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DEDICATÓRIA
Este trabalho não seria concluído se não recebesse o apoio dos meus pais que
incansavelmente deram-me os valores morais e financeiros que foram os pilares para a
conclusão deste trabalho. É por esta razão que dedico este trabalho especialmente a minha
mãe que tem sido o meu suporte durante percurso da minha formação. Aprender a cada dia
mais e mais e voltar para casa com o fruto saboroso colhido com muito sacrifício.
“Kanda Miala”
II
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecemos a DEUS por ter nos guiado nessa tarefa árdua e dado
luz e força que nos ajudaram bastante para a realização deste trabalho.
Os agradecimentos são extensivos aos meus Pais Nzinga Simão e Tazi Albertina
Ambrósio Capitão, à minha mãe grande Massinda Maria Ambrósio que durante os meus 4
anos de formação cuidou-me, e que lutou de forma incansável para que em casa não falte
nada.
Outrossim, agradeço aos meus irmãos, primos, família em geral, minha namorada, os
meus colegas do 1º ano de 2018 até 4º ano de 2021/2022.
III
EPÍGRAFE
The Flash
IV
RESUMO
ABSTRACT
The present work portrays the measurement of the cost of living in Angola: Inflation
versus GDP whose objective is to empirically determine the influence of GDP behavior on the
cost of living of Angolans, within the scope of use of the research carried out, we use research
methods and techniques such as the inductive, statistical and techniques such as bibliographic,
documental and experimental, having found that a recession situation increases the cost of
living of the population, that is, if the GDP variation is negative, it will result in an increase in
inflation. However, in order to reach this conclusion, a statistical-mathematical model was
developed. In estimating this model, the results indicate that GDP variation plays a
preponderant role in the formation of inflation, explaining it at a level of 54% and
demonstrating the degree of unilateral causality. And if this variation translates into economic
growth, inflation tends to go down. Now, the tests also made it possible to determine that it is
GDP that influences inflation and not the other way around. For this reason, the BNA began
to implement various restrictive monetary and exchange rate policy measures, in coordination
with fiscal policy, in order to seek to soften the adverse effects resulting from the recession
that was experienced in a good part of the period under analysis. . In terms of monetary
policy, emphasis should be given to the worsening, on several occasions, of reference interest
rates and the increase in the compulsory reserve coefficient for deposits in national currency,
with regard to exchange rate policy, in recent years it has been marked by the sharp
devaluation of the kwanza against the dollar and the euro.
ÍNDICE GERAL
DEDICATÓRIA...................................................................................................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................................................................................II
EPÍGRAFE .............................................................................................................................................................................................III
RESUMO.................................................................................................................................................................................................IV
ABSTRACT..............................................................................................................................................................................................V
ÍNDICE GERAL..................................................................................................................................................................................VI
LISTAS DE TABELAS.................................................................................................................................................................VIII
LISTAS DE GRÁFICOS..................................................................................................................................................................IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................................................X
0 INTRODUÇÃO GERAL.........................................................................................................................................................1
0.1 Anúncio do Tema ......................................................................................................... 2
0.2 Interesses do Tema ............................................................................................................ 2
0.3 Problemática ..................................................................................................................... 2
0.4 Hipótese ............................................................................................................................ 3
0.5 Objectivos ......................................................................................................................... 3
0.6 Metodologia ...................................................................................................................... 4
0.7 Estrutura do trabalho ......................................................................................................... 4
0.8. Fontes Relevantes ............................................................................................................ 5
0.9- Dificuldades ..................................................................................................................... 6
CAPÍTULO I - GENERALIDADES CONCEPTUAIS......................................................................................................7
I.1 Produto Interno Bruto ........................................................................................................ 7
I.2 Conceito de Inflação ........................................................................................................ 14
I.2.1 Índice de Preços no Consumidor .............................................................................. 14
I.2.2 Taxa de Inflação ........................................................................................................ 15
I.2.3 Classificação da Inflação .......................................................................................... 16
I.2.4 Expectativas de Inflação e o Papel da Meta de Inflação ........................................... 18
I.2.5 Consequências da Inflação ........................................................................................ 19
I.3 Conceito de Custo de Vida .......................................................................................... 21
CAPÍTULO II – SITUAÇÃO ECONÓMICA ANGOLANA....................................................................................... 24
II.1 Contexto Geo-histórico de Angola................................................................................. 24
II.2 Contexto Macroeconómico até aos Dias de Hoje .......................................................... 25
II.3 Evolução do PIB ............................................................................................................ 28
II.3.1 VAB, Emprego e Produtividade .............................................................................. 31
II.4 Evolução da Inflação ...................................................................................................... 32
II.5 O Custo de Vida em Angola .......................................................................................... 33
II.5.1 Análise dos Preços dos Bens e Serviços .................................................................. 35
II.5.2 O custo de vida em Angola: Factores e Impactos de 2011 a 2021 .......................... 37
VII
LISTAS DE TABELAS
LISTAS DE GRÁFICOS
A - Amortização
AR (1) – Auto Regressivo de Primeira Ordem
ARCH – Auto Regressive Condicional Heteroscedasticity
BLUE – Best Linear Unbiased Estimator
C – Consumo
CEIC-UCAN – Centro de Estudo e Investigação Cientifica-Universidade Católica de Angola
COVID-19 - Coronavirus Disease 2019
DN – Despesa Nacional
DW – Durbin-Watson
FBCF – Formação Bruta em Capita Fixo
FMI– Fundo Monetário Internacional
G – Gastos
I – Investimento
IDR – Inquérito Sobre Despesas e Receitas
Imp.Ind. – Imposto Indirecto
INE– Instituto Nacional de Estatística
IPC– Índice de Preços no Consumidor
J – Juros
M – Importação
MCRL – O modelo clássico de regressão linear, gaussiano ou padrão
MELNV – Melhores Estimadores Lineares Não-Viesados
MINFIN – Ministério das Finanças,
MQO – Mínimo Quadrado Ordinário
P – Proveito
PIB – Produto interno Bruto
PIB – Produto Interno Produto
PNB – Produto Nacional Produto
R – Renda
R2– Coeficiente de Determinação
RLE – Renda Liquida do Exterior
RN – Renda Nacional
USD – United States Dolar
VAB – Valor Acrescentado Bruto
W – Salário
X – Exportação
1
0 INTRODUÇÃO GERAL
Entre 2010 e 2014 houve uma redução da inflação, seguida de uma subida
considerável em 2015, devido à escassez de divisas decorrente da redução do preço do
petróleo no mercado internacional. Sendo a economia angolana muito dependente de
importações, a subida da taxa de câmbio acaba por influenciar os preços ao consumidor.
A queda do preço do petróleo (Brent) desde 2014, impactou as demais variáveis como
no caso da taxa de câmbio, que devido a redução da disponibilidade em moeda externa
influenciou a taxa de inflação, pela subida do índice de preços ao consumidor, tendo em conta
a dependência das importações para consumo, inclusive de produtos da cesta básica.
1
SOKI, Johny Roberto, Métodos de Previsão da Taxa De Inflação de Angola, Inédito, Universidade de Lisboa,
lisboa, 2018, p.9
2
MORAIS, Otília de, A Diversificação da Economia em Angola, Inédito, Universidade de Lisboa, lisboa, 2019,
p.15
2
Outro ponto importante a enfatizar é que a inflação é um elemento que corrói o poder
de compra das famílias, das quais grande parte tem como única fonte renda seu próprio
salário3.
0.3 Problemática
Costuma-se citar a inflação e a recessão como duas principais causas, que estão
levando o país a sobressaltos as mais catastróficas consequências económicas, financeiras e
sociais. Uma economia em recessão e com constantes aumentos nos preços revela problemas
na estrutura da economia tais como aumento da taxa de juro, aumentos dos riscos dos
investidores, Desvalorização da moeda local (Kwanza) em relação as principais moedas de
relevância internacional, aumento dos preços dos bens e serviços importados, diminuição dos
investimentos no sector produtivo, Clima económico desfavorável, Aumento da especulação
financeira e aumento do desemprego.
Um dólar (504,37kz)4 nos dias de hoje, não compra tanto quanto comprava há quinze
anos. O custo de quase todos os bens e serviços aumentaram. Esse aumento no nível geral de
3
BARBIERI, Gismara C., OLIVEIRA, Jaqueline S., LIMA, Edy Carlos S. de, Inflação no Preço da Cesta
Básica: A Influência da Pandemia do Coronavírus No Preço Da Cesta Básica, IN: Revista de Agronegócio –
Reagro, Jales, v.9, n.2, p. 14-28, (S/L), jul./dez. 2020, p.14
3
preços por ser contínuo e generalizado é tido como inflação, e é uma das principais
preocupações dos economistas e dos formuladores de políticas.
0.4 Hipótese
Hipótese é a suposição de algo que pode (ou não) ser verosímil, que seja possível de
ser verificado, a partir da qual se extrai uma conclusão. Nas pesquisas científicas e
acadêmicas, por exemplo, uma hipótese corresponde a uma possibilidade de explicação sobre
determinada causa de estudo5. Tentamos responder à questão fazendo a referencia ao
problema sobre o custo de vida em angolana, da seguinte forma:
H0: O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não tem influência significativa sobre o
custo de vida, medido pela taxa de inflação, em Angola, no período de 2011 a 2021.
H1: O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tem influência significativa sobre o custo
de vida, medido pela taxa de inflação, em Angola, no período de 2011 a 2021.
0.5 Objectivos
Os objectivos são os propósitos que se pretendem atingir, com base nos fundamentos e
problemas apresentados6. A seguir são apresentados os objectivos que fundamentam o
desenvolvimento do presente trabalho, sendo divididos em geral e específicos.
4
Câmbio USD-KZ, cotação de 17/12/2022.
5
SIGNIFICADOS, O que é uma Hipótese? Disponível em <https://www.significados.com.br/hipotese/> acesso
em 07 de Novembro de 2022
6
CIPRIANO, Sony Cambol, Seminário de MIC para Elaboração do Trabalho de Fim de Curso e Projecto de
Investigação, Inédito, F.E, Universidade Kimpa Vita, Uíge, 2018, p. 26
4
0.6 Metodologia
Este trabalho foi baseado no estudo de método indutivo que foi responsável pela
generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral 7 ou
com base os dados específicos, podesse observar padrões e tendências e, a partir daí,
generalizar e tirar conclusões gerais sobre a relação entre as variáveis. Método de
interpretação, pois esse consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições que
estão apoiadas na análise da produção no espaço.
Nos apoiamos ainda mais em outro método como estatístico que nos ajudou na
quantificação e qualificação de informações, delimitação das conclusões que se tornaram
verdadeiras.
0.9- Dificuldades
Como qualquer trabalho científico na sua elaboração esta sujeita a encontrar várias
dificuldades e obstáculos, no âmbito da realização deste estávamos cientes que não estaríamos
a par dos mesmos, entretanto as várias dificuldades vivenciada no momento da realização
deste trabalho foram de várias ordens, desde o acesso aos dados oficiais e financeiro.
7
O contexto todo sobre a fundamentação teórica será desenvolvido neste capítulo, mais
especificamente, o capítulo é resultado do desenvolvimento da teória económica sobre PIB,
Inflação e outros assuntos intrinsecamente relacionados a esses temas.
O produto interno bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos e
representados por seus respectivos valores monetários (ou seja, valores expressos em uma
determinada moeda), em uma determinada região, durante um determinado período9.
9
SILVA, Francisco G. da, MARTINELLI, Luís Alberto Saavedra, Introdução à Economia, Instituto Federal de
Educação, Ciência E Tecnologia, Paraná, 2012, p. 77
10
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.1
8
valor e a renda implica uma despesa de igual valor. Deste modo, o resultado do PIB pode ser
medido segundo três ópticas:
PIB = ∑ VAB
Está óptica, permite saber a utilização da renda nacional quer seja no consumo ou na
poupança. A Despesa Nacional é a soma de todas despesas efectuadas para compra dos
11
INE Portugal, Op. Cit, p.2
12
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.21
9
produtos acabados num determinado período de tempo. gasto dos agentes económicos com o
produto nacional. Revela quais são os sectores compradores do produto nacional13.
Assim sendo, segundo esta óptica o PIB é a soma das despesas de consumo final das
famílias residentes, das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias (a soma destes
dois agregados corresponde à designação numa terminologia mais simples de consumo
privado) e das administrações públicas (neste caso também habitualmente chamado consumo
público) com o investimento e as exportações líquidas de importações14;
DN=PIB= C + G +I + X – M
O PIB é por outro lado a soma das remunerações do trabalho, dos impostos líquidos,
de subsídios sobre a produção e importação e do excedente bruto de exploração.
Está óptica, tenta de indicar a repartição da renda nacional entre as diferentes classes
sociais de um país ao longo de um período. A Renda Nacional é a soma das remunerações
atribuída a todos factores de produção ao longo de um determinado intervalo de tempo.
Geralmente distingue-se dois tipos de factores de produção que são: trabalho e capital, e
geram dois tipos de renda: salários e os proveitos15.
13
VASCONCELLOS, Marco Antonio S., GARCIA, Manuel Enriquez, Fundamentos de Economia, 3ª Edição,
Editora Saraiva, S/L, S/D, p.82
14
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.2
15
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.22
10
renda produzida pelo Governo que é gerada pela taxa de imposto indirecto calculado sobre o
processo de produção e de distribuição, quer dizer, a soma das taxas de impostos sobre as
vendas assim como as tarifas sobre as importações, deste modo:
RN=PIB= W + P + R + A + J + Imp.Ind.
Assim, é possível haver um aumento do PIB nominal mesmo que haja uma queda na
produção real em virtude da inflação (aumento do Nível Geral dos Preços). Assim, o PIB
nominal não é uma variável útil para análises económicas, como por exemplo, a análise do
crescimento económico do país em determinado período de tempo.
O PIB real, também chamado de PIB em moeda constante, indica a produção de bens
e serviços finais de uma economia avaliada aos preços de um mesmo período. Dessa forma,
um eventual aumento do Nível Geral dos Preços não é computado no PIB real. A análise do
PIB real permite ter uma ideia mais precisa da evolução do nível de produção da economia,
considerando apenas as variações dos preços relativos dos bens e serviços produzidos no
período.
Para o cálculo do PIB real, escolhe-se um ano qualquer que passa a ser chamado de
ano base. A partir daí, congelam-se os preços do ano base e avalia-se a produção dos demais
anos sempre no mesmo nível de preços, o que faz com que a inflação seja expurgada do
cálculo do produto real.
𝑃𝐼𝐵𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑃𝐼𝐵𝑟𝑒𝑎𝑙 =
𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑃𝐼𝐵
16
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.39-40
11
A Contabilidade Nacional estabelece uma lista dos bens e serviços que podem ser
disponíveis num país, esta disponibilidade resulta da produção interna da importação19.
1º. Utiliza-lo na produção para facilitar a produção de outros bens e são chamados consumos
intermediários;
2º. Outros bens são destinados ao consumo final para satisfazer as necessidades da sociedade
e são chamados de consumo final;
17
VASCONCELLOS, Marco Antonio S., GARCIA, Manuel Enriquez, Fundamentos de Economia, 3ª Edição,
Editora Saraiva, S/L, S/D, p.87
18
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.3
19
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.39
12
3º E finalmente são destinados como acumulação para aumentar o património das empresas
em termos de investimentos e são chamados de FBCF, e para os bens não duráveis são
chamados de acréscimo de stock.
Para que haja melhorias nos níveis de vida das populações é importante que partimos
do crescimento económico como o objectivo central de todas as políticas implementadas por
qualquer país, nesta senda há países que no uso das suas políticas obtêm resultados muito
mais satisfatório para as suas economias, e estes países têm servido de exemplo para os países
que têm níveis de crescimento menos acelerado.
20
Este texto de apoio (1E207 Macroeconomia II, FEP-UP, 2009-10)
21
SAMUELSON Paul A.; NORDHAUS William D., Economia, 18ª ed, McGrawHill Editora, Madrid, 2005,
pp.555-557.
13
Recursos Naturais: trata-se de bens que a natureza oferece, nomeadamente a terra, recursos
hídricos, minerais, combustíveis, qualidade ambiental e outros. São factores que se usados com
bastante eficiência leva a que os países atinjam níveis de crescimento próspero.
Formação de Capital: incluem não só bens tangíveis (máquinas, infra-estruturas), mas
também bens intangíveis (caso dos softwares com tecnologias super avançadas).
A crítica do PIB, antes de mais, também deve ser associada a nomes como Amartya
Sem e outros economistas por não abranger dimensões essenciais da natureza humana e da
vida social como a saúde, a esperança de vida e a qualidade da vida; entre outros aspectos.
Neste enquadramento, colocam-se os debates sobre os indicadores do desenvolvimento
humano que tentam remediar à estreiteza do vector monetário do PIB. Para avaliar a procura
de bens tecnológico e mais elaborados, avalia-se a procura também na base do PIB per capita
e as grandes cidades em que a maioria da população situa-se acima de um certo patamar. Pode
ainda haver necessidade de estimar o bem-estar (well-being) e nestecaso o PIB per capita
pode ser complementado pelo IDH que mede a qualidade de vida (ou bem-estar) na base do
PIB, da esperança de vida e do nível educacional.
22
Gordon, “Macroeconomics”, 10th ed., Addison-Wesley, 2005
14
A inflação pode ser definida como uma alteração percentual nos níveis de preços, de
bens internos e externos, que será utilizada a média desses preços23.
Em Angola, como na generalidade dos países, a inflação é medida com base no índice
de Preços no Consumidor (IPC). Para tal:
• Define-se um cabaz representativo das compras dos angolanos, composto pelos bens e
serviços que estes adquirem habitualmente;
• Estes bens e serviços são ponderados em função da sua importância nos respetivos orçamentos
familiares;
• O valor do IPC corresponde ao valor deste cabaz representativo.
Para calcular a inflação utiliza-se uma variação mensurada pelo Índice de Preços ao
Consumidor (IPC), que é a média de preços de varejo de uma cesta de mercado fixa que
abrange bens e serviços.26
23
Segundo SANCHS, em (2000, apud ANDERSON, 2010, P.10)
24
Para FRIEDMAN, em (1969, apud ANDERSON, 2010, p.10)
25
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO FINANCEIRA, Inflação e Desemprego, S/L, S/D, p.03
26
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO FINANCEIRA, Inflação e Desemprego, S/L S/D, p.
15
Existe uma infinidade de preços específicos numa economia. Esses preços estão
sujeitos a movimentos contínuos que, basicamente, reflectem as variações na oferta e na
procura de bens e de serviços específicos. Obviamente que não é nem viável, nem
conveniente, ter todos estes preços em consideração, mas, ao mesmo tempo, também não é
apropriado analisar apenas alguns deles, dado que podem não ser representativos do nível
geral de preços.
• A taxa de variação mensal do IPC compara o valor do índice de preços entre dois meses
consecutivos.
• A taxa de variação homóloga do IPC compara o valor do índice de preços entre o mesmo mês
de anos consecutivos.
• A taxa de variação média do IPC dos últimos doze meses compara o valor médio do índice de
preços nos últimos doze meses com o valor médio deste índice nos doze meses imediatamente
anteriores.
A Inflação pode ser mensurada pela variação do nível geral de preços da economia em
um determinado momento, que é demonstrado pela equação abaixo28:
(𝐼𝑃𝐶𝑡 − 𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1)
𝑃𝑡 = 𝑥 100
𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1
Onde: Pt: Taxa de Inflação no período t; IPCt: índice de preços ao consumidor no fim do
período t e Pt – 1: índice de preços ao consumidor no fim do período anterior ao período t.
27
INE, Folha de Informação Rápida N.º 12_IPC Nacional Dezembro 2020, pp. 7-9
28
TEAMAFTERMARKET, Fórmula de inflação, Disponível em < Fórmula de inflação | Guia passo a passo
para calcular a taxa de inflação (teamaftermarket.com)> acesso ao 20 de Junho de 2023
16
Segundo Pinto (2004) a inflação pode ser classificada em quatro tipos diferentes,
nomeadamente a inflação pela demanda, inflação pelos custos, inflação inércia e a inflação
estrutural29.
Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada, e tendo
em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política económica que
a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos), a política
preconizada para combatê-la assenta-se em instrumentos que provoquem uma redução da
procura agregada por bens e serviços. O governo pode agir tanto directa como indirectamente
para reduzir o processo de inflação de demanda. A atuação direta dá-se pela redução dos
próprios gastos do governo. Evidentemente, a redução dos gastos do ´´principal comprador"
de bens e serviços tem um efeito imediato e eficaz sobre a demanda agregada. A atuação
indireta do governo ocorre por meio de políticas que desencorajam o consumo e o
investimento privado. Por exemplo, pode implementar uma política monetária que procure
restringir a quantidade de moeda e de crédito, ou então uma política fiscal que provoque um
aumento da carga tributária, tanto sobre bens de consumo como sobre bens de capital31.
Esse tipo de inflação tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na
economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos factores
importantes aumentam, levando à retracção da oferta e provocando um aumento dos preços de
mercado.
29
Segundo PINTO, em (2004, apud ANDERSON 2010, p.11)
30
E. Shapiro, Análise macroeconômica, São Paulo, Atlas, 1976, p. 664.
31
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.5
17
Agora, por outro lado, se sindicatos com maior poder de barganha são capazes de
forçar um aumento de salários a níveis acima dos índices de produtividade, os custos de
produção de bens e serviços aumentam. Se os preços dos produtos finais seguem os custos de
produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento
de salários)33. A inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas, com
elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus lucros acima do
aumento dos custos de produção. Nesse sentido, a inflação de custos também é conhecida
como inflação de lucros.
32
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.8
33
O termo reajuste salarial denota tratar-se de uma recomposição do poder aquisitivo perdido com a inflação
anterior. Nesse sentido, o aumento de salários é conseqüência, e não causa, da inflação (a menos que o reajuste
salarial supere os índices de produtividade). Agora, se o diagnóstico for de inflação de demanda, mesmo que os
reajustes apenas recomponham o poder aquisitivo dos assalariados, o combate a essa inflação torna-se um pouco
mais complexo, já que, por ocasião dos reajustes, a demanda agregada deve novamente se elevar, e
provavelmente realimentar os índices de inflação, gerando uma corrida entre preços e salários (a não ser que a
política antiinflacionária procure concentrar-se na diminuição da demanda de outros agentes econômicos, por
exemplo, reduzindo lucros, e/ou gastos públicos).
18
A utilização de uma meta para a inflação serve como um guia para formação das
expectativas de inflação, que, em última instância, induz a taxa de inflação observada a
convergir para a meta.
Os agentes económicos, ao estabelecerem relações entre si, tomam como base para
suas decisões uma série de expectativas formadas para diferentes variáveis capazes de afectar
os resultados de seus negócios. Uma das variáveis de grande importância para o processo de
decisões dos agentes é as expectativas formadas para a inflação. Assim, ao tomarem suas
decisões relacionadas ao processo de formação de preços com base nas expectativas formadas
para a inflação, os agentes buscam se utilizar das informações e do conhecimento que regem
essas expectativas de modo a minimizarem eventuais perdas que possam vir a ocorrer em seus
negócios e que inevitavelmente levariam a reduzir suas participações na renda da economia35.
Se, de fato, os agentes tomam suas decisões sendo fortemente influenciados pelas
expectativas, podem acabar sancionando essas expectativas, tornando-as uma profecia
autorrealizável. Nesse sentido, um entendimento acerca dos determinantes fundamentais das
expectativas de inflação torna-se crucial para a forma de conduzir a política monetária.
Tradicionalmente, são reconhecidos os impactos (i) da inflação passada, (ii) da política
monetária implementada no passado e (iii) dos resultados primários (deficit/superavit) do
governo sobre as expectativas formadas para a inflação.
34
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.11
35
MONTES, Gabriel Caldas, Política monetária, inflação e crescimento económico: a influência da reputação da
autoridade monetária sobre a economia, Niterói, Rio de Janeiro, 2008, p. 14
19
Quanto às variações nas expectativas formadas para os salários nominais e para a taxa
de câmbio, essas, por sua vez, refletem as expectativas formadas para possíveis variações nos
custos das firmas. Se as firmas acreditam, com base em suas expectativas, que serão afectadas
por modificações em seus custos, antes que sofram possíveis perdas, acabam se antecipando
por meio de alterações nos seus preços na tentativa de manterem suas participações na renda
da economia, evitando redistribuições indesejáveis e, assim, sancionando o processo
inflacionário.
O aumento dos preços na economia tem forte impacto sobre a actividade económica
como um todo. Porém os principais efeitos podem ser frequentemente encontrados em
diversas situações, tais como37:
➢ Perda do poder de compra para aqueles que – como é o caso dos assalariados – não
conseguem reajustar seus preços na mesma velocidade e proporção que os outros. O resultado
final é o empobrecimento desta parcela da população;
➢ A disputa pela renda ou o conflito distributivo. Em um ambiente inflacionário há uma
transferência de renda das classes sociais mais baixas para aquelas de renda mais alta. A
inflação, desta forma, alimenta o conflito distributivo, pois trabalhadores e empresas passam a
disputar a renda através dos reajustes dos preços e salários.;
36
MONTES, Gabriel Caldas, Política monetária, inflação e crescimento económico: a influência da reputação da
autoridade monetária sobre a economia, Niterói, Rio de Janeiro, 2008, p. 17
37
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
20
Essas consequências apresentadas são relativas, pois o seu impacto pode variar de
acordo com a intensidade e com a velocidade do processo de elevação dos preços.
Dependendo da intensidade da inflação e dos mecanismos de defesa accionados, os efeitos
redistributivos sobre a renda agregada e as riquezas acumuladas podem ser de proporções
significativas, que, no limite, poderá destruir as bases do ordenamento económico, ao
atingirem as funções monetárias ou a confiança do público em qualquer forma de haver
financeiros. Entre os efeitos mais desastrosos pode-se citar: a destruição da moeda; destruição
da estrutura e da longevidade do sistema de trocas; desarticulação de suprimentos nas cadeias
38
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
39
KRUGMAN D., Op. Cit., p.496
21
O termo custo de vida é bastante utilizado no mundo das finanças. Porém, ele pode
gerar algumas confusões, já que serve para designar coisas diferentes41.
Você pode falar sobre custo de vida ao abordar, por exemplo, a necessidade de
entender quanto gastaria para morar em determinado lugar. E, por outro lado, pode utilizar o
termo custo de vida para entender seus gastos mensais como um todo e, assim, conseguir se
planejar da melhor forma em busca de suas conquistas.
O custo de vida nada mais é do que a soma de tudo o que você considera necessário
para a sua vida42. Ele leva em consideração seus gastos mensais, mas também está
relacionado aos custos de onde você mora. O lugar em que moramos tem grande interferência
no nosso custo total de vida. Isso porque pagamos impostos, consumimos, compramos coisas,
enfim, realizamos diversas actividades levando em consideração os custos de se viver em
determinado local.
Por isso mesmo, o custo de vida é um conceito que leva uma série de variáveis, como
oportunidade de emprego, inflação, entre outras coisas.
O custo de vida, tem como média a base salarial de determinado local. Existem casos
de cidades em que o custo de vida costuma ser alto - mas, em contrapartida, as pessoas
ganham um salário melhor. Para realizar esse tipo de cálculo, é preciso acompanhar a
elevação dos preços em determinado período e como isso pode afectar os seus rendimentos
mensais.
40
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
41
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 7 de Junho de 2023
42
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 7 de Junho de 2023
43
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p.18
22
caíram o preço dentro de um período anual - algo parecido com a inflação, só que mais
voltado para entender o quanto realmente é necessário ter para se viver na cidade ou para se
adquirir a cesta básica44.
Embora o conceito de custo de vida esteja muito associado ao local em que se vive,
quando se fala em calcular o seu próprio, a conta não chega a ser assim tão complicada.
➢ Gastos fixos
São aqueles gastos que não se alteram e devem ser pagos todos os meses. Mesmo
quando há algum tipo de alteração, não chega a ser algo que interfere muito nos seus
rendimentos mensais.
Entre eles, podemos mencionar gastos com aluguel, habitação, serviços básicos,
impostos diversos, utilidades e supermercado, por exemplo46.
➢ Gastos Variáveis
Já os gastos variáveis são aqueles que tendem a mudar com o passar dos meses. Por
exemplo, quando você e sua família tentam se organizar para uma viagem, certamente
precisam comprometer parte de sua renda. Como não é algo que acontece mensalmente,
dentro de uma rotina, pode ser considerado um gasto variável.
Outros exemplos incluem compras feitas em algum tipo de passeio, consertos no carro,
entretenimento, cafezinho na esquina, entre muitos outros.
44
Conjunto de bens que entram no consumo básico de uma família de trabalhadores, variando conforme o nível
de desenvolvimento social do país.
45
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 17 de Junho de 2023
46
Kitei, Entenda agora as diferenças entre gastos fixos e variáveis! Disponivel em <
https://blog.kitei.com.br/gastos-fixos-e-variaveis/ > acessado aos 22 de junho de 2023
23
É exactamente a soma desses dois tipos de gasto que formam o seu custo de vida. Ou,
em termos mais simples, tudo aquilo que gastamos com o nosso dinheiro ao longo dos meses,
seja com coisas importantes, necessárias ou supérfluas.
24
47
EMBAIXADA DA REPÚBLICA DE ANGOLA, Sobre Angola, disponível em
<http://www.embangola.at/dados.php?ref=sobre-angola> acesso aos 09 de Dezembro de 2022
48
SANTOS, Eduardo, Religiões de Angola, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1969, p. 19.
25
Adaptando ao descrito por Morais (2019). Desde a independência até os dias de hoje, a
economia angolana pode ser caracterizada por quatro fases50:
49
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 64
50
MORAIS, Otília de, A Diversificação da Economia em Angola, Inédito, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2019,
p. 18
51
SIMON (2001), apud, NUNES, (2018, p.23).
26
(11,6% ao ano). Tal crescimento económico tem possibilitado alterações positivas na procura
interna que dinamizaram outros sectores da economia assim como uma expansão orçamental.
O crescimento económico está fortemente associado, estruturado e dependente do
desenvolvimento da indústria extractiva mineral, dos sectores petrolífero, gás e minério (é o
quinto produtor mundial de diamantes e possui reservas de minério de ferro, cobre, feldspato,
ouro, bauxite e urânio) e, também, embora em menor grau, dos serviços e da agricultura52.
Angola é um país muito dependente do sector petrolífero, sendo este o grande gerador
de receitas para a dinamização da economia. O sector não petrolífero da economia angolana é
constituído pelas actividades agrícola, industrial, pecuária e florestas, pescas, manufactura,
energia e águas, construção, extracção mineira e serviços diversos, como comércio,
transportes, banca, seguros, telecomunicações e outros. As exportações do país e as receitas
fiscais do Estado centram-se maioritariamente no petróleo, pelo que, a crise deste sector
comprometeu significativamente a economia, havendo a necessidade obtenção de novas
fontes de receitas em moeda nacional e externa, bem como reduzir os dispêndios em moeda
externa para pagamento de importações.
Sabe-se que desde 2008 que a economia angolana entrou numa fase de evidente
diminuição do seu ritmo de crescimento. Como se tem vindo a assinalar nos Relatórios
Económicos de anos anteriores, a mais importante reforma estrutural não foi implementada,
continuando-se com uma economia ainda centrada no petróleo, sem um sector agrícola capaz
de fornecer inputs ao sector manufactureiro em quantidade, qualidade e custo e com
significativas carências na cadeia de fornecimento de electricidade e água. O ritmo médio de
crescimento do PIB entre 1998 e 2015 situou -se em 6,8%, influenciado pelos anos dourados
de elevadas taxas reais de variação no período 2002 -2008.53
52
BAPTISTA, César João, Percepção do Crescimento Económico de Angola Pós-Independência, Inédito,
Universidade de Évora, Évora, 2013, p.37
53
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 20.
27
2017, -2,0% em 2018, -0,9% em 2019 e em 2020 registou -5,8%.54 Tendo somente
recuperado o crescimento económico em 2021 quando fechou as contas nacionais com uma
taxa de crescimento do PIB na ordem dos 0,8%.
54
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2015, Texto Editores, Luanda, 2016, p.74
55
"https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pandemia_de_COVID19_em_Angola
28
níveis superiores aos que se registavam antes da pandemia, mas a retoma no sector da
construção foi lenta.56
56
FMI, Relatório nacional do FMI nº 22/11: Relatório do Corpo Técnico sobre as Consultas de 2021 ao Abrigo
Do Artigo IV e Sexta Avaliação do Acordo Alargado ao Abrigo do Programa De Financiamento Ampliado e
Pedido De Dispensa Pelo Não Cumprimento De Um Critério De Desempenho, Washington, DC., 2022, p. 11
57
FMI, Op. cit., p. 11.
58
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.21
29
Entre 2014 e 2020, o Produto Interno Bruto, em USD, desvalorizou‑se 64,7% (USD
145 668 milhões em 2014 e USD 51 402 milhões em 2020), enquanto em Kwanzas, e para o
mesmo período, registou‑se uma variação percentual de 122,7%60. O Orçamento Geral do
Estado 2021 não analisa, ignorando mesmo, as causas estruturais da estagnação (2009/2014) e
da recessão económica (2015/2021). Insiste‑se em preferenciar a consolidação fiscal (centro
de gravidade da política económica), em detrimento do crescimento e da recuperação. É um
Orçamento que não atende às necessidades da economia e não se preocupa com a expansão da
capacidade produtiva do país a longo prazo (ciência, tecnologia, investigação, inovação,
novas fontes de matérias‑primas, capital humano, etc.).
59
Estas quebras resultam necessariamente do efeito das quebras verificadas na actividade petrolífera. De facto,
entre 2014 e 2016 assistiu-se a uma queda acentuada da cotação do petróleo nos mercados internacionais em
resultado, sobretudo, de um significativo aumento da oferta que não foi acompanhado pelo lado da procura,
levando a uma situação de excesso de oferta no mercado. Esta dinâmica resultou também numa quebra das
exportações petrolíferas.
60
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.27-28
30
30
23,5
20 20,4 20,8
14,6
10
3,4
0 0,3
2011 2012 2013 2014 2015
-7,3 2016 2017 2018 2019 2020 2021
-10
-15,3 -14,8
-20
-26,9
-30
-34,7
-40
Como se observa no gráfico percebe PIB per capita de Angola decresceu em 2013 e
2014, para 0,3% e 3,4% PIB per capita e volta a decrescer de -7,3%, em 2015, para -15,3%,
em 2016 e tendo demonstrado um dos maiores decréscimos para - 34,7% em 2020. Angola
regista desde 2013 vem demostrando uma desaceleração do seu crescimento económico
(MINF,2018).
Por Angola ser depende do petróleo, e por possuir uma população, que somava
30.774,205 milhões de pessoas, em 2018. Por exemplo a colocação de Angola em termos de
PIB e a população é três vezes maior comparando a da Croácia, Marrocos e Moçambique em
termos de ranking.
61
Disponível em (https://www.facebook.com/jornalmercado/) acesso aos 19 de Dezembro de 2022
31
petrolífera. Dado o rápido crescimento da população, prevê-se que o PIB per capita
permaneça relativamente estável, apresentando desafios à redução da pobreza.
Nos últimos anos, a taxa de emprego em Angola tem variado entre os 45% e os 48%.
Os maiores níveis de emprego situam-se na população com mais de 35 anos, sendo os jovens
os que revelam maior dificuldade em entrar no mercado de trabalho. Investimentos produtivos
nos sectores primário e secundário, através de projectos de dimensão, continuam a constituir
domínios privilegiados para sustentar o crescimento e criar empregos; mas também o sector
terciário, em franca expansão nos últimos anos, constitui uma fonte de geração de emprego,
nomeadamente através da criação de micro e pequenas empresas63.
62
EY-Parthenon, RETFOP, Estudo Especializado sobre do Mercado de Trabalho e Actividades Económicas,
(S/E), Luanda, 2021, p. 29
63
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 187
64
REPÚBLICA DE ANGOLA, Op. cit., p. 187
32
A clara desinflação registada entre 2008 e 2014 (retratada no gráfico a baixo) foi, no
entanto, absorvida por outro ciclo inflacionista provocado por novo abrandamento da
actividade económica, com origem num novo colapso do preço do barril de petróleo, numa
redução das exportações e do investimento público67.
65
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 150
66
Entre 1991 e 2000, a moeda nacional perdeu completamente o seu real valor, tendo‑se verificado uma fuga
para outros activos (divisas, bens materiais) menos atreitos a tão profundo desgaste dos rendimentos expressos
em Kwanzas.
67
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.36
33
com a crise económica e financeira internacional. Ao passo que os níveis mais baixos
ocorreram no anos de 2012 a 2014 em que as taxas se mantiveram a baixo dos 2 dígitos.
50
40 42
30
25,1 27
23,7
20 18,6 16,9
14,3
10 11,4 9,7 7,7 7,5
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
68
INE. Índice de Preços no Consumidor Nacional. Disponível em: <
https://www.ine.gov.ao/index.php/estatisticas/estatisticas-economicas/precos-e-inflacao > acessado ao 22 de
Julho de 2023
34
De acordo com os dados do INE, o IPCN registou uma variação anual média de 18,9%
entre 2011 e 2021. Isso significa que, em média, os preços dos produtos e serviços
aumentaram 18,9% por ano nesse período69. No entanto, essa variação não foi constante ao
longo dos anos. Como podemos ver no gráfico abaixo, o IPCN teve picos em 2016 (41%) e
2017 (31,7%), anos marcados pela crise económica e cambial que afectou o país. Em
contrapartida, o IPCN teve os valores mais baixos em 2012 (10%) e 2019 (17,1%), anos em
que a economia angolana registou um crescimento positivo do Produto Interno Bruto (PIB).
A classe de despesa que mais contribuiu para o aumento do custo de vida em Angola
foi a alimentação e bebidas não alcoólicas, que representa cerca de 40% do peso total do
IPCN. Essa classe registou uma variação anual média de 22,4% entre 2011 e 2021, sendo que
os anos mais críticos foram 2016 (47%) e 2017 (38%). Alguns dos produtos alimentares que
mais encareceram nesse período foram: o pão (de 100 Kz para 500 Kz), o leite (de 300 Kz
para 2.117 Kz), o frango (de 800 Kz para 5.112 Kz), o tomate (de 200 Kz para 1.640 Kz) e a
cerveja (de 100 Kz para 444 Kz).70
Outras classes de despesa que também tiveram uma variação anual média elevada
foram: bebidas alcoólicas e tabaco (19,8%), saúde (19%), transportes (18%) e habitação,
água, electricidade, gás e outros combustíveis (17%). Essas classes reflectem o impacto da
desvalorização da moeda nacional (o kwanza) frente ao dólar americano, que aumentou os
custos de importação de muitos bens e serviços essenciais para as famílias angolanas.
Por outro lado, as classes de despesa que tiveram uma variação anual média mais
baixa foram: comunicações (8%), educação (10%) e lazer, recreação e cultura (11%). Essas
classes beneficiaram da melhoria da oferta e da qualidade dos serviços prestados nesses
sectores, bem como da maior concorrência entre os operadores.71
O custo de vida em Angola também variou conforme a região do país. Segundo o INE,
as províncias que registaram as maiores variações anuais médias do IPCN entre 2011 e 2021
foram: Lunda Norte (21%), Luanda Sul (20,5%), Luanda (20,4%) e Zaire (20,3%). Essas
províncias são caracterizadas por terem uma maior dependência das importações e uma menor
69
INE. Op. Cit., acessado ao 22 de Julho de 2023
70
EXPATISTAN. Custo de vida em Angola - preços atualizados de 2023. Disponível em:
<https://www.expatistan.com/pt/custo-de-vida/pais/angola> acessado aos 22 de Julho de 2023
71
NOVO JORNAL. O custo de vida e os angolanos. Disponível em: <https://novojornal.co.ao/opiniao/interior/o-
custo-de-vida-e-os-angolanos-101962.html> acessado ao 22 de Julho de 2023
35
diversificação da produção local. Por outro lado, as províncias que registaram as menores
variações anuais médias do IPCN foram: Cuanza Sul (16,2%), Cuanza Norte (16,4%), Bié
(16,5%) e Moxico (16,6%). Essas províncias têm uma maior produção agrícola e uma menor
exposição aos choques externos72.
Por esta altura deve ser consensual que a economia angolana enfrenta, a curto e médio
prazo, dos maiores desafios em termos de criação de condições para crescer e assim garantir
um aumento sustentado da qualidade de vida dos angolanos. As variações constantes em
sentido ascendente dos preços de bens e serviços e os sucessivos recuos a nível do
crescimento económico nacional são prova material deste argumento. Só para se ter uma
ideia, estima-se que o consumo médio mensal em Angola por pessoa seja de 17.569 kwanzas.
As áreas urbanas apresentam o consumo maior do que as zonas rurais73.
Em função daqueles que são os hábitos de consumo dos Angolanos, podemos perceber
por meio da análise da tabela II que o grupo de consumo mais importante é o de alimentos a
base de legumes, com despesas por pessoas estimadas em 1.462 kwanzas mês, representando
19% do consumo total per capita.
72
Angola24Horas, Custo de vida em Luanda atinge maior alta nos últimos quatro anos. Disponível em:
<https://www.angola24horas.com/economia/item/22517-custo-de-vida-em-luanda-atinge-maior-alta-nos-
ultimos-quatro-anos> acessado aos 22 de Julho de 2023
73
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p.26
36
Ainda na mesma senda, os produtos baseado de cereais tais como o pão e outros
produtos de padaria constituem uma das categorias mais importante de consumo com gastos
mensais per capita na ordem de (745 kwanzas) que corresponde a 10% do consumo alimentar
por pessoa no país74.
Tabela II - Consumo médio real de alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018)
Em outra perspectiva, o consumo médio não alimentar pode considerar como maior
despesa com a manutenção da habitação: esta consome em média 2.145 kwanzas per capita ou
22% do consumo total per capita, 14% vão para aluguel o mesmo verifica-se com a saúde
consumindo 1.369 kwanzas per capita). A proporção de despesas com manutenção da
habitação em áreas urbanas é maior que nas zonas rurais (23% e 13% respectivamente).
74
Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019
75
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p. 27
37
Tabela III - Consumo médio real não alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018)
O consumo nominal do agregado deve ser ajustado para as diferenças de custo de vida.
Um ajuste de preço temporal e espacial é necessário para ajustar o consumo a termos reais. As
diferenças temporais estão associadas à duração do trabalho de campo (100 kwanzas em
Março de 2018 pode não ter o mesmo valor de Fevereiro de 2019), bem como aos diferentes
períodos de recordação (100 kwanzas gasto na última semana pode não ter o mesmo valor que
no último trimestre ou no último ano). Também se espera que os preços diferem
acentuadamente entre as áreas geográficas, por exemplo, 100 kwanzas em Luanda pode não
ter o mesmo valor que no Bié ou no Cuando Cubango76.
Angola é um país rico em recursos naturais, mas que enfrenta grandes desafios
socioeconômicos. Um dos principais problemas é o alto custo de vida, que afecta a maioria da
população e dificulta o desenvolvimento humano e a redução da pobreza.
76
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p. 64
38
77
ANGOLA24HORAS , Custo de vida em Luanda atinge maior alta nos últimos quatro anos. Disponível em:
https://www.angola24horas.com/economia/item/22517-custo-de-vida-em-luanda-atinge-maior-alta-nos-ultimos-
quatro-anos. Acesso em: 22 jul. 2023
78
PAULO, F. Inflação em Angola: causas e consequências. In: Economia Angolana: Desafios e Oportunidades.
Edições Mulemba, Luanda, 2020, p. 15
39
aumenta o custo de vida para os mais pobres, que têm que gastar uma maior proporção da sua
renda em bens essenciais, como alimentação, habitação e saúde.79
O alto custo de vida em Angola tem vários impactos negativos para o país e para a
população, entre os quais se podem mencionar:
79
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano 2020.
Nova Iorque, 2020, p.379
80
FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (2020). O estado da segurança
alimentar e nutrição no mundo. Roma, 2020, p. 257
81
AFROBARÓMETRO, Resumo dos resultados da sondagem - Angola 2019/20. Disponível em:
https://afrobarometer.org/sites/default/files/publications/Resumos%20dos%20resultados/ang_r8_sor_pt.pdf.
Acesso em: 22 jul. 2023.
40
A economia angolana apresenta uma produtividade muito baixa, uma das suas grandes
debilidades para enfrentar, com relativo sucesso, os desafios da integração económica
regional e da globalização. Entre 2000 e 2017 foram contabilizados aumentos no valor da
produtividade bruta aparente do trabalho, como decorrência do próprio crescimento do PIB.
No entanto, a sua média, em dólares americanos correntes para aquele período, cifra‑se
apenas em USD 18.522, no ano seguinte a produtividade do factor trabalho diminuiu para
USD 17.600.83
Foi decretado pelo Governo um ajustamento do salário mínimo nacional em 30%, para
vigorar a partir de Abril de 2019 que foi novamente reajustado no dia 17 de Fevereiro de
2022. Não se tratou de um aumento/incremento, mas sim de um acerto do seu valor tendente a
minimizar perdas do seu real valor de aquisição depois de 2014. Uma perda acumulada
estimada em 161,7%, ou seja, 21,2% de redução média anual. É muito, em especial para quem
tenha da remuneração do trabalho a única fonte de rendimento para a família. E são muitas
nestas condições, que seguramente não conseguirão viver com pouco mais de 1070 Kwanzas
por dia.84
82
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.128
83
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Op. cit., p.128
84
IBDEM, p.128
41
Na distribuição salarial, o salário mínimo tem efeitos no emprego e nos preços 86. O
salário mínimo contraria o sistema de benefícios sociais, que funcionam como subsídio para
trabalhadores e têm efeitos perversos na oferta de emprego. Ainda assim, o mercado de
trabalho consegue ajustar o produto marginal, através da alteração da composição da força
laboral, como resposta à variação do salário mínimo.
85
PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Os Efeitos Redistributivos do Salário Mínimo em Portugal, Inédito,
Universidade de Lisboa, Lisboa, 2020, p. 11
86
Segundo Neumark, et al, (2000), apud PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Op. Cit., 2020, p. 15
87
PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Os Efeitos Redistributivos do Salário Mínimo em Portugal, Inédito,
Universidade de Lisboa, lisboa, 2020, p. 19
42
aumentados sem incentivos, o que constitui o preço a pagar para a redução da desigualdade
através de um esquema progressivo de rendimentos e impostos.
A existência de um valor mínimo não tem impactos nos salários e pode ser no limite
contraproducente. Assumindo que os mercados de trabalho são estruturados com base no
valor marginal, a queda no emprego e o aumento dos preços, resultantes do estabelecimento
do salário mínimo, implica que os indivíduos mais pobres suportam os custos dos aumentos
dos salários88.
Aumentos no salário mínimo resulta no aumento dos preços. Quando o salário mínimo
é definido acima do produto marginal, as empresas passam alguns dos custos para os
consumidores, aumentando os preços. A cada acréscimo do salário auferido, gera efeitos
consecutivamente menores à medida que se aproximam da mediana da distribuição salarial.
Assim grandes aumentos no salário mínimo têm efeitos positivos nos trabalhadores com
salários baixos, com maior impacto nos salários mais próximos do salário mínimo.
Em suma, valem estas considerações para dizer que a variável determinante para o
estabelecimento do salário mínimo tem de ser a produtividade e o seu comportamento ao
longo do tempo, isto é, os ganhos de produtividade89. Determinar por lei a prática dum salário
mínimo, sem exigir em contrapartida o cumprimento duma norma básica de produtividade,
corresponde à assumpção de vários riscos: o primeiro, no âmbito da inflação: aumentar a
massa de salários (porque é disso que se trata ao estabelecer‑se um valor fixo para o salário
mínimo) para um mesmo volume de trabalhadores é potenciar o incremento nominal da
procura (consumo privado) para uma mesma oferta; o segundo, poder‑se‑á traduzir na
consideração do salário mínimo como uma espécie de bónus social ou de um “direito de
humanidade”, a que todos os trabalhadores terão acesso só pelo simples facto de o serem ou
88
Segundo Neumark, et al, (2000), apud PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Op. Cit., 2020, p. 15
89
A OIT define os critérios seguintes para enquadramento do valor do salário mínimo: necessidades dos
trabalhadores e das suas famílias, índices de produtividade do trabalho e necessidade de se manter um nível
elevado de emprego.
43
conjunto de elementos que compõem a amostra extraída do universo de dados que se pretende
analisar e foi escolhida em função dos objectivos que se pretende alcançar, tendo sido
limitada a um período de longo prazo que compreende o intervalo de 2011 a 2021. E desta
forma permitiu-nos constituir uma amostra de 11 observações.
Importa ainda referir que as características dos dados pesquisados no presente estudo
correspondem em dados secundários, ou seja, aqueles dados que já foram anteriormente
pesquisados por outros pesquisadores e foram retirados de arquivos ou banco de dados.
Relativamente às fontes de pesquisa desses dados secundários, foram obtidos da base de
dados do INE (Instituto Nacional de Estatística). Portanto, a menos que se faça referência de
outra fonte, é desta fonte que foi colectado os dados e informações expostas nos pontos que
precedem.
90
PINTO, José Castro; CURTO, José Dias, Estatística para Economia e Gestão, instrumentos de apoio à
tomada de decisão, 2ª ed., Sílabo Ed., Lisboa, 2010, p.393.
47
Y X
Y 1,00000
X -0,732101 1,00000
Fonte: Elaboração Própria, ANEXO V
A tabela acima, estuda a relação existente entre inflação e PIB. Portanto a análise
destas variáveis numa amostra de 11 observações permitiu estabelecer uma relação linear
inversa ao nível 0,732101 ou 73%.
Deste coeficiente pode-se tirar algumas ilações pertinentes. A primeira é que existe, de
forma geral, uma relação significativa entre as variáveis seleccionadas. Ou seja, a relação
conjunta entre a inflação e o PIB é bastante representativa. Por ser negativa, significa que têm
um comportamento tendencialmente contrário: quando uma aumenta, a outra reduz; quando
uma variável diminui a outra aumenta. Ou seja, sempre que se verificar crescimento
económico, verificar-se-á queda da inflação.
Depois de concluir que o PIB e a inflação têm uma excelente relação, segue-se o teste
de causalidade com o objectivo de investigar uma possível relação de causa e efeito entre o
PIB e a inflação. Ou seja, o intuito desta etapa é saber se é o PIB que influencia a inflação ou
são as variações da inflação que influenciam o comportamento do PIB.
Fonte: elaborado pelo autor com base nos resultados do eviews 8 (Anexo IV)
A hipótese alternativa é afirmativa por ser o oposto da nula, então rejeitar a hipótese
nula (RH0) implica a aceitar a alternativa (AH1) e a aceitação da nula tem como consequência
a rejeição da hipótese alternativa.
91
GUJARATI, Damodar N.; PORTER Dawn C., Econometria Básica, 5ª ed., AMGH Editora Ltda, traduzido do
inglês por DURANTE, Denise, Et. alii., São Paulo, 2011, p.19
49
Portanto, num ambiente de política monetária eficaz, a inflação fica mais sensível as
flutuações do Produto Interno Bruto, demonstrando um comportamento invertido.92 Pois que
os recuos na economia provocam inflação alta e os avanços (crescimento económico)
provocam inflação baixa (deflação), Ceterisparibus.
Mas as relações entre variáveis económicas são, em geral, inexactas93. Isso porque,
além do PIB, outras variáveis afectas o comportamento da inflação. Porém, para levar em
conta as relações inexactas entre as variáveis económicas, modificou-se a função
determinística da Equação (3.1) do seguinte modo:
93
GUJARATI, Damodar N., & PORTER Dawn C., Econometria Básica, 5ª ed., AMGH Editora Lda, traduzido
do inglês por DURANTE, Denise, et. all., São Paulo, 2011, p.28.
51
Y = β1 - β2X + Ut (3.2)
Onde “u” é designado como distúrbio, ou termo de erro, é uma variável aleatória
(estocástica) que tem propriedades probabilísticas conhecidas.
Estatística de regressão
R múltiplo ou 0,732100901
coeficiente de
Pearson
Quadrado de R 0,535971729
Erro-padrão 7,464843572
Observações 11
ANOVA
gl SQ MQ F F de
significância
Regressão 1 579,2704486 579,2704486 10,39536998 0,010419269
Residual 9 501,515006 55,72388955
Total 10 1080,785455
Coeficientes Erro-padrão Stat t valor P 95% inferior 95%
superior
Interceptar 20,87669168 2,364886961 8,827775716 9,9973E-06 15,52694571 26,22643766
PIB (X) -1,84541996 0,57236786 -3,22418516 0,010419269 -3,14020602 -
0,550633909
Yt = 20,88 – 1,85Xt
O R2 é uma medida resumida que diz quanto a linha de regressão amostral ajusta-se
aos dados, isto é, fornece a proporção da variação total da inflação (Y) que é explicado pelo
PIB (X).
H0 • βi = 0
H1 • β i ≠ 0
t-stat < t-tab = AH0
t-stat> t-tab= RH0
53
O teste de auto correlação dos erros é uma etapa da validação não paramétrica que
consiste em determinar a inexistência de auto correlação nos termos de erro. Portanto, para
testar se esta condição foi respeitada no presente modelo, utilizou-se a estatística de Durbin-
Watson (DW), que admite que o termo de erro de um modelo é auto-regressivo de ordem 1,
AR (1). Ou seja, o erro do presente é influenciado imediatamente pelo erro anterior.
Sendo DW = 2 (1 – ρ):
1,995057 = 2 - 2ρ
ρ = 0,0024715 ≈ 0
54
H0 : ρ = 0
H1: ρ ≠ 0
Como o parâmetro (Ө) estimado pelos MQO é estatisticamente não significativo, esta
estatística dá-nos a conhecer que a variância residual do modelo é homocedástica, ou seja, é
55
constante ao longo do período amostral. Respeitando assim mais uma das hipóteses de base
do MQO.
A previsão económica constitui uma técnica que estuda das condições económicas
futuras de uma variável ou mesmo de uma economia.
CONCLUSÃO
Por outro lado, concentrou-se em responder a seguinte pergunta de pesquisa: Será que
o aumento do custo de vida em Angola tem sido afectado pela recessão? Portanto mediante a
utilização dos métodos indutivos e estatístico, subsidiados pelas técnicas bibliográfica,
experimental e documental, foi possível realizar várias incursões na literatura económica bem
como a quantificação dos dados da República de Angola. Mediante os quais foi possível tecer
os seguintes resultados mais relevantes:
Onde: 20,88 representa as fontes explicativas da Inflação angolana que não foram
consideradas no nosso modelo como tais como: taxa de juro, desemprego, desvalorização da
moeda, especulação, risco dos investidores e etc.; PIBt é a variável explicativa do modelo
proveniente da Produção Interna Bruta no período t; - 1,85 é o coeficiente de
intensidade/capacidade explicativa da variável independente na determinação da inflação afim
de avaliar o custo de vida em Angola.
A relação conjunta entre a taxa de inflação e PIB é significativa ao nível de 54%. Por
outro lado, as flutuações do PIB exercem forte influência sobre a inflação, pois constatou-se
que se o crescimento do PIB no próximo exercício for de 1% proporcionará um decréscimo
sobre a inflação variando para 19,03%, ceteris paribus. Deste modo, confirma-se a segunda
hipótese (H1), feita na introdução do trabalho, tendo em conta que se provou na prática,
mediante o estudo empírico que a variação negativa do PIB tem influenciado o aumento do
custo de vida em Angola, o teste de causalidade fez perceber que o PIB e a inflação não são
dois processos que se influenciam mutuamente, pois que aumentos no PIB podem influenciar
o decrescimento da inflação (deflação) e a redução no PIB (recessão) podem provocar
inflação.
Como se pode ver, ao longo do período analisado, o maior controlo dos preços em
Angola esteve sempre associado a um crescimento das receitas de origem petrolífera capaz de
alimentar o stock de moeda estrangeira necessário para a preservação do valor da moeda
58
Por esta altura deve ser consensual que a economia angolana enfrenta, a curto e médio
prazo, dos maiores desafios em termos de criação de condições para crescer e assim garantir
um aumento sustentado da qualidade de vida dos angolanos.
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SUGESTÕES
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia Geral
Bibliografia Específica
Webgráfia
1. Angola24Horas, Custo de vida em Luanda atinge maior alta nos últimos quatro anos.
Disponível em: <https://www.angola24horas.com/economia/item/22517-custo-de-
vida-em-luanda-atinge-maior-alta-nos-ultimos-quatro-anos> acessado aos 22 de Julho
de 2023
2. INE. Índice de Preços no Consumidor Nacional. Disponível em: <
https://www.ine.gov.ao/index.php/estatisticas/estatisticas-economicas/precos-e-
inflacao > acessado ao 22 de Julho de 2023
64
3. MACHADO, Isabel Pinto. "Angola: Inflação 40% aumento salariais entre 5% e 15%.
Disponível em <https://www.rfi.fr/pt/angola/20170420-angola-inflacao-40-aumentos-
salariais-entre-5e-15>. Acesso em 20 de Abril de 2018.
ANEXOS
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N Hipóteses Descrição
2º Os valores fixos de X1(variável explicativa) são Cov (ui e X1i) = cov (ui e X2i) = 0
independentes do termo de erro. Fica claro que é
necessário co-variância igual a zero entre ui e a
variável explicativa.
3º o termo de erro ui tem valor médio zero. E(ui| X1i X2i) = 0