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UNIVERSIDADE KIMPA VITA

Faculdade de Economia do Uíge


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E AUDITORIA

MENSURAÇÃO DO CUSTO DE VIDA EM ANGOLA:


INFLAÇÃO VERSUS PIB
(Uma Análise Empírica de 2011 á 2021)

Por :

KANDA KASSOBUA FERNANDO MIALA

Orientador: MSc, Nsambu Luyadidio

Trabalho do fim do curso apresentado para obtenção de


grau de licenciatura em economia.

Opção: Economia Auditoria

Uíge, Julho de 2023


UNIVERSIDADE KIMPA VITA
Faculdade de Economia do Uíge
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E AUDITORIA

MENSURAÇÃO DO CUSTO DE VIDA EM ANGOLA:


INFLAÇÃO VERSUS PIB
(Uma Análise Empírica de 2011 á 2021)

Por :

KANDA KASSOBUA FERNANDO MIALA

Orientador: MSc, Nsambu Luyadidio

Trabalho do fim do curso apresentado para obtenção de


grau de licenciatura em economia.

Opção: Economia Auditoria

Uíge, Julho de 2023


I

DEDICATÓRIA

Este trabalho não seria concluído se não recebesse o apoio dos meus pais que
incansavelmente deram-me os valores morais e financeiros que foram os pilares para a
conclusão deste trabalho. É por esta razão que dedico este trabalho especialmente a minha
mãe que tem sido o meu suporte durante percurso da minha formação. Aprender a cada dia
mais e mais e voltar para casa com o fruto saboroso colhido com muito sacrifício.

“Kanda Miala”
II

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a DEUS por ter nos guiado nessa tarefa árdua e dado
luz e força que nos ajudaram bastante para a realização deste trabalho.

Também os meus agradecimentos são dirigidos à faculdade de economia da


universidade Kimpa Vta, particularmente ao corpo docente e administrativo, o Doutor Sony
Cipriano (em memória), Msc Olga T. Nambongo Panzo, Msc Lutonádio Mavakala Daniel,
Msc Kikufi Matondo Bobó, Msc Henrique Nene, Msc. Kiangebeni Mbuta Julles, Msc Nzuzi
Ndozi, Msc. Daniel Ntotila Nkoxi, Bianda Honório, António Kinanga, Kanga Mambo, Eng.
João Kissungu e todos os outros que contribuíram positivamente para a minha formação
académica, especialmente ao Mestre Nsambu Luyadidio, meu professor e orientador e ao Lic.
Gilberto Mecoca pelos bons contributos para a melhoria da qualidade do presente trabalho.

Os agradecimentos são extensivos aos meus Pais Nzinga Simão e Tazi Albertina
Ambrósio Capitão, à minha mãe grande Massinda Maria Ambrósio que durante os meus 4
anos de formação cuidou-me, e que lutou de forma incansável para que em casa não falte
nada.

Outrossim, agradeço aos meus irmãos, primos, família em geral, minha namorada, os
meus colegas do 1º ano de 2018 até 4º ano de 2021/2022.
III

EPÍGRAFE

‘’ Todos secretamente pensamos em saber


como as nossas vidas vão ser, bem, mas o
que ninguém considera é que a vida tem o
próprio plano dela para você, goste você
ou não, e só resta fazer uma escolha;
podemos aceitar a mudança e seguir
adiante, ou lutar e sermos deixados para
trás.’’

The Flash
IV

RESUMO

O Presente trabalho retrata sobre mensuração do custo de vida em angola: Inflação


versus PIB cujo o objectivo foi determinar empiricamente a influência do comportamento do
PIB sobre o custo de vida dos angolanos, no quadro de uso das pesquisas feitas, utilizamos
métodos e técnicas de pesquisas como o Método indutivo, estatístico e técnicas tais como
bibliográfico, documental e experimental, tendo constatado que uma situação de recessão
aumenta o custo de vida da população, ou seja, se a variação do PIB for em sentido negativo,
resultará no aumento da inflação. Todavia, para se chegar a essa conclusão foi desenvolvido
um modelo estatístico-matetemático. Na estimação deste modelo, os resultados indicam que a
variação do PIB exerce um papel preponderante na constituição da inflação, explicando-a a
nível de 54% e tendo demonstrado o grau de casualidade unilateral. E se esta variação se
traduzir em crescimento económico, a inflação tem tendência de baixar. Ora, os testes
permitiram ainda determinar que é o PIB que influência a inflação e não o contrário. Razão
pela, assistiu-se BNA a dar inicio à implementação de várias medidas de política monetária e
cambial restritivas, em coordenação com a politica fiscal, de modo a procurar suavizar os
efeitos adversos consequentes da recessão que se viveu em boa parte do período em análise.
Que o domínio da politica monetária, destacam-se o agravamento, por várias vezes, das taxas
de juro de referencia e o aumento do coeficiente de reservas obrigatórias para os depósitos em
moeda nacional, no que se refere à politica cambial, os últimos anos foi marcado pela
desvalorização acentuada do kwanza face ao dólar e Euro.

Palavras -chave: Custo de Vida, PIB e Inflação


V

ABSTRACT

The present work portrays the measurement of the cost of living in Angola: Inflation
versus GDP whose objective is to empirically determine the influence of GDP behavior on the
cost of living of Angolans, within the scope of use of the research carried out, we use research
methods and techniques such as the inductive, statistical and techniques such as bibliographic,
documental and experimental, having found that a recession situation increases the cost of
living of the population, that is, if the GDP variation is negative, it will result in an increase in
inflation. However, in order to reach this conclusion, a statistical-mathematical model was
developed. In estimating this model, the results indicate that GDP variation plays a
preponderant role in the formation of inflation, explaining it at a level of 54% and
demonstrating the degree of unilateral causality. And if this variation translates into economic
growth, inflation tends to go down. Now, the tests also made it possible to determine that it is
GDP that influences inflation and not the other way around. For this reason, the BNA began
to implement various restrictive monetary and exchange rate policy measures, in coordination
with fiscal policy, in order to seek to soften the adverse effects resulting from the recession
that was experienced in a good part of the period under analysis. . In terms of monetary
policy, emphasis should be given to the worsening, on several occasions, of reference interest
rates and the increase in the compulsory reserve coefficient for deposits in national currency,
with regard to exchange rate policy, in recent years it has been marked by the sharp
devaluation of the kwanza against the dollar and the euro.

Keywords: Cost of Living, GDP and Inflation


VI

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA...................................................................................................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................................................................................II
EPÍGRAFE .............................................................................................................................................................................................III
RESUMO.................................................................................................................................................................................................IV
ABSTRACT..............................................................................................................................................................................................V
ÍNDICE GERAL..................................................................................................................................................................................VI
LISTAS DE TABELAS.................................................................................................................................................................VIII
LISTAS DE GRÁFICOS..................................................................................................................................................................IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................................................X
0 INTRODUÇÃO GERAL.........................................................................................................................................................1
0.1 Anúncio do Tema ......................................................................................................... 2
0.2 Interesses do Tema ............................................................................................................ 2
0.3 Problemática ..................................................................................................................... 2
0.4 Hipótese ............................................................................................................................ 3
0.5 Objectivos ......................................................................................................................... 3
0.6 Metodologia ...................................................................................................................... 4
0.7 Estrutura do trabalho ......................................................................................................... 4
0.8. Fontes Relevantes ............................................................................................................ 5
0.9- Dificuldades ..................................................................................................................... 6
CAPÍTULO I - GENERALIDADES CONCEPTUAIS......................................................................................................7
I.1 Produto Interno Bruto ........................................................................................................ 7
I.2 Conceito de Inflação ........................................................................................................ 14
I.2.1 Índice de Preços no Consumidor .............................................................................. 14
I.2.2 Taxa de Inflação ........................................................................................................ 15
I.2.3 Classificação da Inflação .......................................................................................... 16
I.2.4 Expectativas de Inflação e o Papel da Meta de Inflação ........................................... 18
I.2.5 Consequências da Inflação ........................................................................................ 19
I.3 Conceito de Custo de Vida .......................................................................................... 21
CAPÍTULO II – SITUAÇÃO ECONÓMICA ANGOLANA....................................................................................... 24
II.1 Contexto Geo-histórico de Angola................................................................................. 24
II.2 Contexto Macroeconómico até aos Dias de Hoje .......................................................... 25
II.3 Evolução do PIB ............................................................................................................ 28
II.3.1 VAB, Emprego e Produtividade .............................................................................. 31
II.4 Evolução da Inflação ...................................................................................................... 32
II.5 O Custo de Vida em Angola .......................................................................................... 33
II.5.1 Análise dos Preços dos Bens e Serviços .................................................................. 35
II.5.2 O custo de vida em Angola: Factores e Impactos de 2011 a 2021 .......................... 37
VII

II.5.3 O Risco do Aumento Salarial na Economia Angolana............................................ 40


II.5.3.1 Controvérsias do Salário Mínimo ......................................................................... 41
CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................ 44
III.1- Aspectos Metodológicos ............................................................................................. 44
III.1.1- Selecção da Amostra e Recolha de Dados ............................................................ 44
III.1.2- Descrição e Evolução das Variáveis ..................................................................... 45
III.2- Análise dos Resultados ................................................................................................ 46
III.2.1- Análise de Correlação ........................................................................................... 46
III.3.1- Teste de Causalidade............................................................................................. 48
III.2.3- Análise de Regressão ............................................................................................ 49
III.3- Previsões do Comportamento da Inflação ................................................................... 55
CONCLUSÃO....................................................................................................................................................................................... 57
SUGESTÕES ......................................................................................................................................................................................... 59
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................................................. 60
ANEXOS .................................................................................................................................................................................................. 65
VIII

LISTAS DE TABELAS

Tabela I - Consumo médio mensal per capita (em Kwanza) .................................................... 35


Tabela II - Consumo médio real de alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018) ........ 36
Tabela III - Consumo médio real não alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018) ..... 37
Tabela IV - Descrição das Variáveis ........................................................................................ 45
Tabela V - Estudo da Correlação entre Inflação (Y) e PIB (X) ............................................... 47
Tabela VI - Resultados do teste de Causalidade....................................................................... 48
Tabela VII - Resumo dos Resultados do Modelo de Regressão Simples ................................. 51
Tabela VIII - Significância Individual dos Parâmetros ............................................................ 53
Tabela IX - Detenção da Heterocedasticidade ......................................................................... 54
IX

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico I - Taxa de Crescimento Real do PIB .......................................................................... 28


Gráfico II - Variação Anual PIB per Capita ............................................................................. 30
Gráfico III - Evolução da Inflação em Angola ......................................................................... 33
X

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

A - Amortização
AR (1) – Auto Regressivo de Primeira Ordem
ARCH – Auto Regressive Condicional Heteroscedasticity
BLUE – Best Linear Unbiased Estimator
C – Consumo
CEIC-UCAN – Centro de Estudo e Investigação Cientifica-Universidade Católica de Angola
COVID-19 - Coronavirus Disease 2019
DN – Despesa Nacional
DW – Durbin-Watson
FBCF – Formação Bruta em Capita Fixo
FMI– Fundo Monetário Internacional
G – Gastos
I – Investimento
IDR – Inquérito Sobre Despesas e Receitas
Imp.Ind. – Imposto Indirecto
INE– Instituto Nacional de Estatística
IPC– Índice de Preços no Consumidor
J – Juros
M – Importação
MCRL – O modelo clássico de regressão linear, gaussiano ou padrão
MELNV – Melhores Estimadores Lineares Não-Viesados
MINFIN – Ministério das Finanças,
MQO – Mínimo Quadrado Ordinário
P – Proveito
PIB – Produto interno Bruto
PIB – Produto Interno Produto
PNB – Produto Nacional Produto
R – Renda
R2– Coeficiente de Determinação
RLE – Renda Liquida do Exterior
RN – Renda Nacional
USD – United States Dolar
VAB – Valor Acrescentado Bruto
W – Salário
X – Exportação
1

0 INTRODUÇÃO GERAL

Depois de anos de forte crescimento, a economia Angolana vive um período de


instabilidade. O PIB do país sofreu uma grande desaceleração em 2009, como resultado da
crise económica internacional daquele ano, mas entrou em fase de recuperação até 2013. A
partir de 2014, no entanto, a economia voltou a crescer a um ritmo cada vez menor. Essa
desaceleração é causada principalmente pela queda do preço do petróleo, produto que consiste
no maior pilar da economia angolana1.

Entre 2010 e 2014 houve uma redução da inflação, seguida de uma subida
considerável em 2015, devido à escassez de divisas decorrente da redução do preço do
petróleo no mercado internacional. Sendo a economia angolana muito dependente de
importações, a subida da taxa de câmbio acaba por influenciar os preços ao consumidor.

A queda do preço do petróleo (Brent) desde 2014, impactou as demais variáveis como
no caso da taxa de câmbio, que devido a redução da disponibilidade em moeda externa
influenciou a taxa de inflação, pela subida do índice de preços ao consumidor, tendo em conta
a dependência das importações para consumo, inclusive de produtos da cesta básica.

Nas pesquisas realizadas observam-se variações bruscas na taxa de crescimento do


PIB angolano, com particular destaque para 2015, devido às consequências da crise do
petróleo, acentuando-se nos anos seguintes com recessão.

(…) neste contexto, a estabilização macroeconómica é considerada pelo


governo angolano e pelo FMI – Fundo Monetário Internacional - como uma
prioridade para a saída da alta taxa de inflação, logo não basta apenas
identificar os aspectos que nos levam a concluir que a economia angolana é
pouco produtiva, mas identificar os entraves, proceder à recolha e análise de
dados e realizar estudos comparativos com outras realidades por forma a
encontrarmos o melhor caminho a seguir para ultrapassar o alto custo de
vida e promover o crescimento inclusivo e sustentado para o país2.

1
SOKI, Johny Roberto, Métodos de Previsão da Taxa De Inflação de Angola, Inédito, Universidade de Lisboa,
lisboa, 2018, p.9
2
MORAIS, Otília de, A Diversificação da Economia em Angola, Inédito, Universidade de Lisboa, lisboa, 2019,
p.15
2

Outro ponto importante a enfatizar é que a inflação é um elemento que corrói o poder
de compra das famílias, das quais grande parte tem como única fonte renda seu próprio
salário3.

0.1 Anúncio do Tema

Neste trabalho com o tema “Mensuração do Custo de Vida em Angola: Inflação


Versus PIB; uma Analise Empírica de 2011 à 2021” foi desenvolvido mediante a análise da
dinâmica económica na composição da estrutura produtiva da República de Angola, na base
de dados limitados no intervalo de 2011 à 2021 e explicamos minuciosamente porque
consideramos as controversas entre inflação e PIB.

0.2 Interesses do Tema

Manter a estabilidade dos preços é uma situação de extrema importância para o


crescimento de qualquer economia e o processo de inflação é um fenómeno com graves
efeitos negativos. Portanto, compreender os efeitos da relação entre este fenómeno na vida das
comunidades apresenta bastante interesse científico, podendo os resultados deste estudo ser
utilizados para uma melhor compreensão deste fenómeno. É daí que se levanta uma outra
razão para a escolha do referido tema justificando-se, da necessidade de contribuir com mais
literatura local relativa a questão das flutuações do preço.

0.3 Problemática

Costuma-se citar a inflação e a recessão como duas principais causas, que estão
levando o país a sobressaltos as mais catastróficas consequências económicas, financeiras e
sociais. Uma economia em recessão e com constantes aumentos nos preços revela problemas
na estrutura da economia tais como aumento da taxa de juro, aumentos dos riscos dos
investidores, Desvalorização da moeda local (Kwanza) em relação as principais moedas de
relevância internacional, aumento dos preços dos bens e serviços importados, diminuição dos
investimentos no sector produtivo, Clima económico desfavorável, Aumento da especulação
financeira e aumento do desemprego.

Um dólar (504,37kz)4 nos dias de hoje, não compra tanto quanto comprava há quinze
anos. O custo de quase todos os bens e serviços aumentaram. Esse aumento no nível geral de

3
BARBIERI, Gismara C., OLIVEIRA, Jaqueline S., LIMA, Edy Carlos S. de, Inflação no Preço da Cesta
Básica: A Influência da Pandemia do Coronavírus No Preço Da Cesta Básica, IN: Revista de Agronegócio –
Reagro, Jales, v.9, n.2, p. 14-28, (S/L), jul./dez. 2020, p.14
3

preços por ser contínuo e generalizado é tido como inflação, e é uma das principais
preocupações dos economistas e dos formuladores de políticas.

Partindo destes argumentos, o presente trabalho visa responder à seguinte pergunta:


Será que o aumento do custo de vida em Angola tem sido afectado pela recessão?

Partindo da nossa problemática, sugerimos ainda as seguintes perguntas secundárias,


que nos conduzirão na resposta final do presente trabalho:

➢ Será que o PIB e a inflação são processos que se influenciam mutuamente?


➢ Qual é o impacto da variação dos preços no custo de vida das famílias angolanas?

0.4 Hipótese

Hipótese é a suposição de algo que pode (ou não) ser verosímil, que seja possível de
ser verificado, a partir da qual se extrai uma conclusão. Nas pesquisas científicas e
acadêmicas, por exemplo, uma hipótese corresponde a uma possibilidade de explicação sobre
determinada causa de estudo5. Tentamos responder à questão fazendo a referencia ao
problema sobre o custo de vida em angolana, da seguinte forma:

H0: O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não tem influência significativa sobre o
custo de vida, medido pela taxa de inflação, em Angola, no período de 2011 a 2021.

H1: O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tem influência significativa sobre o custo
de vida, medido pela taxa de inflação, em Angola, no período de 2011 a 2021.

0.5 Objectivos

Os objectivos são os propósitos que se pretendem atingir, com base nos fundamentos e
problemas apresentados6. A seguir são apresentados os objectivos que fundamentam o
desenvolvimento do presente trabalho, sendo divididos em geral e específicos.

0.5.1 Objetivo Geral

➢ Determinar empiricamente a influência do comportamento do PIB sobre o custo de


vida dos angolanos.

4
Câmbio USD-KZ, cotação de 17/12/2022.
5
SIGNIFICADOS, O que é uma Hipótese? Disponível em <https://www.significados.com.br/hipotese/> acesso
em 07 de Novembro de 2022
6
CIPRIANO, Sony Cambol, Seminário de MIC para Elaboração do Trabalho de Fim de Curso e Projecto de
Investigação, Inédito, F.E, Universidade Kimpa Vita, Uíge, 2018, p. 26
4

0.5.2 Objetivos Específicos

➢ Generalizar sobre os conceitos Inflação e PIB;


➢ Identificar as causas e efeitos da inflação na economia angolana;
➢ Modelizar a economia angolana em função a inflação como um dos factores
explicativo do custo de vida;
➢ Demonstrar a análise de regressão do modelo;
➢ Demonstrar grau relação das variáveis.

0.6 Metodologia

Este trabalho foi baseado no estudo de método indutivo que foi responsável pela
generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral 7 ou
com base os dados específicos, podesse observar padrões e tendências e, a partir daí,
generalizar e tirar conclusões gerais sobre a relação entre as variáveis. Método de
interpretação, pois esse consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições que
estão apoiadas na análise da produção no espaço.

Nos apoiamos ainda mais em outro método como estatístico que nos ajudou na
quantificação e qualificação de informações, delimitação das conclusões que se tornaram
verdadeiras.

A pesquisa bibliográfica foi necessária para elaboração do texto, na qual foram


utilizados fontes e autores que pesquisaram sobre inflação e PIB. Também foi fundamental a
realização de uma pesquisa documental, para levantamento de dados, feita em órgãos, bem
como em sites oficiais. A técnica experimental que submete o fenómeno estudado a influência
de variável controlada para analisar o impacto dessa mudança no objecto estudado.

0.7 Estrutura do trabalho

É importante frisar que as partes do trabalho devem ser consistes, coerentes e


compatíveis com o tratamento do problema de modo a formar uma unidade lógica8. Além das
partes pré-textuais, textuais e pós-textuais, o presente trabalho de pesquisa está dividido em
(3) capítulos. O primeiro capítulo aborda sobre a ‘’Generalidades Conceptuais’’ que é
7
LAKATOS, Marconi, 2007, p.91
8
CIPRIANO, Sony Cambol, Seminário de MIC para Elaboração do Trabalho de Fim de Curso e Projecto de
Investigação, Inédito, F.E, Universidade Kimpa Vita, Uíge, 2018, p.32
5

resultado do desenvolvimento da teoria económica sobre Inflação, PIB e outros assuntos


intrinsecamente relacionados a esse tema. Está subdividido em três secções: (i) o primeiro
trata sobre o produto interno bruto; (ii) o segundo trata o conceito de inflação e (iii) aborda
acerca o conceito ligado ao custo de vida.
O segundo capitulo aborda sobre a ‘’ Situação Económica Angolana’’ que numa
primeira fase e num contexto simplificado aborda acerca dimensão geográfica de Angola,
aspectos político-administrativo e macroeconómico. Posteriormente é apresentada a evolução
do PIB e a inflação, a fim de averiguarmos o seu impacto sobre o custo de vida das famílias
nos anos de 2011 a 2021. O capitulo está subdividido em cinco secções: (i) o primeiro trata
de forma minuciosa contexto geo-histórico de Angola; (ii) o segundo trata sobre o contexto
macroeconómico até aos dias de hoje; (iii) trata sobre a evolução do PIB; (iv) trata sobre a
evolução da inflação e por último (v) aborda sobre o custo de vida em Angola.
Finalmente, o terceiro capitulo, trata sobre ‘’Apresentação e Análise dos Resultados’’.
Neste capitulo apresentamos a verificação empírica por meio de testes econométricos
confrontando as teorias económicas com os dados macroeconómicos verificados na economia
angolana. Este capitulo está subdividido em duas secções: (i) trata sobre os aspectos
metodológicos e (ii) trata acerca da analise dos resultados.

0.8. Fontes Relevantes

O presente trabalho é sustentado por um conjunto de fontes, na qual iremos neste


ponto destacar aqueles que tivemos como sendo as mais relevantes: o Fundo Monetário
Internacional (FMI, 2022), o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2019), Ministério das
Finanças (MINFIN, 2018), o Centro de Estudos e Investigação Cientifica (CEIC, 2016 e
2021), destacando-se como fonte relevantes desse trabalho cientifico que indirectamente
forneceram dados apartir dos seus relatórios que serviu-nos de base para; (i) analisar a
evolução do PIB e Inflação, o custo de vida em Angola; (ii) realizar a verificação empírica
confrontadas com as teorias económicas.

O fasciculo sobre Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão de


(MAVAKALA, Lutonádio, 2020) e o livro de Econometria Básica de (GUJARATI, Damodar
N.; at ali, 2011) que foram de grande importância, visto que conseguimos recolher as teorias
económicas e econométricas de base para a construção do modelo regressão sobre
mensuração do custo de vida em Angola baseado pela inflação e PIB.
6

0.9- Dificuldades

Como qualquer trabalho científico na sua elaboração esta sujeita a encontrar várias
dificuldades e obstáculos, no âmbito da realização deste estávamos cientes que não estaríamos
a par dos mesmos, entretanto as várias dificuldades vivenciada no momento da realização
deste trabalho foram de várias ordens, desde o acesso aos dados oficiais e financeiro.
7

CAPÍTULO I - GENERALIDADES CONCEPTUAIS

O contexto todo sobre a fundamentação teórica será desenvolvido neste capítulo, mais
especificamente, o capítulo é resultado do desenvolvimento da teória económica sobre PIB,
Inflação e outros assuntos intrinsecamente relacionados a esses temas.

I.1 Produto Interno Bruto

O produto interno bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos e
representados por seus respectivos valores monetários (ou seja, valores expressos em uma
determinada moeda), em uma determinada região, durante um determinado período9.

O PIB representa o resultado final da actividade económica dos residentes num


determinado território, num dado período de tempo (tipicamente, um ano ou um trimestre).

Ao nosso ponto de vista o PIB Refere-se ao valor somado de todos os bens


produzidos e serviços prestados dentro do território económico do país,
independente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras desses
bens e serviços. Exclui as transações intermediárias, é medido a preços de
mercado.

Para avaliar rapidamente o comportamento de uma economia nacional é comum


recorrer a um conjunto de indicadores macroeconómicos, isto é, indicadores de síntese do
comportamento global da economia, entre os quais destaca-se a taxa de crescimento em
volume do Produto Interno Bruto (PIB).

Este indicador tem um papel fundamental na avaliação e concepção da política


económica e na formulação de juízos, expectativas e mesmo decisões a nível
microeconómico. Para possibilitar comparações internacionais, no apuramento do PIB e, de
uma forma mais geral, nas contas nacionais, as Nações Unidas desenvolveram, como guia, um
sistema conceptual e metodológico: System of National Accounts (SNA)10.

Nas identidades contabilísticas dos agregados macroeconómicos existe uma identidade


fundamental (P=R=D), nessa identidade, sabe-se que o produto final gera uma renda de igual

9
SILVA, Francisco G. da, MARTINELLI, Luís Alberto Saavedra, Introdução à Economia, Instituto Federal de
Educação, Ciência E Tecnologia, Paraná, 2012, p. 77
10
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.1
8

valor e a renda implica uma despesa de igual valor. Deste modo, o resultado do PIB pode ser
medido segundo três ópticas:

a) Óptica da oferta ou da produção:

O PIB é a soma do valor acrescentado bruto (VAB; é a diferença entre o valor da


produção com o consumo intermédio) a preços de base dos diferentes ramos de actividade,
acrescido dos impostos líquidos de subsídios sobre os produtos11.

Pela óptica da produção, o PIB corresponde à soma dos valores agregados


líquidos dos Três sectores da economia, mais os impostos indirectos, mais a
depreciação do capital, menos os subsídios dado pelo governo.

O produto corresponde ao valor total de bens e serviços ou acabados que foram


produzidos pela sociedade num determinado intervalo de tempo. Ou seja, por produção
entende-se qualquer tipo de actividade que aumenta o valor de um bem ou serviço já
existente, desse modo, considera-se para produção não somente a transformação de uma
matéria-prima num produto novo, mas também as actividades comerciais e de prestação de
serviços incluindo as de intermediação financeira. Por outro lado, não são considerados no
cálculo dos produtos as transacções que envolvem a troca de activos que não são produzidos
no período corrente12.

Alguns problemas podem colocar-se na determinação do valor do conjunto de bens e


serviços produzidos num país: como a adição dos bens e serviços de natureza diferentes;
Variação do preço; Dupla utilização.

PIB = ∑ VAB

b) Óptica da procura ou da despesa

Está óptica, permite saber a utilização da renda nacional quer seja no consumo ou na
poupança. A Despesa Nacional é a soma de todas despesas efectuadas para compra dos

11
INE Portugal, Op. Cit, p.2
12
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.21
9

produtos acabados num determinado período de tempo. gasto dos agentes económicos com o
produto nacional. Revela quais são os sectores compradores do produto nacional13.

Assim sendo, segundo esta óptica o PIB é a soma das despesas de consumo final das
famílias residentes, das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias (a soma destes
dois agregados corresponde à designação numa terminologia mais simples de consumo
privado) e das administrações públicas (neste caso também habitualmente chamado consumo
público) com o investimento e as exportações líquidas de importações14;

As exportações líquidas são interpretadas como investimentos no exterior que


acrescentam no investimento interior global. O valor total de todos investimentos efectuados
dentro do país, é estimado pela FBCF, está noção de investimento, entende-se também as
variações de stock de matérias-primas do não acabado e do produto final que ainda não foi
vendido.

DN=PIB= C + G +I + X – M

c) Óptica do rendimento ou da renda

O PIB é por outro lado a soma das remunerações do trabalho, dos impostos líquidos,
de subsídios sobre a produção e importação e do excedente bruto de exploração.

Está óptica, tenta de indicar a repartição da renda nacional entre as diferentes classes
sociais de um país ao longo de um período. A Renda Nacional é a soma das remunerações
atribuída a todos factores de produção ao longo de um determinado intervalo de tempo.
Geralmente distingue-se dois tipos de factores de produção que são: trabalho e capital, e
geram dois tipos de renda: salários e os proveitos15.

Os salários englobam a remuneração da mão-de-obra, os alugueis e os juros recebidos


pelas famílias. Ao passo que os proveitos englobam os benefícios, dividendos, os juros e
outros lucros financeiros.

Além disso, são acrescentados na renda nacional, as amortizações que são os


montantes previstos pela substituição dos bens de equipamentos ou de produção, e também a

13
VASCONCELLOS, Marco Antonio S., GARCIA, Manuel Enriquez, Fundamentos de Economia, 3ª Edição,
Editora Saraiva, S/L, S/D, p.82
14
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.2
15
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.22
10

renda produzida pelo Governo que é gerada pela taxa de imposto indirecto calculado sobre o
processo de produção e de distribuição, quer dizer, a soma das taxas de impostos sobre as
vendas assim como as tarifas sobre as importações, deste modo:

RN=PIB= W + P + R + A + J + Imp.Ind.

I.1.1 PIB nominal

O PIB nominal, também chamado de PIB em moeda corrente, indica a produção de


bens e serviços finais de uma economia avaliada aos preços do período em que foram
produzidos. Nesse caso, o PIB aumentará em caso de aumento da produção ou em caso de
aumento do nível dos preços16.

Assim, é possível haver um aumento do PIB nominal mesmo que haja uma queda na
produção real em virtude da inflação (aumento do Nível Geral dos Preços). Assim, o PIB
nominal não é uma variável útil para análises económicas, como por exemplo, a análise do
crescimento económico do país em determinado período de tempo.

I.1.2 PIB real

O PIB real, também chamado de PIB em moeda constante, indica a produção de bens
e serviços finais de uma economia avaliada aos preços de um mesmo período. Dessa forma,
um eventual aumento do Nível Geral dos Preços não é computado no PIB real. A análise do
PIB real permite ter uma ideia mais precisa da evolução do nível de produção da economia,
considerando apenas as variações dos preços relativos dos bens e serviços produzidos no
período.

Para o cálculo do PIB real, escolhe-se um ano qualquer que passa a ser chamado de
ano base. A partir daí, congelam-se os preços do ano base e avalia-se a produção dos demais
anos sempre no mesmo nível de preços, o que faz com que a inflação seja expurgada do
cálculo do produto real.

𝑃𝐼𝐵𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑃𝐼𝐵𝑟𝑒𝑎𝑙 =
𝐷𝑒𝑓𝑙𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑃𝐼𝐵

16
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.39-40
11

I.1.3 Produto Nacional Bruto

Somando ao PIB a renda recebida do exterior e subtraindo a renda enviada ao exterior,


tem-se o produto nacional bruto (PNB), que é a renda que efectivamente pertence aos
residentes do país17. Tem-se então:

𝑃𝑁𝐵 = 𝑃𝐼𝐵 + 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 – 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑣𝑖𝑎𝑑𝑎 𝑎𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟

A diferença entre a renda recebida e a renda enviada ao exterior é chamada de renda


líquida do exterior (RLE). Tem-se então:

𝑃𝑁𝐵 = 𝑃𝐼𝐵 + 𝑅𝐿𝐸

Tendo como referência a metodologia das contas nacionais angolana, é conveniente


distinguir dois casos: o cálculo anual e o cálculo trimestral18.

Os métodos e as fontes estatísticas em que se baseiam são diferentes. No primeiro


caso, a informação utilizada para compilar o PIB é mais abundante e abrangente estando, em
geral, disponível na sua grande parte apenas vários trimestres após o ano a que se refere. No
segundo caso, é necessário produzir estimativas a partir de informação muito incompleta
ainda antes de findar o trimestre seguinte.

A Contabilidade Nacional estabelece uma lista dos bens e serviços que podem ser
disponíveis num país, esta disponibilidade resulta da produção interna da importação19.

Numa economia, os bens e serviços produzidos têm três destinos:

1º. Utiliza-lo na produção para facilitar a produção de outros bens e são chamados consumos
intermediários;

2º. Outros bens são destinados ao consumo final para satisfazer as necessidades da sociedade
e são chamados de consumo final;

17
VASCONCELLOS, Marco Antonio S., GARCIA, Manuel Enriquez, Fundamentos de Economia, 3ª Edição,
Editora Saraiva, S/L, S/D, p.87
18
INE Portugal, Como se Calcula o PIB, S/E, Coimbra, 2011, p.3
19
MAVAKALA, Lutonádio, Elementos de Contabilidade Nacional Para Economia e Gestão, UNIKIVI, Uíge,
2020, p.39
12

3º E finalmente são destinados como acumulação para aumentar o património das empresas
em termos de investimentos e são chamados de FBCF, e para os bens não duráveis são
chamados de acréscimo de stock.

I.1.4 Taxa de Crescimento Económico

A taxa de crescimento é um indicador derivado do PIB e, em princípio, calculado


como a diferença do PIB do ano em apreço com o do ano anterior sobre o valor da produção
do ano anterior. Tanto o PIB (real) e a sua taxa de crescimento são utilizados na elaboração de
planos de negócios, nomeadamente quando se calcula a procura genérica para um
determinado produto e a própria evolução da procura efectiva para o mesmo. De igual modo
PIB, PIB per capita e taxa de crescimento entram na estimativa dos mercados internacionais
para os quais uma empresa exporta ou ambiciona exportar.

O crescimento económico diz respeito é o aumento da capacidade produtiva da


economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou área económica.
Ou então, o conceito de crescimento económico é mais restrito, focando-se no aumento
quantitativo da capacidade produtiva, e não na transformação qualitativa da estrutura da
economia20. Dito de outro modo, o crescimento económico diz respeito a expansão do PIB
potencial ou do produto nacional de uma economia.

Para que haja melhorias nos níveis de vida das populações é importante que partimos
do crescimento económico como o objectivo central de todas as políticas implementadas por
qualquer país, nesta senda há países que no uso das suas políticas obtêm resultados muito
mais satisfatório para as suas economias, e estes países têm servido de exemplo para os países
que têm níveis de crescimento menos acelerado.

Para perceber o paradoxo do uso de instrumentos e políticas económicas que induzem


para o crescimento, Samuelson e Nordwans (2005) direccionam-nos ao conceito das quatro
rodas do crescimento económico21.

Recursos Humanos: inclui a mão-de-obra com bastante qualificação, a questão da


educação e disciplina são factores que contribuem activamente para o aumento da
produtividade.

20
Este texto de apoio (1E207 Macroeconomia II, FEP-UP, 2009-10)
21
SAMUELSON Paul A.; NORDHAUS William D., Economia, 18ª ed, McGrawHill Editora, Madrid, 2005,
pp.555-557.
13

Recursos Naturais: trata-se de bens que a natureza oferece, nomeadamente a terra, recursos
hídricos, minerais, combustíveis, qualidade ambiental e outros. São factores que se usados com
bastante eficiência leva a que os países atinjam níveis de crescimento próspero.
Formação de Capital: incluem não só bens tangíveis (máquinas, infra-estruturas), mas
também bens intangíveis (caso dos softwares com tecnologias super avançadas).

Tecnologia: ciência, engenharia, gestão, empreendedorismo.

A crítica do PIB, antes de mais, também deve ser associada a nomes como Amartya
Sem e outros economistas por não abranger dimensões essenciais da natureza humana e da
vida social como a saúde, a esperança de vida e a qualidade da vida; entre outros aspectos.
Neste enquadramento, colocam-se os debates sobre os indicadores do desenvolvimento
humano que tentam remediar à estreiteza do vector monetário do PIB. Para avaliar a procura
de bens tecnológico e mais elaborados, avalia-se a procura também na base do PIB per capita
e as grandes cidades em que a maioria da população situa-se acima de um certo patamar. Pode
ainda haver necessidade de estimar o bem-estar (well-being) e nestecaso o PIB per capita
pode ser complementado pelo IDH que mede a qualidade de vida (ou bem-estar) na base do
PIB, da esperança de vida e do nível educacional.

O bem-estar social está fortemente associado ao quociente entre a quantidade de bens


e serviços produzidos na economia, e o número de pessoas cujas necessidades é necessário
satisfazer. Assim, utiliza-se o PIB per capita, ou, numa óptica de longo prazo, o PIB natural
per capita, como indicador do bem-estar social. Faz igualmente sentido utilizar o nível de
consumo per capita, em vez do produto per capita, porque é através do consumo que as
pessoas satisfazem as suas necessidades22.

No contexto das actividades empreendedoras, o índice de desenvolvimento pode servir


de revelador das características da população onde a empresa desenvolve a sua actividade ou
ainda onde comercializa seus bens e serviços. Visa dois propósitos: caracterizar a população
trabalhadora e o mercado (consumo, nível de vida).

22
Gordon, “Macroeconomics”, 10th ed., Addison-Wesley, 2005
14

I.2 Conceito de Inflação

A inflação pode ser definida como uma alteração percentual nos níveis de preços, de
bens internos e externos, que será utilizada a média desses preços23.

A Inflação ocorre quando a quantidade de moeda aumenta muito rapidamente – acima


da velocidade da produção. Quanto mais alto for o aumento da quantidade de moeda relativa
ao aumento de uma unidade de produção maior será a inflação24.

Processo de aumento geral e persistente dos preços por forças de elevação


excessiva da demanda e/ou dos custos dos factores de produção
paralelamente à depreciação do valor da moeda e redução do seu poder
aquisitivo.

Quando existe inflação, o valor do dinheiro diminui porque, com um determinado


montante, consegue-se comprar menos bens e serviços do que anteriormente. Quando isto
acontece também se diz que diminuiu o poder de compra25.

Destas definições apresentadas a respeito da inflação levam a percepção de que é


simplesmente o aumento generalizado e persistente do nível geral dos preços.

Em Angola, como na generalidade dos países, a inflação é medida com base no índice
de Preços no Consumidor (IPC). Para tal:

• Define-se um cabaz representativo das compras dos angolanos, composto pelos bens e
serviços que estes adquirem habitualmente;
• Estes bens e serviços são ponderados em função da sua importância nos respetivos orçamentos
familiares;
• O valor do IPC corresponde ao valor deste cabaz representativo.

I.2.1 Índice de Preços no Consumidor

Para calcular a inflação utiliza-se uma variação mensurada pelo Índice de Preços ao
Consumidor (IPC), que é a média de preços de varejo de uma cesta de mercado fixa que
abrange bens e serviços.26

23
Segundo SANCHS, em (2000, apud ANDERSON, 2010, P.10)
24
Para FRIEDMAN, em (1969, apud ANDERSON, 2010, p.10)
25
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO FINANCEIRA, Inflação e Desemprego, S/L, S/D, p.03
26
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO FINANCEIRA, Inflação e Desemprego, S/L S/D, p.
15

Existe uma infinidade de preços específicos numa economia. Esses preços estão
sujeitos a movimentos contínuos que, basicamente, reflectem as variações na oferta e na
procura de bens e de serviços específicos. Obviamente que não é nem viável, nem
conveniente, ter todos estes preços em consideração, mas, ao mesmo tempo, também não é
apropriado analisar apenas alguns deles, dado que podem não ser representativos do nível
geral de preços.

No cabaz representativo das compras das famílias angolanas, as categorias de bens e


serviços com maior peso são as relativas a: “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”,
“transportes” e “habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis”.

I.2.2 Taxa de Inflação

Com base no Índice de Preços no Consumidor (IPC) podem calcular-se as taxas de


variação mensal, homóloga e média dos últimos doze meses27.

• A taxa de variação mensal do IPC compara o valor do índice de preços entre dois meses
consecutivos.
• A taxa de variação homóloga do IPC compara o valor do índice de preços entre o mesmo mês
de anos consecutivos.
• A taxa de variação média do IPC dos últimos doze meses compara o valor médio do índice de
preços nos últimos doze meses com o valor médio deste índice nos doze meses imediatamente
anteriores.

A Inflação pode ser mensurada pela variação do nível geral de preços da economia em
um determinado momento, que é demonstrado pela equação abaixo28:

(𝐼𝑃𝐶𝑡 − 𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1)
𝑃𝑡 = 𝑥 100
𝐼𝑃𝐶𝑡 − 1

Onde: Pt: Taxa de Inflação no período t; IPCt: índice de preços ao consumidor no fim do
período t e Pt – 1: índice de preços ao consumidor no fim do período anterior ao período t.

27
INE, Folha de Informação Rápida N.º 12_IPC Nacional Dezembro 2020, pp. 7-9
28
TEAMAFTERMARKET, Fórmula de inflação, Disponível em < Fórmula de inflação | Guia passo a passo
para calcular a taxa de inflação (teamaftermarket.com)> acesso ao 20 de Junho de 2023
16

I.2.3 Classificação da Inflação

Segundo Pinto (2004) a inflação pode ser classificada em quatro tipos diferentes,
nomeadamente a inflação pela demanda, inflação pelos custos, inflação inércia e a inflação
estrutural29.

I.2.3.1 Inflação de Demanda

A Inflação de demanda refere-se ao Excesso de demanda agregada em relação à


produção disponível de bens e serviços na economia é causada pelo crescimento dos meios de
pagamento, que não é acompanhado pelo crescimento da produção. Intuitivamente, ela pode
ser entendida como "dinheiro demais à procura de poucos bens"30.

Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada, e tendo
em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política económica que
a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos), a política
preconizada para combatê-la assenta-se em instrumentos que provoquem uma redução da
procura agregada por bens e serviços. O governo pode agir tanto directa como indirectamente
para reduzir o processo de inflação de demanda. A atuação direta dá-se pela redução dos
próprios gastos do governo. Evidentemente, a redução dos gastos do ´´principal comprador"
de bens e serviços tem um efeito imediato e eficaz sobre a demanda agregada. A atuação
indireta do governo ocorre por meio de políticas que desencorajam o consumo e o
investimento privado. Por exemplo, pode implementar uma política monetária que procure
restringir a quantidade de moeda e de crédito, ou então uma política fiscal que provoque um
aumento da carga tributária, tanto sobre bens de consumo como sobre bens de capital31.

I.2.3.2 Inflação de Custos

Esse tipo de inflação tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na
economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos factores
importantes aumentam, levando à retracção da oferta e provocando um aumento dos preços de
mercado.

29
Segundo PINTO, em (2004, apud ANDERSON 2010, p.11)
30
E. Shapiro, Análise macroeconômica, São Paulo, Atlas, 1976, p. 664.
31
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.5
17

A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem ou serviço tende a relacionar-se


bastante com seus custos de produção. Se estes aumentam, mais cedo ou mais tarde o preço
do bem provavelmente aumentará. Uma razão frequente para o aumento de custos são os
aumentos salariais. O aumento das taxas de salários, entretanto, não necessariamente significa
que os custos unitários de produção de um bem aumentaram. Se a produtividade da mão-de-
obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários, os custos unitários por unidade de
produto não são afetados. Por exemplo, se os salários aumentam em 10% e a produção por
trabalhador aumenta na mesma proporção, não há razão para se elevarem os preços, pois os
custos salariais, por unidade de produto, permaneceram os mesmos32.

Agora, por outro lado, se sindicatos com maior poder de barganha são capazes de
forçar um aumento de salários a níveis acima dos índices de produtividade, os custos de
produção de bens e serviços aumentam. Se os preços dos produtos finais seguem os custos de
produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento
de salários)33. A inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas, com
elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus lucros acima do
aumento dos custos de produção. Nesse sentido, a inflação de custos também é conhecida
como inflação de lucros.

I.2.3.3 Inflação Inércia

É aquela em que a inflação presente é uma função da inflação passada. Deve-se à


inércia inflacionaria, que é a resistência que os preços de uma economia oferecem às politicas
de estabilização que atacam as causas primarias da inflação.

I.2.3.4 Inflação Estrutural

A corrente estruturalista supunha que a inflação em países em vias de


desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de custos, derivados de questões
estruturais como agrícola e a de comércio internacional.

32
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.8
33
O termo reajuste salarial denota tratar-se de uma recomposição do poder aquisitivo perdido com a inflação
anterior. Nesse sentido, o aumento de salários é conseqüência, e não causa, da inflação (a menos que o reajuste
salarial supere os índices de produtividade). Agora, se o diagnóstico for de inflação de demanda, mesmo que os
reajustes apenas recomponham o poder aquisitivo dos assalariados, o combate a essa inflação torna-se um pouco
mais complexo, já que, por ocasião dos reajustes, a demanda agregada deve novamente se elevar, e
provavelmente realimentar os índices de inflação, gerando uma corrida entre preços e salários (a não ser que a
política antiinflacionária procure concentrar-se na diminuição da demanda de outros agentes econômicos, por
exemplo, reduzindo lucros, e/ou gastos públicos).
18

O deslocamento do pólo de crescimento, da agricultura para a indústria, provoca um


aumento do grau de urbanização. Para fazer face ao aumento da população nas cidades, são
necessários investimentos maciços em infra-estrutura, como em transportes, água, luz,
telefone, serviços médicos etc., quase que totalmente incorridos pelo setor público. A curto
prazo, a elevação dos gastos públicos (e, portanto, da demanda agregada) não tem uma
contrapartida rápida da produção agregada de bens e serviços, pois esta reage em prazos mais
longos, dependendo do tempo de maturação dos investimentos efetivados. O excesso de
demanda sobre a oferta agregada, nessa fase, provoca elevações de preços34.

I.2.4 Expectativas de Inflação e o Papel da Meta de Inflação

A utilização de uma meta para a inflação serve como um guia para formação das
expectativas de inflação, que, em última instância, induz a taxa de inflação observada a
convergir para a meta.

Os agentes económicos, ao estabelecerem relações entre si, tomam como base para
suas decisões uma série de expectativas formadas para diferentes variáveis capazes de afectar
os resultados de seus negócios. Uma das variáveis de grande importância para o processo de
decisões dos agentes é as expectativas formadas para a inflação. Assim, ao tomarem suas
decisões relacionadas ao processo de formação de preços com base nas expectativas formadas
para a inflação, os agentes buscam se utilizar das informações e do conhecimento que regem
essas expectativas de modo a minimizarem eventuais perdas que possam vir a ocorrer em seus
negócios e que inevitavelmente levariam a reduzir suas participações na renda da economia35.

Se, de fato, os agentes tomam suas decisões sendo fortemente influenciados pelas
expectativas, podem acabar sancionando essas expectativas, tornando-as uma profecia
autorrealizável. Nesse sentido, um entendimento acerca dos determinantes fundamentais das
expectativas de inflação torna-se crucial para a forma de conduzir a política monetária.
Tradicionalmente, são reconhecidos os impactos (i) da inflação passada, (ii) da política
monetária implementada no passado e (iii) dos resultados primários (deficit/superavit) do
governo sobre as expectativas formadas para a inflação.

34
LUQUE, Carlos Antonio, VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de, Considerações sobre o Problema
da Inflação, FEA / USP, São Paulo, (S/D), p.11
35
MONTES, Gabriel Caldas, Política monetária, inflação e crescimento económico: a influência da reputação da
autoridade monetária sobre a economia, Niterói, Rio de Janeiro, 2008, p. 14
19

Existe, portanto, o efeito exercido pela inflação passada sobre as expectativas de


inflação, explicado pelas revisões que os agentes realizam em suas expectativas – adaptando-
as – e conferindo, dessa maneira, um carácter inercial à dinâmica inflacionária, assim como o
efeito das políticas económicas sobre as expectativas de inflação.

Quanto às variações nas expectativas formadas para os salários nominais e para a taxa
de câmbio, essas, por sua vez, refletem as expectativas formadas para possíveis variações nos
custos das firmas. Se as firmas acreditam, com base em suas expectativas, que serão afectadas
por modificações em seus custos, antes que sofram possíveis perdas, acabam se antecipando
por meio de alterações nos seus preços na tentativa de manterem suas participações na renda
da economia, evitando redistribuições indesejáveis e, assim, sancionando o processo
inflacionário.

A autoridade monetária deve buscar estabelecer, portanto, a reputação de estar


actuando tanto na busca da estabilização da inflação, quanto na busca de uma meta para o
produto, ou seja, de ser tanto guardiã da moeda quanto indutora do crescimento económico.
Os agentes económicos devem ser levados a crer, por meio da reputação estabelecida pela
autoridade monetária, que na medida em que a inflação der sinais de estar se desviando da
meta, quando diagnosticada por pressões de demanda, a autoridade monetária irá actuar de
maneira austera manipulando a taxa de juros. Essa crença faria os agentes económicos
reverem suas expectativas e, assim, levaria a inflação a convergir novamente para a meta36.

I.2.5 Consequências da Inflação

O aumento dos preços na economia tem forte impacto sobre a actividade económica
como um todo. Porém os principais efeitos podem ser frequentemente encontrados em
diversas situações, tais como37:

➢ Perda do poder de compra para aqueles que – como é o caso dos assalariados – não
conseguem reajustar seus preços na mesma velocidade e proporção que os outros. O resultado
final é o empobrecimento desta parcela da população;
➢ A disputa pela renda ou o conflito distributivo. Em um ambiente inflacionário há uma
transferência de renda das classes sociais mais baixas para aquelas de renda mais alta. A
inflação, desta forma, alimenta o conflito distributivo, pois trabalhadores e empresas passam a
disputar a renda através dos reajustes dos preços e salários.;

36
MONTES, Gabriel Caldas, Política monetária, inflação e crescimento económico: a influência da reputação da
autoridade monetária sobre a economia, Niterói, Rio de Janeiro, 2008, p. 17
37
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
20

➢ A perda da capacidade de planejar financeiramente as actividades. A aceleração dos preços


impede que os indivíduos possam fazer seus orçamentos, pois os valores discriminados a cada
momento não permanecem38;
➢ Imperfeições na alocação relativa dos recursos produtivos. Os indivíduos direccionam, na
medida do possível, a maior parte de sua renda em activos que lhe proporcionem protecção
contra a inflação, tais como imóveis e terras, em detrimento de investimentos produtivos que
proporcionem o aumento da capacidade de produção;
➢ Perda de referência da moeda enquanto reserva de valor. Os agentes económicos, em período
de inflação alta, tendem a se livrar imediatamente dos recursos monetários que dispõem, para
reduzir as perdas de riqueza associadas à redução do poder de compra enquanto não realizam
gastos em aquisição de bens e serviços;
➢ Incerteza nos negócios. A inflação, quando alta, acarreta imprevisibilidade nos investimentos.
Este componente gera expectativas de incerteza nos negócios, reduzindo os investimentos e
compromete o crescimento da economia;
➢ Perda da função de troca. Em regime de inflação alta e duradoura, os indivíduos tendem a
rejeitar a moeda como meio de pagamento. A perda do valor da moeda leva os agentes
económicos a aceitar activos reais, substituindo a moeda, como mecanismo de protecção da
inflação39;
➢ Os reflexos no mercado de câmbio. Se o país apresenta défice cambial, as autoridades, na
tentativa de minimizá-las, promovem a desvalorização do câmbio para estimular as
exportações e desistimular as importações. No que se refere aos produtos importados
essenciais, dos quais não se pode prescindir, estes se tornarão mais caros contribuindo para o
aumento dos custos de produção, que, por sua vez, pressiona o aumento dos preços, tornando-
se um círculo vicioso.

Essas consequências apresentadas são relativas, pois o seu impacto pode variar de
acordo com a intensidade e com a velocidade do processo de elevação dos preços.
Dependendo da intensidade da inflação e dos mecanismos de defesa accionados, os efeitos
redistributivos sobre a renda agregada e as riquezas acumuladas podem ser de proporções
significativas, que, no limite, poderá destruir as bases do ordenamento económico, ao
atingirem as funções monetárias ou a confiança do público em qualquer forma de haver
financeiros. Entre os efeitos mais desastrosos pode-se citar: a destruição da moeda; destruição
da estrutura e da longevidade do sistema de trocas; desarticulação de suprimentos nas cadeias

38
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
39
KRUGMAN D., Op. Cit., p.496
21

de produção; regressão das actividades produtivas à linha de subsistência; queda do nível de


emprego; ruptura do tecido social;40 etc.

I.3 Conceito de Custo de Vida

O termo custo de vida é bastante utilizado no mundo das finanças. Porém, ele pode
gerar algumas confusões, já que serve para designar coisas diferentes41.

Você pode falar sobre custo de vida ao abordar, por exemplo, a necessidade de
entender quanto gastaria para morar em determinado lugar. E, por outro lado, pode utilizar o
termo custo de vida para entender seus gastos mensais como um todo e, assim, conseguir se
planejar da melhor forma em busca de suas conquistas.

O custo de vida nada mais é do que a soma de tudo o que você considera necessário
para a sua vida42. Ele leva em consideração seus gastos mensais, mas também está
relacionado aos custos de onde você mora. O lugar em que moramos tem grande interferência
no nosso custo total de vida. Isso porque pagamos impostos, consumimos, compramos coisas,
enfim, realizamos diversas actividades levando em consideração os custos de se viver em
determinado local.

Por isso mesmo, o custo de vida é um conceito que leva uma série de variáveis, como
oportunidade de emprego, inflação, entre outras coisas.

O custo de vida, tem como média a base salarial de determinado local. Existem casos
de cidades em que o custo de vida costuma ser alto - mas, em contrapartida, as pessoas
ganham um salário melhor. Para realizar esse tipo de cálculo, é preciso acompanhar a
elevação dos preços em determinado período e como isso pode afectar os seus rendimentos
mensais.

O Instituto Nacional de Estatística baseia-se em 10 categorias tais como: Alimentação,


Habitação, Equipamentos domésticos, Transporte, Vestuário, Educação e leitura, Saúde,
Recreação, Despesas pessoais e Despesas diversas43. Esses cálculos são feitos de forma
anual, para assegurar um controle mais preciso de todas as categorias que aumentaram ou

40
KRUGMAN D., Introdução a Economia, 2ª edição, McGrawHill Editora,S/L, 2008, p.496
41
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 7 de Junho de 2023
42
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 7 de Junho de 2023
43
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p.18
22

caíram o preço dentro de um período anual - algo parecido com a inflação, só que mais
voltado para entender o quanto realmente é necessário ter para se viver na cidade ou para se
adquirir a cesta básica44.

Embora o conceito de custo de vida esteja muito associado ao local em que se vive,
quando se fala em calcular o seu próprio, a conta não chega a ser assim tão complicada.

Nossos rendimentos ajudam a ter um parâmetro do padrão de vida que conquistamos


ao longo do tempo. Portanto, para entender seu custo de vida é preciso entender dois
conceitos, que iremos explicar a seguir45:

➢ Gastos fixos

São aqueles gastos que não se alteram e devem ser pagos todos os meses. Mesmo
quando há algum tipo de alteração, não chega a ser algo que interfere muito nos seus
rendimentos mensais.

Entre eles, podemos mencionar gastos com aluguel, habitação, serviços básicos,
impostos diversos, utilidades e supermercado, por exemplo46.

➢ Gastos Variáveis

Já os gastos variáveis são aqueles que tendem a mudar com o passar dos meses. Por
exemplo, quando você e sua família tentam se organizar para uma viagem, certamente
precisam comprometer parte de sua renda. Como não é algo que acontece mensalmente,
dentro de uma rotina, pode ser considerado um gasto variável.

Outros exemplos incluem compras feitas em algum tipo de passeio, consertos no carro,
entretenimento, cafezinho na esquina, entre muitos outros.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 = 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 + 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠

44
Conjunto de bens que entram no consumo básico de uma família de trabalhadores, variando conforme o nível
de desenvolvimento social do país.
45
Embracon, Como calcular o seu custo de vida? Disponível em < https://www.embracon.com.br/blog/como-
calcular-o-seu-custo-de-vida > acessado ao 17 de Junho de 2023
46
Kitei, Entenda agora as diferenças entre gastos fixos e variáveis! Disponivel em <
https://blog.kitei.com.br/gastos-fixos-e-variaveis/ > acessado aos 22 de junho de 2023
23

É exactamente a soma desses dois tipos de gasto que formam o seu custo de vida. Ou,
em termos mais simples, tudo aquilo que gastamos com o nosso dinheiro ao longo dos meses,
seja com coisas importantes, necessárias ou supérfluas.
24

CAPÍTULO II – SITUAÇÃO ECONÓMICA ANGOLANA

O presente capítulo demonstra, numa primeira fase e num contexto simplificado a


dimensão geográfica de Angola, aspectos político-administrativo e macroeconómico.
Posteriormente é apresentada a evolução do PIB e a inflação, a fim de averiguarmos o seu
impacto sobre o custo de vida das famílias.

II.1 Contexto Geo-histórico de Angola

Angola, oficialmente República de Angola, é o sexto País Africano de maior


dimensão, com uma área de 1.246.700 Km2, sendo uma costa de 1.650 e uma fronteira
terrestre de 4.837 Km. Etimologicamente Angola deriva de “Ngola”, nome atribuído a uma
dinastia dos povos Ambundo, fixados no médio-Kwanza. A República de Angola fica situada
na costa ocidental da África Austral, a Sul do Equador, cujo território principal é limitado a
norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela
Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. O território de Angola inclui também o enclave de
Cabinda, através do qual faz fronteira com a República do Congo, a norte.47 O país está
dividido em 18 províncias, cujos principais centros urbanos, para além de Luanda, são as
cidades do Huambo, Lobito, Benguela e o Lubango.

Possui vastos recursos florestais, principalmente na província de Cabinda, floresta do


Maiombe, onde se encontram madeiras de valor económico elevado como o pau-preto, ébano,
sândalo, pau-raro e pau-ferro. Nos planaltos situam-se as grandes bacias hidrográficas. Ora, os
recursos minerais são, sem dúvida, os que melhor se conhecem e estão a ser aproveitados a
um nível razoável, principalmente o petróleo (Cabinda, Soyo e Kissama) e os diamantes
(Lundas e Malange). Além desses, Angola possui ainda grandes jazidas de ferro, cobre, ouro,
chumbo, zinco, manganês, volfrâmio, estanho e urânio. O país conta ainda com outros
recursos tais como capacidades hidroeléctricas, diamantes e minerais (Ferro, Cobre, Urânio,
Fosfato, Ouro, Prata, entre outros). Dispõem também de grandes extensões de terra
cultiváveis, importantes áreas florestais, recursos no sector da pecuária e zonas ricas em
pesca48.

47
EMBAIXADA DA REPÚBLICA DE ANGOLA, Sobre Angola, disponível em
<http://www.embangola.at/dados.php?ref=sobre-angola> acesso aos 09 de Dezembro de 2022
48
SANTOS, Eduardo, Religiões de Angola, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1969, p. 19.
25

II.2 Contexto Macroeconómico até aos Dias de Hoje

A estabilidade macroeconómica é uma pré-condição essencial para o crescimento


económico, pelos seus reflexos nas decisões de financiamento e de investimento das
empresas. Assim, as políticas monetárias, cambial e fiscal serão ponderadas tendo em
consideração a sua eficácia e eficiência na prossecução dos equilíbrios macroeconómicos,
bem como pelos sinais e incentivos que influenciam as decisões empresariais.49

Adaptando ao descrito por Morais (2019). Desde a independência até os dias de hoje, a
economia angolana pode ser caracterizada por quatro fases50:

• De 1975 (independência) a 1985 - economia centralizada e planificada;


• 1986 a 1991 - reconhecimento da necessidade do abandono do modelo de economia
planificada e transição para o modelo de economia de mercado;
• De 1991 a 2013 – transição efectiva para a economia de mercado, sendo o sector
petrolífero definido como estratégico para o desenvolvimento económico e social do
país. Esta fase perdurou até 2013, sendo que em 2014 a queda do preço do petróleo no
mercado internacional desencadeou a crise económica e financeira;
• De 2014 até os dias de hoje – reconhecimento da necessidade de eliminar a hegemonia
do petróleo, transitando para uma economia cada vez mais diversificada.

No período de 1975-2002, a taxa média de crescimento do PIB foi de 2,4%. O


investimento de capital teve um crescimento médio anual de 2,4%, sendo este um esforço do
Governo, porque nessa altura o setor privado era praticamente inexistente. Em 1992, na
sequência da alteração da Constituição, estabeleceu-se um sistema económico baseado no
mercado e com o qual se pretendia que a propriedade passasse a ser privada limitando a ação
económica do Estado a setores sociais e a áreas económicas consideradas estratégicas 51.
Segundo o mesmo autor, após 27 anos de guerra civil, em abril de 2002, estabeleceu-se os
acordos de paz. Desde aí, o país tem enfrentando a árdua tarefa de promover a estabilidade e a
criação de condições de relançamento da economia

Após a instauração da paz o país iniciou uma época de reestruturação, reconstrução e


renovação suportada por uma economia com uma taxa de crescimento anual do PIB elevada

49
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 64
50
MORAIS, Otília de, A Diversificação da Economia em Angola, Inédito, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2019,
p. 18
51
SIMON (2001), apud, NUNES, (2018, p.23).
26

(11,6% ao ano). Tal crescimento económico tem possibilitado alterações positivas na procura
interna que dinamizaram outros sectores da economia assim como uma expansão orçamental.
O crescimento económico está fortemente associado, estruturado e dependente do
desenvolvimento da indústria extractiva mineral, dos sectores petrolífero, gás e minério (é o
quinto produtor mundial de diamantes e possui reservas de minério de ferro, cobre, feldspato,
ouro, bauxite e urânio) e, também, embora em menor grau, dos serviços e da agricultura52.

Angola é um país muito dependente do sector petrolífero, sendo este o grande gerador
de receitas para a dinamização da economia. O sector não petrolífero da economia angolana é
constituído pelas actividades agrícola, industrial, pecuária e florestas, pescas, manufactura,
energia e águas, construção, extracção mineira e serviços diversos, como comércio,
transportes, banca, seguros, telecomunicações e outros. As exportações do país e as receitas
fiscais do Estado centram-se maioritariamente no petróleo, pelo que, a crise deste sector
comprometeu significativamente a economia, havendo a necessidade obtenção de novas
fontes de receitas em moeda nacional e externa, bem como reduzir os dispêndios em moeda
externa para pagamento de importações.

Sabe-se que desde 2008 que a economia angolana entrou numa fase de evidente
diminuição do seu ritmo de crescimento. Como se tem vindo a assinalar nos Relatórios
Económicos de anos anteriores, a mais importante reforma estrutural não foi implementada,
continuando-se com uma economia ainda centrada no petróleo, sem um sector agrícola capaz
de fornecer inputs ao sector manufactureiro em quantidade, qualidade e custo e com
significativas carências na cadeia de fornecimento de electricidade e água. O ritmo médio de
crescimento do PIB entre 1998 e 2015 situou -se em 6,8%, influenciado pelos anos dourados
de elevadas taxas reais de variação no período 2002 -2008.53

A economia nacional está envolvida por muitas fraquezas e desequilíbrios estruturais.


A ilustração mais evidente desta armação está no facto de, depois da tempestade petrolífera de
2008/2009 que atirou o preço do barril para a casa dos 45 dólares e da recuperação quase
imediata (2010) para níveis semelhantes aos anteriores, Angola nunca mais atingiu os padrões
de crescimento do PIB registados até 2008 (11,2% neste ano). De acordo com as Contas
Nacionais, os registos foram os seguintes: 2,1% em 2009, 3,6% em 2010, 1,8% em 2011,
5,8% em 2012, 3,9% em 2013, 4,4% em 2014, 0,9% em 2015, -2,6% em 2016, -0,1% em

52
BAPTISTA, César João, Percepção do Crescimento Económico de Angola Pós-Independência, Inédito,
Universidade de Évora, Évora, 2013, p.37
53
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 20.
27

2017, -2,0% em 2018, -0,9% em 2019 e em 2020 registou -5,8%.54 Tendo somente
recuperado o crescimento económico em 2021 quando fechou as contas nacionais com uma
taxa de crescimento do PIB na ordem dos 0,8%.

Entretanto, confirmando a tendência de queda da economia angolana já detectada em


2014, face ao agravamento da crise causada pela redução do preço do petróleo no mercado
internacional. Ao nosso ver, a promoção da competitividade das empresas e a sua expansão
no mercado interno e externo constituem pré-condições essenciais para assegurar a
diversificação da estrutura económica, reduzir o défice da balança comercial, alargar a base de
incidência tributária, facilitar a integração nos mercados à escala internacional e regional, com
reflexos positivos no crescimento económico, na criação de empregos e na redução da
pobreza.

Em resultado da quebra da actividade económica, com a diminuição das receitas


fiscais e, sobretudo, com a depreciação cambial, o endividamento da economia angolana tem
vindo a agravar-se. Reflectindo a diminuição do saldo da balança comercial, em consequência
da quebra das exportações de petróleo, a balança corrente de Angola entrou em posição
deficitária em 2014, tendo-se mantido assim até 2017 (neste período atingiu-se um défice
máximo de -8,8% do PIB em 2015).

A Pandemia de COVID-19 em Angola foi confirmada em 21 de Março de 2020. 55 O


impacto desta pandemia tem sido particularmente severo para a economia angolana, onde a
crise económica e de saúde pública se provocaram uma quebra da procura pelos produtos
petrolíferos e uma consequente diminuição dos preços.

A recuperação económica de qualquer país e independentemente das razões por detrás


da quebra da produção de bens e serviços, passa pela definição de políticas adequadas e
transparentes que impulsionem o crescimento económico, que se adequem à nossa realidade e
que sejam compatíveis com recursos disponíveis realistas. Diante das políticas económicas
que têm sido implementadas, verificou-se que no primeiro semestre de 2021, o crescimento
do PIB não petrolífero acelerou para 5,5% enquanto a produção petrolífera recuou 15,5% (em
termos homólogos). O sector agrícola mostrou-se resiliente à seca severa no início do ano,
acompanhado por um forte crescimento no sector das pescas. O comércio recuperou para

54
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2015, Texto Editores, Luanda, 2016, p.74
55
"https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pandemia_de_COVID19_em_Angola
28

níveis superiores aos que se registavam antes da pandemia, mas a retoma no sector da
construção foi lenta.56

A inflação (homóloga) situou-se em 26,6% em setembro, impulsionada por fatores do


lado da procura, com a inflação mensal numa trajetória ainda ascendente. A inflação começou
a acelerar no início de 2020 com o kwanza a registar uma desvalorização acentuada ao longo
do ano. Após a estabilização do kwanza em 2021, as pressões do lado da oferta mantiveram a
inflação em níveis elevados, estimulada sobretudo pelas subidas dos preços dos bens
alimentares (33,1% em termos homólogos à data de setembro) que, por seu turno, têm sido
impulsionados pelo aumento dos preços dos produtos importados a nível mundial, por
perturbações na oferta e por constrangimentos nos transportes, exacerbados pelas restrições
relacionadas com a pandemia57.

II.3 Evolução do PIB

A crise económica tem o seu início em 2009, (com a excepção do epifenómeno de


2012, ano em que o PIB registou uma taxa de crescimento de 8,5%, com as exportações de
petróleo a situarem‑se nos USD 69,7 mil milhões e a taxa de inflação em 9,6%) para nunca
mais sequer se controlar. A linha de tendência de crescimento do PIB (aproximadamente
equivalente à capacidade de crescimento da economia, ou o seu produto potencial), para o
período 2009/2020 situa‑se em 1,2%. Este valor expressa o quanto a economia necessita de
investir para repor todas as suas potencialidades em condições de uso produtivo,
destacando‑se o investimento público (material e imaterial) e o papel da política orçamental58.
Gráfico I - Taxa de Crescimento Real do PIB
10,00
8,00 8,54
6,00
4,95 4,82
4,00 3,47
2,00
0,94 0,80
0,00 -0,15 -0,70
-2,00 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018-1,322019 2020 2 021
-2,60
-4,00
-6,00 -5,80
-8,00

Fonte: Elaboração Própria, INE - Departamento de Contas Nacionais e Coordenação Estatística

56
FMI, Relatório nacional do FMI nº 22/11: Relatório do Corpo Técnico sobre as Consultas de 2021 ao Abrigo
Do Artigo IV e Sexta Avaliação do Acordo Alargado ao Abrigo do Programa De Financiamento Ampliado e
Pedido De Dispensa Pelo Não Cumprimento De Um Critério De Desempenho, Washington, DC., 2022, p. 11
57
FMI, Op. cit., p. 11.
58
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.21
29

O momento (2009-2010), caracterizou-se por um decréscimo da produção petrolífera


acompanhado pela redução do ritmo de crescimento de outros sectores importantes na
estrutura do PIB, como o da agricultura e o dos serviços mercantis. Esta redução do ritmo de
crescimento da economia trouxe grandes desafios à política económica (diversificação da
economia, reformas estruturais, gestão da dívida pública, controlo dos preços, gestão cambial,
melhoria dos índices de competitividade externa, etc.), visto que não se podia desperdiçar os
significativos ganhos económicos e sociais conseguidos nos anos precedentes.

A economia angolana, que no período 2010-2014 registou uma taxa de crescimento


médio de cerca de 4,8%, cresceu apenas 0,8% em 2015 e entrou em recessão em 2016, ano
em que o PIB contraiu 2,6%. Nos anos seguintes, a economia não conseguiu voltar ao
crescimento, tendo registado, contudo, taxas de contracção inferiores à registada em 2016 59.

Entre 2014 e 2020, o Produto Interno Bruto, em USD, desvalorizou‑se 64,7% (USD
145 668 milhões em 2014 e USD 51 402 milhões em 2020), enquanto em Kwanzas, e para o
mesmo período, registou‑se uma variação percentual de 122,7%60. O Orçamento Geral do
Estado 2021 não analisa, ignorando mesmo, as causas estruturais da estagnação (2009/2014) e
da recessão económica (2015/2021). Insiste‑se em preferenciar a consolidação fiscal (centro
de gravidade da política económica), em detrimento do crescimento e da recuperação. É um
Orçamento que não atende às necessidades da economia e não se preocupa com a expansão da
capacidade produtiva do país a longo prazo (ciência, tecnologia, investigação, inovação,
novas fontes de matérias‑primas, capital humano, etc.).

A economia nacional cresceu 0,8% em 2021 em relação ao ano de 2020, de acordo


com contas nacionais trimestrais do IV trimestre do INE. De acordo com INE, a variação
positiva de 0,8% é atribuída, fundamentalmente, às actividades de agropecuária e silvicultura
com 5,1%; pescas com 46,4%; diamantes com 10,4%; indústria transformadora com 0,6%;
electricidade e água com 1,8%; comércio com 13,5%; transporte e armazenagem com 28,9%;

59
Estas quebras resultam necessariamente do efeito das quebras verificadas na actividade petrolífera. De facto,
entre 2014 e 2016 assistiu-se a uma queda acentuada da cotação do petróleo nos mercados internacionais em
resultado, sobretudo, de um significativo aumento da oferta que não foi acompanhado pelo lado da procura,
levando a uma situação de excesso de oferta no mercado. Esta dinâmica resultou também numa quebra das
exportações petrolíferas.
60
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.27-28
30

correios e telecomunicações com 1,4%; Administração pública com 2,6% e Serviços


imobiliário e aluguer com 3,0%61.

Segundo o Banco Mundial em cada país, fatores como crescimento econômico,


inflação, taxas de câmbio e crescimento populacional influenciam o PIB per capita. As
revisões dos métodos e dados das contas nacionais também podem influenciar o PIB per
capita. Para manter os limites de classificação de renda fixos em termos reais, eles são
reajustados anualmente pela inflação.

Gráfico II - Variação Anual PIB per Capita

30
23,5
20 20,4 20,8
14,6
10
3,4
0 0,3
2011 2012 2013 2014 2015
-7,3 2016 2017 2018 2019 2020 2021
-10
-15,3 -14,8
-20
-26,9
-30
-34,7
-40

PIB Per Capita

Fonte: Elaboração Própria, Countryconomy.com

Como se observa no gráfico percebe PIB per capita de Angola decresceu em 2013 e
2014, para 0,3% e 3,4% PIB per capita e volta a decrescer de -7,3%, em 2015, para -15,3%,
em 2016 e tendo demonstrado um dos maiores decréscimos para - 34,7% em 2020. Angola
regista desde 2013 vem demostrando uma desaceleração do seu crescimento económico
(MINF,2018).

Por Angola ser depende do petróleo, e por possuir uma população, que somava
30.774,205 milhões de pessoas, em 2018. Por exemplo a colocação de Angola em termos de
PIB e a população é três vezes maior comparando a da Croácia, Marrocos e Moçambique em
termos de ranking.

Prevê-se um crescimento económico médio de cerca de 3% nos próximos anos, com


um maior crescimento não-petrolífero a compensar um declínio estrutural da produção

61
Disponível em (https://www.facebook.com/jornalmercado/) acesso aos 19 de Dezembro de 2022
31

petrolífera. Dado o rápido crescimento da população, prevê-se que o PIB per capita
permaneça relativamente estável, apresentando desafios à redução da pobreza.

II.3.1 VAB, Emprego e Produtividade

Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), o peso relativo de cada sector de


actividade na economia angolana apresenta uma estrutura diferenciada face à distribuição
empresarial. O sector do comércio, apesar de concentrar um elevado número de empresas,
representa apenas 14% do valor acrescentado gerado no país. Ao invés, a Indústria (incluindo
indústria transformadora e indústria extractiva), que concentra apenas 6% das empresas
angolanas, é responsável por cerca de 30% do VAB no país. De forma semelhante, também o
sector da Construção apresenta um peso relativamente elevado na economia nacional em
termos de VAB gerado, representando cerca de 17% do total nacional62.

Nos últimos anos, a taxa de emprego em Angola tem variado entre os 45% e os 48%.
Os maiores níveis de emprego situam-se na população com mais de 35 anos, sendo os jovens
os que revelam maior dificuldade em entrar no mercado de trabalho. Investimentos produtivos
nos sectores primário e secundário, através de projectos de dimensão, continuam a constituir
domínios privilegiados para sustentar o crescimento e criar empregos; mas também o sector
terciário, em franca expansão nos últimos anos, constitui uma fonte de geração de emprego,
nomeadamente através da criação de micro e pequenas empresas63.

A actividade económica informal tem ainda uma forte expressão em Angola, em


especial nas grandes cidades, constituindo-se como factor estruturante da organização da vida
económica e social de uma franja significativa da população, ao garantir o exercício de uma
actividade com rendimento. A quantificação da extensão da economia informal (quer o
número de pessoas envolvidas, quer o seu output económico) tem-se revelado uma tarefa
complexa e que dificulta os dados sobre o emprego/desemprego. A definição de uma política
de emprego para os próximos anos deve ter, também, como objectivo, a redução dos níveis de
informalidade da economia angolana e de formalização progressiva das actividades informais,
contribuindo para a promoção do trabalho digno e para garantir os direitos dos
trabalhadores64. A importância da mão-de-obra nacional qualificada é inquestionável no

62
EY-Parthenon, RETFOP, Estudo Especializado sobre do Mercado de Trabalho e Actividades Económicas,
(S/E), Luanda, 2021, p. 29
63
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 187
64
REPÚBLICA DE ANGOLA, Op. cit., p. 187
32

actual contexto do País. O seu talento, criatividade e empreendedorismo terão de ser


mobilizados e suficientemente motivados para a promoção e estímulo à economia nacional.

A produtividade de uma economia é, em boa medida, o resultado da produtividade


das suas empresas. Esta última depende de mão-de-obra qualificada, boa informação, gestão
eficiente, infra-estrutura eficaz do governo, formadores e professores competentes, I&D de
qualidade, marcas e desenho, procura exigente, pressão da concorrência ou das relações com
as indústrias e actividades relacionadas. Em suma, aumentar a produtividade total dos factores
(o denominado residual de Solow) é um dos objectivos do desenvolvimento económico.
Compete ao Estado criar as condições de contexto que promovam o incremento da
produtividade das empresas e instituições e monitorizar os Factores Críticos de Produtividade,
tangíveis e intangíveis, em particular os que respeitam ao Capital Humano, às Instituições, às
Infra-estruturas, às Políticas Públicas, ao Funcionamento e Regulação dos Mercados e aos que
enquadram o ambiente de negócios.65.

II.4 Evolução da Inflação

A inflação é um dos principais males que geralmente enfermam as economias e


contribui fortemente para a desvalorização da moeda e a perda significativa do poder
aquisitivo.

Com a crise internacional do subprime 2008‑2009, a dinâmica de crescimento foi


severamente afectada, as exportações de petróleo entraram em declínio e os investimentos
públicos tiveram de ser adequados às disponibilidades orçamentais. A inflação voltou para
níveis relativamente elevados, porém, incomparáveis com os prevalecentes antes de 200066.

A clara desinflação registada entre 2008 e 2014 (retratada no gráfico a baixo) foi, no
entanto, absorvida por outro ciclo inflacionista provocado por novo abrandamento da
actividade económica, com origem num novo colapso do preço do barril de petróleo, numa
redução das exportações e do investimento público67.

Em Angola, a situação de inflação recuperou tendencialmente com o alcance da paz,


mas assumiu níveis ligeiramente altos nos anos que se sucederam, tendo agravado ainda mais

65
REPÚBLICA DE ANGOLA, Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022, Luanda, 2018, p. 150
66
Entre 1991 e 2000, a moeda nacional perdeu completamente o seu real valor, tendo‑se verificado uma fuga
para outros activos (divisas, bens materiais) menos atreitos a tão profundo desgaste dos rendimentos expressos
em Kwanzas.
67
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.36
33

com a crise económica e financeira internacional. Ao passo que os níveis mais baixos
ocorreram no anos de 2012 a 2014 em que as taxas se mantiveram a baixo dos 2 dígitos.

Gráfico III - Evolução da Inflação em Angola

50

40 42

30
25,1 27
23,7
20 18,6 16,9
14,3
10 11,4 9,7 7,7 7,5
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Fonte: Elaboração Própria, CEIC, com base em dados do INE.

A evolução da inflação reflecte, sobretudo, a depreciação cambial que tem ocorrido e


uma política monetária moderadamente acomodatícia. Na resposta a esta crise, o BNA
flexibilizou a sua política monetária, embora a margem de flexibilização esteja condicionada
pelas pressões inflacionistas.

II.5 O Custo de Vida em Angola

O custo de vida em Angola é um tema que preocupa muitos angolanos, especialmente


aqueles que vivem nas grandes cidades, como Luanda, onde os preços dos bens e serviços são
mais elevados68. Neste trabalho, vamos analisar como evoluiu o custo de vida em Angola de
2011 a 2021, usando como fonte os dados do Índice de Preços no Consumidor Nacional
(IPCN) divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O IPCN é um indicador que mede a variação média dos preços de um conjunto de


produtos e serviços consumidos pelas famílias angolanas. O IPCN é calculado com base em
12 classes de despesa, que são: alimentação e bebidas não alcoólicas; bebidas alcoólicas e
tabaco; vestuário e calçado; habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis;
mobiliário, equipamento doméstico e manutenção; saúde; transportes; comunicações; lazer,
recreação e cultura; educação; restaurantes e hotéis; bens e serviços diversos.

68
INE. Índice de Preços no Consumidor Nacional. Disponível em: <
https://www.ine.gov.ao/index.php/estatisticas/estatisticas-economicas/precos-e-inflacao > acessado ao 22 de
Julho de 2023
34

De acordo com os dados do INE, o IPCN registou uma variação anual média de 18,9%
entre 2011 e 2021. Isso significa que, em média, os preços dos produtos e serviços
aumentaram 18,9% por ano nesse período69. No entanto, essa variação não foi constante ao
longo dos anos. Como podemos ver no gráfico abaixo, o IPCN teve picos em 2016 (41%) e
2017 (31,7%), anos marcados pela crise económica e cambial que afectou o país. Em
contrapartida, o IPCN teve os valores mais baixos em 2012 (10%) e 2019 (17,1%), anos em
que a economia angolana registou um crescimento positivo do Produto Interno Bruto (PIB).

A classe de despesa que mais contribuiu para o aumento do custo de vida em Angola
foi a alimentação e bebidas não alcoólicas, que representa cerca de 40% do peso total do
IPCN. Essa classe registou uma variação anual média de 22,4% entre 2011 e 2021, sendo que
os anos mais críticos foram 2016 (47%) e 2017 (38%). Alguns dos produtos alimentares que
mais encareceram nesse período foram: o pão (de 100 Kz para 500 Kz), o leite (de 300 Kz
para 2.117 Kz), o frango (de 800 Kz para 5.112 Kz), o tomate (de 200 Kz para 1.640 Kz) e a
cerveja (de 100 Kz para 444 Kz).70

Outras classes de despesa que também tiveram uma variação anual média elevada
foram: bebidas alcoólicas e tabaco (19,8%), saúde (19%), transportes (18%) e habitação,
água, electricidade, gás e outros combustíveis (17%). Essas classes reflectem o impacto da
desvalorização da moeda nacional (o kwanza) frente ao dólar americano, que aumentou os
custos de importação de muitos bens e serviços essenciais para as famílias angolanas.

Por outro lado, as classes de despesa que tiveram uma variação anual média mais
baixa foram: comunicações (8%), educação (10%) e lazer, recreação e cultura (11%). Essas
classes beneficiaram da melhoria da oferta e da qualidade dos serviços prestados nesses
sectores, bem como da maior concorrência entre os operadores.71

O custo de vida em Angola também variou conforme a região do país. Segundo o INE,
as províncias que registaram as maiores variações anuais médias do IPCN entre 2011 e 2021
foram: Lunda Norte (21%), Luanda Sul (20,5%), Luanda (20,4%) e Zaire (20,3%). Essas
províncias são caracterizadas por terem uma maior dependência das importações e uma menor
69
INE. Op. Cit., acessado ao 22 de Julho de 2023
70
EXPATISTAN. Custo de vida em Angola - preços atualizados de 2023. Disponível em:
<https://www.expatistan.com/pt/custo-de-vida/pais/angola> acessado aos 22 de Julho de 2023
71
NOVO JORNAL. O custo de vida e os angolanos. Disponível em: <https://novojornal.co.ao/opiniao/interior/o-
custo-de-vida-e-os-angolanos-101962.html> acessado ao 22 de Julho de 2023
35

diversificação da produção local. Por outro lado, as províncias que registaram as menores
variações anuais médias do IPCN foram: Cuanza Sul (16,2%), Cuanza Norte (16,4%), Bié
(16,5%) e Moxico (16,6%). Essas províncias têm uma maior produção agrícola e uma menor
exposição aos choques externos72.

II.5.1 Análise dos Preços dos Bens e Serviços

A melhoria do bem-estar dos cidadãos e da qualidade de vida das famílias angolanas, a


redução das desigualdades e da pobreza e a promoção do nível de desenvolvimento humano
são condições essenciais para o progresso económico e social do País e constituem uma
prioridade para qualquer governo.

Por esta altura deve ser consensual que a economia angolana enfrenta, a curto e médio
prazo, dos maiores desafios em termos de criação de condições para crescer e assim garantir
um aumento sustentado da qualidade de vida dos angolanos. As variações constantes em
sentido ascendente dos preços de bens e serviços e os sucessivos recuos a nível do
crescimento económico nacional são prova material deste argumento. Só para se ter uma
ideia, estima-se que o consumo médio mensal em Angola por pessoa seja de 17.569 kwanzas.
As áreas urbanas apresentam o consumo maior do que as zonas rurais73.

Tabela I - Consumo médio mensal per capita (em Kwanza)

Fonte: INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019

Em função daqueles que são os hábitos de consumo dos Angolanos, podemos perceber
por meio da análise da tabela II que o grupo de consumo mais importante é o de alimentos a
base de legumes, com despesas por pessoas estimadas em 1.462 kwanzas mês, representando
19% do consumo total per capita.

72
Angola24Horas, Custo de vida em Luanda atinge maior alta nos últimos quatro anos. Disponível em:
<https://www.angola24horas.com/economia/item/22517-custo-de-vida-em-luanda-atinge-maior-alta-nos-
ultimos-quatro-anos> acessado aos 22 de Julho de 2023
73
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p.26
36

Ainda na mesma senda, os produtos baseado de cereais tais como o pão e outros
produtos de padaria constituem uma das categorias mais importante de consumo com gastos
mensais per capita na ordem de (745 kwanzas) que corresponde a 10% do consumo alimentar
por pessoa no país74.

Tabela II - Consumo médio real de alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018)

Fonte: INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019

Em outra perspectiva, o consumo médio não alimentar pode considerar como maior
despesa com a manutenção da habitação: esta consome em média 2.145 kwanzas per capita ou
22% do consumo total per capita, 14% vão para aluguel o mesmo verifica-se com a saúde
consumindo 1.369 kwanzas per capita). A proporção de despesas com manutenção da
habitação em áreas urbanas é maior que nas zonas rurais (23% e 13% respectivamente).

Para além da manutenção da habitação, nenhuma outra componente principal do


consumo contribui em mais de 22% para o consumo total (Em todos estes casos, as
proporções nas áreas urbanas são maiores do que nas áreas rurais). Os gastos médios com a
comunicação e transporte são muito baixos, principalmente nas Zonas rurais75.

74
Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019
75
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p. 27
37

Tabela III - Consumo médio real não alimentos por pessoas por mês (em preço de 2018)

Fonte: INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019

O consumo nominal do agregado deve ser ajustado para as diferenças de custo de vida.
Um ajuste de preço temporal e espacial é necessário para ajustar o consumo a termos reais. As
diferenças temporais estão associadas à duração do trabalho de campo (100 kwanzas em
Março de 2018 pode não ter o mesmo valor de Fevereiro de 2019), bem como aos diferentes
períodos de recordação (100 kwanzas gasto na última semana pode não ter o mesmo valor que
no último trimestre ou no último ano). Também se espera que os preços diferem
acentuadamente entre as áreas geográficas, por exemplo, 100 kwanzas em Luanda pode não
ter o mesmo valor que no Bié ou no Cuando Cubango76.

A fim de capturar as duas diferenças de preço ao longo do tempo e espaço, um índice


de preços espaço-temporal foi construído. Este índice foi preferido ao índice de preços usado
em 2008, porque este índice permite diferentes taxas de inflação ao longo do tempo em
diferentes províncias, enquanto o índice de 2008 assumiu uma taxa única de inflação nacional
calculada a partir dos dados de Luanda. A desvantagem desse índice é que ele captura apenas
as variações de preço trimestrais, já que o IDR foi projectado para ser representativo por
trimestre, enquanto o índice de 2008 capturou variações mensais de preços.

II.5.2 O custo de vida em Angola: Factores e Impactos de 2011 a 2021

Angola é um país rico em recursos naturais, mas que enfrenta grandes desafios
socioeconômicos. Um dos principais problemas é o alto custo de vida, que afecta a maioria da
população e dificulta o desenvolvimento humano e a redução da pobreza.

76
INE, Relatório de Pobreza para Angola, Luanda, 2019, p. 64
38

II.5.2.1 Factores do custo de vida em Angola

O custo de vida em Angola é influenciado por vários factores, entre os quais se


destacam:

- A inflação: a inflação é o aumento generalizado e persistente dos preços dos bens e


serviços. A inflação reduz o poder de compra da moeda e afecta negativamente o bem-estar
das famílias. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o custo de vida em Angola
aumentou 27,03% em Dezembro de 2021, pior registo nos últimos quatro anos. A inflação
média que serve de base às negociações salariais foi de 25,2%. A inflação em Angola deve-se
à redução na oferta de bens e serviços, causada pela fraca produção nacional, agudizada com
o fraco sistema logístico nacional, infraestruturas de transporte, conservação, empacotamento,
défice na distribuição da cadeia alimentar, mau estado das vias, elevado número de falências
das empresas e dificuldade no acesso às divisas.77

- A dependência das importações: Angola é um país que depende largamente das


importações para satisfazer as suas necessidades de consumo e produção. Segundo o Banco
Nacional de Angola (BNA), as importações representaram 22,8% do Produto Interno Bruto
(PIB) em 2020. A dependência das importações torna o país vulnerável às flutuações
cambiais, aos choques externos e aos custos de transporte. Além disso, as importações
reduzem o espaço para o desenvolvimento da indústria nacional e a diversificação da
economia.78

- A desigualdade social: Angola é um país marcado por uma profunda desigualdade


social, que se reflete na distribuição da renda, no acesso aos serviços básicos e nas
oportunidades de educação e emprego. Segundo o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), o índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, foi de 51,3
em 2018. Isso significa que há uma grande concentração de renda nas mãos de uma pequena
parcela da população, enquanto a maioria vive em condições precárias. A desigualdade social

77
ANGOLA24HORAS , Custo de vida em Luanda atinge maior alta nos últimos quatro anos. Disponível em:
https://www.angola24horas.com/economia/item/22517-custo-de-vida-em-luanda-atinge-maior-alta-nos-ultimos-
quatro-anos. Acesso em: 22 jul. 2023
78
PAULO, F. Inflação em Angola: causas e consequências. In: Economia Angolana: Desafios e Oportunidades.
Edições Mulemba, Luanda, 2020, p. 15
39

aumenta o custo de vida para os mais pobres, que têm que gastar uma maior proporção da sua
renda em bens essenciais, como alimentação, habitação e saúde.79

II.5.2.2 Impactos do custo de vida em Angola

O alto custo de vida em Angola tem vários impactos negativos para o país e para a
população, entre os quais se podem mencionar:

- A pobreza: a pobreza é a condição de não ter recursos suficientes para satisfazer as


necessidades básicas. A pobreza limita as capacidades humanas e compromete a dignidade
das pessoas. Segundo o PNUD, 41% da população angolana vivia abaixo da linha da pobreza
em 2018. O alto custo de vida agrava a situação dos pobres, que têm que enfrentar
dificuldades para se alimentar, se vestir, se educar e se proteger.

- A fome: a fome é a falta de alimentos suficientes para garantir a nutrição adequada.


A fome causa desnutrição, doenças e morte. Segundo a Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura (FAO), 35% da população angolana sofria de subalimentação
em 2019. O alto custo de vida dificulta o acesso aos alimentos, especialmente para os mais
pobres, que têm que reduzir a quantidade e a qualidade da sua dieta.80

- A insatisfação social: a insatisfação social é o sentimento de descontentamento e


frustração com as condições de vida. A insatisfação social pode gerar protestos, violência e
instabilidade política. O alto custo de vida gera insatisfação social, pois as pessoas percebem
que o seu padrão de vida está a deteriorar-se e que o governo não está a responder às suas
demandas. Segundo o Afrobarómetro, uma rede de pesquisa sobre opinião pública em África,
64% dos angolanos consideravam que o país estava a ir na direção errada em 2019.81

79
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano 2020.
Nova Iorque, 2020, p.379
80
FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (2020). O estado da segurança
alimentar e nutrição no mundo. Roma, 2020, p. 257
81
AFROBARÓMETRO, Resumo dos resultados da sondagem - Angola 2019/20. Disponível em:
https://afrobarometer.org/sites/default/files/publications/Resumos%20dos%20resultados/ang_r8_sor_pt.pdf.
Acesso em: 22 jul. 2023.
40

II.5.3 O Risco do Aumento Salarial na Economia Angolana

A produtividade é o indicador básico da saúde de uma economia: no longo prazo é o


seu crescimento que comanda a evolução dos salários e dos ganhos de bem‑estar dos
consumidores82.

A economia angolana apresenta uma produtividade muito baixa, uma das suas grandes
debilidades para enfrentar, com relativo sucesso, os desafios da integração económica
regional e da globalização. Entre 2000 e 2017 foram contabilizados aumentos no valor da
produtividade bruta aparente do trabalho, como decorrência do próprio crescimento do PIB.
No entanto, a sua média, em dólares americanos correntes para aquele período, cifra‑se
apenas em USD 18.522, no ano seguinte a produtividade do factor trabalho diminuiu para
USD 17.600.83

Foi decretado pelo Governo um ajustamento do salário mínimo nacional em 30%, para
vigorar a partir de Abril de 2019 que foi novamente reajustado no dia 17 de Fevereiro de
2022. Não se tratou de um aumento/incremento, mas sim de um acerto do seu valor tendente a
minimizar perdas do seu real valor de aquisição depois de 2014. Uma perda acumulada
estimada em 161,7%, ou seja, 21,2% de redução média anual. É muito, em especial para quem
tenha da remuneração do trabalho a única fonte de rendimento para a família. E são muitas
nestas condições, que seguramente não conseguirão viver com pouco mais de 1070 Kwanzas
por dia.84

A produtividade do trabalhador não depende apenas de si (dos seus conhecimentos,


das suas habilidades, da sua capacidade de trabalho, da sua destreza, do valor que o trabalho
culturalmente representa para si, do absentismo, da sua saúde – no curto prazo mais e melhor
saúde melhora a produtividade e diminui o absentismo –, do ambiente de trabalho, da
segurança do seu posto de trabalho), mas também dos próprios empresários. Assim sendo, os
acréscimos têm de existir quando há produtividade. Não se pode aumentar salários quando
não há aumento da produtividade, a não ser que seja um assunto aleatório. Um bom gestor
não pode, nem deve aumentar salários senão houver produtividade.

82
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Relatório Económico de Angola
2019‑2020, Texto Editores, Luanda, 2021, p.128
83
CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DA UCAN, Op. cit., p.128
84
IBDEM, p.128
41

Entre a produtividade e o salário também se estabelece uma relação matemática e


económica, mas de sentido positivo e auto‑reforçador. Na teoria marginalista, a condição de
equilíbrio no mercado de trabalho é dada pela igualdade entre o valor da produtividade
marginal do trabalho e o salário, o que significa que a maximização do lucro empresarial ou
da mais‑valia nacional depende da circunstância de o salário não ultrapassar a produtividade.
De resto, os ganhos de produtividade são a única fonte não inflacionária para os aumentos
salariais. Na verdade, se os ajustamentos salariais se fizerem, apenas em função da taxa de
inflação, pode desencadear‑se uma espiral inflacionista geral, com as perversidades e efeitos
nefastos conhecidos

II.5.3.1 Controvérsias do Salário Mínimo

O salário mínimo é um instrumento de política económica que assegura que o mercado


de trabalho respeita um nível mínimo de remuneração do trabalho. Constitui uma medida de
protecção do lado da oferta face à procura, tendo por isso um carácter regulador do mercado85.

A existência de um sistema de salário mínimo constitui em grande parte das


economias desenvolvidas um instrumento de política económica que visa a regulamentação
do mercado de trabalho, assegurar uma valorização digna da remuneração do trabalho e
atenuar as situações de pobreza e de desigualdade.

Na distribuição salarial, o salário mínimo tem efeitos no emprego e nos preços 86. O
salário mínimo contraria o sistema de benefícios sociais, que funcionam como subsídio para
trabalhadores e têm efeitos perversos na oferta de emprego. Ainda assim, o mercado de
trabalho consegue ajustar o produto marginal, através da alteração da composição da força
laboral, como resposta à variação do salário mínimo.

A distribuição salarial também depende do quadro legal e factores institucionais. A


relação entre o Governo e os sindicatos; e o poder de negociação de ambas as partes, podem
por vezes, definir o salário mínimo. Se os sindicatos tiverem uma grande capacidade negocial
o papel protector do salário mínimo pode ser diminuído, uma vez que existe o favorecimento
de um sector em relação aos outros. os rendimentos da classe mais pobre87 não podem ser

85
PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Os Efeitos Redistributivos do Salário Mínimo em Portugal, Inédito,
Universidade de Lisboa, Lisboa, 2020, p. 11
86
Segundo Neumark, et al, (2000), apud PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Op. Cit., 2020, p. 15
87
PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Os Efeitos Redistributivos do Salário Mínimo em Portugal, Inédito,
Universidade de Lisboa, lisboa, 2020, p. 19
42

aumentados sem incentivos, o que constitui o preço a pagar para a redução da desigualdade
através de um esquema progressivo de rendimentos e impostos.

A existência de um valor mínimo não tem impactos nos salários e pode ser no limite
contraproducente. Assumindo que os mercados de trabalho são estruturados com base no
valor marginal, a queda no emprego e o aumento dos preços, resultantes do estabelecimento
do salário mínimo, implica que os indivíduos mais pobres suportam os custos dos aumentos
dos salários88.

As políticas fiscais e monetárias, ajustam a economia ao emprego pleno. Se os salários


ultrapassarem o produto marginal, as empresas aumentam os seus lucros, pela diminuição nas
forças laborais. As pressões competitivas de novas empresas no mercado resultam no aumento
dos salários até ao nível de compensação. Assim o salário mínimo não necessita de existir. O
mercado quando funciona livremente é eficaz na alocação do trabalho pelo que os indivíduos
recebem exatamente o seu valor.

Aumentos no salário mínimo resulta no aumento dos preços. Quando o salário mínimo
é definido acima do produto marginal, as empresas passam alguns dos custos para os
consumidores, aumentando os preços. A cada acréscimo do salário auferido, gera efeitos
consecutivamente menores à medida que se aproximam da mediana da distribuição salarial.
Assim grandes aumentos no salário mínimo têm efeitos positivos nos trabalhadores com
salários baixos, com maior impacto nos salários mais próximos do salário mínimo.

Em suma, valem estas considerações para dizer que a variável determinante para o
estabelecimento do salário mínimo tem de ser a produtividade e o seu comportamento ao
longo do tempo, isto é, os ganhos de produtividade89. Determinar por lei a prática dum salário
mínimo, sem exigir em contrapartida o cumprimento duma norma básica de produtividade,
corresponde à assumpção de vários riscos: o primeiro, no âmbito da inflação: aumentar a
massa de salários (porque é disso que se trata ao estabelecer‑se um valor fixo para o salário
mínimo) para um mesmo volume de trabalhadores é potenciar o incremento nominal da
procura (consumo privado) para uma mesma oferta; o segundo, poder‑se‑á traduzir na
consideração do salário mínimo como uma espécie de bónus social ou de um “direito de
humanidade”, a que todos os trabalhadores terão acesso só pelo simples facto de o serem ou

88
Segundo Neumark, et al, (2000), apud PEREIRA, Joana Margarida C. Q. P., Op. Cit., 2020, p. 15
89
A OIT define os critérios seguintes para enquadramento do valor do salário mínimo: necessidades dos
trabalhadores e das suas famílias, índices de produtividade do trabalho e necessidade de se manter um nível
elevado de emprego.
43

de o parecerem; o terceiro, no âmbito do emprego: sempre que o salário mínimo estabelecido


por lei suplantar a produtividade marginal esperada do uso de mais uma unidade de trabalho,
os agentes económicos preferirão não investir, não aumentar a produção ou explorar mais
intensamente a quantidade de factores de produção existente; o quarto, é observável no
domínio dos custos de produção: aceitar o cumprimento duma referência salarial mínima
corresponde, directamente, a um aumento dos custos unitários de produção e a uma
repercussão imediata sobre os preços de venda (inflação pelos custos de produção).
44

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O terceiro capítulo do presente trabalho visa essencialmente apresentar numa primeira


instância a metodologia utilizada na selecção da amostra, recolha e tratamento dos dados. Em
seguida são apresentados e analisados todos os resultados conseguidos com aplicação do
método estatístico (estatística descritiva e inferencial) e de previsão. Todavia, todos os
resultados obtidos serão analisados e interpretados numa perspectiva económica.

III.1- Aspectos Metodológicos

O principal objectivo de nossa investigação foi de analisar a influência da inflação


sobre o nível de vida dos angolanos, confrontando-os com a renda dos indivíduos. Ou seja,
preocupamo-nos em estabelecer uma correlação teórica e prática entre a inflação e o PIB afim
de comprovar as seguintes hipóteses.

1º Modelo de regressão linear, ou linear nos parâmetros

2º Os valores fixos de X1(variável explicativa) são independentes do termo de erro.


Fica claro que é necessário co-variância igual a zero entre ui e a variável explicativa:

Cov (ui e X1i) = cov (ui e X2i) = 0

3º O termo de erro ui tem valor médio zero: E(ui| X1i X2i) = 0

4º Homocedasticidade ou variância do termo de erro (ui) constante: Var (ui) = Ϭ2u

5º Ausência de auto-correlação, ou de correlação serial, entre os termos de erro: Cov


(ui e uj) = 0, i ≠ j

6º O número de observações n deve ser maior que o número de parâmetros a serem


estimados, n> k

7º Ausência de viés de especificação. Significa que o modelo está correctamente


especificado.

III.1.1- Selecção da Amostra e Recolha de Dados

Por definição, a amostra se refere ao um subconjunto de elementos que formam uma


população e, é usada devido a dificuldade encontrada em obter as informações de todos os
elementos da população. Portanto, a presente pesquisa foi realizada por meio do estudo de um
45

conjunto de elementos que compõem a amostra extraída do universo de dados que se pretende
analisar e foi escolhida em função dos objectivos que se pretende alcançar, tendo sido
limitada a um período de longo prazo que compreende o intervalo de 2011 a 2021. E desta
forma permitiu-nos constituir uma amostra de 11 observações.

Importa ainda referir que as características dos dados pesquisados no presente estudo
correspondem em dados secundários, ou seja, aqueles dados que já foram anteriormente
pesquisados por outros pesquisadores e foram retirados de arquivos ou banco de dados.
Relativamente às fontes de pesquisa desses dados secundários, foram obtidos da base de
dados do INE (Instituto Nacional de Estatística). Portanto, a menos que se faça referência de
outra fonte, é desta fonte que foi colectado os dados e informações expostas nos pontos que
precedem.

III.1.2- Descrição e Evolução das Variáveis

As variáveis utilizadas para a análise estatística estão distribuídas anualmente e


expressas em percentagem. Para analisar o comportamento da inflação utilizamos a taxa de
inflação e para analisar o comportamento do PIB utilizamos a taxa de crescimento económico.

Tabela IV - Descrição das Variáveis

Ano Var do PIB % Infl.%


2011 3,47% 11,4%
2012 8,54% 9,7%
2013 5,95% 7,7%
2014 4,82% 7,5%
2015 0,94% 14,3%
2016 -2,6% 42%
2017 -0,15% 23,7%
2018 -1,32% 18,6%
2019 -0,7% 16,9%
2020 -5,8% 25,1%
2021 0,8% 27%
Fonte: Elaboração Própria, INE - Departamento de Contas Nacionais e Coordenação Estatística

Em teoria, sabe-se que o crescimento económico é um factor de relevância extrema


para a estabilidade dos preços. Portanto, verificou-se que de 2011 a 2021 o comportamento
destas variáveis obedeceu, em certa maneira, a esta teoria. Pois que em alguns períodos que se
46

verificou crescimento do produto os preços mantiveram-se estáveis e em verificamos inflação


em períodos de recessão.
Repare que a economia angolana viveu 5 anos consecutivos de recessão, isso de 2016
a 2020 e, consequentemente esta fase foi a que registou maior nível de inflação, pois a taxa
não só se manteve acima dos dois dígitos, mas também atingiu nessa fase o pico, com uma de
inflação na ordem dos 42%.

III.2- Análise dos Resultados

Um dos objectivos fundamentais da ciência é investigar a relação estatística entre


fenómenos de modo a melhorar o conhecimento da realidade e a prever a evolução dos
fenómenos envolvidos nessa relação. Portanto, as relações são exactas ou deterministas,
quando existe uma forma precisa e invariável de relacionamento entre os fenómenos. São por
outro lado independentes quando não existe qualquer ligação entre os fenómenos90.

As relações deterministas e independentes constituem dois casos extremos das


relações estatísticas. Como proceder para descobrir e medir as relações estatísticas que
ocupam uma posição intermédia entre as relações deterministas e independente? Quando a
relação envolve fenómenos de natureza quantitativa (como é caso da presente pesquisa), a
análise da correlação e a de regressão constituem instrumentos estatísticos adequados para
estudar e medir essa relação estatística.

III.2.1- Análise de Correlação

A análise de correlação, cujo principal objectivo é medir a força ou o grau de


associação linear entre duas variáveis, está classificada em simples e múltipla, a primeira
ocorre quando se analisa o grau de associação de duas variáveis e a segunda a relação envolve
no mínimo três variáveis. Como pretende-se determinar a relação existente entre o PIB – que
será considerado “X” e a Inflação considerado “Y”, então estamos diante de uma correlação
simples.

O sentido da relação depende muito do sinal do coeficiente. Se o coeficiente for


negativo, as variáveis tendem a evoluir em sentido contrário: quando uma aumenta a outra
diminui, e vice-versa. Ao passo que se o coeficiente for positivo as variáveis têm um
comportamento tendencialmente semelhante: os aumentos e diminuições de uma variável

90
PINTO, José Castro; CURTO, José Dias, Estatística para Economia e Gestão, instrumentos de apoio à
tomada de decisão, 2ª ed., Sílabo Ed., Lisboa, 2010, p.393.
47

correspondem normalmente variações de sentido idêntico na outra variável, neste caso,


quando uma aumenta, a outra aumenta também; quando uma variável diminui a outra diminui
também. Finalmente se o coeficiente é zero então a correlação é nula, neste caso as variáveis
não apresentam qualquer relação no seu comportamento.

O Coeficiente de Correlação ou simplesmente coeficiente de Pearson é um indicador


que mede a força de uma relação linear entre duas variáveis intervalares, varia entre -1 a 1 ou
expresso em percentagem entre -100% a 100%. Quanto maior for qualidade de ajustamento
entre as duas variáveis (associação linear), mais próximo estará o coeficiente de 1 ou -1
(100% ou -100%). É determinado em função da seguinte representação matemática:

Tabela V - Estudo da Correlação entre Inflação (Y) e PIB (X)

Y X

Y 1,00000

X -0,732101 1,00000
Fonte: Elaboração Própria, ANEXO V

A tabela acima, estuda a relação existente entre inflação e PIB. Portanto a análise
destas variáveis numa amostra de 11 observações permitiu estabelecer uma relação linear
inversa ao nível 0,732101 ou 73%.

Deste coeficiente pode-se tirar algumas ilações pertinentes. A primeira é que existe, de
forma geral, uma relação significativa entre as variáveis seleccionadas. Ou seja, a relação
conjunta entre a inflação e o PIB é bastante representativa. Por ser negativa, significa que têm
um comportamento tendencialmente contrário: quando uma aumenta, a outra reduz; quando
uma variável diminui a outra aumenta. Ou seja, sempre que se verificar crescimento
económico, verificar-se-á queda da inflação.

Em suma, no quesito de qualidade de ajustamento das variáveis, fica claro que o


crescimento económico proporciona maior estabilidade nos preços. Até aqui, estamos em
condições de prever o comportamento futuro da inflação, mediante a nova dinâmica de
crescente conseguida no último ano.
48

III.2.2- Teste de Causalidade

Depois de concluir que o PIB e a inflação têm uma excelente relação, segue-se o teste
de causalidade com o objectivo de investigar uma possível relação de causa e efeito entre o
PIB e a inflação. Ou seja, o intuito desta etapa é saber se é o PIB que influencia a inflação ou
são as variações da inflação que influenciam o comportamento do PIB.

Para o efeito, foi desenvolvido um estudo de causalidade entre as variáveis. A análise


das estimações visam dar soluções as seguintes preocupações já enunciadas de forma
introdutiva:
I. Será que o crescimento económico concorre para a estabilização dos preços (ou
deflação)?
II. Ou o crescimento económico e a inflação são dois processos que se influenciam
mutuamente?

A causalidade de Granger, descrito por Gujarati (2011)91, identifica o quanto o valor


actual de uma variável Y pode ser explicado pelos valores de X adicionado pelos valores
anteriores de Y, e vice-versa. Em outras palavras, o teste de causalidade de GRANGER
determina a direcção de causalidade entre duas variáveis, argumentado que X Granger Causa
Y se os valores passados de X ajudam para prever o valor presente de Y.

Importa dizer que a causalidade é bilateral quando as duas variáveis influenciam-se


mutuamente e é unilateral quando somente uma variável tem o poder de influenciar a outra
variável.
Tabela VI - Resultados do teste de Causalidade

Hipóteses Nula (H0) t-stat t-tab Decisão Conclusão

Inflação não causa o Crescimento Económico 0,11292 2,262 AH0 Causalidade


Crescimento Económico não causa o Inflação 2,98170 2,262 RH0 Unilateral

Fonte: elaborado pelo autor com base nos resultados do eviews 8 (Anexo IV)

A hipótese alternativa é afirmativa por ser o oposto da nula, então rejeitar a hipótese
nula (RH0) implica a aceitar a alternativa (AH1) e a aceitação da nula tem como consequência
a rejeição da hipótese alternativa.

91
GUJARATI, Damodar N.; PORTER Dawn C., Econometria Básica, 5ª ed., AMGH Editora Ltda, traduzido do
inglês por DURANTE, Denise, Et. alii., São Paulo, 2011, p.19
49

Portanto, os resultados das estimações apresentadas na tabela acima indicam na


primeira combinação a existência de uma relação de causalidade unilateral entre a inflação e o
PIB, isso significa que não são dois processos que se influenciam mutuamente.

A aceitação da hipótese nula implicou a rejeição da hipótese alternativa, ou seja, ao


aceitarmos a hipótese de que a inflação não causa o PIB significa que rejeitamos
automaticamente a hipótese que diz que a inflação causa o PIB. Por outro lado, a rejeição da
hipótese da nula combinação implicou a aceitação da hipótese alternativa, ou seja, ao
rejeitarmos a hipótese o PIB não causa a inflação, significa que aceitamos automaticamente a
hipótese que diz que o PIB causa a inflação.

Deste modo, os resultados confirmaram a noção teórica já conhecida, pois que se


verificou que é o crescimento económico responsável pela queda do nível da inflação e não o
contrário

III.2.3- Análise de Regressão

Na análise de regressão, busca-se em estimar ou prever o valor médio de uma variável


com base nos valores fixos de outras variáveis. Portanto, o que se pretende é saber se é
possível prever o valor da inflação conhecendo os valores do PIB.

III.2.3.1- Apresentação da Teoria de Base

Qual a relação entre inflação e crescimento da economia? Responder a essa pergunta é


mais difícil do que parece, pois que o comportamento da inflação depende muito de como é
gerida a política monetária.

Portanto, num ambiente de política monetária eficaz, a inflação fica mais sensível as
flutuações do Produto Interno Bruto, demonstrando um comportamento invertido.92 Pois que
os recuos na economia provocam inflação alta e os avanços (crescimento económico)
provocam inflação baixa (deflação), Ceterisparibus.

III.2.3.2- Construção do Modelo

O modelo foi construído baseando-se no pressuposto (teoria) de que o crescimento da


actividade económica influencia a queda da inflação. Confrontando esta teoria aos dados
macroeconómicos de Angola, mediante a seguinte especificação matemática:
92
MONTES, Gabriel Caldas, Política monetária, inflação e crescimento económico: a influência da reputação da
autoridade monetária sobre a economia, Niterói, Rio de Janeiro, 2008, p. 133.
50

(I) Y = β1 - β2 X Modelo linear (3.1)

Sendo que Y: representa a inflação e X o PIB. Ao passo que βi representam os


coeficientes que materializam a relação entre a variável explicada ou dependente e a variável
explicativa ou independente. Como o modelo (3.1) tem somente duas variáveis, denomina-se
modelo de regressão simples.

III.2.3.3- Especificação do Modelo

III.2.3.3.1- Especificação Económica do Modelo

A especificação económica do modelo é uma etapa do estudo empírico que consiste


em pré-determinar os sinais esperados dos parâmetros do modelo depois da estimação, através
da amostra, baseando-se na teoria económica ligada ao fenómeno em análise.

β1> 0: é o intercepto ou constante do modelo, também designado como inflação


autónoma, pois que representa a parte da inflação não explicado pelo PIB. Por ser autónomo
significa que está relacionado com todos os factores que influenciam o fenómeno com
excepção do produto, é o exemplo de factores como a variação da demanda, hábito, gosto
entre outros. Pela relação e pela teoria apresentada, espera-se que este parâmetro seja
diferente de zero e positivo.

β2> 0: esse parâmetro nos dá o efeito “directo” ou “líquido” de uma unidade de


variação no PIB sobre o valor médio da inflação, ceterisparibus. Em outros termos, é o
coeficiente que estabelece relação entre a inflação (variável explicada) e o PIB (variável
explicativa). Portanto, pela relação e a teoria apresentada espera-se que seja diferente de zero
e negativo.

III.2.3.3.2- Especificação Estatística do Modelo

O modelo puramente matemático (3.1) é de interesse limitado para o econometrista,


pois supõe que existe uma relação exacta ou determinística entre a inflação e o PIB.

Mas as relações entre variáveis económicas são, em geral, inexactas93. Isso porque,
além do PIB, outras variáveis afectas o comportamento da inflação. Porém, para levar em
conta as relações inexactas entre as variáveis económicas, modificou-se a função
determinística da Equação (3.1) do seguinte modo:

93
GUJARATI, Damodar N., & PORTER Dawn C., Econometria Básica, 5ª ed., AMGH Editora Lda, traduzido
do inglês por DURANTE, Denise, et. all., São Paulo, 2011, p.28.
51

Y = β1 - β2X + Ut (3.2)

Onde “u” é designado como distúrbio, ou termo de erro, é uma variável aleatória
(estocástica) que tem propriedades probabilísticas conhecidas.

A especificação estatística consiste também em escolher o método utilizado para a


estimação dos parâmetros, para o efeito, utilizou-se o método dos Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO), por este ser o método que oferece os «Melhores Estimadores Lineares
Não Viésados: MELNV ou BLUE em inglês». O modelo clássico de regressão linear,
gaussiano ou padrão (MCRL), que é a pedra angular de boa parte da teoria econométrica,
parte de (7) sete hipóteses (ver Anexo I).

III.2.3.4- Estimação dos Parâmetros

Tabela VII - Resumo dos Resultados do Modelo de Regressão Simples

SUMÁRIO DOS RESULTADOS

Estatística de regressão
R múltiplo ou 0,732100901
coeficiente de
Pearson
Quadrado de R 0,535971729
Erro-padrão 7,464843572
Observações 11

ANOVA
gl SQ MQ F F de
significância
Regressão 1 579,2704486 579,2704486 10,39536998 0,010419269
Residual 9 501,515006 55,72388955
Total 10 1080,785455
Coeficientes Erro-padrão Stat t valor P 95% inferior 95%
superior
Interceptar 20,87669168 2,364886961 8,827775716 9,9973E-06 15,52694571 26,22643766
PIB (X) -1,84541996 0,57236786 -3,22418516 0,010419269 -3,14020602 -
0,550633909

R2= 0,54 N = 11 F-Fisher = 10,39537 T-tab = 2,262 DW = 1,995

Yt = 20,88 – 1,85Xt

Fonte: Elaboração Própria (ANEXO II)

Onde gl é o grau de liberdade, SQ são as Somas do Quadrados, MQ são as Médias dos


Quadrados, F é o valor de Fisher
52

III.2.3.4.1- Coeficiente de Determinação R2

O R2 é uma medida resumida que diz quanto a linha de regressão amostral ajusta-se
aos dados, isto é, fornece a proporção da variação total da inflação (Y) que é explicado pelo
PIB (X).

No ponto de vista estatístico o R2 informa sobre a qualidade de ajustamento do


modelo aos dados da amostra. Neste sentido, diz-se que o modelo está ajustado aos dados
reais quando o R2 localiza-se a um nível superior ou igual a 50%. E para os resultados
obtidos, pode-se dizer que o modelo está ajustado tendo em conta que o coeficiente de
determinação é de 54%.

Por outro lado, na perspectiva económica,informa sobre o poder explicativo da


variável independente na variável dependente. Com isso, concluímos que o PIB explicam a
inflação a um nível de 54%, sendo que os outros 46% são garantidos por outras variáveis não
seleccionadas no modelo.

III.2.3.4.2- Teste de Significância Individual dos Parâmetros

De modo geral, o teste de significância é um procedimento em que os resultados


amostrais são usados para verificar a veracidade ou a falsidade das hipóteses. A decisão de
aceitar ou rejeitar a hipótese é tomada com base na comparação dos valores do teste estatístico
dos dados disponíveis ou em alternativa, compara-se os valores da distribuição da estatística
de t. Entretanto, a seguir serão desenvolvidos os testes aos parâmetros β1 e β2 a fim de
determinar a sua significância individual.

➢ Definição de Hipótese e Condição


Condição

H0 • βi = 0

H1 • β i ≠ 0
t-stat < t-tab = AH0
t-stat> t-tab= RH0
53

Tabela VIII - Significância Individual dos Parâmetros

Parâmetros t-stat Sinal de Comparação t-tab Conclusão

β1 8,828 > 2,262 RH0

β2 |-3,224| > 2,262 RH0

Fonte: Elaboração Própria (ANEXO II)

A análise dos resultados do teste de significância individual dos parâmetros, levou a


rejeição da hipótese nula e aceitação da hipótese alternativa para todos parâmetros,
consequentemente significa que estes parâmetros estão aproximados ao verdadeiro valor da
população. Por serem todos estatisticamente significativos significa que as variáveis a eles
associadas são pertinentes para explicar o comportamento do fenómeno em análise.

III.2.3.4.3- Teste de Auto correlação dos Resíduos

O teste de auto correlação dos erros é uma etapa da validação não paramétrica que
consiste em determinar a inexistência de auto correlação nos termos de erro. Portanto, para
testar se esta condição foi respeitada no presente modelo, utilizou-se a estatística de Durbin-
Watson (DW), que admite que o termo de erro de um modelo é auto-regressivo de ordem 1,
AR (1). Ou seja, o erro do presente é influenciado imediatamente pelo erro anterior.

Estimando a função residual temos: Ut = ρUt-1; onde: ρ = coeficiente de auto


correlação; Ut = termo de erro presente e Ut-1 = termo de erro passado imediato. Neste caso:

Se DW = 0; ρ= 1 (Presença de auto correlação positiva);


Se DW = 2; ρ= 0 (Ausência de auto correlação);
Se DW = 4; ρ= -1 (Presença de auto correlação negativa)

Sendo DW = 2 (1 – ρ):

Substituindo o valor de DW = 1,995057 determinado através do Eviews 8 (ver Anexo


II) teremos:

1,995057 = 2 - 2ρ

ρ = 0,0024715 ≈ 0
54

Neste sentido, se admitirmos que o coeficiente de auto correlação é nulo (ρ ≈ 0) e a


estatística de DW aproximar-se a 2. (DW ≈ 2), concordamos que não existe problema de auto
correlação de ordem 1 no modelo.

III.2.3.4.4- Teste de Heterocedasticidade

É outra etapa da validação não paramétrica que consiste em testar se a variância


residual é homocedástica, ou seja, constante ao longo de todo o período amostral, respeitando
uma das hipóteses fundamentais de operacionalidade do método dos Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO). Para efectivar essa etapa, utilizamos o teste de ARCH (Auto Regressive
Condicional Heteroscedasticity), que argumenta que o quadrado do termo de erro Ut é auto
regressivo de ordem 1. Quer dizer, faz regressão do modelo auto regressivo do quadrado dos
erros:
Ut2= ӨU2t-1 + vt

H0 : ρ = 0

H1: ρ ≠ 0

t-stat > t-tab.= RH0 Variança Residual homocedástica


Condições Conclusão
t-stat < t-tab.= AH0 Variança Residual heterocedástica

Tabela IX - Detenção da Heterocedasticidade

Ut2 = - 0,154540 U2t-1

t-statistic Sinal de Comparação t-tabelado Decisão

|-0,44768| > AH0


2,262
Fonte: Elaboração própria, informações detalhadas em Anexo VI.

Como o parâmetro (Ө) estimado pelos MQO é estatisticamente não significativo, esta
estatística dá-nos a conhecer que a variância residual do modelo é homocedástica, ou seja, é
55

constante ao longo do período amostral. Respeitando assim mais uma das hipóteses de base
do MQO.

III.3- Previsões do Comportamento da Inflação

A previsão económica constitui uma técnica que estuda das condições económicas
futuras de uma variável ou mesmo de uma economia.

Portanto, Angola conheceu uma nova tendência de comportamento do PIB, pois


verificamos que depois de 5 anos de recessão, a economia voltou a crescer em 2021. E espera-
se que tendência se mantém para o exercício seguinte. Portanto, se hipoteticamente o PIB
crescer 1% no exercício de 2022, tendo em conta a esta variação a que medida impactará no
comportamento futuro da inflação? A resposta dessa pergunta será dada com os resultados da
previsão.

Temos: Yt = 20,88 – 1,85Xt;


Sendo que: ∆X2022 = 1%
Então: Yt = 20,88 – 1,85(1)
̂ 2022 = 19,03%
𝒀

Apesar de continuar alta, a inflação em Angola tem vindo a variar em sentido


decrescente, entre os factores que estão na base desta mudança, está a nova tendência de
crescimento da produção nos últimos tempos (2021). Entretanto, tendo em conta a influencia
desta nova dinámica do PIB, estima-se que a inflação em 2022 cai para 19,03%.

III.4- Pertinência Económica dos Resultados

A interpretação das estimativas obtidas, tendo em conta a aplicação do método dos


mínimos quadrados ordinários concedeu-nos as considerações mais pertinentes:

➢ (20,88) É a ordenada na origem da recta de regressão e representa a inflação esperada se


a variação do crescimento económico angolano for nulo;
➢ (-1,85) é o declive da recta de regressão e representa a variação esperada na inflação
induzida por cada variação percentual do PIB. O declive da recta é negativo. Isso
significa que a inflação tende a regredir sempre que a economia crescer, ceterisparibus
(conforme a teoria).
➢ Por outro lado, o teste de causalidade fez perceber que o PIB e a inflação não são dois
processos que se influenciam mutuamente, pois que aumentos no PIB podem
56

influenciar o decrescimento da inflação (deflação) e a redução no PIB (recessão) podem


provocar inflação.
57

CONCLUSÃO

O presente estudo que acarreta o título “Mensuração do Custo de Vida em Angola:


Inflação versus PIB (Uma Análise Empírica de 2011 á 2021)”. Pretendeu de forma geral
determinar empiricamente a influência do comportamento do PIB sobre o custo de vida dos
angolanos.

Por outro lado, concentrou-se em responder a seguinte pergunta de pesquisa: Será que
o aumento do custo de vida em Angola tem sido afectado pela recessão? Portanto mediante a
utilização dos métodos indutivos e estatístico, subsidiados pelas técnicas bibliográfica,
experimental e documental, foi possível realizar várias incursões na literatura económica bem
como a quantificação dos dados da República de Angola. Mediante os quais foi possível tecer
os seguintes resultados mais relevantes:

Temos: Inflaçãot = 20,88 – 1,85PIBt;

Onde: 20,88 representa as fontes explicativas da Inflação angolana que não foram
consideradas no nosso modelo como tais como: taxa de juro, desemprego, desvalorização da
moeda, especulação, risco dos investidores e etc.; PIBt é a variável explicativa do modelo
proveniente da Produção Interna Bruta no período t; - 1,85 é o coeficiente de
intensidade/capacidade explicativa da variável independente na determinação da inflação afim
de avaliar o custo de vida em Angola.

A relação conjunta entre a taxa de inflação e PIB é significativa ao nível de 54%. Por
outro lado, as flutuações do PIB exercem forte influência sobre a inflação, pois constatou-se
que se o crescimento do PIB no próximo exercício for de 1% proporcionará um decréscimo
sobre a inflação variando para 19,03%, ceteris paribus. Deste modo, confirma-se a segunda
hipótese (H1), feita na introdução do trabalho, tendo em conta que se provou na prática,
mediante o estudo empírico que a variação negativa do PIB tem influenciado o aumento do
custo de vida em Angola, o teste de causalidade fez perceber que o PIB e a inflação não são
dois processos que se influenciam mutuamente, pois que aumentos no PIB podem influenciar
o decrescimento da inflação (deflação) e a redução no PIB (recessão) podem provocar
inflação.

Como se pode ver, ao longo do período analisado, o maior controlo dos preços em
Angola esteve sempre associado a um crescimento das receitas de origem petrolífera capaz de
alimentar o stock de moeda estrangeira necessário para a preservação do valor da moeda
58

nacional e o controlo do ritmo de crescimento dos preços. Qualquer anomalia no mercado


internacional do petróleo embarga o alcance da estabilidade de preços em Angola, levando a
economia ao declínio.

Por esta altura deve ser consensual que a economia angolana enfrenta, a curto e médio
prazo, dos maiores desafios em termos de criação de condições para crescer e assim garantir
um aumento sustentado da qualidade de vida dos angolanos.
59

SUGESTÕES

Após está analise, sugerimos algumas perspetivas de solução como alternativas de


longo prazo face a diversificação da economia e possível estabilidade de preços, tendo em
conta os altos níveis de inflação em Angola:
• Convém criar uma estrutura cujo fito passa pela ͞ Vigilância dos preços de uma série de
produtos pertencentes à cesta básica, no sentido de se evitarem situações de
especulação e assim garantir a estabilidade de preços.
• Estipular políticas que atacam directamente os diversos factores que influenciam o
crescimento dos preços em Angola, sendo não apenas fenómenos monetários, mas
também estruturais. Estes últimos justificam que a componente estrutural da inflação
continue relativamente alta.
• Apostar na produção agrícola que poderá potencializar o sector industrial, porque sem
isso não há crescimento, aparentemente mais nada pode acontecer de forma
sustentável: nem emprego, nem distribuição de renda, nem melhoria das condições de
vida.
• Maximizar o ajustamento salarial juntos das pessoas que ganham menos, as que
sofrem com o impacto da inflação e com dificuldades em adquirir aquilo que é
essencial para satisfação da necessidade básica, mas o ajustamento deve resulta do
aumento da produção nacional e não pelo aumento da massa monetária
• Investir em capital humano (Saúde e Educação) é a melhor forma de alcançar uma
trajectória de crescimento e desenvolvimento mais alta e sustentável.
60

BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Geral

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Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2014, Luanda, 2013
32. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2015, Luanda, 2015
33. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016, Luanda, 2016
34. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação
Proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2017, Luanda, 2016
35. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018, Luanda, 2018
36. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2019, Luanda, 2019
63

37. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:


Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020, Luanda, 2020
38. REPÚBLICA DE ANGOLA (Ministério das Finanças), Relatório de Fundamentação:
Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2021, Luanda, 2020
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<https://www.significados.com.br/hipotese/> acesso em 07 de Novembro de 2022
65

ANEXOS
66

ANEXO Nº I- HIPÓTESES DO MQO

N Hipóteses Descrição

1º Modelo de regressão linear, ou linear nos


parâmetros

2º Os valores fixos de X1(variável explicativa) são Cov (ui e X1i) = cov (ui e X2i) = 0
independentes do termo de erro. Fica claro que é
necessário co-variância igual a zero entre ui e a
variável explicativa.
3º o termo de erro ui tem valor médio zero. E(ui| X1i X2i) = 0

4º Homocedasticidade ou variância do termo de erro Var (ui) = Ϭ2u


(ui) constante.
5º Ausência de auto-correlação, ou de correlação Cov (ui e uj) = 0 i≠j
serial, entre os termos de erro.
6º O número de observações n deve ser maior que o n> k
número de parâmetros a serem estimados,
7º Ausência de viés de especificação. Significa que o
modelo está correctamente especificado.
FONTE: GUJARATI, Damodar N., & PORTER Dawn C, op. Cit., p. 206.
67

ANEXO Nº II- RESULTADO DA ESTIMAÇÃO

Fonte: Elaboração Própria, Eviews 8


68

ANEXO nº III- TABELA DE PONTOS PERCENTUAIS DA DISTRIBUIÇÃO DE t

0,25 0,10 0,05 0,025 0,01 0,005 0,001


Pr
Gl 0,50 0,20 0,10 0,05 0,02 0,010 0,002
1 1,000 3,078 6,314 12,706 31,821 63,657 318.31
2 0,816 1,886 2,920 4,303 6,965 9,925 22.327
3 0,765 1,638 2,353 3,182 4,541 5,841 10.214
4 0,741 1,533 2,132 2,776 3,747 4,604 7.173
5 0,727 1,476 2,015 2,571 3,365 4,032 5.893
6 0,718 1,440 1,943 2,447 3,143 3,707 5.208
7 0,711 1,415 1,895 2,365 2,998 3,499 4.785
8 0,706 1,397 1,860 2,306 2,896 3,355 4.501
9 0,703 1,383 1,833 2,262 2,821 3,250 4.297
10 0,700 1,372 1,812 2,228 2,764 3,169 4.144
11 0,697 1,363 1,796 2,201 2,718 3,106 4.025
12 0,695 1,356 1,782 2,179 2,681 3,055 3.930
13 0,694 1,350 1,771 2,160 2,650 3,012 3.852
14 0,692 1,345 1,761 2,145 2,624 2,977 3.787
15 0,691 1,341 1,753 2,131 2,602 2,947 3.733
16 0,690 1,337 1,746 2,120 2,583 2,921 3.686
17 0,689 1,333 1,740 2,110 2,567 2,898 3.646
18 0,688 1,330 1,734 2,101 2,552 2,878 3.610
19 0,688 1,328 1,729 2,093 2,539 2,861 3.579
20 0,687 1,325 1,725 2,086 2,528 2,845 3.552
21 0,686 1,323 1,721 2,080 2,518 2,831 3.527
22 0,686 1,321 1,717 2,074 2,508 2,819 3.505
23 0,685 1,319 1,714 2,069 2,500 2,807 3.485
24 0,685 1,318 1,711 2,064 2,492 2,797 3.467
25 0,684 1,316 1,708 2,060 2,485 2,787 3.450
26 0,684 1,315 1,706 2,056 2,479 2,779 3.435
27 0,684 1,314 1,703 2,052 2,473 2,771 3.421
28 0,683 1,313 1,701 2,048 2,467 2,763 3.408
29 0,683 1,311 1,699 2,045 2,462 2,756 3.396
30 0,683 1,310 1,697 2,042 2,457 2,750 3.385
40 0,681 1,303 1,684 2,021 2,423 2,704 3.307
60 0,679 1,296 1,671 2,000 2,390 2,660 3.232
120 0,677 1,289 1,658 1,980 2,358 2,617 3.160
∞ 0,674 1,282 1,645 1,960 2,326 2,576 3.090
FONTE: PEARSON, E. S.; HARTLEY, H. O. Biometríka tables for statisticians, apud., GUJARATI, Damodar
N., & PORTER Dawn C, op. Cit. p.876.
69

ANEXO IV- TESTE DE CAUSALIDADE

Fonte: Elaboração Própria, Eviews 8


70

ANEXO nº V- TESTE DE CORRELAÇÃO

Fonte: Elaboração Própria, Eviews 8


71

ANEXO nº VI- TESTE DE HETEROCEDASTICIDADE

Fonte: Elaboração Própria, Eviews 8


72

ANEXO nº VII- DISTRIBUIÇÃO DO TERMO DE ERRO

Fonte: Elaboração Própria, Eviews 8


73

ANEXO Nº VIII – PREÇOS MÉDIOS DE ALGUNS PRODUTOS SELECCIONADOS

Fonte: INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2021


74

ANEXO Nº IX – PREÇOS MÉDIOS DOS PRODUTOS IMPORTADOS COM MAIOR


VARIAÇÃO EM 2020/2021

Fonte: INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2021


75

ANEXO Nº X – ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR NACIONAL (BASE: DEZ.


2020 = 100)

Fonte: INE, Índice de Preços no Consumidor Nacional, Luanda, 2021

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