Você está na página 1de 78

UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E ECONÓMICAS


CURSO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA COMO


INSTRUMENTO DE APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÕES. ESTUDO DE CASO EMIS 2016 A 2017

TRABALHO DE FIM DE CURSO

GABRIEL CARLOS CHILONGO

LUANDA, 2021
UNIVERSIDADE DE BELAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E ECONÓMICAS
CURSO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

FOLHA DE ROSTO

ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA COMO


INSTRUMENTO DE APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÕES. ESTUDO DE CASO EMIS 2016 A 2017

TRABALHO DE FIM DE CURSO

Elaborado por: Gabriel Carlos Chilongo


Orientado por: Msc. Miguel Avelino Narciso

Trabalho de Fim de Curso apresentado à


Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da
Universidade de Belas como requisito para a
obtenção do Grau de Licenciado em
Contabilidade e Gestão

LUANDA, 2021 i
FICHA CATALOGRÁFICA

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou electrónico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte.

Gabriel Carlos Chilongo

DATA_________/_________/___________

CHILONGO, Gabriel Carlos

ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE


APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES. ESTUDO DE
CASO EMIS 2016 A 2017

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da


Universidade de Belas como requisito para a obtenção do Grau de Licenciado em
Contabilidade e Gestão.

Orientador: Msc. Miguel Avelino Narciso

Nº de páginas: 52

Tipo de letra: Times New Roman

Palavras-chave: Análise económica. Análise financeira. Balanço. Demonstração de


Resultados

ii
GABRIEL CARLOS CHILONGO

FOLHA DE APROVAÇÃO
ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE
APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES. ESTUDO DE
CASO EMIS 2016 A 2017

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da


Universidade de Belas como requisito para a obtenção do Grau de Licenciado em
Contabilidade e Gestão.

Aprovado,_____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Presidente do Júri

____________________________

1º Vogal

_____________________________________

2º Vogal

_____________________________________

Secretário

___________________________

iii
DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a minha família, em


especial aos meus pais Willy Osório
Chilongo e Ilda Quintas Chitumba, pela
ajuda que me concederam durante a
elaboração da pesquisa”

iv
EPÍGRAFE

“Regra fundamental da contabilidade


ensina que cada crédito corresponde a um
débito, por tanto não é possível ter lucros
sem que os outros sofram prejuízos”.
Oswaldo Wendel

v
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer а Deus que permitiu que eu chegasse até a data presente, e por estar
presente em todos os momentos da minha vida, Ele é o Maior Mestre que alguém pode
conhecer.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo, apoio incondicional e apoio financeiro.
Agradeço а minha mãe: Ilda Quintas Chitumba minha heroína pelo apoio, incentivo nas horas
difíceis, de desânimo е cansaço.
Ao meu pai Willy Osório Chilongo que apesar de todas as dificuldades me fortaleceu е para
mim foi muito importante.
Agradeço a família Mussopo por tudo que fizeram por mim, é inexpressável a minha gratidão.
Obrigado aos meus irmãos е sobrinhos, que nos momentos da minha ausência dedicada ao
estudo superior, sempre fizeram entender que о futuro é feito а partir da constante dedicação
no presente!
A esta universidade, seu corpo docente, direcção е administração que oportunizaram а janela
que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito е ética
aqui presentes.
Ao meu orientador Msc. Miguel Avelino Narciso, pelo apoio, confiança, empenho dedicado à
elaboração deste trabalho.
Ao Professor Msc. Délcio Rodrigues, pelo apoio e sua dedicação
Agradeço а todos os professores por me proporcionar о conhecimento não apenas racional,
mas а manifestação do carácter е afectividade da educação no processo de formação
profissional, por tanto que se dedicaram а mim, não somente por terem ensinado, mas por
terem feito aprender.
Agradeço a Felismina Chilongo, Carla Moniz, Tiago Moniz, Etelvina Chitema, Gelson
Agostinho, Gabriela Mulembue, Lucrécia Rodrigues, Yona Gabriel, Verônica Agostinho pelo
apreço e carinho demonstrado nos momentos de dificuldades
A todos que directas ou indirectamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.

vi
RESUMO

A base central da presente monografia consiste em mostrar a total importância da Análise


económica e financeira como instrumento de apoio ao processo de tomada de decisão, caso de
estudo EMIS no período de 2016 a 2017. Tendo em conta que o objectivo geral da pesquisa,
procura demonstrar a análise económica e financeira como um instrumento de apoio ao
processo de tomada de decisões na empresa EMIS SA., no que concerne a metodologia
recorreu-se a duas formas quanto aos meios foi utilizada a pesquisa bibliográfica e de campo,
quanto aos fins classifica-se como descritiva, na qual obtive uma série de dificuldades ao
implementar a análise económica e financeira, visto que a empresa não tem feito a mesma
tendo em conta os resultados obtidos não satisfatórios dos índices económicos aplicados a
essa pesquisa, a empresa apresentou uma incapacidade de honrar com os seus compromissos a
curto prazo e um grau de dependência elevada e uma rentabilidade baixa. Ao finalizar este
trabalho podemos concluir que a análise económica e financeira é sem dúvida um instrumento
de total importância para a tomada de decisões quando bem utilizada nos mostra de forma
clara e objectiva a situação de como a empresa vem actuando no mercado, constatamos
algumas deficiências na gestão da empresa, factos estes que permitiu-nos elaborar algumas
recomendações para a empresa, no entanto a empresa deve utilizar a analise das suas
demonstrações a fim de avaliar sua evolução ano pois ano, e aplicar da melhor forma as
ferramentas disponibilizadas na análise económica e financeira a fim de tomar uma boa
decisão, para que a mesma decisão venha impactar os resultados positivamente.

Palavras-chave: Análise económica. Análise financeira. Balanço. Demonstração de


Resultados.

vii
ABSTRACT

The central basis of this monograph is to show the full importance of Economic and Financial
Analysis as an instrument to support the decision-making process, an EMIS case study in the
period 2016 to 2017. Considering that the general objective of the research, it seeks
demonstrate the economic and financial analysis as an instrument to support the decision-
making process in the company EMIS SA., with regard to the methodology, two ways were
used in terms of the means, bibliographic and field research was used, regarding the purposes
of classification. itself as descriptive, in which I had a series of difficulties when
implementing the economic and financial analysis, since the company has not done the same,
taking into account the unsatisfactory results obtained from the economic indices applied to
this research, the company presented an inability to honor its short-term commitments and a
high degree of dependency and low profitability. At the end of this work we can conclude that
the economic and financial analysis is undoubtedly an instrument of total importance for
decision making when properly used, it shows us in a clear and objective way the situation of
how the company has been operating in the market, we found some deficiencies in the
management of the company, facts that allowed us to make some recommendations for the
company, however the company should use the analysis of its statements in order to assess its
evolution year after year, and apply the tools provided in the economic and in order to make a
good decision, so that the same decision will positively impact the results.

Keywords: Economic analysis. Financial analysis. Balance. Results report.

viii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tipos de Rácios....................................................................................................... 27

Tabela 2. Índices de liquidez ................................................................................................... 43

Tabela 3. Índices de endividamento ........................................................................................ 44

Tabela 4. Índices de rentabilidade ........................................................................................... 45

Tabela 5. Balanço Funcional ................................................................................................... 46

Tabela 6. Análise Vertical e Horizontal do Balanço Patrimonial da EMIS, SA ..................... 47

Tabela 7. Análise Vertical e Horizontal da Demonstração de Resultado da EMIS, SA ......... 48

ix
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Índices de liquidez………………………………………………………………43

Gráfico 02: Índices de endividamento……………………………………………………….44

Gráfico 03: Índices de rentabilidade…………………………………………………………45

x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AF-Autonomia financeira

ATM- (automated teller machine) Terminal de caixa Automático

BNA-Banco Nacional de Angola

FM-Fundo de Maneio

CE-Composição de Endividamento

GD-Grau de Dependência

GA-Grau de Autonomia

GLG-Grau de Liquidez Geral

IPL- Imobilização do Património Líquido

LG-Liquidez Geral

LI-Liquidez Imediata

NFM-Necessidade de Fundo de Maneio

NC-Necessidades Cíclicas

POS- Ponto de Vendas ou Ponto de Serviços

PCT-Participação dos Capitais de Terceiro

PGC-Plano Geral de Contabilidade

QVV-Quadro de Variação de Valores

ROA - (Return on Assets) Retorno sobre o Activo

ROV-Rentabilidade Operacional das Vendas

RC-Recursos Cíclicos

RAF-Rácio de Autonomia Financeira

xi
RCP-Rácio de rentabilidade dos capitais

RL-Rendibilidade do Activo

RLV- Rentabilidade Líquida das Vendas

RCP - Rentabilidade dos Capitais Próprios

TL - Tesouraria Liquida

xii
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ................................................................................................................. i

FICHA CATALOGRÁFICA...................................................................................................ii

FOLHA DE APROVAÇÃO ...................................................................................................iii

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... iv

EPÍGRAFE ............................................................................................................................... v

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ vi

RESUMO.................................................................................................................................vii

ABSTRACT ...........................................................................................................................viii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. ix

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................ xi

I. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1. Introdução ao tema ....................................................................................................... 1

1.1.1. Delimitação do tema ............................................................................................. 2

1.1.2. Justificação do tema.............................................................................................. 2

1.2. Formulação do problema ............................................................................................. 2

1.3. Formulação de hipóteses .............................................................................................. 2

1.4. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.4.1. Objectivo geral ..................................................................................................... 3

1.4.2. Objectivos específicos .......................................................................................... 3

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 4

2.1. Conceitos da análise económica e financeira............................................................... 4

2.1.1. Importância da análise económica e financeira .................................................... 5

2.2. Principais decisões empresariais .................................................................................. 6

2.3. Análise financeira ........................................................................................................ 6

2.3.1. História da análise financeira ............................................................................... 6


xiii
2.3.2. Evolução para os dias actuais ............................................................................... 7

2.3.3. Objectivos da análise financeira ......................................................................... 10

2.4. A função financeira e a gestão financeira .................................................................. 10

2.4.1. Objectivos e limites da função financeira .......................................................... 13

2.4.2. Tarefas da função financeira............................................................................... 14

2.5. Análise económica ..................................................................................................... 14

2.5.1. Elementos de suporte a análise económica......................................................... 15

2.5.1.1. Elementos de carácter contabilísticos ......................................................... 15

2.5.1.2. Elementos de carácter extra contabilísticos ................................................ 18

2.5.2. Análise estática e análise dinâmica no estudo da rendibilidade ......................... 19

2.6. Equilíbrio financeiro .................................................................................................. 20

2.6.1. Análise do equilíbrio financeiro ......................................................................... 20

2.6.2. O fundo de maneio ............................................................................................. 20

2.6.2.1. Necessidade de fundo de maneio ................................................................ 21

2.6.2.2. As necessidades cíclicas .............................................................................. 21

2.6.2.3. Os recursos cíclicos ..................................................................................... 22

2.6.2.4. A tesouraria líquida (TL)............................................................................. 22

2.7. Técnicas de análise da situação económica e financeira da empresa ........................ 23

2.8. Quadro de variação de valores (QVV) ...................................................................... 23

2.8.1. Técnicas de rácio ................................................................................................ 23

2.8.2. Vantagens dos rácios .......................................................................................... 24

2.8.3. Desvantagem dos rácios ..................................................................................... 25

2.8.4. Utilidade dos rácios ............................................................................................ 25

2.8.4.1. Principais interessados e utilizados de rácios .............................................. 26

2.8.4.1.1. Limitações dos rácios ............................................................................... 26

2.8.4.2. Tipos de rácios ............................................................................................ 26

2.8.4.2.1. Rácios de estrutura ................................................................................... 27


xiv
2.8.4.2.2. Rácio de solvabilidade .............................................................................. 28

2.8.4.2.3. Rácio de autonomia financeira ................................................................. 28

2.8.4.2.4. Rácio de endividamento ou dependência ................................................. 28

2.8.4.2.5. Rácio de cobertura do activo fixo............................................................. 29

2.8.4.2.6. Rácios de liquidez..................................................................................... 30

2.8.4.2.7. Rácios de rentabilidade............................................................................. 31

2.8.4.2.8. Rácios de actividade ................................................................................. 33

III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 38

3.1. Objectivos do EMIS, SA ........................................................................................... 38

3.2. Infra-estrutura ............................................................................................................ 39

3.3. Missão ........................................................................................................................ 39

3.4. Visão .......................................................................................................................... 39

3.5. Valores ....................................................................................................................... 39

3.6. Órgãos sociais ............................................................................................................ 40

3.6.1. Membros do conselho de administração ............................................................ 40

3.6.2. Mesa da assembleia geral ................................................................................... 40

3.6.3. Membros do conselho fiscal ............................................................................... 40

IV. METODOLOGIA........................................................................................................ 41

4.1. Tipo de estudo ............................................................................................................ 41

4.2. População e amostra .................................................................................................. 41

4.2.1. Critérios de inclusão ........................................................................................... 41

4.2.2. Critérios de exclusão .......................................................................................... 41

4.3. Métodos a utilizar ...................................................................................................... 41

4.4. Procedimentos e instrumentos ou técnicas para a colecta de dados .......................... 41

4.5. Processamento de dados ............................................................................................ 42

V. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 43

VI. CONCLUSÕES............................................................................................................ 49
xv
VII. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................. 50

VIII. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 51

APÊNDICES ..............................................................................................................................I

Apêndice A: Carta de Pesquisa .............................................................................................. II

Apêndice B: Carta de autorização da EMIS, SA. ................................................................. III

ANEXOS .................................................................................................................................IV

Anexo I – Balanço e Demonstração de Resultados ............................................................... V

Anexo II – Capital Próprio e Passivo.................................................................................... VI

xvi
Anexo III – Demonstração de Resultados

VII
xvii
xviii
I. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução ao tema

O objectivo desta pesquisa é a análise económica e financeira na empresa. Visto que análise
económica e financeira exerce uma grande influência para a tomada de decisões da empresa.

“No actual contexto de crise financeira ganha importância a realização de análises


económicas e financeiras de empresas com vista a determinar as suas competências,
capacidades e potencialidades para que sejam adoptadas estratégias competitivas”
(ENCARNAÇÃO, 2009, p. 65).

Segundo Katumbela (2014, p.8), “a Análise Económica e Financeira é uma ferramenta que
estuda, analisa, e emite pareceres sobre a situação económica e financeira partindo de um
olhar profundo sobre o departamento de administração e finanças”. Para tornar as informações
mais fidedignas, de acordo com a natureza do trabalho, o analista precisa analisar outras áreas
da empresa, como é óbvio, mas é a Função que constitui o seu objectivo. Nos dias de hoje a
Análise económica e Financeira é vista como uma ferramenta primordial para alavancar a
situação financeira das empresas.

No campo de pesquisa essa área é bastante deixada para de fora porque as empresas não se
preocupam em avaliar a sua situação económica e financeira.

Com a análise económica e financeira evidenciando as demonstrações contábeis de uma


empresa pode se determinar a real situação económica e financeira, através do conhecimento
dos pontos fundamentais de sua estrutura, como a capacidade de pagamento de suas dívidas, a
rentabilidade do capital investido, possível falência entre outras.

Com base o meu tema alguns autores afirmam que:

Segundo o PGC (2010), as demonstrações financeiras são uma representação financeira


esquematizada da posição financeira e das transacções de uma entidade.

Segundo Malaquias et al. (2016), as demonstrações financeiras consistem substancialmente


em aplicar um conjunto de ferramentas, nomeadamente rácios/indicadores, para determinar a
situação actual da empresa em termos económicos e financeiros.

1
1.1.1. Delimitação do tema

O presente trabalho com o tema Análise Económica e Financeira como instrumento de apoio
ao processe de tomada decisões, caso de estudo EMIS, dedicada a área de pagamentos
automáticos sob a marca Multicaixa, está delimitado na Província de Luanda, no bairro
Makulusso na Empresa Interbancária de Serviços - EMIS no departamento de Finanças no
período de 2016 a 2017.

1.1.2. Justificação do tema

Para academia, essa pesquisa se justifica por demonstrar a análise económica e financeira de
uma empresa, evidenciado as demonstrações contábeis que permitiu a elaboração de um
diagnóstico para o aperfeiçoamento do controlo financeiro e o crescimento empresarial.

Justifica-se por demonstrar para a sociedade a importância de conhecer a situação económica


e financeira de uma empresa.

Para o aluno, a pesquisa apresenta um trabalho interessante, pois amplia as informações


necessárias para o conhecimento, unindo desta feita a teoria e a prática.

1.2. Formulação do problema

A problemática desta pesquisa é:

 Como é que a análise económica e financeira torna um instrumento de apoio ao


processo de tomada de decisões?

1.3. Formulação de hipóteses

 H1. A análise económica e financeira torna um instrumento de apoio ao processo de


tomada de decisões quando são usados os indicadores relevantes nas demonstrações
financeiras.
 H2. A análise económica e financeira não é um instrumento de apoio ao processo de
tomada de decisões.

2
1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral

 Demonstrar análise económica e financeira como um instrumento de apoio ao


processo de tomada de decisões na empresa EMIS SA.

1.4.2. Objectivos específicos

 Analisar os conceitos relacionados a análise económica e financeira;


 Demonstra a situação económica financeira da EMIS SA no período de 2016 a 2017;
 Descrever os índices económicos e financeiros.

3
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Conceitos da análise económica e financeira

Segundo os Nabais (2011, p.59), “a Análise Económica e Financeira compreende um


conjunto de técnicas que visam o estudo da situação económica e financeira da empresa
através da análise de documentos contabilísticos (Balanço, demonstrações de resultados e
demonstrações do fluxo de caixa)” e visa dotar de forma ampla os responsáveis da
organização e outras entidades de informações económica e financeira adequada para a
tomada de decisões.

Para Malaquias et al. (2016), a Análise Económica e financeira sintetiza o estudo dos
documentos financeiro para examinar a evolução da situação financeira (equilíbrio entre
origem e aplicações de fundos) e económica (rentabilidade dos capitais investidos) no sentido
de detectar tendências futuras no decorrer do funcionamento da empresa.

Segundo Jaime Katumbela (2014), define a Análise Económica e Financeira como uma
ferramenta que estuda, analisa, e emite pareceres sobre a situação económica e financeira da
empresa.

Já para Lousã (2012), a Análise Económica e Financeira corresponde a um conjunto de


técnicas destinadas a estudar a situação económica e financeira da empresa a partir dos
documentos contabilísticos e financeiros fundamentais e das demais informações disponíveis.

Para mim, a análise económica e financeira é um conjunto de técnicas destinada a avaliar,


interpretar, e demonstrar a actual situação económica e financeira da empresa.

De acordo com Ilda (2005), A análise económica e financeira, busca verificar se é possível a
sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela empresa. Essa conclusão virá da análise de
indicadores fundamentalistas (endividamento, liquidez, rentabilidade e actividade), que
possibilitarão encontrar características da empresa e também projectar situações que ela pode
vivenciar mais em frente. Além disso, o investidor terá uma ideia de solidez (ou não) da
empresa, se ela é bem administrada e se é atractivo ou não investir em acções emitidas por
ela.

4
2.1.1. Importância da análise económica e financeira

A análise económica e financeira tornou-se um instrumento de grande importância utilizada


com o objectivo de adquirir conhecimento sobre a situação da empresa, ela consiste em um
processo de averiguação e de reflexão com determinado fim. Consiste ao analista concluir se a
empresa tem ou não criado o valor para os seus accionistas numa análise ampla das
demonstrações, ou numa análise previsional dos documentos.

O principal instrumento utilizado para a análise económica e financeira da empresa, é o índice


de rentabilidade, ou seja, o resultado da comparação entre grandezas. Os índices estabelecem
uma relação entre contas e grupos e contas das demonstrações financeiras, visando evidenciar
determinado aspecto da situação económica e financeira da empresa. Servindo assim como a
chave principal para a determinação da saúde financeira da empresa.

De acordo com Silva (2005), A Análise Económica e Financeira de uma empresa engloba as
seguintes actividades:

Coleta - obtenção das demonstrações financeiras e outras informações, como as relativas ao


mercado de actuação da empresa, seus produtos seus níveis tecnológicos, seus
administradores e seus proprietários.

Conferência - consiste em uma pró-análise para verificar se as informações estão completas e


se são compreensíveis e confiáveis

Preparação - fase de requalificação das demonstrações financeiras para adequá-las aos


padrões internos da empresa que vai efectuar a análise.

Processamento - processamento das informações e emissão dos relatórios no formato interno


da empresa.

Análise - fase da análise das informações disponíveis, principalmente dos relatórios e


indicadores já obtidos, compreendendo a consistência das informações, as observações das
tendências apresentam números e todas as demais conclusões que possam ser extraídas do
processo.

Conclusão – consiste em identificar, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos


levantados através da análise, a fim de facilitar na tomada de decisões.

5
2.2. Principais decisões empresariais

Decidir significa optar, escolher ou seleccionar de entre várias alternativas, aquela que pareça
mais adequada. As decisões exigem um processo e são tomadas em resposta a problemas,
alguma necessidade ou simplesmente para alcançar um objectivo. As condições de certeza,
incerteza e o risco associado são factores que, não estando sob o controlo do tomador de
decisão, influenciam as decisões. No dia-a-dia das empresas, o Gestor/Administrador
necessita de tomar decisões empresariais distintas e diferentes, que têm de ser coerentes com
os recursos disponíveis, condicionalismos internos e externos e objectivos da empresa.
Devem ser tomadas de forma organizada e equilibrada, no sentido de garantir um bom
funcionamento da globalidade da empresa. O processo decisório pode ser dividido em três
categorias, a saber:

 Decisões Estratégicas – Dizem respeito às decisões tomadas, tendo em conta a


empresa e o seu meio envolvente. Determinam as metas e objectivos relacionados com
estratégias a adoptar, no sentido de desenvolver e explorar a posição actual no
mercado.
 Decisões Administrativas – São decisões relacionados com a estruturação, aquisição
e desenvolvimento de recursos disponíveis, de modo a criar possibilidades de realizar
as opções estratégicas e ter melhores resultados possíveis de desempenho.
 Decisões Operacionais – São decisões relacionadas com a concretização dos planos
definidos nas decisões administrativas, de forma a maximizar a eficiência e
rentabilidade dos processos de transformação dos recursos. Exigem mais atenção por
parte dos órgãos de decisão.

Estes três tipos de decisão, apesar de distintos, são interdependentes e complementares e são
tomadas num ambiente de recursos limitados o que obriga, necessariamente, à escolha entre
alternativas, todas elas, com um custo de oportunidade associado.

2.3. Análise financeira

2.3.1. História da análise financeira

Hoje, apesar de muitas pessoas estarem desinformadas e não usarem os métodos para fazer a
análise financeira, temos uma gama de estudos e técnicas que encontramos facilmente em
livros, revistas e internet. Mas você sabe como a análise financeira surgiu? E como ela foi

6
importante no passado? Iremos falar um pouco sobre isso e sobre como ela evoluiu até os dias
atuais. Pois só assim podemos ter uma noção aprofundada deste método.

Segundo Aires Lousã (2005), a história da evolução da análise financeira iniciou-se, mais ou
menos, por volta de 4000 a.C. Em sua forma primitiva encontram-se os primeiros inventários
de rebanhos e a preocupação com sua eventual perda.

Nesta época as pessoas não tinham uma noção de cálculo tão avançada como a que temos
hoje, nem mesmo moeda para avaliar suas mercadorias. Existia a troca e os negócios eram
feitos através da avaliação dos próprios negociantes.

Sendo assim esta seria um tipo de análise horizontal, pouco semelhante a que hoje chamamos
de balanço, onde acompanhamos a variação de período a período de um item. Sendo assim,
eram apenas valores relativos, uma vez que as quantidades não representavam grandezas
equivalentes.

2.3.2. Evolução para os dias actuais

Mas no final do século XIX, surgiu o termo análise de balanço, onde os banqueiros
solicitavam as demonstrações às empresas que desejam pedir empréstimos.

Com o tempo, começaram a existir outras demonstrações para análise e concessão de crédito,
com a demonstração do resultado do exercício, desenvolvendo-se nos Estados Unidos em
1915, se tornando obrigatória dentro dos sistemas bancários.

Depois de certo tempo as empresas fizeram uma abertura de capital, possibilitando a


participação de pequenos e grandes investidores como acionistas, havendo assim a
necessidade dos gestores fazerem a avaliação da eficiência administrativa e o desempenho de
seus concorrentes. Desta forma, foi possível entender assim a situação financeira das
empresas, consolidando a necessidade da análise das demonstrações contábeis.

A análise financeira, por conseguinte, é um método que permite analisar as consequências


financeiras das decisões de negócios. Para o efeito, é necessário aplicar técnicas que permitam
recolher informações relevantes, avaliar uma série de coisas e tirar conclusões.

A análise financeira ajuda a compreender o funcionamento do negócio e a maximizar a


rentabilidade a partir da actuação sobre os recursos existentes. Os gerentes podem ter acesso à
informação sobre o efeito esperado das decisões estratégicas.
7
Os investidores também recorrem à análise financeira para analisar o grau de risco das suas
decisões e para fixar os objectivos a cumprir. Os emprestadores e os credores, por fim, usam a
análise financeira para determinar os riscos existentes para cobrar um crédito ou um
empréstimo.

Uma empresa pode apresentar uma excelente situação do ponto de vista económico, com
elevada participação de capitais próprios e, no entanto, em determinado momento, não dispor
de recursos suficientes para cumprir com as suas obrigações. A falta de liquidez e, portanto, a
falta de solvabilidade, caracteriza a situação financeira da empresa ou a sua capacidade de
pagamento quer no curto prazo, como no médio e longo prazo. Esta análise é feita com base
em informações extraídas dos mapas contabilísticos, aplicando por conseguintes diferentes
métodos de quantificação e interpretação do desempenho financeiro das organizações

Segundo Lousã (2012, p. 238), “a Análise Financeira é um conjunto de técnicas destinadas a


estudar a situação financeira da empresa, fundamentalmente a sua estrutura, a sua situação
financeira a solvabilidade e a rentabilidade, através dos instrumentos contabilísticos e
financeiros fundamentais”. A análise financeira aparece, desta forma, como um instrumento
específico da gestão, tendo os estudos financeiros interesse para as mais diversas entidades
externas, como é o caso do estado, Fornecedores, Clientes, Bancos, Devedores e Credores,
outros investidores, etc. e para entidades internas, tais como os trabalhadores e a própria
gestão.

Fernandes et al. (2012), em traços gerais, a análise financeira visa aferir a evolução da
situação financeira e de rendibilidade da empresa, detectar tendências futuras de evolução,
facultar informações fidedignas e importantes para a gestão e, ainda, propor medidas
correctivas.

Segundo Santos (1996), diz a análise financeira é sempre indispensável para apurar a
potencialidade da empresa, a sua força para competir e se tem capacidade para serem seguidas
a determinadas estratégias.

De acordo com Ilda (2014), Análise Financeira recolher e analisar informações de forma a
obter um julgamento seguro sobre a situação financeira da empresa, detectando eventuais
tendências futuras e, assim, propor medidas a adoptar.

8
A análise financeira é muitas vezes feita de acordoo com os interesses e objectivos dos
intervenientes:

 Ao Pequeno Accionista – só interessa o seu dividendo;


 Ao Grande Accionista – está interessado nos grandes resultados, podendo estar
disposto a sacrificar os lucros no presente para obter maiores rendimentos no futuro.
 Ao Fisco – interessa a formação do valor dos resultados.
 Ao Fornecedor – interessa saber se a empresa continua a ter a capacidade de solver os
seus compromissos.
 Aos Clientes – Interessa analisar se a empresa está financeiramente qualificada, se
poderá haver uma ruptura no fornecimento dos bens e serviço por si prestado, se os
prazos que lhe são concedidos correspondem com os prazos de recebimento da
empresa.
 Aos bancos – interessa analisar profundamente sobre os prazos em função dos
créditos concedidos ou a ceder.
 As instituições de crédito – precisam da informação para analisar a capacidade de
reembolso de eventuais financiamentos e, sobretudo, para abarcar uma visão geral e
profunda da situação financeira da empresa, com vista a decidir se continuam a apoiar
a empresa mesmo em situações de risco, ou deixam de apoiar, mesmo que se espera
melhoria da situação.
 Aos Trabalhadores – Interessa analisar a estabilidade da empresa, as suas
perspectivas de crescimento e possíveis critérios utilizados na distribuição dos
resultados.
 Ao estado – interessa analisar a possibilidade da empresa continuar a contribuir na
resolução dos problemas nacionais-deficit orçamental, deficit na balança de
pagamento, desemprego assimetrias regionais etc. O Estado é um utente que pode, ao
mesmo tempo, ser o gestor, cliente e até mesmo um fornecedor da empresa. Tem a
responsabilidade de condução de políticas financeiras globais e eventuais tomadas de
medidas de apoio a certos sectores de actividades

Para que o analista possa verificar a situação económica e financeira de uma empresa, torna-
se fundamental o recurso a alguns indicadores, sendo que os mais utilizados são aqueles que
assumem a forma de rácios, estes apresentam vantagens, não só de tornar mais precisa a
informação, como também de facilitar comparações, quer para a mesma empresa, ao longo de
9
um certo período de tempo, quer entre empresas distintas num mesmo referencial de tempo.
Contudo, convém salientar que os rácios constituem um método de análise, que deve, ser
complementado por outros tantos com efeito, a análise de indicadores fornece apenas alguns
indícios que o analista procura confirmar através de recurso a outras técnicas.

A avaliação e interpretação da situação económica e financeira de uma empresa centra-se nas


seguintes questões fundamentais:

 Equilíbrio financeiro;
 Rentabilidade de capitais;
 Crescimento;
 Riscos;
 Valor criado pela gestão.

Apesar de os objectivos da análise financeira poderem ser diferentes, as técnicas utilizadas


baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto de informações económicas e financeira:

 Balanço
 Demonstração de Resultados Liquido

2.3.3. Objectivos da análise financeira

Em resumo os objectivos da análise financeira são os seguintes:

 Analisar os fundamentos da vida financeira de uma empresa.


 Definir o papel e o lugar da função financeira na empresa.
 Estabelecer os objectivos da análise financeira na gestão.
 Seleccionar os documentos contabilísticos essenciais para análise financeira.
 Preparar o balanço para as diferentes perspectivas de análise.

Para atingirem esses objectivos descritos acima o analista deverá recorrer à documentos contabilístico
e extra – contabilísticos.

2.4. A função financeira e a gestão financeira

Inicialmente, a função financeira preocupava-se com tarefas que se resumiam a operações


relacionadas com recebimentos e pagamentos resultantes das outras actividades da empresa.
Portanto, a função financeira se limitava às questões ligadas à tesouraria da empresa, ou seja,
às decisões meramente operacionais. Posteriormente, com a teoria tradicional, a função
10
financeira passou a ter um papel mais activo dentro da empresa, preocupando-se,
fundamentalmente, com a obtenção dos meios financeiros necessários ao funcionamento e
desenvolvimento da empresa. Nesta fase, a função financeira dava uma atenção especial às
decisões de financiamento, aprimorando aspectos como custos de financiamento e sua
aplicação, com vista a ter equilíbrio financeiro e rendibilidade. (MATARAZZO, 2003)

Neves (2009), acrescenta que, as preocupações da função financeira consistiam na


manutenção de um saldo de disponibilidade que lhe permitisse assegurar o normal
funcionamento da empresa, na rapidez e segurança da cobrança das dívidas dos clientes e
finalmente, no escalonamento e adequação da liquidação dos débitos aos fornecedores.

Portanto a função financeira operava numa perspetiva de curto prazo garantindo o bom
desempenho da empresa no seu ciclo de exploração.

A Gestão Financeira – É um conjunto de ações e procedimentos administrativos que


envolvem o planeamento, a análise e o controlo das atividades financeiras da empresa.

Segundo Nabais (2011), a gestão financeira permite gerir as tarefas que integram a função
financeira. Ela abrangerá, essencialmente, um conjunto de técnicas que visam a melhoria das
decisões financeiras a tomar, de forma a levar a cabo, eficazmente, os objetivos da função
financeira. Ainda de acordo com o mesmo autor a atual gestão financeira abrange um
conjunto de técnicas que atuam nos seguintes domínios:

 Curto prazo (gestão de tesouraria), nomeadamente gestão de saldos de tesouraria,


aplicações das disponibilidades e financiamento de curto prazo, políticas de gestão dos
activos e passivos correntes, e planeamento financeiro a curto prazo: previsão das
necessidades ou excedentes de tesouraria e seu financiamento ou aplicação das
melhores condições.
 Médio e Longo prazo (estratégias financeiras), nomeadamente as políticas de
Investimentos, as políticas Financiamento, as políticas de Distribuição de resultados e
Gestão de riscos financeiros.

As principais funções da gestão financeira são:

 Análise e planeamento financeiro – analisar os resultados financeiros e planear


ações necessárias para obter melhorias.

11
 A boa utilização dos recursos financeiros – analisar e negociar a captação dos
recursos financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros
disponíveis.
 Crédito e cobrança – analisar a concessão de crédito aos clientes e administrar o
recebimento dos créditos concedidos;
 Caixa – efectuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o saldo de caixa;
 Contas a receber e a pagar – controlar as contas a receber relativas às vendas a
prazo e contas a pagar relativas às compras a prazo, impostos e despesas operacionais.

Na gestão financeira moderna, esta função participa nas decisões de investimentos, na análise
e controlo da rendibilidade das aplicações, dando atenção especial tanto a gestão financeira
corrente como a gestão estratégica.

A vertente financeira está subjacente à actividades empresarial de qualquer empresa e


preocupa-se em analisar, de forma mais profunda possível, os aspectos relacionados com a
gestão da tesouraria, análise e controlo da rendibilidade, política de distribuição de resultados,
políticas de investimentos, entre outros.

Visto que qualquer decisão tomada ou acção realizada dentro de uma empresa tem
implicações directas ou indirectas a nível financeiro, há necessidade de uma função que vai
determinar quais as melhores decisões à tomar com vista ao alcance dos objectivos pré-
definidos.

Segundo Mário (2014), A função financeira é, então, responsável pela preparação, execução,
avaliação e controlo das decisões financeiras da empresa. Procura analisar e interpretar a
situação da empresa e decidir como aplicar os fundos que tem a sua disposição. Com o
aumento da competitividade e escassez dos recursos financeiros, em consequência da
dinamização da actividade económica, as empresas necessitam fazer uma gestão cada vez
mais eficaz de todas as questões de natureza financeira. Assim, a função financeira pode ser
considerada uma das funções básicas de uma empresa ou qualquer organização, a ser
desenvolvida pelo gestor financeiro. Tem um papel primordial, na medida em que ajuda o
gestor a gerir, da melhor forma, os recursos que são escassos, ao mesmo tempo que determina
possíveis necessidades de investimentos. É responsável pela gestão da tesouraria, análise
económica e financeira, elaboração de programas e orçamentos e do plano financeiro, de
moda geral.
12
2.4.1. Objectivos e limites da função financeira

Segundo a Teoria Tradicional (teoria clássica), o objectivo principal da empresa é a


maximização do lucro. Essa teoria foi sujeita a críticas, porque se tratava de uma perspectiva
restrita e não levava em conta a incerteza e o risco. O lucro é uma medida subjectiva do valor
da empresa e depende de regras e princípios contabilísticos adoptados no reconhecimento das
classes das demonstrações financeiras. O objectivo principal passou, então, a ser a
maximização da riqueza dos accionistas. Daí, surge o conceito de “Cash flow”, uma medida
objetiva de análise do processo de criação de valor da empresa que atende o valor do dinheiro
no tempo e leva em conta o risco. Seguidamente, o princípio de maximização do valor da
empresa passa a ser o objectivo principal. Mas, dada a falta de compatibilização dos interesses
dos vários utentes, definiu-se a criação de valor para o accionista, como objectivo principal da
função financeira.

Outro objectivo da função financeira é eliminar ou reduzir o risco financeiro através de


instrumentos de cobertura de riscos – os activos financeiros derivados – incluindo opções,
futuros, contrato forward, swaps, entre outros. Além de reduzir o risco, poderão ser utilizados
na tomada de decisões especulativas, para modificar a natureza de uma dívida ou de um
investimento ou para reflectir acerca da futura direcção do mercado.

Apesar de integrar um vasto número de tarefas, a função financeira tem limitações, e essas
devem ser levadas em conta, principalmente quando se pretende visualizar a empresa numa
perspectiva financeira. Como referido anteriormente, a empresa é uma unidade económica
autónoma que mantém um contacto dinâmico com a envolvente. Logo, a natureza dos seus
problemas não se resume só a aspectos de natureza exclusivamente financeira. Estão
subjacentes as estratégias que criam valor através da exploração de vantagens competitivas.
Essa criação de valor vai depender não só da situação financeira, mas sobretudo, da sua
capacidade de transformar as vantagens competitivas em fluxos de caixa futuros.

Reconhece-se então que, apesar do equilíbrio financeiro ser um factor indispensável, não é
suficiente para a sobrevivência e crescimento de uma empresa. Deve-se, efectivamente, ter em
conta outros aspectos que não estando sobre o controlo da empresa, podem condicionar a
criação de valor para o accionista /sócio.

 Análise da estrutura empresarial: verificar se as massas patrimoniais se encontram


correctamente distribuídas;
13
 Análise da liquidez: averiguar em que medida a empresa dispõe de meios financeiros
adequados às suas necessidades, de modo a poder funcionar com estabilidade, ou seja,
com independência perante terceiros;
 Análise da Rendibilidade: capacidade da empresa para gerar fluxos financeiros
positivos (lucros);
 Análise do Risco: Variabilidade destes fluxos financeiros no futuro.

2.4.2. Tarefas da função financeira

De acordo Aires Lousã (2005), a função financeira engloba:

 Estudo e determinação das necessidades do recurso financeiro da empresa.


 Tarefas ligadas a obtenção de capitais necessários ao desenvolvimento da empresa.
 Aplicação racional dos recursos obtidos através da aquisição de novos activos da
empresa.
 Tarefas ligada ao controlo da utilização dos fundos dentro da empresa, o que implica a
análise da previsão, realização e o estudo dos desvios.
 Analisa, recorrendo a um conjunto de técnicas, a situação económica e financeira da
empresa.

2.5. Análise económica

De acordo Jaime Katumbela (2014), A análise económica serve para analisar a capacidade de
uma empresa obter lucros necessários a remuneração dos capitais postos a sua disposição. Sob
o ponto de vista meramente económico, o objectivo principal da empresa é conseguir a
máxima rentabilidade dos capitais nela investidos de forma a assegurar seu crescimento e
permanência no mercado. Esta análise está intimamente relacionada com a análise financeira,
pois, a rendibilidade depende não só da capacidade da empresa obter lucros necessários para
remunerar o investimento, mas também, da sua estrutura financeira.

Análise econômica é uma avaliação da rentabilidade e lucratividade do desempenho da


empresa. O objetivo dessa análise é demonstrar através dos índices como a empresa vem
utilizando o recurso investido. Quando se trabalha com análise de rentabilidade, é
imprescindível que a verificação dos lucros esteja relacionada com valores que possam
expressar a "dimensão" deste lucro dentro da atividade da empresa, ou seja, evidência o

14
acréscimo adicional resultante sobre cada unidade monetária investida que retorna em
determinado período.

2.5.1. Elementos de suporte a análise económica

É tarefa da Análise Económica e Financeira examinar, de forma detalhada, os dados


financeiros relativos a uma determinada empresa.

Independentemente dos objectivos que levam que se faça analise económica e financeira de
uma empresa, todos os analistas utilizam um conjunto de técnicas que se basem em dois tipos

2.5.1.1. Elementos de carácter contabilísticos

São todos os mapas que sintetizam um importante conjunto de informações.


Os elementos de carácter contabilísticos são os mapas, quadros e relatórios utilizados na
análise. Incluem as demonstrações financeiras e outras informações complementares. Mas,
para que haja eficiência na análise além de analisar estes elementos, convém recolher
informações de carácter extra-contabilístico.

 As demonstrações financeiras (DF's)

As DF's são documentos, incluindo quadros, relatórios e mapas, apresentados periodicamente


pelas empresas e que têm como objectivo proporcionar informações, acerca da posição
financeira (Balanço), do desempenho (Demonstração de Resultados) e alterações na posição
financeira (Demonstração dos Fluxos de Caixa). Regra geral, são elaboradas no final do
exercício económico. Ao elaborar as DF's, os gestores poderão ser confrontados com
preconceitos, má interpretação ou mesmo inexactidão. Para minimizar estes e outros riscos, as
demonstrações devem ser preparadas e apresentadas com base em conceitos, normas e
Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (PCGA's). As DF's devem proporcionar
informações que retratam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira e de
resultados, e que sejam credíveis e úteis para determinar a verdadeira eficiência da gestão dos
recursos económicos e financeiros.

Assim, a informação deve reunir algumas características como:

15
 Compreensibilidade

As DF's não devem conter informações complexas ou de difícil compreensão para os utentes.
Devem proporcionar informações objectivas e claras.

 Relevância

Está intimamente associada a materialidade e é definida pela capacidade de influenciar


decisões tomadas por parte dos utentes e ajudá-los a avaliar acontecimentos passados,
presentes e prever acontecimentos futuros.

 Fiabilidade

A informação deve estar isenta de erros materiais e preconceitos e ser completa, tendo em
conta a ponderação entre benefício e custo. A informação deve mostrar, de forma apropriada
as operações e acontecimentos, de acordo com a substância e realidade económica e não
meramente de acordo com sua forma legal.

 Comparabilidade

Relaciona com o princípio de consistência e da continuidade. As políticas contabilísticas não


devem ser alteradas, de um período para outro, para que seja possível estabelecer
comparações, no tempo e no espaço. É sobre as demonstrações financeiras que incide boa
parte da análise económico financeira, logo, interessa-nos não a quantidade, mas sim a
qualidade das informações

 O Balanço

É um documento que retracta a situação patrimonial de uma empresa, numa determinada data,
sendo composto pelo Activo, Passivo e pelo Capital Próprio. É um mapa que retrata as
origens dos recursos financeiros disponíveis ou o financiamento e as respectivas aplicações de
fundos, ou os investimentos. No Balanço é evidenciado o princípio básico da contabilidade,
segundo o qual o Activo tem que ser financiada pelo Capital Próprio ou por Capitais Alheios.
(Activo = Passivo + Capital Próprio). O Balanço é visto numa Perspectiva Patrimonial,
quando evidencia a situação patrimonial (bens, direitos e obrigações) de uma empresa num
dado momento, incluindo o património líquido, ou numa Perspectiva Financeira, quando

16
evidencia a situação financeira retratando o conjunto de aplicações de capital e o conjunto de
origens ou fontes de financiamento, numa perspectiva estática.

 A Demonstração de Resultados

É um mapa que reflecte os gastos e rendimentos de um determinado período, normalmente


durante um ano. A comparação entre os gastos e rendimentos dá origem a um resultado
positivo ou negativo (lucro ou prejuízo). A Demonstração de Resultados, só por si, é um
elemento fundamental para análise da situação económica de uma empresa. Avalia a
eficiência económica e a capacidade de uma empresa gerar valor. A sua apresentação é feita
segundo duas ópticas:

 A Demonstração de Resultados por Natureza

Agrega os componentes económicos de acordo com a tipologia ou natureza. Evidencia o


resultado que uma empresa obteve, resultante do exercício da sua actividade. O formato desta
demonstração financeira respeita o princípio de substância sobre a forma.

 A Demonstração de Resultados por Funções

Está voltada para o interior da empresa. Evidencia as componentes económicas, de acordo


com a afectação funcional dos mesmos. Para elaborar esta demonstração, é preciso um
conjunto de informações complementares que, muitas vezes, só são obtidas através da
contabilidade analítica ou de gestão. Existe, efectivamente, alguma dificuldade na afectação
funcional dos gastos e rendimentos e, portanto, na elaboração deste mapa.

 A Demonstração dos Fluxos de Caixa

É um documento contabilístico financeiro que completa a informação fornecida pelas outras


DF's. Explica a origem e o destino dos recebimentos e pagamentos, efectuados.
Contrariamente às outras DF's, esta é elaborada segundo o regime de caixa. Normalmente se
elaborava um Mapa de origens e aplicações de fundos. Actualmente, este mapa perdeu sua
relevância e sua informação passou a ser tratada na DFC, visto que esta proporciona
informações históricas e mais detalhada, separando a obtenção e aplicação de recursos
financeiros em três categorias: Fluxos das Actividades Operacionais, Fluxos de Caixa das
Actividades de Investimento e Fluxos de Caixa das Actividades de Financiamento. Através

17
deste mapa podemos ver como foi gerado e como foram utilizados os meios financeiros num
dado período. Pode ser elaborada segundo dois métodos:

 1 - Método Directo que é baseado directamente no movimento de caixa, nas fontes e


destinos dos recebimentos e pagamentos relacionados com as contas que originam
entrada ou saída de meios financeiros. É o método mais indicado para ser utilizado
porque proporciona informação mais detalhada e de forma completa.
 2 - Método Indirecto onde os fluxos das actividades operacionais são apurados à
partir do componente do cash flow de exploração. O fluxo líquido de caixa das
actividades operacionais é calculado à partir do resultado líquido do exercício,
ajustado às variações ocorridas nas rubricas não relacionadas com caixa.

2.5.1.2. Elementos de carácter extra contabilísticos

Conjunto de informações não sendo contabilísticas.


O objectivo principal do processo de análise das DF's e demais mapas é apoiar a tomada de
decisões nas organizações. Assim, para efeitos de análise é preciso conhecer informações de
carácter extra contabilísticas e externas a empresa. Estas informações, mesmo não estando sob
controlo da empresa, devem ser analisadas juntamente com os elementos de carácter
contabilísticos. Incluem:

 A Natureza da Actividade da empresa

É um factor fundamental para se apreciar a estrutura financeira da empresa, uma vez que essa
estrutura se relaciona com a actividade exercida e depende do sector que a empresa está
inserida.

 Inserção no mercado

Deve-se conhecer a quota de mercado da empresa. Identificar sua localização, número de


estabelecimentos entre outros aspectos.

 Produtos substitutos ou concorrentes

Devem ser objectos de apreciação cuidada analisando a qualidade, quantidade, aceitação e


nível de competitividade. Capacidade de Gestão - A estabilidade financeira, muitas vezes,

18
depende da capacidade de gestão. Assim sendo, a capacidade técnica e mesmo a integridade
moral dos gestores deve assumir uma grande relevância na análise.

 Natureza jurídica

Deve ser conhecida a natureza jurídica da empresa, para se concluir acerca da


responsabilidade dos sócios, ou mesmo da sociedade, no cumprimento de obrigações para
com terceiros.

 Funcionamento interno

A empresa é dividida em departamentos. Cada departamento tem a responsabilidade de


desempenhar bem as suas funções porque o desempenho individual vai repercutir, em maior
ou menor grau, nos outros departamentos.

 Conjuntura económica

A situação da conjuntura económica, tem repercussões mais ou menos profundas na empresa.


Factores como inflação, agravamento dos impostos e taxa de juro e restrições a importação,
terão influência no nível da estabilidade financeira.

 Enquadramento sectorial

Deve conhecer as empresas concorrentes, a quota de mercado existente e potencial, pontos


fortes e pontos fracos da concorrência, capacidade instalada. A Continuidade de uma empresa
e sua estabilidade financeira vai, em grande parte, depender do conhecimento que se tem do
sector de actividade a que a empresa pertence.

O objetivo da empresa não deve ser a maximização do lucro em termos absoluto, mas sim,
maximizar a relação entre os lucros obtidos e os capitais investidos. A rendibilidade pode ser
medida, de uma forma global, através do seguinte indicador:

 Rendibilidade dos Capitais Próprios = Resultados Líquidos

2.5.2. Análise estática e análise dinâmica no estudo da rendibilidade

A análise estática permite evidenciar a realidade de uma empresa num dado momento. Esta
análise apesar de possuir uma certa utilidade, não permite fazer um juízo completo acerca da
evolução da situação económica. O estudo da rendibilidade só adquire seu verdadeiro sentido,

19
quando for feita uma análise dinâmica analisando não só os factores que num dado momento
condicionaram esta rendibilidade, mas também sua evolução ao longo dos anos. Feita uma
análise dinâmica, poderemos ver a tendência da evolução da rendibilidade e prever sua
evolução futura facilitando, assim, a adopção de medidas necessárias para evitar uma eventual
evolução desfavorável.

2.6. Equilíbrio financeiro

O equilíbrio financeiro é um conceito utilizado em administração e finanças para a análise da


estabilidade de uma empresa e representa um ajustamento do fluxo de caixa.

2.6.1. Análise do equilíbrio financeiro

Geralmente diz-se que só uma estrutura financeira equilibrada permite a empresa um


financiamento normal. Está análise tem como base o balanço. Quanto a noção de equilíbrio,
pode ser encarada de duas maneiras que se complementam:

 Como uma obrigação jurídica dos credores para certificar que a empresa está apta para
solver os seus compromissos nas datas dos seus vencimentos.
 Como uma necessidade de manter o equilíbrio funcional entre os recursos, tendo em
conta as suas estabilidade e aplicações, observando o seu destino.

Para avaliar o equilíbrio financeiro da empresa são importante, varias noções:

 Fundo de Maneio, as necessidades de fundo de maneio e a tesouraria.

2.6.2. O fundo de maneio

É um instrumento essencial utilizado na análise da estrutura financeira. Serve para analisar o


risco numa perspectiva de curto prazo. Refere a margem de segurança que tem por objectivo
reforçar o equilíbrio financeiro e cuja função é atender as necessidades de financiamento do
ciclo de exploração. O Fundo de Maneio refere, ainda, a parte dos capitais permanentes que
não foi absorvido no financiamento do imobilizado líquido e, portanto, aplicado na cobertura
parcial ou total das necessidades de financiamento do ciclo de exploração. De uma forma
simples, refere a parte dos fundos permanentes que ficam disponíveis para financiar outros
investimentos permanentes, que não sejam os investimentos em activos não corrente ou
imobilizado. Sua variação depende das decisões tomadas em relação aos investimentos e
respectivos financiamentos, políticas de amortização e política de distribuição de dividendos.
20
2.6.2.1. Necessidade de fundo de maneio

As NFM referem-se as necessidades de financiamento do ciclo de exploração. Ou seja,


referem-se as necessidades de meios financeiros para responder as necessidades operacionais
do ciclo de exploração que podem ser temporárias ou estruturais. É um conceito dinâmico e
seu valor depende, em grande parte, das actividades da empresa, natureza das actividades,
práticas de gestão do ciclo de exploração, tecnologia utilizada, volume de negócio e,
sobretudo, dos prazos médios de recebimento e de pagamento ou políticas internas de créditos
e nível médio de duração dos inventários.

De acordo com Carilho et al. (2008), a necessidade de fundo de maneio (NFM) resulta da
diferença entre as necessidades cíclicas (NC) e os recursos cíclicos (RC) (NFM = NC-RC).

Ainda o mesmo Autor ressalta que a NFM pode ser positivo ou negativo (face a prevalência
da NC ou dos RC) sendo o seu valor influenciado pelo sector de atividade em que a empresa
opera, pela prática de gestão operacionais, pela gestão dos capitais circulantes etc.

 NFM > 0 indica que a empresa tem de conseguir recursos cíclicos para fazer face às
necessidades cíclicas
 NFM < 0 indica que há excedentes financeiros do ciclo de exploração.

As NFM são calculadas através da seguinte fórmula:

 Necessidades de Fundo de Maneio = Necessidades Cíclicas – Recursos Cíclicos

Um valor positivo representa necessidades de financiamento do ciclo de exploração. Um valor


negativo representa excedentes financeiros. Quanto menor o nível das NFM, menor será o
risco porque a empresa estará a financiar seu ciclo de exploração com capital alheio, sem ter
que remunerar esse financiamento. Para reduzir as NFM, a empresa poderá negociar um
menor prazo médio de recebimento, um maior prazo médio de pagamento ou, então, adoptar
uma menor duração média dos inventários.

2.6.2.2. As necessidades cíclicas

Referem-se as necessidades do ciclo de exploração e dependem das políticas operacionais e,


sobretudo, do sector de actividade de uma empresa e do seu negócio. Essas necessidades são
reflectidas no valor das rubricas do activo relacionado com o ciclo de exploração e que
apresentam um carácter de permanência.
21
2.6.2.3. Os recursos cíclicos

Referem-se aos recursos decorrentes do ciclo de exploração e respectivas políticas e decisões


operacionais. Seu valor depende, também, no nível de actividade e do negócio da empresa.
Normalmente, as empresas que apresentam NFM muito elevado têm um ciclo de exploração
longo e possuem forte valor acrescentado. Por outro lado, se as NFM apresentarem valores
baixos ou negativas, então o ciclo de exploração é curto e apresentam fraco valor
acrescentado.

2.6.2.4. A tesouraria líquida (TL)

A TL é um instrumento chave para analisar o equilíbrio financeiro de uma empresa. Evidencia


a existência ou não de equilíbrio financeiro resultante das políticas estratégicas adoptadas e da
política de gestão operacional da empresa. Para que haja equilíbrio, a TL deve apenas
financiar as necessidades temporárias do ciclo de exploração. Deve apresentar um valor igual
ou superior a zero. No entanto, se apresentar um valor muito elevado, apesar de evidenciar
equilíbrio, não é bom para a empresa porque pode estar a aplicar fundos que não têm uma boa
rendibilidade. Convém que este valor seja reduzido porque, nestes casos, apesar de existir
alguma dificuldade financeira, a empresa não estará sob risco e poderá recorrer a fontes de
financiamentos de curto prazo. Um valor negativo evidencia dificuldades ou mesmo
impossibilidade de responder aos compromissos financeiros, de curto prazo. Assim, o gestor
terá que recorrer a outras fontes ou meios para assegurar o normal funcionamento da empresa.

Tesouraria Líquida = Fundo de Maneio - Necessidades de Fundo de Maneio

ou

Tesouraria Líquida = Tesouraria Activa – Tesouraria Passiva

 A tesouraria activa diz respeito aos activos correntes que não sejam considerados
cíclicos ou com carácter de permanência, resultantes das decisões de carácter
financeiro e estratégicos que sejam alheios à exploração.

 A tesouraria passiva refere aos passivos correntes relacionados com as decisões de


financiamentos.

De acordo com os valores destes três indicadores surgem as seguintes situações:

22
 FM> 0; NFM> 0; TL> 0: Trata-se de uma situação financeira normal, com alguma
segurança.
 FM <0; NFM> 0 e TL <0: Trata-se de uma situação delicada, pois os capitais estáveis
são insuficientes para financiar as aplicações de investimentos e parte das
necessidades resultantes do ciclo de exploração com carácter de permanência.
 FM> 0; NFM> 0 e TL <0: Evidencia desequilíbrio financeiro, muito embora o fundo
de maneio seja positivo. A empresa está a financiar parte das necessidades cíclicas
com carácter de permanência, com operações de tesouraria.
 FM> 0; NFM <0 e TL> 0: Evidencia uma situação financeira estável. É comum nas
empresas com um ciclo de exploração curto. Convém analisar se o valor do fundo de
maneio é muito elevado e dai optar por aplicações de capital.
 FM <0; NFM <0 e TL> 0: Nesses casos, há um certo risco devido a inexistência de
Fundo de Maneio e, portanto, inexistência de uma margem de segurança.
 FM <0; NFM <0 e TL <0: É uma situação típica de empresas com um ciclo de
exploração longo. Evidencia inexistência de liquidez e segurança.

2.7. Técnicas de análise da situação económica e financeira da empresa

Além da avaliação do equilíbrio financeiro, existe uma outra forma de analisar a situação
financeira da empresa e que usa técnicas próprias para o efeito. Existem várias técnicas para
este fim. Neste ponto vamos focalizar a atenção nas técnicas mais comuns.

2.8. Quadro de variação de valores (QVV)

É uma técnica da avaliação que prima pela comparação de valores entre períodos distintos, a
técnica socorre-se dos dados percentuais para aferir conclusões sobre o dinamismo financeiro
da empresa no período em estudo. Apesar de ser uma técnica eficiente, tem sido pouco
preferida pelos gestores financeiros por não poder cobrir a totalidade de informações e ser
uma técnica ajuda analisar a relação entre massas patrimoniais.

2.8.1. Técnicas de rácio

Um rácio é uma relação estabelecida entre grandezas extraídas do Balanço ou da


Demonstração de Resultados e que tenham uma relação lógica entre si. Essa relação é
expressa em forma de percentagem ou quociente. À partir das demonstrações financeiras
ajustadas para análise financeira, estabelece-se relações entre as diversas rubricas do Balanço

23
e da Demonstração de Resultados e entre as grandezas económicas e financeiras, obtendo os
indicadores.

O Método dos Rácios é um instrumento de apoio à análise financeira e gestão financeira que
permite quantificar e explicar os factos da vida de uma empresa, contribuindo para uma
análise objectiva da sua situação económico-financeira num determinado período de tempo.
Rácio vem do latim que significa indicador, dividendo, quociente.

Segundo Nabais (2011), os rácios são um dos métodos que permitem estudar a evolução da
situação económica e financeira da empresa que consiste em estabelecer relações entre os
dados fornecidos pelo balanço e a demostração dos resultados após a sua preparação para
análise.

A técnica mais utilizada pelos gestores e instituições financeiras para a análise financeira
consiste em estabelecer relações entre contas agrupamentos de contas do balanço, das
demonstrações de resultado, ou ainda outras grandezas económicas-financeiras. Esta relação
tem várias designações tais como: Rácio, coeficiente, quociente, indicador, etc.

A nossa preferência vai para o termo Rácio, pois é o único que não se utiliza na linguagem
corrente com diversas acendo, por isso, o mais expressivo para designar esta técnica tão
básica e tão importante da análise financeira.

A técnica dos rácios ou indicadores constitui a técnica mais utilizada ema análise financeira e
é uma das formas de observar aritmeticamente as relações entre os diversos valores extraídos
dos documentos financeiros e são de extrema importância da situação financeira das empresas
no entanto, esta técnica deve ser utilizada com máximo cuidado, pois podem levar conclusões
erradas.

2.8.2. Vantagens dos rácios

Apesar de ser um método simples, o uso dos rácios tem algumas vantagens. Permite fazer
comparações de situações em momentos distintos da empresa; permite, também comparar os
dados de uma empresa num determinado momento, com a situação de outras empresas
Concorrentes, independentemente da sua dimensão. Isso porque os rácios é um quociente e,
portanto, fica indiferente a valores que afectam da mesma forma o numerador e o
denominador. O uso do Método dos Rácios é fácil, prático e rico em conclusões, na medida
em que os rácios dão informações sintéticas e de fácil interpretação e representam uma
24
parcela significativa do trabalho de análise. Mostra relações importantes entre as várias
rubricas e possibilita, também, o exame das oscilações dos índices, ano a ano.

Contudo, convém referenciar que o uso dos rácios na análise financeira tem algumas
limitações. Os rácios ajudam os gestores a conhecer a realidade económica e financeira, mas
não fornecem respostas, ou seja, não são vistos como instrumentos de decisão. Não permitem
fazer comparações entre empresas inseridas em conjunturas económicas diferentes e com
práticas contabilísticas diferentes e não levam em consideração os aspectos qualitativos. Os
rácios não podem ser utilizados de forma isolada, mas sim conjugadas com outras
informações recolhidas. Por se tratar de um número obtido por um quociente pode levar a
conclusões distorcidas se, eventualmente, uma das grandezas ou ambas estiverem erradas.

Desta forma, além de se fazer uma análise relativa baseada nos rácios e indicadores, também,
é necessário analisar os números em termos absolutos, evitando assim chegar a conclusões
completamente erradas.

2.8.3. Desvantagem dos rácios

Nos tempos que ocorrem, o recurso á técnica de análise através de rácios tem vindo a utilizar-
se com frequência para quase todos os fins. Por isso, convém alertar que este instrumento de
análise financeira possui algumas limitações:

 Os rácios tratam apenas dos dados quantitativos;


 A comparação de rácios entre empresas do mesmo sector, ou com média do sector
pode ser incorrecta pelas diferenças das práticas contabilistas das empresas.

2.8.4. Utilidade dos rácios

Os rácios são fundamentais para o conhecimento da situação e evolução económica –


financeira de uma empresa ao longo tempo serve, também para perceber a sua evolução
futura. Existem muitos rácios que podem que podem ser calculados mais só interessam
aqueles que tenham interesses para a análise pretendida, só assim é que terão sentido e serão
uteis.

A utilidade dos rácios na análise da situação das empresas faz-se sentir através da comparação
com os rácios calculados nos anos anteriores e rácios de empresas similares.

25
Para os analistas é importante saberem escolher bem os rácios que satisfazem os objectivos da
análise que se pretende.

2.8.4.1. Principais interessados e utilizados de rácios

 Investidores;
 Accionista;
 Gestores;
 Instituições financeiras;
 Fisco.

A correlação entre diferentes rácios pode determinar se a informação fornecida é a mesma,


evitando que se calculem e analisem de forma duplicada. Por outro lado, quando não há
correlação entre os rácios, pode obter-se informações adicional, se forem analisados ambos os
indicadores. Geralmente os valores do balanço são utilizados nos rácios financeiros e os das
demonstrações de resultados nos rácios económicos.

2.8.4.1.1. Limitações dos rácios

Segundo Nabais (2011), os rácios apresentam, entre outras, as seguintes limitações:

 Relacionam dados quantitativos e não consideram fatores qualitativos;


 Não existe definição normalizada de cada rácio e varia com o analista;
 São influenciados pela sazonalidade da atividade e os seus montantes dependem dos
critérios de amortização valorimetria;
 São permeáveis pela inflação;
 A sua interpretação está condicionada pelo sector e pela conjuntura económica;
 O rácio, individualmente, apresenta pouco interesse;
 Podem falsear comparações quer com rácios de empresas similares quer com rácios
setoriais, têm por bases deferentes práticas contabilísticas.

2.8.4.2. Tipos de rácios

Podem construir.se inúmeros rácios, mais a sua utilização vai depender, sobretudo dos
objectivos da análise: qual é a natureza dos fenómenos que pretende revelar ou medir, que
fontes de instrução se vão utilizar.

26
Os tipos de rácios mais utilizados são:

 Rácio de estrutura;
 Rácio de liquidez;
 Rácio de Rentabilidade;
 Rácio de Actividades.

Os tipos de rácios mais utilizados são os rácios de estrutura, os de liquidez de rentabilidade e


os de actividade.

Tabela 1. Tipos de Rácios

Rácios
De Estrutura  Rácio de Solvabilidade
 Rácio de autonomia
financeira
 Rácio de
Endividamento ou de
Dependência
De Liquidez  Liquidez Geral
 Liquidez Reduzida
 Liquidez Imediata
De  Rentabilidade dos
Rentabilidade Capitais Próprios
 Rentabilidade do
Activo
 Rentabilidade Líquida
das Vendas
De  Rotação do Activo
Actividades Total  Grau de Rotação das Mercadorias
 Rotação dos stocks  Grau de Rotação dos Produtos
 Tempo médio de Acabados
recebimento  Grau de Rotação das Matérias-Primas
 Tempo médio de  Tempo Médio de Permanecia
pagamento
Fonte: Elaborado pelo autor

2.8.4.2.1. Rácios de estrutura

Os Rácios de estrutura medem a capacidade da empresa para solver os seus compromissos a


médio e longo prazo. Comparam os fundos fornecidos pelos accionistas, (capital próprio) com
os fundos obtidos juntos dos credores (capital Alheio).

Dentre os Rácios de estrutura há que considerar os seguintes:


27
2.8.4.2.2. Rácio de solvabilidade

Este rácio ou indicador dá-nos a conhecer a capacidade da empresa para solver os seus
compromissos na data do seu vencimento. O valor deste indicador depende essencialmente:

1º Do grau de cobertura dos activos pelos capitais próprios.

2º Da capacidade da empresa obter lucros, condição essencial para verificar o aumento de


capital próprio

Capitais Próprio
𝐑á𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐒𝐨𝐥𝐯𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 = x100
Passivo Total

Desta entende-se que se maior for o capital próprio e menor o passivo total, o rácio será maior
e esta é a condição essencial para se verificar um aumento deste indicador.

Quando acontece diz-se a empresa tem a capacidade para honrar os seus compromissos.

2.8.4.2.3. Rácio de autonomia financeira

Este indicador mostra-nos quantos kwanzas são próprios e quantos são alheios em cada 100
kz aplicado no investimento de uma empresa. Ou seja, mede a capacidade de participação do
capital próprio no financiamento dos investimentos da empresa.

Capital próprio
𝐑. 𝐀. 𝐅 = x100
Activo Líquido

Trata de um indicador fundamental para a análise financeira da empresa. Ele mostra-nos em


quantos por centos a empresa depende de terceiros e mede a sua capacidade para solver seus
compromissos a médio e longo prazo.

Um valor superior à 0,3 é considerado um bom valor. Um valor inferior a 0,3 evidência
dependência da empresa em relação à terceiros. Um valor igual a1 significa uma autonomia
total que se atinge quando os capitais alheios forem nulos, o que significa que o Activo é
totalmente financiado pelo capital próprio.

2.8.4.2.4. Rácio de endividamento ou dependência

Este rácio dá-nos informações inversas ao rácio anterior. Este indicado mostra até que se
ponto a empresa está endividada.

28
Capitais Alheios
𝐑á𝐜𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐃𝐞𝐩𝐞𝐧𝐝ê𝐧𝐜𝐢𝐚 = x100
Activo Líquido

A forma mais simples de calcular é:

 Ga + Gd = 1

A ideia é que o somatório do grau de autonomia (Ga) e o grau de dependência (Gd) deve dar
1, ou seja 100%.

Este rácio dá-nos a conhecer em que medida a empresa financia os seus activos com capitais
alheios. A máxima dependência é atingida quando o grau de dependência for igual á 1, trata-
se de uma situação anormal e só chega a esta situação quando a empresa tiver perdas
continuadas que levam à absorção da totalidade do capital próprio.

2.8.4.2.5. Rácio de cobertura do activo fixo

Tem a seguinte expressão:

Capital pemanente
𝐑. 𝐂. 𝐀. 𝐅 = x100
Activo Fixo

Como se sabe os capitais permanentes, resultam dados capitais próprios com as dividas a
terceiros a médio e longo prazo. Dá-nos a conhecer quantos kwanzas de capitais permanentes
contribuíram para o financiamento de cada 100 kz incorporados no activo fixo.

Este indicador pode apresentar:

 Valores superiores a 1 quando os capitais permanentes são superiores ao activo fixo,


o que está correto;
 Valores iguais a 1 o que indica que todo activo fixo esta exclusivamente coberto por
capitais permanentes;
 Valores inferiores a 1 nesta situação os capitais são insuficientes para cobrir o total
do activo líquido. Trata-se de uma situação incorrectas, uma vez que parte do activo
fixo é coberto por capitais de curto prazo.

29
2.8.4.2.6. Rácios de liquidez

Mede a capacidade da empresa para fazer face às suas obrigações a curto prazo. Permitem,
pois verificar se a empresa tem ou não a capacidade para pagar as suas dividas na data do seu
vencimento.

Um dos indicadores de liquidez mais popularmente utilizado pelos analistas financeiros é o


chamado grau de liquidez geral (GLG) que é calculado através da seguinte formula:

Activo Corrente
𝐋𝐢𝐪𝐮𝐢𝐝𝐞𝐳 𝐆𝐞𝐫𝐚𝐥 =
Passivo de Curto Prazo

Activo circulante = Disponibilidade + aplicações financeiras de curto prazo + créditos de


curto prazo + existências

Passivo de curto prazo = dividas a pagam um prazo não superior a 1 ano.

Se o valor apurado for maior que 1, a empresa pode utilizar os activos líquidos para liquidar a
divida a menos de 1 ano. Isto é quanto maior for o indicador, melhor. Na prática, no entanto,
não tem sido exatamente assim. Porque um valor elevado pode significar:

 Bastantes stocks inúteis no armazém


 Um valor bastante elevado de dividas por parte dos clientes
 Grande disponibilidade em caixa ou em banco.

A interpretação normal do GLG como indicador de liquidez deriva do facto de que, em


circunstâncias normais, uma empresa em dificuldades tenderá a pagar as suas dividas, mas
lentamente. Tal situação levará a aumentar o seu passivo a curto prazo. E se este último cresce
mais rapidamente que o ativo circulante, então o GLG tenderá a registar uma descida, o que
será para os analistas um sintoma de perda de liquidez.

 Liquidez Reduzida
A. C − Existencia
𝐋. 𝐑 =
Passivo de curto prazo
Este indicador dá-nos a conhecer o peso dos stocks na estrutura da empresa, se haver
diferença exagerada entre o valor da liquidez geral e o valor da liquidez reduzida deve-se
acautelar, pois tal facto poderá significar que a empresa esta a produzir para o armazém e não
30
para o mercado. Isto é, a empresa esta a criar stocks (Mortos), que pesam bastante em termos
de custo para a empresa. Considera-se valores ideias para este indicador os que variam entre
0,9 e 1,1.

O cálculo e analise deste rácio é importante, pois as empresas precisam evitar a ilusão causada
pelos stocks (alguns, até, inúteis) sobre a estrutura financeira da empresa.

Assim, a comparação entre o GLC e o GLR permite destacar o peso das existências numa
empresa. Não obstante o ajustamento que é aqui efetuado relativamente ao indicador anterior,
é de referir que os problemas fundamentais que atrás detetamos não são, no essencial,
resolvidos com os rácios de Liquidez Reduzida, até obtermos um outro indicador.

Disponibilidade
𝐋. 𝐑 =
Passivo de curto prazo

Um terceiro indicador de liquidez é o que restringe ainda mais o conceito de ativo líquido,
cingindo-os as disponibilidades e aplicações financeiras de curto prazo de uma empresa (GLI-
grau de liquidez imediata).

Este indicador é utilizado para pretendermos conhecer a aptidão imediata da empresa para
satisfazer os seus compromissos. Para tal, bastará relacionar a disponibilidade com o exigível
a curto prazo. Este indicador isoladamente é de pouca utilidade pois uma situação
desfavorável por ele evidenciada pode resultar de circunstâncias ocasionais.

2.8.4.2.7. Rácios de rentabilidade

A rentabilidade tem a ver com a aptidão da empresa gerar fluxos financeiro (Lucro).de um
modo geral, os rácios de rentabilidade relacionam o resultado (lucro ou prejuízo) com os
capitais que os segregaram. Estes rácios procuram medir os seguintes fenómenos:

 Capacidade da exploração em gerar uma margem líquida (rentabilidade das vendas ou


produção);
 Capacidade dos activos em gerar rendimento (rentabilidade do activo);
 Capacidade da empresa em remunerar os seus accionistas /sócios (rentabilidade dos
capitais próprios);

Rentabilidade dos capitais próprios


31
Relaciona o lucro que a empresa obteve em determinado exercício face aos capitais próprios
que dispunha.

Resultado Líquido
𝐑. 𝐂. 𝐏 = x100
Capitais Propios

É o rácio preferido pelos accionistas e investidores. Permite que o accionista calcule a taxa de
retorno dos capitais que investiu. Comparando esta taxa com as remunerações oferecidas no
mercado de capitais ou custo de financiamento, os detentores das acções nas empresas podem
concluir se o seu capital está a ser bem aplicado ou não.

Em relação a este rácio podem terce-se as seguintes considerações:

 Considera-se como valor razoável para a rendibilidade do capital investido um valor,


pelo menos, igual a taxa de remuneração de depósito a prazo;
 Deveremos considerar o lucro antes ou depois do imposto que incidem sobre o lucro.

Se nos colocarmos do lado da empresa, deveremos considerar o lucro antes do imposto, pois
assim determina-se a rendibilidade obtida como consequência da actividade própria da
empresa. Já se nos colocarmos do lado do investidor, deveremos considerar o lucro depois de
deduzido os impostos e os juros com que se remunerou o capital alheio utilizado de forma a
determina-se a rendibilidade líquida.

 Rendibilidade do activo
Resultado Líquido
𝐋. 𝐑 = x100
Activo Líquido

Mostra o nível de lucro que a empresa obteve por cada 100 kz, investido na aquisição do
activo da empresa. De notar que o activo a considera é o activo líquido, ou seja o activo bruto
depois de deduzir as amortizações e provisões.

Este indicador é importante porque permite analisar a qualidade com que a gestão de fundo é
efectuada. É igualmente importante, pois é a partir dele que se deduz a equação fundamental
da rendibilidade.

𝐋𝐮𝐜𝐫𝐨 𝐋í𝐪𝐮𝐢𝐝𝐨 𝐋𝐮𝐜𝐫𝐨 𝐕𝐞𝐧𝐝𝐚𝐬


= 𝐱𝐋. 𝐑 =
𝐀𝐜𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐋í𝐪𝐮𝐢𝐝𝐨 𝐯𝐞𝐧𝐝𝐚 𝐀𝐜𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐋í𝐪𝐮𝐢𝐝𝐨

32
Assim as rendibilidades de todos os capitais investidos numa empresa dependem, por um
lado, do lucro obtido por cada Kwanza vendido e, por outro, do número de Kwanza vendidos
por cada Kwanza investido. O que quer dizer que a variação da rendibilidade total de uma
empresa se pode dever; ou a alterações nas margens de lucro obtidos nas vendas, ou a
alteração do número de rotação do activo da empresa, ou de ambas.

 Rendibilidade Líquida das vendas


Resultado Líquido
𝐑. 𝐋. 𝐕 = x100
Vendas

Este indicador mede o lucro (prejuízo) da empresa por cada Kwanza vendido. Trata-se de um
indicador fundamental já que o seu valor depende dos dois factores: o factor comercial e o
factor industrial. Na verdade, a rendibilidade das vendas melhora-se se a empresa mantiver o
preço de custo e aumentar o preço de venda (factores comerciais), mais a rendibilidade
também melhora se mantiver os preços de venda e se deduz o custo unitário (factor
industrial).

2.8.4.2.8. Rácios de actividade

Os rácios de actividade destinam-se a medir a eficiência da empresa na utilização dos activos


em sua disposição. Eles enunciam o factor de que a produtividade dos activos depende
completamente da forma como são utilizados e, por isso é da responsabilidade dos gestores
garantir a sua máxima eficiência. Trata-se de um factor da equação fundamental da
rendibilidade e mede a capacidade da empresa para o uso do efectivo dos activos.

Para se melhorar o índice deste indicador, basta que umas das três hipóteses tenham lugar:

 Um aumento nas vendas em relação ao activo pode causar melhorias deste índice;
 Aumentar as vendas mantendo o Activo;
 Um aumento ou manutenção das vendas reduzindo o activo da empresa.

A rotação do activo pode ser analisada em duas perspectivas tal que o activo das empresas se
divide em activo fixo e activo circulante, A razão da análise separada das rotações do activo,
deriva do facto de haver velocidades diferentes nos activos. Como é sabido, o Activo Fixo
tem uma rotação muito mais lenta se comparado com a velocidade dos activos circulantes. Por
isso convenciona-se calcular e analisar estas rotações de modo separado. Há, ainda, que

33
referir dentro do activo circulante analisa-se a rotação das existências ou stocks e, dentro
deles, a rotação das mercadorias, das matérias-primas etc.

 Rotação do activo total


vendas
𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐜𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = Ativo Totalx100

Este indicador dá a conhecer a eficiência com que os activos da empresa são utilizados. O
rácio resultante do cálculo mostra o número de vezes que a empresa conseguiu rodar o Activo
Líquido. Ou seja, o número resultante do cálculo responderá a indagação sobre quantas vezes
o activo total passou pela empresa.

 Rotação do activo fixo


Vendas
𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐜𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐅𝐢𝐱𝐨 = x100
Activo Fixo

Existe uma relação estreita entre a Rotação do Activo Total e a rotação do activo fixo. Pois o
primeiro depende do segundo, por ser o grupo de activos que maioríssimo investimento
incorpora e, por isso, representa um grande peso na estrutura patrimonial da empresa. Através
da análise deste indicador se pode aferir a gestão dos bens da empresa se melhorou ou piorou
na passagem de um exercício para outro. Ao calcular este rácio considera-se, no denominador,
o valor do activo líquido e não do activo bruto.

O número resultante é interpretado da seguinte forma: A empresa melhorou a gestão dos bens
em sua posse, pois este activo passou n vezes pela empresa. Este indicador só e bom se
apresentar índices superiores a 1.

 Rotação do activo circulante


Vendas
𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐚𝐜𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐜𝐢𝐫𝐜𝐮𝐥𝐚𝐧𝐭𝐞 = x 100
Activo circulante

Do ponto de vista prático, este indicador é mais importante que o anterior, uma vez que,
embora tanto o Activo Fixo como o Activo Circulante tenham grandes influências sobre a
rotação do Activo Total, o activo fixo, como já referimos, é de difícil modificação por ter uma
rotação muito lenta cuja alteração, em termos de valores incorporados, implicaria uma
modificação total da estrutura da empresarial. Já os valores investidos em activos circulantes
são de fácil alteração no curto prazo, daí que exijam maior e permanente atenção.

34
No caso anterior, este rácio, também, interpreta-se pelo número de vezes que o bem passa
pela empresa e sempre que o índice for maior, melhor para a empresa.

O cálculo e análise do grau de rotação do Activo Circulante, cinge-se na avaliação da rotação


das Existências ou stocks que, por sua vez exige, as vezes que se separem as existências por
natureza. Assim, calcula-se a rotação das mercadorias e depois a rotação das matérias-primas,
como já foi referido.

 Grau de rotação das mercadorias

Custo das Mercadorias Vendidas


𝐆𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐚𝐬 𝐌𝐞𝐫𝐜𝐚𝐝𝐨𝐫𝐢𝐚𝐬 = x100
Stock inicial + Stock final
2

Este indicador é calculado nas empresas comerciais e mostra a velocidade com que as
mercadorias passam pela empresa, ou seja, a velocidade com que a empresa renova os seus
armazéns de mercadorias. Quanto maior for o índice significará que a empresa renova muitas
vezes as suas mercadorias.

 Grau de rotação dos produtos acabados

Custo dos Produtos Vendidas


𝐆𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐚𝐜𝐚𝐛𝐚𝐝𝐨𝐬 = x100
Stock inicial + Stock final
2

Este indicador mede a eficiência com que a empresa gere os armazéns de produtos acabados.
O indicador pode apresentar valores distintos, conforme o ramo de actividade em que a
empresa está inserida e é calculado nas empresas industriais, aquelas que fabricam produtos
acabados.

 Grau de rotação das matérias-primas

custo das Matérias − Primas consumidas


𝐆𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐑𝐨𝐭𝐚çã𝐨 𝐝𝐚𝐬 𝐌𝐚𝐭é𝐫𝐢𝐚𝐬 − 𝐩𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 = x100
Stock inicial + Stock final
2

Este indicador mede a eficiência com que a empresa gere os armazéns de Matérias-Primas em
seu armazém. O indicador pode apresentar valores distintos, conforme o ramo de actividade
em que a empresa está inserida e é calculado nas empresas industriais, aquelas que
transformam as matérias-primas em produtos acabados.

35
 Tempo médio de permanência

1
𝐓𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐌é𝐝𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐩𝐞𝐫𝐦𝐚𝐧ê𝐧𝐜𝐢𝐚 = x360 dias
Grau de Rotação dos Stocks

Este é um indicador que está intimamente ligado a grau de rotação de stocks e indica de
quantos em quantos dias a empresa renova os seus stocks. O resultado obtido do cálculo deste
rácio indica o número de dias que os bens (Mercadorias ou Produtos) permanecem nos
armazéns.

Para este indicador, quanto menor o número, melhor será para a empresa, pois isto significara
que os bens ficaram poucos dias em armazém. Na verdade, este indicador varia de sector de
actividades. Deste modo, só conhecendo bem o sector de actividade em que a empresa em
analise se encontra se poderá fazer uma correta interpretação. Porém, se pode. Seguramente
afirmar que se houver uma boa gestão dos stocks e uma melhor rentabilidade das vendas, o
número de dias dos bens em armazém tenderá a diminuir.

 Tempo médio de recebimento

A relação entre a empresa e seus clientes passa, basicamente, pelo facto de o cliente poder
obter bens e serviços de seu fornecedor com pagamento a prazo. A empresa fornecedora deve
financiar ao mínimo possível os seus clientes desde que tenham em conta as políticas de
pagamento utilizadas no mercado e as políticas comerciais da própria empresa Assim, este
indicador apresenta uma particular importância, pelo facto de medir o tempo que os clientes
demoram para reembolsarem os valões devidos a empresa.

Saldo inicial + Saldo final de Cliente


𝐓𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐌é𝐝𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐑𝐞𝐜𝐞𝐛𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 = x360 dias
Vendas
Ou

Saldo Médio de Clientes


𝐓𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐌é𝐝𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐑𝐞𝐜𝐞𝐛𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 = x360 dias
Vendas

O resultado obtido deste cálculo dá a conhecer quanto tempo a empresa demora para receber
os valores devidos pelos seus clientes. De notar que para este indicador, quanto menor for o
número de dias, melhor será para a empresa.

36
 Tempo Médio de Pagamento

Saldo Inicial + Saldo final de Fornecedores


𝐓𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐌é𝐝𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐏𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 = x360 dias
2
compras

Para este indicador, contrariamente ao anterior, quanto maior o número de dias melhor será
para a empresa, uma vez que menor tempo significa que os credores reduziram o tempo de
cobrança, o que coloca a empresa numa situação de aperto e desconforto.

37
III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS - Inglês: Interbank Service Company) é a


operadora da rede interbancária angolana de rede de ATMs e terminais de ponto de venda
(POS) para pagamentos automáticos sob a marca Multicaixa . A EMIS é também a câmara de
compensação para esses pagamentos e para operações de débito directo e transferência de
fundos (Giro) para todos os bancos em Angola.

A base legal para a existência e actividade do EMIS é a lei nacional sobre os sistemas de
pagamento angolanos, a Directiva do BNA n.º 9/2011 de 13 de Outubro sobre a
regulamentação dos cartões de pagamento bancário, e várias outras leis e directivas que
regulam sistema financeiro angolano, localiza-se no prestigiado edifício Kimpa Vita, na Rua
Joaquim Kapango, uma das principais artérias da cidade de Luanda.

O projecto nasceu da necessidade da empresa consolidar os seus serviços numa única sede,
potenciando a sua visibilidade nacional. A nova sede é constituída por quatro fracções no piso
3 (700 m2), destinadas aos serviços gerais e duas fracções no piso 4 (400 m2) para a Comissão
Executiva e respectivos serviços de apoio.

O EMIS assume-se como a organização responsável por assumir


a gestão do MULTICAIXA, a rede integrada de ATM e POS comum a todos os bancos
Angolanos, bem como o processamento de transacções na rede VISA.
O principal objectivo estratégico da EMIS é contribuir para a redução dos pagamentos em
cash, ou seja, em dinheiro físico e dessa forma diminuir os elevados custos associados à sua
utilização.

3.1. Objectivos do EMIS, SA

Formar profissionais de qualidade, preocupando-se com o desenvolvimento da experiência


pratica em ambiente profissional e o acompanhamento dos avanços tecnológicos, para que
possam atender as necessidades do mercado de trabalho de forma satisfatória. Posicionar-se
como operador tecnológico de referência de sistema de pagamentos a nível nacional e do
continente africano.

38
3.2. Infra-estrutura

A Nova Sede Interbancária de Serviços, localiza-se no prestigiado edifício Kimpa Vita, na


Rua Joaquim Kapango, uma das principais artérias da cidade de Luanda.

A nova sede é constituída por quatro fracções no piso 3 (700 m2), destinadas aos serviços
gerais e duas fracções no piso 4 (400 m2) para a Comissão Executiva e respectivos serviços de
apoio.

O EMIS mede cerca de 700 m de largura e 400 de cumprimento possuindo assim:

 Refeitório;
 Sala de Reuniões;
 Sector de Recursos Humanos;
 Secretária-geral.

3.3. Missão

Contribuir para a massificação do pagamento electrónico em Angola e para a eficiência geral


do sistema de pagamentos angolano, garantindo segurança, eficácia, comodidade e inovação,
ao menor custo possível.

3.4. Visão

Posicionar-se como operador tecnológico de referência de sistema de pagamentos a nível


nacional e do continente africano.

3.5. Valores

Integridade: Respeitamos os mais elevados padrões éticos.

Cooperação: Reconhecemos na cooperação o sustentáculo de sistemas de pagamento


partilhados.

Orientação para o cliente: Procuramos sempre as versões mais valorizadas pelo cliente final.

Rigor: Cumprimos com rigor os nossos compromissos e prestamos contas de forma regular e
transparente.

Qualidade: Pomos qualidade em tudo o que fazemos.

39
Segurança: Privilegiamos a segurança acima de tudo.

Formação contínua: Acreditamos que o homem é a base do desenvolvimento sustentado.

3.6. Órgãos sociais

3.6.1. Membros do conselho de administração

Presidente do Conselho de Administração (em representação do BNA)

Presidente da Comissão Executiva

Administradores Executivos (integrantes da Comissão Executiva)

Administradores não-Executivos

3.6.2. Mesa da assembleia geral

Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Secretários da Mesa da Assembleia Geral

3.6.3. Membros do conselho fiscal

Presidente do Conselho Fiscal

Vogais do Conselho Fiscal

Comissão de Vencimentos

Coordenador

40
IV. METODOLOGIA

4.1. Tipo de estudo

O tipo de estudo realizado neste trabalho é um estudo de caso da Empresa Interbancária de


Serviços SA (EMIS). Para este estudo utilizou-se a abordagem qualitativa e quantitativo, visto
que feito uma série de cálculos recorrendo-se a fórmulas matemáticas e interpretação dos
resultados obtidos. Quanto aos objectivos, utilizou-se a pesquisa exploratória e descritiva.

4.2. População e amostra

População é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características.


Utilizou-se as demonstrações financeiras da Empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS) de
2016 e 2017.

4.2.1. Critérios de inclusão

 Para este trabalho foram incluídos apenas dados relacionados as demonstrações


financeiras de 2016 e 2017.

4.2.2. Critérios de exclusão

 Não foram considerados os dados ou informações relacionadas as demonstrações


financeiras de 2015 para baixo e de 2018 para cima.

4.3. Métodos a utilizar

O método utilizado para este trabalho é o hipotético-dedutivo,

Pois foram formuladas hipóteses a partir de um problema, a fim de confirmar ou refutar as


hipóteses.

4.4. Procedimentos e instrumentos ou técnicas para a colecta de dados

Os dados necessários para a realização deste estudo e que nos permitiu fazer os cálculos e a
aplicação da análise das demonstrações financeiras foram obtidos na Plataforma do EMIS.
Sendo assim, para esta pesquisa foi utilizado dados secundários, relacionadas as
demonstrações financeiras divulgada pela empresa. Dessa forma, esta pesquisa pode ser
classificada como documental.

41
As demonstrações financeiras utilizadas foram: Balanço Patrimonial e a demonstração de
resultado da Empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS). Estas demonstrações são
referentes ao ano de 2016 e 2017. Para uma maior compreensão do tema e dos conceitos
relacionados ao tema fez-se uma pesquisa bibliográfica, nomeadamente em livros.

4.5. Processamento de dados

Para o presente trabalho, os dados foram processados por meio de mapas, fazendo recurso a
softwares como o excel e o word.

42
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Análise de dados

Tendo em conta o objectivo deste trabalho, que é demonstrar análise económica e financeira
como um instrumento de apoio ao processo de tomada de decisões na empresa EMIS SA.
Para verificação da situação económico e financeira procedeu-se no estudo calculados de
indicadores económicos e financeiros por formas a demonstrar em termos práticos como são
realizados os cálculos e interpretação dos resultados obtidos. Para esse estudo foram utilizadas
as demonstrações financeiras da empresa EMIS, evidenciando passo a passo os cálculos e
interpretação dos valores obtidos nos anos de 2016 e 2017.

 Cálculo e interpretação dos índices de liquidez

Tabela 2. Índices de liquidez

Fórmulas 2016 2017

Liquidez Reduzida=Ativo Circulante -Existencia /Passivo Circulante *100 164,15 108,76


Liquidez Imediata=Disponibilidade/Passivo Circulante*100 54,60 60,32
Liquidez Geral=Ativo Circulante/Passivo Circulante*100 108,76 164,15
Fonte: Elaborado pelo autor com base a empresa EMIS

Gráfico 1: Rácio de Liquidez

Fonte: Elaborado pelo autor com base a empresa EMIS

43
A empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS), apresenta um fraco desempenho quando se
trata de liquidez, situação que pode ser observado na evolução de um ano para o outro, sua
liquidez corrente e geral apesar de ter melhorado em 2017, ainda assim a empresa apresentava
dificuldade para honrar com os seus compromissos a curto prazo.

 Cálculo e interpretação dos índices de endividamento

Tabela 3. Índices de endividamento

FÓRMULAS 2016 2017


Participação de Capitais de Terceiro= (Passivo Circulante +ELP /Total
do Activo) *100 61,13 35,67
Composição do Endividamento= (Passivo Circulante /Passivo
Circulante +PNC) *100 37,79 64,47
Endividamento Geral = (Passivo Circulante +Passivo não Circulante
/Ativo Total) *100 93,72 39,81
Imobilização do Património Líquido = (Ativo não Circulante
/Património Líquido) *100 979,15 96,14
Fonte: Elaborado pelo autor com base a empresa EMIS

Gráfico 2: Índices de endividamento

979,15

93,72 96,14
61,13 64,47
35,67 37,79 39,81

Participação de Composição do Endividamento Geral Imobilização do


Capitais de Terceiro Endividamento Património Líquido
2016 2017

Fonte: Elaborado pelo autor da pesquisa com base a empresa EMIS

44
A empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS), pelos resultados obtidos demonstra que a
sua estratégia de crescimento esta concentrada na captação de capitais de terceiros, com maior
destaque para dívidas de curto prazo, a empresa é totalmente dependente de capital de
terceiros, é necessário que se faça um acompanhamento da participação da dívida de terceiros
pois apresenta valores muito alto.

 Cálculo e interpretação dos índices de rendibilidade

Tabela 4. Índices de rentabilidade

FÓRMULAS 2016 2017


Rentabilidade dos Capitais Própios = (RL/CP) *100 -250,32 14,15
Rentabilidade Líquida das Vendas = (RL/VENDAS)*100 -17,06 8,88
Rentabilidade Operacional do Ativo = (RO/AT)*100 8,36 20,74
Rentabilidade Operacional das Vendas = (RO/VENDAS)*100 9,08 21,63
Fonte: Elaborado pelo autor com base a empresa EMIS

Gráfico 3: Rácio de rentabilidade

14,15 20,74 21,63


8,88 8,36 9,08

Rentabilidade dos Rentabilidade Líquida Rentabilidade Rentabilidade


Capitais Própios == -17,06
das Vendas Operacional do Ativo Operacional das
Vendas

-250,3169796

2016 2017

Fonte: Elaborado autor da pesquisa com base a empresa EMIS

A Empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS), em termos de rentabilidade demonstrou ser


uma empresa pouco rentável nos anos de 2016 e 2017,por culpa também do aumento que se
verificou em termos de custos ao longo dos dois anos.
45
 Balanço Funcional da Interbancária de Serviços SA (EMIS)

Tabela 5. Balanço funcional

Exercícios
Nº Descrição 2016 2017
1 Capital Próprio 364 475 507,00 4 133 633 430,00
2 Capital alheio estavel 3 384 488 659,00 971 542 225,00
3 Capitais Permanetes (1+2) 3 748 964 166,00 5 105 175 655,00
4 Activo Fixo 3 568 771 906,00 3 974 128 661,00
5 Fundo de Maneio (3-4) 180 192 260,00 1 131 046 994,00
6 Cliêntes 1 005 436 636,00 1 765 753 428,00
7 Existência - -
8 Adiantamento a Fornecedores - -
9 Estado e outos entes Públicos
10 Outros Devedores de Exploração 108 553 146,00 64 798 041,00
11 Necessidades Cíclicas (6+7+8+9+10) 1 113 989 782,00 1 830 551 469,00
12 Fornecedores
13 Adiantamento de Clientes - -
14 Estado e outros entes públicos(a pagar)
15 Outros Credores de Exploração 754 189 324,00 637 675 000,00
16 Recursos Cíclicos (12+13+14+15) 754 189 324,00 637 675 000,00
17 Necessidade de Fundo de Maneio(11-16) 359 800 458,00 1 192 876 469,00
18 Tesouraria Líquida (5-17) - 179 608 198,00 - 61 829 475,00
Fonte: Elaborado pelo autor com base a empresa EMIS

 Análise vertical e horizontal das demonstrações financeiras da Interbancária de


Serviços SA (EMIS)

A análise vertical tem como objetivo verificar a estrutura de cada item dentro das
demonstrações financeiras, e o acompanhamento da sua evolução ao longo do tempo.

Análise horizontal também tem como principal enfoque o acompanhamento dos itens que
constam nas demonstrações financeiras e sua evolução ao longo do tempo. Verificando se
houve crescimento ou decrescimento de um mesmo item a cada período.
46
Tabela 6. Análise vertical e horizontal do balanço Patrimonial da EMIS, SA

Nota Exercicios
Designação 2016 2017
ACTIVO AV % AV % AH %
Activo não Corrente 4
Imobilizações Corpóreas 3 226 463 441,00 55,57 3 682 934 927,00 53,62 14,14
Imobilizações incorpóreas 342 308 465,00 291 193 734,00 4,24 -15
Investimento em subsidiarias e associadas - - 0 0
Outros Activos Financeiros
TOTAL DO ACTIVO NÃO CORRENTE 3 568 771 906,00 3 974 128 661,00
Activo Corrente
Existencia
Contas a Receber 1 005 436 636,00 17,32 1 765 753 428,00 25,71 75,62
Disponibilidade 1 122 983 596,00 19,34 1 063 580 797,00 15,49 -5,28
Outros activos correntes 108 553 146,00 1,87 64 798 041,00 0,94 -40,3
TOTAL DO ACTIVO CORRENTE 2 236 973 378,00 2 894 132 266,00
TOTAL DO ACTIVO 5 805 745 284,00 100,00 6 868 260 927,00 100
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio
Capital 1 148 384 077,00 21,11 4 332 597 322,00 158,43 277,27
Reservas 75 136 098,00 1,38 75 136 098,00 2,75 0
Resultados Transitados 53 299 409,00 0,98 - 859 044 669,00 -31,41 -1711,73
Resultados do Exercícios - 912 344 078,00 -16,77 584 944 678,00 21,39
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 364 475 506,00 4 133 633 429,00
PASSIVO NÃO CORRENTE
Empréstimos de Médio e longo prazo 3 343 854 713,00 61,45 687 005 880,00 25,12 -79,45
Impostos Diferidos
Provisões para Pensões
Provisões para outros riscos e encargos 40 633 946,00 0,75 284 536 345,00 10,40 600,24
Outros passivos não correntes
TOTAL DO PASSIVO NÃO CORRENTE 3 384 488 659,00 971 542 225,00
PASSIVO CORRENTE
Contas a Pagar 1 302 591 794,00 23,94 1 125 410 272,00 41,15 -13,6
Empréstimos de curo prazo
Parte corrente do empéstimo de M/LP 506 353 848,00 9,31 443 502 940,00 16,22 -12,41
Outros passivos correntes 247 835 476,00 4,55 194 172 060,00 7,10 -21,65
TOTAL DO PASSIVO CORRENTE 2 056 781 118,00 1 763 085 272,00
TOTAL DO PASSIVO 5 441 269 777,00 2 734 627 497,00
TOTAL CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO 5 805 745 283,00 6 868 260 926,00
Fonte: Elaborado pelo autor da pesquisa com base a empresa EMIS

A empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS), apresenta uma vária nos seus valores, isto é
de 2016 e 2017, na perspectiva da análise vertical e horizontal.
47
Tabela 7. Análise vertical e horizontal da demonstração de resultados da EMIS, SA

Exercícios

Designação Nota 2016 AV % 2017 AV % AH


Vendas 23 5 203 938 802,00 100 6 369 361 259,00 100 22,39
Prestações de Serviços 24 144 128 784,00 2,77 215 849 067,00 3,39 49,67
Outros Proveitos Operacionais -
5 348 067 586,00 6 585 210 326,00
Varições nos Prod Acabados em via de Fabrico
Trabalhos para própria empresa
CMV e das mat primas e subs consumidos
Custo com o Pessoal 28 1 301 902 727,00 25,02 1 477 602 510,00 23,20 13,50
Amortizações 29 421 964 566,00 8,11 413 223 017,00 6,49 -2,07
Outros Custos e Perdas Operacionais 30 3 138 638 523,00 60,31 3 270 244 641,00 51,34 4,19
4 862 505 816,00 5 161 070 168,00
Resultados Operacionais 485 561 770,00 1 424 140 158,00

Resultados financeiro 31 - 1 296 176 026,00 -24,91 - 153 690 110,00 -2,41 -88,14
Resultados de filiais e associados
Resultados não Operacional 33 - 6 867 749,00 -0,13 - 328 414 755,00 -5,16 4691,98
- 1 303 043 775,00 - 482 104 865,00 -7,57 -63
Resultado antes do Imposto - 817 482 005,00 942 035 293,00
Resultado sobre o Rendimento 35 - 94 862 073,00 -1,82 - 357 090 615,00 -5,61 276,43
Resultados Líquido das Actividades Correntes - 912 344 078,00 -17,53 584 944 678,00 9,18 -164,11
Resultados extraordinários 34
Imposto sobre o Rendimenro
Resultado Líquido do Exercícios - 912 344 078,00 584 944 678,00
Fonte: Elaborado pelo autor da pesquisa com base a empresa EMIS

A empresa Interbancária de Serviços SA (EMIS), em termos de custos e proveitos houve uma


variação ao longo dos anos de 2016 e 2017.

48
VI. CONCLUSÕES

Partindo do objectivo primordial deste trabalho, pude constatar que a análise económica e
financeira é sem dúvida um instrumento de extrema importância para o processe de tomada de
decisão, tanto para os gestores como para os utentes externos. É importante frisar que em
termos conceituais, a visão obtida da análise económica e financeira, contribui para o
aprimoramento do processo de gestão da empresa, baseando-se em informações financeiras,
uteis e credíveis é possível conhecer a situação económica e financeira da empresa e detectar
tendências futuras. Feita esta análise minuciosa.

Os índices de liquidez apresentam valores superiores de 1, demonstrando a capacidade da


empresa em honrar com os seus compromissos.

Em relação ao índice de endividamento, a empresa tem como estratégia a captação de capitais


de terceiros, com maior enfoque para a dívida de curto prazo, o que tornou a empresa
totalmente dependente.

Quanto a rentabilidade a empresa apresentava uma situação preocupante, visto que a empresa
foi baixando de rendibilidade de um ano para o outro, apresentando retornos muito baixo, o
volume de vendas diminuiu para 22,39% em relação ao período de 2016.

Concluindo esta pesquisa, posso afirmar que os objectivos foram globalmente atingidos, de
salientar que a análise económica e financeira pode contribuir para a melhoria da gestão da
EMIS devido a apresentação dos índices económicos e financeiros que reflecte a realidade da
empresa e devido a implantação desta ferramenta para a tomada de decisão.

49
VII. RECOMENDAÇÕES

Com base o estudo feito recomendamos que a EMIS deve compreender o seguinte:

 Evidenciar estratégias que possam alavancar a liquidez da empresa de maneira a poder


solver com os seus compromissos a curto, médio e longo prazo;
 Por outra a empresa deve assim dispor de meios suficientes para que se torne
independente porque uma empresa nesta dimensão não pode depender de valores de
terceiros para o seu funcionamento;
 No entanto é recomendável que as empresas que querem ter ou alcançar o sucesso,
tenham como um dos principais elementos a utilização da análise das demonstrações
financeiras, pois, estas ferramentas quando bem utilizadas, permitem a verificação da
situação económico-financeiro da empresa, e consequentemente auxiliam na tomada
de decisões;
 Atendendo a actual situação em que vivemos no país onde a concorrência é cada vez
mais forte e a busca pela competitividade é uma necessidade constante;
 As empresas necessitam de informações precisas e oportunas para apoiar o processo
de tomada de decisão.

50
VIII. BIBLIOGRAFIA

AIRES, Lousã; CRISTINA, Salgueirinha. A Contabilidade e a Gestão Diária Carrilho, P.


Elementos de Analise Financeira. Lisboa: publisher team.2005.

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.

ENCARNAÇÃO, Carina. Indicadores Económico-Financeiros: os impactos da alteração


normativa em Portugal. Lisboa: Dom Quixote, 2016.

CARILHO, L. et al. Elementos de Análise Financeira. Editora, Publisher Team, 2ª Edição,


2008.

CARVALHO, C. e MAGALHÃES, G. – Análise Económica e Financeira de empresas. Ed.


Universidade católica 3ª edição, 2005.

FERNANDES, Agostinho. Gestão Financeira. Vida Económica, Editorial SA. Porto.2012.

FRANCO, Hilário. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15ª ed. São Paulo:
Atlas, 1992.

FRANCISCO, Carlos et al. Introdução à Metodologia de Investigação Cientifica. Luanda-


Angola: 1ª Ed. Luanda: Bc Livtec, Lda., 2017.

ILDA, S. A. Managerial Economics and Financial Analysis. New Delhi: New Age
International (P) Ltd, 2005.

JAMIE, Katumbela. Contribuição à História Económica de Angola. Luanda: Imprensa


Nacional de Angola, 2014.

MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial.


5ª Ed., São Paulo: PUC, 2002.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6.


ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MENEZES, H. Caldeira. Princípios de Gestão Financeira. Lisboa: Editorial Presença, 1996.

MARTINS, A. Introdução a análise financeira de empresa. 2ª Edição Ed. Brasil: Vida


Economia, 2003.

51
NABAIS, C. & Nabais, Práticas Financeira-Análise Económica e Financeira.7ª ed. Brasil:
Fidel Edições Técnicas, 2011.

PADOVEZE, C. L. Analise das Demonstrações Financeiras. 2ª Ed. São Paulo: Thomson


Learning, 2007.

MALAQUIAS Gestão Financeira: Vida Económica, Editorial SA. Porto.2016.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MARION,D. Analise Financeira.1ª Ed .São Paulo.Atlas,2000.

MESQUITA, Tatiana. Projecto de Mestrado em Finanças e Controlo Empresarial. Área


Científica: Contabilidade. Lisboa: ISCTE, 2016.

NEVES, Domingos. Gestão Financeira. Brasil: São Paulo: Atlas,2009.

PINHO, C. S. Analise financeira e Mercados. Lisboa: Ed. SA. ISBN, 2009.

SANTOS, C. Analise de balanços. Ed; Coimbra: Reis dos livros, 1997.

SANTI FILHO, Armando & OLINQUEVITCH, José Leónidas. Análise de Balanços para
Controle Gerencial. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 1993.

SILVA, D. Gestão Financeira. Lisboa: Grafica de Coimbra, Universidade Aberta. 1996.

SILVA, Eduardo Sá; QUEIRÓS, Mário. Gestão Financeira: Análise de Investimentos.


Vida Económica, Editorial SA. Porto.2015.

SILVA, J. P. Analise Financeira das Empresas. Brasil: São Paulo: Atlas, 2003.

SILVA, A. A. Estrutura, analise e interpretação das demontrações contabies. 2º ed. São


Paulo: Atlas, 2008.

www.emis.co.ao, consultado no dia 26 de Novembro de 2020.

52
APÊNDICES

I
Apêndice A: Carta de Pesquisa

II
Apêndice B: Carta de autorização da EMIS, SA.

III
ANEXOS

IV
Anexo I – Balanço e Demonstração de Resultados

V
Anexo II – Capital Próprio e Passivo

VI
Anexo III – Demonstração de Resultados

VII

Você também pode gostar