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Avaliação de Depósitos

O efeito suporte e a composição de amostras

Prof. Dr. Luis Eduardo de Souza


Introdução

Geralmente, o intervalo de amostragem nos furos de sonda não


corresponde ao intervalo de trabalho na fase de avaliação de
recursos, embora tenha sido necessário analisar as amostras
segundo o intervalo de amostragem, sempre menor que o intervalo
de trabalho.

Justifica-se isso frente à necessidade de reconhecer e delimitar


possíveis zonas ricas dentro da jazida. Além disso, as amostras
individuais dos furos de sonda podem variar bastante em tamanho,
comprimento e peso.

Assim, a composição de amostras pelo agrupamento destas para o


intervalo de trabalho, definido segundo características que se quer
analisar, produzirá dados mais homogêneos e, portanto, com maior
facilidade de interpretação.

Dados de inventário de estimativa mineral são geralmente obtidos


de uma variedade de fontes e com diferentes suportes.

O termo suporte está relacionado diretamente com a


representatividade da informação e, dessa forma, os dados
devem receber um tratamento de maneira a aproximá-los o
máximo possível de um suporte uniforme.

Compostas (composites) são combinações de dados analíticos


de amostras, isto é, as amostras individuais são combinadas de
maneira a obter uma única composta representativa.
Informações de diferentes tipos e suportes.
Compositing é um procedimento numérico que envolve o
cálculo de teores médios ponderados para volumes maiores do
que aquele das amostras originais.

Geralmente, o compositing é de natureza linear, envolvendo o


cálculo de médias ponderadas de amostras contíguas sobre um
comprimento uniforme maior que o comprimento de uma única
amostra.

Com a composição, há uma redução do número de informações


o que, para alguns casos, torna-se vantajoso, aumentando a
velocidade e eficiência no manuseio de grandes bancos de
dados.
Como salientado anteriormente, a composição traz todos os
dados para o mesmo suporte e uniformiza a representatividade
das informações.

Um efeito de suavização é esperado, na medida em que há


uma redução da dispersão dos teores, com o incremento do
suporte. A composição reduz o efeito de amostras isoladas
com altos teores.
O resultado da composição de amostras de furos de sonda é
expresso como média ponderada do teor pelas espessuras
selecionadas para o intervalo de trabalho, como mostra a equação
a seguir:
n

te
i 1
i i
tc  n

e
i 1
i

onde n é o número de trechos para compor o intervalo de


trabalho, ti é o teor do i-ésimo trecho e ei é a espessura do i-ésimo
trecho.

Existem muitos tipos de depósitos minerais, cada um dos quais irá


requerer tratamento especial dos dados amostrados para a
obtenção dos melhores intervalos de composição para a avaliação
do depósito.
Existem diversas possibilidades de composição de amostras.
Por exemplo, podem ser feitas composições por faixas de
teores lavráveis e por características tecnológicas, dependendo
do interesse e da solução adotada para a avaliação do depósito.

No entanto, os tipos de composição mais comumente


empregados em amostras de furos de sonda são:

(i) pela zona mineralizada (ore-zone compositing);

(ii) por bancadas (bench compositing);

(iii) por comprimento (length compositing).


Ambas as metodologias são largamente empregadas, mas sua
utilização deve ser criteriosa e de acordo com a finalidade da
avaliação.

É muito comum, também, aliar-se às metodologias a


exigência de que sejam respeitados os contatos litológicos.
Ore-zone compositing

Nesta técnica, os contatos entre minério e estéril devem ser


assumidos como sendo bruscos e a variação de espessura entre
capa e lapa não deveria variar muito.

Dessa forma, o teor médio da zona mineralizada seria obtido da


seguinte maneira:
Bench compositing

Para depósitos grandes e uniformes, onde a transição de minério


para estéril é gradual (onde o cut-off é econômico ao invés de
físico), o intervalo de composição (H) é a altura da bancada.
No caso de furos inclinados, as espessuras são aparentes e o
comprimento composto (CC) será maior que a altura da bancada,
sendo tanto maior quanto menor a inclinação do furo.

altura da bancada
CC 
sen 
Deve-se, em caso de furos inclinados, limitar a inclinação mínima
que pode ser aceita para composição por bancadas pois, por
exemplo, para furos com inclinação de 30º, o comprimento
composto será de duas vezes a altura da bancada.

1,15
Length compositing

Um dos métodos mais utilizados pois proporciona uma maior


uniformidade de tamanhos, respeitando os contatos geológicos.

Nesta metodologia de composição, é definido um tamanho de


composta desejável, sendo que geralmente é utilizado o tamanho
de bancada ou a dimensão vertical do bloco SMU. No entanto,
cada composta termina e uma nova é iniciada, em cada alteração
da litologia descrita ao longo do furo de sonda.

Dessa forma, é obtida uma distribuição de tamanhos de


compostas, distribuição esta que deve ser analisada
cuidadosamente. É necessário que se defina um corte para os
tamanhos que efetivamente serão empregados nas etapas
seguintes.
Ao mesmo tempo, é necessário analisar a quantidade de compostas
que vão ser descartadas em relação ao total do banco de dados de
composta em termos absolutos e em termos de metragem.

1) Qual o número original de compostas?

2) Qual o número de compostas menores


do que 3 metros?

3) Qual a metragem total das compostas?

4) Quantos metros são constituídos por


compostas menores que 3 metros?

5) Das compostas menores que 3 metros,


quantas são de minério e quantas são de
estéril?
Bibliografia
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