Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. RESUMO
As descargas atmosféricas são uma das principais causas de interrupções nas linhas
aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica. Seus efeitos destrutivos
freqüentemente se estendem a equipamentos e as instalações conectadas, com
possibilidade de causar danos pessoais e materiais irreversíveis. A interrupção do
fornecimento de energia provoca atrasos e paralisações na circulação de trens, com
perda de arrecadação e comprometimento da imagem da empresa.
Todos esses fatores determinam a importância do estudo e avaliação das linhas aéreas
desta Empresa frente às descargas atmosféricas, permitindo conhecer a extensão do
problema e propor melhorias para diminuir o índice de desligamentos e falhas no
sistema.
2. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
2.1. Introdução
Sabe-se que o número esperado de descargas diretas a cada ano, por 100 km de linha
de distribuição depende, entre outros fatores da altura, largura da estrutura e
principalmente do parâmetro que, relaciona o numero de dias de trovoadas por ano
com a incidência de raios/km2/ano.
Para este trabalho consideramos o valor obtido das normas, acrescido de um fator
de segurança, visto que, as estimativas que estão sendo realizadas serão aplicadas a
um sistema ferroviário, que, possui uma vida útil bastante longa, e principalmente, em
virtude do clima de nosso “habitat” estar em um contínuo processo de transformação,
sendo possível que, em um determinado ano, para uma determinada região da Grande
São Paulo tenhamos valores de “NG” acima dos valores estatísticos coletados até o
momento pelos institutos especializados de nosso País.
Desta forma, para este trabalho, adotamos equivalente a 9 (nove) raios/km 2/ano.
Este modelo permite calcular a distancia mínima ymin, (que é à distância entre o canal
descendente e a estrutura terrestre a partir da qual ocorrerá o fechamento do percurso
entre os canais descendentes e ascendentes, originada na estrutura terrestre) dentro
da qual um raio atingirá diretamente a linha.O modelo eletrogeométrico é baseado no
conceito de que, uma linha aérea ou outro objeto, possui um certo raio de atração que
aumenta conforme a sua altura e é dependente da magnitude da corrente da descarga
atmosférica. A equação adotada pelo IEEE Std 1410 para o cálculo do raio de atração
do líder é dada pela equação:
Este modelo é utilizado para realizar o cálculo do fator de blindagem, para a estimativa
de faiscamento por sobretensão induzida e, para o numero de descargas diretas na
linha de distribuição e neste caso aplicado ao sistema elétrico de tração.
Em campo aberto, sobretensões induzidas somente afetarão linhas com baixos níveis
de isolação e/ou sobre solos com condutividade precária.
Como exemplo, para o caso de uma linha aérea sem aterramento sobre um solo com
boa condutividade, o número de descargas inversas devido a sobretensão induzida
excederá o número de descargas diretas, somente se o nível básico de
isolamento(CFO) for menor que 75 kV;
A maior parte das construções aéreas utilizam-se vários tipos de material isolante para
proteção contra os raios.
Os mais comuns componentes isolantes usados em construções de linhas de
distribuição aéreas são de porcelana, ar, madeira, polímeros e fibra de vidro. Cada
elemento possui sua própria resistência de isolamento.
Quando materiais isolantes são utilizados em série, o nível de isolamento resultante
não é a soma dos níveis associados de cada um dos componentes, mas algo menor
que tal valor.
Os seguintes fatores afetam as taxas de falhas por descargas atmosféricas nas linhas
de distribuição e torna-se complexo a estimativa do nível total de isolação.
3.4. Aplicação de Proteção para Linhas Energizadas Contra Raios Diretos, por
Meio de Cabo Guarda ou Pára-Raios .
Cabos guardas ou pára-raios são cabos aterrados colocados acima dos condutores
energizados, com a finalidade de interceptar descargas atmosféricas que poderiam, de
outra forma, atingi-los.
A corrente da descarga é desviada para a terra através de um condutor de aterramento
da estrutura. Para ser efetivo, o cabo guarda deve ser aterrado em cada poste.
A Corrente de surto da descarga atmosférica fluindo através da impedância de
aterramento da estrutura causam uma elevação de potencial, que, ocasiona uma
grande diferença de potencial entre o condutor de aterramento e os condutores
energizados.Esta diferença de potencial pode causar descarga inversa, através da
isolação entre o cabo de aterramento, e um dos condutores protegidos mais próximos.
O fenômeno da descarga inversa significa uma restrição substancial na eficácia do
cabo guarda nas aplicações de linhas com tensões inferiores a 69 kV.
Desta forma, os cabos guardas podem prover proteção efetiva somente se:
- Boas práticas de projeto forem usadas para prover suficiente nível de isolação (CFO)
entre o condutor de descida de aterramento e os condutores energizados;
- Baixas resistências de aterramento da estrutura forem obtidas;
A Figura 3 pode ser usada para se estimar o número de disrupções por sobretensão
induzida para o projeto de cabo guarda. Para circuitos aéreos com tensões inferiores a
69 kV, a adição de um cabo guarda irá reduzir o número de disrupções nos isoladores
por sobretensão induzida
- Os valores calculados são máximos, pois, não consideram construções e árvores nas
proximidades, e esta redução é significativa, devendo ser avaliada para toda sua
extensão.
- A isolação da rede aérea de tração é aproximadamente o dobro da isolação dos
circuitos de distribuição instalados sempre acima desta rede, de forma que, o efeito das
descargas indiretas é minimizado pela isolação maior, e as descargas diretas são
bastante atenuadas pela “proteção“ dos cabos dos circuitos de distribuição que, no
entanto, não tem esta função e não fornecem proteção efetiva, sendo necessário a
aplicação de cabos guardas.
Não será nosso objetivo, nesta etapa, avançarmos na apuração dos valores de
redução dos efeitos das descargas atmosféricas em razão das construções próximas
dos circuitos de alimentação elétrica de tração.
5.1. Considerações
Percebe-se que ausência de linhas auxiliares instaladas logo acima das estruturas de
sustentação da rede aerea de tração minimizam enormemente o efeito das descargas
reversas.
6. ANÁLISE
A rede aérea de tração esta naturalmente protegida pelas linhas auxiliares utilizadas
para suprimento de energia ao sistema de sinalização, alem disto, em diversos trechos
contam com um cabo guarda colocado nas extremidades das estruturas da rede aérea.
A colocação de cabos guardas ao longo de toda a rede aérea, possibilita a redução dos
efeitos das descargas indiretas pelo efeito de acoplamento capacitivo entre estes cabos
e os cabos de energia,
Deve-se ressaltar, que, embora exista uma rede aérea de distribuição atenuando os
efeitos das descargas diretas, é recomendável utilizar os cabos guardas para
protegerem a rede aérea de tração, se possível à própria rede de alimentação dos
circuitos de sinalização e auxiliar de 33 kVca, o trem e todos os equipamento de
sinalização ao longo da via, bem como os equipamentos instalados nas imediações e
no próprio corpo das estações.
No caso das estações, a malha de aterramento que estão interligadas a gaiola de
“faraday” estações, deverão ser conectadas ao ponto de aterramento dos cabos
guardas, objetivando a equalização de potencial entre estes sistemas de aterramento,
e também a fim de propiciar a redução da resistência ôhmica equivalente.
6.3.1. Blindagem
Nas linhas existentes, não é uma tarefa simples mudar o posicionamento dos cabos,
mantendo-os conforme recomendado pelo programa “Flash”, pois, será necessário o
desenvolvimento de dispositivos de fixação apropriados para cada tipo de Torre e
Poste, lembrando-se que, na passagem de estruturas para poste, a posição do Cabo
Guarda provavelmente poderá ficar longe da configuração ideal.
O programa flash sugere esta posição geométrica ideal deve ser aplicada como
premissa básica em todas as simulações realizadas.
- A norma IEEE STD 1243, ilustra bem a necessidade de se realizar blindagens com
ângulos menores á medida que a altura do cabo guarda aumenta e, as condições do
ambiente representado por NG igualmente aumentam.
Pelo programa FLASH verificou-se que é necessário aumentar a isolação dos circuitos
de sinalização e auxiliares de 33 kVca para atenuar os números de descargas
reversas.
Poderemos especificar isoladores com maior distancia de arco direto combinados com
cruzetas e fixações em madeira ou fibra de vidro.
Da norma IEEE STD 1410 pode-concluir, que, acima de 300 metros, a atenuação já
perde consideravelmente o seu efeito.
Pelo padrão escolhido não pudemos apresentar o estudo detalhado, obtido através do
programa FLASH,que se se encontra disposto no anexo “III” e as telas de simulação
correspondentes, dispostas nos anexos “I” e “II” o qual poderemos enviar para consulta
caso se considere necessário.
(*) Não realizamos estudo específico para as descargas reversas nas estruturas da
rede aérea das linhas “E/F”.
Para as linhas de sinais de 6,6 kV presentes nas linhas “B/C” e nas linhas auxiliares de
33 kV, calculamos o numero das descargas diretas indiretas e reversas(pelo programa
FLASH) conforme apresentamos na planilha abaixo.
Deve-se ressaltar que os valores obtidos são máximos, pois, existem árvores postes e
outras estruturas menores instaladas ao longo das linhas que atenuam estes
efeitos.Como pretendemos no futuro, apurar os dados e analisar estatisticamente,
poderemos rever os valores obtidos.
7. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
-Para futuros projetos deve-se estabelecer qual será a confiabilidade desejada para
cada linha de alimentação, buscando-se avaliar economicamente a possibilidade de se
projetar uma linha auxiliar subterrânea ou melhorar as condições de aterramento e
isolação, protegendo-a também com cabos guardas.
-A junção de duas ou mais linhas aéreas de diferentes classes de tensão sob a mesma
estrutura, resultam numa grande economia no momento inicial do investimento.
B) A aplicação de isoladores para os cabos guardas permite garantir o nível básico de
isolamento da linha até certo nível de tensão gerada pelos raios, no entanto, para as
estruturas metálicas este princípio não é aplicável, face á baixa isolação destas linhas,
de forma que, neste caso o cabo guarda deve ser conectado a estrutura com a menor
resistência ôhmica possível.
G) Sabe-se que, o efeito indutivo dos cabos de descida e/ou das estruturas aterradas,
causam um efeito de elevação de potencial entre o ponto de “entrada” da corrente de
surto e o “terra”, concluindo-se, que, quando o aterramento for realizado por cabos,
deve-se especificá-los com a menor indutância possível e sua instalação deve possuir
a menor metragem e ser bem retilíneo.