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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA POLITÉCNICA
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL

FILIPE GABINA BALTAZAR VIEIRA

CONTENÇÃO EM PERFIL METÁLICO

Goiânia
2022/1
FILIPE GABINA BALTAZAR VIEIRA

CONTENÇÃO EM PERFIL METÁLICO

Relatório apresentado ao prof. M.e


Ricardo Tavares Pacheco da disciplina
geotecnia II, como requisito parcial para
obtenção da nota de N1.

Goiânia
2022/1
Sumário
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 ENSAIOS GEOTÉCNICOS E PARAMETROS DO SOLO ......................................................................... 3
3 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS NO PERFIL METÁLICO .................................................................. 4
3.1 Contenção em balanço .............................................................................................................. 5
3.2 Contenção com uma linha de escoras ....................................................................................... 6
3.3 Contenção com duas ou mais linhas de escoras ........................................................................ 7
4 EXECUÇÃO DE CONTENÇÃO EM PERFIL METÁLICO .......................................................................... 8
4.1 Considerações preliminares ....................................................................................................... 8
4.2 Mobilização e início da obra ...................................................................................................... 8
4.3 Roteiro de execução................................................................................................................. 10
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO

Devido a limitação de terreno em áreas urbanas, é frequente a execução de escavações de solos


e/ou rochas a céu aberto. Dentre os aspectos geotécnicos envolvidos em obras dessa natureza,
tudo depende fundamentalmente das propriedades dos solos e/ou rochas, das condições do nível
d’água, da forma e dimensões das escavações, do espaço disponível e da situação das fundações
vizinhas.
Dentre as várias soluções possíveis, uma que se destaca é a cravação de perfis metálico
pranchado, que consiste basicamente em perfis metálicos sendo cravado no terreno de forma
justapostos, instalação de prancha de madeira, que servira de forma (perdida) para a cortina
definitiva de concreto.
Dependendo dos esforços, o perfil metálico pode estar trabalhando a flexão ou a flexo-
compressão. Normalmente as lajes e as vigas do subsolo desses empreendimentos, são ligadas
ao perfil metálico, formando um contraventamento definitivo, e, portanto, o perfil metálico
recebe carga de compressão e esforços transversais devido ao empuxo do solo.

2 ENSAIOS GEOTÉCNICOS E PARAMETROS DO SOLO

Os parâmetros mais importantes para o dimensionamento geotécnico são: coesão(c), ângulo de


atrito interno (Φ) e módulo de deformabilidade do terreno (Ks).
Um estudo preliminar do solo oferece vários fatores para execução e dimensionamento de obras
de contenção, sendo eles:
• Profundidade e espessura da camada de solo.
• Extração de amostras para ensaios de laboratório.
• Nível do lençol freático.
• Compacidade dos solos granulares e consistência dos solos coesivos.
• Profundidade do topo da rocha e suas características.
Os ensaios utilizados:
• Ensaio de penetração SPT.
• Ensaio de Molinete.
• Sondagens de penetração (penetrómetros dinâmicos ou estáticos tipo holandês)
Exemplo de sondagem SPT para execução de contenção em perfil metálico pranchado com
profundidade de escavação de 6 metros de profundidade em relação a cota do furo do ensaio de

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sondagem, onde o perfil do solo é estratificado, com camadas de argila, silte e areia. O nível do
lençol freático se encontra a 8 metros de profundidade, em relação a cota do furo do ensaio de
sondagem.
Figura 1: Sondagem SPT

Fonte: Sondagem fornecida pelo professor, adaptada pelo autor


3 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS NO PERFIL METÁLICO

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A contenção em perfil metálico pranchado, pode ter ou não contenção lateral (escoras), sendo
os esforços para cada situação diferente, visto que os valores de tensão ativa e passiva exercido
pelo solo irão ter formatos diferente ao longo do perfil. Para cada tipo de solo, e até mesmo as
suas subdivisões, existem teorias de diferentes autores para determinar o formato do diagrama
de pressão, nestes trabalhos iremos adotar esses diagramas conforme o autor Alonso (2010).
O cálculo das pressões ativas e passivas em uma determinada profundidade genérica é dado por
(Figura 2).
Figura 2: Tensões ativa e passiva em um perfil genérico

Fonte: ALONSO, 2010, p.145

Como o escoramento abaixo da escavação é descontínuo (perfil metálico só é pranchado até o


nível da escavação), as pressões ativas serão calculadas como se o escoramento fosse contínuo,
porém as pressões passivas serão consideradas atuando em uma região de influência de três
vezes a largura da mesa do perfil.

Figura 3: Pressão ativa e pressão passiva em escavação descontinua

Fonte: ALONSO, 2010, p.148


3.1 Contenção em balanço

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Normalmente utilizado para escavações na ordem de grandeza de 3 metros. O perfil metálico
neste caso, tende a girar em torno do ponto O (Figura 4a). O sistema de forças para o cálculo
da estabilidade do sistema de contenção, está indicado na Figura 4b. De forma simplificada o
diagrama de força é calculado como especificado na Figura 4c.

Figura 4:Esforços em escoramento em balanço

Fonte: ALONSO,2010, p.147

3.2 Contenção com uma linha de escoras

Os diagramas de pressão ativa e passiva são calculados de maneira análoga ao apresentado na


Figura 4. Porém o ponto de giro deve ser considerado na posição da escora, conforme a Figura
5. O valor da ficha recomendada é de 1,2.z.

Figura 5: Esquema estático de contenção com uma linha de escora

Fonte: ALONSO,2010, p.149

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3.3 Contenção com duas ou mais linhas de escoras

Para este caso, será utilizada a solução adotada por Terzaghi e Peck, onde, a pressão ativa
pode ser calculada conforme a Figura 6. No caso de existir sobrecarga, deve considerar a
parcela devido Ka.q somada a solução adotada por Terzaghi e Peck.

Figura 6: Pressão ativa em escoramento com várias linhas de escoras

Fonte: ALONSO,2010, p.149


As reações nas estroncas são calculadas, como se inicialmente a ficha fosse nula, achando o
valor da reação E. Após esse processo divide-se o escoramento em diversas vigas isostáticas,
conforme a Figura 7. Adota-se par aa ficha um cumprimento da ordem de grandeza do último
vão.

Figura 7:Esquema estático de escoramento com várias escoras

Fonte: ALONSO,2010, p.150

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4 EXECUÇÃO DE CONTENÇÃO EM PERFIL METÁLICO

Esta etapa determina as condições mínimas para a correta execução da contenção, sequência
construtiva, detalhes referentes aos acabamentos, qualidade, segurança da estrutura e
documentação necessária para arquivo, detalhando os ajustes executado no projeto que foram
feitos durante as obras.

4.1 Considerações preliminares

Para inicio das obras é necessário que o do projeto básico e executivo estarem prontos.
As partes que compõem o projeto básico, são:
• Memória de cálculo da estabilidade da encosta conforme ABNT NBR 11682:2009.
• Planta de locação da obra.
• Vista e seções com as dimensões básicas da obra de contenção.
• Quantitativo de material.
• Hipótese de calculo adotadas e considerações construtivas.
As partes que compõem o projeto executivo, são:
• Projeto básico devidamente verificado e revisto.
• Detalhamento da sequência executiva, incluindo cálculos de estabilidade e fatores de
segurança para todas fases da obra.
• Detalhamento, dimensionamento e especificações dos elementos individuais
componentes da obra de estabilização, detalhando as condições de controle e
metodologia de construção e futura manutenção.
• Prevenção de drenagem e proteção contra erosão.
• Detalhamento dos elementos de drenagem superficial e estudos hidrológicos conforme
ABNT NBR 11682:2009.
• Relatório contendo cálculo de estabilidade, instrumentação geotécnica, características
dos materiais e procedimentos a serem adotados na execução, desenhos detalhados para
perfeito entendimento da execução e fiscalização da obra, quantitativo de materiais e
plano de manutenção.

4.2 Mobilização e início da obra

A mobilização da obra corresponde à fase inicial, quando são posicionadas as instalações


provisórias da obra e disponibilizados os equipamentos no local.
Esta atividade não deve interferir em ruas, estradas, caminhos, linhas de abastecimento e outras.
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Deve-se ter o cuidado para que também não haja interferência com a própria obra ou critérios
de projeto, como o posicionamento inadequado de sobrecargas. Devem ser pedidos
autorizações e sinalizações necessárias, assim como eventuais proteções a locais que ofereça
risco.
A obra deve seguir a sequência construtiva, locações, dimensões, materiais, especificações
executivas e ensaios indicados no projeto.
Atenção especial deve ser dada nas fases de escavação, ao posicionamento de possíveis
sobrecargas (estoque de material e tráfego de equipamentos), à condição de águas e a outros
aspectos de obra, de forma a não comprometer as considerações do projeto, durante fases
iniciais e intermediaria da obra.
Conforme ABNT NBR 11682:2009, os seguintes aspectos devem ser observados:
• Condições de campo em desacordo com as indicadas no projeto, em particular na fase
de locação, devem ser comunicadas ao engenheiro civil geotécnico e a obra somente
deve ser iniciada após os devidos ajustes.
• Atividade com interferências ou envolvendo remoção de vegetação de porte deve ter
planejamento adequado e somente executada após a respectiva licença, se necessária.
• Os impactos dos serviços relativos a empréstimos, disposição de bota-fora e entulho,
bem como trafego de equipamentos, devem ser devidamente avaliados.
• A disposição de material resultante de escavação e entulhos, bem como o caminhamento
de águas de drenagem ou de retorno de perfuração, não podem causar estabilização.
• Na execução de cortinas atarantadas pelo método descendente, a escavação abaixo de
qualquer nível de tirantes somente pode ser iniciada após a aplicação da carga
especificada no projeto, para todos os níveis superiores na mesma vertical.
• Na compactação de aterro junto à estruturas de contenção, deve ser respeitada uma
distância do parâmetro interno da estrutura de no mínimo 2m, na qual não pode ser
utilizado equipamento mecânico de compactação, para evitar danos na estrutura.
• O terreno de assentamento de estruturas de contenção deve ser verificado por
engenheiro civil geotécnico, de forma a comprovar a capacidade de carga da fundação
no nível de tensões previsto.
• Antes de qualquer procedimento de perfuração, deve ser verificada a possibilidade da
existência de interferências enterradas e executado seu devido mapeamento, se for o
caso, de forma a evitar danos.

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4.3 Roteiro de execução

A “criação” de um roteiro que abrange todas variáveis de execução de uma obra de contenção
em perfil metálico é uma tarefa bastante árdua, visto as particularidades de cada obra. Iremos
demostrar um roteiro específico, considerando o ensaio de sondagem da figura 1, mas que pode
servir de referência para outras obras dependendo das suas particularidades. Foi adotado
solução de contenção com perfil cravado metálico, com pranchada de madeira para
posteriormente a concretagem (madeira perdida).
Concluída as partes preliminares da obra, inicia-se a cravação dos perfis metálicos, com
profundidade a ser contida de 6 metros e espaçamento entre os eixos do perfil (dimensões em
planta) de 2 metros.

Figura 8:Vista em planta de perfil metálico cravado ligados por pranchada de madeira

Fonte:CAPUTO,2015, p.351.

Em seguida faz a escavação por partes, colocando o pranchamento em madeira também por
partes, conforme vai avançando a escavação, para o presente perfil geotécnico foi adotado para
avançar com as escavações a cada 2 metros de profundidade, sendo as etapas para colocar as
pranchas:
a) escavação manual do solo entre os perfis, deixando em torno de 10 cm além do fundo
do perfil;
b) recorte da prancha de madeira com distancia iguais ao eixo a eixo dos perfis;
c) colocar a prancha atras do perfil e preencher o vazio entre a prancha e o solo com
solo cimento ou pasta de cimento, dependendo das condições do solo nos trechos
escavados e colocando uma prancha de cada vez;

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Figura 9:Prancha de madeira e preparação da pasta de cimento

Fonte 1:TROMBELI,2008, p.48.


Está etapa deve se repetir até atingir a profundidade do projeto.
Supondo que essa contenção é para a construção de um subsolo, após a etapa anterior estar
concluída, pode-se juntamente a execução da estrutura do edifício, preparar a cortina para
receber entre os vazios dos perfis com concreto armado, conforme a seguinte sequência:
a) lançar a armadura entre os perfis;
b) soldar os ganchos no perfil, para travar a forma;
c) executar a forma em madeira para fechar a parte da frente dos perfis, escorar e travar
devidamente com o auxilio dos ganchos soldados nos perfis;
d) lançar concreto, com fck , slump e agregado conforme projeto;
e) remover os escoramentos, deformar a cortina e remover os ganchos soldados;

Figura 10: Trecho concretado com os ganchos soldados nos perfis.

Fonte 2: TROMBELI,2008, p.50.


Na cota final da escavação, deve-se fazer um dreno de pé para a estrutura de contenção, e fazer
a ligação desse dreno de pé com o projeto de drenagem geral da obra.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contenção em perfis metálicos com pranchas de madeira é uma solução para obras que
necessitam de escavação e segurança dos taludes. É bastante utilizado em contenções acima do
lençol freático e em solos que tem uma considerável coesão ou efeito de arqueamento, pois
permite a escavação do terreno (por vezes temporariamente), entre os perfis, para a instalação
do prancheamento. Dependendo das condições de estabilidade da contenção, com ou sem
travamento, os esforços devido ao empuxo do solo podem ser diferentes, visto que o diagrama
de pressões ativa e passiva mudam conforme o número de travamentos.

Com a limitação de áreas urbanas a contenção com perfil metálico é uma boa alternativa quando
não se tem interesse de perder espaço do terreno com outros tipos de contenções, visto que para
implantação dos perfis metálicos precisa de pouco espaço em relação aos terrenos vizinhos.
Porém tendo que levar em consideração que a cravação dos perfis gera vibrações, que muitas
vezes podem ser prejudiciais a obras vizinhas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682: Estabilidade de


encostas. Rio de Janeiro, RJ,2009 ,33p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução


de fundações. Rio de Janeiro, RJ,2019 ,108p.

ABMS/ABEF. Fundações Teoria e Prática, 2a ed, editora PINI, São Paulo, 1998.

ALONSO, U, R. Exercícios de Fundações, 2aed. Editora Edgard Blucher LTDA, São


Paulo,2010.

CAPUTO, H, P; CAPUTO, A, N. Mecânica dos Solos e suas Aplicações, 7aed. Editora LTC,
Rio de Janeiro ,2015.

MARTINS, G, J; MEIRELES, A, B. Fundações e Contenção Lateral de Solos, Execução


de Cortinas de Estacas, 1a ed, Porto ,2006.

TROMBELI, Gustavo Augusto. Contenção Com Perfis De Aço: Comparação Entre O


Sistema Tradicional E O Sistema Com Pré-Moldado De Concreto. Orientador: Ubiraci
Espinelli Lemes de Souza.2008. 68f. Monografia (Especialização) – Curso em Tecnologia e
Gestão na Produção de Edifícios, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2008.

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