Você está na página 1de 15

PROJETO TÉCNICO DE

RECONSTITUIÇÃO DE FLORA
Vila Aroeira

Resumo
O projeto visa a reconstituição da flora por meio da utilização de espécies nativas,
promovendo a conservação ambiental e a recuperação das áreas degradadas.

Leonardo Monteiro
[leomonnteiro@gmail.com]
Sumário
1. Identificação do empreendimento ................................................................................................................................................. 2
2. Justificativa ..................................................................................................................................................................................... 3
3. Histórico da ocupação do solo........................................................................................................................................................ 4
4. Principais formações florestais ....................................................................................................................................................... 5
5. Estratégia do projeto ...................................................................................................................................................................... 6
6. Preservação das áreas verdes......................................................................................................................................................... 7
7. Recuperação da flora por meio de paisagismo .............................................................................................................................. 8
8. Recuperação e manutenção da ZOM ............................................................................................................................................. 9
1. Referências ................................................................................................................................................................................... 13
1. Identificação do empreendimento

Informações Dados
Nome empresarial CONDOMÍNIO RESIDENCIAL DE FRAÇÕES IDEAIS
CNPJ 26.480.653/0001-09
Enquadramento Resolução COMDEMA Nº 01-2019
Grupo G2.1
Unidade de Medida Área Total (ha) – 48 há
Porte Grande
Potencial de Poluição A
Endereço Rodovia BA 001 KM 466, Fazenda Mogiquiçaba,
Povoado doGuaiú, Santa Cruz Cabrália.
Responsável Técnico Leonardo Bonfim Monteiro
pelo
Documento
Titulação profissional Engenheiro Ambiental e Sanitarista
Registro Profissional CREABA:051885622-4
E-mail leomonnteiro@gmail.c
om

Informações gerais

Informações

Localização Guaiú, zona litorânea do município de Santa Cruz


Cabrália –BA

Destinação Fins residenciais ou mistos

Frações ideais 98

Área total do terreno 480.357

Área urbanizável 443.517,9

Área das frações ideais 276.420,71

Área verde e uso comum 167.097,19


Zoneamento ZIR,ZOR, ZPR E ZOM

Área total em ZIR e ZOR 417.282,00

Área máxima de 70.229,60


impermeabilização

Percentagem máxima de 10%


impermeabilização em ZIR

Percentagem máxima de 20%


impermeabilização em
ZOR

Características ambientais Pequenos pontos de restinga, coqueiros e outras


espécies exóticas, áreas alagadas (brejos), manguezal e
partes com vegetação com características florestais

Observações Implantação do empreendimento fora das áreas de


preservação e com aprovação dos órgãos ambientais
competentes por meio do processo de licenciamento
ambiental

2. Justificativa

O projeto de manutenção e recuperação da flora no empreendimento Vila Aroeira é uma


exigência da Licença Ambiental Municipal de Implantação n°015/2023, visando atender
às condicionantes ambientais estabelecidas. Está justificativa é embasada nos seguintes
aspectos técnicos:
1. Valorização estética e ambiental: A preservação e recuperação da flora local
composta predominantemente por vegetação de restinga e vegetação de transição
restinga-floresta ambrófila têm um impacto significativo na valorização estética e
ambiental do empreendimento. Esses ecossistemas são característicos de áreas
costeiras e abrigam uma diversidade única de espécies adaptadas às condições
específicas desse ambiente. A restauração dessas formações proporcionará um
visual atrativo, com a presença de espécies nativas e a conservação de um
patrimônio natural valioso.
2. Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas: A recuperação da flora local
contribuirá para a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas associados.
Ao implementar ações de recuperação da vegetação, forneceremos um habitat
adequado para espécies da fauna locais, permitindo sua sobrevivência e
promovendo a manutenção dos ecossistemas.
3. Promoção da saúde e bem-estar da comunidade: A presença de áreas verdes e a
interação com a natureza têm impactos positivos comprovados na saúde e bem-
estar das pessoas. Ao desenvolver o projeto de recuperação da flora,
proporcionaremos também à comunidade um ambiente saudável, com espaços de
lazer e recreação em meio à vegetação nativa. A presença de áreas verdes contribui
para a redução do estresse, aumento da qualidade do ar, melhoria do conforto
térmico e estímulo à prática de atividades físicas ao ar livre.
4. Compromisso com a sustentabilidade ambiental: A recuperação da vegetação
reafirma o compromisso do empreendimento com a sustentabilidade ambiental.
Essa ação está alinhada com os princípios da conservação dos recursos naturais,
proteção da biodiversidade e redução dos impactos ambientais negativos. A
preservação desses ecossistemas costeiros é fundamental para garantir a
resiliência ecológica da região, considerando sua importância para o equilíbrio
climático, proteção contra eventos extremos e manutenção da qualidade
ambiental.
5. Valorização imobiliária e diferenciação no mercado: A presença de um projeto de
recuperação da flora, em conformidade com as exigências ambientais, contribui
para a valorização imobiliária do empreendimento, principalmente ao
relacionarmos essa ação ao local onde o mesmo está sendo implantado, região em
que o principal atração é a grande quantidade de locais com beleza cênica e a
possibilidade da interação direta com a natureza.

3. Histórico da ocupação do solo

A degradação atual da flora na área do Villa Aroeira não está relacionada à sua
implantação, mas sim ao histórico de atividade pecuária exercidas anteriormente no
local. A utilização do solo para a criação de gado resultou em diversos impactos
negativos que comprometem a qualidade e o estado atual da vegetação.
A pecuária é uma atividade econômica amplamente desenvolvida na região da Costa do
Descobrimento, em pequena e grande escala, no entanto, ela pode levar à degradação do
solo, resultando em características físicas e químicas que prejudicam sua capacidade de
fornecer serviços ecossistêmicos essenciais.
Um dos principais impactos é a redução da fertilidade. O pastejo excessivo extrai
nutrientes do solo, resultando na perda de matéria orgânica e na diminuição da
disponibilidade de nutrientes para as plantas. Além disso, as excreções dos animais podem
levar à acidificação, reduzindo o pH e afetando negativamente a capacidade do solo em
sustentar a vegetação.
A compactação outra consequência comum da atividade pecuária. O pisoteio frequente
dos animais causa a compactação, reduzindo a porosidade e a capacidade de infiltração
de água. Esse processo compromete o crescimento saudável das plantas e aumenta a
vulnerabilidade à erosão.
Portanto, diante dos impactos negativos, torna-se essencial a implementação de um
projeto de recuperação da flora, visando mitigar os efeitos dessa degradação. Através
desse projeto, pretende-se restaurar a vegetação nativa restabelecendo a funcionalidade
do ecossistema e promovendo a recuperação do solo.

4. Principais formações florestais

A área do Vila Aroeira. possui a presença de três principais ambientes florestais: a


transição entre restinga e floresta ombrófila densa, a restinga arbustiva e o manguezal.
A vegetação de transição entre a restinga e a floresta ombrófila densa ocorre em uma faixa
onde essas duas formações se encontram. Essa faixa apresenta uma grande
heterogeneidade ambiental, o que influencia diretamente a composição e a estrutura da
vegetação.
Estudos realizados por Alves et al. (2019) evidenciam a diversidade de habitats nessa
zona de transição, como cordões arenosos, várzeas, mangues e áreas de transição com
solos mais ricos em nutrientes. Essa diversidade de habitats contribui para a presença de
uma ampla variedade de espécies vegetais, com destaque para aquelas adaptadas às
condições extremas da restinga e às condições mais sombreadas da floresta.
Algumas das espécies típicas da vegetação de transição incluem a aroeira (Myracrodruon
balansae), o cedro-rosa (Cedrela fissilis), o jatobá (Hymenaea courbaril), o guanandi
(Calophyllum brasiliense), a guapuruvu (Schizolobium parahyba), a embaúba (Cecropia
glaziovii) e a canela-preta (Nectandra megapotamica) (Jarenkow et al., 2015; Lima et al.,
2018). Essas espécies desempenham funções ecológicas importantes, como a formação
de corredores ecológicos, a proteção do solo e a manutenção da biodiversidade.
A vegetação de restinga arbustiva ocorre em solos arenosos e rasos, sujeitos a influências
de água salgada, ventos e ações humanas. Caracteriza-se por arbustos com altura máxima
de até 3 metros, que possuem raízes profundas e adaptam-se bem a condições adversas,
como a salinidade do solo. É encontrada em áreas costeiras de todo o Brasil e desempenha
uma importante função ecológica como ambiente de transição entre a praia e a Mata
Atlântica.
Conforme apontado pelo projeto Biomas do Brasil, a vegetação de restinga arbustiva é
fundamental para a proteção da biodiversidade, abrigando diversas espécies animais
adaptadas a condições adversas, como répteis, aves e mamíferos. Além disso, atua como
barreira contra a erosão costeira e é fonte de recursos para comunidades locais, que
utilizam as plantas para alimentação, medicina e artesanato.
O manguezal é um ecossistema costeiro presente em regiões tropicais e subtropicais,
caracterizado como uma zona de transição entre o ambiente terrestre e marinho. É uma
floresta inundável que ocorre em áreas influenciadas pelas marés, e sua vegetação é
adaptada a condições de salinidade, variação de marés, baixo teor de oxigênio e alto teor
de lama.
As espécies vegetais encontradas no manguezal são classificadas em três grupos: mangue
preto (Avicennia spp.), mangue vermelho (Rhizophora spp.) e mangue branco
(Laguncularia racemosa). Além dessas, também podem ser encontradas espécies
arbustivas e herbáceas, como o capim-de-mangue (Spartina alterniflora) e a samambaia-
do-mangue (Acrostichum aureum).
A composição florística e a estruturação da vegetação de manguezal podem variar de
acordo com a região em que se encontra. No geral, as áreas de manguezal possuem uma
grande importância ecológica, servindo como berçários naturais para diversas espécies
marinhas, como peixes, crustáceos e moluscos.
É importante ressaltar que o manguezal é um ecossistema extremamente sensível e
vulnerável a ações humanas, como ocupação desordenada do solo, poluição e exploração
de recursos naturais. Portanto, é essencial que haja uma gestão adequada e um
planejamento eficiente para a preservação desse importante ecossistema brasileiro.

5. Estratégia do projeto

O projeto do condomínio será dividido em três frentes distintas, visando à preservação e


valorização dos ecossistemas presentes. A primeira frente consiste na manutenção das
áreas de preservação permanente, garantindo a conservação dos elementos naturais
presentes nolocal.
A segunda frente é a implementação de um projeto paisagístico que prioriza o uso de
espécies nativas da região. Isso contribuirá para a harmonização do empreendimento com
o ambiente local, promovendo a integração entre a natureza e as construções.
A terceira frente é voltada para a proteção e recuperação que Corresponde a ZOM ( Zona
de orla marítima) conforme estabelecido pelo Zoneamento da APA Santo Antônio. Serão
adotadas medidas específicas para evitar a degradação dessas áreas e garantir sua
preservação e recuperação.
Ao combinar a manutenção das áreas verdes existentes, a implementação de paisagismo
com espécies nativas e a proteção da área de restinga e zonas sensíveis, o projeto do
condomínio busca alcançar um equilíbrio entre a urbanização e a preservação ambiental,
garantindo a qualidade de vida dos moradores e a conservação da biodiversidade local.
6. Preservação das áreas verdes

Para garantir a manutenção das áreas verdes de uso comum no empreendimento, são
recomendadas as seguintes práticas:

Etapas:
Etapa 1: Avaliação das Áreas Verdes

Realizar uma avaliação detalhada do estado de conservação das áreas verdes existentes,
levando em consideração os estudos prévios com informações qualitativas e quantitativas
da flora do terreno. Identificar problemas, necessidades de intervenção e potenciais riscos.
Registrar as características e espécies presentes em cada área verde, incluindo a
identificação de espécies nativas e exóticas invasoras.
Etapa 2: Plano de Manutenção

Elaborar um plano de manutenção considerando as características específicas de cada


área verde, levando em consideração a conservação da biodiversidade e a promoção de
serviços ecossistêmicos, utilizando como base os estudos técnicos desenvolvidos sobre o
terreno.
Definir as atividades de rotina a serem realizadas, como limpeza, poda, irrigação e
controle de pragas.
Estabelecer uma frequência adequada para a execução das atividades de manutenção,
considerando a disponibilidade de recursos.
Etapa 3: Recursos e Parcerias
Avaliar os recursos disponíveis, incluindo equipe de manutenção, equipamentos e
materiais necessários.
Etapa 4: Educação Ambiental
Utilizar o programa de educação ambiental já existente no empreendimento para
conscientizar os moradores sobre a importância da preservação das áreas verdes e
incentivar a participação na sua conservação.
Etapa 5: Monitoramento e Avaliação

Estabelecer um sistema de monitoramento regular para acompanhar o desenvolvimento


das áreas verdes, identificar problemas e tomar medidas corretivas de forma rápida.
Realizar avaliações periódicas para medir o sucesso do projeto, considerando indicadores
como a saúde das plantas e a diversidade vegetal.
7. Recuperação da flora por meio de paisagismo

O objetivo dessa etapa é estabelecer uma integração efetiva entre a recuperação da flora
e o paisagismo do empreendimento, aproveitando os benefícios que essa união
proporciona. Ao utilizar espécies nativas da região, o projeto busca preservar a identidade
local e promover a conservação da biodiversidade presente no terreno.

A seleção cuidadosa de espécies nativas, considerando tanto suas características


ornamentais quanto seu desenvolvimento acelerado, permite criar um paisagismo
esteticamente agradável, funcional e ambientalmente responsável. A escolha de espécies
adaptadas às condições climáticas e de solo da região favorece a saúde ambiental, uma
vez que essas plantas são naturalmente mais resilientes e requerem menos recursos
hídricos e de manutenção.

Além disso, ao utilizar espécies nativas em áreas comuns do empreendimento, o


paisagismo contribui para a recuperação da flora local, fortalecendo os processos de
regeneração natural e a reconexão com o ecossistema original. Essa abordagem cria
oportunidades para a restauração ecológica, promovendo a recolonização de espécies
nativas e a restauração de funções ecossistêmicas.

Portanto, ao unir a recuperação da flora com o paisagismo, o projeto busca não apenas
criar um ambiente esteticamente agradável, mas também proporcionar benefícios
ambientais, sociais e de saúde para os moradores, visitantes e para a própria
biodiversidade local.

❖ Etapas:

Etapa 1: Avaliação e Preparação do Solo


Considerando que já existem estudos técnicos que quantificam e qualificam as espécies
de flora presentes no terreno, será feita uma avaliação do estado de compactação do solo
nas áreas destinadas ao paisagismo, devido ao movimento de veículos e pecuária.
Medidas de preparação do solo, como a descompactação, serão adotadas, visando
melhorar as condições para o crescimento das plantas.
Etapa 2: Seleção de Espécies Nativas e Ornamentais
Com base nos estudos existentes sobre a composição atual da flora do terreno, serão
selecionadas espécies nativas que apresentem características ornamentais e um
desenvolvimento acelerado. Será dada prioridade às espécies que contribuam para a
estética, funcionalidade e conservação ambiental do empreendimento.
Etapa 3: Planejamento e Implementação do Paisagismo
O paisagismo será implementado nas vias do empreendimento, canteiros, rotatórias e
áreas de uso comum, conforme as restrições de espaço e infraestrutura definidas. Serão
desenvolvidos projetos paisagísticos específicos para cada área, levando em consideração
as espécies selecionadas, o fluxo de veículos e pedestres e preferências estéticas.
Etapa 4: Preparação do Solo e Plantio
Antes do plantio das espécies, serão realizadas as devidas preparações do solo, incluindo
a descompactação e a incorporação de matéria orgânica, se necessário. O plantio será
executado de acordo com as técnicas adequadas para cada espécie, utilizando mudas ou
sementes, levando em consideração as condições climáticas e a época mais propícia.
Etapa 5: Manutenção e Monitoramento
Será elaborado um plano de manutenção que incluirá a irrigação adequada, o controle de
ervas daninhas e a adubação regular das áreas paisagísticas. Inspeções periódicas serão
realizadas para avaliar o desenvolvimento das plantas e garantir a saúde e o crescimento
adequado. Essas atividades serão realizadas durante o período de implantação do
condomínio, em paralelo com as demais etapas do projeto.
O prazo para a conclusão do paisagismo nas áreas definidas é o mesmo da implantação
do condomínio. A execução do paisagismo ocorrerá em paralelo com as demais
atividades, de forma a integrar a recuperação da flora com o desenvolvimento do
empreendimento.

8. Recuperação e manutenção da ZOM

A metodologia escolhida para a recuperação da vegetação na área de ZOM foi a


nucleação. Essa técnica consiste em criar ilhas de vegetação em áreas degradadas, com o
objetivo de atrair fauna e flora para essa área, facilitando a dispersão de sementes e a
formação de corredores ecológicos.
A escolha pela técnica de nucleação se deu por diversos motivos. Em primeiro lugar, ela
é uma das técnicas mais indicadas para a recuperação de áreas degradadas em
ecossistemas costeiros, como é o caso da planície fluviomarinha onde o terreno está
localizado. Além disso, a nucleação é uma técnica de baixo custo e relativamente simples
de ser implementada, o que a torna uma opção viável para a recuperação de áreas
degradadas em contextos urbanos.
O livro "Restingas: origem, estrutura, processos" de autoria de Gustavo Fonseca, Paulo
Lana e Marcelo Lopes, caracteriza a nucleação como uma metodologia recomendada para
ambientes costeiros com solos pobres e condições climáticas adversas, como é o caso das
restingas.
Segundo os autores, a metodologia de nucleação consiste em concentrar os esforços de
recuperação em áreas menores e mais favoráveis para o desenvolvimento da vegetação,
criando "ilhas de biodiversidade" que funcionam como centros de dispersão de sementes
e atraem a fauna local. Isso permite a otimização dos recursos disponíveis e a obtenção
de resultados mais rápidos e eficientes na recuperação da flora.
i. Definição da quantidade de Ilhas

Considerando a área total do empreendimento inserida na ZOM ( Zona de Orla


Marítima) é importante ressaltar que a área não se encontra totalmente degradada. Com
o manejo adequado, espera-se que todo o espaço possa se recuperar naturalmente ao
longo do tempo. No entanto, para acelerar o processo de recuperação, será adotada a
técnica de ilhas de nucleação, recuperando uma área de 2.000 m².
Seguindo as recomendações do livro "Restingas: origem, estrutura, processos", serão
criadas 4 ilhas de nucleação, cada uma com 500 m², levando em consideração as
condições específicas do solo e a extensão da área degradada. Essas ilhas serão
estrategicamente distribuídas para permitir a conectividade entre elas e com a vegetação
natural existente, favorecendo a dispersão de sementes e a recolonização da área.
No que diz respeito aos acessos de pedestres à praia, é de extrema importância que sejam
planejados de forma cuidadosa, a fim de minimizar os impactos na vegetação de restinga.
A abertura de novas trilhas ou passagens que possam causar danos à vegetação deve ser
evitada. Além disso, é imprescindível que esses acessos sejam devidamente sinalizados e
identificados, para evitar confusões com as ilhas de nucleação e garantir a preservação da
vegetação.

ii. Manejo e manutenção dos Núcleos

A manutenção e o manejo das ilhas de nucleação são fundamentais para o sucesso da


recuperação ambiental. Algumas das práticas que serão adotadas incluem:
1. Irrigação: a irrigação deve ser realizada regularmente, especialmente nos
primeiros meses após o plantio das mudas, para garantir que as plantas recebam
água suficiente para seu desenvolvimento.
2. Controle de plantas invasoras: plantas invasoras podem competir com as mudas
plantadas e prejudicar seu desenvolvimento. É importante identificar e remover
essas plantas regularmente.
3. Adubação: a adubação pode ser necessária para suprir as necessidades nutricionais
das mudas. Deve-se levar em consideração as características do solo e das espécies
plantadas para determinar a quantidade e o tipo de adubo a ser utilizado.
4. Poda: a poda pode ser necessária para controlar o crescimento das plantas e
estimular a ramificação, o que pode melhorar a aparência e o desenvolvimento
das mudas.
5. Substituição de mudas: é possível que algumas mudas não sobrevivam, por isso é
importante realizar uma verificação periódica e substituir as mudas que não
tiveram sucesso.
6. Monitoramento de pragas e doenças: é importante monitorar a presença de pragas
e doenças que possam afetar as mudas. Se identificadas, é necessário tomar as
medidas adequadas para controlá-las.
7. Avaliação e registro: é importante avaliar periodicamente o desenvolvimento das
mudas e registrar os dados para acompanhar o progresso da recuperação
ambiental.

Projeto da ZOM (etapas)

Etapa 1: Levantamento e Análise da Área


• Utilizar os estudos técnicos existente a respeito das condições atuais, qualitativas
e quantitativas da flora do terreno.
• Verificar as condições do solo, incluindo a compactação, e adotar medidas de
reparação, quando necessário.
Etapa 2: Seleção de Espécies Nativas de Restinga Arbórea
• Selecionar as espécies nativas de restinga arbórea mais adequadas para a
recuperação da área, levando em consideração as características do solo e as
condições climáticas locais.
• Considerar as condições específicas do solo, como drenagem, nutrientes
disponíveis, pH, e as condições climáticas, como temperatura e umidade, para
selecionar as espécies mais adaptadas.
Etapa 3: Planejamento e Implantação das Ilhas de Vegetação
• Criar quatro ilhas de vegetação com 500 m².
• Distribuir estrategicamente as ilhas de vegetação na área para permitir a
conectividade entre elas e com a vegetação natural, favorecendo a dispersão de
sementes e a recolonização da área degradada.
Etapa 4: Preparação do Solo e Plantio
• Adotar medidas de descompactação do solo, como o uso de técnicas de
escarificação, e realizar a incorporação de matéria orgânica para melhorar as
condições do solo.
• Realizar o plantio das espécies nativas de restinga arbórea na época mais adequada
para cada espécie, considerando as condições climáticas e o período de maior
chance de sucesso no estabelecimento das plantas.
• Utilizar técnicas de plantio adequadas para cada espécie, podendo envolver o uso
de mudas e/ou sementes, levando em consideração as características de cada uma
delas.
Etapa 5: Manutenção e Monitoramento
• Realizar a irrigação adequada, o controle de ervas daninhas e a adubação regular
das ilhas de vegetação, visando garantir o crescimento saudável das plantas.
• Realizar inspeções e avaliações periódicas do desenvolvimento das plantas, com
uma frequência mínima de uma vez por mês, durante um período de pelo menos
dois anos.
• Registrar os dados e resultados obtidos ao longo do projeto em relatórios
específicos, contendo informações sobre o crescimento das plantas, a ocorrência
de pragas e doenças, a sobrevivência das espécies, entre outros indicadores
relevantes.
Etapa 6: Avaliação e Ajustes
• Avaliar o sucesso do projeto de recuperação da flora por meio de indicadores,
como a taxa de sobrevivência das espécies plantadas, o aumento da diversidade
vegetal, a recuperação de funções ecossistêmicas e a melhoria na qualidade
ambiental da área.
• Realizar uma avaliação contínua do projeto, identificando eventuais necessidades
de ajustes e intervenções, como o controle de pragas, a reposição de plantas que
não obtiveram sucesso e a implementação de ações corretivas para garantir a
eficácia e sustentabilidade do projeto.
1. Referências

• Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEPRAM). (2008). Deliberação


CEPRAM nº 262/2008: Dispõe sobre a criação da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Fazenda Mutari e dá outras providências.

• Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). (2010). Resolução nº


1.165/2010: Dispõe sobre a elaboração, a apresentação e a aprovação de
Programas de Recuperação de Áreas Degradadas e alterações no âmbito do Estado
da Bahia.

• Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). (2018). Zoneamento


Ecológico-Econômico do Estado da Bahia.

• Santos, J. S., Schaeffer-Novelli, Y., & Cintrón, G. (Eds.). (2018). Restingas:


origem, estrutura, processos e conservação. Editora Rima.

• MapBiomas. (2022). Mapa da cobertura e uso do solo do Brasil. Recuperado em


13 de março de 2023, de https://mapbiomas.org/.

• Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema). (2011). Zoneamento


Ecológico-Econômico da Bahia: Proposta Metodológica.

• ZEE Bahia. (2023). Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado da Bahia.


Recuperado em 13 de março de 2023, de http://www.zeedabahia.ba.gov.br/.

Você também pode gostar