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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Educação .t. .Tecnologia
i. .g. .o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
Aluno do 7º período do Curso de Engenharia Industrial Elétrica do CEFET-MG, bolsista da FAPEMIG. andre.fbos@gmail.com.
2
Aluno do Mestrado em Modelagem Matemática e Computacional do CEFET-MG, bolsista do CEFET-MG. rafael.alipio@gmail.com.
3,4, 5
Doutores em Engenharia Elétrica pela UFMG, Mestres em Engenharia Elétrica pela UFMG, Professores Adjuntos do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) do CEFET-
MG. Grupo de Eletromagnetismo Aplicado (GEAP) - Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado e Controle de Processos Industriais (LEACOPI) - Av. Amazonas, 7675 – 30510-000
– BH/MG – Tel: (31)3319-5257. schroeder@des.cefetmg.br, tarcisio@des.cefetmg.br e marciomatias@des.cefetmg.br.
Recebido em: 28/05/2008; Aceito em: 09/07/2008. Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 49-61, jan./abr. 2008
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Educação
. . . . . . . . . .&
. . Tecnologia
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literatura técnica internacional [7, 8, 13, 19]. A verifi- Em [12], os autores propõem uma correção
cação de que esta modelagem apresenta resultados para a fórmula de Jordan e estendem a sua utilização
bastante imprecisos quando comparados com os va- para o cálculo da impedância de surto mútua entre
lores de medição disponíveis na literatura técnica vários condutores.
gerou a necessidade de aperfeiçoamento. Um mode- Apesar da dedução da Eq. 1 não estar presente
lo de simulação no ATP (Alternative Transients em [13], pode-se supor que Jordan utilizou o méto-
Program) considerando as bases do modelo desen- do das imagens com o sentido incorreto da corrente
volvido em [1, 2, 3, 4, 5] é proposto, neste artigo, no condutor imagem e calculou o potencial vetor
para o condutor vertical. Este é simulado como seg- magnético ( A) em um ponto genérico e a indutância
mentos representados por linhas de transmissão ho- própria do sistema a partir da integração da expres-
rizontais e um degrau de corrente é aplicado para são dL = Ady ao longo do condutor; dy representa um
i
simular a descarga atmosférica. Os resultados alcança- elemento diferencial de comprimento do condutor
dos apresentam excelente concordância com os re- e i a corrente que o percorre. Em [12] os autores
sultados disponíveis na literatura técnica. consideraram o sentido correto para a corrente no
condutor imagem e a partir da multiplicação da
indutância própria obtida do sistema pela velocidade
da luz, obtiveram a Eq.1, que é a mesma obtida por
TAKAHASHI, H. [14].
2 ESTUDO DO ESTADO DA ARTE
2h + 4h 2 + d 2 d d2 (2)
Z M = 60 ln + 3 − − 60 1 + 2
d h 4h
2.1 Revisão, extensão e validação das fórmulas de
Jordan para o cálculo da impedância de surto de
condutores verticais [12]
1 1 L 1 Z2
v2 = = ⇒ C = R2 ⇒ v 2 = = 0 ⇒ Z 0 = v.LR (7)
με LR C Z0 LR ⋅ ( L / Z 02 ) L2R
tencial vetor magnético em um ponto genérico da onde vt , I t , vb e I h são as tensões e correntes no topo
superfície do cone por meio da integração das con- e na base da torre, respectivamente. A solução das
tribuições de cada elemento de corrente superficial Eqs. 12 e 13 foi obtida especificando-se tensões e cor-
para o potencial vetor magnético. rentes de entrada e saída para dois valores distintos
Derivando-se a expressão obtida para o poten- de resistividade do solo.
cial vetor magnético e aplicando o resultado na ex- Os autores compararam as Eqs. 12 e 13 com as
pressão ∂A = − E , os autores obtiveram a Eq. 11: equações que descrevem a linha de transmissão hori-
∂t
zontal:
⎛ 2⎞
Z = 60 ln⎜⎜ ⎟
⎟ (11)
⎝ s ⎠ V t = cosh(γ h ) ⋅ v b + Z c senh (γ h ).I b (14)
Vb1 ⋅ Vt 2 − Vt1 ⋅ Vb 2
Zc = (17)
I t1 ⋅ I b 2 − I b1 ⋅ I t1
Através de uma abordagem baseada na teoria
de quadripolos de circuitos elétricos, HARID, N. et
al. [9] propuseram uma técnica para o cálculo da
impedância de surto de torres de alta tensão. A torre
é considerada como uma linha d e transmissão 2.6 Metodologia de cálculo da impedância de surto
conectada a uma resistência R, representando a resis- de uma torre de transmissão proposta por
tência de aterramento. Assumindo que a torre e seu ZHANG et al.
aterramento representam um sistema linear, a teoria
de quadripolos de circuitos elétricos com suas co-
nhecidas relações entre tensões e correntes de entra-
da e saída foi adotada. Os valores de contorno do
si st ema são ob t i d os por mei o d e simulações Neste trabalho, os autores consideram a torre
computacionais do campo eletromagnético no domí- de transmissão como a combinação de cilindros, co-
nio da freqüência. nes e troncos de cone. Os autores modelaram o solo
As Eqs. 12 e 13 estabelecem as relações entre como um condutor elétrico perfeito e utilizaram o
os valores terminais de tensão e corrente: método das imagens. A corrente de surto foi conside-
rada como se passasse pelo eixo da estrutura e a sua
velocidade de propagação foi considerada a velocida-
vt = avb + bI b (12) de da luz. Os efeitos resistivos foram desprezados.
O potencial escalar elétrico, V, foi calculado
em um ponto de coordenadas x e h considerando-se
I t = cvb + dI b (13) as contribuições dos condutores real e imagem. A
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
FIGURA 2 – Comportamento da impedância de surto com variação da
resistividade para valores diferentes de altura e raio com
freqüência de 500KHz.
500
A Tab. 2 mostra valores para a impedância de
490
condutores verticais propostos por vários autores e
seus respectivos erros quando comparados com valo-
Impedância
480
res medidos.
470
TABELA 2 460
380
410
Impedância
370
360 400
350
390
340
380
330
370
320 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Resistividade
Resistividade
FIGURA 4 – Gráfico Impedância x Resistividade para um condutor FIGURA 7 – Gráfico Impedância x Resistividade para um condutor
vertical com altura de 15m e raio de 25,4mm. Valor medi- vertical com altura de 3m e raio de 2,5mm. Valor medido:
do: 320 Ω 373 Ω.
390
dado pela relação entre o comprimento total do con-
380 dutor e o número de segmentos utilizados na simula-
370
ção e sua impedância de surto foi calculada pelo pro-
grama desenvolvido anteriormente [1, 2, 3, 4 e 5].
360
350
340
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
Resistividade
FIGURA 8 – Gráfico Impedância x Resistividade para um condutor
vertical com altura de 2m e raio de 2,5mm. Valor medido:
345Ω .
é mostrado o perfil de tensão desenvolvido quando Na Tab. 3, os menores erros encontrados para
um degrau de corrente de 1KA é aplicado em um con- cada condutor estão em destaque (negrito e sombrea-
dutor de 15 m de altura, raio de 25,4 mm. A simula- do). Observa-se que para todos os condutores os me-
ção foi realizada utilizando-se cinco segmentos. lhores resultados são obtidos quando três e cinco seg-
mentos são utilizados nas simulações. Os gráficos das
Fig. 11-21 ilustram os erros obtidos em função do nú-
mero de segmentos utilizados para cada condutor.
TABELA 3
Resultados de simulação utilizando-se 1, 3 e 5 segmentos
ALTURA RAIO Z MEDIDO(Ω) ERRO ERRO ERRO
(M) (MM) [19] Z1(Ω) % Z3(Ω) % Z5(Ω) %
15,00 25,40 320,00 406,20 26,94 340,30 6,34 310 3,13
FIGURA 13 – Erro X Número de Segmentos para o condutor de altura
15,00 2,50 459,00 545,30 18,80 479,40 4,44 448,8 2,22
h=9m e raio r=2,5mm.
9,00 2,50 432,00 514,60 19,12 448,80 3,89 418,1 3,22
6,00 2,50 424,00 490,30 15,64 424,40 0,09 393,8 7,12
3,00 50,00 181,00 269,30 48,78 204,40 12,93 174,7 3,48
3,00 25,00 235,00 310,70 32,21 245,25 4,36 215,1 8,47
3,00 15,00 250,00 341,30 36,52 275,60 10,24 245,3 1,88
3,00 2,50 373,00 448,80 20,32 382,80 2,63 352,2 5,58
3.00 0,25 514,00 586,90 14,18 521,00 1,36 490,3 4,61
2.00 2,50 345,00 424,40 23,01 358,50 3,91 327,9 4,96
2.00 0,25 481,00 562,50 16,94 496,70 3,26 466 3,12
FIGURA 18 – Gráfico Erro X Número de Segmentos para o condutor 2,00 2,50 345,00 341,20 341,20 463,50 403,50 424,29 358,50
de altura h=3m e raio r=2,5mm. 2,00 0,25 481,00 479,20 479,20 601,60 541,60 562,41 466,00
Média dos
erros% 1,9 2,70 44,80 22,60 21,50 2,67
6 CONCLUSÃO
FIGURA 21 – Gráfico Erro X Número de Segmentos para o condutor O comportamento eletromagnético de condu-
de altura h=2m e raio r=0,25mm. tores verticais, quando da incidência de descargas
atmosféricas, é de fundamental importância para ca- obtidos quando se utiliza nas simulações um número
racterização e quantificação das sobretensões desen- intermediário de segmentos, três ou cinco. À medida
volvidas. A impedância de surto de tais condutores que um número maior de segmentos é utilizado (dez,
corresponde a um fator importante para o cálculo quinze ou vinte) os erros obtidos voltam ao valor de
dessas sobretensões. quando um segmento foi utilizado e tendem a au-
Os estudos desenvolvidos neste trabalho têm mentar. Acredita-se que isso ocorre devido ao fato de
importantes aplicações na: que os segmentos que se encontram na parte superi-
a) Proteção de edificações contra os efeitos or dos condutores, devido à maior distância do solo,
nocivos dos raios (pois um elemento fun- apresentam menor variação da impedância de surto
d ament al no processo d e prot eção de um para o outro e, deste modo, funcionam como
corresponde aos condutores verticais que várias impedâncias casadas, impedindo as reflexões
interli gam o pára-rai os ao sistema de da onda eletromagnética.
aterramento); É necessário ob servar que os valores de
b) Caracterização das torres de transmissão ou impedância de surto apresentados neste trabalho fo-
de telecomunicações; ram obtidos como resultado de simulações realizadas
c) Modelagem dos condutores de descida dos para os condutores que possuíam valores de medição
sistemas de distribuição quando submetidos disponíveis na literatura técnica [19]. A avaliação do
a descargas atmosféricas diretas. modelo de simulação para outros condutores, por-
A análise dos trabalhos disponíveis na litera- tanto, não pôde ser realizada por carência de resulta-
tura técnica a respeito do cálculo da impedância de dos de medição.
surto de sistemas multicondutores verticais mostra Para finalizar, conclui-se que os desenvolvimen-
que os resultados obtidos até hoje são discordantes tos alcançados no ciclo 2007/2008 deste projeto de
entre si e com os valores provenientes de medição. iniciação científica (PIBIC/FAPEMIG), que foi inicia-
Esse fato mostra que modelos suficient emente do no ciclo 2005/2006, proporcionou um aumento
satisfatórios para a determinação dos perfis de significativo na qualidade da modelagem eletromag-
sobretensões desenvolvidas quando da incidência de nética de condutores verticais em relação ao solo,
descarga atmosférica em torres de transmissão ainda como pode ser observado pelos resultados apresen-
não foram obtidos. tados nas Tab. 3, 4 e 5.
Em desenvolvimentos anteriores, uma mode-
lagem para o cálculo da impedância de surto de
um condutor cilíndrico posicionado verticalmente
em relação ao solo foi desenvolvida [1, 2, 3, 4 e 5].
O solo foi modelado como um condutor elétrico 7 AGRADECIMENTOS
com resistividade diferente de zero por meio da
aplicação do método das imagens e do conceito de
profundidade de penetração complexa [6]. Proce-
deu-se o cálculo do potencial vetor magnético com Aproveita-se a oportunidade para agradecer ao
objetivo de determinar a indutância do condutor. CEFET- MG, ao L EACOP I (Lab orat óri o d e
D e p os s e d a i nd u t â nc i a, d e t er m i n o u- s e a Eletromagnetismo Aplicado e Controle de Processos
impedância de surto do condutor por meio da Industriais), onde o projeto foi desenvolvido, e à
multiplicação pela velocidade da luz. FAPEMIG pela oportunidade e apoio financeiro.
Devido ao fato de o modelo ter apresentado
diferenças relativamente altas dos valores de medi-
ção, em torno de 20%, um modelo de simulação
no ATP foi criado. Cada condutor foi dividido em
8 ABSTRACT
segmentos constituídos por linhas de transmissão
horizontais cujos parâmetros são obtidos pela for-
m ul a çã o d es e nv o lv i d a a n t e r i o r me nt e e m
[1,2,3,4,5]. Análises de sensibilidade foram realiza-
das para verificar qual número de segmentos ofere- This work presents a satisfactory electromagnetic
cia melhor resultado para cada condutor analisado model that calculates the surge impedance of a
neste trabalho. conductor vertically positioned from the ground when
A análise das Fig. 11-21 mostra que para 1 seg- it is hitten by a lightning surge. Currently, in the state
mento utilizado nas simulações, os resultados são of Minas Gerais, most outages of the electric power
bastante próximos dos resultados obtidos pelo mo- system are caused by the incidence of atmospheric
delo anterior (Tab. 2). Os melhores resultados são electromagnetic surges in the elements of this system.
Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 49-61, jan./abr. 2008
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This phenomenon causes huge losses both for the 7 WAGNER, C. F.; HILEMAN, A. R. A New Approach
electric energy company as for consumers. The preci- to the Calculation of the Lightning
se determination of the surge impedance of vertical Performance of Transmission Line III – A
conductors elements is a essential step for determining Simplified Method: Stroke to Tower. AIEE
the profile of overvoltage that is developed on these Trans. Of Power App. And Syst., v. 79, p. 589-603,
elements in the case of a lightning strike. The values Outubro 1960.
of surg e impedance obt ained wi th the mod el
developed in this work show ed an excellent 8 SARGENT, M. A.; DARVENIZA, M. Tower Surge
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