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XIX ERIAC

DÉCIMO NONO ENCONTRO


REGIONAL IBERO-AMERICANO DO CIGRE
Foz do Iguaçu, Brasil 21 a 25 de maio de 2023 CE-NN

Comitê de Estudos C4 – Desempenho de Sistemas Elétricos

IMPACTO DO DETALHAMENTO DA MODELAGEM DE ESTRUTURAS NO


DESEMPENHO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO FRENTE A DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS

J.H. Almeida* C. Campinho E.T. Perro


ONS ONS ONS
Brasil Brasil Brasil
joao.almeida@ons.org.br campinho@ons.org.br estefania.perro@ons.org.br

L.F. Alvarenga
ONS
Brasil
lalvarenga@ons.org.br

Resumo – Nos últimos anos os projetos de linhas de transmissão vêm adotando modelos de estruturas
leves, de forma a possibilitar menores custos de implantação, principalmente em função da forte competição
observada nos leilões. Apesar da forte inovação nos projetos de transmissão, os estudos de coordenação de
isolamento muitas vezes são realizados com ferramentas desenvolvidas nas décadas de 1980 e 1990, não
adaptadas para os modelos de torres atuais. O objetivo do presente trabalho consistiu na estruturação de
uma metodologia que fosse capaz de avaliar o desempenho das linhas de transmissão a partir de modelos
versáteis dos diversos componentes de uma linha de transmissão, possibilitando modelar qualquer tipo de
estrutura nos estudos de coordenação de isolamento de linhas de transmissão.

Palavras-chave: Desempenho frente a descargas – Estruturas Estaiadas – Linhas de Transmissão –


Descargas Atmosféricas – Impedância de Surto de Estruturas.

1 INTRODUÇÃO
O modelo da expansão da transmissão no Brasil tem mostrado nos últimos anos uma grande capacidade de
atração de investimentos para o setor, tornando possível uma vigorosa expansão da infraestrutura básica do
sistema de transmissão. Baseado principalmente em leilões de menor preço, o setor foi capaz de promover
um mercado competitivo e com regras previsíveis, fazendo com que um número significativo de empresas de
segmentos diversos mostrassem interesse nos certames. Tal afirmação pode ser comprovada pelos elevados
deságios verificados nos leilões de transmissão dos últimos anos.
O alto grau de competição exige que as empresas busquem inovações nos projetos de linhas de transmissão
(LT) e subestações, principalmente no que tange à redução de custos e tempo de implantação dos
empreendimentos. Um traço marcante que pode ser identificado nos projetos de LT nos últimos anos é o uso
predominante de estruturas de suspensão leve estaiadas, o que reduz significativamente a quantidade de aço
empregada e o tempo na construção dos empreendimentos. Dada a grande vantagem proporcionada pela
utilização de tais estruturas como típicas, praticamente todas as transmissoras já adotam torres estaiadas
como solução padrão em seus projetos.
Apesar da forte inovação nos projetos de transmissão, o uso de ferramentas desenvolvidas nas décadas de
1980 e 1990 ainda é relativamente comum nas transmissoras e consultorias do setor. Um exemplo recorrente
é o uso do programa Flash, ferramenta que estima o desempenho de linhas de transmissão frente a descargas
atmosféricas, desenvolvido pelo EPRI (Electric Power Research Institute). Apesar de amplamente utilizado,
o Flash não possui modelos atuais das estruturas que vêm sendo tipicamente adotadas, como as estruturas
monomastros estaiadas e crossrope.

1
Para alcançar tal objetivo, o presente trabalho buscou a estruturação de uma metodologia que avaliasse o
desempenho das linhas de transmissão a partir de modelos versáteis dos vários componentes de uma linha de
transmissão, bem como a possibilidade de selecionar os parâmetros das distribuições estatísticas das
descargas atmosféricas.
No que tange a modelagem das estruturas, a possibilidade de segmentação dos painéis das torres, bem como
a representação dos estais, pode influenciar significativamente o número de desligamentos, sendo, inclusive,
o uso de falsos estais uma das técnicas adotada para redução do número de desligamentos.
Outro dos aspectos relativos à modelagem tratado no presente trabalho é o comportamento das cadeias de
isoladores frente às sobretensões. Uma vez que a suportabilidade das cadeias é dinâmica, a consideração de
curvas de tensão x tempo durante o intervalo de tempo que os isoladores são submetidos às sobretensões é
um aspecto que não pode ser desconsiderado.
A modelagem estatística dos parâmetros das descargas atmosféricas foi realizada através do programa R, já
para realização da modelagem dos componentes e para avaliação dos transitórios eletromagnéticos foi
utilizado o programa ATP. A concatenação das duas ferramentas foi realizada a partir de rotinas
desenvolvidas com esse propósito.

2 DESENVOLVIMENTO DO MODELO
As duas principais referências metodológicas adotadas no desenvolvimento do trabalho foram o IEEE Guide
for improving the Lightning performance of Transmission Lines [2] e a Brochura Cigre - Guide To
Procedures For Estimating The Lightning Performance Of Transmission Lines [3] publicada em 2021, sendo
esta última uma atualização da Brochura Cigre de mesmo nome, publicada em 1991. Ambas as referências
possuem abordagens similares, possuindo inclusive muitos pontos em comum.

2.1 Descarga
Para estimar o número de descargas incidentes, foi utilizada a metodologia apresentada na brochura Cigre
063 [3], sendo as rotinas implementadas no programa computacional R. Para uma adequada representação
foi gerada uma amostra de 5000 descargas, considerando a variação dos três principais parâmetros:
amplitude da corrente de pico, tempo da frente de onda do primeiro pico e duração das correntes de
descargas, a partir da distribuição apresentada na Tabela 1. Foi adotado como referência apenas os
parâmetros das descargas negativas, uma vez que essas são as que incidem com maior frequência nas linhas
de transmissão.

Tabela 1 - Distribuição da amplitude de correntes e tempos de frente para primeiras descargas


negativas – Cigre [3]

2.2 Condutores e Para-raios


Os cabos condutores e cabos para-raios foram modelados através da rotina Line Constants do ATP. A linha
foi modelada através do modelo de Bergeron, sem a representação das perdas, para uma frequência de 500
kHz. O caso do exemplo adotado para as simulações realizadas foi de uma LT 345 kV. A Figura 1 apresenta
a silhueta típica da estrutura, com a disposição dos condutores e cabos para-raios. O feixe de condutores é
formado por 2 condutores 954 MCM, 45/7, ACSR RAIL, já os cabos para-raios predominantes são o 3/8”
EAR e um cabo OPGW com 26,8 mm de diâmetro externo.
Fig. 1 – Estrutura típica adotada para implementação da rotina computacional

2.3 Cadeia de Isoladores


Neste trabalho foi adotado o modelo em que o comportamento dos isoladores é dinâmico. Nesse modelo a
suportabilidade a surtos decresce à medida em que o tempo no qual o componente está submetido cresce,
conforme ilustrado na Figura 2. A característica da curva de suportabilidade é diretamente proporcional ao
comprimento do gap, sendo representada pela expressão abaixo [2]:

Fig. 2 – Curva de suportabilidade característica para isoladores

O comportamento dinâmico foi implementado através da rotina Models disponível no ATP. Foi criado um
componente que estabelece uma curva de suportabilidade variável no tempo, dependente do comprimento da
cadeia. O modelo desenvolvido suporta até 6 gaps simultaneamente, sendo possível utilizá-lo em estruturas
de circuito simples e circuito duplo. A Figura 3 apresenta o comportamento da curva de suportabilidade de
um gap de 2,628 m, que corresponde a uma cadeia composta por 18 isoladores, adotada no caso de referência
das simulações.
4.0
*10 6
3.5

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 [ms] 0.10
(file LT_345kV_Stos_Dumont_Leopoldina_TowerModel_Estai_UstrV2.pl4; x-var t) m:XX0012

Fig. 3–(a). Modelo de isolador implementado no Fig. 3–(b). Curva de suportabilidade para um gap
ATP. 2,628 m
2.4 Resistência de Aterramento
O presente trabalho não explorou a fundo a influência da resistência de aterramento. Foi adotada uma
resistência de pés de torre uniforme igual a 20 Ω e 16 Ω para todas as torres, em conjuntos de análises
distintos, com o objetivo principal de melhor auferir a sensibilidade da modelagem das estruturas propostas.
Não obstante, a metodologia implementada permite uma avaliação mais profunda das impedâncias de
aterramento, sendo possível fazer análises da variação da frequência com parâmetros do solo, além de
avaliações estatísticas das variações de tais parâmetros. Tal proposta será reservada para avaliação em
trabalhos futuros.
2.5 Estrutura
Para a modelagem das estruturas foram utilizados modelos que permitem dividi-las em componentes
modularizados, de forma a diferenciar a representação da cabeça da estrutura em relação ao mastro central.
Tal metodologia vem sendo estudada nos últimos anos e tem se mostrado uma alternativa para representação
das novas topologias de estruturas [5][6][7]. As Figuras 6 e 7 ilustram como se dá a representação de uma
estrutura em seus vários componentes. Todos os componentes foram representados por cilindros, nos quais
as variáveis básicas usadas na estimativa das impedâncias de surto dos segmentos são o comprimento e o
diâmetro.

Fig. 6 – Equacionamento do componente cilíndrico, elemento básico de representação da


estrutura.[1]

Fig. 7 – Modelo de estrutura segmentado (a) Silhueta da Torre; (b) Condutores de raio equivalente
para cada trecho; (c) Modelo Simples; (d) Modelo incluindo treliças e mísulas [5].

Os estais das estruturas foram representados por condutores verticais, conforme revisão da fórmula de
Jordan. Os estais, portanto, foram representadas por impedâncias de surto em paralelo com o mastro central,
de acordo a expressão a seguir [8].

A Figura 8-(a) apresenta o modelo desenvolvido no ATPDraw para a estrutura de suspensão leve estaiada,
torre típica da LT 345 kV, correspondente à Figura 1. Para um modelo autoportante, os elementos dos estais
são retirados e a impedância do mastro central é reavaliada para as dimensões adequadas, conforme Figura 8-
(b).
Fig. 8–(a) Modelo da estrutura de suspensão estaiada Fig. 8–(b). Modelo da estrutura autoportante através de
através de elementos com diferentes comprimentos e elementos com diferentes comprimentos e impedâncias de
impedâncias de surto. surto.

2.6 Construção do modelo para simulação


A construção do modelo completo para realização da simulação é ilustrada pela Figura 9. O modelo básico
consiste na injeção da corrente de descarga em uma estrutura ou em um dos para-raios no meio do vão da
linha de transmissão.
Além da corrente de descarga, também são considerados as tensões em regime permanente nas fases da LT.
Para representar os possíveis valores instantâneos das tensões na frequência fundamental foram adicionadas
fontes de corrente contínua com as respectivas defasagens angulares.

Fig. 9 – Esquemático da modelagem completa da linha de transmissão par avaliação de


desempenho frente a descargas atmosféricas

Durante a injeção de corrente são monitoradas as sobretensões entre os cabos fase e a estrutura. Em razão
dos elevados níveis de frequência dos fenômenos atmosféricos foi adotado um valor de time-step igual 1
nanosegundo, dessa forma as reflexões e refrações em elementos relativamente curtos das estruturas também
podem ser consideradas nas análises.
Para o monitoramento das tensões entre as fases e as ferragens da estrutura, foram utilizadas chaves
controladas por tensão, em que o valor limite estabelecido é igual ao da suportabilidade dinâmica da cadeia
de isoladores. Quando o valor medido nas chaves de tensão se iguala ao da suportabilidade, esta é “curto-
circuitada”, caracterizando a ocorrência do backflashover. A Figura 10 apresenta a modelagem completa
feita no ATPDraw. Os resultados das simulações são apresentados na Item 4.
Fig. 10 – Modelagem da linha de transmissão e da descarga incidente para avaliação de
desempenho.

3 MODELAGEM FLASH
Um dos objetivos desse trabalho é a comparação do modelagem das estruturas realizadas com programa
Flash 1.9 no desempenho das LT em análise. Existem quatro tipos básicos de estruturas possíveis de serem
modeladas: 1) “Cone”, 2) “H. Frame”, 3) “Cylinder” e 4) “Waist”. A Figura 11 apresenta a forma de tais
estruturas.

Fig. 11 – Forma das torres suportadas pelo programa Flash versão 1.9.

Apesar dos formatos cobrirem uma grande possibilidade de estruturas, observa-se que as estruturas atuais
exigem aproximações que, muitas vezes, extrapolam o conceito original dos quatro formatos disponíveis,
como as estruturas estaiadas, por exemplo.
Para representação das estruturas estaiadas utilizou-se o modelo 1 (Cone), sendo a altura da torre a mesma
utilizada na modelagem realizada no ATPDraw, ou seja, 37 m. Para representação dos estais foi adotado o
raio da base de 30 m (aproximação realizada supondo que os estais são componentes que fazem parte da
geometria básica da estrutura), sendo a impedância da torre resultante igual a 80,5 Ω.
Para representação das estruturas autoportantes utilizou-se o modelo 4 (Waist), possuindo altura igual a
37 m, diâmetro da base igual a 8 m, largura intermediária igual a 5 m e diâmetro do topo da estrutura igual a
11,4 m, resultando em uma impedância de 110,5 Ω. Os resultados das simulações são apresentados na
Tabela 4.

4 RESULTADOS
4.1 Avaliação determinística
A Figura 12-(a) apresenta o resultado de uma simulação para uma descarga com corrente de pico igual a
150 kA e tempo de frente igual a 6 µs. A descarga foi aplicada no topo de uma estrutura da LT de 345 kV.
Observa-se que a fase C é a primeira e única a sofrer a disrupção, uma vez que a tensão vai a zero após a
tensão evoluir até um patamar que se iguala ao da suportabilidade da cadeia.
A Figura 12-(b) apresenta o resultado de uma simulação em que a descarga incidente com pico igual a 60 kA
e tempo de frente de onda igual a 1,5 µs não provoca o desligamento da LT.
4 4
*10 6 *10 6

3 3

2 2

1 1

0 0

-1 -1
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 [ms] 0.10 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 [ms] 0.10
(f ile LT_345kV_Stos_Dumont_Leopoldina_TowerModel_Estai_UstrV2.pl4; x-v ar t) v :TFASEC-CONDC (f ile LT_345kV_Stos_Dumont_Leopoldina_TowerModel_Estai_UstrV2.pl4; x-v ar t) v :TFASEC-CONDC
v :TORRE -CONDB v :TFASEA-CONDA m:XX0012 v :TORRE -CONDB v :TFASEA-CONDA m:XX0012

Fig. 12–(a). Incidência de uma descarga com pico igual a Fig. 12–(b). Incidência de uma descarga com pico igual a
150 kA e tempo de frente de onda igual a 6 µs. 60 kA e tempo de frente de onda igual a 1,5 µs.

As demais fases possuem a evolução da sobretensão de forma semelhante à fase C, porém, devido à
defasagem angular das tensões em regime permanente, partem de um patamar inferior de tensão. Observa-se
que, no instante em que o curto entre a fase C e a estrutura ocorre, o comportamento das sobretensões das
fases A e B muda drasticamente, reduzindo a patamares que distanciam as sobretensões dos limites que
causariam disrupção.
4.2 Avaliação estatística
Para avaliação do desempenho de uma linha ao longo de sua vida é necessária uma amostra significativa,
uma vez que os parâmetros de descargas atmosféricas são aleatórios e difíceis de prever.
Conforme distribuição apresentada na Tabela 1 foi gerada uma amostra de 5000 descargas, observando as
funções de probabilidade descritas. Para observar o efeito de tais descargas no modelo de linha construído
foram gerados e processados 5000 casos no ATP, um para cada descarga da amostra.
O ponto de incidência das descargas foi distribuído de forma aleatória entre as estruturas e o meio do vão,
sendo as probabilidades de incidência iguais a 60% no topo das estruturas e 20% no meio do vão de cada
para-raios (à direita e à esquerda), distribuição essa definida arbitrariamente.
A estimativa de desligamentos (100 km/ano) foi calculada de forma proporcional ao número de descargas
incidentes na linha no período de um ano. O número de descargas estimados na LT simulada foi obtido pela
seguinte expressão:

Em que Ns é o número de descargas/100km/ano; h a altura da torre (m); b a distância entre os cabos para-
raios da linha e Ng a densidade de descargas da região (descargas/100km/ano).
Para uma altura média das torres de 37 m, distância entre os para-raios igual a 7 m e densidade de descargas
da região igual a 11, a estimativa do número de descargas incidentes na LT foi igual a 276,5
descargas/100km/ano na LT, número esse igual ao obtido utilizando-se o programa Flash 1.9.
A partir dessas distribuições foram processados quatro conjuntos de casos no ATP, totalizando 20 mil
simulações: o primeiro considerando a linha de transmissão com uma distribuição uniforme de resistência de
aterramento igual a 20 Ω e o segundo considerando uma distribuição uniforme das resistências igual a 16 Ω.
Além dos dois cenários de resistências de aterramento, foram também processados mais dois conjuntos de
casos, um para a estrutura estaiada e outro para a estrutura autoportante, conforme modelos apresentados na
Figura 8. A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos para os diferentes casos processados no ATP e no
programa Flash 1.9.
Observa-se que os resultados apresentados na modelagem proposta são consistentes, uma vez que os estais
atuam como caminhos paralelos para as ondas trafegantes, o que reduz a amplitude das ondas de corrente
refratadas e consequentemente a amplitude das sobretensões refletidas. Portanto, é possível perceber que
tendem de fato a melhorar o desempenho final da LT.
Outro aspecto esperado que pode ser observado nos resultados é a redução do número desligamentos com a
redução dos valores das resistências de pé de torre. Tais constatações, somadas à ordem de grandeza dos
resultados, demonstram que o modelo desenvolvido apresenta uma boa resposta para o que se propõe.
Tabela 2 – Estimativa de desligamentos para a linha de 345 kV

Resistência de Desligamentos/100 km/ano Desligamentos/100/km/ano


Tipo de Estrutura
Aterramento (Ω) (ATP) (Flash 1.9)
Autoportante 20 2,65 3,54
Estaiada 20 1,1 3,18
Autoportante 16 1,99 2,45
Estaiada 16 0,88 2,13

5 CONCLUSÕES
Dado os condicionantes impostos pelas novas tecnologias de estruturas, ferramentas tradicionais como o
Flash não possuem modelos nativos adequados para representar tais estruturas, exigindo adaptações que
podem reduzir a confiança dos cálculos realizados.
A metodologia pesquisada no trabalho parte da mesma teoria adotada no desenvolvimento do programa
Flash. Porém, ao adotar o ATP como suporte para simulação dos fenômenos transitórios, foi possível
alcançar um maior nível de detalhamento para representação dos componentes dos modelos de estruturas
tipicamente utilizados nos projetos de linhas transmissão atuais.
Para as modelagens realizadas no programa ATP, a diferença de desligamentos na linha com estruturas
típicas estaiadas foi cerca de 55% inferior às observadas nas linhas com estruturas autoportantes. Já para a
modelagem realizada no programa Flash essa diferença foi cerca de 15% inferior, apenas. Portanto, uma das
conclusões do trabalho é a necessidade de maior atenção à adequada modelagem das estruturas na avaliação
do desempenho das instalações, uma vez que modelos mais aderentes à realidade das linhas em campo
podem gerar economia aos projetos, principalmente os dimensionados pelos estudos de coordenação de
isolamento. Cabe ressaltar que esse trabalho utilizou a versão 1.9 do Flash em sua análise comparativa, sendo
que as conclusões do mesmo não estendidas às demais versões do programa.
Os resultados alcançados foram coerentes com o esperado. Dada as inúmeras possibilidades de modelos
proporcionadas pelo ATP, os impactos no desempenho de outros modelos de componentes das linhas de
transmissão podem ser avaliados em trabalhos futuros.

6 ITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
[1] Transmission Line Reference Book 345 kV and Above – Second Edition, Eletric Power Research
Institute.
[2] IEEE Std 1243-1997: IEEE Guide for improving the Lightning performance of Transmission Lines,
IEEE Power Engineering Society, Dec 1997.
[3] Guide to procedures for estimating the lightning performance of transmission lines - CIGRE SC 33
(WG01) – Reference: 063, 2021.
[4] Alternative Transient Program (ATP) – “Rule Book”. Leuven EMTP Center, 1987.
[5] Masaru Ishil, Tatsuo Kawamur, Teruya Kouno, Eiichi Ohsaki, Kaneyoshi Murotani, Takemitsu
Higuchi - Multistory transmission tower model for lightning surge analysis - IEEE Transactionson
Power Delivery ,Vol. 6 ,No. 3, July 1991.
[6] R. J. Araujo, S. Kurokawa - A Tutorial About Tower Transmission Models for the Analyses and
Prediction of Backflashovers - IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 15, NO. 8, AUG.
2017
[7] M. Chanaka, Kusum Shanthi, Ranjit Perera - Modeling of Power Transmission Lines for Lightning
Back Flashover Analysis (A Case Study: 220kV Biyagama-Kotmale Transmission Line) - 2011 6th
International Conference on Industrial and Information Systems, ICIIS 2011, Aug. 16-19, 2011, Sri
Lanka.
[8] Alberto De Conti, Silverio Visacro, Amilton Soares and Marco Aurelio O. Schroeder - Revision,
Extension, and Validation of Jordan’s Formula to Calculate the Surge Impedance of Vertical
Conductors - IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol. 48, no. 3, august 2006

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