de- as cascas (cf. valorização de CNSL
caju para a estruturação de coo- na Índia): as cascas poderão ser
perativas, a implementação dum utilizadas na co-geração de elec-
sistema de informação e fixação tricidade para as unidades de
de preços de referências pelo go- transformação, a contribuir assim a
verno. A organização de produto- contornar uma das principais pro-
res em cooperativas será encora- blemáticas do ambiente de ne-
jada. gócios na Guiné-Bissau hoje, défi-
ce energético. Os serviços do pro-
A estruturação das actividades de vedor Business Development Servi-
transformação doméstica visa ao ces serão essenciais para acom-
desenvolvimento duma amostra panhar melhor a eclosão do ecos-
de médias empresas pelo acom-

139
sistema das unidades de transfor- no apoio financeiro aos produtores
mação: o seu apoio será crítico na e transformadores. A termo cerca
escolha dos sítios e do tipo de em- de trinta unidade de tamanho
presários a apoiar, na adopção de médio e semi-mecanizados serão
"melhores práticas" identificadas necessários para garantir a trans-
nos outros ambientes compará- formação de cerca dum terço da
veis, na consolidação de entida- produção de castanhas-de-caju
des profissionais sectoriais fortes e previsto para 2025.

Figura 15: Amostra potencial de médias empresas garantem uma transformação


local de caju

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

A Guiné-Bissau poderá optimizar o maior parte do valor agregado do


valor gerado pelo sector de caju sector (40%) e sobretudo do lucro.
ao participar da comercialização. Assim, a integração do sector de
Este elo da cadeia de valor (distri- caju guineense até a comerciali-
buição, comercialização) retém a zação o protegerá duma exposi-

140
ção excessiva às flutuações dos nacional desenvolverá parcerias
cursos mundiais da matéria-prima. com os negociantes especializa-
Para captar o máximo de valor no dos na promoção de produtos
nível da comercialização, a alimentícios de origem junto aos
amêndoa de castanha-de-caju grandes distribuidores europeus e
guineense definirá uma proposta americanos.
de valor distintiva agregada às
características tangíveis do produ- Assim, a intermediação evoluirá,
to (tamanho, cor, gosto), dos atri- após a situação actual na qual o
butos valorizados pelos distribuido- modelo middleman (intermediário)
res e consumidores finais dos mer- (sem grande valor agregado) pre-
cados prémio (história, origem, valece, para um modelo de par-
desenvolvimento sustentável, co- ceria com os intermediários cria-
mércio equitativo, agricultura bio- dores de valor, pela promoção de
lógica). Para promover o produto etiquetas, marcas e origens. O for-
de origem da Guiné-Bissau junto necedor de Business Development
aos distribuidores, retalhistas e con- Services apoiará a estruturação
sumidores finais, o sector do caju destes programas e a consolida-
ção destas parcerias inovadoras.

ii. Obter auto-suficiência em arroz em 2020

Uma meta legítima.

A Guiné-Bissau dispõe dum enor- para importações estimadas em


me potencial para orizicultura, im- 150.000 toneladas (fora importa-
portante mas subvalorizado. Ape- ções ilegais). Mesmo se as boas
sar de seus 1,4 milhões de hectares condições pedoclimáticas locais,
de terras propícios à cultura de a disponibilidade dos recursos hí-
arroz, o país não explora mais do dricos e os diferentes ecossistemas
que 400.000 ha para produzir do país sejam favoráveis à produ-
110.000 toneladas de arroz des- ção guineense, ela ainda perma-
cascado ao ano, o que não repre- nece fortemente dependente de
senta somente 40% das necessi- condições climáticas aleatórias
dades alimentares nacionais. Os relacionadas especialmente à de-
60% restantes são encaminhados terioração e à degradação das

141
infra-estruturas hidroagrícolas du- cada vez mais importantes, prove-
rante os períodos de conflitos. A nientes especialmente do forte
produção deve aumentar para crescimento da urbanização (+8%
enfrentar as necessidades de arroz em 10 anos).

Figura 16: números-chave na produção e na demanda de arroz

Productions (riz décortiqué) et


Evolution de la population (en milliers)
importations de riz (en tonnes)

2000 1304 +1,7%


Population GB
1547

2010 387
Population urbaine
150 000 868 +8,4%
50 000
Source : L'Etat des Villes Africaines.
Editions 2010 et 2014

147 000 Part du riz dans les apports alimentaires quotidiens


80 000

Importations 110 000

52%
69 000
Production
locale Riz Autres
Importance du riz dans la
2005 2010 2014 sécurité alimentaire
Source : FAO Stats.
Source : Données nationales

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

Um plano para autossuficiência em arroz em 2020.

Os rendimentos da produção de a insuficiência de mão-de-obra


arroz da Guiné-Bissau são muito qualificada e a ausência de fi-
baixos. Ela aumenta em média nanciamento.
1,17 tonelada por ha, contra por
exemplo 10 toneladas por ha no Fortemente dependente das im-
Egipto. Vários factores explicam portações e vulnerável às flutua-
este rendimento fraco e prejudi- ções mundiais, a Guiné-Bissau se
cam a competitividade do sector expõe a um risco elevado de in-
do arroz da Guiné-Bissau: a ausên- segurança alimentar. Os inter-
cia de gestões agrícolas e de infra- câmbios mundiais (exportações)
estruturas logísticas, a salinização diminuem e os grandes países ex-
das terras nas zonas costeiras, o portadores limitam as suas expor-
baixo grau de mecanização, a tações (Tailândia, Vietname, Índia,
falta de sementes seleccionadas, Paquistão...). Comparadas a dou-

142
tros cereais secos, as projecções 46% mais caro em média que o
nos preços indicam que o arroz trigo e 77% mais caro que os outros
será logo o cereal mais caro. Nos cereais.
próximos dez anos, o arroz será

Figura 17: Projecções de preços de cereais secos no período de 2014-2023


(USD/toneladas)

398

272
224

Riz Blé Céréales


secondaires
Fonte: Perspectivas agrícolas da OCDE e da FAO

Esta dinâmica parece a priori sus- reservas alimentares será assegu-


tentável dado à contínua deman- rada a fim de enfrentar os perío-
da em crescimento, especialmen- dos de transição e assim proteger
te na África. os mais vulneráveis à fome. Isto
supõe um abastecimento estável,
A Guiné-Bissau deve garantir sua imediatamente utilizável e um sis-
auto-suficiência em arroz até 2020. tema de distribuição eficaz, espe-
As autoridades visam a uma pro- cialmente por meio dos bancos de
dução de 450.000 toneladas de cereais rurais e doutras infra-
arroz em 2020 e 510.000 toneladas estruturaa de armazenagem para
em 2025 por ano, que resultarão conservar a produção ao longo
na criação de 50.000 empregos. do ano.
Para alcançar esses objectivos,
prevêem-se três programas: i. a
gestão de novas terras, a começar
pelas planícies pluviais e os man-
gues, ii. a melhoria dos rendimen-
tos e iii. a promoção do arroz local Programa 42: Gestão e in-
e do acesso ao mercado. Por ou- fra-estruturas.
tro lado, uma melhor gestão das

143
Previsto para 2025, 510.000 ha de tente fluvial Kayanga-Geba. Este
terras serão destinadas à cultura projecto prevê a realização de 19
do arroz, ou seja, 114.000 ha a pequenas represas de irrigação
mais do que em 2014. A gestão sobre os afluentes do rio Geba pa-
começará com as planícies pluvi- ra liberar um potencial de 93.000
ais e os mangues, que incidirão toneladas de produção de arroz
em 90% do aumento de terras cul- paddy previstas para 2020. O in-
tivadas (50.000 ha adicionais de vestimento privado também será
planícies pluviais e 54.000 ha de fortemente encorajado na gestão
mangues). Por outro lado, as ges- de terras adicionais. O Estado faci-
tões pesadas permitirão irrigar litará nesse quadro de estabele-
10.000 ha de planícies. Esses pro- cimento de contratos de parceria
jectos de gestão serão realizados entre as organizações de produto-
por meio de projectos sub- res de arroz e de grandes produto-
regionais com a OMVG, tal como res privados para gerenciar e pro-
o da Gestão Integrada de Recur- duzir mais arroz local.
sos Hídricos (GIRE) na bacia ver-

Tabela 1: Hipótese de evolução de superfícies dedicadas a arroz

Gestão (ha) (2013/2014) 2.020 2025

Planícies pluviais 75.000 100.000 125.000.

Planícies irrigadas - - 10.000

Mangues 21.000 50.000 75.000

Planalto 300.000 300.000 300.000

Total 396.000 450.000 510.000

Fonte: Governo Guiné-Bissau e Analyses Performances Group (Grupo de Análises de


Desempenho)

A gestão soma-se ao apoio finan- diversificar os rendimentos dos


ceiro à reabilitação e à constru- produtores de arroz.
ção de infra-estruturas rurais "PRE-
SAR" e a gestão de superfícies Programa 43a: Melhoria dos
agro-pastoris e haliêuticas para rendimentos

144
A melhoria dos rendimentos é in- A promoção do arroz local será
dispensável para o alcance dos uma alavanca importante para
objectivos de auto-suficiência ali- estimular a produção. O fortaleci-
mentar em arroz. Ela deve respei- mento dos serviços de enquadra-
tar os itinerários técnicos de pro- mento dos produtores, por meio
dução, a restauração da pesquisa duma assistência técnica, permiti-
agrícola no nível do Ministério da rá apoiar a organização de produ-
Agricultura e sobretudo a utiliza- tores em cooperativas e de forne-
ção mais sistemática de sementes cer-lhes competências em marke-
aprimoradas. Neste quadro, a ting e em comercialização da sua
Guiné-Bissau reforçará a sua coo- produção. Desse modo, a comer-
peração com as organizações cialização poderá ser organizada
africanas tais como Africa Rice, sob uma marca central com um
que realiza o projecto de desen- dispositivo de rotulagem de dife-
volvimento do arroz NERICA. Nesta rentes variedades de arroz local. À
base, será implementada uma guisa de exemplo, o arroz de
iniciativa importante de reconsti- mangue é particularmente apre-
tuição do capital semente de ar- ciado nos países ao sul da Guiné-
roz. Será incentivado o desenvol- Bissau e é vendido 30% mais caro
vimento do sector privado na em média do que as outras varie-
agronomia, especialmente em dades. A rotulagem desta varie-
sementes aprimoradas e em fertili- dade associada à: i. identificação
zantes homologados. Neste qua- de marcas de valor, ii. implemen-
dro, o Estado facilitará a importa- tação de mecanismos de cobertu-
ção de sementes aprimoradas ra contratual com os comprado-
provenientes da sub-região e ofe- res, iii. usinagem e condicionamen-
recerá facilidades fiscais e alfan- to adequado de produtos, permiti-
degárias às empresas que tenham rão a estruturação progressiva
investido na agronomia ou na duma verdadeira cadeia de valor
produção de agronomia local. de arroz na Guiné-Bissau.

Um ambiente de negócios propí-


cios e medidas de incentivo permi-
tirão emergir PME-PMI eficientes e
Programa 43b: Promoção aumentar as oportunidades co-
do arroz local e acesso ao merciais, no nível nacional e para
mercado. a exportação.

O Estado também estimulará o


acesso aos mercados abastecen-

145
do-se quando os estoques disponí- segurança alimentar em curso na
veis permitirem, prioritariamente Guiné-Bissau (projectos de canti-
nos mercados locais. À guisa de nas escolares ou de ajuda alimen-
exemplo, 100% dos estoques de tar). Por outro lado, o governo
segurança do Estado serão consti- buscará as suas acções de forta-
tuídos de produções locais de ar- lecimento da produção local de
roz. O Estado também encorajará arroz, acções já comprometidas
seus parceiros ao desenvolvimento com o apoio do BOAD, no âmbito
a abastecer-se localmente de ar- do projecto de promoção da ori-
roz no âmbito dos projectos de zicultura em favor dos jovens.

iii. Outros sectores agrícolas

Diversificar a agricultura além dos ovos para consumo). A Guiné-


sectores básicos que são a casta- Bissau continua muito dependente
nha-de-caju e o arroz representa de importações de carne para
também um objectivo importante satisfazer a demanda doméstica.
da estratégia Guiné-Bissau 2025, Esta, à semelhança doutros países
tanto para a gestão sustentável africanos, conhece um crescimen-
dos solos (diversificação de usos), to forte e regular, proveniente da
o fortalecimento da segurança demografia e da urbanização rá-
alimentar quanto para a política pida. O consumo anual médio de
de empoderamento das popula- produtos animais na Guiné-Bissau
ções mais destituídas, especial- será da ordem de 11,3 kg de car-
mente as mulheres. ne (média subsaariana de 13
kg/ano), 10,8 litros de leite e 13
ovos por habitante. Continua fra-
Programa 44: Criação de co e muito abaixo das preconiza-
ções. Portanto, a Guiné-Bissau dis-
animais.
põe dum importante potencial de
Potenciais de oferta e demanda produção (recursos de pastagens,
elevados, mas produção fraca. terras férteis e água), propício ao
desenvolvimento de sectores de
A criação de animais, deficiente criação de animais competitivos.
pela insuficiência de infra- Hoje a criação de animais repre-
estruturas e pelo roubo de gado, senta cerca de 17% do PIB nacio-
não pode satisfazer a demanda de nal e quase 32% do PIB agrícola,
proteínas animais (carne, leite e com uma valorização da ordem

146
de 194 mil milhões de francos CFA nal de produtos à base de carne.
(recenseamento 2009). A criação A realização da meta necessitará
animal extensiva (bovinos e pe- para os sectores de pastorícia: i.
quenos ruminantes) praticada es- uma política decidida a valorizar o
sencialmente nas regiões de Ga- gado bovino, exploração ade-
bu, Bafatà e Oio, é afectada pela quada de importantes recursos de
insuficiência de gestão de semea- pastagem, especialmente graças
das, de infra-estruturas de abebe- à implementação de planos de
ramento, pela indisponibilidade de gestão, ii. a luta eficaz contra os
pastagens em estação seca e pe- incêndios florestais e a organiza-
lo roubo de gado. Este último fe- ção e protecção dos percursos do
nómeno assume um aspecto en- gado permitem evitar os conflitos
démico e estende-se até a região agricultores/pastores, iii uma co-
de Casamance, Senegal: ele bertura adequada de percursos
constitui um factor importante de pelos pontos de água e estações
insegurança e de conflitos, com a de abeberamento, iv. um dispositi-
possibilidade de afectar o desen- vo de acompanhamento veteriná-
volvimento dos sectores de pasto- rio e de saúde animal (vacinação
rícia. Por outro lado, apesar da do gado, tratamento de doenças
importância do seu gado, a Gui- animais-epizootias, vigilância (rede
né-Bissau não têm recursos forra- de criadores formados na detec-
geiros e terras propícias ao desen- ção de sintomas de doenças, dis-
volvimento de culturas, como mi- positivo de alerta, práticas de qua-
lho ou soja, destinados aos secto- rentena). Para lutar contra o roubo
res de criação animal intensiva de gado, será necessária a utiliza-
(avicultura e especialmente pe- ção de novas tecnologias, espe-
cuária suína). cialmente chips RFID. Esta tecno-
logia oferece garantias quanto à
A meta da Guiné-Bissau é desen- rastreabilidade de produtos de
volver uma oferta de proteínas criação animal e assim abre pers-
animais competitiva e de qualida- pectivas novas para a exporta-
de, graças ao desenvolvimento de ção. Ela pode servir de ponto de
seus sectores pastorais (criação partida para a implementação
de bois, ovelhas e cabras) e a cri- duma base de dados de identifi-
ação de animais intensiva (avicul- cação de bois e ajudar a controlar
tura, criação de suínos e até mes- melhor as crises sanitárias.
mo aquacultura). Para além do
objectivo de auto-suficiência, a Trata-se também de desenvolver
Guiné-Bissau tem os trunfos-chave as infra-estruturas de abate espe-
para tornar-se exportadora regio- cialmente com a construção dum

147
centro moderno de abate em segurança sanitária dos alimentos.
conformidade com as normas de A promoção da produção local
Bissau, dotado dum cercado para deverá acompanhar os dispositi-
o gado, a dispor dum dispositivo vos de protecção apropriados
de controlo veterinário antes da (ex.: taxação das importações de
entrada. O desenvolvimento inten- frango de "gama baixa". O quadro
sivo de sectores de criação de regulamentar assegurará também
animais, especialmente a avicultu- a segurança sanitária a aplicar um
ra e a criação de suínos necessita plano de luta contra as doenças
antecipadamente duma verda- animais (ex.: epizootias). Para além
deira política de desenvolvimento disto, a Guiné-Bissau deverá dotar-
de sectores de cereais e proteagi- se dum dispositivo de vigilância
nosas (milho, soja). Uma solução epidemiológica para acompanhar
que deve ser privilegiada no de- o desenvolvimento de todos os
senvolvimento de sectores de cri- sectores de criação de animais,
ação de animais intensiva será com um papel central de vigilân-
incentivar um operador internaci- cia e prevenção de doenças
onal do sector privado, especiali- transmissíveis. O dispositivo terá um
zado no sector (avícola ou suínos) papel-chave no enquadramento
e controlo da cadeia de valor, a e controlo de sectores locais de
investir na integração de todo o criação de animais e deverá ser
sector. Também seria responsável acompanhado dum laboratório
pela inserção, formação e en- equipado e acreditado, com pes-
quadramento de produtores gui- soal formado e competente. Ele
neenses, bem como a recompra permitirá disponibilizar capacida-
da produção com os preços ne- des de análises e de caracteriza-
gociados. Ele desenvolverá outra ção de doenças animais, dum
infra-estrutura apropriada ao sec- acesso a informações e conselho
tor (explorações agrícolas, centro sobre as medidas de profila-
de encubação, abate em con- xia/prevenção de doenças e du-
formidade com as normas...). ma fonte de fornecimento de va-
cinas aos criadores.
A Guiné-Bissau aplicará os regu-
lamentos regionais e internacio- Para além da gestão de percursos,
nais em matéria de criação de o desenvolvimento da criação de
animais e segurança alimentar. As animais passará por uma série de
Autoridades garantirão a aplica- infra-estruturas-chave. Será neces-
ção adequada do dispositivo sário desenvolver prioritariamente
normativo que rege os sectores de infra-estruturas de abeberamento
criação de animais, bem como a (ligadas às de fontes de água pe-

148
renes) o que permitirá que o gado madores, formadores e enqua-
tenha acesso à água saudável. As dradores, o Centro acolherá um
regiões de Gabu, Bafatá e Oio, conselho de apoio à inserção nos
principais zonas de criação de sectores. O Centro será um pólo
animais, deverão ser privilegiadas de preparação e de facilitação
no investimento em infra-estruturas de inserção nos sectores de cria-
de abeberamento no tocante à ção de animais. Ele acompanhará
importância do gado nestas regi- os promotores do projecto após o
ões e às dificuldades de abebe- estudo de seus projectos até a
ramento na estação seca. Trata-se realização e o acompanhamento
também de atribuir a estas regiões dos projectos, a passar por elabo-
um dispositivo de assessoria e ração de plano de negócios e
acompanhamento veterinário, captação de financiamentos.
inspirado nos modelos de exercício
destas funções pelo sector privado
(cf. Senegal). Programa 45: Horticultura.
No tocante ao nível actual de ma- O desenvolvimento da horticultura
turidade dos sectores de criação será encorajado pela assistência à
de animais, as necessidades de produção e à comercialização de
formação e fortalecimento de ca- produtos hortícolas. Isso permitirá
pacidades dizem respeito ao en- garantir a diversificação da agri-
cultura para além do caju ou fora
quadramento, à assessoria e às
do caju, promover os grupos de
capacidades técnicas dos acto- mulheres, principais participantes
res. O dispositivo abrangerá a for- da horticultura, e promover a di-
mação, o acompanhamento e versidade alimentar. Os dois pro-
seguimento dos promotores de jectos-chave serão a gestão de
projectos nos diferentes sectores 500 ha de perímetros hortícolas e o
apoio à protecção de frutas e le-
de criação de animais, especial-
gumes contra os insectos. A políti-
mente os sectores intensivos. Tam-
ca de encorajamento da horticul-
bém abordará as necessidades de tura será facilitada pelo arranque
formação de recursos humanos de plantações de caju e participa-
destinados ao enquadramento e rá da preservação da biodiversi-
gestão de sectores. Para enfrentar dade. As acções de fortalecimen-
as várias necessidades, será ne- to das capacidades visarão as
cooperativas de mulheres que se-
cessário criar um Centro Nacional
rão as parcerias privilegiadas, es-
dedicado à formação profissional pecialmente para as compras de
em criação de animais. Além da cantinas escolares.
formação de produtores, transfor-

149
c. Desenvolver um sector de pesca sustentável e de forte
valor agregado

Um ecossistema rico e sob-explorado.

A Guiné-Bissau é dotada dum com pirogas motorizadas o que


ecossistema aquático rico, pouco significa que os pescadores dos
explorado e pouco aproveitado países vizinhos são capazes de
pelo país, com uma exploração explorar recursos pelágicos e de-
ilegal dos recursos. A enorme pla- mersais num grande raio de ac-
taforma continental (45 000 km²) e ção em zona marítima. De fraca
a Zona Económica Exclusiva capacidade, ela é destinada para
(105 000 km²) constituem um am- consumo próprio e abastecimento
biente rico em recursos haliêuticos, de peixes frescos de mercados
relativamente preservado, com locais próximos, ii. o sector industri-
um importante potencial de explo- al utiliza arrastões congeladores e
ração de 250.00 a 600.000 tonela- navios-fábrica. Actualmente este
das ao ano (de acordo com os sector industrial está fora do con-
modos de avaliação). Os vários trolo das autoridades guineenses.
estuários e ilhas, o mangue abun- As suas capturas não desembar-
dante (3.400 km², quase 10% do cam na Guiné-Bissau: elas são tra-
território nacional) e uma rica pro- tadas e congeladas a bordo e
dutividade marítima nascida da enviadas directamente nos países
confluência da subida das águas de origem dos navios ou para os
frias e quentes (afloramento) ao grandes mercados internacionais
longo da costa favorecem uma de produtos haliêuticos (ex. Las
importante produtividade e diver- Palmas). A ausência de dispositivo
sidade de recursos (mais de 700 de controlo do território marítimo
espécies haliêuticas, na maioria da Guiné-Bissau resulta num terre-
demersais e pelágicas). No entan- no favorável a esta pesca ilícita
to, esses recursos não beneficiam não declarada e não regulamen-
a Guiné-Bissau: as capturas oficiais tada (INN), cujo peso está avalia-
representam menos de 30% do do em cerca de 40.00 toneladas,
potencial explorável com base no ou seja, um terço das capturas
rendimento máximo sustentável. oficiais.
Há dois sectores de pesca maríti-
ma: i. o sector de pesca artesanal

150
Por outro lado, a Guiné-Bissau dis- mados, o que representa a fonte
põe de grandes trunfos para o de- de proteínas animais mais acessí-
senvolvimento da aquacultura. vel, experimentam uma demanda
Seus ecossistemas incluem dois muito forte nos países da África
grandes rios transfronteiriços (o rio Ocidental e Central. A figura 17,
Geba após Senegal e o rio Co- qui ilustra o nível de desenvolvi-
rubal após a Guiné-Conakry), vá- mento actual do conjunto de pes-
rios rios nacionais (Cacheu, Man- ca na Guiné-Bissau, mostra que o
soa, Cumbijã), vários cursos de país não beneficia mais desse vas-
água (Rio Grande de Buba e Ca- to potencial. Os "têtes de grappe"
cine, etc.), planos de águas doces que realizam actividades mais ge-
ou salobras, uma forte interpene- radoras de valor limitam-se à pes-
tração da terra e do mar e 3 400 ca artesanal. A grande actividade
km² de mangue. Este território de económica que deveria ser impul-
biodiversidade tão rica é propício sionada pelo desembarque da
a uma série de produção de es- pesca industrial, a transformação
pécies haliêuticas de grande valor nas fábricas locais dos produtos da
(peixes e crustáceos). pesca e a valorização de sub-
produtos (produção de farina de
Apesar do seu potencial, o conjun- pesca) é hoje quase inexistente. As
to da pesca da Guiné-Bissau pa- "actividades de sustento", que sig-
rece ser muito embrionário. O po- nificam apoio essencial à competi-
tencial do sector de Pesca e tividade de "têtes de grappe" são
aquacultura da Guiné-Bissau pa- muito pouco desenvolvidas. Ocor-
rece considerável: a demanda re o mesmo na infra-estrutura eco-
mundial de produtos haliêuticos nómica básica: áreas estabeleci-
está em crescimento sustentado das de desembarque e transfor-
(+2,5% ao ano em média entre mação artesanal e industrial, dis-
2007 e 2012); a sobrepesca no ní- positivos de protecção e de con-
vel mundial causou o desapare- trolo de recursos, cadeia de quali-
cimento dos recursos haliêuticos, dade, dispositivos de formação,
compensada pelo desenvolvimen- existência e capacidades de or-
to da aquacultura; no plano regi- ganizações profissionais, ecossis-
onal, os pequenos pelágicos fres- tema de serviços diversos
cos e os produtos salgados e fu-

151
Figura 18: Grupo de pesca actual da Guiné-Bissau

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

A meta da Guiné-Bissau é tornar a rectos). Para alcançar esta meta,


pesca um motor de crescimento, será implementado um plano de
criadora de valor agregado local Pesca e Aquacultura global, por
e de empregos e inscrever-se no meio de quatro (4) programas: i.
processo de gestão sustentável. O uma governação que garanta a
objectivo até 2025 é não apenas regulação e o controlo pelo Esta-
dobrar a produção (250.000 tone- do, ii. o desenvolvimento da pes-
ladas de capturas), mas também quisa e da certificação de quali-
implementar as condições para dade iii. o desenvolvimento da
que uma grande parte desta pro- pesca artesanal e iv. o desenvol-
dução seja desembarcada e valo- vimento da aquacultura.
rizada no local. Assim o factura-
mento da pesca será multiplicado
por três (300 mil milhões em 2025) e
vários empregos por cinco Programa 46: Governação
(100.000 empregos directos e indi- da pesca e da aquacultura

152
A Guiné-Bissau vai implementar oferecem as tecnologias de infor-
uma governação que garanta a mação e da comunicação. Este
regulação e o controlo pelo Esta- fortalecimento da governação e
do de seus recursos haliêuticos e do controlo pelo Estado guineense
aquícolas. Esta política inscreve-se do sector da pesca será gerido
no quadro global da lei sobre o em perfeito complementaridade e
desenvolvimento sustentável. Esta coerência com as iniciativas regi-
será dividida no quadro normativo onais do sector, como o Projecto
da pesca e da aquacultura Trata- regional de pesca na África Oci-
se de definir as regras de certas dental (PRAO), financiado pelo
iniciativas, mas também da explo- Banco Mundial e implementado
ração sustentável de recursos e pelo Comité Sub-Regional da Pes-
garantir a sua aplicação, por meio ca (CSRP) na Guiné-Bissau
duma administração que garanta
plenamente as suas missões de
conhecimento, de controlo e de Programa 47: Pesquisa e
regulamentação. O Estado defini- Certificação
rá e observará as cotas anuais de
pesca, por uma concessão rigoro- A boa governação deve apoiar
sa de licenças de pesca e um uma pesquisa dinâmica e um co-
acompanhamento rígido dos re- nhecimento de recursos haliêuti-
cursos e das quantidades pesca- cos. A gestão sustentável de recur-
das. Neste quadro, a supervisão sos requer um conhecimento apro-
do território marítimo da Guiné- fundado dos recursos haliêuticos,
Bissau será fortemente fortalecido de sua biologia, das zonas, condi-
a usar meios logísticos e humanos ções de reprodução (territórios de
aumentados para os controlos no ponte, desova) e sua distribuição
mar e ao longo da costa do FIS- no território marítimo. Isto permite
CAP e a implementação dum sis- determinar os territórios abertos à
tema de supervisão de navios por pesca, as durações de acesso ao
satélites (VMS). Por outro lado, as recurso e os níveis de exploração
sanções contra os pescadores sem de diferentes pescarias (cotas de
licenças serão rigorosamente apli- exploração anuais) permitem ga-
cadas, de modo a lutar contra a rantir a renovação dos recursos.
pirataria e as fraudes nas capturas. Neste quadro, as capacidades do
Ademais, os meios de colecta de CIPA serão reforçadas para permi-
dados estatísticos de pescarias tir cumprir plenamente suas mis-
serão reorganizados e reforçados sões. Desta forma, o conhecimen-
por meio das possibilidades que to do recurso será promovido por

153
meio de: i. campanhas de avalia- de qualidade constitui cada vez
ção marítima e áreas de stocks, ii. mais uma exigência para a expor-
campanhas de pescas experimen- tação de produtos da pesca, a fim
tais de pequenos pelágicos e es- de tranquilizar os clientes sobre a
tudos de ecossistemas aquáticos, procedência e a qualidade dos
iii. implementação dum sistema alimentos. Uma política de certifi-
electrónico de de declaração de cação de qualidade será imple-
capturas para a integralidade de mentada em todo o sector. Neste
agentes e de controlos embarca- quadro, o laboratório de análises
dos. Neste quadro, a implementa- microbiológicas e químicas de Alto
ção dum sistema de acompa- Bandim, será adaptado às normas
nhamento de barcos de pesca internacionais e acreditado.
(baliza Argos), eventualmente a
negociar e a financiar no quadro O nível especialmente fraco e a
de acordos de pesca, constitui ausência duma infra-estrutura
uma prioridade. Todas essas ações económica de base adequada e
permitirão construir uma base de adaptada às normas não permi-
conhecimento viável e determinar tem desembarcar uma parte da
a periodicidade de capturas e de pesca de arrasto no território gui-
"repositórios biológicos", a acom- neense a permitir o surgimento de
panhar a biologia das espécies, os sectores de transforma local e a
níveis do esforço de pesca por exportação para os mercados re-
espécie e os tipos de pesca nas gionais e mundiais.
águas guineenses. O conhecimen-
to do recurso também está essen-
cialmente no quadro da negocia-
ção de acordos de pesca, não
Programa 48: Desenvolvi-
somente para a determinação de mento da pesca artesanal
rendimentos pagos a título de con-
trapartidas ao acesso e ao recurso O desenvolvimento da pesca arte-
(renda haliêutica), mas também sanal será uma prioridade para a
para determinar o tamanho dos segurança alimentar, o emprego e
armamentos a serem autorizados, a criação de valor agregado do-
as quantidades a cobrar e os méstico. A pesca artesanal é hoje
guindastes de pesca autorizados. caracterizada por uma grande
dispersão de pontos de desem-
Uma política de certificação de barque (um total de quase 200
qualidade será igualmente imple- sítios), com muito pouca ou ne-
mentada para responder às exi- nhuma infra-estrutura de desem-
gências do sector. A certificação barque Inicialmente, serão instala-

154
dos cinco pólos de desembarque corajados. Dessa forma, o desen-
para a pesca artesanal em Bissau, volvimento da aquacultura será
Cacheu, Bolama Buba, Catio e no promovido por meio de: i. identifi-
extremo sul do país, em Campea- cação das zonas aquícolas mais
ne. Estas zonas de desembarque favoráveis ii. a criação dum Centro
serão equipadas de infra-estruturas de formação profissional e técni-
de desembarque, de conserva- cas de aquacultura (piscicultura,
ção (câmaras frias, congelamen- "camaroneira", ostreicultura) que,
to) e de plataformas de transfor- além das actividades de pesquisa
mação (salga, secagem, fuma- em colaboração com os parceiros
gem, condicionamento), adapta- internacionais, certificará as for-
das às normas de salubridade com mações e o enquadramento co-
uma licença sanitária. Também mo incubadora de produtores
será desenvolvido um dispositivo aquícolas e iii. a implementação
de distribuição para os produtos dum Projecto de apoio ao desen-
frescos (veículos refrigerados). Para volvimento da aquacultura no
além disto, a usina Afripêche de qual os componentes principais
Bissau será reabilitada e equipada serão a gestão de espaços espe-
de meios de conservação (conge- cializados (explorações piscícolas),
lamento, refrigeração, transforma- a implementação de infra-
ção). Com o tempo, o pólo de estruturas de produção adequa-
desembarque de Bissau poderá das, a gestão de bacias de cria-
ser inserido numa zona económica ções parentais, uma incubadora
especial, com uma infra-estrutura para a produção de alevinos. Ha-
padrão a permitir desembarcar verá também uma unidade bem
uma parte da pesca de arrasto no equipada para a formulação e a
território guineense e desenvolver produção de alimentos aquícolas,
a transformação local e a expor- a permitir o abastecimento de cri-
tação para os mercados regionais ações aquícolas individuais, asse-
e mundiais. gurando-lhes o acompanhamento
das explorações e um enquadra-
mento para o respeito das boas
Programa 49: Desenvolvi- práticas, das regras de profilaxia e
mento da aquacultura das regras de gestão a garantir a
rentabilidade das explorações.
Os investimentos privados na
aquacultura serão fortemente en-

155
d. Fazer de Bijagós, e com o tempo da Guiné-Bissau, um
destino de ecoturismo de primeira classe

O turismo é uma das principais indústrias do mundo.

Nos últimos sessenta anos, o turis- pregou cerca de 260 milhões de


mo teve uma fase de expansão e pessoas. O turismo também é um
de diversificação contínua para dos sectores económicos mais di-
tornar-se um dos sectores econó- nâmicos com um crescimento
micos mais importantes do mundo. médio de 3% ao ano. O número
Em 2013 o turismo contribuiu com de chegadas de turistas internaci-
9% da riqueza criada no mundo, onais registou um aumento contí-
segundo o Conselho Mundial de nuo, que atingiu 1.035 mil milhões
Viagens e Turismo (WTTC), repre- em 2013. Esta progressão estende-
sentou 6% do total das exporta- se às economias emergentes que
ções mundiais, ou seja, a quarta receberão mais da metade das
categoria de exportação com chegadas de turistas internacio-
1.400 mil milhões de euros e em- nais em 2030.

156
Figura 19: Evolução da distribuição de turistas internacionais por região entre 1990
e 2012.

Fonte: Organização Mundial do Turismo – 2013

O turismo é pouco desenvolvido em Guiné-Bissau apesar


do seu potencial excepcional.

A Guiné-Bissau dispõe duma natu- ques naturais no continente, sítios


reza e duma biodiversidade ex- extremamente favoráveis para o
cepcionais e preservadas. Ela desenvolvimento do ecoturismo,
abriga a segunda zona de man- do turismo balneário, da pesca
gues da África Ocidental, bem desportiva ou do turismo cultural.
como a segunda zona mais impor- Portanto, vários factores prejudici-
tante para a preservação de pás- ais impedem o desenvolvimento
saros. Ela é rica em paisagens flo- do turismo em Guiné-Bissau. O des-
restais e de savanas e de fortes tino Guiné-Bissau é praticamente
identidades étnicas e culturais on- inexistente para os grandes países
de coabitam. 13% (26% a termo) emissores de turistas. O número de
do seu território são (serão) de chegadas turísticas estimado, que
áreas protegidas, que abrigam, não representam mais de 0,4% das
quer se trate do arquipélago de chegadas da zona UEMOA, é mui-
Bolama-Bijagós ou de vários par- to baixo comparado a de outros

157
países insulares. Este fraco desen- caracteriza-se também pelas fra-
volvimento do turismo deve-se a cas infra-estruturas de hospitalida-
várias insuficiências. Primeiramen- de e transporte, por uma ausência
te, a imagem negativa do destino de promoção e por um défice
e o sentimento de insegurança crónico de infra-estruturas básicas
representam dois factores prejudi- (especialmente electricidade) que
ciais importantes no nível dos mer- tornam o destino dispendioso.
cados emissores. A Guiné-Bissau
Figura 20: Chegadas turísticas (em milhares) Figura 21: Principais países emissores
e peso do turismo na economia de turistas com destino à
de países insulares. Guiné-Bissau em 2008

Fonte: Governo Guiné-Bissau e Analyses Perfor- Fonte: Governo Guiné-Bissau e Analyses


mances Group (Grupo de Análises de Desem- Performances Group (Grupo de Análises
penho) de Desempenho)

158
Figura 22: Principais elementos de implementação duma oferta turística

Prérequis
1 du tourisme
2 Composantes de l'offre

Politique & cadre Aménagement des Hébergement et


réglementaire sites restauration
Image
Zones touristiques
Règlementation dans les Parcs
Nationaux Services
Offre culturelle et
Politiques sectorielles d'accueil &
animation
et cadre Circuits dans les aires formation
Sécurité institutionnel du protégées
tourisme

Services
Promotion et incitations Zones touristiques hors
logistiques
à l'investissement parcs ou aires
protégées

Infrastructures
Eau et Télécoms / Services
3 économique de Electricité
assainissement
Santé
Internet financiers
base

Faiblement Moyennement
Développé
développé développé

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

O Arquipélago de Bijagós aparece em contrapartida como


um destino muito atraente.

A imagem internacional de santuário da biodiversidade a qual beneficia o


arquipélago constitui um importante trunfo que favoreceu o desenvolvimen-
to duma oferta turística. O arquipélago de Bolama-Bijagós é o berço duma
fauna haliêutica abundante e diversa. Essas ilhas são reconhecidas pela
UNESCO MAB (Homem & Biosfera) e várias dessas ilhas (e sítios terrestres) são
classificadas como RAMSAR (zonas húmidas de importância internacional).
Esta rica biodiversidade permite à Bijagós posicionar-se entre os grandes
destinos de turismo sustentável, de balneário-natureza ou de pesca desporti-
va. Este último segmento (a pesca desportiva) constitui um nicho bastante
lucrativo do turismo mundial, e contribui muito fortemente com a economia
dum país como a Costa Rica, reconhecido como o principal destino da
pesca desportiva no mundo (caixa 4). A Guiné-Bissau, com um potencial
natural considerado superior ao da Costa Rica, também pode reivindicar
um posicionamento de classe mundial neste segmento.

159
Caixa 4: A pesca desportiva constitui um nicho muito lucrativo: exemplo da
Costa-Rica.

Primeiro destino mundial de pesca desportiva, a Costa Rica atrai mais de 283.000
visitantes anualmente graças à pesca desportiva. Com 135 milhões de dólares ge-
rados por ano, a pesca desportiva representa um sector mais lucrativo para o país
do que a pesca comercial.

160
Apostando neste potencial, alguns em torno da actividade de pesca
actores privados dinâmicos investi- desportiva. Hoje em Bijagós con-
ram nas instalações de hospeda- tamos com uma dezena de hotéis
gem em Bijagós, essencialmente e 107 quartos (tabela 2).

Tabela 2: Capacidades de hospedagem actuais em Guiné-Bissau

Nome do hotel Localização N° de quartos

Lodge Les Dauphins Bubaque 10.

Kasa Africana Bubaque 4.

Hotel Calypso Bubaque 10.

Casa Dora Bubaque 16.

Ponta Anchaca Resort Rubane 28.

Chez Bob Fishing Club Rubane 14.

Parque Nacional Oran-


Orango Parque Hotel 7.
go

Chez Claude João Vieira 5.

Acunda Fishing Camp Ancorai 6.

Mille Vagues Fishing Queré 7.


Fonte: Governo Guiné-Bissau e Analyses Performances Group (Grupo de Análises de
Desempenho)

Uma estratégia em duas fases: as ilhas Bijagós até 2020 e


o desenvolvimento no nível nacional após 2020.

A ambição da Guiné-Bissau, com e 250 estabelecimentos de hospe-


relação ao seu potencial, é a de dagem a criar 20.000 empregos.
se tornar um destino para ecotu- Para isso, serão necessários 50 mil
rismo mundialmente reconhecido milhões de francos CFA em inves-
e de acolher 300.000 turistas até timentos até 2020 e 190 milhões
2025. Em 2025 o destino Guiné- até 2025, ou seja, quase 40% do
Bissau terá um sector hoteleiro di- volume de investimentos directos
nâmico com mais de 6.000 quartos estrangeiros do ano 2012.

161
Figura 23: Objectivos globais previstos para 2025

Objectifs de fréquentation, investissements et Estimation des recettes touristiques potentielles au


emplois plan national (en Mds FCFA)

2014 (est) 2020 2025


205
Nombre de touristes < 30 000 55 000 300 000
Pêche
50
sportive

Chambres nd 1 300 6 400


X 80

Hôtels (equivalent
nd 67 250
15 bungalows)

Hôtellerie
Investissements (en
na 50 190 50 130 et séjour
milliards de FCFA)
13
X 10
Emplois directs et
~2 500 5 000 21 000
indirects
40
~5
Capacités aériennes
requises (en n° de ~600 1 300 5 800
sièges) 2014 (estimé) 2020 2025

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

No entanto, para realizar essa am- vel e à pesca desportiva de pri-


bição serão necessários esforços meira classe; 2. em seguida, capi-
contínuos e supõe a mobilização talizar essa primeira experiência e
de meios importantes durante vá- os seus primeiros resultados para
rios anos. Isso é especialmente desenvolver o turismo em escala
verdade para um país onde todas nacional. A imagem positiva de
as bases para um turismo competi- Bijagós e as competências desen-
tivo precisam ser construídas e que volvidas durante a primeira fase
também é prejudicado por um contribuirão especialmente para o
défice de imagem e de seguran- sucesso da segunda fase. Desta
ça. Por conseguinte, será imple- forma, o arquipélago de Bolama-
mentada uma estratégia em duas Bijagós receberá 25.000 dos 55.000
fases: 1. primeiro, focalizar-se nas turistas esperados em 2020. Para
Ilhas Bijagós e as tornar a partir de chegar lá, serão implementados
2020 um pólo turístico importante, três programas no período 2015-
dedicado ao ecoturismo sustentá- 2020: (1) o lançamento dum pro-

162
grama global e ambicioso de de- (ZTS) permitirá implementar um
senvolvimento do turismo nas ilhas ambiente de negócios específico
Bijagós, (2) o fortalecimento insti- e atraente, e de reunir, sob a for-
tucional do sector do turismo gui- ma dum Centro de formalidade, o
neense, (3) a gestão de sítios turís- conjunto de administrações ne-
ticos no continente. cessárias ao desenvolvimento do
turismo (criação de empresa,
emissão de licenças e autoriza-
ções, validação de estudos de
Programa 50a: Programa impacto ambiental e social, etc.).
integrado Turismo Bijagós. Uma autoridade administrativa
será criada para dirigir a Zona.
O Programa integrado Turismo Bi-
jagós permitirá um desenvolvi- Para além disto, o arquipélago
mento acelerado e sustentável do será objecto dum programa inte-
turismo no arquipélago. A gestão grado de desenvolvimento das
sustentável dos ecossistemas do suas infra-estruturas, programa de
arquipélago, em particular as suas urgência que lhe deverá permitir
áreas protegidas – garantia princi- até 2017 oferecer aos investidores
pal duma oferta ecoturística ex- hoteleiros e aos turistas os serviços
cepcional e de categoria interna- de saúde, segurança, transporte,
cional – será prioridade absoluta, energia e telecomunicações de
sob a responsabilidade do IBAP e que necessitarem. Neste âmbito, o
da Fundação BioGuiné. Assim, um aeroporto de Bubaque será mo-
número preciso (25.000 turistas em dernizado e adaptado às normas
2020 e 40.000 em 2025) minimizará e poderá receber directamente
a pressão sobre os ecossistemas voos regionais com voos regulares
terrestres e marinhos e favorecerá de Bissau, Praia, Dakar, Cap-
a manutenção dum posiciona- Skirring e Banjul, que facilitarão o
mento de primeira classe. Para acesso ao sítio para a clientela
fortalecer a sua visibilidade inter- internacional. Para além disto, será
nacional e o desenvolver a sua desenvolvido um transporte intra e
oferta, o Arquipélago Bolama- inter-ilhas desenvolvido em parce-
Bijagós será colocado na Zona ria com os sítios hoteleiros. O aces-
Turística Especial, a dispor duma so a uma oferta de electricidade
administração delegada dedica- de qualidade necessitará de inves-
da à sua gestão, aumento do seu timentos específicos com a im-
valor turístico e promoção. Este plementação de sistemas híbridos
estatuto da Zona Turística Especial descentralizados em cada ilha.
Estes sistemas podem combinar

163
instalações individuais privadas e ma redinamização económica
públicas (grupos electrógenos) e (turismo, pesca artesanal, caju) e
sistema solares, eólicos ou térmicos duma verdadeira renovação ur-
à base de biomassa-energia. Estes bana, arquitectónico e cultural.
sistemas também podem ser utili-
zados para apoiar o desenvolvi- Assim, as ilhas Bolama-Bijagós se-
mento das infra-estruturas de tele- rão dotadas de aproximadamente
comunicações. O acesso aos ser- cinquenta sítios hoteleiros em 2020
viços de saúde será igualmente e 75 em 2025. Para preservar os
reforçado. Serão implementadas ecossistemas e o excelente posici-
plataformas médicas de qualida- onamento, o principal objectivo
de, a permitir assumir os cuidados será os estabelecimentos peque-
de emergência. Um centro de nos, com no máximo 15 bangalôs
formação profissional no ramo do por sítio e em algumas ilhas pe-
turismo a ser aí criado permitirá quenas um bangalô único e a
proporcionar mão-de-obra qualifi- oferta excepcional duma ilha pri-
cada aos hotéis, restaurantes e vativa. Outros sítios na parte conti-
outros serviços turísticos a serem nental atenderão à clientela de
instalados nas Ilhas Bijagós. Este categoria média, um sítio como
centro possibilitará igualmente a Varela foi mais bem adaptado
inserção profissional das popula- para receber uma cadeia hotelei-
ções locais no sector. Ademais, ra do tipo “Club Med”. No total, o
Bolama, antiga capital da Guiné turismo em Bijagós representará 70
Portuguesa e candidata à inscri- mil milhões de francos CFA de
ção no Património da Humanida- rendimentos em 2025 e criará
de da UNESCO, será objecto du- 5.000 empregos na região.

164
Figura 24: Bijagós; objectivos previstos para 2025

Objectifs à réaliser dans les Bijagos Estimation des recettes touristiques potentielles
dans les Bijagos (en Mds FCFA)

2014 (est) 2020 2025


70
Nombre de touristes 1000 25 000 40 000
Pêche
20 sportive
Chambres 99 686 1 096 X 20

Hôtels (equivalent 40
10 46 73
15 bungalows)
10
Investissements (en Hôtellerie
nd 35 55 X 11 et séjour
milliards de FCFA) 50

Emplois directs et 30
400 3 083 4 932
indirects

Capacités aériennes ~3,5


requises (en n° de Nd 500 800
sièges) 2014 (estimé) 2020 2025

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

Programa 50b: Reformas e ções fiscais previstas para impulsi-


onar o desenvolvimento do sector
fortalecimento institucional
(nova Zona Turística Especial), as-
do sector turístico sim como as exigências de desen-
volvimento sustentável a serem
Construir as bases necessárias ao
respeitadas. Estas reformas neces-
desenvolvimento do turismo impli-
sitarão elaborar ou actualizar os
ca no fortalecimento do quadro
textos e normas específicos do
jurídico, normativo e institucional
sector, que abrangerão especial-
do sector. Segundo o plano de
mente a classificação hoteleira e
reformas, o código do turismo será
os textos regulamentares vincula-
revisado e actualizado para ter
dos às actividades de transporte
em conta as novas orientações de
turístico, de restauração ou de
desenvolvimento do sector defini-
comercialização de produtos de
das na estrutura do Plano Sectorial
carácter turístico (souvenirs).
Turismo. O código integrará espe-
cialmente o conjunto de instala-

165
O fortalecimento institucional per- terceiro elemento deste programa
mitirá implementar os componen- visa a formar recursos humanos
tes duma gestão eficaz do destino qualificados para possibilitar um
Guiné-Bissau, especialmente: i. a desenvolvimento do turismo em
organização e a governação do escala nacional. Dessa forma, em
sector, ii. o marketing e a promo- parceria com o sector privado,
ção do destino, iii. os recursos hu- serão criados dois outros centros
manos e a formação profissional. de formação profissional em turis-
O elemento organizacional e a mo e hotelaria (em Bissau e Vare-
governação implicam um fortale- la). Estes centros receberão
cimento de capacidades de pla- aprendizes vindos de todo o país.
neamento e controlo do sector,
especialmente do ministério en-
carregado do turismo, bem como
um diálogo com os actores priva- Programa 51: Gestão de sí-
dos do sector. A melhoria da go- tios turísticos no continen-
vernação traduzir-se-á também te
pela aplicação de textos regula-
mentares e na melhoria do acom- O desenvolvimento do turismo em
panhamento estatístico do turismo Guiné-Bissau exige a implementa-
Marketing e promoção estrutura- ção turística de parques naturais e
dos serão implementados, centra- diversos sítios turísticos. A gestão
dos numa primeira fase na marca sustentável dos sítios turísticos na
"Bijagós" e apoiados pela adminis- parte continental permitirá a vinda
tração delegada da Zona Turística de 300.000 turistas para Guiné-
Especial de Bijagós. A administra- Bissau prevista para 2025. Os estu-
ção delegada será criada de dos serão realizados para identifi-
acordo com um modelo de par- car os sítios mais adaptados ao
ceria público-privada. Entre os ac- desenvolvimento turístico, a levar
tores privados serão seleccionados em conta as lições do esquema
especialistas em ecoturismo para director de gestão do território.
acompanhar a sua criação e a Hoje os sítios como Varela ou o
sua gestão e promover Bijagós nos Parque Nacional de Cantanhez ou
mercados internacionais. A expe- o de Pecixe parecem elegíveis
riência adquirida neste âmbito neste âmbito, dada a sua proximi-
permitirá articular as melhores mo- dade com os sítios turísticos Club
dalidades de promoção do turis- Med em Casamance, Senegal, ou
mo na segunda fase de implemen- das suas potencialidades naturais
tação do plano estratégico. O adequadas para uma oferta de

166
actividades turísticas diversas. Os infra-estruturas económicas de
estudos permitirão precisar os pro- base), que serão integrados ao
jectos de infra-estruturas associa- plano nacional de infra-estruturas
das a estes sítios (rotas de acesso, da Guiné-Bissau.

e. Valorizar o seu potencial de mineração dentro das rígi-


das normas ambientais.

Um capital de mineração importante mas subvalorizado.

A Guiné-Bissau dispõe de três re- mundo. Uma valorização respon-


cursos de mineração importantes sável dos recursos de mineração
que continuam subvalorizados: 110 da Guiné-Bissau deveria ter um
Mt de bauxita em Boe, 90 Mt de impacto importante sobre o de-
fosfatos em Farim com 40 anos de senvolvimento económico e social
reservas estimadas e 1 Mt de areia do país. De facto, segundo uma
pesada. Estes minerais conhecem estimativa do Banco Mundial, a
as fortes demandas mundiais. A extracção de bauxita e de fosfa-
produção de bauxita, principal tos permitiria nos melhores cená-
fonte de alumínio (utilizado na ae- rios aumentos de 26% do PIB, de
ronáutica, construção, automoti- 121% de rendimentos fiscais e 102%
vo) do mundo, aumenta em mé- de rendimentos de exportação.
dia 4% ao ano desde 2001 e foram
estimadas para 2013 259.000 tone- O lançamento de actividades de
ladas. A produção de fosfatos é extracção mineira em grade esca-
mantida pelo consumo mundial la supõe várias condições e o
de fertilizantes e cresce em média controlo de riscos ambientais. No
2% ao ano. nível institucional, o código de mi-
nas, em prol da competitividade,
Actualmente, nenhuma mina im- prevê uma exoneração de impos-
portante está a ser explorada em tos em três anos para os investido-
Guiné-Bissau, ao contrário de Se- res, o que resulta num impacto
negal com minas de fosfatos ou a directo atrasado na economia.
Guinée Conakry, uma das princi- Além disso, o código não leva em
pais produtoras de bauxita do conta os impactos sociais, eco-

167
nómicos e ambientais da explora- ambientais, de garantir a viabili-
ção desses recursos. Para transpor- dade ambiental de todo o projec-
tar a bauxita de Boe até o porto to de mineração e de assegurar
de Buba, a ferrovia deveria passar de que as repercussões económi-
pelo parque natural de Dulombi- cas sejam reinvestidas no desen-
Boe com um impacto sobre o ca- volvimento económico e humano
pital natural único de território. Tra- do país, em particular das popula-
ta-se, portanto, de valorizar ple- ções vizinhas dos projectos de mi-
namente o potencial da minera- neração.
ção dentro das rígidas normas

Figura 25: Principais sítios de mineração identificados na Guiné-Bissau neste está-


gio

Fonte: Analyses Performances Group (Grupo de Análises de Desempenho)

168
No período 2015-2020, a Guiné- nar melhor a utilização dos recur-
Bissau deseja abrir caminho para sos. No nível normativo, a Guiné-
uma exploração mineira mais ren- Bissau dispõe, com o código de
tável e de mais impacto na eco- mineração de 2010, dum quadro
nomia global do país, especial- jurídico favorável aos investidores.
mente em 2020 uma mina de fos- No entanto, um grupo de trabalho
fato em exploração e prevista pa- nas indústrias petrolíferas e extrac-
ra 2025 a criação de 10.000 em- tivas procurará assegurar que se-
pregos no sector. Prevêem-se três jam levadas mais em conta as limi-
programas neste quadro: i. a im- tações de controlo dos impactos
plementação dum quadro institu- ambientais, a gestão sustentável
cional favorável ao desenvolvi- de recursos e a preservação da
mento do sector ii. o desenvolvi- biodiversidade. Para além disto, os
mento de actividades de minera- compromissos sociais dos promoto-
ção artesanais e de materiais de res da mineração deverão ser for-
construção e iii. a promoção de talecidos para assegurar um me-
grandes minas. lhor equilíbrio na distribuição das
receitas da mineração, uma parti-
cipação das comunidades locais
Programa 52a: Reformas e nas actividades económicas resul-
fortalecimento institucional tantes e uma maior estabilidade
social, garantia duma exploração
do sector de mineração.
sustentável. Por outro lado, no nível
Uma boa valorização do potencial institucional, a Guiné-Bissau com-
mineiro supõe em primeiro lugar pletará o seu processo de adesão
um melhor conhecimento das re- à Iniciativa para a Transparência
servas e o fortalecimento do qua- das Indústrias Extractivas (ITIE).
dro institucional e jurídico. Neste
âmbito, serão realizados um inven-
tário de mineração e uma carto-
Programa 52b: Promoção
grafia geológica da Guiné-Bissau, de actividades mineiras ar-
que se apoiará nas tecnologias tesanais e materiais de
aeromagnéticas. Por outro lado, a
construção
elaboração dum cadastro de mi-
neração permitirá dispor dum in- A Guiné-Bissau necessitará de ma-
ventário detalhado das superfícies teriais de construção básicos para
afectadas em actividades de mi- a realização de grandes obras e a
neração, de assegurar os investi- satisfação das necessidades de
dores e para o Estado supervisio- urbanização (infra-estruturas, mo-

169
radias, etc.). Para isso, o Estado será possível uma vez fortalecidas
prevê acompanhar a estruturação as capacidades da Guiné-Bissau
do sector da construção, favore- em matéria de preparação, de
cer a disponibilização no mercado negociação e implementação de
de materiais locais de qualidade a contratos de concessão. Para a
custos competitivos e estimular o exploração efectiva dos recursos,
empresariado local. Trata-se, neste o desenvolvimento de minas de
quadro, de assegurar o acesso de fosfatos em Farim, menos restritivos
produtores locais aos recursos de em termos de infra-estrutura e de
pedreiras e de favorecer o desen- impactos ambientais, terá prefe-
volvimento duma exploração no rência. A exploração da bauxita
tocante às restrições ambientais. em Boe necessitará de estudos
Um quadro de mineração mais mais profundos com a parceria
adaptado, um melhor conheci- escolhida para integrar melhor as
mento de recursos e implementa- restrições ambientais. Para facilitar
ção do cadastro de mineração a implementação de projectos no
permitirão também melhor en- sector de mineração e a promo-
quadrar o desenvolvimento de ção e negociação de investimen-
pequenas minas e as actividades tos, o Estado se apoiará nos servi-
de extracção do ouro. ços técnicos do Ministério de Minas
cujas capacidades serão fortale-
cidas, bem como as estruturas en-
Programa 53: Promoção de carregadas da promoção de in-
grandes minerações vestimentos e do financiamento
de projectos.
O desenvolvimento duma indústria
de mineração em grande escala

170
VII. COMANDAR A MUDANÇA: AGENDA
VII GUINÉ-BISSAU 2015-2020

O Plano Guiné-Bissau 2025 repre- implementação de tal plano cons-


senta um plano ambicioso de titui um empreendimento comple-
transformação da Guiné-Bissau xo, em particular para uma admi-
numa década. Divide-se durante o nistração de capacidades reduzi-
período 2015-2020 em seis eixos, das como a da Guiné-Bissau. Para
vinte e três (23) campos de acção, facilitar o controlo eficaz do plano
cinquenta e três (53) programas e pela administração, este capítulo
115 projectos. O anexo 1 apresen- descreve a estratégia prevista de
ta o conjunto da carteira deste planeamento do conjunto de pro-
Plano Operacional 2015-2020. Este jectos e as quatro alavancas ne-
plano é claro, global e coerente. cessárias para assegurar o sucesso
Mas a verdadeira batalha será a da sua execução.
da execução. À primeira vista, a

a. A agenda da mudança: uma implementação por etapas


e com resultados mensuráveis a cada etapa

Uma reviravolta estratégica a partir Guiné-Bissau integra assim um dos


de 2020. 2025 é o horizonte do princípios precípuos do êxito dum
plano de transformação da Guiné- processo de mudança, a saber, a
Bissau Mas 2020 foi definido como obtenção rápida dos principais
primeiro horizonte intermediário resultados visíveis, os quais permi-
com os principais objectivos fortes tem reforçar a confiança das po-
e estruturais (a saber, desenvolvi- pulações nas Autoridades e ga-
mento do turismo nas Ilhas Bijagós, rantir a dinâmica da mudança.
auto-suficiência alimentar, dobro
das receitas do sector do caju, Uma implementação progressiva:
dobro das receitas e do valor para obter os primeiros resultados
agregado da pesca e lançamen- visíveis, é necessário assegurar
to dum sítio de fosfatos em Farim. uma implementação progressiva,
A agenda de transformação da por etapa. Neste quadro, cada

171
programa será implementado por imediatas (caixa 05). É crítico
meio de vários projectos que serão atender imediatamente à urgên-
distribuídos em etapas sucessivas. cia social, em acompanhamento
Esta implementação por etapas da desmobilização e reinserção
permite ter em conta o ciclo natu- de combatentes, como fortaleci-
ral dos projectos, com uma suces- mento ao acesso das populações
são de projectos em função dos urbanas à água e electricidade e
impactos esperados e das capa- como incentivo à redução dos
cidades financeiras e humanas. A custos e tarifas de telecomunica-
carteira da primeira etapa com- ções que impactam hoje uma
preende 115 projectos, dos quais grande maioria das populações. É
um terço já iniciou a implementa- igualmente indispensável atender
ção. Foi necessário levar em conta à urgência financeira e aumentar
essas acções em andamento para as receitas do Estado. Consegue-
garantir a continuidade da acção se isto com o controlo das receitas
governamental. Mas a carteira da pesca (vigilância e controlo do
integra também as primeiras fortes território marítimo e gestão das
alavancas de ruptura, as quais licenças de pesca) e da reorgani-
permitem analisar a reviravolta zação e fortalecimento das capa-
estratégica desejada durante o cidades da administração fiscal.
período 2015-2020. A implementa- Por último, é igualmente inelutável
ção de programas será feita de atender à urgência económica e
forma progressiva, alguns com eliminar os gargalos de estrangu-
maior rapidez do que outros, tal lamento da economia (EAGB, por-
como os alicerces duma casa de- to de Bissau).
vem preceder os seus pilares. O
essencial será poder mostrar que a Ao mesmo tempo, nos seis primei-
construção e o conjunto da casa ros meses nove programas permiti-
avançam no bom caminho, de rão iniciar a reviravolta estratégica
modo coerente e que as popula- da Guiné-Bissau. Três deles dota-
ções progressivamente sentem os rão o Estado guineense de ala-
impactos. Assim, os resultados pro- vancas críticas de controlo e im-
gressivos deverão ser claramente plementação da Estratégia Guiné-
mensuráveis e visíveis para as po- Bissau 2025: i. implementação, por
pulações. Para isso, as prioridades parte do Primeiro-Ministro, do Ser-
serão definidas a cada etapa. viço de Acompanhamento do
Plano Estratégico, o qual será en-
Nestes seis primeiros meses do carregado imediatamente da de-
plano, oito projectos deverão finição dos planos directores ope-
permitir enfrentar as urgências racionais; ii. consolidação da ges-

172
tão das finanças públicas com a social (plano de empoderamento
criação do sistema de informação das populações destituídas. Por
e gestão das finanças públicas; e último, quatro programas permiti-
iii. criação dos três grandes registos rão acelerar o crescimento medi-
do Estado (pessoas físicas, registo ante a liberação do potencial do
de dados geo-referenciados do sector digital, início das reformas
território e pessoas jurídicas), ala- arrojadas do âmbito de negócios,
vancas críticas para a eficácia de melhoria das cadeias de valor
todas as políticas públicas. Dois agrícolas (sectores do arroz e do
programas permitirão iniciar a caju) com o apoio de parcerias
construção de fundamentos críti- técnicas e implementação do
cos e sustentáveis no nível da bio- Programa de Turismo de Bijagós,
diversidade (Lei Quadro de De- notadamente a Zona Turística Es-
senvolvimento Sustentável e Forta- pecial.
lecimento do IBAP e da Fundação
BioGuiné) e do desenvolvimento

173
Caixa 5: As prioridades dos seis (06) primeiros meses

9 projectos enfrentar as urgências imediatas e 9 programas para


iniciar a reviravolta estratégica da Guiné-Bissau
A) 9 projectos para enfrentar urgências imediatas
Urgência social:

1. Fundo de pensões e de gratificações (projecto para desmobilização e rein-


serção de combatentes)

2. Acesso à água e electricidade

Urgência financeira (aumentar as receitas do Estado)

3. Reorganização e fortalecimento das capacidades de administração fiscal

4. Supervisão e controlo do território marítimo

5. Gestão de licenças de pesca

Urgência económica (eliminar os gargalos de estrangulamento da economia)

6. Reestruturação do porto de Bissau e implementação de balcão único do


Comércio Exterior

7. Restruturação da EAGB e reforma do quadro institucional e normativo da


electricidade

8. Produção de 30MW (Kaleta, Parque solar)

174
As prioridades dos seis (06) primeiros meses (sequência)

B) 9 programas para iniciar a reviravolta estratégica da Guiné-Bissau


3 programas para dotar o Estado guineense de alavancas críticas de controlo e
implementação da Estratégia Guiné-Bissau 2025
1. Controlo estratégico e acompanhamento de políticas públicas
a. Gabinete de acompanhamento do Plano estratégico Guiné-
Bissau 2025
b. Plano director da estratégia Guiné-Bissau 2025
2. Sistema de informação e gestão de finanças públicas
3. Produzir os três grandes registos do Estado.
c. Registos de pessoas físicas
d. Registos de pessoas físicas
e. Registo de dados geo-referenciais (cartografia nacional)
f. Registo de pessoas morais

Dois programas para iniciar a construção de fundamentos essenciais e sustentá-


veis
4. Biodiversidade
a. Quadro normativo do desenvolvimento sustentável
b. Fortalecimento do IBAP e da Fundação BioGuiné
5. Empoderamento das populações destituídas

Quatro programas para acelerar o crescimento


6. Digital:
a. Reformas do sector digital
b. Acesso ao cabo submarino (estudo técnico e modelo de negó-
cios)
7. Quadro de negócios: Reformas Doing Business
8. Agricultura e agro-indústria:
a. Sector do arroz: Apoio técnico para a melhoria da cadeia de va-
lor de arroz
b. Sector do caju: Apoio técnico para a melhoria da cadeia de valor
de arroz
9. Turismo:
a. Implementação da zona turística especial de Bijagós
b. Programa de urgência de desenvolvimento integral do arquipéla-
go de Bijagós

175
b. Quatro alavancas para ter êxito na implementação do
plano Guiné-Bissau Sol Na Iardi

A experiência dos processos de (4) alavancas que serão essenciais


mudança e o contexto específico para o sucesso da implementação
da Guiné-Bissau destacam quatro do Plano Guiné-Bissau Terra Ranka.

Alavanca 1: a vontade política e exemplaridade

A liderança da Guiné-Bissau deve- gens solicitadas não serão somen-


rá, doravante e permanentemen- te técnicas. A liderança deverá
te, ser a garantia da visão Guiné- fazer respeitar a escolha dos res-
Bissau 2025 e dar o exemplo: A ponsáveis com base nas compe-
transformação dum país constitui tências, na avaliação objectiva
um processo longo e difícil. Por dos desempenhos, nas sanções
diversas vezes, as novas iniciativas positivas ou negativas quando jus-
surgiram de fontes diversas mas tificadas, independentemente das
não aderiram às prioridades defi- pessoas envolvidas, em suma, de-
nidas no quadro da visão 2025. cisões sobre permanência orien-
Cabe às Autoridades, qualquer tadas pela preocupação do bem
que seja a atracção destas novas comum. A transformação da Gui-
iniciativas, recordar do objectivo, né-Bissau será antes de tudo uma
manter a rota traçada e fazer questão de atitudes, de valores e
com que todos os recursos sejam de comportamentos dos guineen-
totalmente mobilizados para a ses e estes comportamentos
implementação do plano opera- acompanharão os dos seus diri-
cional 2015-2020. Mas as arbitra- gentes.

176
Alavanca 2: alinhamento integral da acção pública alinha-
da à estratégia Guiné-Bissau 2025.

Para uma boa implementação, a duzir-se num Plano de Acções Go-


estratégia Guiné-Bissau 2025 deve vernamentais anual, ele próprio
ser dividida em todos os elos da definido em Planos de Acções Mi-
cadeia de intervenção pública. nisteriais e no orçamento. A agen-
De facto, a implementação da da de Conselhos de Ministros e os
acção pública constitui uma lon- Conselhos Interministeriais será es-
ga cadeia, do nível central ao ní- truturada principalmente em torno
vel local passando por várias esca- da implementação destes planos.
las intermediárias. Cada elo desta Da mesma maneira, em todos os
cadeia tem um papel na imple- níveis de administrações centrais e
mentação do plano e contribui locais, esta cultura de plano de
para o sucesso global da imple- acções anual deve generalizar-se,
mentação. Para isso, os objectivos com a consciência de que cada
estratégicos do plano devem ser deve contribuir com a sua parte
definidos em todos os níveis e de- na construção da casa Guiné-
vem orientar a elaboração para Bissau Terra Ranka. Neste sentido,
cada plano de acção. A acção a implicação e a mobilização de
governamental representa o pri- todos em torno desta nova visão
meiro nível de definição. O Plano são fundamentais.
Operacional 2015-2020 deve tra-

Alavanca 3 : A responsabilização e a responsabilidade em


todos os níveis

Os actores de cada nível devem plenamente responsabilizado no


ser plenamente responsabilizados quadro das missões que lhe foram
e prestar contas em conformidade confiadas. O sucesso do plano
com as disposições dos contratos supõe, portanto, a sua apropria-
de desempenho. Os agentes pú- ção por parte de todos os com-
blicos não devem ser simples elos ponentes da nação e uma cultura
duma cadeia, na qual todos inter- baseada em resultado. Para isso,
vêm, mas onde somente alguns os contratos de desempenho de-
assumem realmente as responsabi- vem ser generalizados, a destacar
lidades. Cada agente deverá ser o compromisso de todos de al-

177
cançar os seus objectivos. Por sua um papel especialmente crítico.
vez, a administração, no quadro Porque é neste elo essencial da
do programa de fortalecimento cadeia que a estratégia deverá
de capacidades, deve dar a to- realmente imprimir-se, eles deve-
dos a oportunidade de formar-se e rão desenvolver as capacidades
de ser mais eficiente. Na adminis- ao mesmo tempo de liderança e
tração central, os agentes respon- de acção e serem verdadeiros
sáveis pelos 53 programas terão agentes de mudança.

Alavanca 4: um controlo para os resultados

Um serviço de acompanhamento no Guinée-Bissau Terra Ranka com


do plano apoiará o Primeiro- uma plataforma de acompanha-
Ministro na implementação dum mento electrónica que permitirá
dispositivo rigoroso de participa- acompanhar em tempo quase
ção, controlo e auto-avaliação do real o progresso de diferentes pro-
Plano. A elaboração de planos de jectos do plano, com uma visão
acção alinhados à estratégia e a agregada em cada um dos 53
responsabilização dos agentes programas, 23 campos de acções
públicos em todos os níveis não e 6 eixos). A plataforma também
serão suficientes se não envolve- será uma ferramenta de avalia-
rem um controlo com base nos ção do impacto da implementa-
resultados. Este permitirá colocar a ção global do plano. Esta tabela
administração guineense em "ten- será acessível a todos os agentes
são contínua" e avaliar os desem- públicos num website, tendo em
penhos com base nos objectivos. conta os campos e níveis de res-
Um serviço de acompanhamento ponsabilidade. Por outro lado, o
do plano estratégico, vinculado serviço publicará todos os anos um
ao Primeiro-Ministro, permitirá dis- balanço da implementação do
por das ferramentas necessárias. Plano 2015-2020.
Ele implementará a tabela do Pla-

178
GUINÉ-BISS

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