Você está na página 1de 8

XXII Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Mecânica – 19 a 23/10/2015 – Campos

dos Goytacazes – RJ

ANÁLISE DE MANUTENÇÃO PREDITIVA EM CORREIAS


TRANSPORTADORAS DE LANÇA DE MÁQUINAS EMPILHADEIRAS/
RECUPERADORAS E RECUPERADORAS

Mavd de Paula Ribeiro Teles; Maria Amália Trindade de Castro


Universidade Estadual do Maranhão
Cidade Universitária Paulo VI, S/N – Tirirical, São Luís-MA, CEP: 65055-000
http://mail.uema.br/

RESUMO: A competitividade do mercado impulsiona as empresas a trabalharem cada vez mais com uma maior
produtividade. O setor de manutenção é um dos que mais influência nessa produtividade. Este trabalho entendendo a
necessidade de se ter uma manutenção bem planejada e eficaz, apresenta um estudo de caso sobre manutenção preditiva
em Correias Transportadoras de Lança de Empilhadeiras/Recuperadoras e Recuperadoras, por meio de estudo de
espessura de correias, onde este visa à análise destes dados e também se baseia em falhas de dois desses equipamentos.

Palavras-Chave: Correias transportadoras, Análise, Manutenção preditiva

ABSTRACT: The market competition drives companies to work more and more with greater productivity. The
maintenance sector is one of the more influence this productivity. This work understanding the need to have a well
planned maintenance and efficient, presents a case study of predictive maintenance on conveyor belts of
Stacker/Reclaimers and Reclaimers and through study about of thickness conveyor belts, where it aims to analyze these
data and is also based on one failures of these devices.

Keywords: Conveyor belts, Analysis, Predictive maintenance

INTRODUÇÃO

Transportadores de correias é uma solução econômica, mundialmente utilizada no transporte de diversos tipos de
materiais. Dentre os equipamentos que compõem estes transportadores, tem-se como o equipamento de maior custo: a
correia transportadora. Isto se dá não somente pelo custo inicial, mas principalmente pela sua manutenção; tempo de
vida útil (tempo mínimo de troca).
Com o passar dos anos o conceito de manutenção foi evoluindo, inicialmente sendo apenas um apêndice da
operação, existindo para corrigir as falhas geradas pelo processo - Manutenção Corretiva. Posteriormente esse conceito
evoluiu, percebeu-se que estas falhas tinham um ciclo continuo, podendo-se planejar a manutenção de forma que esta
não interferisse na operação; tendo as paradas das máquinas programadas - Manutenção Preventiva. Contudo, como às
vezes os equipamentos podem ter um tempo de vida útil maior que o programado, trocá-los antes disso então, é um
prejuízo. A partir de então surgiu em conjunto com a tecnologia, o conceito de Manutenção Preditiva, que é um
acompanhamento do ativo, por tecnologias em consigam identificar os degastes do mesmo.
A competitividade do mercado impulsiona as empresas a trabalharem com um melhor planejamento e
confiabilidade em manutenção dos ativos. Para correias transportadoras não seria diferente, pelo contrário, essa
necessidade se torna muito maior por conta do custo envolvido. “De acordo Gavis (2001)”: “Sabe-se que a correia é o
item de maior valor de um transportador. Daí considerarem-se insignificantes os esforços empreendidos e cuidados
tomados em relação à correia, quando comparados aos resultados obtidos, livres de problemas e uma longa vida de
serviço prestado.”. Diante deste cenário este artigo realiza uma análise e acompanhamento em manutenção preditiva,
por meio de um estudo de caso, garantindo a uma correia transportadora um maior tempo de vida útil, fornecendo assim
uma maior economia. Utilização como meio para este a análise de ultrassom para medida de espessura e correias
transportadoras da lança de dois ativos, e reduzindo em grande escala os desperdícios tão indesejados pelas empresas.

METODOLOGIA

Este estudo foi baseado em coleta de dados de uma empresa de mineração, a qual a mesma não permitiu a
revelação do seu nome.
Considerando que uma pesquisa pode ser classificada de acordo com a natureza, a forma de abordagem, seus
objetivos e com os procedimentos técnicos, este trabalho possui a seguinte classificação.
De acordo com Vilaça (2010), a prática de pesquisa deve ser norteada pelo conhecimento de metodologia
científica, pois este possibilita a um melhor desenvolvimento da pesquisa.
Com relação à natureza, uma pesquisa pode ser classificada como básica ou aplicada. Este trabalho é classificado
como de natureza aplicada. Pois este objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigido para a solução de
problemas específicos. Envolvendo verdades e interesses locais.
Do ponto de vista da forma de abordagem, a pesquisa pode ser classificada entre quantitativa, qualitativa ou os
dois. “Segundo Gatti (2012)” os modelos quantitativos se utilizam de coleta e análise de dados. Portanto, esta pesquisa
se classifica como quantitativa.
Com relação aos objetivos do trabalho, este tem caráter descritivo exploratório. “De acordo com Gil (2008a)” a
pesquisa descritiva descreve uma população ou fenômeno, e uma das suas características mais significativas é a
utilização de coleta de dados. “Gil (2008b)” ainda afirma que as pesquisas exploratórias têm como finalidade esclarecer
e modificar conceitos, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. Como esta pesquisa envolve coleta de dados e visa construir hipóteses, ela possui caráter tanto descritivo
quanto exploratório.
“Gil (2008c)” divide os procedimentos técnicos em dois grandes grupos, os de fonte de “papel” (pesquisa
bibliográfica e pesquisa documental), e no segundo grupo onde os dados são fornecidos por pessoas (pesquisa
experimental, pequisa ex-post-fact,o levantamento, o estudo de campo e o estudo de caso). “Gil (2008d)” também
classifica estudo de caso como: “estudo exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento
amplo e detalhado”. Portanto, este trabalho se enquadra em estudo de caso.
A coleta de dados consiste na obtenção dos valores das medições das espessuras de correias transportadoras das
máquinas na qual este trabalho é baseado. O instrumento de coleta destes dados são os valores aferidos por análise de
ultrassom em cada correia durante seu período de tempo especificado no estudo de caso.
Para as falhas observadas neste trabalho os instrumentos de coleta de dados foram registros fotográficos (para
análises posteriores) e entrevistas. As entrevistas foram realizadas com colaboradores especialistas, sobre a
identificação de causa das falhas encontradas, assim como de sugestões sobre eliminação das mesmas.
Para dados com relação a custo de correias, assim como na medição de espessura foram valores fornecidos pela
empresa em questão.
Esta coleta de dados tem como objetivo o embasamento quantitativo e qualitativo deste trabalho.
O meio para tratamento sistemático dos dados foi realizado pelo software Microsoft Excel 2010, para
sistematização e criação de planilhas e gráficos que ajudem na interpretação e comparação aplicando ferramentas de
análise. Além deste tratamento fornecido, foi elaborada fichas com as falhas ocorridas, para posteriores treinamentos de
colaboradores.
As considerações sucedidas foram embasadas pelos referenciais teóricos abordados neste trabalho, assim como nas
entrevistas realizadas com os colaboradores técnicos entrevistados.

Procedimento experimental
Método de Manutenção Preditiva
A medição de espessura é realizada pelo aparelho de ultrassom da General Electric USN 60, com custo de
R$19.800,00 reais de acordo com o Mercado Livre (2015), como mostrada na Fig. (1) abaixo.

Figura 1. Ultrassom

Para esta medição, é realizado bloqueio da máquina na região da lança e pega-se uma seção da correia para efetuar
medição como mostra a Fig. (2).
Figura 2. Pontos divididos para medição de espessura

Os pontos da seção a serem medidos são divididos do centro e 11 pontos ao lado esquerdo e 11 pontos ao lado
direito, com distâncias iguais de 100 mm entre eles. A cada mês é realizada uma aferição e esses pontos são plotados
em gráficos, identificando assim um possível desgaste prematuro da correia. A medida dessa espessura é retirada entre a
borracha de corbetura superior e a lona, ou cobertura superior e cabo de aço como mostra a Fig. (3). O ideal é que a
correia consiga alcançar 3 mm de espessura entre a borracha e a lona superior em seu fim de vida útil.

Figura 3. Componentes de uma correia transportadora de lona, e de cabo de aço. (Mercúrio, 2014. Adaptado)

Desta forma os colaboradores da empresa a qual este estudo foi baseado, calculam um tempo de vida útil estimada
para a correia até a chegada dos 3 mm, assim que é efetuada a troca e durante o controle a cada mês. O cálculo para o
mês é feito de acordo com a menor medida de espessura encontrada até a chegada dos 3 mm, que é a medida almejada.

Caso Empilhadeira/Recuperadora
A correia transportadora da lança da Empilhadeira/Recuperadora, é uma correia de lona da Contitech de
especificação EP 420 de 6 lonas, possui 125 metros de comprimento, 12 milímetros de cobertura superior, 4 milímetros
de cobertura inferior e apenas 1 emenda, feita à quente. Ela foi instalada no dia 03/02/2015.

Caso Recuperadora
A correia transportadora da lança da Recuperadora, é uma correia de cabo de aço de especificação ST 1600, possui
114,3 metros e duas emendas emenda, feita à quente. Ela foi instalada no dia 22/12/2014.

Equações governantes
Com relação aos gráficos plotados de medição de espessura estes são governados pela variável número da medição
no eixo “Y” e valores obtidos com as medições no eixo “X”.
Com relação a estimativa de vida útil da correia transportadora, este calculo é realizado pela empresa na qual este
estudo é baseado, e a mesma não disponibilizou como este cálculo é realizado.
Para o cálculo de desperdício de vida útil e custo de correias é utilizado a “Eq. (1)”, “Eq. (2)” e “Eq. (3)”.

 (1)

 (2)

 (3)
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caso Empilhadeira/Recuperadora
Os valores obtidos com as medições da correia em questão são os mostrados pela “Tab. 1”, logo abaixo. Estes
foram obtidos em 18/06/2015.

Tabela 1. Medição de espessura de correia transportadora

A partir desse controle, é possível perceber que a última medição esta datada em 29/05/2015. O desgaste dessa
correia até então esta em um nível considerado normal, contudo já é possível perceber um ponto de concentração de
desgaste do lado esquerdo nos pontos 9,8 e 7, mostrado pela Fig. (4).

Figura 4. Gráfico de perfil da correia transportadora de lança de Empilhadeira/Recuperadora

A partir destes dados é possível perceber um desgaste excessivo no lado esquerdo. Com quase um mês sem
medição, a correia transportadora da lança da Empilhadeira/Recuperadora entrou em falha no dia 18/06/2015. Houve o
evento de rasgo de correia longitudinal a 300 mm da borda num comprimento 121m.

Figura 5. Chute central

As causas foram identificadas como a abertura entre chapa de desgaste montada em ângulo de 10° e guia de
vedação montado no chute central, mostrado na Fig(5), provocando aprisionamento de uma pedra de material Minério
de Manganês granulado azul, e cortando a correia inteira como mostra a Fig. (6).
Figura 6. Rasgo na correia transportadora da lança

A partir da terceira medição de espessura foi perceptível que a correia já estava entrando em desgaste do lado
esquerdo como foi mostrado no Fig. (4). Portanto, o ideal seria desde a apresentação inicial desse desgaste, ser realizado
uma investigação para identificação da causa. Caso a manutenção preditiva tivesse ocorrido de forma continua, durante
os meses no qual não foi efetuado, esse desgaste excessivo teria sido detectado.
Para a correia transportadora da lança da Empilhadeira/Recuperadora tem-se o tempo de vida útil estimado
mostrada na Fig. (7), aproximadamente trezentos dias, no dia 03/02/2015.

Figura 7. Tempo estimado de vida útil

Até o dia 18/06/2015, dia onde a correia entrou em falha, ela operou durante 134 dias. Desta forma os dias que ela
ainda tinha em operação era 165 dias. De acordo com planihas que foram disponibilizadas pela empresa em questão
tem-se o valor da correia da lança desta máquina na “Tab. 2”.

Tabela 2. Informações de preços de correias transportadoras

O cálculo de desperdício está disposto na Fig. 8.

Figura 8. Cálculo com desperdício de correia da Empilhadeira/Recuperadora

Caso Recuperadora
Os valores obtidos com as medições de espessura de correia transportadora em questão até o fechamento deste
trabalho são os mostrados abaixo na “Tab. 3”, dados estes obtidos em 20/07/2015.
Tabela 3. Medição de espessura de correia transportadora da recuperadora

Observado na “Tab. (3)” que a última aferição de espessura até a conclusão deste trabalho foi em 07/07/2015. O
desgaste obtido nesta correia é demonstrado na Fig. (9).

Figura 9. Gráfico de perfil de correia transportadora de Recuperadora

Para a correia transportadora da lança da Recuperadora, não houve falha até o encerramento deste trabalho e para a
mesma foi feito um acompanhamento contínuo na manutenção preditiva do ativo. Dentro destes fatos pode-se perceber
que este acompanhamento contínuo fornece ao ativo um maior controle e confiabilidade em termos de
acompanhamentos de falhas. Contudo, também é perceptível que o desgaste no centro foi bem acentuado. Este tem
apesar de ser o ponto de maior concentração de tensão, se encontra mais acentuado que o normal. A causa desse
desgaste tão acentuado não foi identificado.
Para a correia transportadora da lança da Recuperadora tem-se o tempo de vida útil estimado no momento da
troca dia 22/12/2014, aproximadamente trezentos dias, como é mostrada na Fig. (10).

Figura 10. Tempo de vida útil estimado para troca de correia transportadora

Esta correia até o encerramento deste trabalho durou 244 dias. A previsão de troca dela pelo tempo estimado é em
17/10/2015. Ela esta programada para troca em no final de setembro, por conta de questões operacionais e falta de
oportunidades de parada.

Análise de Custo
Para o parâmetro custo com as medições, é considerado por este trabalho apenas os aparelhos de Ultrassom
USN60. O custo com o tempo de parada da máquina, utilizado para realização das medições é zero, pois este é realizado
durante as paradas programadas da máquina, ou seja, este não impacta a produção. Desta forma, é possível perceber, em
apenas a falha ocorrida, a vantagem do custo deste tipo de manutenção realizada. O cálculo envolvendo esses dois
eventos esta disposto na Fig. 11.
Figura 11. Desperdício por falha

É necessário levar em consideração que este equipamento tem uma duração de vida útil muito alta, e este valor foi
apenas estimado como se a compra tivesse sido efetuada para esses ativos. Contudo, o centro de custo deste
equipamento não foi atribuído à gerência que efetua as medições, pois o ultrassom utilizado era proveniente de outra
gerência.
Diante de tal demonstração é possível perceber as melhorias ao se usar o método preditivo de medições de
espessura deste trabalho Na questão de custo a correia da Recuperadora até o final deste trabalho, apresento um bom
desenvolvimento, sem gerar custos.

Análises de desgastes
No caso de falha, este já apresentavam sinais de desgaste excessivo, e que a falta de um mês de medição, omitiu
que mais sinais fossem identificados. Além disso, tem-se como outro fator determinante para que tal falha ocorresse, a
falta de identificação dos causadores de desgastes.
Considerando também o caso da Recuperadora, onde apesar não ter havido falha, e ter permitido uma duração
muito maior da correia, houve um desgaste excessivo, no qual a causa não foi identificada. Este pode ser gerado por
vários fatores, e entre eles o mais favorável dentro das condições da lança do equipamento é a de excesso de velocidade
no momento de recuperação de material, ou seja, um erro de operação.
Dentro dos dois casos apresentados nesse artigo, consideração ao desgaste, é que apesar da manutenção preditiva
ser realizada e se ter uma condição atualizada do ativo, para as correias transportadoras se torna imprescindível que
exista uma análise de causa para todo o desgaste excessivo. Esta sistemática deve conseguir um controle ainda maior,
pois pode identificar e programar tratamentos para as possíveis problemáticas.

CONCLUSÃO

De acordo com as análises dispostas neste artigo é possível perceber as vantagens da utilização de manutenção
preditiva para correias transportadoras, se aplicando também a equipamentos de alto valor. Além disso, foi perceptível
que apenas a execução da manutenção preditiva em si não é suficiente para garantir uma maior confiabilidade de um
ativo como as correias, uma vez que o segundo caso apresentado demonstrou um desgaste além do esperado. É
necessário dar um tratamento para os dados obtidos a partir de dos instrumentos deste tipo de manutenção.
É imprescindível garantir um tempo de vida útil máximo do ativo de alto custo como correias transportadoras, pois
o desperdício obtido a partir de uma falha deste equipamento é extremamente alto.

AGRADECIMENTOS

Á Deus, a minha família, e todos que contribuíram para a realização deste artigo de alguma maneira.

REFERÊNCIAS

Gatti, Bernadete A., 2012. “Abordagens quantitativas e a pesquisa educacional”. Sem IME, USP, Fundação Carlos
Chagas. 12 Ago. 2015, < http://www.ime.usp.br/~marcos/Bernadete25052012.pdf>
Gavis, Jones de Paula, 2001 “Manual de Inspeção e Manutenção em Correias Transportadoras”, GEOPS: VALE S.A.,
4ª ed., Vitória, Espirito Santo, Brasil, 72 p.
Gil, Antonio Carlos, 2008, “Métodos e técnicas de pesquisa social”, Editora Atlas, 6ª ed. São Paulo, São Paulo, Brasil,
pp. 27-57.
Mercúrio, Correias, 2014, “Manual Técnico de Correias Transportadoras”, Editora Schoba, 3a ed. São Paulo, São Paulo,
Brasil, 24 p.
Vilaça, Márcio L. C., 2010. “Pesquisa e Ensino: considerações e reflexões”. Revista do Curso de Letras da UNIABEU,
Nilópolis, v.1, n.2, p. 59-74. 30 Jul. 2015, <http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/view/26>

DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Os autores são os únicos responsáveis pelo material impresso contido neste artigo.

Você também pode gostar