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Análise Financeira

2011D e p a r t a m e n t o Mondlane
Faculdade de Economia
Universidade Eduardo de Contabilidade e finanças

Análise fundamental, Análise da situação financeira,


Análise económica, modelos de planeamento
financeiro
Fernando Lichucha

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Contents
1 O que é a análise financeira.......................................................................................6
2 Introdução à análise financeira...................................................................................6
3 Análise horizontal e vertical (quatro horas)..............................................................7
3.1 Exercício.............................................................................................................7
3.2 Resolução..........................................................................................................10
4 Análise de rácios (6 horas).......................................................................................14
4.1 Exercício...........................................................................................................15
4.2 Resolução..........................................................................................................15
4.3 Análise de rácios...............................................................................................18
4.4 Exercício - Prática............................................................................................20
4.5 Primeiro teste de analise financeira – duas horas.............................................21
5 Análise da situação financeira de uma empresa.......................................................21
6 Análise da situação financeira de curto prazo ( 8 horas)........................................22
6.1 Fundo de maneio patrimonial ou contabilistico................................................22
6.2 Equilíbrio financeiro.........................................................................................23
6.2.1 Abordagem patrimonial do equilíbrio financeiro......................................23
6.2.2 Abordagem funcional do equilíbrio financeiro.........................................26
6.2.3 Construção do balanço funcional..............................................................27
6.3 Indicadores de liquidez de curto prazo.............................................................30
6.4 Exercicio – dado o seguinte balanço e DR responder as questões que seguem.
30
6.5 Resolução..........................................................................................................31
6.6 Exercício - análise de um empréstimo bancário de curto prazo.......................34
6.7 Exercícios 1, 2 e 3 em anexo............................................................................34
7 Análise financeira de longo prazo ( 6 horas)...........................................................34
7.1 Custo total de financiamento duma fonte.........................................................36
7.2 Indicadores da alavanca financeira...................................................................37
7.3 Exercício - Escolha da melhor alternativa de financiamento..........................37

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7.4 Solução..............................................................................................................39
7.5 Exercício - Escolha da alternativa de financiamento........................................43
7.6 Exercício de consolidação da Análise da situação financeira de curto e longo
prazo para tomada de decisão de concessão dum empréstimo bancário.....................44
8 Análise do desempenho económico (8 horas)..........................................................45
8.1 Medidas Tradicionais do Desempenho Económico..........................................46
8.2 Rendibilidade do activo....................................................................................46
8.3 Exemplo da rendibilidade do activo.................................................................46
8.4 Rendibilidade do capital investido....................................................................47
8.5 Exemplo da rendibilidade do capital investido.................................................48
8.6 Rendibilidade do activo económico e a rendibilidade económica das aplicações
49
8.7 Rendibilidade do capital próprio.......................................................................49
8.8 Impacto do capital alheio na RCP.....................................................................50
8.9 Análise da alavanca financeira.........................................................................51
8.10 Alavancagem financeira e risco........................................................................53
8.10.1 Impacto da variação dos resultados operacionais sobre a RCP em cada
uma das duas empresas............................................................................................54
8.11 Rendibilidade e crescimento.............................................................................56
8.11.1 Taxa de crescimento interno......................................................................56
8.11.2 Taxa de crescimento sustentável...............................................................56
8.12 Exercício...........................................................................................................57
8.13 Resolução..........................................................................................................58
8.14 Segundo teste – analise económica financeira (2 horas)..................................60
9 Planeamento financeiro de longo prazo...................................................................60
10 Planeamento Financeiro – estimativa das necessidades financeiras (8 horas).....61
10.1 Planeamento Financeiro de projectos agregados..............................................61
10.2 Planeamento financeiro não apenas projecção financeira................................62
10.3 Requisitos para um planeamento eficaz............................................................63
10.4 Modelos de planeamento financeiro.................................................................64
10.5 Componentes dum plano financeiro.................................................................65
10.6 Planeamento financeiro utilizando excel..........................................................65
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10.6.1 Projecção de vendas utilizando médias.....................................................66
10.6.2 Projecção de vendas utilizando regressão linear.......................................67
10.7 Demonstrações financeiras actuais...................................................................70
10.8 Projecção de demonstrações financeiras...........................................................71
10.9 Formulas das proporções..................................................................................72
10.10 Fórmulas da projecção de vendas.................................................................74
10.11 Fórmulas da projecção do balanço................................................................76
10.12 Fundos adicionais necessários.......................................................................76
10.13 Fórmulas do balanço 2..................................................................................78
10.14 Fórmulas de Resultados 2.............................................................................79
10.16 Projecção dos fluxos de caixa.......................................................................82
10.17 Análise dos Fluxos de caixa livres................................................................84
10.18 Formulas dos FCF.........................................................................................84
10.19 Análise de rácios...........................................................................................85
10.20 Fórmulas de análise de rácios.......................................................................86
10.21 Exercício prático...........................................................................................87
11 Planeamento financeiro para avaliação de uma empresa (8 horas)......................89
11.1 Exemplo da avaliação de uma empresa............................................................89
11.2 Construção do modelo de projecções financeiras.............................................91
11.3 Emprestimo a longo prazo negativo.................................................................92
11.4 Estimativa dos fluxos de caixa livres (FCF).....................................................93
11.5 Avaliação da empresa.......................................................................................93
11.6 Análise de sensibilidade....................................................................................94
11.7 Exercício pratico...............................................................................................94
12 Planeamento financeiro para a Análise de crédito (8 horas)................................96
12.1 Plano de negócio...............................................................................................97
12.2 Os principais tipos de Planos de Negócios.......................................................98
12.3 Estrutura base de um Plano de Negócios..........................................................99
12.4 Sumario executivo............................................................................................99
12.5 Sector de actividade........................................................................................100
Os elementos necessários para descrever cada uma das duas partes são:..........100
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12.6 Análise do mercado.....................................................................................101
12.7 Análise da concorrência..................................................................................102
12.8 Estrategia comercial ou plano de marketing...................................................102
12.9 Plano de gestão...............................................................................................102
12.10 Plano operacional........................................................................................102
12.11 Plano financeiro do plano de negócios........................................................103
12.11.1 Dados necessários................................................................................103
12.11.2 Elementos da demonstração de resultados...........................................104
12.11.3 Elementos do mapa de fluxo de caixa operacional..............................105
12.12 Exemplo de elaboração dum plano financeiro do plano de negocios.........106
12.13 Indicadores economicos e financeiros........................................................106
12.14 Avalição......................................................................................................107
12.15 Terceiro teste – Planeamento financeiro 2 horas........................................110
13 Anexos................................................................................................................110
13.1 Conversão do balanço contabilístico para o balanço funcional......................110
13.2 Exercicio 1 – equilíbrio financeiro.................................................................111
13.3 Exercicio 2 – Análise do equilíbrio financeiro...............................................113
13.4 Exercício 3 : Equilíbrio Financeiro.................................................................115
Exercício 3 : Equilíbrio Financeiro

Figura 1 Estrutura de financiamento..............................................................................19


Figura 1 Componentes dum plano financeiro................................................................61
Figura 2 Taxas crescimento dos dados históricos...........................................................62
Figura 3 Regressão linear com gráfico............................................................................63
Figura 4 Resultados da regressão....................................................................................63
Figura 5 Demonstração de resultados..............................................................................65
Figura 6 Balanço..............................................................................................................65
Figura 7 Proporções.........................................................................................................67
Figura 8 Planilha de Proporções......................................................................................67
Figura 9 Projecção de Resultados....................................................................................68
Figura 10 Projecção do balanço......................................................................................69
Figura 11 Balanço 2.........................................................................................................71
Figura 12 Resultados 2....................................................................................................72

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Figura 13 Projecção do balanço 3 e 4..............................................................................74
Figura 14 Resultados 3 e 4..............................................................................................76
Figura 15 Projecção dos fluxos de caixa.........................................................................76
Figura 16 Formulas dos Fluxos de Caixa........................................................................77
Figura 17 FCF..................................................................................................................78
Figura 18 Análise de rácios.............................................................................................79
Figura 18 Análise de rácios

Tabela 1 Vendas..............................................................................................................62
Tabela 2 Taxas de crescimento histórico.........................................................................64
Tabela 3 Dados de entrada projectados.......................................................................64
Tabela 3 Dados de entrada projectados

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1 O que é a análise financeira

Análise financeira, significa, entre outras coisas, extrair dos documentos


contabilísticos (historicos e projectados) informação sobre a rendibilidade, solvência,
liquidez, equilíbrio financeiro, competitividade económica, risco, eficiência e avaliação
de uma empresa com objectivo de auxiliar a tomada de decisões por gestores,
investidores, accionistas, bolsa de valores, credores, fornecedores, financiadores,
concorrentes, trabalhadores, estado, e o público em geral.

A analise das demonstrações financeiras pode ter várias perspectivas dependendo dos
objectivos que se pretendem:

• Economica – o objectivo é analisar a capacidade da empres apara gerar


resultados e remunerar os capitais de investidores, isto rendibilidade da empresa.
• Financeira – o objectivo é analisar a capacidade que a empresa tem para honrar
os compromissos no curto, medio e longo prazo. Deste modo, a analise
financeira consiste em estudar se a liquidez e a estrutura financeira sao
adequadas para efectuar os pagamentos atempados no curto prazo (pagamento
de materias-primas, dos salarios, da energia), bem como no medio e longo
prazos (reembolsos de sindicatos bancarios, de emprestimos obrigacionistas).
• Estatica – o objectivo é analisar uma peça de cada demonstração financeira sem
considerar o factor tempo, isto é, peças relativos somente a um ano.
• Dinamica – o obectivo é analisar peças de diferentes anos, isto é, peças relativas
a pelo menos dois anos.
• Fundamental – o objectivo é analisar os relatorios financeiros produzidos e
publicados pelas empresas, a estrategia adoptada pela empresa, as suas relacoes
de agencia, o enraizamento da gestao, entre outros factores.
• Tecnica – o objectivo é analisar o comportamento bolsista da empresa,
utilizando, por exemplo, os modelos de mercado, de equilibrio dos activos
financeiros, ou multifactoriais, entre outros.

Os resultados da analise das demonstrações financeiras podem ser utilizados no:


(1) diagnóstico da enpresa
(2) controlo de gestão
(3) financiamento da empresa
(4) saneamento financeiro
(5) avaliação da empresa
(6) fusões e aquisições

1 Introdução à análise financeira.

Aqui, enumeramos os temas a serem desenvolvidos durante as aulas, agrupados em três


grandes áreas e respectiva carga horária, a saber:

• Introdução
• Análise da situação financeira de uma empresa
• Planeamento financeiro de longo prazo

Cada grupo termina com uma avaliação individual e presencial com a duração de 2
horas.

Temas

Introdução 12 horas - 18.75%

Tema 1 - Análise horizontal e vertical (4 horas)

Tema 2 - Análise de rácios (6 horas)

Primeiro teste (revisão de conceitos) – 2 horas

Análise da situação financeira de uma empresa 26 horas – 40.625%

Tema 3- Análise da situação financeira de curto prazo ( 8 horas)

Tema 4 - Análise financeira de longo prazo (6 horas)

Tema 5 - Análise do desempenho económico (8 horas)

Segundo teste – Análise económica financeira (2 horas)

Planeamento financeiro de longo prazo 26 horas – 40.625%

Tema 6 - Planeamento Financeiro – estimativa das necessidades financeiras (8 horas)

Tema 7 - Planeamento financeiro para avaliação de uma empresa (8 horas)

Tema 8 - Planeamento financeiro para a Análise de crédito (8 horas)


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Terceiro teste – Planeamento financeiro 2 horas

1 Análise horizontal e vertical (quatro horas)

A análise horizontal - consiste em comparar valores da mesma conta ou grupo de contas


homogéneas referentes a exercícios diferentes. A importância da comparação das contas
das DFs de exercícios sucessivos é a revelação da direcção, velocidade e amplitude da
tendência das mesmas.

O método de comparação de demonstrações financeiras sucessivas emprega as seguintes


técnicas de comparação de DFs:

• Valores absolutos
• Percentagens
• Números índices
• Análise gráfica

A análise vertical ou de estrutura consiste em comparar o valor duma conta com o


valor do grupo de contas heterogenias de que ela faz parte. No balanço as contas são
comparadas com o activo total e nos resultados as contas são comparadas como o valor
das vendas.

1.1 Exercício

Dados os seguintes relatos financeiros da empresa Colgate, proceder a Análise


horizontal e vertical dos anos 2006 e 2005.

a) Comentar a variação anual de vendas, resultados brutos e custos. O que significa


variação margem bruta superior aos custos de mercadorias vendidas?
b) Comentar a variação anual de vendas e contas a receber.
c) Comentar a variação das contas a receber e contas a pagar.
d) Comentar os lucros por cada unidade de vendas (ultima linha na Análise vertical
da DR). O que se passa com a capacidade dos gestores passarem os custos para
os clientes?
e) Que rubricas é que tem maior peso no activo e passivo circulantes?

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1.1 Resolução
1. Criar uma pasta chamada: “Análise Financeira”
2. Criar uma subpasta chamada Tema 1
3. Dentro da subpasta Tema 1, criar um workbook chamado Análise vertical e
horizontal
• Mudar o nome da primeira folha de cálculo para DR e elaborar o mapa
de demonstração de resultados da Colgate
• Mudar o nome da segunda folha de cálculo para Balanço e elaborar o
mapa do balanço da Colgate.
4. Nas folhas de cálculo subsequentes dar o nome de DR horizontal, DR vertical,
Balanço horizontal e Balanço vertical.

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1 Análise de rácios (6 horas)

A análise de rácios estabelece relação entre dois elementos heterogéneos das DFs
do mesmo exercício. Os rácios podem ser classificados de acordo com os elementos
envolvidos na sua computação, nomeadamente:

• rácios patrimoniais quando envolvem dois elementos patrimoniais, como por


exemplo, relação entre o activo circulante e o passivo circulante, na Análise
de liquidez;
• rácios operacionais quando envolvem dois elementos dos resultados, como
por exemplo a relação entre o lucro liquido e as vendas liquidas no cálculo
da margem liquida; e
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• rácios de velocidade quando envolvem elementos do património e
resultados, tais como vendas e activo.

Existem varias designações de grupos de rácios/ou classificações de rácios, entre as


quais se destacam as seguintes:

○ Rácios de liquidez – medem a capacidade da empresa de honrar com


as suas obrigações de curto prazo comparando o activo circulante
com passivo circulante.

○ Rácios de alavanca financeira, ou estrutura ou endividamento –


medem o nível de utilização da divida no financiamento da aquisição
do activo da empresa.

○ Rácios de funcionamento – medem o nível de utilização do


investimento do activo na geração das receitas.

○ Rácios de rendibilidade – medem o nível de rendibilidade da


empresa.
○ Rácios de cobertura de encargos financeiros – a semelhança dos
rácios de liquidez, medem a capacidade da empresa de honrar custos
financeiros.
○ Rácios bolsistas, de bolsa, ou múltiplos - medem o nível de
avaliação da empresa atribuído pelo mercado de capitais. Estes rácios
fazem uso de variáveis respeitantes ao valor da empresa no mercado,
ou montantes apurados dos seus documentos contabilísticos
(Balanço, Demonstração de resultados e fluxos de caixa) de forma a
calcular indicadores que providenciem ao investidor uma noção do
valor da empresa.

1.1 Exercício

Utilizar as demonstrações financeiras do tema 1, para calcular rácios para fazer as


seguintes análises:

a) Análise do risco de crédito


b) Análise de rendibilidade
c) Avaliação da empresa ou capital próprio

1.1 Resolução
1. Na pasta Análise financeira criar uma subpasta chamada Tema 2.
2. Dentro desta subpasta, criar um workbook com o nome de análise de rácios.
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3. Dentro do workbook “análise de rácios”criar as seguintes folhas de cálculo
○ Análise do risco de crédito
○ Análise de rendibilidade
○ Avaliação da empresa.
4. Dentro da folha de cálculo “análise do risco de crédito” calcular os seguintes
rácios:
○ Liquidez
i. Rácio de liquidez geral
ii.Rácio de liquidez reduzida
iii.Rácio de liquidez imediata
iv.Prazo médio de recebimentos (dias)
v.Prazo médio de existências

○ Estrutura do capital e solvabilidade


i. Estrutura do capital (CA/CP)
ii.Estrutura do capital (EMLP/CP)
iii.Cobertura de encargos financeiros

5. Dentro da folha de cálculo “análise de rendibilidade” calcular os seguintes


rácios:
○ Rendibilidade do investimento

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i. Rendibilidade dos activos (ROA)
ii.Rendibilidade dos capitais investidos
iii.Rendibilidade dos capitais próprios

○ Desempenho operacional
i. Rendibilidade comercial
ii.Rácio da margem operacional
iii.Rendibilidade liquida das vendas
○ Uso de activos
i. Rotação do caixa
ii.Rotação de contas a receber
iii.Rotação de existências
iv.Rotação do fundo de maneio
v.Rotação de instalações e equipamentos
vi.Rotação do activo total

6. Dentro da folha de cálculo “Avaliação da empresa” calcular os seguintes rácios:


○ Indicadores do mercado
i. Lucro por acção
ii.Lucro por acção/cotação da acção
iii.Cotação da acção/lucro por acção
iv.Dividendo por acção/cotação da acção
v.Dividendo por acção/Lucro por acção
vi.Rácio de retenção
vii.Preço de cotação/Valor contabilístico da acção

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1.1 Análise de rácios
1. Análise de crédito
a) Liquidez

A capacidade desta empresa de honrar obrigações de curto prazo é medida


por rácios de liquidez. O rácio de liquidez geral indica que empresa possui
95 cêntimos para pagar cada 1 metical do passivo circulante. A situação
agrava-se com o rácio de liquidez reduzida que são apenas 58 cêntimos para
cada 1 metical de passivo circulante. Ambos rácios não cobrem o passivo
circulante, o que constitui um facto preocupante. Além dos rácios de
liquidez, precisamos de investigar os prazos necessários para converter as
contas a receber e existências em numerário. Os prazos de cobrança dos
devedores e o da venda de existências são 41.66 e 60.61 respectivamente.
Ambos prazos não sugerem nenhum problema de liquidez Conclusão, o
tempo de análise (dois anos) não nos permite tecer conclusões
fundamentadas.

b) Solvabilidade

Para avaliar a capacidade da empresa de honrar as obrigações de longo prazo


analisamos a estrutura total do capital, estrutura da divida a longo prazo, e

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cobertura de encargos financeiros. O rácio da estrutura de capital de 5.48
indica que o capital próprio contribui com 1 metical e o capital alheio com
5.48 meticais no financiamento da empresa. O rácio da estrutura da divida a
longo prazo é de 3.02, o que significa que no financiamento a longo prazo os
capitais próprios contribuem com um metical e os credores com 3.02
meticais. Ambos rácios são extremamente preocupantes para uma indústria
de transformação e os seus valores são típicos dos bancos. Apesar de estes
rácios, isoladamente, não cobrirem o serviço da divida e a empresa manter-
se solvente a longo prazo, a situação é diferente quando combinados com os
racios de rendibilidade. O rácio de cobertura de encargos financeiros indica
que os resultados da empresa são 13.61 vezes aos encargos financerios a
pagar. Isto significa que, a empresa não terá dificuldades em honrar com os
seus compromissos. Em conclusão, considerando a elevada rendibilidade da
empresa o risco de solvência é reduzido.

1. Análise da rendibilidade

a) Rendibilidade dos investimentos

A rendibilidade dos activos indica que para cada metical investido os activos
geram 16.51 cêntimos de resultados antes dos impostos. E que cada um metical
do investimento dos accionistas rende 98.04 centimos. Ambos racios são
significativamente altos.

b) Desempenho operacional

O rácio da margem bruta de 54.7% reflecte a capacidade da empresa em vender


os seus produtos muito acima dos custos de produção, apesar da concorrência
renhida no mercado de produtos de higiene pessoal. A rendibilidade operacional
de 17.65% e a rendibilidade liquida das vendas de 11.01% esta acima da media
do sector. Em conclusão, os preços da Colgate e o controlo dos custos de
produção fazem com que a empresa seja uma empresa lucrativa.

c) Uso dos activos

Os racios do uso de activos são determinantes da rendibilidade dos


investimentos. Os racios da Colgate estão acima da media. A excepção é o rácio
da rotação do fundo de maneio que é negativo porque o activo circulante é
menores que o passivo circulante. Isto indica que a Colgate não tem investido no
fundo de maneio.

1. Avaliação da empresa

Os rácio price-to-earnings (P/E) é de 25.39 MTs e price-to-book é de 23.22 são


elevados o que significa que a Colgate é uma empresa saudável. A taxa de
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dividendos da colgate de 48.64% é igualmente alta, significando que a Colgate
distribui uma parte grande dos seus resultados.

1.1 Exercício - Prática

Duas empresas estão a concorrer para um crédito num banco que só pode aceitar uma
das empresas. As duas empresas apresentaram a seguinte informação.

Balanço ano 2010

Empresa A Empresa B
Activos
Caixa 18 500 33 000
Contas a receber 36 400 56 400
Livranças a receber 8 100 6 200
Inventario 83 440 131 500
Despensas pré-pagas 4 000 5 950
Instalações e equipamento 284 000 303 400
Total do activo 434 440 536 450
Passivo e capital próprio
Passivo circulante 60 340 92 300
Empréstimo a longo prazo 79 800 100 000
Acções ordinárias, 5MT par 175 000 205 000
value
Resultados retidos 119 300 139 150
Passivo total e capital próprio 434 440 536 450

Demonstração de resultados 2010

Empresa A Empresa B
Vendas 660 000 780 200
Custo de mercadorias 485 100 532 500
Juros 6 900 11 000
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Impostos 12 800 19 300
Resultados líquidos 67 770 105 000
EPS 1.94 2.56

Dados no inicio do ano 2010

Empresa A Empresa B
Contas a receber 28 800 53 200
Livranças a receber 0 0
Inventario 54 600 106 400
Activo totais 388 000 372 500
Acções ordinárias, 5 par value 175 000 205 000
Resultados retidos 94 300 90 000

Pretende-se:

1. Comparar os racios de liquidez geral, liquidez reduzida, rotação das contas a


receber (incluindo livranças a receber), rotação do inventario, prazo médio de
existências, PMR e identificar a empresa que tem melhor risco de credito a curto
prazo que pode ser aceite por um ou os dois bancos e explicar porque.
2. Calcular a rendibilidade liquida das vendas, rotação do activo total, rendibilidade
do activo total, rendibilidade dos capitais proprios das duas empresas. Assume
que cada empresa pago 1.50 Mts de dividendo por acção e o preço da acção é
25MTs, e calcule P/E, dividend yield. Que empresa recomendaria para comprar
as suas acções como um bom investimento e explique porque?

1.1 Primeiro teste de analise financeira – duas horas

2 Análise da situação financeira de uma empresa

O objectivo da análise da situação financeira de uma empresa é estudar a composição da


estrutura de financiamento da empresa e verificar se ela é a estrutura óptima ou não, ver
Figura 1.

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Figura 1 Estrutura de financiamento

O activo de uma empresa pode ser financiado por capitais próprios, empréstimos de
longo prazo e passivo circulante (empréstimos de curto prazo). A Análise do
financiamento de uma empresa subdivide-se de acordo com a duração das obrigações
financeiras

• Liquidez de curto prazo


• Solvabilidade de longo prazo

1 Análise da situação financeira de curto prazo ( 8 horas)

Os indicadores de Análise da situação financeira de curto prazo são:

• valores absolutos – fundo maneio e tesouraria liquida


○ fundo de maneiro patrimonial – balanço contabilistico
○ fundo de maneio funcional - balanço funcional
○ tesourara liquida
○ a interpretação da situação financeira ou seja dos valores do fundo de
maneio e da tesouraria liquida é feita usando o equilíbrio financeiro
• valores relativos – rácios de liquidez

1.1 Fundo de maneio patrimonial ou contabilistico

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Os gestores financeiros devem saber prever problemas de desfasamentos de cobranças
aos clientes (ou que não pagam) e pagamentos aos credores (funcionários, Estado,
fornecedores). A maioria dos falhanços de empresas dão-se por falta de liquidez e não
por insolvência técnica, e não é difícil de uma empresa se ver em dificuldades se os seus
clientes começarem a pagar tarde (ou, obviamente, a não pagar), visto que uma série de
credores da empresa (funcionários, Estado, fornecedores) não aceitarão pontualmente a
alteração do calendário de pagamentos.

Isto significa que a gestão de dividas de clientes, existências e dividas aos seus credores
é fulcral para uma boa saúda financeira das empresas, na medida em que está em causa
a sua solvabilidade, ou seja, a sua capacidade de fazer face aos compromissos normais
de exploração à medida que eles vão surgindo. A gestão deve garantir que a
transformação das suas existências e dívidas de terceiros gere meios líquidos de tal
forma que a empresa tenha sempre meios para satisfazer as dívidas, contraídas
continuamente, à medida que estas se vão vencendo. Assim sendo, é importante que o
grau de liquidez (ou seja, a capacidade de transformação em meios líquidos) do activo
circulante seja adequado ao grau de exigibilidade do seu passivo circulante ou de curto
prazo. A liquidez é a capacidade de uma empresa de converter activos em numerário ou
obter numerário para honrar obrigações de curto prazo. O fundo de maneio é um
indicador de liquidez.

O Fundo de maneio é a parte excedente do activo circulante que cobre o passivo


circulante, ou seja, a parte dos activos fáceis de liquidar que cobre os passivos que
exigem liquidação a curto prazo.

Matematicamente:

Fundo de Maneio = Activo circulante - Passivo circulante

O fundo de maneio desempenha o papel de margem de segurança usada para evitar


rupturas de tesouraria e manter o equilíbrio financeiro.
E por outras palavras, o fundo de maneio é a parte dos capitais permanentes que não é
absorvida no financiamento do imobilizado líquido (sem amortizações) e que,
consequentemente, vai cobrir (parcial ou totalmente) da necessidades de financiamento
do ciclo de exploração.

Assim sendo, o fundo de maneio representa a parcela de capitais permanentes que


financia o activo circulante na vertente de existências e dívidas de terceiros, como
forma de garantir uma margem de segurança à empresa. De facto, se o referido activo
circulante fosse financiado apenas por capitais alheios de curto prazo, haveria sempre o
risco de, pela razão de ocorrerem acidentes ou atrasos na rotação daquele, a empresa
não conseguir transformá-lo em meios líquidos e assim não ter capacidade para solver
os seus compromissos com os seus fornecedores.

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Algebricamente, o fundo de maneio é definido como a diferença entre o activo
circulante nas rubricas de existências e dívidas de terceiros e o passivo de curto prazo.

Matematicamente:
Fundo de Maneio = Capitais permanentes – Imobilizado líquido

Em conclusão, as duas formas de cálculo do fundo de maneio são:


(1) – excedente do capital circulante total líquido das provisões (CCT) sobre as
dividas a terceiros a curto prazo (DTCP); FM = CCT - DTCP
(2) A parcela dos capitais permanentes (CP) que excede o imobilizado total líquido
(ITL) ; FM = CP - ITL

1.1 Equilíbrio financeiro

Uma das preocupações da Análise financeira é perceber até que ponto a empresa tem
condições para pagar os seus compromissos à medida que eles se vão vencendo.

Equilíbrio financeiro exprime a capacidade de uma empresa de harmonizar os tempos


de transformação dos activos em dinheiro e o ritmo de transformação das dividas em
exigível.

Existem duas abordagens de estudar o EF:

• Abordagem patrimonial ou tradicional


• Abordagem funcional

1.1.1 Abordagem patrimonial do equilíbrio financeiro

Abordagem patrimonial – estuda o EF a partir da confrontação temporal da


exigibilidade das responsabilidades com a liquidez dos respectivos activos.

• O fundo de maneio é o indicador utilizado nesta abordagem

• Nesta confrontação temporal temos três cenários de fundo de maneio patrimonial, a


saber:

a) Cenário 1 do FMP=0, isto é regra do equilíbrio financeiro mínimo, FMP=0

Esquematicamente:

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Aplicações de fundos Origem de fundos
Activo circulante Passivo circulante

Existências Fornecedores

Clientes Empréstimos bancários

Disponibilidades
Activo Fixo Capital próprio

Passivo de médio e longo prazo

• Activo circulante deve ser financiado com o passivo de curto prazo, FMP
óptica de liquidez

• Activo deve ser financiado com os capitais permanentes (C.


próprio+Passivo MLP), FMP óptica estrutural

Problemas com o Cenário 1 do FMP=0, Regra do equilibrio financeiro


minimo, FMP=0

1) Esta regra é insuficiente porque existem elementos circulantes cuja


rotação de transformação em disponibilidades é mais lenta que a
transformação em exigibilidades das dívidas a curto prazo

2) Não considera a estrutura do endividamento e a estrutura financeira

a) Cenário2 do FMP>0, Regra do equilíbrio financeiro, sempre existe EF, quando


FMP>0

Esquematicamente:

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Problemas com o Cenário2 do FMP>0, Regra do equilíbrio financeiro, sempre
existe EF, quando FMP>0

Activo Circulante > Passivo Circulante

1) Esta regra tem problemas, porque um fundo de maneio em excesso é prejudicial


visto que origina custos de exploração para a empresa

2) A regra é válida enquanto a rendibilidade do investimento for maior que o custo


do capital alheio

a) Cenário3 do FMP<0, não há equilíbrio financeiro, quando FMP<0

Esquematicamente:

A empresa tem mais obrigações a curto prazo do que bens e direitos a receber a
curto prazo, ou seja, Passivo - Activo circulante> 0

Problemas com o cenário3 do FMP<0, não há equilíbrio financeiro, quando


FMP<0
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• FMP<0 apresenta o seguinte problema, os capitais exigiveis a curto prazo estão
a financiar elementos patrimoniais do activo fixo, cuja capacidade de gerarem
dinheiro é lenta, excepto em caso de alienação
• Há actividades em que o FMP negativo não origina problemas na exploração
(ex.: os supermercados recebem a pronto e pagam a prazo)

Interpretação da situação financeira de uma empresa segundo o FMP, PMR e


PMP

1.1.1 Abordagem funcional do equilíbrio financeiro

Abordagem funcional – estudo do equilibrio financeiro que toma em consideração não


só a temporalidade dos recursos e aplicações mas também a existencia de diversos
ciclos de negócio na empresa: ciclo de exploração, ciclo de investimento e ciclo das
operações financeiras. A tesouraria liquida é o indicador utilizado nesta abordagem

A Análise do equilibrio financeiro utilizando o fundo de maneio é problematica por


causa das assimetrias temporais da transformação do activo em numerario e
exigibilidade dos passivos.

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• O fundo de maneio não representa as necessidades de fundo de maneio

• A Análise funcional do EF centrada na tesouraria tenta ultrapassar estes


problemas

• O ponto de partida desta abordagem é a construção do balanço funcional

1.1.1 Construção do balanço funcional

Esquema do balanço funcional.

Agrupar as rubricas do balanço da seguinte maneira como o objectivo de calcular os


indicadores FM, NC, RC NFM, e TL

• Capital Próprio

• + Capital Alheio Estável

• = CAPITAIS PERMANENTES (CE)

• - Activo Fixo (AF)

• = FUNDO DE MANEIO FUNCIONAL ( FMF) (resulta da estrategia


financeira)

• Clientes

• + Existências

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• + Adiantamentos a fornecedores

• + Estado e outros entes públicos (a receber)

• + Outros devedores de exploração

• = NECESSIDADES CÍCLICAS (NC)1

• + Fornecedores

• + Adiantamentos de clientes

• + Estado e outros entes Públicos (a pagar)

• + Outros credores de exploração

• = RECURSOS CÍCLICOS (RC)2

• NECESSIDADES EM FUNDO DE MANEIO (NFM) = (NC-RC) (resultam


das politicas de gestão operacional)

• TESOURARIA LÍQUIDA (TL) = (FM-NFM) ou TL = TA-TP

• FMF > 0 parte dos fundos estáveis financiam o ciclo de exploração

• FMF < 0 parte dos fundos não estáveis financiam activos fixos
(factor de risco)

Interpretação da situação financeira segundo a tesouraria liquida

1 Necessidades financeiras de exploração e extra-exploração (normais e anormais), páginas 127-130 do


livro H. Caldeira Menezes, 11ª edição.

2 Paginas 130-132, ibidem.

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a) FMF > 0 e FMN>0 com FMN>FMF é uma situação bastante frequente

• Evidencia uma empresa em desequilibrio financeiro e que enfrenta eventual


risco de falência
• O capital permanente cobre totalmente o investimento em activo fixo mas
não cobre as necessidades de exploração e/ou necessidades de extra-
exploração

b) FMF<0, FMN>0 configura uma situação financeira muito delicada

• O FMF negativo indica que há uma falta de capitais permanentes para


financiar o ciclo de investimento;
• Para além disso, a empresa necessita de fundos para financia o seu ciclo de
exploração/extra-exploração que neste caso lhe é desfavorável;
• A situação financeira é tanto mais grave quanto mais negativa for a
tesouraria liquida da empresa

c) FMF >0 com FMN>0, mas FMN<FMF, é uma situação confortável do


ponto de vista financeiro

• O capital permanente cobre integralmente o activo fixo e gera ainda um


excedente que serve para cobrir as necessidade do ciclo de exploração/extra-
exploração da empresa;
• Existe uma margem de segurança para empresa laborar sem grandes pressões
financeiras

d) FMF >0 e FMN<0 gera, necessariamente, uma situação de tesouraria


liquida positiva
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• É a situação mais confortavel para a empresa do ponto de vista da sua
solvabilidade;
• Explica-se pela existencia de um ciclo de exploração/extra-exploração
favaorável à empresa;
• No entanto, existe o risco do FMF ser exagerado

e) FMF<0 com FMN <0 e FMN>FMF

• Neste caso, a TRL é positiva o que é bom, significando que o défice de


capitais permanentes para financiar o ciclo de investimento é compensado
por um ciclo de exploração favorável a empresa (é o caso tipico dos
supermercados)

• Há que ter em conta o risco desta situação em caso de redução da actividade


para um nível de exploração que não consiga realizar meios face ao ritmo da
exigibilidade das dívidas a pagar.

f) FMF<0 e FMN<0, mas FMN<FMF

• Esta situação origina uma tesouraira liquida negativa, indicando que a


empresa se encontra numa situação de desiquilibrio financeiro;
• A empresa não tem liquidez nem margem de segurança financeira;
• Esta situação é usualmente vista em supermercados que entram em overdraft.
Isto é, têm um nível de actividade excessivo face à sua capacidade financeira
(crescimento explosivo das vendas sem um acompanhamento apropriado das
fontes de financiamento).

1.1 Indicadores de liquidez de curto prazo

O fundo de maneio é um conceito absoluto (diferença entre os capitais permanentes e o


imobilizado total liquido) e análise da situação da tesouraria da empresa que este
indicador permite efectuar pode ser realizada através de um indicador relativo; a
liquidez geral.

O rácio de liquidez geral (solvabilidade a curto prazo é assim definido LG =


CCTDTCP

Vejamos o significado das relações existentes entre a liquidez geral (LG) e o fundo de
maneio (FM)

(1) LG = 1 => FM = 0; situação do equilíbrio financeiro mínimo.

(2) LG <1 => FM<0; a regra do equilíbrio financeiro mínimo não é satisfeita, podendo
acontecer que o financiamento de investimento em capital fixo é feito com recursos
financeiros exigíveis a curto prazo.
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(3) LG > 1 => FM > 0; sempre existe equilíbrio financeiro

O rácio de liquidez reduzida (LR) ou acid test é LR = Disponível+RealizávelDTCP

O rácio de liquidez imediata (LI) é LI = DisponibilidadesDTCP

Os três rácios acabados de apresentar (liquidez geral, liquidez reduzida e liquidez


imediata) permitem-nos, apenas e sobretudo através da análise da sua evolução
temporal, detectar sintomas sobre a provável situação de tesouraria da empresa, mas não
nos possibilitam a formulação de juízos definitivos, só possíveis através do estudo dos
mapas dos fluxos de financeiros e dos orçamentos de tesouraria.

1.2 Exercicio – dado o seguinte balanço e DR responder as questões que


seguem.

Sabendo que a existência inicial no ano N era de 30 00 0 e assumindo que todos os


CMVMC e FSE são custos que variam com as vendas da empresa:

PRETENDE-SE:

1) Determine para ambos os anos:


a) O Fundo de Maneio de Funcionamento;
b) O Fundo de Maneio de Financiamento;
c) As Necessidades de Fundo de Maneio (NFM);
d) A Tesouraria Real Liquida (TRL);
e) O Prazo Médio de Recebimento (PMR), em dias;
f) O Prazo Médio de Pagamento (PMP), em dias;
g) O Tempo Médio de Rotação de Existências (TMRE), em dias.
2) Considera que esta empresa tem FM insuficiente ou excessivo? Justifique a sua
resposta.
3) Análise a liquidez. Relacione os resultados obtidos com o FM.
4) Faça a interpretação da empresa segundo o fundo de maneio e tesouraria liquida.

Balanço PASSIVO
Ano Empréstimos
AnoN N+1 bancários a MLP 240,000 236,000
700,0 746,0 Empréstimos
Imobilizado Corpóreo 00 00 bancários a CP 86,000 77,000
- -
Amortizações 125,0 160,0
Acumuladas 00 00 Fornecedores 42,000 47,000
Investimentos 58,25 75,00 Estado e Outros entes
Financeiros 0 0 Puiblicos 10,000 8,000
34,00 37,00 Acréscimos e
Mercadorias 0 0 Diferimentos 7,000 7,000
Clientes 46,00 38,50 385,000 375,000
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0 0
Caixa + Depósitos à 131,3 154,3
Ordem 16 93 844,566 890,893
844,5 890,8 DEMONSTRAÇÃO DE
66 93 RESULTADOS
AnoN Ano N+1
CAPITAL PRÓPRIO E
PASSIVO Vendas 486,000 512,000
CAPITAL PRÓPRIO CMVMC 218,700 230,400
320,0 350,0
Capital 00 00 FSE 52,000 55,000
76,00 90,00
Reservas Legais 0 0 Custos com pessoal 64,000 64,000
Amortizações do
Reservas Livres 0 0 Exercício 35,000 38,000
Resultados Resultados
Transitados 0 5,000 Operacionais 116,300 124,600
Resultado Líquido do 63,56 70,89
Exercicio 6 3 Encargos Financeiros 22,820 20,345
459,5 515,8 Resultados
66 93 Extraordinários 0 0
Resultados antes
Impostos 93,480 104,255
Imposto sobre o
rendimento 29,914 33,362
Resultado Liquido 63,566 70,893

1.1 Resolução
1) Determine para ambos os anos:

a) Fundo de Maneio de Funcionamento


Ano N
FMF= (34000+46000+131316)– (86000+42000+10000+7000) =
66,316
Ano N+1
FMF= (37000+38500+154393)– (77000+47000+8000+7000) =
90,893

b) Fundo de Maneio de Financiamento:


ANO N
FMFin = (459566+240000) - (700000-125000+58250) = 66,316
ANO N+1
FMFin = (515893+236000) - (746000-160000+75000) = 90,893

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c)Necessidades de Fundo de Maneio:
Necessidades cíclicas de exploração – Recursos cíclicos de exploração
Necessidades Cíclicas de Exploração = (Existências + clientes+Adiantamentos
fornecedores+ estado + outros devedores de exploração)
Recursos Cíclicos de Exploração = (fornecedores + Adiantamentos de clientes + Estado
e Outros entes Públicos + Acréscimos e Deferimentos)
ANO N
NFM = (34000+46000) – (42000 +10000+7000) = 21,000
ANO N+1
NFM = (37000+38500)– (47000+8000+7000) = 13,500
d) Tesouraria Real Líquida (TRL):
Fundo de Maneio – Necessidades Fundo Maneio
ANO N
TRL = 66.316– 21000
TRL =45316
ANO N+1
TRL = 90893– 13500
TRL =77393

e) Prazo médio de Recebimento (PMR):


ANO N
PMR=46000/486000x365= 0.095 x 365 = 34,67 dias
ANO N+1
PMR=38500/512000x365= 0.075 x 365 = 27,45 dias

f) Prazo médio de Pagamento (PMP):


ANO N
PMP= 42000/34000*365= 1,24 x 365 = 452,6 dias
ANO N+1
PMP= 47000/37000*365= 1,27 x 365 = 463,5 dias

g) Tempo médio de Rotação de Existências (TMRE):


ANO N
TMRE= 34000/486000x365= 0,069 x 365 = 25,18 dias
ANO N+1
TMRE= 37000/512000= 0,072 x 365 = 26,28 dias

2) A empresa tem um FM insuficiente ou excessivo? Justifique.


ANO N:
R: Considerando que as NFM são um valor inferior ao FMF, o FM é excessivo, porque
existe FM desnecessário. Conforme resultados abaixo:
As NFM do ANO N são 21000
O FMF do ANO N é 66316
ANO N+1:
R: Neste caso aplica-se a mesma resposta do ano N. Sendo ainda mais excessivo.
As NFM do ANO N+1 são 13500
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O FMF do ANO N+1 é 90893

3) Análise a liquidez. Relacione os resultados obtidos com o FM.

Liquidez geral:
LG: Activo circulante/D.C.P. =
ANO N
34000+46000+131316/86000+42000+10000+70000 = 211316/145000 = 1,46
ANO N+1
37000+38500+154393/77000+47000+8000+7000 =229893/139000= 1,65

Liquidez Reduzida:
LR: Activo circulante - existências/D.C.P. =
ANO N
46000+131316/86000+42000+10000+70000 =177316/145000 = 1,22
ANO N+1
38500+154393/77000+47000+8000+7000 =192893/139000= 1,39

Liquidez Imediata:
Li: Disponibilidades/D.C.P. =
ANO N
131316/86000+42000+10000+70000 =131316/145000 = 0,91
ANO N+1
154393/ 77000+47000+8000+7000=154393/ 139000= 1,11

O facto de o fundo de maneio ser excessivo traduz-se na existência de capitais


permanentes relativamente exagerados, o que se pode reflectir negativamente na
rendibilidade da empresa e positivamente no risco financeiro de curto prazo. Nestas
situações considerar-se-á que a empresa tem uma tesouraria excedentária, ao contrário,
uma situação de insuficiência do fundo de maneio provavelmente se traduzirá na
existência de problemas de tesouraria, risco financeiro elevado.

Liquidez é capacidade da empresa honrar os seus compromissos a Curto Prazo,


relacionando com os resultados da liquidez com os resultados do FM, quanto maior a
liquidez, maior o fundo de maneio, a relação está representada conforme abaixo:

• Liquidez = 1 → FM = 0 (Nulo)
• Liquidez <1 → FM <0 (Negativo)
• Liquidez> 1 → FM> 0 (positivo)

1) Interpretação da empresa segundo o fundo de maneio e tesouraria liquida.


Cada estudante deve fazer a interpretação.

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1.1 Exercício - análise de um empréstimo bancário de curto prazo

No ano passado, a empresa Batata da Angonia, teve vendas no valor de 500 000. A
empresa deseja contrair um empréstimo de 100 000 para financiar o seu fundo de
maneio. A empresa submeteu o pedido a dois bancos. O Banco A exige uma margem
operacional de pelo menos 25% e o Banco B requer uma liquidez geral de 2:1. A
informação actual da Batata da Angonia é a seguinte:

• Devolução de vendas 10% das vendas


• Devolução de compras 2% das compras
• Desconto de vendas 2% de vendas
• Desconto de compras 1% das compras
• Inventario final 138 000
• Disponibilidades 10% das contas a receber
• Termos de crédito dos clientes da Batata da Angonia são 45 dias
• Termos de crédito dos fornecedores da Batata da Angonia são 90 dias
• Compras durante o ano foram 400 000
• Inventario final é 38% maior que o inventario inicial
• Contas a pagar é o único passivo circulante.

Pretende-se que, o estudante avalie se a Batata da Angonia pode satisfazer os requisitos


de um ou ambos bancos.

1.1 Exercícios 1, 2 e 3 em anexo.

2 Análise financeira de longo prazo ( 6 horas)

Explora as vantagens das fontes de financiamento (estrutura do capital) e capacidade de


solver obrigações financeiras de longo prazo.

As fontes principais de financiamento são o capital próprio e divida. Na óptica dos


accionistas a divida é barata em relação ao capital próprio porquê:

1) Alavanca financeira – o juro na maioria dos empréstimos é fixo, e o juro pago é


menor que a rendibilidade gerada pelo financiamento (divida), o excesso passa
para os accionistas.

Exemplo da alavanca financeira

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A utilização da divida, apesar de ser beneficia para os accionistas, apenas o é até
um certo nível de resultados de exploração. No primeiro, com um nível de
resultados de exploração de 200, a rendibilidade dos activos ROA ou Rea =
EBIT(1-40%)/activos é de 16% para a empresa alavancada e 12% para a
empresa financiada 100% com capitais próprios.

Mas, no segundo ano, a utilização da divida produz a mesma rendibilidade da


empresa sem divida. E no terceiro ano, o uso da divida prejudica a rendibilidade
dos capitais próprios.

2) Impostos dedutíveis da divida – juro é um custo com o imposto dedutível


enquanto que os dividendos não.

Exemplo da dedução dos impostos

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O uso da divida reduz a base de incidência da carga fiscal, resultando em menores
encargos fiscais e maiores rendimentos para os investidores (accionistas e credores). No
segundo ano, divida ao uso da divida o retorno passa de 60 para 76, com uma carga
fiscal de 24 em vez de 40.

Alem dos capitais próprios e divida, as empresas podem recorrer ao capital de risco
(private equity), leasing, empréstimo obrigacionista, empréstimo externo e project
finance. A selecção das fontes de financiamento é feita na base do seu custo total de
financiamento.

1.1 Custo total de financiamento duma fonte

Aqui seguem alguns exemplos do custo total de financiamento de algumas fontes.

(1) O custo efectivo do empréstimo bancário, antes da consideração da poupança fiscal,


de um contracto de mútuo com reembolso bullet3 é assim dado por y tal que:
○ C0 x (1-isc) = t=1nC0*r*(1+isj)(1+y)t + C0(1+y)ñ

Onde:
C0 – valor do empréstimo
R – taxa de juro
N – prazo
Isc- taxa de imposto de selo sobre a abertura do crédito
Isj – taxa de imposto de selo sobre os juros

3 A amortização do capital é feita de uma só vez, na maturidade do contrato.

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(2) O custo do leasing ou contracto de locação financeira com rendas antecipadas, é
assim dado por y tal que:
C0 = t=0n-1Tt(1+y)t + VR(1+y)n
Onde
C0 – valor do bem subjacente ao contracto;
Tt – renda do momento t;
n – prazo;
VR – valor residual do contracto

(3) O custo dum empréstimo obrigacionista com reembolso bullet, antes da


consideração da poupança fiscal, é :
C0 + PE - DE = t=1nC0*r(1+y)t+ C+PR(1+y)n
Onde
C0 – Valor nominal da emissão
PE – Premio de emissão
De – Despesas de emissão (e.g. comissão tomada firme e respectivo imposto selo,
registo na Conservatoria do Registo Comercial e registo na CMVM para subscrição
publica);
r- taxa de cupão
PR – Premio de reembolso.

1.1 Indicadores da alavanca financeira

1) Rácio do endividamento = Capitais alheios (C/M/L Prazos)Activo = total debt


to total assets ratio
2) Peso do endividamento = CA M/LPACTIVO = long term ratio
3) Estrutura financeira = CACP = Debt to equity ratio
4) Equity multiplier = ActivoCP
5) Autonomia financeira = CPCP+CA
6) Estrutura do endividamento = CACA+CP
7) Cobertura de encargos financeiros = resultados operacionais (EBIT) / juros

1.1 Exercício - Escolha da melhor alternativa de financiamento

A empresa NFD pretende adquirir novos equipamentos fabris no valor de 1250 000
Euros que irão ser financiados em 80% por capitais alheios. A taxa de imposto sobre
lucros da empresa é de 40%. Considere as seguintes fontes de financiamento
alternativas:

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Empréstimo Bancário em Euros

Montante: 1 000 000 euros;

Taxa de juro: 6% (taxa fixa);

Período de carência de capital: 1 semestre;

Reembolso: 5 prestações semestrais constantes de capital e juro;

Imposto de selo sobre juros: 4%;

Imposto de selo de abertura de crédito: 0.5%.

Empréstimo bancário em divisas

Montante: 620 000 GBP;

Taxa de juro: 3.75% (taxa fixa);

Pagamento de juros: anualmente;

Taxa de câmbio de tomada: 0.62 EUR/GBP;

Reembolso capital: 30% (1º ano); 30% (2º ano) e 40% (3º ano);

Comissões: 0.5% (flat e antecipado);

Taxa media anual de depreciação do EUR face a GBP; 1.5%;

Imposto selo sobre juros: 4%;

Imposto selo abertura de credito: 0.5%.

Leasing

Valor do contrato: 1 000 000 Euros

Duração do contrato: 2 anos;

Rendas: trimestrais e antecipadas no valor de 126 937 euros

Opção de compra: 4% do valor de aquisição;

Vidal útil do equipamento: 3 anos;

Empréstimo obrigacionista
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Valor nominal: 800 000 Euros

Valor de emissão: 125%

Taxa de cupão: 6.25% (taxa fixa);

Pagamento dos juros: semestralmente;

Reembolso do capital: 40% (2º ano) e 60% (3º ano);

Prémio de reembolso: 28%;

Despesas de emissão: 1% do valor nominal.

Pretende-se que, o estudante escolha a melhor alternativa de financiamento.

1.2 Solução

Cálculo do custo do empréstimo bancário em euros

Solução
Empréstimo bancário em
euros
1) Cálculo do imposto de selo de abertura de
crédito (ISAC)
Montante do empréstimo 1,000,000
Taxa de abertura de Montante liquido a receber é 1000
credito 0.50% 000*99.5%
valor a ser repartido pelos 5
ISAC 5,000 semestres
2) Cálculo da prestação Constante
Taxa nominal anual 6.00%
Taxa efectiva semestral 3.00%
Prestação semestral 218,355

3) Mapa de serviço da

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dívida
Semestre 0 Sem 1 Sem 2 Sem 3 Sem 4 Sem 5 Sem 6
811,6 617,6 417,8 211,9
Capital divida inicial 1,000,000 1,000,000 45 40 15 95
218,3 218,3 218,3 218,3
Prestação 218,355 55 55 55 55
24,34 18,52 12,53 Pagamento
Juro 30,000 30,000 9 9 4 6,360 s
194,0 199,8 205,8 211,9 Pagamento
Amortizaçao 188,355 05 25 20 95 s
Efeito fiscal sobre os 17,15 Poupança
juros 24,000 1 7,558 fiscal
Imposto de selo sobre Pagamento
juros 1,200 1,200 974 741 501 254 s
Efeito fiscal sobre o Poupança
imposto 960 686 302 fiscal
Retenção imediato do Pagamento
ISAC 5000 s
666.6 666.6 Poupança
Efeito fiscal sobre o ISAC 666.67 7 7 fiscal
219,3 200,5 218,8 210,0
Fluxos de Caixa 31,200 193,928 29 92 56 82

Cálculo do IRR - Custo do empréstimo bancário


em euros
219,3 200,5 218,8 210,0
-995000 31,200 193,928 29 92 56 82
3.973
Semestral 1.967% Anual %

Cálculo do custo do empréstimo bancário em divisas

Empréstimo bancário em
divisas
1) Cálculo da comissão
1,000,0
Montante do emprestimo 00 =620 000/ 0.62
Montante pago
Taxa da comissão 0.50% antecipadamente
Valor da comissão + imposto
do selo 5,200
2) Cálculo do ISAC
Taxa de abertura 0.50%
ISAC 5,000

3) Mapa de serviço da
dívida
Moed
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 a

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Taxa de cambio = TC*(1- 0.6015 0.5925
d)^ano 0.62 0.6107 4 16 GBP
620,00 434,00 248,00
Capital em divida inicial 0 0 0 GBP
186,00 186,00 248,00
Amortização 0 0 0 GBP
Juro 23,250 16,275 9,300 GBP
434,00 248,00
Capital em divida final 0 0 0 GBP
304,56 309,20 418,55 Pagame
Amortização 9 7 4 EURO nto
Pagame
Juro 38,071 27,056 15,696 EURO nto
Diferenças cambiais 15,228 10,822 6,278 EURO
Efeito fiscal s/ juros e dif. poupanç
Camb. 21,320 15,151 8,790 EURO a
poupanç
Efeito fiscal s/comissão 5,200 693 693 693 EURO a
pagame
Imposto de selo sobre juros 1,523 1,082 628 EURO nto
Efeito fiscal s/ imp de selo poupanç
juros 609 433 251 EURO a
poupanç
Efeito fiscal s/ ISAC 5,000 667 667 667 EURO a
10,20 320,87 320,40 424,47
Fluxos de caixa 0 4 0 7

Cálculo do IRR - Custo do empréstimo


bancário em divisas
-
989,8 320,87 320,40 424,47
00 4 0 7
10,20 30969 29846 38164
3.61% 0 4.8 4.9 0.2

Cálculo do custo do leasing

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Custo do empréstimo obrigacionista

Empréstimo
obrigacionista
1) Cálculos
auxiliares
=800 000 1,000,0
Valor da emissão * 125% 00
=800 000
Despesas de emissão * 1% 8,000
=800000* 200,00
Prémio de emissão 25% 0
=800000* 224,00
Prémio de reembolso 28% 0

As despesas de emissão e o prémio de reembolso são custos


a repartir em partes
iguais pelo número de anos do empréstimo (3 anos). O
prémio de emissão é
é um proveito a repartir em partes iguais pelo número de anos do
@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página
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empréstimo (3 anos)

Taxa nominal anual com


capitalizações semestrais 6.25%
Taxa efectiva
semestral 3.125%

2) Mapa de serviço
da divida

Sem 1 Sem 2 Sem 3 Sem 4 Sem 5 Sem 6


800,00 800,00 800,00 480,00 480,00
Capital divida inicial 800,000 0 0 0 0 0
320,00 480,00 Pagame
Amortização 0 0 nto
Pagame
Juros 25,000 25,000 25,000 25,000 15,000 15,000 nto
Poupanç
Ef. Fiscal s/ juros 20,000 20,000 12,000 a
Ef. Fiscal s/ despesas Poupanç
de emissão 1,067 1,067 1,067 a
Ef. Fiscal s/ prémio de Pagame
emissão 26,667 26,667 26,667 nto
134,40 Pagame
Prémio de reembolso 89,600 0 nto
Ef. Fiscal prémio de Poupanç
reembolso 29,867 29,867 29,867 a
410,33 613,13
Fluxos de caixa 25,000 733 25,000 3 15,000 3

Cálculo do custo do empréstimo


obrigacionista
410,33 613,13
-992000 25,000 733 25,000 3 15,000 3
Custo semestral 1.874% Anual 3.78%

Resposta

Podemos hierarquizar as fontes de financiamento pelo seu custo como se segue:

Emprestimo bancário em divisas 3.61%

Leasing: 3.69%

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Emprestimo obrigacionista: 3.78%

Emprestimo bancário em euros: 3.97%

No entanto, o custo do empréstimo bancário em divisas assenta num pressuposto de


evolução cambial que é incerto. Assim, se a taxa de depreciação do ERU face ao GBP
verificada for superior à prevista, o custo será superior a 3.61%. Pelo contrario uma taxa
de depreciação inferior ou mesmo uma apreciação de EUR face ao GBP conduziria a
um custo inferior a 3.61%.

1.3 Exercício - Escolha da alternativa de financiamento

Com o objectivo de financiar um projecto de investimento de expansão a empresa MCA


contactou o Banco A que apresentou a seguinte proposta de empréstimo:

Montante: 500 000 euros,

Moedas: EUR ou USD

Prazo: 2 anos

Taxa de juro: 5% (EUR) e 3% (USD);

Reembolso: bullet;

Juros: pagos anualmente;

Imposto de selo sobre juros: 4%

Imposto de selo de abertura de crédito: 0.5%;

Câmbio de tomada: 0.90 EUR/USD.

A empresa contactou também uma empresa de leasing que lhe apresentou a seguinte
proposta alternativa:

Valor do equipamento: 500 000 euros;

Duração do contrato: 3 anos

Rendas: semestrais e antecipadas sendo a 1ª renda o dobro das restantes,;

Opção de compra: 4% do valor de aquisição;

Vida útil do equipamento: 5 anos;

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Taxa de juro nominal anual implícita no contrato: 5.5%.

A taxa de imposto sobre lucros da empresa é de 40%.

Pretende-se que:

a) Determine a taxa média anual de depreciação do EUR face ao USD que torna
indiferente a opção pelo empréstimo em EUR ou USD.

b) Prevendo a empresa uma taxa média anual de depreciação de 1.5%, escolha a


alternativa de financiamento que a empresa deve utilizar.

1.4 Exercício de consolidação da Análise da situação financeira de curto e


longo prazo para tomada de decisão de concessão dum empréstimo
bancário.

A empresa Mafureira de Zavala foi constituída há cinco anos atrás. O balanço e a


demonstração de resultados dos últimos três anos são reproduzidos a seguir.

Balanço da empresa Mafureira de


Zavala
Ano 5 Ano 4 Ano 3
Activos
12,00 15,00 16,00
Caixa e equivalentes 0 0 0
183,0 80,00 60,00
Contas a receber 00 0 0
142,0 97,00 52,00
Inventario 00 0 0
Outros activos
circulantes 5,000 6,000 4,000
Instalações e 160,0 110,0 70,00
equipamentos 00 00 0
502,0 308,0 202,0
Total 00 00 00

Passivo e capitais
proprios
147,8 50,40 22,00
Contas a pagar 00 0 0
30,00 14,40 28,00
Imposto a pagar 0 0 0
Emprestimos a longo 120,0 73,00 22,40

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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prazo 00 0 0
Acções, 5Mts par 110,0 110,0 80,00
value 00 00 0
94,20 60,20 49,60
Resultados retidos 0 0 0
502,0 308,0 202,0
Total 00 00 00

Demonstração de
resultados
Ano 5 Ano 4 Ano 3
1,684, 1,250, 1,050,
Vendas 000 000 000
Custo de mercadorias 927,00 810,00 512,00
vendidas 0 0 0
757,00 440,00 538,00
Resultados brutos 0 0 0
Custos de marketing e 670,00 396,70 467,76
administrativos 0 0 0
Resultados operacionais 87,000 43,300 70,240
Juro 12,000 7,300 2,240
Resultados antes dos
impostos 75,000 36,000 68,000
Imposto 30,000 14,400 27,200
Resultados líquidos 45,000 21,600 40,800

Informação adicional

(a) Todas as vendas são a crédito


(b) As dívidas a longo praza são bancárias
(c) Todas as vendas devem ser pagas dentro de 30 dias a contar do
dia da entrega.
Pretende-se que, o estudante:

a. Calcule os seguintes indicadores para os anos 4 e 5.


i. Fundo de maneio
ii.Liquidez geral
iii.Liquidez reduzida
iv.Rotação das contas a receber
v.PMR (verificar os seus resultados com 28.10 dias)
vi.Rotação do inventário
vii.PME
viii.Rácio da estrutura financeira (verificar 1.46)
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ix.Cobertura dos encargos financeiros
b. Use o ano 3 para criar serie de evolução do seguinte:
i. Vendas
ii.Custo de mercadorias vendidas
iii.Resultados brutos
iv.Custos de marketing e administrativos
v.Resultados líquidos
c. Na base dos resultados das alíneas a e b prepare um pequeno relatório e
recomendação sobre a concessão ou não de crédito. Fundamentar a
recomendação com indicadoras chaves.

1 Análise do desempenho económico (8 horas)

A análise da situação financeira usa as contas do balanço para verificar a cobertura


financeira adequada das aplicações com as origens de fundos.

A análise da rendibilidade económica relaciona as contas de demonstração de


resultados com as contas do balanço para determinar a eficácia de gestão do negócio
(vendas) e eficiência dos capitais investidos na geração de lucros.

A análise do desempenho económico vai tratar dos seguintes aspectos:

• Medidas Tradicionais do Desempenho Económico


• Rendibilidade de exploração e a rendibilidade económica das aplicações
• Rendibilidade do capital próprio e a alavancagem financeira
• Rendibilidade e crescimento

1.1 Medidas Tradicionais do Desempenho Económico

A avaliação do desempenho económico, ou seja o cálculo da eficácia comercial e dos


capitais investidos na geração de lucros era feita na base da:

• Rendibilidade do activo, Return on Assets ou Return on Investment


EBIT/Activo. Com efeito fiscal EBIT(1-t)/Activo
• Rendibilidade do Capital Investido ou Return on Invested Capital EBIT/CI.
Com efeito fiscal EBIT(1-t)/CI. Onde RO significa resultados operacionais
ou resultados antes dos juros e impostos (EBIT em inglês).

1.1 Rendibilidade do activo

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Rendibilidade do activo, ROA = RLActivo= RLVendas * VendasActivo= margem
comercial (rendibilidade das vendas) * rotação do activo

Onde:

RL - resultados líquidos

A rendibilidade do activo depende da margem comercial e do grau de utilização do


activo.

1.2 Exemplo da rendibilidade do activo

1. Use o quadro a seguir para calcular ROA de cada ano empresa nos dois anos em
falta.

6/30/9
AMERICA ONLINE 6/30/96 5 6/30/94
Rendibilidade das
vendas 2.70% -8.50% 5.90%
Rotação do activo 1.14 0.97 0.7
Rendibilidade do
activo 3.08%

12/31/9 12/31/
COCA-COLA CO 6 95 12/31/94
Rendibilidade das
vendas 18.80% 16.60% 15.80%
Rotação do activo 1.15 1.2 1.17
Rendibilidade do
activo 21.57%

1/31/9
DELL COMPUTER 1/31/97 6 1/31/95
Rendibilidade das
vendas 6.70% 4.90% 4.00%
Rotação do activo 2.59 2.47 2.18
Rendibilidade do
activo 17.37%

1/31/9
WAL-MART 1/31/97 6 1/31/95
Rendibilidade das
vendas 2.90% 2.90% 3.20%
Rotação do activo 2.65 2.49 2.51
Rendibilidade do 7.68%
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activo

2. a) Em 1996, a Coca-Cola gerou ____ cêntimos de lucros por


cada metical de activo (capitais investidos)

a) Em 1996, a Wal-Mart gerou ____ cêntimos de lucros por cada


metical do activo.

b) A Wal-Mart é mais _____ / menos ______ eficiente na geração de


lucros que a Coca-Cola.

1. Qual é a empresa que melhorou os seus lucros por activo nos


últimos três anos?

2. A rendibilidade do activo da Cola – Cola é quase três vezes


maior que o da Wal-Mart's. Será que isto significa que um
investimento nas acções da Coca-Cola é melhor das três
empresas? Sim ou Não. Justifique.

1.1 Rendibilidade do capital investido

A rendibilidade do capital investido mostra como foram usados os recursos globais na


geração de resultados operacionais. É um indicador da qualidade de gestão e usa-se na
comparação de empresas com o mesmo risco de negócio. Indica a capacidade da
empresa de gerar resultados ou seja determina o nível de remuneração para os
investidores independentemente de serem accionistas ou credores. Pode-se ser utilizado
na análise de projectos, planeamento e orçamentação, avaliação e controlo dos
resultados.

Não existe consenso sobre o numerador e denominador a utilizar no cálculo da


rendibilidade dos capitais investidos (RCI), por exemplo EBIT/CI ou Resultados
líquidos/CI.

A decomposição do Rácio da Rendibilidade do Capital Investido RCI = ROCI, pode ser


feita da seguinte maneira: RCI = ROCI*MCVendas*VendasMC= =
MCVendas*ROMC*VendasCI
Onde
1) Rendibilidade Bruta das Vendas (MC/Vendas)
2) Grau de Alavanca Operacional (RO/MC)

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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3) Rotação dos Capitais Investidos (Vendas/CI)

1.1 Exemplo da rendibilidade do capital investido


Vendas 4000
- Custos Variáveis 2000
= Margem de Contribuição 2000
- Custos Fixos 1600
= Resultado Operacional 400
Capital Investido 2000

A decomposição dos rácios permite ter uma visão integrada dos factores que afectam o
desempenho da empresa. Segundo estas componentes a Rendibilidade do Capital Total
Investido depende da :
• Eficiência na utilização do capital investido medido por Rácios de
funcionamento
• Relação entre os custos e as vendas medida por Rácios de Rendibilidade das
Vendas

Por outras palavras, a decomposição da RCI mostra o efeito dos custos variáveis e fixos
na utilização do capital investido para gerar resultados operacionais.

1.1 Rendibilidade do activo económico e a rendibilidade económica das


aplicações

O estudo da rendibilidade do activo económico incide na análise das variáveis de


exploração da empresa (quantidades vendidas, preço de venda unitário e custos fixos)
@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página
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com o objectivo de avaliar a capacidade do negocio gerar resultados face ao
investimento que lhe esta afecto (activo económico), independentemente da forma de
financiamento. Por outras palavras, o estudo da RAE procura saber se os custos
variáveis e fixos estão a dificultar ou facilitar a utilização do activo económico na
geração de resultados operacionais.

A fórmula da rendibilidade do activo económico: RAE = ROAE.

A RAE decompõe-se em: RAE = MBVN* ROMB*VNAE.

Onde,
• RO – resultados operacionais
• Activo económico, AE = Activo fixo + NFM
• MB – margem bruta
• VN – volume de negócios
• MBVN Rendibilidade bruta do volume de negócios ou efeito dos custos
variáveis
• ROMB Efeito dos custos fixos
• VNAE Rotação do activo económico

• Efeito dos custos variáveis: traduz a parcela dos resultados operacionais que
gera margem bruta após a cobertura dos gastos variáveis. Quanto maior o valor
deste rácio menor o peso dos gastos variáveis nos rendimentos de exploração
• Efeito dos custos fixos: traduz a parcela de margem bruta que gera resultados
operacionais após a cobertura dos gastos fixos. Quanto maior o valor deste rácio
menor o peso dos gastos fixos na margem bruta.

A rendibilidade económica das aplicações tem a mesma definição que a rendibilidade


do activo económico. Utiliza aplicações totais em vez do activo económico.

1.1 Rendibilidade do capital próprio

A rendibilidade do capital próprio compara o resultado gerado num determinado


período com o capital próprio utilizado, isto é, RCP = RL/CP. Mede a eficiência da
utilização dos capitais pertencentes aos sócios ou accionistas.

Será que a inclusão de capital alheio na estrutura de capital da empresa tem algum
impacto na rendibilidade do capital próprio?

1.2 Impacto do capital alheio na RCP

Exemplo ilustrativo

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Considerem o caso da empresa A. Sabonete, Lda, que pretende determinar o nível de
endividamento que melhor satisfaz os interesses dos seus accionistas. Sabe-se que:

• As aplicações totais da empresa ascendem a 1,000,000 u.m.;


• O resultado antes de juro e imposto (RAJI) ascende a 95,000 u.m.,
• O endividamento da empresa pode variar entre os 0% e 80%;
• A taxa de imposto sobre lucros é 30%

Determinar a estrutura de financiamento que mais rendimentos produz para os


accionistas?

• Independentemente do nível de endividamento, a ROA não varia (9.5% para


qualquer rácio de capital alheio/capital próprio que consideremos);

• A RCP aumenta até que a empresa atinge um rácio de capital alheio/capital


próprio de 40%; a partir daí diminui;

• Com um rácio de capital alheio/capital próprio de 60%, a RCP ascende a 6.91%,


enquanto que a RCP da empresa sem endividamento é apenas de 6.65%;

• Com um rácio de capital alheio/capital próprio de 70%, a RCP ascende a 5.43%,


enquanto que a RCP da empresa sem endividamento é de 6.65%
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• Duas questões:

Dada a informação disponível, qual(is) o(s) rácio(s) de endividamento que nunca


escolheriam para a “A. Sabonete, Lda” nas condições apresentadas?

Porquê?

Resposta. Qualquer rácio de dívida acima dos 60% pois a partir desse nível de
endividamento a RCP é inferior à RCP que podemos obter sem recurso a capital alheio.

Nova questão:

Porque varia a RCP da forma que vimos no exemplo dado?

Resposta: Alavanca financeira.

1.1 Análise da alavanca financeira

Os factores que explicam a variação da RCP com o uso da divida podem ser explicados
usando dois modelos:

• Modelo aditivo da alavanca financeira


• Modelo multiplicativo da alavanca financeira

Modelo aditivo da alavanca financeira

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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O modelo aditivo diz que a RCP é igual a rendibilidade do mesmo investimento sem
divida mas vantagens da utilização da divida corrigidas de efeitos fiscais.

Modelo multiplicativo ou análise de dupont

O modelo multiplicativo ou de Dupont é uma forma alternativa de decompor a


rendibilidade do capital próprio:

onde:
• RCP rendibilidade do capital próprio
• REA rendibilidade económica das aplicações
• APL aplicações totais líquidas
• CP capital própria
• RAI resultado antes de imposto
• RAJI resultado antes de juros e impostos
• RL resultado − líquido do exercício

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Do modelo multiplicativo resulta que a rendibilidade do capital próprio depende
essencialmente de três factores:
• Rendibilidade económica das aplicações;
• Efeito financeiro de alavanca;
• Efeito fiscal

1.1 Alavancagem financeira e risco

O risco, aqui, refere-se a possibilidade da variação dos resultados operacionais que pode
afectar a rendibilidade dos capitais próprios. A variação dos resultados operacionais tem
maior impacto na RCP duma empresa endividada.

Exemplo:

Exemplo:
Considere a empresa “No Debt”, completamente financiada por capital próprio e a
empresa “Some Debt” endividada a 40% (custo marginal da dívida = 9.25%/ano).
Exceptuando a estrutura de capital, ambas são exactamente iguais (i.e., têm os mesmos
activos, o mesmo resultado antes de juro e imposto e pagam a mesma taxa de imposto
sobre lucro)

Cenário base

No Debt Some Debt (40%)

Total de aplicações 1,000,000 1,000,000


Capital próprio 1,000,000 600,000
Capital alheio - 400,000
Custo do capital alheio - 9.25%
Taxa de imposto 30.00% 30.00%

Resultado Antes de Juros e Impostos 95,000 95,000


Juros e Gastos Similares 0 37,000

@2011 – UEM – FE , Análise Financeira – Fernando Lichucha Página


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Resultado antes de imposto 95,000 58,000
Imposto sobre lucros 28,500 17,400
Resultado líquido 66,500 40,600

REA 9.50% 9.50%


RCP 6.65% 6.77%
REA – r - 0.25%

No cenário base, a rendibilidade do capital próprio da empresa endividada é superior ao


da empresa não endividada (6.77% vs. 6.65%), por causa do efeito da alavanca
financeira que permite aumentar a rendibilidade do capital próprio da empresa “Some
Debt” relativamente ao da empresa “No Debt”.

1.1.1 Impacto da variação dos resultados operacionais sobre a RCP em cada uma
das duas empresas
Retomemos agora o nosso exemplo considerando que:
• O resultado antes de juros e impostos das duas empresas varia (redução de 50%
ou 25%; aumento de 25%);
• Tudo o resto fica constante

Impacto da variação dos resultados operacionais – empresa no debt

Impacto da variação dos resultados operacionais – empresa some debt

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Observações:

1) Aqui o que é interessante notar é o efeito sobre a REA e a RCP de uma variação no
RAJI. De facto, apresentamos 4 cenários:
• O Normal foi analisado no quadro acima
• O Mau implica uma redução de 50% nos resultados operacionais relativamente
ao cenário normal
• O Fraco implica uma redução de 25% nos resultados operacionais relativamente
ao cenário normal
• O Muito bom implica um aumento de 25% nos resultados operacionais
relativamente ao cenário normal

1) Podemos notar que nos cenários Mau e Fraco a REA diminui relativamente ao seu
valor no cenário normal
• Isto é o resultado da diminuição do RAJI, mantendo o valor do capital total
invariável para qualquer um dos cenários

1) Mais importante do que as conclusões apresentadas no ponto 2) é notar que a


variação na REA É EXACTAMENTE IGUAL PARA A EMPRESA
ENDIVIDADA E NÃO ENDIVIDADA
• Isto acontece porque a REA se calcula como Resultado antes de juros e
impostos/Capital total, logo não sofre qualquer impacto relativo ao nível de
endividamento da empresa

1) No entanto, a conclusão mais importante a retirar prende-se com a variação da RCP


em função da variação no RAJI
• Sempre que o RAJI diminui, a RCP também diminui. Isto acontece tanto para a
empresa endividada como a não endividada
• Sempre que o RAJI aumenta a RCP também aumenta. Isto acontece tanto para a
empresa endividada como a não endividada

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• NO ENTANTO, AS VARIAÇÕES NA RCP (POSITIVAS OU NEGATIVAS)
SÃO SEMPRE MAIORES PARA A EMPRESA ENDIVIDADA
• Note-se que este efeito resulta da alavanca financeira, representada acima pelo
spread (diferença) entre REA e r

1.1 Rendibilidade e crescimento

Crescimento significa investimento adicional:

• Em fundo de maneio (curto prazo);


• Em activo fixo (longo prazo)

O crescimento depende da capacidade da empresa em captar/gerar recursos financeiros.

Como financiar o crescimento?


• Aumento de capital social
• Aumento de empréstimos
• Redução da distribuição de lucros
• Qualquer combinação das anteriores formas de crescimento

1.1.1 Taxa de crescimento interno

A taxa de crescimento interno (TCI) é a taxa máxima de crescimento que a empresa


pode atingir sem obter financiamento externo e é igual a

TCI = ROA*  b1 - ROA *b equação 3.23 do livro do ROSS, pg 73.


Ou TCI = taxa de retenção ∗ RCP ∗ CP/Activos do livro Brealey electrónico
pagina 99.
onde, o ROA é a rendibilidade do activo e b é o índice de re-investimento ou taxa de
retenção.
1.1.2 Taxa de crescimento sustentável

Taxa de crescimento sustentável: mede quão depressa uma empresa pode fazer crescer
os seus activos (vendas) num determinado período (usualmente um ano) recorrendo à
captação de capital alheio adicional e à retenção do resultado líquido sem alterar a sua
estrutura de capital.

A Taxa de Crescimento Sustentável (g) é função da:


• Rendibilidade do Capital Próprio (RCP)
• Taxa de distribuição de lucros (d)

Formulas de cálculo da taxa de crescimento sustentável:


Modelo aditivo: g* = RCP x (1-d)
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Modelo multiplicativo: g* = RCP x RRRL

Ou g* = ROE * b1 - ROE * b equação 3.24 do livro ROSS pagina 75.

A Crescimento sustentável implica adequar estrutura financeira e a distribuição de


dividendos à estratégia de crescimento:
• Se a Taxa de Crescimento Sustentável for maior que a de crescimento da
empresa quer dizer que há excedentes de recursos financeiros
• Quando o crescimento> capacidade interna há aumento do endividamento ou
aumento de capital
• Maior endividamento torna o crescimento sustentável mais volátil

1.1 Exercício

Analisar as vantagens e desvantagens para os accionistas da seguinte proposta de aumento


do volume de vendas e a consequente alteração da estrutura financeira.

Demonstração de Resultados
Vendas 1000
Custos 800
Resultados 200
Impostos (34%) 68
Resultado Liquido 132
Dividendos 44
Informações complementares
Custos 80% vendas
Impostos 34%
Taxa de dividendos 33,33%

Balanço
Activo Passivo
Activo Circulante Passivo circulante
Caixa 160 Contas a pagar 300
Contas a Empréstimos a curto
receber 440 prazo 100
Total do passivo
Existências 600 circulante 400
Total Act
Circulante 1200 Dividas M/L Prazo 800
Capital Próprio 800
Activo Fixo 100
Liquido 1800 Resultados retidos 0

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Total Passivo e Capital 300
Activo total 3000 Próprio 0

a) A empresa projectou um crescimento de vendas de 25% e neste momento esta a


funcionar a 85% da sua capacidade instalada. Construir o balanço e a demonstração
previsional e analisar as vantagens ou desvantagens da medida para os accionistas.
.
b) A empresa pensa em não pagar dividendos. Análise o impacta na RCP desta decisão.

1.2 Resolução

Demonstração de Resultados
Vendas 1250
Custos 75% vendas 937.5
RAJI 312.5
Juros 5,56% 50.04
RAI 262.46
Impostos (34%) 89.2364
Resultado Liquido 173.2236
Dividendos 33,33% 58
Incremento dos Resultados Retidos 115.49

Resolução
CÁLCULO DA CAPACIDADE INSTALADA

Rendibilidade actual do 0.3333


activo 1000/3000 33 85%
85% CAPACIDADE
INSTALADA 85% X 100%
Rendibilidade instalada 0,3333*100%
do activo X = /85% X= 0.392156863
Vendas/3000=0,3921
Vendas a 100% 57 1176.470588
Vendas projectadas 1250
Diferença 73.52941176
A empresa precisa de realizar investimentos para puder amentar as
vendas em 25%

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Mas qual é o valor do investimento?
A rendibilidade total
do activo fixo liquido 0.653594771

A empresa quando opera a 100% produz 0,65 de Meticais de vendas


por cada 1 metical de activo fixo liquido (1,176,5/1,800).
Para produzir 1250 de vendas, precisamos de 1923,1 = 1250/0,65 de
activo fixo liquido.
Podemos arrendondar 1923,1 para 2000, ou seja 200.
O activo circulante vai crescer em 25%
Montemos então o balanço com a variação

Balanço
Variaç Variaç
Activo ão Passivo ão
Activo Circulante Passivo circulante
Caixa 200 40 Contas a pagar 375 75
Contas a Emprestimos a curto
receber 550 110 prazo 100 0
Total do passivo 47
Existências 750 150 circulante 5 75
Total Act 15
Circulante 00 300 Dividas M/L Prazo 800
Capital Proprio 800
Activo Fixo 200 111
Liquido 0 200 Resultados retidos 5 115
35 Total Passivo e Capital 31
Activo total 00 500 Proprio 90 190

Fundos adicionais 500-


necessários 190 310
Como vamos financiar
o deficit?

Suponhamos que podemos aumentar os Emprestimos a CP de


modo a manter 85
AC aumentou em 300, e PC apenas em 75. Podemos aumentar os
Emprestimos a CP
em 225=300-75. O resto do financiamento necessario 310-225 = 85
pode ser capital proprio ou empréstimos bancários M/L prazo.
Aumentando o Capital proprio, o nosso balanço passa a ser:

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Balanço
Variaç P Variaç
Activo ão assivo ão
Activo Circulante Passivo circulante
Caixa 200 40 Contas a pagar 375 75
Contas a Emprestimos a curto
receber 550 110 prazo 325 225
Total do passivo 70
Existências 750 150 circulante 0 300
Total Act 15
Circulante 00 300 Dividas M/L Prazo 800
Capital Proprio 885 85
Activo Fixo 200 111
Liquido 0 200 Resultados retidos 5 115
35 Total Passivo e Capital 35
Activo total 00 500 Proprio 00 500

Análise de RCP
Custo do capital alheio 5.56%
REA = RAJI/AP Totais 10%
REA-r 4.44%
Calh/Cproprios 56%
Imposto 34%
RCP = RL/CP 8.66%
Modelo aditivo
RCP = (rea + (rea-r)*CA/CP)*(1-34%)
REA 10%
(REA-R)*CA/CP 2%
Segundo o modelo aditivo, REA contribrui em 10%, a alvanca
financeira em 3%,
e efeito fiscal reduz o RCP em 34%
Modelo multiplicativo
RCP = rea * apl/cp*rai/raji*rl/rai 8.66%
REA 10%
apl/cp*rai/raji 1.3123
RL/RAI 0.66

Segundo o modelo multiplicativo, REA contribui com 10%, o efeito da


alavanca financeira contribui com 1,31, o efeito fiscal reduz o RCP em
34%.

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1.3 Segundo teste – analise económica financeira (2 horas)

2 Planeamento financeiro de longo prazo

Até agora, temos vindo a analisar o passado financeiro das empresas, avaliando relatos
financeiros e desempenho financeiro históricos. Daqui em diante, vamos analisar o
futuro financeiro e não o passado, ou seja relatos financeiros projectados.

A base teórica principal do presente módulo provem de Brealey (2001:81-100) e Berk


at all (2009:560-589). O planeamento financeiro consiste em pensar estrategicamente
acerca das metas de crescimento, investimento e financiamento. Isto é, identificar
inconsistências entre as metas, estabelecer metas que motivam os gestores e padrões
para avaliar o desempenho dos mesmos.

O planeamento financeiro pode ser a curto prazo ou a longo prazo. O planeamento


financeiro a curto prazo garante que a empresa tenha numerário suficiente para pagar as
despesas do dia-a-dia no período de um ano. Isto é feito contraindo e concedendo
empréstimos a curto prazo nas melhores condições possíveis. O planeamento financeiro
a longo prazo estende-se por períodos de 5 a 10 anos.

Os objectivos do planeamento financeiro são:

a) Identificar ligações importantes entre vendas, custos, investimentos,


financiamento, isto é entre as demonstrações financeiras
b) Analisar o impacto do plano de negócio no investimento e financiamento
necessários, e variação dos fluxos de caixa libertos.
c) Planear futuras necessidades de fundos, isto é, identificar os períodos em que os
resultados retidos não são suficientes para financiar o investimento do capital
planeado. Identificar, atempadamente, as necessidades financeiras da empresa
concede tempo suficiente aos gestores para planear e alinhar as fontes de
financiamento mais vantajosas para a empresa.

Num mercado perfeitamente competitivo este exercício não seria necessário porque as
empresas obteriam financiamento instantaneamente para qualquer projecto com um
valor actual líquido e a fonte de financiamento não teria nenhum impacto no valor da
empresa. No entanto, no mercado real, os gestores precisam de tempo de contrair novas
dividas ou tramitar acções para assegurar melhores condições de financiamento.

O planeamento financeiro pode ser usado nas seguintes aplicações.

• estimativa das necessidades financeiras

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• Análise de crédito
• Avaliação do capital próprio
• Avaliação da empresa
• Elaboração do plano de negócios – componente plano financeiro

1 Planeamento Financeiro – estimativa das necessidades financeiras


(8 horas)

O planeamento financeiro é um processo que compreende os seguintes passos:

a) Análise de alternativas de investimento e financiamento a disposição da


empresa;
b) Projecções;
c) Selecção de alternativas; e
d) Avaliação de desempenho subsequente versus metas estabelecidas no plano
financeiro.

1.1 Planeamento Financeiro de projectos agregados

As empresas optam por alternativas de investimentos com valor actual líquido positivo
(positive NPV) onde possam obter vantagens competitivas. O planeamento estratégico
identifica estas oportunidades de investimento com NPV positivo e outras opções de
negócio não imediatamente com NPV positivo. Estas opções de negócio podem ser
novos segmentos de mercado que podem criar futuras opções de investimento.

O planeamento estratégico trata de decisões de investimento (orçamento de capital,


capital budgeting) de cada projecto/investimento e opções de investimento como parte
do planeamento financeiro a longo prazo. Contudo, o planeamento financeiro não trata
de projectos individuais mas de projectos agregados numa única unidade considerado
como único projecto. No início do processo de planeamento a administração da empresa
solicita cada divisão para submeter três alternativas de planos de 5 anos,
nomeadamente:

a) Cenário óptimo
b) Cenário normal
c) Cenário péssimo

Os planos das unidades podem ser investimentos com NPV positivo ou opções de
investimento sem NPV positivo imediato.

Já que o futuro das empresas depende das decisões financeiras tomadas hoje, espera-se
que o planeamento preste atenção as oportunidades e opções de investimento. Por
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exemplo, a necessidade de investimentos adicionais deve tomar em conta a capacidade
da empresa de utilizar os activos fixos de forma intensiva ajustando horas extras e
introduzindo novos turnos. Igualmente o aumento de investimentos pode requerer o
aumento do fundo de maneio funcional. Por exemplo, a projecção do aumento de
vendas pode requerer o aumento de existências e contas a receber.

Quanto ao financiamento, os planos financeiros incluem informação sobre a política de


dividendos e retenção de lucros. A repartição de lucros em dividendos e auto
financiamento pode ditar o nível de fundos a mobilizar quer em forma de empréstimos
bancários e/ou obrigacionistas, quer em forma de acções e/ou quotas, e outros meios de
mobilização de fundos.

1.1 Planeamento financeiro não apenas projecção financeira

Projecção preocupa-se com os resultados futuros. Enquanto os planos financeiros tratam


não só de projecções (eventos prováveis) mas também de eventos não prováveis e
medidas do seu suprimento. Por exemplo, no caso duma projecção expansionista de
vendas, o plano financeiro deve incluir medidas de suprimento no caso conceda com
recessão económica. Os cenários ajudam a entender as consequências de alteração de
pressupostos em cada cenário. Por exemplo, um cenário pode ser taxas de juro altas
contribuindo para o abrandamento do crescimento da economia e preços baixos das
mercadorias. Outro cenário pode ser uma economia moribunda com inflação alta e uma
moeda fraca.

1.2 Requisitos para um planeamento eficaz

1) Projecções não podem ser reduzidas a um exercício mecânico. Extrapolações


ingénuas ou ajustamento de tendências dos dados históricos tem um valor
limitado. O planeamento é necessário porque o futuro é muito possível de não
ser igual ao passado. A projecção não pode ser feita no vacum. A projecção deve
ter em conta que os concorrentes estão a fazer o mesmo.
2) Selecção dum plano óptimo. Não existe teoria ou procedimento que ajuda o
gestor a escolher o melhor plano financeiro por causa da complexidade e
intangíveis enfrentados no planeamento financeiro. Por exemplo, uma margem
de lucro alta pode resultar do aumento de preços, custos baixos, venda de novos
produtos com margens altas ou aquisição das empresas fornecedoras. Ao
estabelecer uma margem de lucro como meta nada transparece sobre a estratégia
a prosseguir.

A pergunta que se coloca é que, porque é que os gestores estabelecem metas


dessa maneira? Por exemplo, “queremos 25% de retorno no capital próprio e
uma margem de lucro de 10%”. Isto em princípio não tem sentido, porque os
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accionistas querem maior riqueza e não satisfação por margens de lucros de
10%. Outros expressam as metas em termos de rácios o que não é operacional a
não ser que sejam explicados a luz das decisões financeiras.

Portanto, os gestores estabelecem metas desta maneira para exortar os


trabalhadores a aplicarem-se arduamente a semelhança de canções entoadas
antes do início do trabalho, batalha no campo militar, etc. Para os gestores, as
metas funcionam como um código para comunicar preocupações sérias. Por
exemplo, uma determinada meta de margem de lucros pode significar que
quando a empresa se esforçou pelo crescimento de vendas perdeu o controlo de
custos. O perigo é que os trabalhadores podem esquecer o código de
comunicação.

3) Acompanhar o desenrolar do plano. Planos financeiros ficam desactualizados


logo que ficam prontos. Por exemplo, suponha que o lucro no primeiro ano da
execução do plano é 10% abaixo do lucro projectado. O que fazer com o plano?
Abandona-lo e começar de novo? Insistir no plano a espera que um dia os lucros
vão crescer? Reduzir a projecção de lucros em 10%? Um bom plano financeiro é
aquele que se adapta facilmente a medida dos acontecimentos e surpresas.

1.1 Modelos de planeamento financeiro

Os modelos de planeamento financeiro variam dos mais simples aos mais sofisticados
com centenas de variáveis. Os modelos financeiros automatizam processos do
planeamento financeiro que seriam repetitivos e laboriosos. Estes modelos costumavam
ser bastantes onerosos e requeriam pessoas talentosas. Actualmente, as planilhas
electrónicas são utilizadas para resolver problemas de planeamento financeiro
complexos a um preço negligível.

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1.2 Componentes dum plano financeiro

O plano duma banca, duma barraca, duma perfumaria na entrada do prédio pode estar
na cabeça do proprietário. Mas, o plano duma loja, duma machamba comercial, duma
empresa, instituição do ensino superior não pode andar na cabeça dos gestores. Apesar
desta diferença de magnitude da entidade em análise, as componentes dum plano,
independentemente da natureza, tamanho e complexidade da entidade, são três: os
dados de entrada, o modelo e resultados do modelo, ver Figura 1.
Figura 1 Componentes dum plano financeiro

Dados de entrada: Modelo de planeamento Resultados


Demostrações financeiras actuais Proforma – demonstrações
Projecção de variaveis chaves Equação especificando as financeiras projectadas
tais como vendas e taxas de juros relações Racios financeiros
Origens e aplicação de fundos

Dados de entrada. Os dados de entrada do plano financeiro são declarações financeiras


actuais da empresa e projecções de variáveis chaves, tais como o crescimento de
vendas, dado que outras variáveis estão ligadas as vendas. As projecções são da
responsabilidade do director financeiro. Claramente que, o departamento de marketing
desempenha um papel chave na projecção e vendas. Além disso, porque as vendas
dependem do estado da economia, grandes empresas procuram assessoria de empresa
especializadas na preparação de projecções macroeconómicas e industriais.

Modelo de planeamento. O modelo de planeamento financeiro calcula as implicações


dos lucros projectados, novos investimentos, e financiamento. O modelo compreende
equações associando variáveis de resultados com as projecções. Por exemplo, as
equações podem mostrar como a variação nas vendas podem ter impacto nos custos,
fundo de meio, activo fixo, e necessidades de financiamento. Por exemplo, o modelo de
financiamento pode especificar que o total de custos das mercadorias podem crescer 80
cêntimos por cada metical de vendas, que as contas a receber são proporcionais as
vendas, e que o activo fixo vai crescer em 8% para cada 10% de aumento em vendas.

Resultados. O resultado do modelo financeiro compreende demonstrações financeiras


tais como demonstração de resultados, balanço, e demonstração de origem e aplicação
de fundos. Estas demonstrações são designadas por pró formas, isto é, são projecções
baseadas nas entradas e pressupostos incorporados no plano. Os resultados do modelo
financeiro também incluem rácios financeiros caracterizando a robustez da empresa no
final do período planificado.

1.3 Planeamento financeiro utilizando excel

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Vamos apresentar o modelo de planeamento financeiro baseado no livro de Brigham et
al. (2003:141-161).

O planeamento financeiro inicia com a projecção de vendas.

1.3.1 Projecção de vendas utilizando médias

A projecção de vendas geralmente inicia com a revisão de vendas dos últimos 5 a 10


anos com objectivo de determinar a taxa média anual de crescimento das vendas e sua
tendência.

Actividade 1 Calcular a taxa media anual de crescimento das vendas

Pretende-se que o estudante calcule a taxa média anual simples e composta do


crescimento das vendas da Tabela 1, conforme a Figura 2.

Tabela 1 Vendas

ANO Vendas

2001 2058000

2002 2534000
Figura 2 Taxas crescimento dos dados históricos
2003 2472000

2004 2850000

2005 3000000

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1.3.2 Projecção de vendas utilizando regressão linear

Além da projecção utilizando médias podemos calcular outras taxas de crescimento


utilizando outros estimadores de taxas de crescimentos tais como médias móveis,
alisamento exponencial, regressão linear, etc.

No presente caso vamos utilizar a equação da regressão linear para projectar as vendas
do ano 2002.

Actividade 2 Calcular a taxa media anual de crescimento das vendas

Pretende-se que o estudante calcule as vendas do ano 2006 utilizando a regressão


linear, conforme a Figura 3.

Figura 3 Regressão linear com gráfico

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Figura 4 Resultados da regressão

Tabela 2 Taxas de crescimento histórico

Método Taxa
Taxa média simples 10,3%
Taxa média composta 9,88%
Taxa insinuada-Regressão 8,1%

As taxas do crescimento histórico variam de 8,1% a 10,3% dependendo do método


utilizado.

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Os planeadores desta empresa decidiram adoptar a taxa de crescimento de 10% tendo
em conta a combinação de crescimento de vendas unitárias e o aumento no preço das
vendas, campanhas de publicidade, descontos promocionais e termos de crédito. Outros
dados projectados constam na Tabela 3.

Tabela 3 Dados de entrada projectados

Projecção Valor
Taxa de crescimento de vendas 10%
Taxa de imposto 40%
Taxa de crescimento dos dividendos 8%
Taxa de juro dos titulos a pagar e titulos negociaveis 9%
Taxa de juro das obrigações 11%
Taxa de cupão das acções preferenciais 10%

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1.4 Demonstrações financeiras actuais

Além da projecção de vendas e taxas o modelo do planeamento financeiro utiliza como


dados de entrada demonstrações financeiras, nomeadamente a demonstração de
resultados e balanço actuais. Nesta secção vamos construir demonstrações financeiros
históricas utilizando excel.

Actividade 3 Construção das demonstrações financeiras actuais


Pretende-se que o estudante construa o mapa de demonstração de resultados e
balanço, conforme as Figura 5 e Figura 6.

Figura 5 Demonstração de resultados

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Figura 6 Balanço

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1.5 Projecção de demonstrações financeiras

A projecção das demonstrações financeiras é feita utilizando o método de percentagem


de vendas. O método de percentagem de vendas assume que muitas rubricas das
demonstrações financeiras são proporcionais às vendas, em particular as seguintes
rubricas:

1) Custos
2) Caixa e equivalentes
3) Contas a receber
4) Existências

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5) Activo fixo líquido (isto pode ser aceitável a longo prazo, a curto prazo as
empresas muitas das vezes tem excesso de capacidade que é discutida no
modelo)
6) Contas a pagar
7) Accruals (provisões)

O método de percentagem de vendas também pressupõe que a depreciação é


proporcional ao activo fixo líquido. Outras rubricas das demonstrações financeiras
resultam da política financeira da empresa (politica de dividendos, politica da estrutura
de capital).

O primeiro passo na projecção das demonstrações é analisar as proporções das rubricas


das demonstrações financeiras passadas.

Actividade 4 Cálculo de proporções das rubricas


Pretende-se que o estudante calcule proporções das rubricas dos resultados e balanço,
conforme a Figura 7.

Figura 7 Proporções

1.1 Formulas das proporções

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Actividade 5 Tabela de projecções
Pretende-se que o estudante elabore a tabela de projecções, conforme a Figura 8

Figura 8 Planilha de Proporções

Segundo projectar demonstração de resultados para o ano 2006. A projecção da


demonstração de resultados é importante para conhecermos o resultado líquido e
acréscimos do resultado retido.

Actividade 6 Projectar demonstração de resultados


Pretende-se que o estudante faça a primeira projecção de resultados, conforme a
Figura 9

Figura 9 Projecção de Resultados

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1.2 Fórmulas da projecção de vendas

Actividade 7 Projecção do balanço


Pretende-se que o estudante faça a primeira projecção do balanço, conforme a Figura
10

Figura 10 Projecção do balanço

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Acabamos de projectar os resultados e balanço utilizando proporções e projecções
chaves. Notamos que o activo total projectado é igual a 2 199,98 e o passivo e capital
próprio é igual a 2 085,62. Isto significa que, as necessidades projectadas são maiores
que as disponibilidades projectadas, isto é, 2 199,98 – 2 085,62 = 114,36.

Activos projectados 2 199,98


Fontes de financiamento 2 085,62
Fundos adicionais necessários (AFN) 114,36

O deficit de 114,36, designado por fundos adicionais necessários (AFN iniciais em


inglês), será coberto por empréstimos bancários como títulos a pagar, títulos de longo
prazo (obrigações), venda de novas acções.

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1.3 Fórmulas da projecção do balanço

1.4 Fundos adicionais necessários

Os fundos adicionais necessários para suprir o deficit de 114,36 provem das seguintes
fontes:

• Títulos a pagar vão contribuir com 25% de 114,36 = 28,59 a uma taxa de juro de
8%
• Títulos de longo prazo contribuem 25% de 114,36 = 28,59 a uma taxa de juro de
10%
• Emissão de acções ordinárias contribui com 50% de 114,36 = 57,18. Isto
equivale o crescimento em número de acções em 57,18/ (23 cotação da acção) =
2,49.

Actividade 8 Projecção do balanço 2


Pretende-se que o estudante faça a projecção do balanço 2, conforme a Figura 11.

Figura 11 Balanço 2

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1.1 Fórmulas do balanço 2

Actividade 9 Projecção do Resultados 2


Pretende-se que o estudante faça a projecção de Resultados 2, conforme a Figura 12.

Figura 12 Resultados 2

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Depois de ajustar o balanço com novos financiamentos provenientes de:

• Títulos a pagar 25% de 114,36 = 28,59 a uma taxa de juro de 8%


• Títulos de longo prazo 25% de 114,36 = 28,59 a uma taxa de juro de 10%
• Emissão de acções ordinárias com 50% de 114,36 = 57,18.

Ficou-se com um deficit de 4,58 ver a Figura 11. Normalmente o balanço não fica
balanceado depois da segunda iteração. Deve-se continuar até o AFN estar muito
próximo do zero.

1.1 Fórmulas de Resultados 2

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Actividade 10 Projecção do Balanço 3 e 4
Pretende-se que o estudante faça a projecção de balanço 3 e 4, conforme a Figura 13.

Utiliza títulos a pagar a curto prazo para cobrir o deficit.

Figura 13 Projecção do balanço 3 e 4

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**

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1.2

Actividade 11 Projecção dos Resultados 3 e 4


Pretende-se que o estudante faça a projecção de Resultados 3 e 4, conforme a Figura
14.

Figura 14 Resultados 3 e 4

1.3 Projecção dos fluxos de caixa

Actividade 12 Projecção dos fluxos de caixa


Pretende-se que o estudante faça a projecção de Resultados 3 e 4, conforme a Figura
15

Figura 15 Projecção dos fluxos de caixa

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Figura 16 Formulas dos Fluxos de Caixa

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1.4 Análise dos Fluxos de caixa livres

Actividade 13 Análise do FCF


Pretende-se que o estudante calcule o FCF conforme a Figura 17

Figura 17 FCF

Os cálculos revelam uma melhoria assinalável dos fluxos de caixa livres, que indica que
o desempenho operacional da empresa pode melhorar em 2006 relativamente ao ano
2005.

1.5 Formulas dos FCF

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1.6 Análise de rácios

Actividade 14 Análise de rácios


Pretende-se que o estudante faça a análise de rácios conforme a Figura 18.

Figura 18 Análise de rácios

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A Análise de rácios indica que a empresa não esta a operar devidamente como as outras empresas
do sector. Os rácios de existências, recebimentos (prazo médio de recebimentos em dias), rotação
total dos activos são estáveis, provavelmente porque assumimos percentagens constantes. O rácio
de estrutura financeira melhorou um pouco porque assumimos que 50% dos fundos adicionais
necessários serão financiados com o capital próprio.

Contudo, os rácios de rendibilidade são todos baixos, o que indica que a empresa não esta a operar
devidamente. Com esta avaliação, o Presidente de Conselho de Administração vai solicitar os
directivos executivos para reverem os seus planos operacionais, reduzir existências, cobrar com
celeridade as contas a receber, economizar o uso de activos fixos, e reduzir custos operacionais.
Para depois fazer uma nova projecção, com novas e elevadas metas e bónus dos executivos serão
baseados na realização das novas e elevadas metas.

1.7 Fórmulas de análise de rácios

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1.8 Exercício prático

1. Calcular as necessidades de financiamento para a Empresa Ultimo Grito da Moda,


dados os seguintes pressupostos, demonstração de resultados e balanço.

2. Projectar o mapa de demonstração de resultados, balanço e fluxo de caixa para os


anos 2003, 2004, e 2005.

3. Calcular e analisar o FCF e rácios

Planeamento Financeiro
Ultimo Grito da Moda 1999 2000 2001 2002
Plano Financeiro Histórico Histórico Histórico Histórico
Pressupostos
Taxa de crescimento das vendas 26.3% 24.3% 19.8%
Imposto 42.1% 43.5% 42.1% 37.9%
Taxa de juro curto prazo 6.3% 6.3% 6.4% 6.5%
Taxa de juro longo prazo 7.4% 7.4% 7.5% 7.6%
Taxa de dividendos 33.9% 35.0% 35.0% 35.0%
Preço/Rendimentos 438.1 442.0 448.7 497.3

Demonstração de resultados
Vendas 73.84 93.28 115.93 138.84
Custo de mercadorias vendidas 41.83 58.39 75.49 89.83
Margem bruta 32.01 34.89 40.44 49.01

Despesas de vendas, gerais e AD 6.58 7.28 8.56 10.21


Depreciação 5.91 6.37 7.31 9.86
EBIT 19.52 21.24 24.57 28.94
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Juros 4.76 5.23 6.69 8.88
Impostos 6.21 6.96 7.52 7.60
Resultados líquidos 8.55 9.05 10.36 12.46
Acções em circulação 39.60 40.36 44.93 53.91
Earnings Per Share (EPS) 0.22 0.22 0.23 0.23

Repartição dos resultados líquidos


Dividendos 2.90 3.17 3.63 4.36
Resultados retidos 5.65 5.88 6.73 8.10

Balanço 1999 2000 2001 2002


Activos Histórico Histórico Histórico Histórico
Activos circulantes
Caixa e equivalentes 4.27 6.38 7.62 8.83
Contas a receber 20.58 24.39 28.77 34.11
Inventário 26.73 30.45 36.75 43.27
Total activos circulantes 51.58 61.22 73.14 86.21

Instalações e equipamento 331.64 423.92 503.87 613.28


Depreciação acumulada 98.72 105.09 112.40 122.26
Activo fixo liquido 232.92 318.83 391.47 491.02

Total do activo 284.50 380.05 464.61 577.23

Passivo e Capital Próprio


Passivo circulante
Contas a pagar 31.83 63.43 83.84 94.41
Empréstimo de curto prazo 30.86 43.03 64.85 79.49
Total passivo circulante 62.69 106.46 148.69 173.90

Divida de longo prazo 40.00 45.90 51.50 70.81


Passivo total 102.69 152.36 200.19 244.71

Capital próprio
Acções 90.00 130.00 160.00 220.00
Resultados retidos 91.81 97.69 104.42 112.52
Total do Capital próprio 181.81 227.69 264.42 332.52

Passivo e Capital próprio 284.50 380.05 464.61 577.23

Divida / (divida + capital


próprio) 28.0% 28.1% 30.6% 31.1%
Cotação da acção 94.58 99.12 103.47 114.95
Fundos externos necessários 58.07 57.42 93.95

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2 Planeamento financeiro para avaliação de uma empresa (8 horas)

O presente tema usa o planeamento financeiro para avaliar uma empresa. A avaliação
duma empresa inclui muitos aspectos complexos, entre os quais, os seguintes:

• Criar projecções financeiras


• Estimar os fluxos de caixa livres
• Calcular o custo de capital para os fluxos de caixa livres
• Calcular o valor residual para o resto da vida da empresa
• Actualização dos fluxos de caixa livres
• Análise de sensibilidade dos resultados

1.1 Exemplo da avaliação de uma empresa

A empresa Pão Fresco iniciou as actividades em 2005 e tornou-se um dos maiores


fornecedores de papo seco, pão de hamburgue e pão de forma. Quando, no incio de
2007, publicou os seus relatos financeiros relativos ao ano 2006 uma cadeia de
supermercados interressou-se em adquirir a empresa Pão Fresco.

A cadeia de supermercados contratou um analista financeiro para ajudar a avaliar a


empresa e determinar o preço de adquisição.

O analista começou por analisar o balanço e demonstração de resultados calculando as


seguintes proporções das vendas.

Pão Fresco
Proporções

1995 1996
Activo circulante
Contas a receber 20.6% 21.9%
Inventário 3.0% 4.0%
Despesas antecipadas 6.3% 5.3%

aumento de instalações e eq. % de aumento de vendas 64.4% 69.8%

Passivo circulante
Contas a pagar e outras despesas 14.6% 17.1%

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Estado % do imposto 25.0% 25.0%
Outros 0.9% 0.8%

Custos operacionais
Custo de mercadorias vendidas 39.7% 40.9%
Despesas de vendas, gerais e administrativas 30.1% 31.6%
Provisão para impostos % do RAI 41.3% 41.8%

Pão Fresco
Balanço

1995 1996
Activo circulante
Caixa e equivalentes 2,016,245 3,023,989
Contas a receber 1,278,771 4,194,238
Inventário 185,314 759,104
Despesas antecipadas 392,116 1,006,169

Instalações e equipamento
Ao custo de aquisição 4,000,000 13,030,853
Depreciação -400,000 -1,703,085
Activo fixo líquido 3,600,000 11,327,768

Total do activo 7,472,446 20,311,268

Passivo circulante
Contas a pagar e outras despesas 906,648 3,271,271
Estado 157,935 423,486
Outros 52,910 151,189

Empréstimo a longo prazo 846,058 10,956,427

Capital Próprio
Acções 4,610,999 4,610,999
Resultados retidos 897,896 897,896
Passivo e Capital próprio 7,472,446 20,311,268

Pão Fresco
Demonstração de Resultados
1995 1996
Vendas
Mercadorias 6,076,345 18,977,564
Serviços 131,326 176,111
Total de vendas 6,207,671 19,153,675
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Despesas operacionais
Custos de mercadorias vendidas -2,461,470 -7,839,481
Depreciação -400,000 -1,303,085
Despesas de vendas, gerais e administrativas -1,866,614 -6,045,369
Encargos financeiros -50,763 -84,606
Proveitos financeiros 100,812 171,362
Resultados antes dos impostos 1,529,636 4,052,496
Provisão para impostos -631,740 -1,693,943
Resultados líquidos 897,896 2,358,553

1.2 Construção do modelo de projecções financeiras

O analista usou as proporções e os seguintes pressupostos para projectar o balanço e


demonstração num período de cinco anos.

(1) Estimativa de vendas

Ano Vendas
2007 28 048 500
2008 42 021 000
2009 55 993 500
2010 69 966 000
2011 83 938 500

(2) O custo de mercadorias vendidas é 40% das vendas


(3) Despesas de vendas, gerais e administrativas vão decrescer 1% por ano de 32%
de vendas em 2006 para 28% de vendas em 2011
(4) Encargos financeiros são 12% da media dos saldos da divida e proveitos
financeiros são 6% da media dos saldos de caixa e equivalentes.
(5) A taxa de imposto é 41.5%
(6) As proporções de caixa e equivalentes são: 20% em 2007, 15% em 2008, 10%
em 2009, 10% em 2010, e 10% em 2011.
(7) As contas a receber continuarão 22% das vendas
(8) O inventario 4.5% das vendas em 2007 e 5% nos restantes anos.
(9) Despesas pré-pagas são 5% das vendas
(10)Instalações e equipamento ao preço de aquisição vão baixar de 70% do aumento
das vendas em 2006 para 40% do aumento das vendas em 2011
(11)Depreciação é 10% do custo de instalações e equipamento
(12)Contas a pagar vão crescer 1% por ano até atingirem 20%
(13) O imposto a pagar manter-se-á 25% do imposto em divida em cada ano.
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(14)Outro passivo circulante é 1% das vendas
(15)A empresa não pagará dividendos no período de previsão
(16)O modelo utiliza a divida como sendo “plug”, isto o balanceador do modelo.

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1.1 Emprestimo a longo prazo negativo

O uso da divida como “balanceador” resultou num empréstimo negativo no ano 2011.
Isto, acontece porque o modelo gerou recursos suficientes para dispensar o uso da
divida. Vamos transferir o excesso de liquidez para caixa e equivalentes.

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1.2 Estimativa dos fluxos de caixa livres (FCF)

Os FCF corresponde ao numerário produzido pelas actividades da empresa.

1.3 Avaliação da empresa

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1.4 Análise de sensibilidade

Análise de sensibilidade: O preço da acção crescimento das vendas e wacc


WACC
5.77 15% 17% 19% 21% 23% 25% 27%
Taxa de 0% 7.57 6.01 4.80 3.85 3.08 2.46 1.93
crescimento 2% 8.86 6.93 5.49 4.37 3.48 2.77 2.19
das 4% 10.64 8.15 6.35 5.01 3.97 3.15 2.48
vendas 6% 13.19 9.80 7.49 5.82 4.57 3.60 2.84
8% 17.22 12.19 9.03 6.88 5.33 4.16 3.26
10% 24.45 15.94 11.26 8.32 6.32 4.88 3.79

Quanto maior; e o custo do capital menor o preço da acção.

1.5 Exercício pratico

Avalie a seguinte empresa


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Dados da empresa

Crescimento das vendas 10%


Activo circulante/vendas 15%
Passivo circulante/vendas 8%
Activo fixo liquido/vendas 77%
Custo de mercadorias
vendidas/vendas 50%
Depreciação 10%
10.00
Taxa de juro sobre empréstimos %
Taxa de juro sobre investimentos 8.00%
Imposto 40%
Taxa de dividendos 40%

2006
Demonstração de vendas

Vendas 1,000
(50
Custo de mercadorias vendidas 0)
(3
Encargos financeiros 2)

Proveitos financeiros 6
(1
Depreciação 00)
3
RAI 74
(1
Impostos 50)
2
Resultados líquidos 25
(
Dividendos 90)
1
Resultados retidos 35

Balanço

Caixa e títulos negociáveis 80

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1
Activo circulante 50
Activo fixo
1,0
Ao custo 70
(3
Depreciação 00)
7
Activo fixo liquido 70
1,0
Activo total 00

Passivo circulante 80
3
Divida 20
4
Acções 50
1
Resultados retidos acumulados 50
1,0
Passivo e capital proprio 00

a) use caixa e títulos negociáveis como plug

b) o custo de capital é 20%

2 Planeamento financeiro para a Análise de crédito (8 horas)

A análise de crédito é um método de avaliação das condições financeiras de potenciais


mutuários. A profundidade da análise de credito depende de vários factores, entre os
quais, os seguintes:

• Montante do empréstimo
• Tipo do empréstimo - conta corrente, empréstimo sazonal suportado por
existências ou contas a receber, empréstimo à prazo suportado por activos, etc.
• O conhecimento que o banco tem do cliente

Passos de análise dum empréstimo de curto prazo

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(1) Pedido de empréstimo, entrevista e negociação iniciais com o analista de crédito
Nesta fase, o analista pretende verificar o seguinte:
a) Se o banco dispõe do montante solicitado
b) Se o cliente forneceu toda a informação solicitada
c) Se o banco pode oferecer o tipo de empréstimo solicitado
d) Se o cliente demonstra capacidade para pagar o empréstimo solicitado.
(2) Compilação de informação

O analista de crédito deve compilar a seguinte informação:

a) Plano de negócios (demonstrações financeiras dos últimos três anos, mapa


do fluxo de caixa, mapa fiscal, projecção de demonstrações financeiras,
orçamento de tesouraria. O orçamento de tesouraria é importante para
empréstimos sazonais, conta corrente, e de curto prazo porque mostram a
capacidade financeira do mutuário para o pagamento do empréstimo. Para
empréstimos a longo prazo, o orçamento de tesouraria não é fundamental
apesar de indicar a capacidade do mutuário de honrar com as suas obrigações
financeiras.
b) Informação sobre a natureza do negócio
c) A aplicação do empréstimo (compra de mercadorias, inventário, activos,
etc.)
d) Garantias ou declarações financeiras dos proprietários do negócio no caso de
sociedades por quotas ou singulares.
e) Opinião do analista de crédito sobre o cliente formulada na base da
entrevista e anotações na ficha do pedido de empréstimo.
f) Visita às instalações do cliente
g) Referências bancárias (extractos de contas) e de fornecedores (facturas, notas
de encomenda, etc.)
(1) Análise do risco financeiro
A análise do risco financeiro consiste em determinar numericamente a
capacidade financeira do cliente pagar o empréstimo, nomeadamente:
a) Fundo de maneio
b) Rácios de liquidez geral e reduzida
c) Rácios de cobertura de encargos financeiros
d) Rácios de alavanca financeira
(1) Comité de crédito

O comité de crédito é constituído por membros dos departamentos de crédito,


tesouraria, e controle financeiro.

O analista de crédito deve convencer os membros do comité de crédito que o


empréstimo que deseja aprovar será lucrativo para o banco tomando em consideração:

• A estratégia do banco;
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• O risco financeiro do mutuário; e
• Oportunidades de negócio do mutuário.

Neste tema vamos aprender a elaborar dois instrumentos de análise de crédito,


nomeadamente:

• Plano de negócios – secção do plano financeiro


• Análise do risco financeiro

1.1 Plano de negócio

O Plano de Negócios é o documento de estruturação de um projecto empresarial, e a


base de apresentação do projecto a interlocutores externos, com destaque para
investidores: banca, empresas e parceiros, bem como sociedades de capital de risco,
entre outros.

Para os empreendedores, o Plano de Negócios é também um instrumento de trabalho


fundamental, que agrega e sistematiza informação prática para a concretização do
projecto e para a antecipação e resolução de problemas.

1.2 Os principais tipos de Planos de Negócios

Os planos de negócios são também, por vezes, chamados de planos estratégicos, planos
de investimento, planos de expansão, planos operacionais, anuais, internos, de
crescimento, planos de produto, planos de custo e muitos outros nomes. Todos eles são
planos de negócios.

Os tipos mais comuns de Planos de Negócios que encontrará são:

a) O plano de negócios mais corrente é um Plano Inicial (“Start-up Plan” ou


“Early Stage Plan”), que irá definir as linhas gerais de uma nova ideia de negócio.
Ele contemplará tópicos tais como o tipo de empresa, o produto ou serviço para o
qual está vocacionado, o mercado, eventuais exportações, estratégia de
implementação, a equipa de gestão e a análise financeira. A análise financeira, no
mínimo, incluirá uma projecção de vendas, uma demonstração de resultados, o
balanço, as projecções de cash-flow e, provavelmente, alguns outros quadros que
ilustraremos mais à frente. O plano começa com o sumário executivo e termina com
os anexos apresentando os vários tipos de informação que você considere necessária
para sustentar adequadamente o seu projecto.

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Dado que se trata de um Plano para suportar uma ideia ou negócio não existente,
algumas componentes são especialmente importantes:
• A fundamentação da ideia/Projecto, face ao mercado subjacente, ou seja,
porque acreditamos que a ideia terá sucesso;
• A fundamentação técnica da ideia, no caso de produtos, etc.
• A credibilidade e experiência da equipa ao nível técnico e de gestão.

a) Um Plano de Crescimento ou Plano de Expansão (ou ainda um plano de um


novo produto - “Later Stage Plan”) focar-se-á numa área específica de negócio ou
num negócio secundário. Estes planos podem ou não ser planos internos,
dependendo se são ou não dirigidos para a procura de novos financiamentos. Um
plano interno, usado para estabelecer as linhas de crescimento ou expansão com
recurso à própria empresa, poderá não conter os detalhes financeiros de toda a
empresa, mas deverá conter, no mínimo, o conjunto de Demonstrações Financeiras
que se fariam para um Start-up Plan, orientados à nova ideia/produto. No entanto,
um Plano de Expansão que requeira novos investimentos deverá incluir uma
descrição exaustiva da empresa e o background da equipa de gestão, bem como um
plano de apresentação do novo projecto/ideia para novos investidores, com as
respectivas Demonstrações Financeiras.

Neste caso, recomenda-se que o Plano seja estruturado de forma incremental,


ou seja:
• Explicando e analisando a nova ideia/produto como um negócio autónomo;
• Assumindo todos os proveitos e custos específicos da nova área, sem deixar que
a análise seja “contaminada” pela realidade da empresa antes do lançamento do
novo produto.

A fundamentação da experiência passada da Empresa e Equipa é crucial, para


demonstração da experiência concreta da Gestão da mesma e dos fundamentos
operacionais de suporte ao novo projecto.

a) Um Plano de Reestruturação (ou “Turnaround-Plan”) é também um Plano de


Negócio que inclui um sumário, o seu propósito, as chaves para o seu sucesso e uma
estrutura muito semelhante aos anteriores e que descreveremos mais à frente, ou
seja, deverá incluir todos os fundamentos de um Plano global. No entanto, um Plano
de Viabilização de uma Empresa - embora possa incluir o lançamento de novas
ideias/produtos - deverá estar mais focado em outras componentes desse mesmo
exercício:
• Os constrangimentos concretos da empresa na sua fase actual;
• Uma visão clara das razões que originam os problemas existentes - internas
ou externas;
• Um Plano de Implementação bastante mais detalhado e concreto, dado que
se destina a transformar activamente uma realidade existente e que se
assume bem conhecida;
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• As competências e experiência da equipa de gestão envolvida no mercado
em causa e em processos de viabilização anteriores;
• Uma ideia clara quanto à forma de reformular o Plano de Financiamento da
Empresa.

1.1 Estrutura base de um Plano de Negócios

(1) Sumário executivo;


(2) O sector de actividade;
(3) Análise do mercado;
(4) Análise da concorrência
(5) Estratégia Comercial ou plano de marketing;
(6) Plano de gestão;
(7) Plano operacional;
(8) Plano financeiro;

1.1 Sumario executivo

Pontos essenciais a focar no Sumário Executivo:

9
• Qual é o nome do negócio e a sua área de actividade?
• Qual a missão?
• Qual é o âmbito do negócio e o mercado potencial para os seus produtos?
• Porque constitui uma proposta inovadora e vencedora?
• Quais os recursos, humanos e financeiros que são necessários?
• Qual o prazo previsto para começar a apresentar lucros?
• Quais são os pontos fortes e fracos do projecto?
• Quais as suas referências e a sua experiência relevante para o projecto concreto?

O sumário executivo termina com uma ou duas frases sublinhando a viabilidade do


projecto.

1.1 Sector de actividade

A descrição do sector de actividade subdivide-se em duas partes:

• Apresentação geral do sector de actividade


• Segmento que o seu negócio ocupa no sector de actividade

Os elementos necessários para descrever cada uma das duas partes são:
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Apresentação geral do sector de actividade

Qual é o tamanho do sector de actividade?

Quais são os principais ramos do sector?

Quais são as principais empresas do sector de actividade?

Quais são os mercados e clientes do sector?

Qual a previsão de vendas do sector? (ano passado, presente ano, etc.)

Qual é o impacto da economia nacional sobre o sector?

Segmento do negócio no sector de actividade?

Quais são as barreiras de entrada no sector?

Como vai ultrapassar as barreiras?

Quem são os concorrentes?

Qual é a fracção do mercado dos concorrentes?

Qual é a vantagem competitiva do seu negócio (nicho do mercado ou estimativa do


segmento do mercado)?

Qual é o seu Mercado alvo?

1.1 Análise do mercado

A análise do mercado é essencial para dois efeitos:

• Fundamentar a viabilidade base da ideia/produto em causa;


• Traduzir o conhecimento específico dos promotores sobre o mesmo, um dos
factores mais fundamentais para os potenciais investidores.
O primeiro passo de Análise do mercado é definir o mercado alvo. Depois fazer
projecções sobre o mercado alvo, em termos da quantidade de produtos ou serviços que
o mercado alvo pode adquirir.

Questões que ajudam a descrição do mercado alvo.

Idade da população?

Distribuição em sexo?

Local de residencia?
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Agregados familiares ( numero de crianças, familias alargadas, etc.)?

Qual é o seu rendimento?

O que fazem para obter o rendimento?

O seu estilo de vida?

O que fazem nos seus tempos livres?

O que lhes motiva?

Quesões sobre projecções do mercado alvo

Que proporção do seu mercado alvo já uso um produto similar ao seu?

Quanto é que o mercado alvo vai adquirir do seu produto?

Que factores demograficos, economicos, sociais, fiscais podem afectar o seu mercado
alvo.

1.1 Análise da concorrência

Provavelmente, esta é uma das secções mais dificeis de escrever. A primeira coisa na
Análise da concorrencia é obter o perfil dos seus concorrentes. Segundo, obter a
seguinte a informação sobre os concorrentes:

Qual é o mercado dos seus concorrentes?

Que beneficios é que os seus concorrentes estão a oferecer?

Porque os clientes preferem os seus concorrentes?

Estrategias de preços e promoção?

1.2 Estrategia comercial ou plano de marketing

Descrever como vai atrair clientes para comprarem os sues produtos ou serviços. O
plano de marketing inclui o seguinte:

• Estrategia de venda de produtos e serviços


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• Estrategia de preços
• Plano de vendas e distribuição
• Plano de publicidade e promoção

1.1 Plano de gestão

Ao escrever um plano de negócios temos que descrever a equipa de gestão, pessoal e a


posição dos socios proprietarios, incluindo as suas competencias. O plano de gestão
inclui o seguinte:

• Posição dos socios


• A direcção da empresa
• Mapa de recursos humanos

1.1 Plano operacional

O plano operacional descreve as necessidades fisicas da exploração do negocio, tais


como localização, instalações e equipamento. Incluir igualmente, existencias,
fornecedores, etc.

O plano operacional compreende duas partes: estagio de desenvolvimento e produção.


O estagio de desenvolvimento descreve como vai propduzir ou oferecer os seus
produtos. Indicar fornecedores e seus preços, termos e condições.

1.2 Plano financeiro do plano de negócios

Apesar de ser a ultima secção do plano de negocio é a mais importante porque


determina a viabilidade do seu negocio. É uma peça importante para aferir se o plano de
negocio é capaz de atrair investimento para financiar o projecto proposto.

O plano financeiro do plano de negócios compreende três relatos financeiros;


demonstração de resultados, balanço e mapa de fluxo de caixa além da Análise do risco
financeiro.

1.2.1 Dados necessários

A elaboração destes relatos financeiros é suportada por dados sobre despesas do


negócio:

• Despesas iniciais – despesas de preparação e arranque do negocio,


nomeadamente:

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○ Taxas do licenciamento do negócio
○ Inventario inicial
○ Adiantamento de renda
○ Depósito para compra de equipamento, propriedades
○ Taxas de ligação de água, luz, telefone, etc.
• Despesas operacionais – despesas que mantém o funcionamento do negócio
○ Salário (o seu e dos trabalhadores)
○ Rendas
○ Telecomunicação
○ Agua e luz
○ Armazenamento
○ Distribuição
○ Promoção
○ Pagamentos de empréstimos
○ Consumíveis
○ Manutenção

1.1.1 Elementos da demonstração de resultados

A demonstração de resultados mostra as receitas, despesas e lucros num determinado


período; mês, trimestre, ano. Indica se o negócio produz lucros ou perdas nesse período.

As receitas e despesas do nosso proposto devem ser classificadas de acordo com o


seguinte modelo da demonstração de resultados por naturezas da pagina 76 do Plano
Geral de Contabilidade de Moçambique, Decreto no 36/2006, de 25 se Julho.

Demonstração de resultados
por naturezas
7.
1 Vendas
7.
2 Prestações de Serviços
Volume de Negócios
(-) Variação da Produção
6.
1 CMCMV
6.
3 Outros custos variáveis (FST)
Margem Bruta de Contribuição

6.
3 FST- Custos Fixos

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Resultado Económico
6.
4 Impostos
6.
2 Custos com o Pessoal
% de Vendas
6.
7 Outros Custos Operacionais
7.
6 Outros Proveitos Operacionais
EBITDA
6.
5 Amortizações
6.
6 Ajustamentos / Provisões
EBIT
6.
8 Custos Financeiros
7.
8 Proveitos Financeiros
RESULTADO FINANCEIRO
6.
9 Custos Extraordinários
7.
9 Proveitos Extraordinários
RAI
8.
5 Impostos sobre rendimento
8.
8 RESULTADO LÍQUIDO

% DOS CUSTOS DE ESTRUTURA S/VN


% DO RESULTADO LÍQUIDO S/VN

1.1.2 Elementos do mapa de fluxo de caixa operacional

O mapa de fluxo de caixa mostra as entradas e saídas de dinheiro no caixa. Indica os


momentos em que as despesas são maiores que as receitas para puder mobilizar recursos
externos ou as receitas são maiores que as despesas para fazer investimentos de curto
prazo para absorver excesso de liquidez. O mapa de fluxo de caixa indica as
necessidades correntes de financiamento para o seu negocio. Por outro lado, para o
analista de credito o mapa de fluxo de caixa indica o nível de risco financeiro do

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negocio, isto é, se o negocio produz recursos financeiros suficientes para tornar o
projecto elegível ao credito solicitado.

Mapa de cash flow


operacionais
Meios Libertos do Projecto
Resultados Operacionais (EBIT) x
(1-IRPC) Elementos do balanço
Amortizações do exercício
ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO
Provisões do exercício
Imobilizado
Investim./Desinvest. em Fundo Capital Social
Maneio
Imobilizado Incorpóreo Prestações Suplementares
Fundo de Maneio
Imobilizado Corpóreo Reservas de reavaliação
CASH FLOW de Exploração
Amortizações Acumuladas Reservas e Resultados
Investim./Desinvest. em Capital
Transitados
Fixo
Existências Resultados Líquidos
Capital Fixo
Matérias Primas e TOTAL CAPITAIS PRÓPRIOS
Subsidiárias
Free cash-flow
Produtos Acabados e em PASSIVO
CASH
Curso FLOW acumulado
Mercadorias Provisão para impostos
Créditos de curto prazo Dívidas a 3º - M/L Prazo
Dívidas a Instituições de
Dívidas de Clientes Crédito
Ajustamentos de cobrança Dívidas a Fornecedores de
duvidosa Imob
Estado e Outros Entes
Públicos Suprimentos
Outros devedores Outros credores
Disponibilidades Dívidas a 3º - Curto Prazo
Acréscimos e Dívidas a Instituições de
Diferimentos Crédito
TOTAL ACTIVO Dívidas a Fornecedores
Estado e Outros Entes Públicos
Outros credores
Acréscimos e Diferimentos
TOTAL PASSIVO
TOTAL PASSIVO + CAPITAIS
PRÓPRIOS

1.2 Exemplo de elaboração dum plano financeiro do plano de negocios

a) Definir os pressupostos de exploração do negocio


b) Estimar o volume de negócios da empresa, através das quantidades vendidas,
preço de venda dos produtos e de prestação de serviços.
c) Elaborar o mapa do custo dos meios circulantes materiais vendidos ou
consumidos
d) Elaborar o mapa de fornecimento e serviços de terceiros
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e) Elaborar o mapa de custos com o pessoal
f) Elaborar o mapa fiscal
g) Elaborar o mapa de amortizações
h) Elaborar o mapa de financiamento
i) Elaborar o mapa de DR
j) Elaborar o mapa de fluxo de caixa
k) Elaborar o mapa de Balanço
l) Elaborar o plano financeiro
m) Elaborar o mapa de indicadores económicos e financeiros
n) Elaborar o mapa de avaliação do projecto ou empresa

Vamos produzir estes mapas usando o Excel.

Destes mapas vamos explicar dois que julgamos fundamentais: indicadores


economicos-financeiros e avaliação.

1.1 Indicadores economicos e financeiros

Este mapa representa um conjunto de indicadores económicos e financeiros,


amplamente difundidos e aceites e que pretende complementar a análise do projecto.

Estes indicadores são calculados automaticamente. Representam os indicadores mais


usados e que os analistas tipicamente irão analisar. Os analistas e as entidades
financeiras têm normalmente valores médios de mercado em função do tipo de
mercado, negócio, fase, etc. Se estiver a desenvolver produtos para mercados já
existentes, tente obter junto de fontes credíveis (por exemplo, a banca) os valores
médios do mercado em que se irá inserir. Este constituirá um critério fundamental na
análise que será feita.

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1.2 Avalição

A valorização é um tema complexo e que depende de modelos que diferem em função


dos analistas que irão realizar o trabalho. No entanto, existem conceitos base que
normalmente são utilizados e que são aqui implementados. Em função do processo

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concreto, poderá/deverá discutir este ponto directamente com a entidade que está a
avaliar o seu projecto.

A avaliação da empresa ou projecto é aqui apresentada em 3 formas fundamentais:

• Taxa Interna de Rentabilidade


• Payback Period
• Valor actual líquido, ou seja,na perspectiva de que o seu valor é o que resultar
do somatório dos cash flows líquidos actualizados a uma taxa que:
• na perspectiva do investidor - seja a resultante do somatório da taxa de
remuneração de uma aplicação sem risco com um prémio de risco que o
investidor entenda como a sua remuneração mínima;
• -na perspectiva do projecto - seja a resultante do custo médio ponderado do
capital ao ano 0 (ano onde ocorre o maior volume de investimento).

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1.1 Terceiro teste – Planeamento financeiro 2 horas

2 Anexos

2.1 Conversão do balanço contabilístico para o balanço funcional

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2.2 Exercicio 1 – equilíbrio financeiro

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2.3 Exercicio 2 – Análise do equilíbrio financeiro

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2.4 Exercício 3 : Equilíbrio Financeiro

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b) Como interpreta os resultados obtidos na alínea anterior?

ANEXO 1

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